quinta-feira, julho 31, 2008

Descansar

As pessoas descansam apenas em suas sepulturas. Fora da sepultura, não há tempo para descansar.




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FIM DO MUNDO

"ESTAMOS EM UMA ÉPOCA EM QUE O FIM DO MUNDO NÃO ASSUSTA TANTO QUANTO O FIM DO MÊS"



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A arte

"De todas as coisas humanas a única que tem o seu fim em si mesma é a arte."
Machado de Assis




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terça-feira, julho 29, 2008

Frase Atribuida á Getúlio Vargas

Conforme narra Isabel Lustosa em seu livro Histórias de presidentes, uma das frases atribuídas á Getúlio Vargas:

"A metade dos meus homens de governo não é capaz de nada, e a outra metade é capaz de tudo"





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O Medo

"O medo é um preconceito dos nervos. E um preconceito desfaz-se; basta a simples reflexão."
Machado de Assis




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sexta-feira, julho 25, 2008

NELSON GOMES ANHÃO (NELSINHO)

Foto by J.U. Nassif
CAMPEÃO BRASILEIRO DE FISIOCULTURISMO POSA EM FOTO COM A CAIXA DE ENGRAXATE QUE USAVA PARA FATURAR UNS TROCADOS QUANDO MENINO.

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/index.htm


Entrevistado: NELSON GOMES ANHÃO (NELSINHO)

DATA: (24/JULHO/2008)

Sir Charles “Charlie” Spencer Chaplin foi o mais famoso ator dos primeiros momentos do cinema hollywoodiano, e posteriormente um notável diretor. Nasceu no dia 16 de abril de 1889. No Brasil é também conhecido como Carlitos (equivalente a Charlie), nome de um dos seus personagens mais conhecidos. Chaplin foi uma das personalidades mais criativas da era do cinema mudo; ele atuou, dirigiu, escreveu, produziu e eventualmente financiou seus próprios filmes. O conceito de arte é extremamente subjetivo e varia de acordo com a cultura a ser analisada, período histórico ou até mesmo indivíduo em questão. Não se trata de um conceito simples. Ao levar para o universo artístico, materiais que fazem parte do cotidiano, o artista deseja romper as barreiras entre a arte e o dia-a-dia. Em Piracicaba existe um auto-elétrico, que trabalha com instalações em geral, baterias automotivas, alternadores, motores de arranque, geradores. Os “pacientes” de Nelson são elementos fundamentais para o funcionamento de um veículo. Seria mais um dos inúmeros estabelecimentos do gênero, se o proprietário Nelson Gomes Anhão, o Nelsinho, não personalizasse o local. Além de reconhecido conhecimento técnico, Nelson se destaca por características próprias. Em seu ambiente de trabalho, montou uma verdadeira galeria em homenagem ao seu ídolo, Charles Chaplin, o Carlitos. Posters de cenas de filme, miniaturas, pinturas na própria parede, o ambiente da oficina lembra muito um estúdio. Nelson aos poucos montou uma galeria de arte. Dois enormes balcões de atendimento têm os seus tampos revestidos por inúmeras moedas, coladas. Nacionais e de outros países, de valor sentimental, levam o cliente á uma viagem por outras épocas e lugares. De origem humilde, guarda com orgulho, em perfeito estado de conservação o que já foi seu instrumento de trabalho quando era criança: uma típica caixa de engraxate! Por absoluto prazer pessoal, ele trabalha, passeia, usando sua cor preferida: branca. Camisa, cinto, calça, meias, sapatos. Nelsinho poderia ser tranquilamente ser confundido com alguém ligado á área da saúde, pela indumentária toda branca. Brasileiro, com cidadania espanhola, parece que ele herdou a genialidade criativa de inúmeros artistas espanhóis. Embora em momento algum deixe transparecer qualquer sinal de semelhança, é quase palpável a presença de Carlitos no ambiente de trabalho de Nelson.
O senhor nasceu em Piracicaba?
Nasci em 05 de fevereiro de 1949, fui registrado em Santa Maria da Serra. Meus pais moravam em uma fazenda denominada Torrinha, quando eu tinha cerca de dois anos de idade eles mudaram para a região rural em Piracicaba, denominada Pau Queimado. Meu pai Ricardo Gomes Domingues e minha mãe Josefa Anhão Gomes, nasceu em 10 de dezembro de 1914, ela era de Granada, Espanha e meu pai do Norte da Espanha, nascido em 3 de abril de 1904. Tiveram 8 filhos que se desenvolveram e atingiram a idade adulta. São quatro homens e quatro mulheres. O mais velho é o Ricardo Gomes Filho, casado com a Sra. Antonieta Valverde, da famosa Butique Antonieta. Posso dizer que o meu irmão Ricardo é o meu segundo pai. Temos quase dezoito anos de diferença de idade, ele trabalhou muito para ajudar a me criar. Ele entrou na Fábrica Boyes ainda mocinho e aposentou-se lá. Meus pais ficaram por pouco tempo no Pau Queimado, eles compraram uma casinha na Rua da Colônia, 132. Lá eu morei dos meus 2 anos de idade até os meus 13 anos de idade. Depois eles construíram uma casa mais nova na Rua Porto Feliz, 30. Onde permaneci até casar-me. Meu pai e minha mãe, que também era chamada de Dona Pepa, eles comercializava roupas na região rural próxima á Piracicaba. Eles iam para São Paulo, adquiriam as roupas na Rua 25 de Março, no Bom Retiro e traziam para Piracicaba. Viajavam de trem.
Qual é a profissão do senhor?
No dia 24 de julho de 1963, com treze anos de idade, entrei na empresa Garcia e Veiga, de Geraldo Garcia e Antonio Veiga, eles representavam a Bosch em Piracicaba. Mais tarde a razão social passou a ser Piracicaba Eletro-Diesel Ltda. Fui registrado aos 14 anos, guardo até hoje a carteira profissional de menor. Era registrado com meio salário! Os encargos legais eram proporcionais ao valor pago ao menor. Comecei como ajudante. O que tinha de pior davam para a gente fazer! Lavar peças, varrer a oficina. Todo mecânico começa sua profissão lavando peças! Escolhi a profissão de eletricista de veículos e tenho muito prazer e orgulho em exercê-la.
O senhor participou de competições esportivas?
Piracicaba tinha um departamento chamado Comissão Municipal de Esportes. Eu era atleta da academia Hércules, situado na Rua Floriano Peixoto esquina com a Rua do Rosário. O proprietário era o Antonio Waldomiro Rainha, que hoje tem a musculação Rainha na Avenida Dr. Paulo de Moraes. A CME nos dava passagem de trem para participar das competições.
O senhor estudou no em qual escola?
Estudei no Grupo Escolar Dr. João Conceição situado á Rua Alferes José Caetano, ao lado da Igreja dos Frades. As instalações do prédio permanecem vivas em minha memória. Existia uma escadaria de madeira. As meninas subiam primeiro, só depois de ter subido a ultima menina é que os meninos passavam a subir a escada. Lembro-me da professora Dona Encarnación, uma professora de origem espanhola, baixa estatura física, mas muito enérgica. Lembro-me do Professor Moacir Nazareno Monteiro, um mestre de elevada capacidade. Nas festas cívicas subíamos em um palco situado no galpão da escola. Era ali que recitávamos, cantávamos hinos oficiais. E na frente da escola existiam os mastros onde hasteávamos as bandeiras. No pátio havia a cantina, e além da área coberta tinha também uma grande área livre, com algumas árvores no fundo. Naquela época a Chácara Nazareth não havia sido loteada ainda. Onde hoje existem casas belíssimas era terreno da chácara! A Avenida Dr. Paulo de Moraes tinha seu final na Rua do Rosário. Onde hoje passa a Avenida Dr. Paulo ficava a oficina do Bidito! Uns galpões da chácara ficavam onde hoje existe um posto de escapamento.
Na Rua Alferes ao lado do então Grupo Escolar Dr. João Conceição, mais tarde Colégio Estadual Dr. Jorge Coury havia aos fins de semana festinhas, quermesses. O senhor freqüentou esses eventos?
Muito! Era o lugar onde podíamos paquerar, namorar. Era onde se tinha para ir.
As procissões de Semana Santa o senhor chegou a acompanhar?
Fui muito, levado pelo saudoso pai. Ainda garoto ia com meu pai ás vigílias, eu gostava, é um momento em que o católico fica quieto, refletindo. As cinco horas da manhã acordava e ia com ele, depois que saia da igreja passava na Padaria Jacareí e ia comer pão fresco, tomávamos café juntos. Lembro-me da Padaria São João do Sr. João Rossi. Ficava ali na primeira quadra da Rua Alferes José Caetano.
O senhor lembra-se do Morro do Enxofre?
Era a denominação dada a um trecho com aclive muito forte da Avenida Madre Maria Teodora. Qual foi o garoto que foi criado próximo á essa subida que não subia de lado do caminhão, puxava duas, três canas, o feixe afrouxava, aí era puxado inteiro. Isso era feito sem que meu pai soubesse! Ela, assim como a Rua do Rosário não tinham asfalto, além de serem mão dupla. O trânsito era nos dois sentidos: bairro-centro e centro-bairro! Os caminhões daquele tempo eram Fordinho 1946, Chevrolet, Fargo, GMC, carregados de cana, subiam muito devagar.
Quem era o Bidito?
Bidito era um mecânico, negro, ele mudou-se para próximo do local onde hoje existe uma empresa de oxicorte. Há uma travessa, logo depois, no meio do quarteirão, era a oficina do Bidito. Entre onde depois foi construída a Base da Polícia Militar e essa travessa. Ele tinha ali um barracão que era a sua oficina de conserto de veículos. Aos finais de semana ele encostava todos os carros que estavam para serem consertados, e abria um espaço aonde era feito um bailão, forró. Era o famoso Salão do Bidito!
O senhor trabalhou na Praça Takaki?
Tive o grande privilégio de ser engraxate na Praça Takaki! Olha a minha caixa de engraxate dependurada ali na parede! (Nelson aponta para uma caixa em perfeito estado de conservação, uma relíquia!). A graxa tinha que ser Nugget. Se não fosse uma bota, para engraxar um par de sapatos era trabalho de uns cinco minutos. Meus melhores clientes eram os senhores, os motoristas de praça. Eu tinha uma clientela nas residências. Engraxava na frente da própria casa do cliente. Tinha que tomar muito cuidado, naquele tempo a qualidade do couro ou a pintura do sapato, eram inferiores, era muito fácil manchar o sapato do cliente. Quando surgia alguma dúvida, usávamos a graxa incolor, ela limpava o sapato, dava brilho. Existia um código para o freguês trocar o pé que já havia sido engraxado, pelo outro a ser engraxado: eram três batinhas na lateral da caixa! Significava que ele tinha que trocar o pé.
Os táxis utilizados na época eram de que marcas?
Naquele tempo eram utilizados Gordinis, DKW, Simca, havia muito Simca.
Tecnicamente o Simca era um bom carro?
Posso dizer com relação á minha área, a parte elétrica: era muito problemática! Tinha uma instalação extremamente complicada para a época, é um projeto francês, era muito arrojado. Talvez na França ele estivesse acompanhando uma tecnologia praticada para a realidade de lá. No Brasil esse projeto foi copiado, o nosso conhecimento teórico, técnico, não estava á altura, mesmo dos profissionais mais experientes.
Qual foi seu primeiro carro?
Eu comprei logo depois que me casei em 20 de maio de 1972 com Maria Aparecida Páfaro Anhão. Foi um Dauphine! Naquele tempo o Dauphine tinha três marchas para á frente e a ré era em cima ( á frente), se não tomasse muito cuidado esquecia! A ré ficava bem no lugar onde fica a primeira marcha dos carros atuais. Temos duas filhas. Nosso casamento foi na Igreja dos Frades, realizado pelo Frei Afonso.
O Cine Paulistinha o senhor chegou a freqüentar?
Freqüentei e muito! Trocava gibi. Batman, Tarzan. Freqüentei o Cine São José, Colonial, Broadway, Palácio que depois passou a chamar-se Rivoli. Cine Politeama.
Qual o simbolismo de existirem dois grandes balcões revestidos com moedas?
Não existe um significado. Apenas fiz por curiosidade.
O fato de o senhor gostar de usar roupas brancas desperta a curiosidade das pessoas?
Já me perguntaram se pertenço á alguma seita religiosa!
Quem é Charles Chaplin e quem é Carlitos para o senhor?
Charles Chaplin pelo que sei e li a seu respeito ele deixa a mensagem de que o homem nunca deve fugir da luta. A luta deve ser permanente. Isso me atrai até hoje! O Carlitos sempre deixou uma mensagem de paz, amor, dignidade.

Insânia

"A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia."
Machado de Assis




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domingo, julho 20, 2008

Cinco monarcas

A monarquia inglesa é eterna, segundo o ex-rei Farouk, do Egito:

- Chegará o dia em que só existirão cinco monarcas no mundo: os quatro reis do baralho e o da Inglaterra.




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Em abril de 1990, um mês depois do Plano Collor, a TV Bandeirantes anunciou:

“Agora que você já ouviu todos os economistas, experimente um mágico.”

E então apresentou uma entrevista com David Copperfield.




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Amador Aguiar

É do próprio fundador, Amador Aguiar, o apelido dado ao então insignificante Bradesco em 1943:“Banco Brasileiro dos Dez Contos, se há.”




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O sociólogo italiano Domenico de Masi, 61 anos, professor da Universidade de Roma, entrevistado pela jornalista Aline Rochedo, em 1999:
- Por que o senhor critica tanto os burocratas?
- Eles são a desgraça da nossa vida. O burocrata só sente orgasmo quando diz “o tempo esgotou”.
- Mas quando o senhor fala para executivos, há burocratas na platéia.
- Todos são burocratas.
- O senhor acredita que o burocrata é autocrítico?
- É masoquista.
- Tem algum sentido falar para burocratas? O senhor tem esperança de regenerá-los?
- Não. Temos que esperar que eles morram.




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- Se você der autonomia a idiotas, terá decisões idiotas.




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Cacique caiapó

O cacique caiapó Tutu Pombo, que morreu em 1992, pioneiro na exploração de terras indígenas, falava por seu povo:

"- Gostamos de andar nus, mas com dinheiro no bolso."




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sexta-feira, julho 18, 2008

CRISPIM DURRER


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

Entrevistado: Crispim Durrer


Nos anos de 1960, as crianças residentes no bairro da Paulista, tinham perto da Praça Takaki vários locais de lazer e diversão. Na esquina das Ruas do Rosário com Dona Jane Conceição, onde hoje existe uma série de lojas, era um terreno vazio. De tempos em tempos era o centro de fantasia da criançada. Ali eram armados circos, os parques que tocavam em disco de vinil os boleros então muito em moda, as músicas eram repetidas tantas vezes que muitos decoravam as letras. Tinha o jogo de argolas, onde se pagava determinado valor por um número de argolas e as atirava tentando atingir o gargalo de um litro a partir de uma determinada distancia, onde havia um balcão. Ou ganhava-se o litro, geralmente um vinho ordinário, ou o prêmio que ficava logo abaixo, geralmente maços de cigarros. Havia os tiros de espingarda de pressão, cuja precisão era mais ocasional do que conseqüência da habilidade do atirador. Eram espingardas com rolha na ponta ou chumbinho. Na quaresma naquele terreno era erguido o pau-de-sebo. Era um tronco roliço, com mais de cinco metros de altura, recebia um tratamento para ficar sem saliências naturais. Devidamente revestido com sebo de boi derretido. No topo, era colocado um triângulo de madeira (a cruzeta) onde amarravam dinheiro e prendas. A garotada para manter os pés mais unidos posiveis, e também para ir limpando o sebo, usava a “peia”. No tempo de eleição os políticos usavam aquele espaço para conquistar votos com seus discursos inflamados. Para o povo era uma forma de lazer. Para a criançada era a caça aos brindes como chaveiros, flâmulas, santinhos. Quando não havia nada disso, existia o jogo de bola de vidro, empinar papagaio (com o tempo passou a ser denominado pipa), soltar ou rodar pião de madeira. Quem abastecia a criançada era o “Seu” Crispim. Logo ao entrar no “templo” de consumo, já se avistava ao fundo a máquina de fazer garapa. Do lado direito uma enorme vitrine acondicionava os objetos de desejo da molecada: como bolinha de vidro, papel de seda, goma arábica (alguns usavam farinha de trigo diluída em água como cola), pião, fieira (barbante grosso que é enrolado em torno do pião), chaveiros, canivetes. Era de dar água na boca! Crispim Durrer circula pelo bairro da Paulista, lúcido, com uma memória invejável.
O senhor é brasileiro?
Sou! E nascido em Piracicaba, no Bairro Serrote, já faz 86 anos. Meu avô paterno era suíço e meu avô materno era alemão. Meu pai nasceu próximo á Berna que é a capital da Suíça. Estudei na Escola Reunida do Bairro Serrote, de Adolfo Beismann, meu avô. Éramos nove irmãos, seis homens e três mulheres. Trabalhei no serrote como lavrador, cultivando todo tipo de cereais. Meu pai tinha um sítio com 50 alqueires ( N.J. cada alqueire paulista mede 24.200 metros quadrados). Permaneci lá até 1951. Resolvi mudar para Piracicaba. Vim para a Rua do Rosário, 2600. Ali por dezoito anos tive um bar e uma garaparia. Era a única garaparia existente ali na época. Tinha uma ótima freguesia. Com as economias que consegui reunir pude proporcionar estudos á um casal de filhos que eu tinha, e que infelizmente hoje são falecidos.
O senhor guarda lembranças da época em que se mudou para a Paulista?
Lembro-me sim! Em 1951 não havia água encanada e nem esgoto. As ruas eram todas empoeiradas até a Estação da Paulista. A Rua do Rosário não era mão única. Os caminhões de cana trafegavam em ambos os sentidos. O prefeito Francisco Salgot Castillon asfaltou o Morro do Enxofre. Na Praça Takaki não existia nada. Havia apenas uma casinha velha em um canto. Na esquina da Avenida Madre Maria Teodoro ficavam os Irmãos Aliberti, Depois vinha o Bar da China, o armazém do Antonio Lucas, na esquina, onde hoje existe uma farmácia havia o Bar Serenata, de propriedade de Miguel Fernandes. Seguindo pela Rua do Rosário no sentido centro, tinha um terreno vazio, em seguida o açougue do Gêronimo Casarim, em seguida o meu barzinho, passando por algumas casas residenciais, tínhamos adiante a Maquina de beneficiar arroz de propriedade de João Sabino Barbosa e Augusto Grella. Mais adiante Manoel Castilho tinha uma sapataria. Manoel foi candidato á vereador. Na quadra seguinte havia a Igreja Assembléia de Deus, que permanece até hoje. Ainda na mesma calçada existia a Farmácia São Judas Tadeu de propriedade do farmacêutico Nelson de Mattos. Ao lado havia a e loja “Caldeirão de Ouro” propriedade do Crócomo, irmão de Francisco Crócomo e do emérito Professor da Esalq, Dr. Otto de Jesus Crócomo. Mais adiante, ao lado do hoje Restaurante Paulista, havia o embarque e desembarque de gado, que eram transportados pela Companhia Paulista, os trilhos atravessavam a Rua do Rosário e entravam naquela área que tinha uma enorme mangueira de gado, propriedade da Companhia Paulista. No lado impar da Rua do Rosário, havia o armazém do Emílio Fabris. Em seguida residia o Santo Casarim. O famoso Bar do Gep cujo nome de batismo é José Tozzi. Em seguida morava meu pai, José Durrer. Eugenio Vecchini tinha um armazém na esquina da Rua do Rosário com Avenida do Café. Na caçada oposta, Rubens Zíllio tinha um açougue. A Casa dos Presentes de Alcides Saipp já existia. Na esquina da Avenida Dr. Edgar Conceição com Rua do Rosário, Roque Furoni, falecido recentemente, tinha um armazém. Na esquina havia um sobradinho muito bonito de propriedade do Sr. José Nassif. Junto ao meio fio, existia uma bomba de gasolina de propriedade do mesmo, com a bandeira Texaco. Ao lado existia um armazém administrado por Da. Rosa Canaan Nassif, mãe do Sr. José. Mais adiante, existia a residência da Da. Elvira Beismann, meu tio Antonio Beissmann era caminhoneiro. Morava ainda ali Dirceu Pompermayer, que foi um dos sócios da famosa Casa Dom Bosco. O Sr. Benedito Baglione morava logo adiante. Uma das suas últimas ocupações profissionais foi a de “motorista de praça”. Finalmente, onde hoje é o Supermercado Balan era o Armazém do Sr. Victório Fornazier, ele fornecia para muita gente do sítio, tinha uma grande freguesia. Hoje a Rua do Rosário é um importante centro comercial.
A Avenida Madre Maria Teodoro era conhecida em seu trecho com maior declive, como Morro do Enxofre. Havia movimentação comercial nessa via?
Tinha poucas coisas. Só depois que o prefeito Salgot asfaltou é que começou a melhorar. Hoje lá também se encontra todo tipo de comércio.
Passava boiada pela Rua do Rosário?
A boiada descia, os boiadeiros iam tocando os bois até o embarcador da Companhia Paulista. Nós por diversas vezes íamos assistir a embarcação. Os vagões carregavam os bois e levavam. Era muito bonito assistir aquela movimentação toda.
Na esquina onde hoje está a Drogal era ponto das jardineiras que iam para os sítios?
Naquele tempo o motorista era também proprietário do bar. Era um argentino chamado Avelino. Vinha com muita dificuldade, porque não existia asfalto em lugar nenhum. Um dia vinha outro dia não podia vir porque chovia.
Acima da Praça Takaki havia habitações?
Tinha, mas eram poucas casas. A companhia de energia elétrica exigia uma distância máxima de 30 metros do último poste para realizar as ligações. Onde hoje existe um posto de gasolina Petrobrás era o Posto Canta Galo, do conhecido como Joane Vasoureiro.
O senhor freqüentava alguma igreja?
Freqüentava a Igreja dos Frades. Lembro-me do Frei Paulino, Frei Liberato, Frei Virgilio. Cheguei a assistir á filmes que eles apresentavam Teatrinhos. Onde hoje funciona um prédio de assistência social, na Rua Alferes, ao lado da Igreja dos Frades, era tudo diferente. A padaria mais próxima era a São João. Já existia a Padaria Jacareí também muito freqüentada após as missas.
Quais as lembranças que o senhor guarda do trem, do bonde?
Por várias vezes fui de trem até Campinas, tínhamos parentes em Viracopos. Meu pai nos levava passear. Lembro-me do bonde, pagávamos quinhentos réis até o centro!
Houve uma época em que um indivíduo de cognome “Belo” era muito temido, pela valentia, e suspeito de alguns atos ilícitos. O senhor o conheceu?
O Belo para mim foi muito bom, ele foi até meu freguês. Ele sempre me respeitou. Ele acabou sendo assassinado em um parque.
O senhor conheceu o Nhoca?
Eu tinha muita amizade com ele. Era cavaleiro, elegante, era um homem grande, andava em u cavalo marchador, subia e descia a Rua do Rosário montando um cavalo marchador. Era tido como benzedor, dizem que benzia animais e até pessoas. Nunca fiz uso dos seus atributos místicos! Era um bom homem.
O Sebastião Tintureiro foi conhecido do senhor?
Conheci! Sebastião Barbosa era o seu nome. Ele teve um bar também. Hoje ele tem um dos filhos que trabalha com relojoaria, o Ismael.
O Pedro Rasera (Pedrinho) Tinha uma barbearia?
Tinha. Eu fazia a barba lá. O seu irmão é o comerciante Jorge Rasera.
O senhor tem habilitação para dirigir veículos, qual foi o seu primeiro carro?
Faz uns quinze anos que não dirijo mais. Meu primeiro carro foi uma perua DKW 1961, vermelha.
O senhor foi um dos primeiros proprietários de telefone do bairro?
Eu tinha telefone. O número era 4977. Naquela época telefone e televisão era bens que poucos possuíam. A minha televisão era em preto e branco, como todas na época; Mais tarde é que veio o sistema de televisão colorida.
A hoje Farma-Paulista, na época chamava-se Farmácia Nossa Senhora da Penha. Teve um período em que seu proprietário era o Miguel Victória Sobrinho seu vizinho era Antonio Lopes, logo em seguida, na esquina da Dr. Edgar Conceição com Rosário estava estabelecido o Nenê Lopes, eram irmãos e tinham armazéns próprios.
Na Avenida João Conceição havia uma serraria o senhor lembra-se?
Era a serraria do Galesi! Comprei madeiras várias vezes lá. Era o Hélio Galési e outro irmão dele. Lembro-me do Jacinto Bonachella que tinha posto de gasolina onde hoje é a Padaria Apolônio.
Existia alguma parteira famosa no bairro?
Tinha a Dona Carolina! Ela morava na Rua Gomes Carneiro, entre as Ruas Alferes e Governador Pedro de Toledo. Conheci a Santa Casa quando funcionava ainda na Rua José Pinto de Almeida.

Livre do cativeiro

Há 134 anos, no dia 17 de julho de 1874, a Relação de São Paulo confirmou sentença do juiz de direito de Itu, de 27 de dezembro de 1872, julgando carecedor de ação. (Se o pedido for juridicamente impossível, o autor será julgado carecedor de ação e o processo respectivo será extinto), um escravo que, assistido por seu curador, pedia ser declarado livre do cativeiro, porque seu senhor, em testemunho, conferia-lhe a liberdade, disposição que não podia ser revogada por um codicilo.(Codicilo é um ato de última vontade pelo qual o disponente traça diretrizes sobre os assuntos pouco importantes, despesas e dádivas de pequeno valor). Quando já se achava quase moribundo. Entendera o juiz que as disposições testamentárias só começam a ter vigor depois da morte do testador, que as pode revogar a seu bel prazer; o autor esteve na escravidão, e nunca mudou, ou deixou, esta condição; a verba testamentária não chegou a produzir efeito; caducou, foi nulificada por quem o podia fazer. Daí, a carência da ação.




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quinta-feira, julho 17, 2008

Primeiro Congresso de Folclore há 57 anos

O Primeiro Congresso Brasileiro de Folclore, há 57 anos atrás, foi realizado no Rio de Janeiro. O “objetivo do Congresso era analisar, interpretar e comparar” o folclore de todos os estados do país, como as crendices, as artes populares, as danças populares, a novelística popular, o folclore, a literatura, e até como o folclore interfere na economia. Foi a “primeira vez que se vai sistematizar o estudo da ciência do povo”.




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Inventor

“É bom não esquecer que o inventor do alfabeto foi um analfabeto”
Millôr Fernandes




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segunda-feira, julho 14, 2008

A divergência dos relógios

"A divergência dos relógios é o princípio fundamental da relojoaria."
Machado de Assis




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Ivana Maria França de Negri













PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras



Entrevistada: Ivana Maria França de Negri

Piracicaba tem um Carlos Drummond de Andrade de saias. Assim como o poeta mineiro, a poetisa e escritora Ivana Maria França de Negri é extremamente sensível. Gosta de gente, da natureza, tem fé e é uma sonhadora. Extremamente observadora, dona de uma sensibilidade aguçada faz poesias com seu coração, sua alma, seu ser. É a forma que ela encontrou ainda menina, de criar um diálogo com o mundo. Realiza a sua catarse escrevendo. Coloca sua alma, espírito e sentimentos em sinais gráficos. Consegue sintetizar sua dor pelo sofrimento de seres vivos, destila sua ironia ao que não tem remédio imediato, sem trovejar contra situações que só o tempo mudará. Ivana é uma daquelas pessoas nascidas muitos anos antes da sua época. Seus sentimentos estão acima da disputa por migalhas do auto-reconhecimento. Quer ser excluída de toda e qualquer forma de incensos que se diluem como nuvens de fumaça. Não vocifera contra a insensatez humana. Apenas descreve cenas, como um pintor que retrata a humanidade. Para defender aqueles que não tem vozes, em um esforço supremo, usa a sua própria voz, expressa com toda a sua potencialidade artística a selvageria que o homem civilizado usa para desfigurar o que a mãe natureza com sua suprema sabedoria criou. A ironia da obra de Ivana é subliminar. Quantas vezes por dia um médico dita ao seu paciente: “-Não coma carne vermelha”. Ou ainda: “-Procure consumir verduras, legumes”. Sem que ela saiba, é mais uma batalha ganha. Da mãe natureza e de Ivana. Nascida em Piracicaba, filha do engenheiro agrônomo, que foi professor da Esalq até aposentar-se Prof. Geraldo Victorino de França e de Zilda Giordano V. de França, são seus irmãos: Maria Graziela de França Helene e Maria Fernanda de França Cabrini e o médico Dr. Geraldo Victorino de Franca Júnior. Casada com o médico radiologista Dr. Cássio Camilo Almeida de Negri, é mãe de três filhos: Cassio Fernando França de Negri (médico radiologista) Ana Camilla França de Negri Kantovitz (jornalista) e Ivan Gabriel França de Negri (advogado). Sua sogra com muita saúde e disposição aos 95 anos de idade é Dayr Plats Almeida de Negri. Seu genro Waltinho Kantovitz foi jogador de basquete do XV de Novembro de Piracicaba, por muitos anos, hoje está cursando Medicina em Campinas. Ivana é integrante do Grupo Oficina Literária de Piracicaba(Golp), Centro Literário de Piracicaba (Clip) onde já foi presidente e vice-presidente. Colaboradora do Jornal de Piracicaba desde 1996, da Tribuna Piracicabana há seis anos, da Gazeta de Piracicaba, do Linguagem Viva, Gazeta Regional e Jornal Cenário. Com mais de 70 premiações em concursos literários, em estados brasileiros e outros países, participação em mais de 30 antologias, 25 participações em corpo de jurados de concursos literários. Tem textos publicados em periódicos da Itália e Argentina. Integra a Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais há dez anos. Além do livro infantil: “Izabella, uma gata que pensa que é gente” ela é autora do livro “Meus Contos Prediletos” e “Minhas Crônicas Preferidas”.
Você é natural de Piracicaba? Sou piracicabana, nascida no dia 8 de agosto de 1954. Fiz o primário, no Colégio Imaculada Conceição em Campinas, depois viemos morar em Piracicaba aqui estudei no Colégio Assunção, quando ainda era dirigido pelas Irmãs de São José e depois fiz Magistério no Sud Mennucci. Eu me casei muito cedo, aos 18 anos, meu marido cursava o terceiro ano da faculdade de Medicina em Brasília.
Ivana, esse livro é lúdico desde a capa, já que não se sabe de início onde é capa e contracapa uma vez que estampa os dois títulos como surgiu?
Esse livro é uma compilação dos contos e crônicas que eu publico na imprensa em Piracicaba.
Como poetisa, um dos seus temas prediletos é sobre ecologia, animais?
Hoje está muito em voga falar da água, um líquido precioso, que pode faltar no futuro. (Ivana nos brinda declamando a seguinte poesia)
“A água nossa de cada dia”

Pai do céu, da água e da terra,
A água nossa de cada dia
Nos daí hoje
E perdoai os nossos desperdícios
De agora e de sempre
Desde o raiar dos séculos.
Santificadas sejam as límpidas fontes
As corredeiras e as nascentes
E benditos os rios, os lagos e os mares.

Venham a nós as abençoadas chuvas
Seja feita a vossa vontade,
Assim na terra, como nas águas e nos céus
Não nos deixeis cair em prostração
E livrai-nos da seca, da sede
Dos áridos desertos,
E da ganância do bicho-homem,
Para que rios de lágrimas de arrependimento
Não venham correr em nossos olhos
Amém

É comum passarmos em ruas não só de Piracicaba, mas de outras cidades também e vemos uma pessoa com uma mangueira lavando a calçada, ou varrendo a calçada com a mangueira ligada, qual é a sua opinião sobre o assunto?
Eu acho que a pessoa não tem nem consciência do que ela está fazendo! Ela acha que está limpando a calçada, quando na verdade está desperdiçando um líquido precioso! Poderia varrer a calçada, juntar o lixo, e depois jogar um balde de água. A pessoa tem que criar uma conscientização. Se ela tem filhos, netos, pensar no futuro deles! A velha e boa vassoura deveria ser mais usada!
Você participou da diretoria da Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais por 11 anos. Quais são as obras realizadas por essa entidade?
Não estou mais na Sociedade Protetora, mas continuo atuando. É uma paixão que eu tenho por animais. Isso é parte integrante da minha vida. O trabalho mais importante de uma associação desse gênero é o trabalho educativo. Ficar só recolhendo animais abandonados implica em conseguir novos lares para eles, e torna-se impossível que todos encontrem um novo dono. Essa situação acaba gerando muito stress. As pessoas que acham um cachorrinho, um gatinho, não só nos comunicam como também julgam que devemos encontrar um abrigo para eles. Arrumar um novo dono. Isso é uma utopia!
Filhotes de animais são muito bonitinhos, quando há uma doação em praça pública, muitos tem o impulso de levar para casa sem considerar que esse animal irá crescer e durar muitos anos?
Isso acontece muito! As pessoas não usam o bom senso! Elas adotam e depois passam a reclamar que o animal faz muito xixi, muita sujeira, estragou o sofá. Não querem mais, como se eles fossem coisas descartáveis! Isso ocorre mesmo com animais de pequeno porte.
Qual é a melhor solução para uma situação dessas?
Se a pessoa não tem absoluta certeza de que irá cuidar direito não deve adotar o animalzinho. Tem que dar carinho, alimentação, freqüentar veterinário. É um ser vivo. Isso tudo tem um ônus. Se a pessoa fizer tudo conforme deve ser feito é quase o custo de um membro da família.
Qual é a alimentação mais indicada para um animal?
Acredito que a ração é a melhor forma de alimentá-lo. Trata-se de um produto balanceado, com todos os ingredientes necessários á boa saúde. Eles acostumam com esse tipo de alimentação. A comida pode ocasionar complicações, como diarréia, por exemplo. (N.J. Existem rações de custo muito baixo e qualidade alimentar deficiente).
Você aborda a forma como os animais são abatidos para o consumo humano. É um tema de conhecimento de todos?
O homem não tem consciência de como são abatidos os animais, por que isso não é mostrado de forma explicita. As propagandas sobre salsichas, lingüiças, mostram o animalzinho feliz! Não mostram o lado macabro da coisa! A indústria da carne é muito cruel. Desde apartamento precoce da mãe, a marcação á ferro quente, a sangue frio, castrado sem anestesia. Tudo é feito da forma mais barata! Não existe nenhuma preocupação quanto ao sofrimento do animal. Existe a lei do abate humanitário. Não sei se todos seguem. (N.J. Abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico. O abate de animais deve ser realizado sem sofrimentos desnecessários. As condições humanitárias devem prevalecer em todos os momentos precedentes ao abate. A insensibilização de animais é considerada a operação mais crítica durante o abate de bovinos. Tem por objetivo colocar o animal em estado de inconsciência, que perdure até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível. Neste artigo são abordados os temas referentes às operações ante-mortem, como transporte, manejo nos currais, e operações de insensibilização e sangria e seus efeitos no bem-estar animal e na qualidade da carne. Fonte: Embrapa).
Existem figuras simpáticas de animais, fazendo propaganda da sua própria carne, qual é a sua opinião?
É o marketing! A criança é educada no sentido de que existem animais nocivos, animais que dão a carne, o leite! Só que na realidade o animal não dá nada. Roubam dele! É uma cultura milenar, que levará muito tempo ainda para as pessoas se conscientizarem. No futuro as pessoas terão que ser vegetarianas. Não haverá outra saída. Com o aumento da população não restará muitas opções: comerá carne ou grão!
O organismo humano está perfeitamente adequado para o consumo de carne?
Acredito que o organismo do ser humano é mais próximo do organismo do animal vegetariano. Pela própria conformação dos órgãos internos.
Na natureza quando um predador abate uma caça ocorre um processo diferenciado de morte?
Quando um predador sai para caçar, encontra suas vítimas soltas nas florestas, em bandos. Um desses animais é eleito para servir de almoço, tem que correr bastante antes de ser apanhado e quem costuma fazer corridas e caminhadas sabe que o sangue circula mais rápido e a adrenalina é liberada aos borbotões. Quando o golpe fatal é dado, a vítima, com o anestésico natural que é a adrenalina, nem chega a sentir dor, pois está praticamente sedada. A natureza providencia tudo. Os que caem nas garras do predador são os mais fracos, os doentes e os velhos. Isso faz parte da seleção natural.
Existe uma frase que você cita e é bastante interessante.
É a frase de Paul e Linda Mc Cartney: "Se os matadouros tivessem paredes de vidro todos seriam vegetarianos." A criança tem muita consciência do significado de ser vegetariano. Não há necessidade de deixar de comer carne por misericórdia dos animais, mas sim pela própria saúde do ser humano. Ao comer carne bovina estamos ingerindo também hormônios, antibióticos.
Seus textos e poemas vêm acompanhados de uma ilustração de extremo bom gosto. Entre seus poemas um deles é particularmente comovente, quando você diz por quem não tem voz. É a Oração dos Animais. Você pode declamá-lo?

Oração dos Animais.

Meu São Francisco de Assis
Protetor dos animais
Olhai por nós que rogamos
Vossa bênção e muita paz.

Olhai os abandonados
Sofrendo agruras nas ruas
E os que puxam carroças
Açoitados nas ancas nuas.

Pelos pobres passarinhos
Que não podem mais voar
Presos em rudes gaiolas
Só porque sabem cantar.

E as cobaias de laboratório
Que sofrem dores atrozes
Em experiências terríveis
Que lhes impõem seus algozes.

Pelos que são abatidos
Em matadouros insanos
Para servir de alimento
Aos que se dizem humanos

Olhai os que são perseguidos
Sem piedade nas florestas
Só por causa da ambição
Dessas caçadas funestas.

Pelos animais de circo
Que não têm mais liberdade
Presos em jaulas minúsculas
À mercê de crueldade.

Olhai os bois de rodeio
E os sangrados nas touradas
Barbárie e crimes impostos
Por pessoas desalmadas.

Pelos que têm de lutar
Até a morte nas rinhas
Quando o homem faz apostas
Em transações tão mesquinhas.

Olhai para os que são mortos
Nos macabros rituais
Em altares religiosos
Que usam sangue de animais.

Meu bondoso protetor
Oro a vós por meus irmãos
Para que sua dor e tristeza
Não sejam sofrimentos vãos

(Ivana Maria França de Negri)

quarta-feira, julho 09, 2008

Direito da UFPR muda direção

GAZETA DO POVO - Curitiba
Vida e Cidadania Ensino superior Quarta-feira, 09/07/2008
Direito da UFPR muda direção
Procurador vence primeira disputa eleitoral em mais de 15 anos no Setor de Ciências Jurídicas
Publicado em 09/07/2008 Ana Carolina Bendlin
Depois de mais de 15 anos sem haver disputa para o cargo de diretor do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o procurador federal Ricardo Marcelo Fonseca assume a função após vencer o adversário Juarez Cirino dos Santos em uma eleição que envolveu toda a comunidade acadêmica do curso de Direito. Professor da universidade há cerca de 14 anos, Fonseca assume o cargo no próximo dia 11, quando Luiz Alberto Machado se afasta da direção do setor em decorrência de sua aposentadoria.
Fonseca assume o cargo em um momento peculiar, já que o curso está prestes a ter seu número de vagas aumentado devido à adesão ao Programa de Apoio a Planos de Reestrturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Hoje, operamos com muitas limitações de espaço, de servidores e até mesmo de corpo docente, mas a nossa gestão vai ter de enfrentar essa situação e saber administrar esse crescimento da faculdade”, afirma. “Nosso principal objetivo é continuar fazendo com que o curso de Direito seja um curso de excelência e não apenas um local que prepara pura e simplesmente advogados. É claro que isso é muito importante, mas não basta. Temos de preparar juristas e cidadãos.”

Vida e Cidadania
Quarta-feira, 09/07/2008
Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Ensino superior
Entrevista com Ricardo Fonseca, diretor eleito do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR
Publicado em 09/07/2008


Qual é o impacto de questões jurídicas recentes, como a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias, no ensino de Direito?
Esse exemplo específico revela uma grande perplexidade do Direito tal como ele era visto antigamente com as novas demandas da sociedade. O que ocorre é que nossa sociedade é veloz, com muitos desafios novos, e o Direito moderno tem uma estrutura conceitual já de pelo menos 200 anos, que não passou por mudanças tão brutais. Esses novos desafios demonstram como é necessário que o ensino jurídico seja feito de um modo a estar capaz de assimilar, refletir, discutir e entender a complexidade desse novo momento sem se prender a respostas prontas.
Quais seriam as principais demandas deste novo momento?
Eu poderia listar várias, as formas alternativas de solução de conflitos, uma nova inflexão no Direito do Trabalho, as recentes reformas do Processo Civil, a demanda que existe agora no Processo Penal, tudo isso faz parte de uma série de sintomas alinhados com uma grande mudança funcional: o papel do Direito em relação à ordenação da sociedade, em relação ao comando, ou em relação ao Estado. São transformações que exigem adaptações das nossas estruturas institucional, constitucional e administrativa. Se, há 200 anos, a estrutura e as funções que o Direito desempenhava estavam em congruência, hoje essa coerência já não é tão evidente.
E o mito da impunidade no Brasil? Ainda existe?
Acho que isso tem de ser encarado do ponto de vista histórico. Sim, temos uma impunidade. Sim, temos instituições que ainda precisam refinar o seu funcionamento. Mas digo que isso tem de ser encarado do ponto de vista histórico porque a atuação do nosso Estado enquanto instituição é bastante tardia. É claro que isso tem de ser superado, mas sem bravatas, com reflexão, com maturidade. E nesse ponto acredito que a universidade pode contribuir bastante, principalmente em relação a essa compreensão. (ACB)


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terça-feira, julho 08, 2008

Da "amiga" Moni

Recebi da querida "amiga" Moni,

Homens são como um bom vinho. Todos começam como uvas, e é dever da mulher pisoteá-los e mantê-los no escuro até que amadureçam e se tornem uma boa companhia pro jantar.



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domingo, julho 06, 2008

A.A. de Piracicaba


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com
(05/julho/2008)
Entrevistado: A.A. de Piracicaba.
Quatro décadas recuperando vidas.

“O alcoolismo é uma doença física, mental e espiritual, progressiva, incurável e de término fatal.”
“Para surpresa nossa ficar sóbrio não é a experiência horrível e enfadonha que prevíamos. Quando bebíamos, viver sem o álcool parecia não ser vida. Mas, para a maioria dos membros de A.A., viver sóbrio é realmente viver uma experiência repleta de alegria e que achamos muito melhor de que os problemas que tínhamos quando bebíamos.” Depoimento de um alcoólico anônimo.
A irmandade A.A. está presente no Brasil desde 1947, em São Paulo desde 1964, sendo que no dia 9 de abril de 1965, foi fundado em São Paulo o Grupo Sapiens de Alcoólicos Anônimos. Madre Cristina, não alcoólica, da Faculdade SED Sapiens, conseguiu uma sala na parte de trás da entidade, que dava para a Rua Caio Prado, 120, ali foi o início do A.A. em São Paulo. Em 1968, a Assistente Social do Centro de Obras Sociais de Piracicaba procurou o Grupo Sapiens. Em 15 de outubro de 1968, formou-se o Grupo Piracicaba com o ingresso do primeiro companheiro. Hoje Piracicaba conta com 10 grupos de A.A. A Irmandade funciona através de mais de 97.000 grupos em 150 países. (Esses números de quando foram fornecidos até a presente data podem ter sido aumentados). Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de A.A. não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; são auto-suficientes, graças às próprias contribuições. A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem combate quaisquer causas. O propósito primordial é manter seus adeptos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem á sobriedade. O que AA não faz: 01. Recrutar membros, ou tentar aliciar alguém para juntar-se ao AA 02. Manter registro de seus membros ou de suas histórias. 03. Acompanhar ou tentar controlar seus membros. 04. Fazer diagnósticos ou prognósticos clínicos ou psicológicos. 05. Providenciar hospitalização, medicamentos ou tratamento psiquiátrico. 06. Fornecer alojamento, alimentação, roupas, emprego, dinheiro ou outros serviços semelhantes. 07. Fornecer aconselhamento familiar ou profissional. 08. Participar de pesquisas ou patrociná-las. 09. Filiar-se a entidades sociais (embora muitos membros e servidores cooperem com elas). 10. Oferecer serviços religiosos. 11. Participar de qualquer controvérsia sobre álcool ou outros assuntos. 12. Aceitar dinheiro pelos seus serviços ou contribuições de fontes não pertencentes ao AA 13. Fornecer cartas de recomendação á juntas de livramento condicional, advogados, oficiais de justiça, escolas, empresas, entidades sociais ou quaisquer outras organizações ou instituições. A tecnologia trouxe o “A.A.” também para a internet. Alguns links (endereços) interessantes:
Home Page AABR - Listas de e-mails - Chat de Voz - Chat de Texto
Home Page AAsobriedade - Listas de e-mails - Chat de Texto
Home Page Brasil & Portugal - Lista de e-mail - Chat de Voz
Home PageTerra da Luz - Chat de Voz
5 de Abril - Chat de Voz
Estes Grupos ajudam pessoas que têm dificuldades para freqüentar reuniões, pelos mais diferentes motivos, permitindo que não deixem de ter a oportunidade de se livrarem dos problemas do alcoolismo. Está aberto a todos os que desejarem participar, inclusive aqueles que freqüentam grupos ditos cara x cara, pois nos grupos on-line podem encontrar mais uma opção para manterem-se sóbrios e em recuperação, só por hoje. Tradicionalmente, os membros de A.A. sempre cuidaram de manter seu anonimato em nível público: na imprensa, no rádio, na televisão, no cinema e, mais recentemente, na Internet. Estiveram nos Estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba, 1060 Khertz, no último dia 5 de julho de 2008, dois representantes dos Alcoólicos Anônimos: Reinaldo e Carlinhos.

ORAÇÃO DA SERENIDADE
"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir umas das outras".
Reinaldo há quantos anos existe o A.A. de Piracicaba?
Eu pertenço ao primeiro grupo, que estará completando quarenta anos de existência em Piracicaba. Com 61 anos de idade e freqüentando o A.A. há 32 anos.
Carlinhos você já está no A.A. há quantos anos?
Eu sou um alcoólatra, e há dezessete anos pertenço á essa irmandade.
Com que idade você começou a ingerir álcool?
O primeiro gole foi sentado no colo do meu “nonno”! Eu não me lembro, minha mãe é que contou, meu avô tomava vinho e me pegava no colo. Eu gostava de ouvir o barulho da garrafa quando sai a rolha: “pum!”. Ele falava para mim: “-Quer tomar pum?” Acho que a doença do alcoolismo já se manifestou a partir dessa época. A Organização Mundial de Saúde considera o alcoolismo uma doença. Álcool foi para mim um despertar. Eu era uma pessoa muito tímida, com o álcool tornei-me extrovertido. Tive uma infância muito bonita. Em 1965 eu tinha 18 anos de idade, já estava “tomando todas”! O álcool tomou conta de mim de forma lenta e progressiva até atingir a minha falência humana.
Você tinha algum local preferido para tomar uns drinques?
Tomei bebidas alcoólicas nos bons restaurantes, em clubes freqüentados por pessoas da sociedade, no final eu estava bebendo em bares de quinta categoria. A sociedade já não me aceitava mais. Fui até eliminado de um clube famoso. Muitas vezes saia para uma noite, com dinheiro, talão de cheques. Eu bebia de forma compulsiva. No dia seguinte é que ia verificar. As vezes o talão de cheques com quatro canhotos em branco. Eu não me lembrava aonde tinha dado o cheque, o valor do cheque, para quem tinha dado esse cheque! Quando o telefone tocava em casa, assustado eu mesmo queria atender! Era algum funcionário de banco me chamando. Eu chegava tremendo no banco. Não sabia qual era o motivo de ser chamado. Geralmente, eram cheques de pequeno valor, com assinatura incorreta. Nesse período em que eu esperava para falar com a pessoa que havia me chamado eu me lembrava de Deus: “Faça com que não seja coisa muito grave!” Tive muitos acidentes com carro. Eu poderia ter matado alguém! Era quase todo mês um acidente. Uma vez reformei minha Brasília (N.J. Carro que era objeto de desejo dos jovens da época), eu estava tão feliz por ter feito a reforma nela e fui para uma “casa da noite”. Lá tomei todas! Perdi o controle e bati. No dia seguinte meu pai disse-me: “-Você acabou de reformar seu carro e já bateu!”. Na verdade eu estava morto, só faltava que me enterrassem!
O que você buscava cada vez que você saía e bebia?
Buscava a liberação! O álcool para mim era um anestésico! Todas as minhas preocupações iam embora, essa timidez sumia. Eu já era um dependente. O primeiro gole já desencadeava o segundo, o terceiro. Eu não conseguia me controlar. Eu sou portador de uma deficiência orgânica. A doença está dentro de mim. Quando cheguei ao A.A. percebi a fatalidade da minha situação. Ouvindo o Reinaldo testemunhando as dores que ele passou no alcoolismo eu inventariei a minha dor. Constatei: sou igualzinho a ele! Quando fui para o A.A. já havia me separado da minha esposa. Quem pediu ajuda para o A.A. foi meu pai, minha mãe, minhas irmãs. Eles pediram ajuda ao A.A. por que previram que o pior estava para acontecer. No dia 10 de maio, data do meu nascimento chegou um envelope na minha casa. Quando vi um envelope no abrigo da minha casa pensei: “-Acho que a minha ex-mulher, ou o meu filho, alguém se lembrou do meu aniversário!” Quando abri aquele envelope e deparei com material do A.A., queria morrer! Eu no A.A.? Eu alcoólatra? Eu não preciso disso, eu me controlo! Em agosto de 1991, eu estava alcoolizado, de pijama, ia deitar, tinha tomado algumas, quando um primo chegou á minha casa. Não sei como, saiu da minha boca a frase: “-Pai, o que o senhor acha de eu ir com meu primo ao A.A.?” Meu disse: “-Vai filho, que deve ser bom para você!”.
Existem muitas pessoas nessa situação?
Alcoolismo é a doença da família. Todo mundo esconde!
Você chegou a dar caixinha para garçom em festa?
Muitas! Eu nunca bebi pelo sabor, bebia pelo efeito, queria que subisse logo, me liberasse. Nas festas já tinha tomado alguma coisa antes para ver a cerimônia. Ao adentrar no salão de festas observava de imediato onde estava ele: “O Rei Álcool”! Minha preocupação exclusiva era se tinha o bastante, se iria dar para beber á vontade. O garçom passava com o aperitivinho, imediatamente eu tirava uma cédula e enfiava no bolso dele dizendo: “-Não deixe faltar nessa mesa!”.
Reinaldo (também conhecido pelo cognome Sabóia) ,há 32 anos você chegou ao A.A.?
Cheguei ao A.A. em 14 de julho de 1977. Cheguei arrasado, com uma facada no corpo, fruto de uma discussão em decorrência de um enterro, isso foi em família, por sinal todos eram alcoólatras. Após ter passado por procedimentos médicos, tendo inclusive colocado um dreno, quando recebi alta, a primeira atitude minha foi tomar meio litro de conhaque. Só sobraram na minha vida minha esposa e minha filha, que fui conhecer aos sete anos de idade.
Você conheceu sua filha apenas aos sete anos de idade por quê?
Porque eu não via nada na minha frente. Só via o álcool. O Rei Álcool. Na minha casa era só briga. Eu trabalhava em uma empresa em 1975. Bebia no bar, levantava tremendo, “tomava uma” para parar de tremer. O maior orgulho meu era ás seis horas da manhã ficar sentado na esquina com um copo de pinga, quem vinha comprar pão, leite, falava: “Nossa Sabóia! Mas já cedo você tomando isso? Você é forte heim!” Eu falava: “Não façam isso que vocês não podem vocês são doentes! Eu posso. Eu sei beber!” Para mim era motivo de grande orgulho, eu estava no auge! Por isso me afundei! Uma pinga não fazia nada. Duas não me faziam nada. Cinqüenta começava a mexer comigo. Eu não almoçava. Ia bebendo. Bebia cinqüenta pingas durante o dia. Quando chegava na hora do jantar, a minha esposa colocava a mesa, sempre havia a briga. Se a comida estivesse quente brigava por estar quente. Se estivesse fria brigava por estar fria. Sempre eu tinha que arrumar uma encrenca para poder ir beber. Eu não sabia quem eu era. Mas era sempre o “bonzão”.
Você trabalhava?
No serviço enquanto eu tinha condições de trabalhar eu trabalhava. Eles me respeitavam na empresa por causa do meu serviço. Eu era a cabeça ali dentro. Eles não conheciam o estagio do meu alcoolismo. O Alcoólatra é muito hábil em esconder sua doença. Nove horas da manhã já havia bebido uma garrafa de pinga. (Ele cita uma famosa marca). Já tinha comido quatro tomates com sal, para poder ter paladar para beber mais. Eu queria o efeito. Queria ficar “ligado” o dia inteiro, por isso que eu já não almoçava. Eu já tinha feito uma experiência a respeito, Um dia no bairro São Dimas, acabei de almoçar, almocei bem, isso foi em uma sexta-feira. Veio a preocupação: “Almocei bem, vai acabar o efeito!” Corri no bar, pedi um copo grande cheio de pinga com groselha, quando acabei de engolir, vomitei no peito do dono do bar! A comida com a bebida não são aceitos pelo organismo. Com o estomago cheio ninguém bebe. O alcoólatra bebe porque não come. Com isso vem a fraqueza, o delírio. Pelo fato de ter uma constituição física forte, eu não caía, virava um leão. Nunca tive problema com álcool. Ele nunca faltou para mim! Com dinheiro ou sem dinheiro o alcoólatra bebe.
Reinaldo, o senhor tem bebidas alcoólicas em sua casa?
Tenho! Se eu convidar alguém para almoçar em casa ofereço cerveja, se a pessoa gosta de tomar uma caipirinha, eu faço. Eu não proíbo ninguém de beber. Fico junto, mas não bebo, eu sou alcoólatra! Eu sofro a doença do alcoolismo! Eu evito salada com vinagre. Se alguém me der uma bala recheada com algum derivado de álcool, eu aceito a bala, disfarço e jogo fora. A coisa mais fácil que existe é parar de beber. Parei mil vezes. Mas voltava a beber. Eu não sabia que o mal está no primeiro gole. Fui convidado por um companheiro que por muito tempo bebemos juntos. Ele foi á minha casa, eu estava com meio litro de conhaque ao lado do sofá, um sofá que era só buraco, só armação. Ele me convenceu a ir até o A.A. A minha primeira reunião foi em um domingo, logo pela manhã.
Reinaldo a doença do alcoolismo afeta as pessoas sem discriminações?
O alcoolismo não escolhe pessoa, idade, pessoa, sexo, profissão, poder econômico. Não escolhe nada. É uma doença no seu início quase imperceptível, mas de forma traiçoeira, busca nas pessoas mais inteligentes e capacitadas, mais bem quistas na família. O alcoólatra tem como característica ser extremamente inteligente. De cada 10 pessoas 4 são alcoólatras, e ao que consta pelas últimas estatísticas, a mulher está bebendo mais do que os homens. A mulher consegue dissimular melhor. Teve um caso, em uma cidade vizinha, permaneci durante um mês trabalhando para conseguir descobrir que ela era alcoólatra. Ela bebia vodca, que era acondicionada dentro da máquina de lavar roupa, entre a lata e a borracha da máquina, o batom que ela usava disfarçava o hálito do álcool! Por ser uma pessoa inteligente não demonstrava sinais aparentes de estar alcoolizada. Outra mulher escondia na caixa de descarga do banheiro. Essa foi mais fácil identificar, ela usava cachaça, acabou caindo na minha frente.
Existe uma frase muito interessante no A.A.?
Carlinhos responde: “Se você quiser beber, o problema é seu. Se quiser parar de beber, o problema é nosso”.

quarta-feira, julho 02, 2008

Dois de Julho

Hoje é dois de julho, dia de festa na Bahia. Neste mesmo dia, em 1823, as tropas brasileiras entraram na cidade de Salvador, que era ocupada pelo exército português, tomando a cidade de volta. Por isso, "Dois de Julho" é uma data importantíssima para a Bahia e uma das mais importantes para a nação.





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A humanidade refinou a desumanidade. Melhoramos nossos instrumentais, pioramos nossos princípios.
J.U.NASSIF




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terça-feira, julho 01, 2008

Reverendo Ricardo Gomes Guttiérrez

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com
(11/JUNHO/2006)


Entrevistado: Reverendo Ricardo Gomes Guttiérrez

O trabalho voluntário é diferente do trabalho pago, características que o tornam especial. Os voluntários têm uma forte motivação pessoal, a qual produz um grande impacto no beneficiário. A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho (Nos países islâmicos, o símbolo das Sociedades Nacionais da Cruz Vermelha é substituído pelo do Crescente Vermelho, a bandeira branca com uma lua crescente em vermelho) formam a maior organização de Voluntariado no mundo. Para Ruth Cardoso (falecida recentemente), não é preciso pedir licença a ninguém para ser voluntário. Cada um pode olhar ao redor e descobrir uma maneira de agir para o bem comum e para o desenvolvimento de sua comunidade. Uma ação voluntária pode começar muito antes do que se pensa. Ela tem início, muitas vezes, ainda na infância quando começamos a tomar consciência de algumas atitudes que podem contribuir para melhorar a vida em comunidade, preservar o meio-ambiente ou ajudar a reduzir as desigualdades sociais. Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Alguns voluntários são capazes, por si mesmos, de olhar em volta, arregaçar as mangas e agir. Outros preferem atuar em grupo, juntando os vizinhos, amigos ou colegas de trabalho. Por vezes é uma instituição inteira que se mobiliza, seja um clube de serviços, uma igreja, uma entidade beneficente ou uma empresa. O Reverendo Ricardo Gomes Guttiérrez atua como voluntário em um patamar acima da compreensão humana. Faz parte do seu currículo imagens que retrata a mais profunda miséria, degradação, desespero, de enormes massas disformes em seu conteúdo e aparência. O cheiro da morte enoja, dá vômitos. As mutilações físicas e morais deixam seqüelas físicas e cicatrizes psicológicas. São situações extremas, onde o voluntário leva uma única certeza, a chance da sua própria sobrevivência física é tão remota como as das vítimas que vai servir. Dr. Ricardo foi assediado pela chamada grande imprensa, pelo fato de ser um dos poucos brasileiros presentes em algumas ocasiões, inclusive em locais aonde a imprensa, por motivos de segurança, foi impedida de chegar. Respeitando os princípios éticos assumidos, só agora, ele descreve, com exclusividade, o que é ser voluntário, não para se orgulhar dos seus feitos, mas para agradecer todos que o apoiaram espiritualmente, e á graça recebida do Deus a que ele serve e confia.
Reverendo o senhor pode fornecer alguns dos seus dados pessoais? A começar pelo nome completo. (risos)
Meu nome é Ricardo Gomes Guttiérrez, nascido em Uberaba, Minas Gerais em 12 de junho de 1962. Morei em Uberaba até os 16 anos de idade, por benção de Deus consegui passar no primeiro vestibular que prestei na Fuvest. Mudei para São Paulo para fazer a faculdade de odontologia na Unesp em Araraquara. A principio morei em uma pensão, logo me mudei para uma república que ficava em frente ao Diretório Acadêmico da faculdade. Formei-me em 1983. Sou filho de João Gomes Guttiérrez, já falecido e minha mãe Irenides Oliveira Guttiérrez, ela ainda mora em Uberaba. Meu pai tinha escritório de contabilidade, e minha mãe sempre foi dona de casa. Tenho uma irmã mais velha, com 47 anos, foi professora da Usp, hoje ela ministra mais cursos fora do Brasil. Outra irmã trabalha em Belo Horizonte, no Tribunal Regional do Trabalho. Tenho um irmão que é médico, mora em Santa Catarina, dedica-se á especialidade de ultra-som, ressonância. Hoje Moro em Santana de Parnaíba. Sou casado, minha esposa Vera é protética. Temos cinco filhos. Três são nossos de sangue. Estamos com um rapaz em casa, que é timorense, chama-se Valente Simões. Ele tem 30 anos de idade. Ele sofreu uma infecção do dente canino, o abscesso drenou pela glândula lacrimal, inchando a pálpebra, nariz. Em plena guerra não era possível tratar, seus pais morreram, ele espremeu para drenar o abscesso, houve sangramento, a mosca varejeira depositou ovo no local do ferimento. Ele teve berne. Isso resultou em uma deformidade facial expressiva. Sua vinda foi para tentarmos um transplante de face, que não foi viável. Após ter passado por 22 cirurgias, estamos refazendo a pálpebra onde é um buraco enorme. Metade do nariz com aba nasal sumiu. Atingiu os lábios inferior e superior até o masseter, ficando com os dentes todos expostos. Uma infecção com dor insuportável. Ainda deverá passar por umas cinco ou seis cirurgias. Ele quer voltar para o Timor. Temos o filho João Ricardo que está morando com a avó em Minas Gerais, fazendo cursinho. A Raquel é a filha do meio. O caçula é o Davi. A Zípora é filha de um amigo nosso de Minas.
Qual é a religião que o senhor professa?
Sou da Igreja Presbiteriana do Brasil. Somos evangélicos. Fui criado em igreja católica, quase fui padre, estudei no Colégio Diocesano. Na época da faculdade, comecei a freqüentar um grupo de estudos bíblicos na faculdade. Ali eu entendi a mensagem do evangelho, o ponto fundamental da palavra de Deus.
O senhor tem consultório próprio hoje?
Tenho. Em Alphaville. Sou dentista especializado em cirurgia Buco-Maxilo-Facial, faço desde cirurgia oncológica na cavidade bucal, ou periférica, cirurgia ortognática de correção deformidades severas ou não.
Quem o convoca para os serviços voluntários?
Financeiramente eu não ganho nada com o trabalho voluntário. Ás vezes eu faço dívidas! Convite vem de todos os lados. Sou dentista da família de um representante do corpo diplomático da Indonésia. Por ocasião da tragédia do Tsunami ele me convidou. Entendi que devia seguir para contribuir nesse trabalho. Quando estava já na Indonésia, dentro de um avião estava um japonês. Conversávamos á respeito das missões que já tínhamos realizados, até que ele me perguntou: “-Você trabalha para qual empresa?” Eu disse que tinha meu consultório particular em São Paulo. Eu havia saído com destino á Indonésia para prestar auxílio voluntário e deixei o consultório fechado. Ele não se conteve e perguntou: “-Mas como assim? Quem o patrocina?” Respondi que estava fazendo dívida para ser paga no período de um ano! Ele me disse: “-Sabe que o seu passe lá no Japão é quase igual ao de um jogador de futebol?” Disse-lhe: “-Como assim?” Ele então me respondeu que era funcionário da Mitsubishi, as pessoas não compram mais carros porque ele tem um farol arredondado, farol quadrado. A tecnologia está muito nivelada. No Japão ao adquirir um carro ou uma moto, o comprador consulta o site da fábrica, para ver se a marca é sovina, só quer saber de ganhar dinheiro. As empresas que apóiam trabalhos sociais, não pensam em tornarem-se o Faraó, dono do mundo! Esse é o fator que faz a concorrência quebrar! Ele me disse que estava em missão humanitária, e que isso constava no site da empresa! Esse é o fator decisivo para o consumidor comprar ou não aquela marca. No ano 2000 tive a oportunidade de conversar com a Professora Ruth Cardoso. Ela também fez a mesma pergunta para mim, quem estava me patrocinando? Eu disse que havia feito uma faculdade paga pelo governo, e nada mais natural do que devolver essa benção que recebi! Fui convidado para ser um dos diretores do Hospital Presbiteriano de Beirute, e estou quase aceitando!
O que o senhor acha a respeito da empresa patrocinar um voluntário com objetivos de ganhar mercado?
Boa pergunta! Temos que estar cientes de que não temos o controle do nosso futuro. No dia em que estive no Timor não morreu ninguém. O país estava em guerra, em estado de sítio, o exercito na rua, tinha toque de recolher, nunca vi tanta metralhadora, tanque de guerra, helicóptero, todos preparados para um contra-ataque da Indonésia que queria reconquistar o Timor, porque outras ilhas também queriam independência. A Indonésia achava melhor sufocar, pegar novamente o Timor para que os demais não tivessem o mesmo impulso de liberdade. Eu estava lá, não me aconteceu nada. Enquanto isso aqui no Brasil meu protético foi baleado. Outras pessoas morreram Risco de vida corre-se em qualquer lugar.
Quantos idiomas o senhor fala?
Português! (muitos risos). O resto eu engano! É uma boa pergunta. A língua na Indonésia é uma das coisas mais fáceis de aprender. Conheci uma moça que em 3 meses estava falando fluentemente. É uma língua que não tem o plural! A conjugação verbal é mais simples do que em inglês. Eu ás vezes falava em inglês, que é pior que o falado por eles! Fui aprendendo como dizer: Abra a boca. Onde está doendo? Quantos anos você tem? Lembro-me de que um dia disse á uma mulher: “ Barapá umur kamur?” Ela fez uma expressão de quem diz “Heim?” Repeti novamente, seguido pela mesma expressão dita por ela já com confiança. Quer dizer: “Você está com dor?” Ela abriu a boca, e pude fazer o procedimento correto. Quando eles percebem o nosso esforço para falar a língua deles, simplesmente eles vibram, amam com isso! Se tratarmos as pessoas com amor, recebemos amor e confiança de volta. São pessoas que estão sendo manipuladas de uma forma impiedosa, para tornarem-se fanáticos, mujahedins, homens-bomba. Se os Estados Unidos parassem de mandar soldados e mandassem missionários, médicos, voluntários para auxiliar essas pessoas, com certeza iria conquistar o amor, a simpatia desse povo, que com guerra e mortes não consegue.
Em quantos países o senhor já esteve?
Já nem sei mais! Acho que estive em cerca de 20 países. O último foi no Senegal em Thiès, Dakar. Fui lá para ajudar pessoas que mantém orfanatos comandados por brasileiros. É um país onde até hoje pratica a escravidão e o trafico internacional de crianças. Lá existem os marabus, são homens que vão á Guiné Nissau, Mali, Niger. Falam aos pais que doe seus filhos para eles os ensinarem, proporcionando-lhes um futuro melhor. Assim eles trazem crianças, de até 4 anos de idade. Dakar deve ter aproximadamente um milhão e meio de pessoas, cerca de quatrocentas mil crianças ficam perambulando pelas ruas pedindo esmolas! Os marabus as colocam esmolando, estabelecem o valor a ser arrecadado e caso não seja atingido a criança é espancada. Morrem muitas crianças. Eles praticam a infibulação que são as mutilações genitais (castração) de meninas. Muitas meninas morrem das complicações decorrentes.
O senhor tem um método pessoal de comunicar-se em cada país que vai trabalhar?
Eu transmito o que eu ouço. Depois escrevo. Tenho uma lista de termos praticados em cada localidade. Quando vou á um país, digo: “Escreve aqui.” No Senegal fala-se o francês. Eu não falava nada de francês. Após 30 dias descobri que o francês é como espanhol, só que piorado! É tão fácil falar! Eu moro em um bairro bem abastado em São Paulo. Quando você vai á casa de uma pessoa, ele quer mostrar a arquitetura da casa, os carros. Tem um “coitado” que tem seis carros da marca Ferrari na garagem! Quando você vai á casa de uma pessoa pobre, o que tem de maior valor é a comida! Ao chegar, caso seja convidado para comer significa uma honra que é difícil imaginar. Ele está dando aquilo que para ele tem o maior valor: a comida! Têm cada coisa a que somos obrigados a comer! Come-se primeiro e depois se pergunta o que era aquilo! Falar a língua deles é um grande fator de aproximação e amizade. Já comi anta, macaco, paca, jacaré, cobra, fígado de cachorro, tem coisa que até hoje nem sei o que era.
Na Indonésia, quando ocorreu o Tsunami, qual era a alimentação do senhor?
Meu estômago é como de avestruz! A gente comia o que tinha. O fedor de cadáver ficava impregnado na roupa, no corpo, no cabelo. A tragédia teve dimensões até difíceis de serem contabilizadas. Eu não comia nada que tinha proteína, pois sabia que não iria agüentar. Comia mais amido. Havia comida enviada pelo mundo inteiro. É impossível descrever o ambiente. As vezes o próprio pessoal que estava assistindo aos pacientes, muitas vezes não queriam nem comer, só choravam. Mães que saiam gritando procurando pelos filhos. Dia e noite permanecia aquela angustia. Havia pessoas que queriam morrer. Atendi a um senhor que tido saído para viajar, quando voltou ás quinze pessoas da sua família haviam morrido. Tive que dizer á uma enfermeira, no caso de ela não comer teria que embarcar de volta no primeiro helicóptero que chegasse.
Quantas ilhas têm a Indonésia?
São cerca de 60.000 ilhas. É o país mais lindo do mundo. Fala-se 800 línguas dentro da Indonésia. São 150 vulcões em atividade. ( N.J. No inicio do século XVII os holandeses estabeleceram ali a colônia das Índias Orientais Holandesas. Durante a Segunda Guerra Mundial, a Holanda perdeu sua colônia para os japoneses. Com o final da guerra, o então imperador indonésio Sukarno, tendo cooperado com os japoneses declara a independência da ilha. Em 1965 o general Suharto, tomou o poder depois de grandes massacres. O general foi reeleito 5 vezes). Quando os portugueses saíram do Timor o território foi anexado á Indonésia.






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