sábado, junho 28, 2008

Porte de Armas

Porte de armas
Em decisão histórica, a Suprema Corte dos EUA reconheceu o direito dos americanos de possuir armas de fogo como pistolas e revólveres, ao considerar "inconstitucional" uma lei de Washington D.C. que as proibia em sua jurisdição.




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quarta-feira, junho 25, 2008

Ancestral do modernos computadores completa 60 anos

Ancestral do modernos computadores completa 60 anos


24/06/2008 Ele foi carinhosamente apelidado de Baby, mas seu nome completo era Small Scale Experimental Machine - máquina experimental em pequena escala. Ele rodou seu primeiro programa no dia 21 de Junho de 1948, na Universidade de Manchester, Inglaterra.
Sucessor do ENIAC
O ENIAC, considerado o primeiro computador eletrônico do mundo, havia começado a funcionar apenas dois anos antes, em 9 de Novembro de 1946.
E agora os cientistas já conseguiam fazer funcionar o primeiro computador com os mesmos princípios básicos de funcionamento dos computadores atuais - um programa codificado era lido em uma memória de acesso aleatório (RAM), onde ele era executado.
Máquina revolucionária
O que agora parece simples foi uma verdadeira revolução na época. Essa capacidade de armazenar o programa fora dos circuitos eletrônicos do computador, lendo-o apenas quando ele precisava ser executado, trouxe uma praticidade sem precedentes a essas máquinas que ainda não passavam de meras curiosidades.
Agora era possível reprogramá-los rapidamente, para que eles desempenhassem um número virtualmente ilimitado de funções. Todos os computadores anteriores, inclusive o ENIAC, dependia de ligações físicas para ser programado.
RAM com válvulas eletrônicas
A memória RAM do Baby era feita com válvulas eletrônicas, com uma capacidade de armazenamento de 128 bytes. A única operação direta que o computador conseguia fazer era a subtração - operações de soma e multiplicação exigiam várias operações em seqüência.
O primeiro programa que o Baby rodou encontrava o maior número em uma pequena seqüência. Ele conseguiu encontrar o número 218 depois de efetuar mais de dois milhões de passos, o que demorou 52 minutos.
Nesta semana, 60 anos depois, a empresa de pesquisas Gartner anunciou que o mundo já possui um bilhão de computadores pessoais e que esse número deverá dobrar até 2014.





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domingo, junho 22, 2008

Muro dos Milagres

Tenho procurado descobrir um mistério,
Todos têm seus defeitos, são geniosos,
Mas, os seres humanos, quase todos,
Transformam-se em boas pessoas,
Após adentrarem carregados, os muros dos cemitérios.

J.B.Cretense





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ÓI NÓIS AQUI ...


domingo, junho 15, 2008

Vou-me embora pro passado
Jessier Quirino "No rastro da Bandeira de Manuel"

Vou-me embora pro passado Lá sou amigo do rei Lá tem coisas "daqui, ó!" Roy Rogers, Buc Jones Rock Lane, Dóris Day Vou-me embora pro passado. Vou-me embora pro passado Porque lá, é outro astral Lá tem carros Vemaguet Jeep Willes, Maverick Tem Gordine, tem Buick Tem Candango e tem Rural.

Lá dançarei Twist Hully-Gully, Iê-iê-iê Lá é uma brasa mora! Só você vendo pra crê Assistirei Rim Tin Tin Ou mesmo Jinne é um Gênio Vestirei calças de Nycron Faroeste ou Durabem Tecidos sanforizados Tergal, Percal e Banlon Verei lances de anágua Combinação, califon Escutarei Al Di Lá Dominiqui Niqui Niqui Me fartarei de Grapette Nas farras dos piqueniques Vou-me embora pro passado.

No passado tem Jerônimo Aquele Herói do Sertão Tem Coronel Ludugero Com Otrope em discussão Tem passeio de Lambreta De Vespa, de Berlineta Marinete e Lotação.

Quando toca Pata Pata Cantam a versão musical "Tá Com a Pulga na Cueca" E dançam a música sapeca Ô Papa Hum Mau Mau Tem a turma prafrentex Cantando Banho de Lua Tem bundeira e piniqueira Dando sopa pela rua Vou-me embora pro passado.

Vou-me embora pro passado Que o passado é bom demais! Lá tem meninas "quebrando" Ao cruzar com um rapaz Elas cheiram a Pó de Arroz Da Cashemere Bouquet Coty ou Royal Briar Colocam Rouge e Laquê English Lavanda Atkinsons Ou Helena Rubinstein Saem de saia plissada Ou de vestido Tubinho Com jeitinho encabulado Flertando bem de fininho. E lá no cinema Rex Se vê broto a namorar De mão dada com o guri Com vestido de organdi Com gola de tafetá.

Os homens lá do passado Só andam tudo tinindo De linho Diagonal Camisas Lunfor, a tal Sapato Clark de cromo Ou Passo-Doble esportivo Ou Fox do bico fino De camisas Volta ao Mundo Caneta Sheafers no bolso Ou Parker 51 Só cheirando a Áqua Velva A sabonete Gessy Ou Lifebouy, Eucalol E junto com o espelhinho Pente Pantera ou Flamengo E uma trunfinha no quengo Cintilante como o sol.


Vou-me embora pro passado Lá tem tudo que há de bom! Os mais velhos inda usam Sapatos branco e marrom E chapéu de aba larga Ramenzone ou Cury Luxo Ouvindo Besame Mucho Solfejando a meio tom. No passado é outra história! Outra civilização...

Tem Alvarenga e Ranchinho Tem Jararaca e Ratinho Aprontando a gozação Tem assustado à Vermuth Ao som de Valdir Calmon Tem Long-Play da Mocambo Mas Rosenblit é o bom Tem Albertinho Limonta Tem também Mamãe Dolores Marcelino Pão e Vinho Tem Bat Masterson, tem Lesse Túnel do Tempo, tem Zorro Não se vê tantos horrores.


Lá no passado tem corso Lança perfume Rodouro Geladeira Kelvinator Tem rádio com olho mágico ABC a voz de ouro Se ouve Carlos Galhardo Em Audições Musicais Piano ao cair da tarde Cancioneiro de Sucesso Tem também Repórter Esso Com notícias atuais.

Tem petisqueiro e bufê Junto à mesa de jantar Tem bisqüit e bibelô Tem louça de toda cor Bule de ágata, alguidar Se brinca de cabra cega De drama, de garrafão Camoniboi, balinheira De rolimã na ladeira De rasteira e de pinhão.

Lá, também tem radiola De madeira e baquelita Lá se faz caligrafia Pra modelar a escrita Se estuda a tabuada De Teobaldo Miranda Ou na Cartilha do Povo Lendo Vovô Viu o Ovo E a palmatória é quem manda.

Tem na revista O Cruzeiro A beleza feminina Tem misse botando banca Com seu maiô de elanca O famoso Catalina Tem cigarros Yolanda Continental e Astória Tem o Conga Sete Vidas Tem brilhantina Glostora Escovas Tek, Frisante Relógio Eterna Matic Com 24 rubis Pontual a toda hora.

Se ouve página sonora Na voz de Ângela Maria "— Será que sou feia? — Não é não senhor! — Então eu sou linda? — Você é um amor!..."

Quando não querem a paquera Mulheres falam: "Passando, Que é pra não enganchar!" "Achou ruim dê um jeitim!" "Pise na flor e amasse!" E AI e POFE! e quizila Mas o homem não cochila Passa o pano com o olhar Se ela toma Postafen Que é pra bunda aumentar Ele empina o polegar Faz sinal de "tudo X" E sai dizendo "Ô Maré! Todo boy, mancando o pé Insistindo em conquistar.

No passado tem remédio Pra quando se precisar Lá tem Doutor de família Que tem prazer de curar Lá tem Água Rubinat Mel Poejo e Asmapan Bromil e Capivarol Arnica, Phimatosan Regulador Xavier Tem Saúde da Mulher Tem Aguardente Alemã Tem também Capiloton Pentid e Terebentina Xarope de Limão Brabo Pílulas de Vida do Dr. Ross Tem também aqui pra nós Uma tal Robusterina A saúde feminina.

Vou-me embora pro passado Pra não viver sufocado Pra não morrer poluído Pra não morar enjaulado Lá não se vê violência Nem droga nem tanto mal Não se vê tanto barulho Nem asfalto nem entulho No passado é outro astral Se eu tiver qualquer saudade Escreverei pro presente E quando eu estiver cansado Da jornada, do batente Terei uma cama Patente Daquelas do selo azul Num quarto calmo e seguro Onde lá descansarei Lá sou amigo do rei Lá, tem muito mais futuro Vou-me embora pro passado

by Cristiano



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sexta-feira, junho 13, 2008

Da. Lidia Lucano Crivelo

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ás 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com
(11/JUNHO/2006)
Entrevistada: Da. Lidia Lucano Crivelo


Dona Lidia é o retrato vivo de uma geração que perpetua em seu intimo a garra dos imigrantes. O desejo de vencer transformou as adversidades em etapas a serem transpostas. As bases de sustentação do nosso país, do caráter do nosso povo, foram desenvolvidas com a fibra inabalável, construindo com risos e lágrimas uma nação que está mostrando a sua grandiosidade no cenário mundial. A junção de atos quase insignificantes, pequenas atitudes corriqueiras, a mesmice de um trabalho insano, o anonimato dos que realizam tarefas tidas como de menor importância, porém essenciais na vida dos grandes vultos. A memória privilegiada e a sua lucidez trazem a tona histórias de uma Piracicaba que se distancia a cada dia da história do seu passado, em função da famigerada globalização. Onde hábitos e costumes de um povo transformaram-se na geléia geral que hoje constitui grande parte da humanidade.
A senhora é natural do município de Piracicaba?
Sou filha de Serafim Lucano que veio de Padova, Itália, aos oito anos de idade e Rosa Parisch Lucano, ela era descendente de alemães. Nasci no dia 14 de junho de 1922 na Fazenda Olho D`Água propriedade do Dr. Francisco Toledo. Fica adiante de Saltinho, no sentido da cidade de Tietê. Os meus irmãos são: José, Romano, Eugênio, Avelina, Elza, Therezinha. Utilizávamos carroça ou trole com quatro rodas para a locomoção. Era estrada de terra. Nós praticamente não conhecíamos a cidade. Trabalhava na roça colhendo café, algodão. Naquela época tínhamos quase tudo que necessitávamos no próprio sítio. Plantando, tudo dava. Tínhamos arroz, feijão, o açúcar vinha de engenhocas que faziam o açúcar preto, açúcar batido. As nossas brincadeiras de criança era brincar de pega-pega, esconde-esconde, pular corda, brincadeira de roda, pata-choca. Lembro-me da brincadeira Vintém queimado, com uma corda, dez ou doze crianças. A primeira da fila diz: - Vintém queimado. A última pergunta: - Quem queimou? A primeira responde: - Ladrão dos porcos. A última responde: - Bendito vá daqui para lá. Todos eram puxados pela corda. Permanecia o lado que era mais forte ao puxar a corda. Quem perdia pagava um castigo. Era comum brincar de boneca usando uma abobrinha, com um palito furava o olhinho, o narizinho, a boquinha, enrolava um paninho e era uma boneca! Ou então uma espiga de milho, apanhada verde, tinha o cabelinho arruma e brincava. Com o chuchu colocava uns pauzinhos como pés e tínhamos os porquinhos. Depois mamãe começou a fazer boneca de pano. Ela aprendeu com uma senhora, então passamos a ter que tomar mais cuidado, não podia esquecer fora de casa, se chovesse iria molhar!
Quando os pais iam trabalhar na roça levavam as crianças?
Iam todos os filhos. Apenas as minhas irmãs Elza e Therezinha que nasceram na cidade de Piracicaba é que não chegaram a ir á roça. Os outros cinco iam. Mamãe dava de mamar para uma criança, na rede, no pé de café.
A família mudou-se para a cidade de Piracicaba?
Papai resolveu vir morar em Piracicaba. Eu tinha uns sete anos de idade. Viemos morar na fazenda do Ditoca. Passamos a morar o que na época era chamada de “Colônia do Ditoca”. Para quem segue no sentido Centro-Bairro da Avenida São Paulo, desde o Posto de Gasolina São Jorge até o Terminal de Ônibus, o lado direito era propriedade do Ditoca. A nossa casa ficava onde mais tarde foi construída a famosa padaria Pansa, ali tinha 15 ou vinte casas de colono. Todos trabalhavam na fazenda apanhando café, algodão, plantando arroz, feijão, milho. As casas situadas ali eram todas de barrote. Havia mais acima outras casas construídas com tijolos. Ao lado da Pansa existe uma baixada, era li que plantávamos arroz! Era uma várzea. A casa do Ditoca ficava próxima do local aonde depois veio a ser o Posto São Luiz. Ali ficava a sede. Atrás da casa ficava o pomar. No local onde hoje existe o Supermercado Guidi existia uma venda de propriedade do “Seu” Melico. Bem em frente é que ficava a casa do Ditoca e da sua esposa Dona Mocica. Ele tinha sete ou nove filhos, se não me engano um deles foi prefeito de Tiete. Já com sete anos de idade fui trabalhar na roça. Ás cinco e meia da manhã tinha que estar trabalhando. Papai fazia um foguinho no cafezal para esquentar a mão e poder apanhar café. Trabalhávamos até as seis horas da tarde. O patrão ficava andando a cavalo pelas ruas de café olhando se os empregados estavam trabalhando ou não. O nosso patrão, o Ditoca, dizia que: “-Diploma de filho de empregado era o cabo da enxada”.
As refeições eram feitas em quais horários?
Levantávamos, tomávamos um cafezinho e íamos embora. Ás oito horas mamãe ia com a cesta de comida, sempre tinha polenta. Polenta com ovo, polenta com lingüiça, polenta com sardinha. Ao meio-dia era o “minestrão”, a minestra, era feijão com macarrão tudo junto, e a Graça de Deus! (risos). Ás três ou quatro horas da tarde ela levava uma merenda, um bolo de fubá, ou uma banana, ou um mamão. Quando eram oito horas da noite, chegávamos á nossa casa e lavávamos as mãos e os pés, não havia banheiro, não havia pia, não havia nada! O banheiro era fora da casa, com uma fossa séptica. Depois de nos lavarmos, sentávamos á mesa e comíamos polenta de novo! Com ovo frito, com “futaia”! Futaia é ovo batido com cebola, bastante cheiro verde. Hoje conhecemos pelo nome de omelete! Comia quanta polenta podia comer, a mistura era pouca! Pão e bolo eram os que a mamãe fazia em casa, na época nem existia quase padaria. A primeira padaria que nós conhecemos ficava na Rua Benjamin Constant embaixo do pontilhão. (Era o pontilhão por onde passava o trem da Companhia Paulista e retirado do local na administração do prefeito José Machado).
Era comum usar sacos já utilizados para transporte de açúcar para confeccionar roupas?
Mamãe fazia roupas para nós com sacos de açúcar! Quando apanhávamos o café eram colocados panos embaixo do pé de café para não pegar pedrinhas nem terra. Abanávamos aquele café colocávamos em um saco, amarrávamos e os sacos eram transportados por carroça para a tuia. No término da colheita, aqueles panos eram dados para nós. Mamãe usava a sobra daqueles panos como lençol, para enxugar os pés, enxugar o rosto. Era uma miséria terrível! O pagamento geral era feito no final do ano, ao final da colheita. Durante esse período em que não recebíamos nada, retirávamos na venda do Sr. João Feliciano. Teve uma época e que fui á escola situada na Chave de Chicó. Tomava o trem da Sorocabana, que parava na Água Branca, pertinho da Igreja São João. Ali havia uma plataforma, íamos a pé até lá. Depois o Ditoca nos transferiu para o cafezal, onde havia uma casa mais próxima da plataforma para tomar o trem. Por dois anos freqüentei aquela escola. Lembro-me do nome de algumas professoras: Dona Cacilda, Dona Amélia, Dona Jacira. Depois o Ditoca trouxe de novo o papai para a colônia e com isso eu não pude mais ir para a escola, freqüentei a escola nos meus dez e onze anos de idade. Eu chorava porque queria ficar na escola. Precisei ficar olhando minhas irmãs que estavam crescendo, mamãe ia para a roça e eu ia junto, ajudava ela a trabalhar, a olhar as crianças menores. Meu pai pegava o couro do boi, limpava, estaqueava (esticar) com bambu, ele fazia uns espetos esticando, não perdia um pedacinho. Deixava o couro muito bonito. Ás vezes ele tirava o pelo, outras vezes não. Algumas pessoas queriam que ele fizesse reio, rédea, cabresto mantendo o pelo, porque ficava mais bonito. Outros já queriam que ele lixasse o couro, ficava branquinho.
A senhora foi trabalhar em outro serviço?
Com os meus treze ou quatorze anos minha mãe conversou com a Dona Mocica, e fui trabalhar de copeira na casa do “Seu” Ditoca. Passei a arrumar a mesa, varrer a casa, arrumar as camas. Tinha uma cozinheira e uma lavadeira. Mamãe nessa época ia lá pregar botões nas roupas, remendar meias, fazer doces: cocada, marmelada, goiabada, o que havia de frutas minha mãe transformava em doces. Enchia umas latas e guardava na dispensa. A chave ficava na mão da Dona Mocica. Lembro-me que eles tinham um rádio que era ligado a um acumulador. Como não tinha potência suficiente para ter um volume de som que todos escutassem, era ouvido por apenas uma pessoa por vez. Havia uma disputa muito grande entre os familiares para utilizarem o rádio. Tocava-se música caipira, samba. Os empregados nem sonhavam em chegar próximo do aparelho! Eu comecei a enjoar daquele serviço. Achava desagradável. Naquela época não existia banheiro completo, era um banheiro comum dentro da casa. Como era comum nas casas, eles usavam penico no quarto, eu tinha que fazer a limpeza! O Ditoca tinha uma escarradeira de louça. Ele cuspia muito. O chão da casa era assoalho, a lavagem era feita com soda caustica. Tinha uns 10 cômodos, era uma casa enorme. O chão não era encerado, só era lavado toda semana, com baldes de água. A Avenida São Paulo era uma estrada de terra. Quando algum carro ou caminhão passava pela estrada tinha que fazer uso de um trator ou burros para puxar porque ali atolavam mesmo! Era terrível. Do outro lado da hoje avenida, á esquerda de quem vai ao sentido centro bairro, era tudo pasto! A Fazenda do Ditoca tinha várias porteiras para entrar no cafezal: Porteira de Arame, Duas Porteiras e uma porteira que encerrava o terreno dele que era divisa com as famílias Momesso e Pupim.
Saindo da fazenda do Ditoca a senhora foi trabalhar onde?
Fui trabalhar na casa do “Seu” José Carlini, açougueiro, conhecido também como José Mata Burro. Ficava no primeiro quarteirão da Rua Governador Pedro de Toledo, no sentido bairro centro. Na esquina da Rua Governador com a Rua Joaquim André havia a sapataria do Fustaíno, na mesma calçada ficava o açougue, só que era antes da sapataria. Tinha o “Seu” Gobbo, que fazia arreio de burro, tinha em seguida a casa de um sírio, depois era a casinha que o “Seu” José morava. Ele tinha duas filhas, a Nancy e a Marjorie e o filho Ebear. A esposa era a Dona Helena. Nessa época conheci meu marido, Antonio Crivelo.
A senhora casou-se onde?
Casei-me na Catedral, quem celebrou o nosso casamento foi o Monsenhor Rosa, isso foi no dia 9 de janeiro de 1943. Era ainda a chamada Igreja Matriz, a catedral antiga de uma torre só. Era tão bonitinha por dentro. Era bem menor. Quando construíram essa nova ela permaneceu dentro! Construíram a nova catedral em volta da antiga igreja e foram derrubando aos poucos a igreja mais antiga que tinha permanecido dentro da nova! Casei-me e fomos morar na Vila Rezende.
Em que lugar da Vila Rezende a senhora foi morar?
(Risos) Fui morar no Sanatório São Luiz! Era um lugar onde ficavam os tuberculosos. Na época era terreno do Engenho Central. O nosso patrão era Mário Areas Witier, filho da Baronesa de Resende, que tomava conta dos empregados que colhiam cana e levavam ao Engenho Central. Ele tinha uma casa muito bonita. Tinham construído a casa onde minha sogra morava, e a casa onde fui morar. O Mário era uma pessoa maravilhosa. Sentava no chão, chamava meu sogro, meu marido para conversar com ele. Era uma pessoa muito humilde, muito bom.






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PORTUGAL CONVALESCIDO


MATERIAL RARÍSSIMO, NUNCA SAIU DE PORTUGAL, E PROVÁVELMENTE TRATA-SE DO ÚNICO EXEMPLAR
REMANESCENTE. RETRATA O ESPÍRITO DO POVO PORTUGUÊS AO RECEBER O REI VOLTANDO DE UM LONGO PERÍODO QUE PERMANECEU NO BRASIL.














"O que é a vida?

"O que é a vida? Um contínuoPassar das trevas à aurora;Cadeia que nos arrasta,Turbilhão que nos devora."
Gonçalves de Magalhães,




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terça-feira, junho 10, 2008

Fitoterápicos receitados pelo SUS no Paraná

Fitoterápicos receitados pelo SUS no ParanáElizangela Wroniski [10/06/2008]
Mais de 60 espécies disponíveis no Horto da Itaipu: remédios mais baratos, com menos contra-indicações.
As plantas medicinais estão sendo receitadas por médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) de Foz do Iguaçu, no oeste do Estado, que passaram a adotar também o tratamento fitoterápico.
São mais de 60 espécies de plantas usadas para combater os mais variados tipos de doenças, como diabetes, hipertensão e gripe. Além de o produto ser mais barato, possui menos contra-indicações do que os remédios químicos.
Há quatro anos, o horto da Hidrelétrica Binacional de Itaipu começou a produzir plantas medicinais. O objetivo era ensinar a população a usar corretamente o produto. Uma pesquisa feita pela hidrelétrica verificou que 82% dos moradores das cidades da região tinham o hábito de combater doenças com essas plantas.
Uma parte achava que as plantas não provocam efeitos colaterais e outra, que não fazem mal - o que não é verdade. O responsável pelo horto, Altevir Zardinello, explica que é preciso uma série de cuidados com as plantas antes de usá-las.
Elas não podem ser cultivadas com agrotóxico, é preciso saber a hora de colhê-las, se o princípio ativo está na raiz, no caule ou nas flores, além da quantidade certa a ser tomada, que varia de pessoa para pessoa.
Aos poucos, a idéia ganhou corpo e chegou até os postos de saúde do SUS. Profissionais da área fizeram curso para prescrever essas plantas à população. Os pacientes fazem a consulta e ganham o medicamento embalado, pronto para o consumo.
Segundo a secretária municipal de Saúde de Foz, Lisete Palma de Lima, dois médicos já trabalhavam com as plantas e, devido aos bons resultados, resolveram criar o programa. Ela explica que alguns medicamentos naturais podem substituir os químicos e os outros podem ser usados para complementar o tratamento.
No horto existem 144 espécies de plantas medicinais, mas apenas as que possuem estudos científicos sobre a sua eficácia são distribuídas - ao todo são 60.
Além de Foz do Iguaçu, as cidades de Vera Cruz, Toledo e Pato Bragado também recebem os medicamentos. Este ano já foram distribuídos 60 quilos de plantas secas. Para cada quilo, são necessários dez quilos da planta verde. Altevir diz que o cálculo para ver a economia com o novo tratamento ainda não ficou pronto, mas afirma que é bem mais barato que os remédios tradicionais.




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domingo, junho 08, 2008

CATEDRAL DE PIRACICABA


MARIA BEATRIZ COURY

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ás 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8146.0313 / 8171.5774
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba-SP
joaonassif@gmail.com

Entrevistada: MARIA BEATRIZ COURY

A arquiteta Maria Beatriz Coury é portadora de muitos conhecimentos culturais, e tem uma qualidade que anda em extinção: a humildade. Com sua simplicidade trata a todos com a mesma atenção independente do nível social, cultural ou econômico. Pode-se dizer que Bia, como é carinhosamente chamada pelos mais próximos, nasceu em um berço privilegiado a 25 de outubro de 1957. Talvez pela sua silhueta ou maneira simples de ser, sua idade cronológica é contrastante com a aparência física, mais próxima a de uma jovem entusiasta da sua profissão. Em entrevista com seu pai, Dr. Raul Coury, acreditávamos que se ainda estivéssemos no regime imperial, época em que se concediam títulos de nobreza, ele possivelmente seria o Barão de Nova Java. Por extensão sua filha Maria Beatriz receberia o título de Marquesa de Nova Java.
Maria Beatriz Coury, sua vocação profissional já se manifestou no colégio?
Em 1975 concluí o ensino médio especializado em Decoração Artística no Colégio Nossa Senhora da Assunção em Piracicaba. Em 1976 fiz o curso de Língua Francesa e Inglesa na Ecole de Roches em Bluche sur Sierre, na Suíça. Realizei o Curso de Língua e Civilização Francesa na Universidade Sorbonne em Paris e o Curso de Língua Inglesa na Language Tuition Center em Londres. Sou diplomada no Curso Superior de Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura de Urbanismo de Santos que realizei no período de 1978 a 1983. Fiz pós-graduação em 1983 na área de Arquitetura Solar em São Paulo. Voltei á Europa, e na Espanha, na Universidade de Barcelona estudei Arquitetura Moderna Espanhola (Gaudi, etc...), concluindo em 1988. Na Universidade de Artes de Florença fiz o curso de Graphic Designer em 1989. No Politécnico de Milão estudei Urbanística Técnica em 1990. De volta ao Brasil realizei o
Curso Negócios para executivos, MBA (Master of Business Administration) ministrado pela Fundação Getúlio Vargas concluído em 2004.
Quais são os idiomas de seu pleno domínio?
Tenho perfeito domínio dos idiomas: Inglês, Francês e Italiano.
Você tem um site na internet?
Tenho sim. É http://www.biacoury.com/ , ali tem um pouco do meu trabalho.
Da faculdade de Arquitetura venci um concurso em que o governo italiano estava oferecendo uma bolsa de estudo eu fui fazer um curso de Pós-Graduação na Politécnica de Milão. É o berço da arquitetura! Segundo consta foi lá que inventaram o tijolo, na época em que estavam construindo o Coliseu. Eles tinham que criar arcos com bastante resistência, e o tijolo foi uma forma encontrada para fazerem as abobadas, os arcos, que permanecem até hoje.
Por quanto tempo você residiu na Itália?
Fiquei na Itália por oito anos. Após ter feito o curso, passei a trabalhar, a me integrar com a arquitetura local, fiz outros cursos no próprio Politécnico. Realizei diversas obras entre elas: Projeto e Execução de um Prédio de apartamentos de 03 andares, lá a altura das construções são limitadas em doze metros e setenta centímetros por uma cultura que não admite arranha-céus, ficava próximo a Milão, em Pavia. É um condomínio bastante agradável. Fiz restaurações no estilo Liberty. É assim chamado na Itália o Art Noveau.(Arte Nova). Na Bélgica, o art nouveau encontrou sua mais alta expressão na arquitetura de Victor Horta, que influenciou outros países. É um estilo agradável, bastante desenhado, valoriza o trabalho artesanal No trabalho que realizei foram recuperadas estruturas, feitas adaptações internas.
Chegou a dirigir veículos na Itália?
Sim, dirigi! O povo italiano dirige da forma que fala, usando muito os braços! Põem o braço para fora da janela! No começo a gente estranha, depois acaba se acostumando. Em Roma o transito é mais agitado. Em Milão é mais tranqüilo. Fica mais ao norte da Europa, tem uma grande influência alemã.
Você esteve em Veneza?
Veneza é um show! É uma cidade para os apaixonados mesmo, como dizem! É um local de rara beleza, alegria.
Você anda em calçadas em Veneza?
Algumas ruas têm canais, outras não. É bem fácil perder-se nas ruas de Veneza. Não existem pontos de referencia, são ruas que não tem carros, só pessoas que caminham, nessas ruas existem lojas, restaurantes, de repente você encontra um canal e uma pontezinha.
Você andou naquelas gôndolas?
Andei sim. É só você falar “Por favor, cante!” E eles cantam mesmo, e cantam muito bem!
Da Suíça o que você pode dizer?
É um país muito organizado, muito bonito, com geografia muito atraente, tudo muito certinho. A arquitetura é um pouco variada, talvez por estar no centro da Europa. A começar pela língua: conforme a região os habitantes usam um dos idiomas: francês, italiano ou alemão! Essa cultura misturou-se também na arquitetura, adquirindo aspectos próprios de cada cultura. Os chalés são muito bem cuidados, em todos os seus detalhes, flores na janela! Isso é típico! (risos).
Em Paris, como são as calçadas?
São iguais ás de uma cidade européia. O piso é um tipo de parelepipedo cortado em chapas. É confortável. Nas juntas das placas a água da chuva penetra. Possuem uma rugosidade natural para não ficar escorregadio.
Arquiteta Beatriz, o que você achou do Arco do Triunfo em Paris?
É o triunfo mesmo! (risos). Estive lá diversas vezes. Subi nele, existe um local por onde você sobe e vê a Place de l'Étoile (do francês "praça da estrela") em razão de seu formato de estrela, formada pelas primeiras cinco vias que chegam até ali. Foram adicionadas sete novas ruas às cinco que já iam ao encontro do arco como parte da renovação feita em Paris no século 19. Radiando do arco, 12 avenidas se espalham para todas as esquinas de Paris.
Além da Torre Eiffel você visitou o Museu do Louvre?
A Torre Eiffel é maravilhosa, uma obra incrível. Toda montada em ferro existe um mirante de onde se vê o Jardin de Tuilerie. Fui visitar por três dias o Museu do Louvre. Não consegui ver tudo!
Você escreveu algum livro?
Não. Mas é um projeto!
O título poderia ser “Memórias da Marquesa de Nova Java na Europa”?
Bia não responde, apenas ri muito!
Existe alguma forma diferenciada de amenizarmos o calor do nosso clima?
O importante é criar um micro clima interno bastante agradável. Usando muita ventilação, aberturas com ventilação á vontade. Em Holambra existe um sistema que utiliza um cano sobre o telhado. Esse cano é todo perfurado em sua extensão, formando quase um chuveiro contínuo sobre as telhas. A água é recolhida e volta novamente movida por um motor de pequena potência e consumo. A circulação da água já a refrigera.
Nas casas mais antigas eram construídas porões. Qual é sua opinião profissional á respeito? (Curiosamente servia só para acumular um bolsão de ar quente)
O porão antigamente era feito porque a parte de impermeabilização não era muito evoluída, não existia química que faziam impermeabilizações como temos hoje. Era feito para impedir que a umidade atingisse o interior da casa. É uma técnica que era usada por não existir tecnologia de impermeabilização eficaz.
Quando um cliente a procura para realizar uma obra como é o processo?
O primeiro passo é o anteprojeto. Conversamos detalhadamente para conhecer os anseios do cliente. Tamanho, divisões se haverá jardim interno, é uma interpretação daquilo que ele quer. A obra tem que ser do jeito dele, da forma que ele gosta. Penso bastante em satisfazer quem irá ocupar esse imóvel. No caso de ser um cliente com preocupações específicas como uso de energia solar, ou eólica (obtida pelo vento), já existe empresas que fornecem material para essas aplicações.
Até pouco tempo no Brasil era contratado um engenheiro que cuidava da obra e um familiar (geralmente a esposa) é quem cuidava do projeto de “decoração” muitas vezes ocorrendo desastres estéticos e funcionais.
A função do arquiteto é estudar o espaço. Ele irá fazer o espaço de acordo com o uso do cliente, com um fluxograma de utilização. O dia a dia da família é analisado. O arquiteto ajuda a economizar, ele sabe como e de que forma fazer, sem errar. O arquiteto se utiliza de desenhos, maquete eletrônica, que ajuda bem a visualização do resultado final. Ela pode ser girada, vista de todos os ângulos, externa e internamente. Pode ser feito o trajeto do habitante caminhando pela sua futura casa! Hoje a tecnologia ajuda muito. O trabalho do arquiteto não encarece a obra, no final o proprietário irá perceber que o arquiteto foi direto ao ponto, sem a ocorrência de erros. Na fase do projeto é explicado os fatores prós e contras a cada decisão dele. Assim ele terá os meios necessários para tomar a decisão que achar mais conveniente. Construir uma casa não é uma obra barata. Para ter a absoluta certeza de que vai gostar e viver dentro dela de forma confortável, a atuação do arquiteto é imprescindível.
Existem alguns cuidados para que a casa seja construída conforme o percurso do sol?
A primeira observação realizada em um terreno é o percurso do sol. Com isso localizamos os ambientes da melhor forma.
Existem algumas casas que a partir de determinado horário é simplesmente impossível permanecer dentro em função do calor, por que ocorre isso?
Por estarem na orientação errada. As janelas não estão no lado correto. A maioria das janelas deve ser colocada á leste, que é onde recebe o sol da manhã. Se houver a necessidade de construir uma janela que receba sol da tarde, uma vegetação externa pode amenizar a temperatura.
Qual é a construção mais exótica que você conheceu até hoje?
As de Gaudi são maravilhosas! (Arquiteto espanhol Antoni Plàcid Guillem Gaudí Cornet, ou Antoni Gaudí 1852-1926). Ele tinha uma maneira peculiar de projetar. Ele desenhava, mas o projeto mesmo era feito todo em maquetes. E ele fazia as maquetes de ponta-cabeça, porque assim ele poderia saber como a força da gravidade agiria sobre a estrutura, e assim ele sabia como teria que criar ou reforçar essa estrutura.
Recentemente você concluiu um trabalho que exigiu grandes esforços, conhecimento técnico, e empenho?
Foi um trabalho com muitos detalhes a serem resolvidos. Foi usado muito critério técnico para executar as obras. Foi um trabalho bastante meticuloso.
Existe uma curiosidade peculiar dentro dessa casa que poucos devem ter visto?
Trata-se de um pilar de madeira, que já existia, trata-se de um pilar esculpido em um tronco de árvore, sendo que em sua base foi preservado o tronco original de madeira bruta! Uma coisa típica da época, que era esculpir o pilar em troncos. Nós deixamos á mostra por trata-se de um aspecto muito interessante. As raízes e a casca tinham sido tiradas na ocasião em que foi feito originalmente. Percebe-se nitidamente que se tratava de uma árvore grande e forte.
Essa casa que você restaurou é de que época?
A casa é de 1860 aproximadamente. A fazenda Nova Java tem 148 anos. Surgiu de terras pertencentes à Marquesa de Santos, Maria Domitila de Castro Canto e Melo. Essa fazenda foi formada por volta de 1860 e pertenceu a João Tobias de Aguiar e Castro, formado em Direito em 1858, filho da marquesa com o brigadeiro Tobias. O Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar (1793-1857) foi por duas vezes presidente (equivalente a Governador de Estado) da Província (1831-1835 e 1840-1841), fundou a Polícia Militar no dia 15 de dezembro de 1831. O nome Fazenda Nova Java foi dado pelo meu avô Massud Coury, em homenagem a Ilha de Java que tem terras muito férteis, assim como são as terras daqui. O Estádio de Futebol Massud Coury. Situa-se em terras doadas por ele. Domitília de Castro do Canto e Mello, Marquesa de Santos casou-se com o alferes Felício Pinto Coelho de Mendonça com quem teve 3 filhos e de quem separou-se em 1815. Em 1822 conheceu o Imperador D. Pedro I com quem teve 5 filhos. A ligação entre eles foi definitivamente rompida em 1829. Se casou em 1842 em Sorocaba com Rafael Tobias de Aguiar um dos homens mais abastados da Província, com quem teve 4 filhos: Rafael Tobias de Aguiar Jr, João Tobias de Aguiar e Castro, Antonio Francisco de Aguiar e Castro e Brasílico de Aguiar e Castro.




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Excelentíssimo Dom Fernando Mason, OFMConv

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ás 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8146.0313 / 8171.5774
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba-SP
joaonassif@gmail.com

Entrevistado: Excelentíssimo Dom Fernando Mason, OFMConv

Em 24 de julho de 2005 tomou posse o 5º bispo da Diocese de Piracicaba, Dom Fernando Mason, OFMConv. (A pronúncia correta é Mazon). Ele foi nomeado pelo Papa Bento XVI no dia 25 de maio. OFMConv significa Ordem dos. Frades Menores Conventuais e passa a integrar o nome completo do franciscano. Nasceu em 21 de janeiro de 1945 em Loreggia, cidade de cerca de 4 mil habitantes, na Província de Pádua, Itália. Foi batizado em 28 de janeiro. Filho dos lavradores Florindo Mason e Ângela Piccolo Mason, é o oitavo de nove filhos do casal. Recebeu o nome de Ernesto Ferdinando Mason. Mais tarde, ao tornar-se frade, adotou o seu nome: Fernando.Cursou o primário em Rustega de Camposampiero.Em 24 de setembro de 1955, seguindo sua precoce vocação à vida religiosa, entrou no seminário franciscano de Camposampiero, onde completou o primeiro grau. Cursou o ensino médio em Brescia e Pedavena. Em 1961, no Convento Santo Antônio, em Pádua, fez o Noviciado, o “ano de provação”, findo o qual, em 26 de setembro de 1962, fez sua primeira profissão religiosa como franciscano da Ordem dos Frades Menores Conventuais. Cursou Filosofia e Teologia em Pádua, no Instituto Teológico Santo Antônio Dottore, tornando-se bacharel em Teologia. Sua profissão solene aconteceu na Basílica de Santo Antônio em 4 de outubro de 1966. No mesmo local, em 3 de abril de 1971, com 26 anos, foi ordenado sacerdote. Depois de ter cursado Português na Universidade de Coimbra, em Portugal, e de ter feito um curso de preparação para a missão no CEIAL, no dia 21 de junho de 1972 embarcou no porto de Gênova com destino ao Brasil. Chegou ao porto de Santos no dia 4 de julho. O seu lema é: "Christus Factus Obbediens" (Seguir Cristo Feito Obediente). Antes do episcopado exerceu as atividades de 1972 a 1977 Vice-Pároco em Guaira, Diocese de Toledo-PR; de 1977 a 1981 foi Reitor do Seminário Menor em Ibema, Cascavel-PR; 1983 Reitor de Seminário Maior em Santo André-SP; 1984 a 1985 Vice-Pároco em Ubatuba-SP; 1986 a 1991 foi Mestre de Noviços em Caçapava-SP; 1992 a 1994 Pároco em Santo André-SP; 1995 a 1999 Mestre dos Noviços em Caçapava SP. Entre seus estudos realizou doutorado em Teologia pela Faculdade Teológica S. Boaventura Seraphicum de Roma. Teologia de 1967 a 1971 no Instituto Teológico Santo Antônio Dottore em Padova. Filosofia de 1965 a 1966 no Instituto Teológico Santo Antônio Dottore, Padova. Em 1992 fez o Curso "Cefepal” Centro de Estudos Franciscanos e Pastorais para América Latina (Franciscanismo para Formadores) em Petrópolis-RJ. Obras publicadas Artigos no "Mensageiro de Santo Antônio" e no "Mílite".
O senhor considera interessante um curso de nível universitário voltado exclusivamente para a formação de novos políticos?
Nossa cultura é uma cultura muito exigente, comporta grandes conhecimentos, por isso cursos desse tipo são sempre bem vindos e sem dúvida podem ajudar. O importante é a orientação desse curso, os valores que ele irá buscar transmitir. O estilo político que esse curso desenvolver. Sem dúvida, vivemos em uma época de muito estudo, de muita competência. Existe a questão de como encaminhar um curso dessa natureza. As possibilidades de como realizar esse curso são inúmeras. Todo conhecimento nesse sentido é bem vindo!
O senhor tem um ligeiro sotaque estrangeiro, qual a origem desse sotaque?
Eu nasci na Itália! Mas já vivi muito mais no Brasil do que na Itália! Vim para o Brasil em 1972, fui para Guairá, quase na divisa com o Paraguai e Mato Grosso. Chegamos ao Brasil após uma viagem de 14 dias de navio. O avião não era tão usual como hoje. Além de estarmos trazendo nossos pertences pessoais, o que acarretava em uma bagagem mais compatível com esse tipo de transporte. Desci no porto de Santos. Quando desci a terra tremeu, começou, a ondular, a balancear. Como Cristóvão Colombo colocou o seu primeiro pé na terra ao descobrir a América! Depois de 14 dias de navio o viajante já está todo adaptado ao mar e as condições do navio, ao pisar em terra firme a mesma parece dançar! Depois se estabiliza tudo.
O senhor participou de 2 a 11 de abril da 46ª assembléia da CNBB. Qual é a importância desse evento para a Igreja?
CNBB é a sigla da Conferencia Episcopal dos Bispos no Brasil. A Igreja deve sempre se questionar sobre a sua presença, sua atuação, da sua missão. Essas conferências episcopais têm como objetivo principal esse tipo de questionamento, em busca de respostas. Nessa última assembléia foi debatido e foi identificado o caminho da Igreja no Brasil a partir da 5ª Conferencia dos Bispos da América Latina e do Caribe que se realizou em Aparecida do Norte, quando então se elaborou as novas diretrizes para a Igreja no Brasil. Isso faz parte da conduta da Igreja, sempre se interrogar acerca da sua missão, de se interrogar em profundidade e lançar suas respostas.
Na última assembléia, qual foi o tema principal e quais foram outros assuntos estudados?
O tema principal a partir de um documento preparado anteriormente, foi de fato a formulação definitiva das diretrizes da Igreja no Brasil ao longo dos próximos quatro anos. Na assembléia foram tratadas de outras questões, desde aquelas um pouco mais simples até questões mais profundas como a defesa da vida, a comunicação da Igreja, e a questão especialmente particular em que alguns bispos se acham. Existem bispos que estão ameaçados a sofrerem atitudes violentas, até contra a própria vida. Também foram analisados os aspectos dos momentos político, social e religioso vividos atualmente. A Assembléia é articulada em atividades bastante diferenciadas e algumas é chave, como definir as diretrizes da Igreja no Brasil.
Quem ameaça bispos no Brasil?
As ameaças não estão só distantes de nós. Ás vezes elas estão aqui bem próximas de nós! Faz parte do coração humano, querer, poder, se impor a outro. E se não pode fazer isso pelos meios apropriados o faz por meios impróprios. Existem situações limites. São aquelas em que os bispos têm que tomar posições, as quais desagradam algumas pessoas, que tem como objetivo principal o seu interesse próprio, a manutenção do seu poder, do seu domínio. Quando isso ocorre, estabelece situações próximas ao limite!
O senhor deixa transparecer que o poder é extremamente sedutor em qualquer esfera da sociedade?
Poder! Dinheiro! São fenômenos do humano que atingem profundamente a existência. A pessoa sente a necessidade de buscar o poder. Como o fará? Em que medida? Quais os meios para alcançar o objetivo? Elas podem descambar e se tornarem fatores que deturpam o ser humano, o relacionamento com os outros. Afeta o convívio da nossa sociedade, inclusive da sociedade eclesial.
Os pais estão descobrindo que educar implica em colocar limites determinados aos seus filhos?
Nós herdamos no pós-guerra uma mentalidade que diz o seguinte: “O ideal do ser humano é aquilo que ele é a partir da sua natureza espontânea”. Isso vale para todos os níveis de vida. Porém não têm sentido para o ser humano! Posso citar um exemplo banal. Casas em que as crianças rabiscaram todas as paredes e os pais não colocaram um limite! Era a ideologia pedagógica que dominou algumas décadas do pós-guerra. De um tempo para cá, percebeu-se que isso não forma o ser humano! Não dá a perspectiva saudável de condução de si! Agora de novo fala-se em colocar limites. Por quê? Porque o limite afirma um valor! A palavra limite sugere algo negativo, mas na realidade na sombra do limite existe um valor importante. Colocar limites significa afirmar valores. A criança ao conhecer esses valores, que deve ser explicitado, ela acaba colocando eixos referenciais, eixos de comportamento. Colocar limites é uma forma nobre de educar!
A assembléia aprovou novas declarações. Uma delas faz referências às eleições municipais deste ano. Qual é o papel da Igreja nessa área?
A Igreja não vive fora da sociedade! Se bem que existem alguns que gostariam de manter a Igreja restrita á sacristia! Os membros da Igreja são cidadãos, isso dá o direito á Igreja a ter suas posições, suas opiniões. Quando se fala em política, logo se fala em partido, e partido é referente à parte. A Igreja nunca fará uma opção partidária! A Igreja é acima de tudo católica, significa que ela é includente. Se for uma Igreja “de parte”, que toma partido, ela é excludente, exclui aqueles que não são da mesma opinião, não tem a mesma leitura das problemáticas sociais e políticas. Por isso a Igreja nunca fará uma opção partidária! É contra a sua natureza. Por outro lado, por também ser cidadã, por participar e pertencer ao convívio da sociedade ela busca desenvolver toda uma atenção que faça com que o exercício de eleições, o exercício da vida partidária, o exercício da vida de cidadãos, seja bom! Ela persiste em contribuir. Não pretende ser dona do desejo do indivíduo. Não pretende determinar a atitude a ser tomada por seus fiéis. A Igreja quer que haja um crescimento, um amadurecimento, uma capacitação política maior por parte do cidadão participante desta sociedade.
Existem empresas especializadas em marketing político que apresentam candidatos tão perfumados como um sabonete. O senhor acredita que a Igreja e as forças vivas da sociedade podem, desde que, munidas de documentos oficiais apresentar o currículo do candidato, facilitando a tarefa de análise do eleitor?
A Igreja, a OAB, juntamente com outras instituições, anteciparem para essa conscientização é um fator extremamente importante. Quando se trata de eleições de deputados e senadores por não termos o voto distrital, o conhecimento das pessoas é muito difícil e ficamos sujeitos á essa publicidade. Mas na política local normalmente os políticos são conhecidos do eleitor. Não se pode votar em pessoa desconhecida, a partir da propaganda! Deve ter todo um esforço para ter um conhecimento direto e pessoal. Nisso a Igreja pode participar convidando os candidatos a participarem de debates. Que o voto dado seja de fato o voto consciente! Uma das fragilidades do nosso sistema político é quando votamos em pessoas desconhecidas. Devemos ficar atentos e críticos diante da apresentação de políticos que na realidade são desconhecidos na sua atuação.
Um bom orador, sem ser bom administrador, pode superar em votos um administrador excelente com oratória inferior ao oponente?
Aqui que se trata da tal de conscientização! De ter faro para distinguir essas coisas! E ter a capacidade de entender que fulano tem uma vida cuja atuação política é de valor, ainda que não seja um grande falador! Por que senão ficamos muito sujeitos a esses populismos, os mais diversos, que são explorados por pessoas expertas, espertalhões, que de fato conseguem com isso manipular as pessoas e com isso induzirem a votarem neles. Sendo que depois não tem um substrato de história política, idéias, a força política do indivíduo não ajuda.
Uma questão muito delicada, a mídia constantemente traz notícias de desvios e verbas mal geridas. A Igreja e outras entidades representativas podem deixar essas questões mais transparentes?
Uma das piores coisas que pode acontecer á uma instituição, inclusive para a Igreja, é extrapolar suas atuações além da sua área específica. Ocupar espaços que não lhe pertencem. A Igreja junto com a OAB e outras entidades encabeçou a lei contra a corrupção eleitoral. Hoje muitos políticos de diversos graus, diversos níveis, foram cassados devido a essa lei! Como agora a CNBB estão participando desta campanha que através de uma proposta de lei popular impedir as pessoas condenadas em primeira instância de participar de candidatura á cargos públicos. Há um empenho da Igreja em conjunto com outras instancias para que haja uma moralização. Devemos lembrar que corrupção é endêmica no sistema político de todos os países. Não existe país que não tenha esse problema. Ás vezes nós pensamos que os países europeus são melhores. O que é dolorido para nós é a proporção da corrupção! O fenômeno em si é uma face do próprio embate político. Dos grandes volumes administrados. Tem que se ter muito realismo. A Igreja está participando nesse sentido, e quando fala de conscientização do voto, é uma forma de participação para que esses fenômenos, sobretudo quando macroscópicos sejam corrigidos na medida do possível sem grandes ilusões, que sejam reconduzidos a padrões toleráveis. Não devemos ser injustos com os políticos. Há pessoas bem intencionadas, que querem o bem do povo. Mas também há pessoas altamente problemáticas!
A Diocese de Piracicaba está programando para o dia 18 de maio a 2ª Concentração Diocesana. O que vem a ser esse acontecimento?
É um momento de comunhão. Nós temos uma igreja estruturada em paróquias. Esta concentração visa com que nós das paróquias nos sentirmos pertencentes a uma realidade maior. A Igreja Católica é a comunhão de igrejas.
Qual é a programação dessa concentração?
Ela tem fundamentalmente dois momentos: uma grande celebração eucarística é em torno da eucaristia que a Igreja acontece. E depois o momento de lazer, se assim podemos dizer. Deixamos vir á tona a nossa dimensão lúdica, de alegria, com a presença dos Cantores de Deus.
Quem pode participar dessa concentração?
Todos são bem vindos. Será realizada no Clube de Campo do Sindicato dos Metalúrgicos.
O senhor pratica algum esporte?
Faço caminhada. Uma hora por dia.
O prato preferido do senhor qual é?
Macarrão! Um bom risoto também é uma coisa boa!




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Aristides Costa

Entrevistado: ARISTIDES COSTA



Em uma das maiores empresas de alta tecnologia, sediada nos Estados Unidos, existe uma frase muito popular entre seu pessoal técnico. Ao concluir um novo produto dizem: “Ligou, funcionou, já está obsoleto”. Porque já deve existir algo mais avançado! A humanidade é insaciável na sua busca por novas tecnologias que devora e incorpora ao seu cotidiano. A história oral possibilita a organização de um acervo de relatos de história de vida que, no seu conjunto, levam à recuperação da identidade coletiva e da memória da comunidade. O nosso entrevistado é Aristides Costa, que aos 82 anos de idade conserva nítida as memórias de uma Piracicaba, desde quando a cidade estava em uma fase embrionária em diversos setores, até transformar-se apontando novas diretrizes, respeitada pela tecnologia adquirida em áreas vitais para a humanidade. Nascido em 3 de maio de 1926, Aristides Costa é filho de Antonio Costa e Alzilia Cansiglieri. Seus avós vieram da Itália: paternos Pedro Costa e Juliana Negreti e maternos Romano Cansiglieri e Teresa Roncato.
Em que bairro de Piracicaba o senhor nasceu?
Nasci no Bairro Verde, em uma casa que ficava na beira da linha do trem. Minha casa fazia parte de um conjunto de casas, que hoje não existem mais. Localizava-se aproximadamente a uns 500 metros acima da Avenida Dr. Paulo de Moraes, á direita da que é hoje a Avenida 31 de Março. Ali tinha a chamada Conserva, que era responsável pela conservação da linha de trem, depois passou a chamar-se Rancho Alegre. Abaixo existia uma nascente de água denominada: “Olho de Nhá Rita”. Era em um local situado entre a Avenida Independência e a Avenida Dr. Paulo de Moraes. Em frente ao Supermercado Big. A Avenida 31 de Março passa em cima da bica “Olho de Nhá Rita”.
Não era a nascente do Itapeva. Era uma água de boa qualidade, onde todos iam buscar água para beber. Na época eu era moleque, não saía de lá. Mais tarde a Indústria Morlet fez um poço artesiano, isso foi bem depois. O pessoal passou a ir buscar água lá.
O sobrenome do senhor, Costa, tem uma curiosidade?
Dizem, que quando meu avô veio para o Brasil, ele tinha como sobrenome Costalonga. E com o passar do tempo, aqui no Brasil, foi abreviado para Costa. Tanto que uma irmã dele, casada com Antonio Perin, assinava o nome de origem: Luiza Costalonga. Eu teria um grande orgulho em manter a tradição, houve uma época em que pensei em adotar legalmente o nome que de fato deveria ter: Aristides Costalonga!
O senhor tem algum cognome (apelido)?
Tenho sim! Alguns deles: Tide! Costa! Martinelli! Por ter trabalhado uns 15 anos com Hermínio Martinelli, muitos pensavam que eu era irmão dele! Ele tinha uma oficina mecânica de automóveis, na Rua Regente Feijó. Alguns ainda me chamavam de Tozzi, porque eu andava muito com o Tozzi! Ainda moleque, eu era metido a jogar futebol, uma aptidão que nunca foi o meu forte. No Corinthians existia um jogador chamado Rosalem, que também não tinha muita sorte, por associação de jogadas infelizes, acabei ganhando como apelido o sobrenome do famoso atleta!
O senhor estudou onde?
Estudei no Grupo Escolar Moraes Barros. Foi no ano de 1933 a 1938. Meu pai colocou-me para “aprender ofício”. Fui trabalhar em um salão de barbeiro, fiquei um pouquinho, mas não quis ficar na profissão. Fui trabalhar com o Adamoli, na Rua Benjamin Constant, esquina com a Rua Ipiranga. Um irmão do meu pai trabalhava lá, o Tio Luizinho, mas também não me adaptei. Eles faziam barcos, móveis. Dali, eu fui trabalhar no Martinelli. No início era na Rua Tiradentes, entre as Ruas Saldanha Marinho e Cristiano Cleopath. O Martinelli era sócio do Luizinho Marchiori que tinha ônibus que fazia a linha Piracicaba-Rio Claro. Era o tempo da jardineira. Para ir á Rio Claro a estrada era toda de terra, sem calçamento. Quando chovia tinha que colocar corrente nos pneus para poder andar. A jardineira na época já era fechada nas laterais. Eu cheguei a ver a jardineira que ia de Piracicaba á Saltinho aberta nas laterais, como um bonde. Quem fazia a linha era uma pessoa conhecida por Pepino. Eu devia ter uns 6 anos de idade. O trajeto era até o Postão (primeiro posto de gasolina, no sentido de quem vem á Piracicaba pela Rodovia Cornélio Pires), depois descia pelo Campestre, seguia até o Mato Alto e depois ia para Saltinho. Naquele tempo não existia ainda a Usina Santa Helena. Esse era o caminho de Saltinho á Piracicaba. Levavam de tudo dentro da jardineira!Galinha, eu acho que, até porco chegaram a levar.
Como se chama a esposa do senhor?
Sou casado com Lourdes Tozzi. Temos seis filhos: Aristides Costa Junior, Marly Antonia, Marise, Adilson Antonio, Marisete e Alberto José. Casamos e fomos morar na Rua Tiradentes, 399. De lá mudamos para a Rua Santa Cruz, próximo ao antigo Tiro de Guerra, na época, situado á Avenida Dr. Paulo de Moraes. De lá mudamos para a Avenida Rui Barbosa, onde permanecemos cerca de um ano. Mudamos para a Rua 13 de Maio, entre a Rua Tiradentes e a Rua do Rosário, em uma casa cujo proprietário era o Santos Bueloni.
O senhor na época exercia qual profissão?
Era mecânico de automóveis e caminhões. Trabalhava com todas as arcas e modelos. Como Chevrolet, Ford, Peugeot, Nash, Dodge, Fargo, De Soto.
Qual modelo de carro que o senhor colocava a mão na cabeça quando chegava à sua oficina?
Lincoln! Tinha 12 cilindros em linha. E tinha o modelo 12 cilindros em “V” também. Naquele tempo não existiam as ferramentas que existem hoje. A retífica do Antonio Romano estava no seu início. Tinha também a retífica do Rui Consentino. Eram pessoas amigas. Em 1953 mudei para a Rua do Rosário esquina com a Avenida João Conceição.
Quando comprei e existia um terreno cercado por arame e tinha uma carvoaria, eram dois irmãos, se não me engano de sobrenome Borges. Primeiro construí o barracão, e deixei um pedaço para construir o sobradinho ao lado. Em 1954 fiz o sobradinho.
O senhor nesse período teve perua de turismo?
Tive duas! Eram “carros de praça” (táxi), que levavam 8 passageiros, comigo dirigindo eram 9 pessoas. Era com carroceria de madeira envernizada, um trabalho muito bem feito, resistente á chuva. Uma foi uma Dodge e outra uma Chevrolet, ambas importadas. Naquele tempo só havia carro importado. Eu dirigia uma e meu tio Ângelo Costa guiava a outra. Fazíamos viagens á Aparecida do Norte, Bom Jesus de Pirapora, Rio de Janeiro, Sorocaba. A Dutra era um castigo! Uma pista só. Já tinha asfalto. Isso foi a partir de 1955. Quando comecei a trabalhar fui por duas vezes á Ribeirão Preto. Eu levava a equipe de basquete do XV de Novembro. O técnico era o João Francisco Braz. A equipe de basquete era composta por pessoas selecionadas. Eu tinha o crachá para acompanhar a equipe. Dormia nos hotéis em que o time ficava, fazíamos as refeições juntos.
Para Aparecida do Norte o senhor levava os romeiros?
Levava romeiros, iam 8 adultos, as vezes mais 2 ou 3 crianças. Nós saiamos daqui ás 11 horas da noite, ou meia-noite, para chegar lá ás 6 horas da manhã. Tinha que dar a volta por São Paulo. O perigo era muito grande. Hoje é que avalio o que eu passei na Dutra com neblina. Também não havia o movimento de carretas que existe hoje. Depois de algum tempo vendi as peruas, uma para o Ozires Canciglieri e outra para o José Passari.
O senhor fez outros tipos de transportes?
Nessa época meus filhos já passaram a dirigir. Entrei na AGA, transportando tubos de oxigênio, não existia elevador de carga no caminhão, colocava o cilindro “no braço”, tem cilindro que pesa até 90 quilos! Eram utilizados em indústrias e hospitais. Fiz transportes para a Dedini, um pouco na Indústria Tatuzinho também. Nessa época meus irmãos ajudavam, tinha empregados também.
Que modelo de caminhão o senhor utilizava na época?
No início F-600 e Chevrolet. Depois passamos a usar caminhões Mercedes-Benz. Começamos com o caminhão Mercedes “Cara-Chata”, surgiu em 1958. Antes existia o caminhão Mercedes-Bens “Bicudinho”, era o L 312.
Lembra-se dos postos de gasolina que existiam em Piracicaba?
Nós dávamos preferência para o Lú, que ficava na Rua Boa Morte esquina com a D.Pedro I (aonde hoje existe uma casa de sucos). No tempo da II Guerra usamos álcool, só que o abastecimento era feito nas usinas, não existiam bombas de álcool em postos. Havia também o gasogênio. Eram dois tambores grandes, um era utilizado como caldeira e o outro era o filtro onde filtrava o gás originário do carvão. Daí saia um cano que passava por dois ciclones, para retirar as cinzas. O gás saía limpo e entrava em uma adaptação onde estava o carburador, chamava-se misturador. Fazia a válvula, ligava no acelerador.
Era abastecido com qual combustível?
Carvão! Comprava-se o carvão na carvoaria. Lembro-me uma ocasião em que o caminhão do Del Nero saiu com muitos sacos de carvão. O Del Nero situava-se na Rua Boa Morte, 1946 a 1966, trabalhavam com aguardente, principalmente a marca “Caninha Velha 1921”, mais conhecida como “Caninha 21”.
O senhor lembra-se das padarias da época?
Lembro-me da “Padaria Aliança”, que ficava na Rua do Rosário, 438, esquina com a Regente Feijó. Era de propriedade da família Padovani. Na Avenida Dr. Paulo de Moraes existia a Padaria Cruzeiro. Era do Alberto Sachs o “Berto Padeiro”. Ficava do lado direito, em frente ao Toninho Lubrificantes. Ali era o ponto final do bonde da Paulista. Antes ele parava um pouco mais acima, depois esticaram mais um pedacinho o ponto de parada. Em frente ao ponto de táxi havia o moinho da Família Filetti. Eram três irmãos, faziam fubá, farinha e beneficiavam arroz. Na Avenida Dr. João Conceição tinha a família Ferrari, que inclusive fabricavam barcos. Havia o Galesi que tinha uma serraria, inclusive foi freguês meu na minha oficina.
Na Estação da Paulista havia a carga e descarga de gado?
Era a carregadeira de gado. Aonde depois veio a ser a Alvarco, existia a Amaral Machado, as pedras de calcário eram moídas e depois ensacadas.
As peças que o senhor utilizava eram adquiridas onde?
Eu ia geralmente comprar as peças em São Paulo. Pegava o trem aqui e ia até a Barão de Limeira, Barão de Campinas, próximas á Estação da Luz e São Paulo. Ás vezes tinha que ir até a Rua Piratininga, no Brás. As peças miúdas eu trazia na mão. As peças maiores eu despachava.




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