segunda-feira, dezembro 19, 2005

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quinta-feira, dezembro 08, 2005

PETRUS

PETRUS



Os desenhos das suas costelas em sua simetria natural eram cobertos por sua pele fina coberta de pelos curtos, cor de canela. Os olhos negros, redondos, traduziam seus sentimentos. Corpo cansado. Suas unhas estavam gastas de tanto andar. Cicatrizes, de brigas, algumas por paixões, outras por fome, algumas por sua audácia ou pura ignorância da sabedoria humana. Raça complicada essa dos seres humanos! Uns acariciavam. Outros batiam. Não tinha regras definidas. Petrus ganhou esse nome já com alguns anos de vida. Tivera uma enormidade de nomes, apelidos, cognomes.
Um dia, com a fome apertando o estomago encontrou Ananias. Com aquele cilindro fumegante entre os lábios, encostado em um banco de lanchonete, recebeu um pedaço de mortadela. Foi o inicio de uma grande amizade.
Ananias, artista famoso pelos seus desenhos, era requisitado pelas grandes agências publicitárias. Como de habito, o serviço vinha com a recomendação “urgente”. Por comodidade, morando em uma cidade grande aonde o deslocamento da sua casa até o seu estúdio demorava ás vezes horas, construíra uma pequena suíte na casa onde funcionava seu importante ateliê.Sua família concordava com essa atitude racional.
Petrus passou a ser companhia constante do artista Ananias. De simples simpatizantes passaram a serem amigos inseparáveis. Aonde ia o artista, ia o vira-lata. Muitas vezes impedido de entrar em locais sofisticados, pacientemente Petrus passava horas esperando Ananias. O reencontro dos dois era comovente. A amizade pura e simples.
Os anos foram passando, Ananias adepto dos cilindros brancos que soltavam fumaça, passara a comer menos, não sentia muita fome. Apenas o apetite de Petrus continuava inalterado. Adorava olhar Ananias trabalhando, enquanto mastigava seu ossinho artificial, algo que nunca faltava. Uma tosse seca começou a tomar conta de Ananias. Seu rosto encovado, escondido por uma barba ia aos poucos enxugando mais.
Por insistência familiar, Ananias foi fazer alguns exames médicos. Os cilindro brancos tinham provocado o câncer de pulmão, doença altamente fatal. Lúcido como sempre fora sabia que estaca morrendo de câncer, tratou de colocar a vida em ordem, e usar o tempo que restava de modo produtivo. Falsas esperanças poderiam roubar o seu bem de maior valor - o tempo que se tem vivo. A amizade de Ananias e Petrus parecia ter redobrado. Petrus parecia sentir a doença de Ananias e sua morte próxima. No meio de uma campanha publicitária, com seus funcionários já repousando em suas casas, Ananias continuava trabalhando. Petrus ao seu lado. Por volta das 3 horas da manhã, Ananias deitou-se na cama que ficava em sua suíte. Ao seu lado Petrus.
Sentiu que ali terminava sua jornada. Ao seu lado, o vira-lata Petrus. Uma morte digna de um homem digno. Sentiu a lambida quente do animal tentando dar-lhe vida. Algo inútil no caso. Ananias preferiu morrer ao lado de um cão sincero do que a milhares de amigos que fizera em sua longa existência. Muitos eram seus amigos por puro interesse.

Essa história é real, apenas foram mudados os nomes por razões óbvias. Dedico á você meu querido professor, á você querido animalzinho que o assistiu seu dono nos seus últimos momentos. (Escrita por João Umberto Nassif).

quarta-feira, novembro 02, 2005

UM ENVELOPE POR TRÊS MIL REAIS

UM ENVELOPE POR TRÊS MIL REAIS

AUTOR: JOÃO UMBERTO NASSIF


Salin Farid estava caminhando pela cidade, quando encontrou com seu conterrâneo Ibrahim Mansur.
- Mansur! Vamos tomar cafézinho!
- Vamos Farid! Eu pago o café para você.
Ambos entraram no Café Central, um local onde circulam as cobras criadas da cidade, as línguas ferinas, os boateiros, também onde se têm informações mais precisas e rápidas do que na internet. Um burburinho toma conta do local. O café não é lá grande coisa. É feito em um bule enorme, que permanece o tempo todo em uma chapa de ferro aquecida.
- Farid, eu fiquei sabendo que você foi visitar a família lá no Líbano!
- Sim, Mansur, eu fui para ver mamãe. Aproveitei para visitar os parentes.
- Alguma novidade Farid?
- Apenas uma dançarina egípcia que anda enlouquecendo os homens com a dança do ventre!
- Você levou sua mamãe para ver espetáculo Farid?
- Mansur, você está louco da cabeça? Sabe que mamãe freqüenta apenas a Igreja. Aquela santa só sabe rezar! Olhe só aqui o que ela me fez trazer, 100 envelopes pré-selados, para que eu não tenha nenhuma desculpa, e sempre escreva para ela!

Aproximando-se do pacote com os envelopes, Mansur fica admirando a beleza do selo, com o tradicional cedro do Líbano estampado, borda dourada, uma maravilha de selo postal, seus olhos ficam úmidos, um clima de nostalgia acompanha o último gole de café.

- Mansur, eu vou indo até o banco, mas como você é meu irmão, quero dar-lhe um presente. Tome um desses envelopes. Escreve para a sua mamãe também!
- Farid, minha mamãe morreu já faz 10 anos!
- Não tem problema! Deixa cartinha no tumulo! Já está selada até o Líbano!

Assim Farid e Mansur despediram-se. Mansur caminhava, pensando em qual seria o melhor destino para aquele envelope que tinha na mão. Não tinha andado cinco minutos quando encontrou o Vitório Romano. Como sempre, muito falante, gesticulando muito, revoltado com a falta de apoio que os agricultores recebiam, Vitório era o típico sitiante. Amava a terra, admirava a força da natureza, e gabava-se de ser amigos de políticos influentes. Tinha na sala da sua casa fotografias tiradas ao lado de políticos em vésperas de eleições. Dizia a todos: - Tá vendo deputado tal? É amigão meu! E fulano que é prefeito? Só faz obras aqui na região depois de falar comigo! Assim prosseguia na sua preleção. Pensando em uma futura necessidade, quem ouvia não duvidava, mas também não acreditava muito naquelas amizades de fotografias.
Seu Mansur! Foi bom encontrar o senhor, que é um homem viajado. Preciso mandar uma carta para o Presidente da República! Ele precisa saber que ali no Ribeirão Tijuco Preto a pinguela (pinguela: apenas um tronco de árvore, sobre as águas) tá quase caindo. O Seu Leôncio, tomou uns goles no bar do Pedrão, foi atravessar a pinguela e quase caiu! Já pensou na tragédia se esse homem cai no Ribeirão? Ele tem quase 78 anos e não sabe nadar!
-Calma seu Vitório! Olha a coronária! O senhor pode ter um enfarte! O senhor chegou na hora certinha! Encontrei com um primo meu que é funcionário da embaixada do Líbano. Ele disse que quando eu precisar alguma coisa do Presidente da República é só mandar uma carta que é com selo da mala diplomática.

-Seu Mansur, homem de Deus, onde vou achar essa mala?

-É um envelope com selo oficial do Líbano. É de governo para governo. Coisa oficial. Está escrito no selo!

Vitório apesar das poucas letras, ainda assim conseguia ler alguma coisa, mas aquilo tava difícil. Um monte de risquinhos. Ele nunca tinha visto nada igual! Deve ser coisa de governo mesmo!
-Seu Mansur, o senhor sabe que sou líder comunitário do Bairro da Conceição, se eu não trocar aquela pinguela por uma ponte, perco prestigio. Se eu colocar uma carta para o Presidente da Republica nesse seu envelope diplomático o senhor garante que ele vai ler?
-Ele faz isso toda noite antes de dormir! Fica lendo envelope diplomático!
-Quanto o senhor quer desse envelope seu Mansur?

-Trezentos reais. É o valor oficial do correio! Só estou cobrando o selo!

Vitório coçou a barba rala, pensou na oportunidade, e fez a oferta:
-Seu Mansur, eu tenho um potrinho novo, que vale isso.

- Eu não tenho o que fazer com um potrinho. Mas para atender o líder da comunidade da Conceição eu aceito

Uma hora depois, caminhava Mansur puxando por uma corda um potrinho, quando passou por ele, o Coronel Ferreira, maior fazendeiro da região. Parou a caminhonete de luxo. Perguntou:
- Bom dia ! Tá vendendo o potro Seu Mansur?

- Bom dia Coronel Ferreira! Na verdade estou levando o
Quincas, esse é o nome dele, para treinar. É um autêntico campeão!

Seu Mansur, gostei do animal! Vou dá-lo para meu neto que faz
aniversário hoje. Aqui têm 3 mil reais.

- Infelizmente não posso aceitar esse negócio, não é honesto coronel.
-
Coronel Teixeira ficou vermelho, quase avança sobre Mansur, mas resolve perguntar porque o negócio não é honesto.
- É que o Quincas só entende árabe, para entender português precisa de uns seis meses de aulas.

- O senhor está contratado! A partir de hoje é o professor de português do Quincas. Quem sabe mais tarde poderá ensinar inglês também!


TODO E QUALQUER NOME OU REFERÊNCIA É APENAS UMA COINCIDENCIA, SENDO O TEXTO IMAGINAÇÃO DO AUTOR.

O MENINO E O PINHEIRINHO

AUTOR: JOÃO UMBERTO NASSIF

O MENINO E O PINHEIRINHO



A viagem de navio foi um terror. As carnes salgadas, defumadas, uma das poucas fontes de proteínas disponível naquele navio davam muita sede, a água era racionada, o calor sufocante. Doenças, choro de saudades, medo do desconhecido. Os únicos momentos em que traziam algum alívio era quando rezavam ou cantavam, parecia que a oração e a música ajudavam a diminuir o sofrimento. Alberto Domenico fora contratado para trabalhar como colono numa fazenda de café, no interior de São Paulo. Embarcou com sua mulher e seis filhos em Gênova em setembro de 1888 no navio Colombo comandado pelo capitão Antonio Mangini. Nesse tempo o café era o ouro, a riqueza do país. As antigas senzalas passaram por mudanças transformando-se em pequenas casas. Foram construídas casas uma ao lado da outra. Formando as colônias. Ali o colono tinha um pequeno pomar, um chiqueiro. Marino era o seu segundo filho. Logo cedo estava ajudando na lavoura do café. De todos os filhos era o que mais se identificava com a lavoura do café. Observava os tanques em que os grãos eram levados depois da colheita, terreiros para secagem. Com muito suor e trabalho, a família Domenico comprou com suas parcas economias um pequeno pedaço de terra. Marino, com seus quatorze anos de idade, era o mais animado de todos! Alberto Domenico tinha orgulho dos seus filhos, mas sabia que Marino seria o que despontaria! Maria Domenico tratava todos os filhos com muito amor, mas também achava que Marino era o mais inclinado para os negócios. O café era transportado por tropas de mulas, do local de produção até o porto de Santos, onde era exportado. As ferrovias trouxeram mão-de-obra e também resolveu o problema de transporte. Em pouco tempo foram comprando terras, e plantando café. A família Domenico ganhava projeção. Marino, passou a freqüentar a Faculdade de Direito, na capital da província. Vinha passar as férias na fazenda. Em uma dessas ocasiões trouxe uma muda de um pinheirinho, (Nome Cientifico: Limnophila sessiliflora). Com muito carinho, plantou no alto da colina a mudinha. De tempos em tempos, ao voltar á fazenda, passava horas olhando a imensidão do cafezal e admirando o pinheirinho. Leonardo Lancilotto, veio também no navio Colombo, fizera progresso na lavoura do café, tinha adquirido as terras vizinhas aos Domenico. Uma das suas filhas, Mariana, tinha a beleza de uma princesa, olhos azuis, cabelos dourados, sempre sorrindo, conquistava qualquer criatura. Crescera junto com seu primo Pasquale, pareciam irmãos, se bem que ele tinha planos de um dia desposa-la. Pasquale com seu olhar malicioso percebeu que Mariana andava olhando de forma mais atenta para Marino. Isso o irritava profundamente! Tinha que fazer algo para tirar o eterno sorriso que Marino exibia! Em uma tarde, vendo Marino cuidando do pinheiro, agora já mais crescido, Pasquale elaborou um plano. Na calada da noite, com um arco de pua (ferramenta manual destinada a fazer furos na madeira), Pasquale perfurou o caule do pinheiro e colocou NaCl, Cloreto de Sódio, no orifício, disfarçando com um pouco de serragem o local da sabotagem. Marino, com o passar dos dias foi observando o pinheiro com aparência anormal. As pontas dos galhos estavam amareladas. Por acaso viu a região do caule onde estava colocado o NaCl. Imediatamente limpou o local, retirou todo o sal ali depositado, enxaguando bem, aplicou glifosato e triclopir no caule do pinheirinho.
Duas semanas depois, percebeu que sua intervenção foi correta. Um ano depois, tinha terminado seus estudos, estava agora dedicado a comercialização do café fino de altíssima qualidade, exportado para os mais exigentes mercados do mundo. Em pouco tempo Marino tornou-se o elemento de sucesso da Fazenda dos Domenico, Tinham atingido a marca de 10 milhões de pés de café plantados. Circulava pela Europa, particularmente em Londres, onde acompanhava o pregão da bolsa do café, agora já com o título de Comendador Marino. Mandara plantar mais dois mil pinheiros em volta do pinheiro original.
Em uma das suas constantes viagens á Londres, Marino percebeu no aeroporto de Heathrow, uma dor de cabeça súbita, semelhante a uma "paulada”, sem causa aparente, seguida de vômitos, sonolência, perda de memória, confusão mental. Imediatamente foi socorrido no Royal Free Hospital de Londres. O diagnóstico foi o conhecido popularmente como "derrame cerebral", o Acidente Vascular Cerebral (designado pela sigla AVC pelos médicos). Em função do seu poder de influência política e financeira, foi assistido pelo corpo clínico com os mais modernos recursos. Após algumas semanas, foi mandado de volta para o Brasil, sem movimentos nos membros, tinha perdido também a capacidade de falar. Foi contratada uma equipe de enfermeiras que se revezavam, assistindo-o 24 horas por dia. Da sua cadeira de rodas ficava horas observando o pinheiral, e particularmente o maior pinheiro de todos, aquele que ele salvara da fúria vingativa de Pasquale. Aquela região aonde estava a fazenda seria cortada por uma estrada. Uma faixa de terras deveria ser desapropriada para abrir a estrada. O pinheiro que Marino plantara deveria ser transferido ou cortado. Os técnicos desaconselhavam a transferência. Uma manhã de sol, as máquinas roncaram, e foram colocando um a um todos pinheiros abaixo. Inclusive o pinheiro que Marino tinha plantado quando criança.As lágrimas escorriam por aquele rosto mudo ao ver seu pinheiro ir sendo tombado. Uma fábrica de urnas funerárias comprou a madeira. Daquele dia em diante Marino foi se definhando, até que seis meses depois, foi encontrado morto em sua cama. O seu prestígio movimentou a todos, inclusive autoridades de outras cidades. Seu velório foi acompanhado por uma multidão. Ninguém, porém observou, que ao ser fechado seu caixão, na tampa tinha uma marca, uma cicatriz na madeira. Alguém tinha furado aquela madeira, quando ela era ainda nova. A marca tinha permanecido. Ali estava em forma de caixão o pinheirinho que um dia ele tinha plantado e salvado do vandalismo de Pasquale. O pinheiro era o seu último abrigo. O menino e o pinheirinho tinham completado o ciclo da vida.

TODA E QUALQUER SEMELHANÇA COM FATOS OU NOMES AQUI MENCIONADOS É MERA COINCIDÊNCIA.

sábado, outubro 29, 2005

FOTOS DO NASSIF

Foto tirada por João Umberto Nassif em 29/10/2005, na Avenida Raposo Tavares- Piracicaba

FOTO DO NASSIF


Foto tirada por João Umberto Nassif em 29/10/2005, na Avenida São Paulo, Piracicaba, SP

CONTOS E CRÔNICAS de João Umberto Nassif

PÓ PA TAPA TAIO
(Nome dado á sulfa em pó usado em curativos feitos em cortes, machucados).
Autor: João Umberto Nassif
José Bento Gomes da Silva, o Zé Bentinho, é um caboclinho espigado, se bem que um pouco intojado, sempre de botina rangedeira, bigodinho aparado, canivete com cabo de osso, afiado no capricho. Chegado num dedo de prosa, o inseparável cigarrinho de palha de milho. Tinha o hábito de iniciar qualquer frase dizendo “Pois é...” Qualquer assunto e Zé Bentinho já dava sua opinião: “Pois é... se tivesse escutado... “ Quando perguntavam de um assunto que não gostava de falar ele simplesmente respondia “Pois é...”e encerrava a conversa. Ultimamente ele andava meio calado, diziam que ele tinha medo da Arma do Padre Aranha. Outros diziam que era coisa de arma penada. A verdade é que Zé Bentinho andava estúrdio. Andava com o olhar estanhado. Parecia ter voltado no tempo da grande tragédia: o dia em que Clarinha Coelho fugiu com o Salim Granjeiro. Nem um cão sarnento merecia aquele desaforo! A vila toda sabia que Zé Bentinho tinha uma inclinação pela Clarinha. Dona Clotilde, sua ex-futura sogra fazia gosto de ver Zé Bentinho casado com sua filha, que parecia uma napéva. Ela até achou natural o granjeiro levar a galinha chata! No começo fez escândalo, depois disse pro marido: Tamo livre! - Tomara que ele num devorva ela! Salim Granjeiro parecia um homem de futuro. Veio do estrangeiro, falava engraçado, era educado, trazia cortes de tecidos, armarinhos, e trocava por ovos, frangos, galinhas caipiras, que eram levados vivos em uma gaiola em baixo do carrinho de tração animal. Ele apareceu no sítio de repente, dizendo de maneira enrolada que tinha as melhores novidades de Paris! E quem sabia o que era Paris? Conheciam a Vila Rio Pequeno, Cruz Pintada, Riacho da Onça, e alguns tinham conhecimento da cidade grande, iam quando estavam morrendo, era para se tratar no hospital e voltar na ambulância que o Dito Cintura, prefeito da cidade vizinha mandava buscar em troca de voto pra deputado. Só passeavam de carro quando tava com doença ruim, ou quando batia as botas! Só o defunto ia de carro, o resto ia de a pé mesmo! Ás vezes a chimbica tava sem bateria, e tinham que empurrar com o caixão dentro. A molecada ficava longe, tinha medo que a noite viesse o Lobizóme se empurrassem o carro do defunto. Só quem tinha bentinho podia enterrar o morto. Zé Bentinho era por oficio, coveiro. Por vocação tocava tuba na bandinha. Acompanhava a procissão, era homem de fé.
A cada dia que se passava, percebiam Zé Bentinho mais taciturno. Só não deixava de ir tocar tuba junto com a orgulhosa e briosa Banda Oficial Municipal. Os músicos usavam uma farda de dá inveja. Era azul escura, cheia de botões brilhantes, fios dourados e dragonas douradas, além do quepe com distintivo em metal esmaltado. Coisa linda de se ver! As valsas, os dobrados, encantavam a platéia. O maestro era o Chocolate, um mulato alto que balançava o corpo acompanhando os compassos da música. E coitado de quem desafinasse! Chocolate virava onça! Ele exigia que todos chegassem pelo menos uma hora antes de iniciar apresentação, dizia que era para afinar e esquentar os instrumentos. Além de produzir o melhor doce caseiro do Brasil, como gostavam de dizer, o outro orgulho da cidade era a Banda Oficial Municipal.
A Botica Especialista era a farmácia da cidade. Ponto de encontro obrigatório para quem quisesse saber em primeira mão as novidades. Praxedes Barros formou-se em farmácia. Tinha uma mão suave na hora de espetar a agulha das injeções. Manipulava fórmulas, fazia os curativos, receitava, orientava, e quando o caso era grave encaminhava para o Dr. Alvim, o único médico da redondeza, já um pouco cego, e dizem que depois que enviuvou e casou-se com a sua empregada Esther, a preocupação do doutor era cercar a moça de mimos e atenções. As más línguas diziam até que ela passara a ser o galo da casa!
No domingo cedo, a Botica Especialista fervendo de gente, comentando os resultados do time de futebol da cidade que ganhou do seu rival Esporte Diamante, da cidade vizinha.
-Ali não tem jogador! Só tem pé-de-chumbo! Assim cada um dava a sua opinião no acalorado debate. De repente, todos se calaram, viram Zé Bentinho passando, embora usando a farda da Banda, mostrava a tristeza no olhar. Todos sabiam que era a paixão pela Clarinha que tinha fugido com o Salim Granjeiro. Olhando com pena do coitado, Praxedes comentou: - Infelizmente não existe pó pa tapa taio do coração. (Pena que não exista remédio para as dores do amor). Zé Bentinho seguiu em direção da praça para mais uma apresentação especial. Caminhava pensando na sua Clarinha.


Lobizóme - Duende representado por um grande cão preto
Pó Pa Tapa Taio (Sulfa em pó)
Esturdio - Esquisito. Fora do comum.
Taio: corte, machucado.
Espigado: Rapaz de corpo direito. Desenvolto.
Intojado : Cheio de si.
Arma do padre Aranha: Celebre assombração que perseguia os tropeiros.
Arma-penada: Duende. Assombramento. Espírito que paira sem destino.
Atiçar - Açular. Instigar.
Estanhados (olhos) - Fixos.
Napéva - Galinha chata.
Bentinho - Medalha com imagem benzida pelo padre romano.

quinta-feira, outubro 27, 2005

SÓ DÓI QUANDO PENSO...

"O QUE OCORRER COM A TERRA, RECAIRÁ SOBRE OS FILHOS DA TERRA...."

No ano de 1854, o presidente dos Estados Unidos fez a proposta de comprar boa parte das terras de uma tribo indígena, oferecendo, em contrapartida, a concessão de uma outra área. O texto da resposta do Chefe Seatle é considerado um dos mais belos pronunciamento em defesa do meio ambiente. O escritor Matt Ridley é uma rara voz que contesta a autoria, afirmando que o texto foi escrito em 1971, pelo também norte-americano Ted Parry, para a rede de TV ABC. A dúvida não tira a força da mensagem, que vale ser lida e divulgada.


Carta do Cacique Seattle ao presidente dos EUA, em 1853
"Como é que se pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? Essa idéia parece estranha. Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da água, como é possível comprá-los?
Cada pedaço desta terra é sagrado para meu povo. Cada ramo brilhante de um pinheiro, cada punhado de areia das praias, a penumbra na floresta densa, clareira e inseto a zumbir são sagrados na memória e experiência de meu povo. A seiva que percorre o corpo das árvores carrega consigo as lembranças do homem vermelho.
Os mortos do homem branco esquecem sua terra de origem quando vão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos jamais esquecem esta bela terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da terra e ela faz parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs: o cervo, o cavalo, a grande águia, são nossos irmãos. Os picos rochosos sulcos úmidos nas campinas, o calor do corpo do potro, e o homem - todos pertencem à mesma família.
Portanto, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que deseja comprar nossa terra, pede muito de nós. O Grande Chefe diz que nos reservará um lugar onde possamos viver satisfeitos. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Portanto, nós vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Mas isso não será fácil. Esta terra é sagrada para nós.
Essa água brilhante que escorre nos riachos e rios não é apenas água, mas o sangue de nossos antepassados. Se lhes vendermos a terra, vocês devem lembrar-se de que ela é sagrada, e devem ensinar às suas crianças que ela é sagrada e que cada reflexo nas águas límpidas dos lagos fala de acontecimentos e lembranças da vida do meu povo. O murmúrio das águas é a voz de meus ancestrais.
Os rios são nossos irmãos, saciam nossa sede. Os rios carregam nossas canoas e alimenta nossas crianças. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem lembrar e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos, e seus também. E, portanto, vocês devem dar aos rios a bondade que dedicariam a qualquer irmão.
Sabemos que o homem branco não compreende nossos costumes. Uma porção de terra, para ele tem o mesmo significado que qualquer outra, pois é um forasteiro que vem à noite e extrai da terra aquilo de que necessita. A terra não é sua irmã, mas sua inimiga, e quando ele a conquista, prossegue seu caminho. Deixa para trás os túmulos de seus antepassados e não se incomoda. Rapta da terra aquilo que seria de seus filhos e não se importa. A sepultura de seu pai e os direitos de seus filhos são esquecidos. Trata sua mãe, a terra, e seu irmão, o céu, como coisas que possam ser compradas saqueadas, vendidas como carneiros ou enfeites coloridos. Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto.
Eu não sei, nossos costumes são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do homem vermelho. Talvez seja porque o homem vermelho é um selvagem e não compreenda.
Não há um lugar quieto nas cidades do homem branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na primavera ou o bater das asas de um inseto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não compreendo. O ruído parece somente insultar os ouvidos. E o que resta da vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de uma ave ou o debate dos sapos ao redor de uma lagoa, à noite?
Eu sou um homem vermelho e não compreendo. O índio prefere o suave murmúrio do vento encrespando a face do lago, e o próprio vento, limpo por uma chuva diurna ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro - o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco não sente o arque respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhes vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo o homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados.
Portanto, vamos meditar sobre sua oferta de comprar nossa terra. Se decidirmos aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos.
Sou um selvagem e não compreendo qualquer outra forma de agir. Vi um milhar de búfalos apodrecendo na planície, abandonados pelo homem branco que os alvejou de um trem ao passar. Eu sou um selvagem e não compreendo como é que o fumegante cavalo de ferro pode ser mais importante que o búfalo, que sacrificamos somente para permanecer vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solidão de espírito. Poio que ocorre com os animais breve acontece com o homem. Há uma ligação em tudo.
Vocês devem ensinar às suas crianças que o solo a seus pés é a cinza de nossos avós. Para que respeitem a terra, digam a seus filhos que ela foi enriquecida com as vidas de nosso povo. Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a terra é nossa mãe. Tudo o que acontecer à terra, acontecerá aos filhos da terra. Os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Há uma ligação em tudo.
O que ocorrer com a terra recairá sobre os filhos da terra. O homem não tramou o tecido da vida; ele é simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si mesmo. Mesmo o homem branco, cujo Deus caminha e fala com ele de amigo para amigo, não pode estar isento do destino comum. É possível que sejamos irmãos, apesar de tudo. Veremos. De uma coisa estamos certos - e o homem branco poderá vir a descobrir um dia; nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar que O possuem, como desejam possuir nossa terra; mas não é possível. Ele é o Deus do homem, e Sua compaixão é igual para o homem vermelho e para o homem branco. A terra lhe é preciosa, e feri-la é desprezar seu criador. Os brancos também passarão; talvez mais cedo que todas as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados pelos próprios dejetos.
Mas quando de sua desaparição, vocês brilharão intensamente. Iluminados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os cavalos bravios sejam todos domados, os recantos secretos da floresta densa impregnados do cheiro de muitos homens e a visão dos morros obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência."
Traduzido por Irina O . Bunning e divulgado pelo Projeto Vida

sábado, outubro 22, 2005

MÁXIMAS E MÍNIMAS DE ZÉ LEBRE

Zé Lebre,antropólogo, sociólogo e filósofo integra esse Blog como coloborador com suas Máximas e Mínimas - Último vendedor de livros acredita que os últimos serão os primeiros.

Zé Lebre degustando suavemente um delicioso suco de alfafa ficou a imaginar: um país vizinho elegeu um Evo, será que haverá uma Ada? E a serpente irá oferecer maçã?



Zé Lebre em um papo com a filósofa,socióloga, antropóloga, RITA LEE, papo de gente fina, escutou o que considera uma das maiores verdades da humanidade:

Façam um Big Brother dos candidatos políticos, quem vencer será o eleito!

Só RITA LEE para ter uma sacada dessa!







JOSÉ DA SILVA, UM BOEMIO IRRECUPERÁVEL, MALANDRO AGULHA, RESOLVEU PRESERVAR A PUREZA E A CASTIDADE DA SUA POBRE VIÚVA. MANDOU SEU COMPADRE FAZER A LÁPIDE QUE PEDIU QUE FOSSE COLOCADA EM SEU TÚMULO QUANDO MORRESSE.( FATO OCORRRIDO EM 18/02/2005).

JOSÉ DA SILVA

* nasceu em 10/08/1963

+ morreu em 18/02/2005 vítima de doença sexualmente transmissivel e incurável






No burro carregado de açucar até o rabo é doce!

Enquanto houver cavalo São Jorge não anda a pé!


"A vida moderna é como CPI : ninguém conhece ninguém".

Anúncio de funerária: "Fazemos maquiagem definitiva"

Sugestão de mensagem para sua secretária eletrônica:
Obrigado por ter doado 300 reais para a XBA. O valor virá descontado em sua próxima conta telefônica. Deus lhe pague.


Você sabe que está ficando velho quando as velas começam a custar mais caro que o bolo"-- Bob Hope

"A Academia Brasileira de Letras se compõe de 39 membros e um morto rotativo"-- Millôr Fernandes

"O povo gosta de luxo; quem gosta de miséria é intelectual."-- Joãozinho Trinta

"O cara só é sinceramente ateu quando está muito bem de saúde."-- Millôr Fernandes

"O grande consolo das velhas anedotas são os recém-nascidos..."-- Mário Quintana

"Bastou uma mulher para destruir o paraíso."

"Jamais diga uma mentira que não possa provar."-- Millor Fernandes

"Mais que as idéias, são os interesses que separam as pessoas."-- Alexis de Tocqueville

"Quanto menos as pessoas souberem como se fazem as salsichas e as leis, melhor dormirão à noite."-- O. BISMARCK

Não beba dirigindo. Você pode derrubar a cerveja.

Ter ciúme de mulher feia é o mesmo que colocar alarme em Fiat 147

Se o horário oficial é o de Brasília, por que a gente tem que trabalhar na segunda e na sexta?

Boate de pobre é macumba.

Coma merda! Um bilhão de moscas não podem estar erradas.

Sabe o que é a Meia Idade? É a altura da vida em que o trabalho já não dá prazer e o prazer começa a dar trabalho

Marido é igual a menstruação: Quando chega, incomoda; quando atrasa, preocupa.

A primeira ilusão do homem começa na chupeta.

Rico tem veia poética; pobre tem varizes.

Viva cada dia como se fosse o último, qualquer hora você acerta.



Cidade pequena, inicio do século: Os vereadores deveriam decidir se o comércio ficaria aberto ou fechado aos domingos. Não há acordo. Levanta um vereador e propõe: “Achei a solução: o comércio abre somente meia porta aos domingos...”

O Vereador que gostava da colocação pelo Secretario Administrativo, dos tratamentos: Ilustríssimo (Ilmo.) e Excelentíssimo (Exmo.) antecedendo aos nomes de autoridades, resolveu proceder da mesma forma ao endereçar seus cartões de Natal: “Excelentíssima Senhora Dona Câmara Municipal”, “Ilustríssima Senhora Dona Santa Casa”; “Excelentíssimo Senhor Executivo”...

quarta-feira, outubro 19, 2005

ENTREVISTAS FEITAS POR JOÃO UMBERTO NASSIF

NO http://www.teleresponde.com.br/

VOCÊ ENCONTRARÁ ENTREVISTAS FEITAS POR JOÃO UMBERTO NASSIF

O VIZINHO


AO LADO DO CEMITÉRIO DA SAUDADES EM PIRACICABA EXISTE UMA LOJA COM O NOME
SOMBRASOM.... O VELÓRIO SITUA-SE NAS GRADES BRANCAS AO LADO ESQUERDO... UMA COINCIDÊNCIA CURIOSA... FOTO TIRADA POR JOÃO UMBERTO NASSIF EM 18/10/2005.

domingo, outubro 16, 2005

SHEILA

SHEILA
Uns dizem que ela já nasceu assim.Outros falam de más companhias. Mas todos concordam, é uma mulher sem limites.Totalmente impulsiva e compulsiva. Mariette logo ficou grávida.Foi um ba-fá-fá.No princípio até se falou em tomar remédio para “descer”, um eufemismo de abortar.Mas, um consenso familiar acabou por definir que deveriam ter dentro de uns meses um novo membro na família.As atenções então foram concentradas no enxovalzinho, no berço, e na barriga de Mariette que crescia a olhos vistos.O responsável, ou seja, o pai da criança também logo se encheu de orgulho e num gesto supremo bradou para Mariette: - Vamos casar. Isso foi dito como se fosse o grito da Independência ás margens do Ipiranga. Com toda empáfia. Foi motivo de uma macarronada com frango no domingo.
Numa madrugada com chuva de vento, nascia Fred Alekessander, assim mesmo. Um nome forte. Como sobrenome o tradicional Silva da família.O menino era um predestinado.Logo mostrou para o que veio.Cabelos escorridos, cara meio redonda, sorriso fácil, um anti-herói. Fredinho, como era chamado na família, logo ocupou seu espaço e o de outras pessoas da família. Virou centro das atenções.Na escolinha já se mostrava agressivo com seus companheiros, mimado e precoce. Era um verdadeiro fardo para as professoras, sua energia era inesgotável.Fredinho tinha duas manias, uma era olhar a saia das meninas, e outra brincar de detetive.Isso marcaria sua vida.
Uma casa geminada, construção antiga, com um casal de vira-latas.Uma placa metálica com o nome Fred Alekessander Silva. Detetive.Especialista em investigações comerciais e conjugais.Na porta uma perua Caravan preta, com pneus radiais. Antena de rádio com bolinha de tênis enfiada no meio para não ficar batendo na lataria. Os vidros eram insufilmados, como convém a quem não quer ser visto, principalmente um detetive particular. A tampa traseira levantada mostrava todo tipo de parafernália eletrônica.Um arsenal. O veículo tinha um rastreador por satélite. No caso de roubo do mesmo, em poucos minutos seria descoberto o seu paradeiro.
Fred Alekessander, não tinha nada de secreto e discreto ali na sua vizinhança. Tinha apetite para cerveja. Era visto sentado no boteco da esquina. Nunca tinha se embriagado além do limite aceitável. Mantinha o controle Quando tinha um caso de solução difícil, ficava ali horas, consultando o rótulo da garrafa. Ás vezes chamava o menino e dizia para trocar a garrafa, trazer outra nova, pois a cerveja já tinha ficado quente depois de tanto tempo. Fred estava agora no caso mais difícil da sua carreira. Seu cliente era um homem rico.Sérgio Kasinov começara do nada.Tinha aprendido o ofício de pedreiro.Sabia assentar um tijolo com perfeição e rapidez. Logo foi ficando conhecido.Trabalhava sem descanso. Sábado até as seis da tarde. Domingo até o meio dia. Sérgio era um fanático pelo trabalho. Logo contratara um ajudante. Em pouco tempo estava com uma equipe escolhida a dedo. E nasceu assim a Empreiteira Sérgio Kasinov. No início obras residenciais. Depois vieram as obras comerciais. Hoje um verdadeiro império com construtora, incorporadora e administradora. Onde está o nome ESK, abreviatura da Empreiteira Sérgio Kasinov significa que existe muito dinheiro. A principio o caso era simples. Apenas uma identificação de domicilio.Seu cliente tinha se apaixonado pela bela morena alta que passava todos os dias balançando o traseiro como uma cobra. Cabelos longos negros. Alta. Passo firme e com aquele jogo de cintura que enlouquece os homens. Depois da primeira vez que a viu Sérgio Kasinov entrou em parafuso. Homem de muitas mulheres, logo percebeu que aquela ali era diferente. Diferente de todas. Precisava saber onde morava aquela criatura. Tinha conversado com ela rapidamente uma vez na loja de frios, sobre a vantagem do presunto light sobre o presunto gordo.Outra vez na porta do cinema ela e outra amiga. Sérgio estava acompanhado da sua mulher. Apenas uma troca de olhares.Ninguém conhecia aquela mulher. Era nova no bairro. Seu dinheiro e sua vontade de descobrir mais sobre aquela deusa o levara a contratar o Detetive Fred. Queria saber tudo. Após algumas semanas de investigações, Fred estava no momento pensando em como dar o resultado para seu cliente sem provocar um ataque cardíaco no homem.Descobrira tudo sobre aquela linda morena. Ela tinha morado em São Paulo.Solteira.Tinha começado a estudar psicologia, aos 29 anos abandonara o curso.Trabalhara em uma grande multinacional. Pessoa discreta e de bom gosto, de fino trato. Possuía uma boa cultura geral. Gostava de teatro, cinema, passeios. Era bem relacionada com suas amizades. Tudo enfim para ser uma bela amante para Sérgio Kasinov. Ela, porém, tinha um problema , e ai é que ficava difícil para Fred explicar ao seu cliente. Sheila,, esse era o nome da moça, tinha recentemente feito uma cirurgia. Precisava agora mudar seus documentos.Apenas aguardava uma decisão judicial. Sheila Ferreira Magalhães. Esse seria o futuro nome de Sebastião Ferreira Magalhães, recém-operado em cirurgia para troca de sexo, de homem para mulher.
Fred Alekessander tinha resolvido mais um caso. Precisava agora consolar um cliente. Fazia parte do seu ofício, ouvir as mágoas do coração e da alma de seus clientes.Isso significava que algumas cervejas seriam abertas no boteco da esquina.
AUTOR : JOÃO UMBERTO NASSIF

quarta-feira, outubro 12, 2005

APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISSO

APENAS A LÍNGUA PORTUGUESA NOS PERMITE ESCREVER ISSO...(ARTE DO DR. JAYME, O MAGO DAS ARAUCÁRIAS...)

Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir.
Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém,pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas. Pálido, porém personalizado, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris.
Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se, principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas.
Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente!
Pensava Pedro Paulo...- Preciso partir para Portugal por que pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses. Paris! Paris! proferiu Pedro Paulo. - Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir.
Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém Papai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Papai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Papai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu:
- Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias?
- Papai, - proferiu Pedro Paulo - pinto porque permitiste, porém, preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal.
Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partiram pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro. Pisando por pedras pontudas, Papai Procópio procurou Péricles, primo próximo, pedreiro profissional perfeito. Poucas palavras proferiram, porém prometeu pagar pequena parcela para Péricles profissionalizar Pedro Paulo.
Primeiramente Pedro Paulo pegava pedras, porém, Péricles pediu-lhe para pintar prédios, pois precisava pagar pintores práticos. Particularmente Pedro Paulo preferia pintar prédios. Pereceu pintando prédios para Péricles, pois precipitou-se pelas paredes pintadas. Pobre Pedro Paulo, pereceu pintando...
Permita-me, pois, pedir perdão pela paciência, pois pretendo parar para pensar... Para parar preciso pensar. Pensei. Portanto, pronto: Pararei!

E você ainda se acha o máximo quando consegue dizer: "O Rato Roeu a Rica
Roupa do Rei de Roma."?

Delivery á moda da casa....

Foto tirada em outubro/2005 no final da Av. Cassio Paschoal Padovani, junto a Rodovia do Açucar, por João Umberto Nassif. O condutor da bicicleta é o Sr. Antonio Martins.

EXISTEM CAMINHOS TORTUOSOS...

Foto tirada no campus da Unimep Piracicaba em outubro/2005 por João Umberto Nassif

A beleza da vida sempre estará presente...

Foto tirada por João Umberto Nassif no Campus da Unimep/ Piracicaba em outubro de 2005.

sexta-feira, outubro 07, 2005

ESCREVA, DÊ SUA SUGESTÃO

Escreva, dê sua sugestão,
use o endereço: joao.nassif@ig.com.br

e-mail para Nassif: joao.nassif@ig.com.br

Jorge Luiz Borges

"Instantes"

Jorge Luiz Borges
Seu eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais.Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria a mais lugare onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários. Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da sua vida; claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos. Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos, não percas o agora. Eu era um desses que nunca ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente. Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.
O argentino, Jorge Luiz Borges, felecido na Suiça em 1987, e considerado um dos maiores escritores do século
joao.nassif@ig.com.br

sexta-feira, setembro 30, 2005

EQUIPE MEMOREX TELEX


EQUIPE DA MEMOREX TELEX
ESCALA EM MIAMI, COM DESTINO Á CAROLINA DO NORTE: CLÁUDIO,BIA,AFONSO,NASSIF,SILVIO,JOAQUIM E SANDRO.

ESSA EU TIVE QUE FOTOGRAFAR....

Fotos tiradas por João Umberto Nassif em Janeiro/2005

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM PRÊMIO NOBEL DA PAZ

ENTREVISTA EXCLUSIVA CONCEDIDA PELO DR. NORMAN ERNEST BORLAUG AO JORNALISTA E RADIALISTA JOÃO UMBERTO NASSIF, EM 12 DE FEVEREIRO DE 2004.

O PROFESSOR DOUTOR ANTONIO ROQUE DECHEN , PRESIDENTE DA FEALQ PARTICIPOU DA PROGRAMAÇÃO E APOIOU A PERMANÊNCIA DO DR. NORMAN AQUI EM PIRACICABA E EM SÃO PAULO,O DOUTOR FERNANDO CARDOSO DIRETOR PRESIDENTE DA AGRISUS É QUEM ESTÁ PROMOVENDO A VIAGEM DO DOUTOR NORMAN E QUEM ACOMPANHOU O DOUTOR NORMAN DESDE O DIA 3 DE FEVEREIRO EM TODAS AS VISITAS NO PARANÁ,MATO GROSSO DO NORTE,MATO GROSSO DO SUL,RONDONÓPOLIS,GOIANIA,BRASILIA,PIRACICABA E SÃO PAULO, TERMINANDO ENTÃO NA SEXTA FEIRA DIA 13 E DOUTOR NORMAN RETORNA AOS ESTADOS UNIDOS.PERGUNTEI AO DOUTOR NORMAN QUANTAS VEZES ELE VEIO AO BRASIL E ELE JÁ PERDEU A CONTA DO NUMERO DE VEZES QUE ESTEVE AQUI NO BRASIL , A PRIMEIRA FOI EM 1951.AQUI ELE JÁ CONHECIA UM AMIGO, DOUTOR ERNESTO PATERNIANI, TRABALHARAM JUNTOS EM PROGRAMAS DE MELHORAMENTO DE MILHO.O DOUTOR NORMAN TRABALHA AINDA HOJE NO CIMMYT QUE É UM CENTRO ESPECALIZADO EM MELHORAMENTO DE MILHO , NO MÉXICO, DURANTE SEIS MESES , OUTROS SEIS MESES ELE TRABALHA NA UNIVERSIDADE DO TEXAS , DANDO AULAS. ELE TEM 90 ANOS, E UMA ATIVIDADE INVEJÁVEL. NO BRASIL ELE ESTÁ VISITANDO OS CENTROS PRODUTORES DE SOJA E ELE TEM ACOMPANHADO A HISTÓRIA E A EVOLUÇÃO DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA BRASILEIRA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS E SE DIZ CADA VEZ MAIS ESTUPEFATO COM O POTENCIAL AGRÍCOLA DO BRASIL .A REVOLUÇÃO VERDE FOI A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NA INDIA EXATAMENTE COMO A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO COMBATE A FOME.VOCE NÃO CONSEGUE GRANDES PRODUÇÕES SEM O USO DA TECNOLOGIA.OBVIAMENTE TECNOLOGIA ADEQUADA. HOJE ( DIA 11 DE FEVEREIRO) ELE VISITOU O MINISTRO DA AGRICULTURA,O SECRETÁRIO DA EMBRAPA, O CENTRO DE PESQUISAS DO CERRADO,ELE É UM DEFENSOR DO USO DE TRANSGÊNICOS, COM OS DEVIDOS CUIDADOS,E COM OS PRODUTOS MELHORADOS , QUE É COMO SE CONSEGUE O COMBATE A FOME COM ELEMENTOS DE QUALIDADE. DOUTOR NORMAN É UMA DAS PESSOAS QUE SE ENCONTRAM NAS ENCICLOPÉDIAS. ELE É UMA PESSOA QUE SE FALAR EM NOBEL , VOCÊ SE LEMBRA DO DOUTOR NORMAN.EXATAMENTE PELA CONTRIBUIÇÃO HUMANA PELA PRODUÇÃO DE ALIMENTOS , PELO COMBATE A FOME. É O PRIMEIRO PREMIO NOBEL DA PAZ PRESENTE EM PIRACICABA.É UM MOMENTO HISTÓRICO.É UM MOMENTO FANTÁSTICO. FABULOSO.

JOÃO UMBERTO NASSIF
DR. NORMAN QUAL É A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA BRASILEIRA NO CENÁRIO MUNDIAL ?

DR. NORMAN E. BORLAUG: O BRASIL ESTÁ EXPORTANDO CADA ANO MAIS PRODUTOS PARA O MERCADO MUNDIAL, SOBRETUDO E NOS ULTIMOS ANOS ESTÁ EXPORTANDO SOJA.

OUTROS TIPOS DE GRÃOS PODERÃO SEREM EXPORTADOS EM QUANTIDADES MAIORES . MUITAS MELHORAS OCORRERAM DO PONTO DE VISTA DA PRODUÇÃO.NOS ULTIMOS 15 ANOS . NO FUTURO , SE OS MERCADOS CONTINUAREM SOLICITANDO MAIS GRÃOS A ECONOMIA DO BRASIL VAI ESTAR EM POSIÇÃO DE PRODUZIR E ATENDER O MERCADO MUNDIAL. .

JOÃO UMBERTO NASSIF
COMO CIENTISTA QUAL É A SUA OPINIÃO SOBRE O ALCCOL COMBUSTÍVEL ?

DR. NORMAN E. BORLAUG:
EU NÃO TENHO MUITA EXPERÊNCIA COM AÇUCAR,MAS O BRASIL TEM MUITO EXITO COM O ÁLCOOL. APÓS TER DIMINUIDO A PRODUÇÃO, ESTÁ AUMENTANDO DE NOVO .O BRASIL TEM MUITA CAPACIDADE PARA PRODUÇÃO DE ALCOOL.E ISSO AJUDA A ECONOMIA RURAL
ESTOU MUITO IMPRESSIONADO COM O QUE O BRASIL ESTÁ PRODUZINDO.


JOÃO UMBERTO NASSIF.
QUAL SERÁ A PRÓXIMA ETAPA DA REVOLUÇÃO VERDE
?
DR. NORMAN E. BORLAUG:
A REVOLUÇÃO VERDE SE REFERE A TECNOLOGIA DE VARIEDADES MELHORES ISSO NAS DÉCADAS DE 1960 , 1970 , NA ÁSIA SOBRETUDO.COMEÇOU NA INDIA , PAQUISTÃO E DEPOIS NA CHINAE NÃO SÓ BUSCOU MELHORAR AS VARIEDADES, MAS SOBRETUDO RESTAURAR A FERTILIDADE DO SOLO QUE ESTAVAM MUITOS ESGOTADOS EM FUNÇÃO DOS MUITOS ANOS DE CULTIVO SEM APLICAR QUANTIDADES IDEAIS DE FERTILIZANTES ORGANICO OU QUIMICO .DE 1965 A 1985 HOUVE GRANDES MUDANÇAS EM PRODUTIVIDADE . O RENDIMENTO POR HECTARE SOBRETUDO EM TRIGO E ARROZ NA INDIA ,PAQUISTÃO E DEPOIS UMA DÉCADA MAIS TARDE NA CHINA . AO COMEÇAR A PERCEBER O GANHO DE PRODUTIVIDADES AS MUDANÇAS FORAM MUITO RÁPIDAS, PARA TORNAR-SE AUTO SUFICIENTE NOS MEADOS DE 1990.ISSO OCORRE HOJE EM DIA COM A SOJA.A SOJA DEVERÁ SER EXPORTADA EM GRANDE QUANTIDADE PARA A CHINA.DEPOIS DE SEREM ABASTECIDOS DE GRÃOS O POVO QUER MAIS CARNE.A CHINA NÃO TEM A QUANTIDADE DE SOJAQUE PRECISA PARA A PRODUÇÃO DE CARNE.A CHINA ESTÁ AUMENTANDO A PRODUÇÃO DE FRANGOS, E PARA TER EXITO PRECISA IMPORTAR MUITA SOJA.E MUITO DESSA IMPORTAÇÃO É FEITA DO BRASIL.ANTES DE TROCAR A TECNOLOGIA PARA PRODUZIR OS GRÃOS, EM 1978, AS CONDIÇÕES ERAM MUITO DIFÍCEIS NA CHINA.A QUALIDADE DE VIDA MELHOROU MUITO NÃO SÓ NO CAMPO ONDE EXISTE TRANQUILIDADE RURAL, E DE ONDE VEM A MAIOR PARTE DA POPULAÇÃO, ISTO PERMITIU A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CHINA AUMENTANDO RAPIDAMENTE A EXPORTAÇÃO.COM O RESULTADO DAS EXPORTAÕES ELES COMPRAM MUITA SOJA E OUTROS PRODUTOS QUE NÃO CONSEGUEM PRODUZIR.

JOÃO UMBERTO NASSIF

COMO SE SENTE O HOMEM QUE MAIS SALVOU VIDAS NESSE SÉCULO ?

DR. NORMAN E. BORLAUG:
NÃO SE PODE POR NUMEROS DE VIDAS QUE FORAM SALVAS. MAS A TECNOLOGIA E O RENDIMENTO DE TRIGO PRODUZIDO NO MEXICO, TRANSFERIDA PARA OUTROS PAISES QUE FORAM TREINAR NO MEXICO, COMO POR EXEMPLO DA INDIA, PAQUISTÃO , TURQUIA, IRAQUE, IRÃ,EGITO,AS ÁREAS EXPERIMENTAIS DE MANEJO FORAM ESTUDADAS, PARA ANALISAR A MAIS ADEQUADA FERTILIZAÇÃO, CONTROLE DE DOENÇAS E INSETOS.TAMBÉM FORAM ESTUDADOS CRÉDITO E PREÇO PARA OS AGRICULTORES ADOTAREM ESSA NOVA TECNOLOGIA.PARA ILUSTRAR , A PRODUÇÃO DE TRIGO NA INDIA, NOS MEADOS DOS ANOS 60 ERAM MENOS DO QUE 12 MILHÕES DE TONELADAS, COM A TECNOLOGIA NOVA QUE FOI INTRODUZIDA EM ESCALA COMERCIAL EM 1966 , NO ANO 2000 A PRODUÇÃO FOI 76 MILHÕES DE TONELADAS.PRIMEIRO AUMENTOU A PRODUÇÃO DE ARROZ NA INDIA, O PAQUISTÃO AUMENTOU SUA PRODUÇÃO NESSA MESMA PROPORÇÃO.A CHINA , COMEÇOU 10 ANOS MAIS TARDE DO QUE A INDIA E O PAQUISTÃO. ISSO FOI NO PERÍODO DE 1980 A 1995, QUANDO SE VIU O RESULTADO DE COOPERAÇÃO MUTUA POR MUITOS ENGENHEIROS QUE FORAM TREINAR NO MEXICO.

JOÃO UMBERTO NASSIF
POR QUE EXISTE TANTA CRÍTICA AOS TRANSGÊNICOS?

DR. NORMAN E. BORLAUG

TEMOS OUTRO IMPLEMENTO PARA SUPLEMENTAR OS MÉTODOS TRADICIONAIS DE GENÉTICA E MELHORAMENTO , AGORA SE PODE CRUZAR ESPÉCIES QUE ANTES ERAM IMPOSSÍVEIS CRUZAR, HOJE COM AS NOVAS TECNOLOGIAS SE PODE REALIZAR CRUZAMENTOS ANTES IMPOSSÍVEIS.
O CRITÉRIO MUDA MUITO. EM 1963 A ESCRITORA RACHEL CARSON ESCREVEU O LIVRO QUE FOI MUITO POPULAR PRIMAVERA SILENCIOSA, ENTRE MUITAS COISAS ELA FALAVA DO USO DO BACILLUS THURINGIENSIS
UMA BACTÉRIA COMUM NOS SOLOS DE MUITAS PARTES DO MUNDO.
NAQUELE TEMPO SE CULTIVAVA ESSA BACTÉRIA EM LABORATÓRIO E SE PULVERIZAVA EM SUSPENSÕES PARA MATAR INSETOS E ELA DIISE QUE ERA MUITO SEGURO, CONTROLAVA VÁRIOS INSETOS, O CONTROLE ATRAVÉS DOS GENES TEM O MESMO EFEITO.HÁ MUITO ESCÂNDALO DE QUE É PERIGOSO , HÁ MUITO DEBATE . IMAGINE QUANDO CHEGOU O PRIMEIRO AUTOMÓVEL NO RIO DE JANEIRO ? ESPANTANDO OS CAVALOS , E NÃO SÓ CAVALOS, MAS TAMBÉM PASSAGEIROS .ASSIM É EM CADA COISA NOVA.
ISSO É ASSIM TAMBÉM NOS PAISES AVANÇADOS, COMO BRASIL, CANADÁ, ESTADOS UNIDOS , PAÍSES DO OESTE DA EUROPA, AS PESSOAS VIVEM MAIS ANOS DO QUE ANTES. CADA GERAÇÃO VIVE MAIS TEMPO.ACIDENTES SEMPRE TEMOS. O AUTOMÓVEL MATOU QUANTOS ? NÃO HÁ NENHUMA EVIDENCIA ATÉ O MOMENTO DE QUE AS PLANTAS GENÉTICAMENTE MODIFICADAS TENHAM CAUSADO DANOS OU DESAJUSTES AOS HUMANOS OU ANIMAIS.EM TODAS A COISAS DEVEMOS USAR O SENTIDO COMUM.ISSO ME PARECE CADA VEZ MAIS A FORMA MAIS CORRETA.


JOÃO UMBERTO NASSIF
SE NÃO HOUVER UM CONTROLE DA NATALIDADE A FOME DO MUNDO VAI ACABAR ?

DR. NORMAN E. BORLAUG:
ISSO É UMA COISA QUE TENHO FALADO POR MUITOS ANOS.ACREDITO QUE A EDUCAÇÃO SE AJUSTE A POPULAÇÃO. O RUIM É QUE EM TODO CONTINENTE DA ÁFRICA DO SUL, NO SAHARA NÃO HÁ ESCOLAS. SE NÃO TEM CAMINHO NÃO TEM ESCOLAS.ONDE HÁ CAMINHO , TEM ESCOLAS.E TAMBÉM , A SEGUIR , A PRESENÇA DE MÉDICOS PARA SAÚDE BÁSICA.TAMBÉM A FORMAÇÃO ORIGINADA EM TRIBOS COM DIFERENTES COSTUMES DEVE SER LEVADA EM CONTA. AS ESCOLAS SÃO OS INSTRUMENTOS PARA EM UM PRIMEIRO PASSO ROMPER ESSE ISOLAMENTO.E NÃO HÁ UM ESFORÇO ADEQUADO NESSE SENTIDO.E ISSO INCLUI TAMBÉM O CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO.UMA VEZ QUE A EDUCAÇÃO DOS PAIS SÃO EM MELHORES CONDIÇÕES DE VIDA , ELES TEM CONSCIÊNCIA DE QUE PODEM DAR UMA VIDA DECENTE A UM DOIS, TRÊS FILHOS, E NÃO COMO ANTES, PORQUE ANTES SE CALCULAVA QUE MUITOS FILHOS IAM MORRER , E PARA SE TER UM FILHO ADULTO TINHAM QUE TER MUITOS FILHOS.

sexta-feira, setembro 23, 2005

Ultima Campanha do Desarmamento

A última campanha do desarmamento foi quando Caim matou seu irmão Abel com uma pedrada. Todas as pedras foram recolhidas, resultando no deserto do Saara! – (João Umberto Nassif, jornalista)

Arma Zero

Arma Zero


Irmã mais nova da campanha Fome Zero, a campanha de desarmamento combate a violência em sua raiz: o perigoso cidadão armado. Trata-se de uma importante iniciativa concebida por mentes privilegiadas, fundamentadas em convincentes estudos realizados por instituições estrangeiras, que generosamente contribuem com moeda forte para organizações nacionais onde brilhantes cérebros tupiniquins, sem nenhuma pretensão de auto promoção dedicam-se a causas nobres, politicamente corretas e motivo de muito orgulho entre seus pares, familiares e conhecidos. São verdadeiros cavaleiros da paz e da verdade. Nada é mais prioritário do que desarmar o violento e perigoso cidadão brasileiro que tenha uma arma em seu domicilio. Trata-se de uma medida profilática, para erradicar de vez a violência. Uma prioridade absoluta. Um cidadão armado de um revolver calibre 38 pode ser mais perigoso do que:
- Nosso transito violento, regado a milhões de litros de álcool e toneladas de narcóticos.
- Nossos brilhantes políticos, homens sérios e acima de quaisquer suspeita.
- Desvios de verbas de cunho social para fins inconfessáveis.
- Pizzas assadas em gigantescos fornos de nobres parlamentares.
- Verbas enormes investidas em mega projetos que não chegam a saírem do papel, mas são depositadas em contas de bancos estrangeiros.
- Campanhas cancerígenas de indústrias tabagistas.
- Nossa polícia que recebe um salário digno dos riscos que corre.
- Nossos professores, tratados com dignidade e respeito, inclusive desfrutando de salários condizentes a atividade de formação do futuro do país: nossos jovens!
- Nossa justiça, célere como um coelho sem pés, que aplica com imparcialidade a lei.
- A rica diversidade de leis, temos leis para tudo, inclusive algumas de reserva para possíveis necessidades futuras.
- Nosso sistema de educação, altamente estruturado.
- Nossas favelas, onde corre a água límpida e cristalina, possuem rede de saneamento, atendimento social e acompanhamento médico, programas de reintegração á sociedade e fazem parte da justa distribuição de renda.
- Ao preço do barril de petróleo brasileiro que custa em torno de 6 dólares, mas é vendido ao preço de mercado internacional : 60 dólares. (Informação de Joelmir Beting em setembro de 2005, no Jornal da Band com Carlos Nascimento) Dando um lucro espetacular a nossa competente indústria, não importando o que isso significa para o país, engessando a economia.
- Nossos hábeis servidores públicos, bem treinados, bem remunerados, que dão ao cidadão um máximo prazer em procura-los em distintas repartições publicas.
Existem inúmeros fatos e situações que em momento algum se comparam ao perigo de um cidadão honesto armado.

Podemos ver a cada minuto, que a importância da campanha do desarmamento é somente comparável ao importantíssimo estojo de pronto-socorros que foi há algum tempo instituído como exigência legal em qualquer veiculo automotor.(Só não me lembro se trator também precisava ter esse utilíssimo estojo.)
Fontes da mais alta credibilidade deixaram vazar que a próxima campanha a ser lançada é destinada apenas aos “homens de bem” que comandam a sociedade. Trata-se da campanha Caneta Zero. Todos aqueles que cometem abusos, roubam, saqueiam, corrompem, burlam, mentem, enganam, terão que entregarem sua caneta (e similares como lápis, teclado de computador, mouse etc...) Essa campanha promete encontrar maiores resistências do que a do desarmamento. Sabemos que é mais fácil governar um povo sem armas. Mas quem governa não pode deixar de ter em sua caneta a mais poderosa das armas.
João Umberto Nassif é jornalista. Escreva, dê sua sujestão,use o endereço: joao.nassif@ig.com.br

terça-feira, setembro 20, 2005

Pense nisso...

Ilusões da vida
Francisco Otaviano

Quem passou pela vida em brancas nuvens
E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu...
Foi espectro de homem, não foi homem.
Só passou pela vida... não viveu

segunda-feira, setembro 19, 2005

AS LOUCAS CORRIDAS DA DÉCADA DE 1960

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Produção e apresentação Jornalista e Radialista JOÃO UMBERTO NASSIF
Transmitido pela RÁDIO EDUCADORA DE PIRACICABA AM 1060KHERTZ
aos sábados das 10:00 ás 11:00 horas da manhã.
Contato com João Umberto Nassif :e-mail:joao.nassif@ig.com.br (sem acento)
Este programa está também transcrito no site
http://www.teleresponde.com.br/

Entrevistado: Maks Weiser

Nascido na Avenida Paulista, em São Paulo, em 24 de março de 1931, comprou seu primeiro automóvel aos 14 anos de idade, de um jogador que perdera tudo em um cassino. Sua paixão por veículos tem estreita relação com sua vida pessoal e profissional. Correu em circuitos de rua aonde o perigo não era só para os pilotos como também para o público que assistia, muitas vezes a poucos centímetros das poderosas maquinas da época.Maks Weiser (lê-se Vaizer) é uma lenda dentro do automobilismo piracicabano.Descendente de austríacos, tem o titulo de cidadão piracicabano concedido pela Câmara Municipal de Piracicaba.

Qual foi o motivo que o trouxe á cidade de Piracicaba?
Eu vim muito jovem ainda para realizar na Esalq o curso de agronomia. Comecei a fazer um cursinho preparatório. Meus pais venderam uma pequena loja na cidade chamada Tabatinga (A 350 km da capital estadual, Tabatinga está localizada na região de Araraquara) e vieram comigo, meu pai e a minha mãe.
Meu pai comprou um posto de gasolina, dali a uns 3 meses ele faleceu. Eu tive que assumir os compromissos deixados por ele e não pude estudar mais. Aos 20 anos de idade assumi o posto que ficava na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua São José, em frente aonde o Luciano Guidotti tinha uma concessionária GMC de caminhões. Na ocasião, quem era credor do meu pai com relação a aquisição do posto dizia: - “Devolva o posto que eu devolvo o dinheiro que o seu pai já pagou”. Fiquei indeciso. Resolvi assumir, continuar, lutei por 7 anos, consegui pagar, e aprendi a comprar e a vender automóveis. Lavei muitos automóveis, consertei pneus, fiz polimentos de carros á noite. (Neste momento a emoção das lembranças toma conta de Maks, que se mostra uma pessoa sensível).
Você comprou o seu primeiro carro com quantos anos de idade?
Foi na cidade de Poços de Caldas, na ocasião eu tinha 14 anos de idade, meu pai viajou e deixou uma importância em dinheiro com o dono do hotel com a recomendação de que me fornecesse dinheiro a medida em que eu solicitasse. Provavelmente a pessoa que queria vender o carro tinha perdido muito dinheiro no cassino da cidade e assim apesar da relutância do dono do hotel em dar o dinheiro que meu pai tinha deixado sob a sua guarda, acabou me entregando a importância, e dessa forma adquiri o meu primeiro carro! Era um Ford 1939, preto. O maior problema foi leva-lo para a cidade onde morava, uma vez que não tinha habilitação por ter apenas 14 anos de idade. Quando meu pai retornou de viagem, conduzi o carro com a companhia dele dirigindo o seu carro.
Como você passou a ter uma concessionária de carros em Piracicaba?
Trabalhei com o posto de gasolina até pagar a dívida assumida. Comprei um carrinho barato, que ninguém queria de tão sujo que estava, terra do Paraná, era um Chevrolet 1950 ou 1951. Lavei o carro inteiro, esfreguei as juntas com escova de dente, fiz o polimento, o carro ficou muito bonito, e acabei vendendo! Comprei um segundo carro, comprei um terceiro, e assim foi! Até que consegui juntar um pouco de dinheiro e me especializei em carros Volkswagen. Despregava todo carpete do Volkswagen, lavava, repregava, consertava barra de torção, foi indo...Até chegar um dia em que tinha 3 até 4 Volkswagen nesse posto. Um dia apareceu dentro do posto um veículo DKW Vemag, isso foi em 1957, era uma peruinha, e ele estava procurando um candidato a concessionário para a marca. Quando abri o capô do carro e vi aquele motor tão pequeno, 1.000 cilindradas, dois tempos, não acreditei no carro e não me interessei. (Os motores dois tempos são populares em razão de seu baixo peso, baixo custo, alta potência e respostas rápidas de aceleração). Eles exigem a presença de óleo misturado na gasolina para sua lubrificação interna. Um dia eu estava em Santos, e de Santos até a Praia Grande era quase uma pista, hoje as cidades se ligaram, eu estava com o meu Volkswagen e um DKW apontou querendo me passar, comentei com a pessoa que estava ao meu lado: - Olha aquela porcaria querendo me passar! Pisei tudo que dava no acelerador do Volkswagen. O DKW me passou, foi embora e não vi nem a cor do carro mais! Passei a acreditar no carro DKW! Já em Santos, lendo o jornal vi anúncios do tipo: “DKW Vemag 1957, pronta entrega”, me interessei, fui em um concessionário, pedi orientação, ele me deu os dados para ir a São Paulo, fui a Vemag, e disse que queria ser concessionário da marca em Piracicaba. Após uma longa entrevista, eles disseram que poderiam dar a concessão para as vendas, mas não para um posto de gasolina, eu teria que abrir uma empresa. Aí acabei abrindo a União de Veículos, que é a tradução da Auto Union, que fabricava o DKW e o Audi naquela ocasião. O Audi tem como símbolo quatro círculos, cada círculo é uma das marcas de carros que a Auto Union fabricava: Audi, DKW, Horch e Wanderer, essas duas ultimas marcas nunca vieram para o Brasil.
Você se lembra para quem vendeu o primeiro DKW em Piracicaba?
Lembro-me sim. Foi para o Dr. Alcides Aldrovandi. O segundo foi para o Orzem Porta. A minha maior dificuldade era fazer o cliente acreditar que aquele carrinho era bom. Eu também no inicio não tinha acreditado! Sendo que o Volkswagen já era um carro tradicional e tinha fila de espera para adquiri-lo. Eu tentava convencer os clientes de que o DKW era bom, quando eu convencia o meu carro era cinqüenta por cento mais caro do que o Volkswagen! Aí era uma segunda luta! A primeira era convecer o cliente de que o carro era bom, e a segunda era fazer ele pagar cinqüenta por cento a mais do que custava um Fusca! Foi difícil!
O que o DKW oferecia a mais do que o Fusca?
Maior espaço interno, e um motor com muito mais aceleração do que o Volkswagen. Mais rápido. Tinha que ser colocado um litro de óleo adicionado a cada 40 litros de gasolina.
Quando começou a sua fase de piloto de competições?
Eu já era fã do Volkswagen, tinha começado a comprar e a vender Volkswagen, e um dia fui assistir a uma corrida de rua em Poços de Caldas, era uma cidade que eu visitava muito. Fiquei abismado em ver uma corrida em plena cidade! Foi onde o DKW foi vencedor. Fiquei com vontade de fazer uma corrida em Piracicaba. Pensei: - Vou fazer uma corrida em Piracicaba! Na ocasião procurei o Dr. Salgot Castillon, que era o prefeito, e disse que queria fazer uma corrida de automóveis em Piracicaba. Descobri então que necessitava de autorização de entidades como o Automóvel Clube de São Paulo, fiz o contato, a lista de itens para serem atendidos era muito grande, eu queria ser piloto, a parte de organização era muito grande, na ocasião alguém indicou o Horácio “ Baby” Barione que tinha organizado os jogos abertos do interior, e ele acabou me ajudando muito, muito mesmo. Assim fizemos o Primeiro Circuito Automobilístico de Piracicaba. Não pude chamar de Primeiro porque descobri que em 1939 já tinha tido um circuito automobilístico em Piracicaba, soube que o Chico Landi correu em Piracicaba naquela ocasião e ganhou! (Francisco Landi, nasceu em 14 de julho de 1907, em São Paulo, piloto automobilístico de F-1 (1951 a 1956), 6 Grande Prêmios). Então eu batizei de Segundo Circuito. Na ocasião tinha que ter autorização do Automóvel Clube e da Federação que eram entidades rivais, foi difícil conseguir acertar com as duas. Precisaríamos arrumar hotel para todos os pilotos, conseguirmos espaços para guardar os carros, teríamos que cercar o circuito todo com cordas, comprar troféus, as corridas eram divididas em categorias, foram 3 largadas, uma para Novato Estreante, na qual competi, ganhei e peguei o gosto, a segunda categoria formada por pilotos profissionais que era a Turismo Força Livre e a terceira categoria que hoje chamam de Formula 1, vieram todos os carros na época chamados de “baratinhas”, carros abertos, tubulares. Aconteceu a corrida, houve uma fatalidade na ultima prova: dois carros bateram, um deles capotou caindo em cima da linha do trem próximo a Avenida dos Operários, e o piloto faleceu. Foi um transtorno terrível. O presidente do Automóvel Clube na época disse: -Não fique triste, acidente é bom para encher a próxima corrida, vem mais gente!
Como era o isolamento do público que assistia a corrida?
Era muito difícil! Era só isolado com corda. Naquele tempo não existiam bombeiros para resgate! Eu pedi auxilio ao Tiro de Guerra, que nos ajudou a tomar conta do circuito. Nas esquinas eram colocados os fardos de bagaço de cana. Saiamos pela Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje é o Correio, virávamos a Avenida dos Operários, subia, passava pela Rua Dona Eugenia, e descia pelo Clube de Campo, imagine descer a Avenida que passa em frente ao Clube de Campo a toda velocidade, passar pela linha do trem aonde o carro levantava a quase 50 centímetros do chão e fazer uma curva imediatamente á esquerda, um numero enorme de carros entrou nas casas situadas ali. Eu ainda tenho o carro DKW de número 74. Imagine 1.000 cilindradas com motor 2 tempos, e nós conseguimos obter 105 HP com esse motor preparado! O carro era um foguete! Era uma loucura o que andava esse carro! Fui participar de uma corrida de Curitiba a Ponta Grossa na inauguração da Rodovia do Café, o carro chegou a 180 KM por hora! O recorde brasileiro que ninguém quebrou até hoje é do DKW, é um carro modificado, chamado Carcará, que atingiu 212 quilômetros por hora.
A Vemag fabricava vários modelos de veículos na época.
Fabricava a Vemaguete, o Sedan, e o jipe chamado Candango. No local onde hoje existe o Estádio Municipal Barão de Serra Negra, no lado de baixo era um barranco imenso para subir e eu fazia demonstrações com esse jipe lá, engatava as marchas reduzidas e subia, quem estivesse dentro do jipe queria pular para fora, era um ângulo de quase 90 graus! Eu fazia isso para demonstrar a potencia do carro! Posteriormente a Vemag lançou o Fissore, só que era mais pesado, e não teve a venda que a fabrica esperava obter. Para a minha sorte a Volkswagen comprou a Vemag e adquiriu todos os direitos, aqui no Brasil e na Alemanha. Na ocasião a Volkswagen só fabricava o veiculo a ar: Fusca e Kombi. Após a compra da Auto Union ela passou a fazer os carros refrigerados a água.
Você conheceu Chico Landi?
Bastante! Ele que me orientou! Sentou em meu carro e me orientou como fazer nas curvas, de que forma acelerar na pista. Tenho fotos com ele, competi com ele também! O Walter Hahn Júnior corria com um Simca, que tinha um motor V-8. O DKW mesmo com cilindrada maior conseguia superar os carros de maior cilindrada pela potencia que ele tinha de arranque. Tanto é que o José Carlos Pace, o Moco, correu em Piracicaba com um Kharmann Ghia com motor Porsche e perdeu para o DKW. Marivaldo Fernandes correu em Piracicaba com um carro Porsche e perdeu para um DKW! As famosas “Carreteras” (um carro totalmente preparado para competição, motor V-8 geralmente Chevrolet ano 1938, 1940, modificados) que vinham do sul. (Uma carretera famosa é a Carretera Chevrolet Coupe1939/Corvette 4.500cc. Construída em 1957 por Victor Losacco para José Gimenes Lopes com as seguintes especificações: chassi montado de cabeça para baixo com o objetivo de rebaixar o centro de gravidade, suspensão dianteira com rodas independentes, possante motor Corvette preparado que contava com a alimentação de dois carburadores Weber quádruplos, motor esse, instalado bem recuado, mais para o centro do carro, com o objetivo de melhorar a distribuição de peso entre-eixos. Gimenes disputou com ela as Mil Milhas de 57 e 58 em dupla com Chico Landi, e a de 59 com Camilo Cristófaro, depois em 60 a vendeu para Camilo que disputou, entre outras provas, as Mil Milhas de 60 e 61 em dupla com Celso Lara Barberis. Depois Camilo a vendeu ao Catharino Andreatta que disputou diversas provas, inclusive sua última Mil Milhas (65) em dupla com o filho Vitório, onde um problema mecânico os tirou da prova. Depois foi vendida para colecionadores e hoje está restaurada no Museu do Automobilismo Brasileiro em Passo Fundo-RS).



Os carros passavam muito próximos do público que assistia as corridas?
Passavam muito próximos. Em Piracicaba eu consegui ainda que o publico ficasse isolado por cordas. Fui correr em Goiânia, e não fizeram esse tipo de isolamento, o pessoal sentava na sarjeta, com a perna dentro da pista! Quando os carros passavam essas pessoas levantavam as pernas para os carros passarem. Uma loucura! Quem assiste a uma corrida de rua, com os carros passando muito próximos, a emoção é muito grande. Hoje mesmo em autódromo você fica muito distante do carro. Não dá a emoção que dava naquela ocasião! Em Piracicaba cada ano era escolhido um circuito, não era todo ano o mesmo percurso. Foram 7 anos de corridas em Piracicaba.
Por que as corridas de rua em Piracicaba acabaram?
Porque passou a ser muito perigoso o circuito de rua. Em uma ocasião fui competir no Uruguai, naquele tempo só tinha o autódromo do Rio de Janeiro e o de São Paulo, o Interlagos, quando pensávamos em autódromo pensávamos em um monstro como existia em São Paulo e Rio de Janeiro. Esse Autódromo de Rivera, era um autódromo pequeno, só de 1500 metros quadrados e fora da cidade. Aquilo me entusiasmou! Voltei a Piracicaba, contratei um avião por minha conta, tirei as fotos aéreas daquele autódromo e trouxe para mostrar ao então prefeito Luciano Guidotti. Disse a ele que queria fazer um autódromo em Piracicaba. No Estado de São Paulo seria o segundo, do Brasil seria o terceiro. Consegui achar na Vila Rezende o terreno. O arquiteto João Chadad fez o projeto, terminamos o autódromo, no gabinete de Luciano Guidotti tinha a foto aérea do autódromo. Um pôster enorme. Em 1957 reuniu a comissão para fazer a corrida ou no autódromo ou na cidade. O autódromo ainda era de chão de terra, mas já tinha contatado a Shell, a Pirelli, e outras empresas para doarem verbas para fazer o muro e o asfalto. Tomamos a decisão de não correr na terra, tomamos a decisão de fazer a corrida na cidade. Vieram as equipes para correr. Luciano Guidotti muito entusiasmado foi mostrar o autódromo para a equipe que era nossa rival, da Willys, na ocasião era integrada por Luiz Antonio Grecco. Luciano caminhando e mostrando o autódromo todo orgulhoso, admirou-se quando o piloto da Willys lhe disse: - Aposto que o Maks está metido nisso! O Luciano perguntou ao Grecco porque ele achava que eu estava metido nisso. Grecco então respondeu: - Isso é autódromo para ele ganhar a corrida! Na segunda feira o Luciano me chamou e me deu uma bronca daquelas, dizendo que eu o tinha enganado, que estava fazendo um autódromo só para eu ganhar corridas! Eu disse: -Mas Luciano tem 800 metros de reta! Qualquer um pode ultrapassar o outro! Ele me disse: - Não põe mais o pé lá! Infelizmente acabou o autódromo. Ficava onde é hoje o cemitério da Vila Rezende.
Sua fase de esportista encerrou-se quando?
Encerrou-se em no final de 1967. Ia ter uma corrida em Goiânia e naquela ocasião eu tinha um BMW, eu fui campeão paulista na categoria Turismo em Interlagos. Resolvi correr com o meu BMW em vez do meu DKW. Era um carro de passeio normal, fui falar com o Chico Landi que era o concessionário que preparava as equipes de BMW e pedi a carburação e os pneus emprestados. Quatro dias antes da corrida ele me disse que iria emprestar um carro. O carro chegou em Goiânia na véspera da corrida, não deu tempo de testar o carro. A corrida era em uma avenida de duas pistas, ia por uma pista e voltava por outra. Praticamente não tinha curva, só reta. O prefeito resolveu consertar o asfalto, não houve treino, sortearam os carros para a largada. O meu era o décimo sétimo carro a largar em 32 carros. Domingo de manhã foi dada a largada e eu levei um susto pela forma como andava o carro. Era um BMW preparado para competição. Depois da terceira ou quarta volta eu já era o primeiro colocado. Fui passeando, quando o segundo colocado chegava próximo eu acelerava um pouco mais. O carro era um foguete. A corrida era de três horas, depois de uma hora de corrida o pedal de embreagem foi no fundo e não voltou, em competição fazer todas as trocas de marchas só no tempo é difícil. Parei no box e descobriram que tinha quebrado o suporte do motor e tinha travado o pedal da embreagem. Fiquei seis minutos mais ou menos no box, consertei, e ganhei a corrida! Peguei o gosto por esse carro, pensei comigo que tinha perdido o gosto de correr só com o DKW, fui para comprar o BMW. O Landi disse-me que iria fazer o preço de custo: 80.000 dólares. O meu DKW valia 5.000 dólares. Como eu não era profissional, perdi o gosto de ficar batalhando o DKW.
Vocês preparavam os escapamentos para dar mais emoção?
Sim! Usávamos o escape aberto! Não era só tirar o escape, tinha que ser preparado.
Você correu com o carro “Puma”?
Corri no Rio de Janeiro em dupla com o Fernandinho Gianetti. Já falecido.

O que você gostaria de ter feito em termos de automobilismo e não conseguiu?
O Autódromo de Piracicaba.

Direito Adquirido


Direito Adquirido




Envoltos pelo clima de paixão, Pedro Manoel Borges e Laura Castelli, seguem rumo ao Hotel Classic, um dos melhores da região. A eletricidade os envolve. Arrepios de puro desejo. Entram no prédio do hotel, sobem até o 9o andar, entram se atropelando, beijos de pura adrenalina. Rapidamente as roupas desaparecem dos seus corpos. Ela morena clara, corte de cabelo curto, revela em nos traços das suas faces delicadas uma beleza marcante, um olhar que congela quando cruza com o olho de quem a atrai. Seios delineados compõem com a cintura bem definida um belo conjunto. Os quadris largos bamboleiam na imaginação de quem os vê balançar. As pernas bem torneadas, enfeitiçam quando passam. Ele, têm o cuidado de estar em forma. Uma calvice não muito acentuada, cabelos cortados quase rentes, o tronco forte, peitos largos, cintura sem barriga, coxas fortes. Ambos acendem o fogo da paixão colocando combustível naquele quarto. Uma profusão de beijos, onde línguas se enrolam, bocas coladas, o suor começa a brotar dos corpos, a temperatura começa a ficar insuportável. Falta ar fresco. Laura sente a necessidade de ir até o banheiro, o seu ventre excitado acionou a campainha da bexiga. Uma vontade intensa de desfazer-se do liquido antes ingerido. Pedro, contrariado, espera a volta da parceira para continuar o embate. Enrola-se em um lençol e aproxima-se da janela. A vista é maravilhosa, não é a toa que é um hotel caro, é o único encravado naquela região. Serpenteiam em volta dele prédios de luxo, lá embaixo a terra mostra seu ventre nu enquanto operários escavam em sua atividade. Seus olhos acompanham as linhas do prédio de granito negro. Era um edifício sóbrio, imponente, aonde situavam-se escritórios de conhecidos advogados. Não acredita no que vê. Lá está Luiz Correia! Com sua cabeleira branca, indo e vindo, aparece pela janela, Luiz, que é conselheiro do clube, são amigos, companheiros. Puxa vida! Eu não posso perder essa oportunidade, ele tem que me ver aqui, enquanto ele trabalha na sua luta diária para dar as petições o ar da pureza e respeitabilidade que seus clientes muitas vezes não possuem, eu estou aqui devorando o que a Terra oferece de melhor. A vontade de provocar, o instinto do macho conquistador e exibicionista o levou a um impulso. Olhando a memória do celular, apertou o numero do seu telefone. Vendo através da janela o movimento que ele faz ao pegar o seu pequeno telefone. Quase grita ao aparelho: - Luiz, olhe através da janela, e veja seu amigão! Por alguns instantes ele fica estático. Imagina ser um trote, um louco, um piloto de helicóptero. Então ele aproximou-se da janela do seu escritório e viu a cena: Seu amigo, apenas de lençol enrolado no corpo do outro lado da janela. Ambos começaram a rir, gargalhadas sem fim. Laura aproxima-se da janela, para ver o que está acontecendo. Envolta em uma toalha amarela com o logotipo do hotel em relevo. A visão da bela da tarde deixou Luiz enlouquecido. Sentindo-se em desvantagem com relação ao amigo, disse ao telefone ainda ligado: - Pedro estou enviando-lhe uma garrafa de Cristal, sempre tenho uma em minha geladeira, para comemorar a vitória em grandes causas jurídicas. Faço questão de levar-lhe pessoalmente. Nesse instante Pedro sentiu o que iria lhe custar o fato de ficar se exibindo junto ao amigo. O encanto daquele encontro seria quebrado. Como dizer a Laura que iriam receber um amigo naquelas circunstancias? Para impedir a vinda do intruso ele não reunia argumentos. O mundo desabava em sua cabeça. Nem bem tinha acabado de pensar e a campainha toca. Luiz conhecia todo o pessoal do hotel por ser vizinho, isto lhe franqueava a entrada, a pouca distancia impediu que o champagne, motivo da visita, se esquentasse. Pálido e contrariado, Pedro abriu a porta.
Laura surpresa com tudo que se passava estava sem reação. Permaneceu assim até mesmo quando Luiz enfiou em suas mãos um papel, dizendo que poderia reivindicar seus direitos junto a Pedro no momento que quisesse. Bastava assinar aquela procuração em branco. Pedro não sabia se aquilo era uma troça do amigo, ou se seria verdade. Tinha transformado sua tarde em um inferno ao mostrar-se ao amigo.
Laura já tinha perdido seu encanto e encantamento. Após rápidos cumprimentos, Luiz saiu pela porta rapidamente. Mas já tinha realizado o estrago. A folha em branco permanecia sobre a pequena mesa. Tudo era cinzas. O clima era gélido. Só restava pagar a conta do hotel e saírem. Durante o percurso nem se falaram. Laura e Pedro simplesmente não ousavam se olharem.De ódio mutuo e desejo não realizado.
No dia seguinte Pedro acordou com um gosto seco na boca. A língua parecia uma palha. Como tinha sido tão idiota. Um misto de depressão e ódio tomava conta dele. Nada adiantou. Nem mesmo o carro tão sonhado que ele foi buscar assim que ligaram da agencia avisando a chegada tão esperada. Absorto pelas ruas, não via mais nada. Seu olhar estava mais congelado do que o de um peixe em câmara fria. A cidade não existia, as pessoas eram peças que caminhavam. Não conseguia ver nada. Nem mesmo aquele casal que passava abraçado, trocando beijinhos apaixonados. Se ele tivesse observado veria o quanto Luiz e Laura estavam felizes.
Os nomes e fatos aqui mencionados são frutos da criação do autor, qualquer semelhança é mera coincidência.

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