domingo, abril 11, 2010

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MARIA RUTH BELLANGA DE OLIVEIRA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de dezembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADA:                    MARIA RUTH BELLANGA DE OLIVEIRA



No Brasil a participação política da mulher só veio ocorrer com a constituição de 1934 com a extensão do voto à mulher. A luta das mulheres pela cidadania é histórica. "A participação da mulher na política é muito pequena, e isso também revela a natureza atrasada de nossa sociedade, uma sociedade conservadora. É o ranço que permanece de uma sociedade patriarcal, patrimonialista, em que a mulher era considerada patrimônio do homem", alerta o professor Marcos Costa Lima, do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Lúcia Avelar, diretora do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), destaca que há uma série de pesquisas mostrando serem elas muito mais sensíveis a questões sociais, por exemplo, e que, por isso, o eleitor é muito simpático às candidaturas femininas, "como se tivessem se desencantado com o atual sistema". Isso ocorre em disputas políticas de expressão nacional, como também em pequenas comunidades. A cidade de Mombuca é um pequeno município, sendo que seus habitantes se consideram uma grande família, com todas as peculiaridades de uma família de porte. Nos momentos de dor e de alegria choram e festejam juntos. Todos se conhecem, se cumprimentam pelo nome. A chegada de um “forasteiro” na cidade é logo percebida, observada discretamente, sendo suas ações e trajetórias objeto de curiosidade coletiva. Para alguém que queira passar despercebido é uma péssima escolha! Em Mombuca encontramos uma mãe de família que tem uma trajetória de vida pessoal e política que retrata muito bem o perfil da atuação da mulher não só no Brasil, mas em todo o período seguinte a Revolução Francesa. Maria Ruth Bellanga de Oliveira nasceu em Mombuca em 22 de agosto de 1958, filha de Iracema Doriguello Bellanga e Rubens Bellanga. Foi vereadora, hoje é a vice-prefeita de Mombuca.
Quem nasce em Mombuca é conhecido como?
É mombucano! Eu sou mombucana. Entrei na escola aos sete anos de idade na Escola Bispo Dom Mateus. Minha primeira professora foi a Dona Cida, esposa do Sr. Avelino Lucas, era de Piracicaba e vinha dar aula aqui. Foi onde estudei o curso ginasial.
Como surgiu Mombuca?
A história do Município de Mombuca tem início em 1889, com o senhor Aristides Cavicchiolli que se fixou nas margens do Ribeirão Mombuca, iniciando assim o povoamento da região. Era um povoado. A origem do nome provém do tupi-guarani mombuka que era o nome dado a pequenas abelhas que na época da formação do povoado faziam as suas colméias no chão em volta do Ribeirão.
O trem da Sorocabana passava por Mombuca?
Passava! A noite havia uma passagem de trem por Mombuca, o povo costumava ir até a estação, ara vê-lo passar. Era uma diversão da população.
Qual foi seu primeiro emprego?
Aos onze anos de idade fui trabalhar como empregada doméstica. Na época a lei permitia o trabalho com essa idade. Aos quatorze anos de idade fiz um teste para trabalhar na máquina de costura. Fui admitida na Raqueltex, de propriedade do Sr. Álvaro Nicoletti. Lá eu fazia calça jeans. Graças a Deus eu era muito experta na máquina, eu sabia que tinha que ser rápida no trabalho, por necessidade. Eu passei em um concurso e fui trabalhar em Piracicaba.
Onde foi seu próximo trabalho?
Foi no Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes. A diretora era Dona Tereza Mastrodi. O meu cargo era de servente, mas como havia a necessidade de inspetor de aluno eu passei a exercer essa função. Isso foi em 1980.
Qual foi a sua próxima atividade?
Eu casei-me com Enio Niceas de Oliveira, meu marido preferia que eu tivesse as atividades domésticas. Ele foi o meu primeiro namorado. Nessa época ele estava concluindo o curso de direito, enquanto exercia atividades comerciais junto com a família dele.
Após concluir o curso de direito, seu marido entrou para a política?
Ele foi candidato á vereador, não foi eleito. Na próxima eleição ele candidatou-se, tendo sido o vereador mais votado e tornou-se presidente da câmara. Na época eram onze vereadores, depois foi reduzido para nove.
Nessa época que despertou seu gosto pela política?
Comecei a gostar, passei a freqüentar a casa da primeira dama do município, Dona Clarice Guari. Aprendi muito com ela.
Na eleição seguinte o seu marido foi candidato a prefeito e foi eleito?
Foi exatamente o que aconteceu. Eu passei a exercer um trabalho social muito intenso junto á população mais carente.
O jovem em Mombuca é estimulado á pratica de esportes?
Além de termos um ensino de alto padrão, com métodos pedagógicos estipulados por uma instituição muito respeitada, e que é freqüentada em outras cidades por alunos de famílias com alto padrão aquisitivo, nós estimulamos a prática dos mais variados tipos de atividades físicas. São disputados campeonatos, realizadas disputas.
Como surgiu a sua candidatura para vereadora?
O então candidato á prefeito. Marcos Antonio Poletti convidou-me, achava interessante a representação da mulher junto a Câmara Municipal. Eu não estava muito encorajada a realizar uma campanha, fiz de forma tímida. Da campanha tão curta que fiz, fui a candidata á vereador mais votada. Acho que o meu trabalho já estava feito. Cumpri meu quatro anos como vereadora e sem esperar fui convidada a ser Vice-Prefeita. Com o apoio da minha família, acabei aceitando. Já estamos no segundo mandato, o prefeito foi reeleito e eu fui reeleita como vive-prefeita.

A mulher está ocupando o seu espaço em todos os setores, os homens ficam um pouco apreensivos com essa tomada de posição feminina?
Infelizmente ainda existem alguns que ficam com o pé atrás. A mulher é mais paciente.
A sua postura é de conseguir seus objetivos sempre através do diálogo, usando o bom senso feminino?
Essa é a melhor forma. Conseguir transmitir os objetivos de forma equilibrada. Gosto das coisas muito corretas.
Qual é a principal fonte de renda da Prefeitura de Mombuca?
A maior fonte geradora de recursos é a agricultura. Um fato pitoresco ocorre com a cidade, embora existam grande áreas plantadas com cana-de-açúcar no município o processamento se dá nas duas cidades vizinhas onde há usinas: Rafard e Rio das Pedras. Os impostos decorrentes dessas atividades por conseqüência vão para esses municípios. O recolhimento de IPVA é baixo, pelo pequeno número de veículos na cidade. O ICMS em Mombuca é bastante baixo. O IPTU recolhido é o suficiente para cobrir um mês da folha de salários dos funcionários.
Mombuca tem Guarda Municipal?Temos sim.
Quais são as perspectivas de trabalho para os jovens da cidade?
O serviço público municipal era praticamente o que poderia se divisar. Recentemente, com a vinda da Santa Rosa que é uma indústria têxtil de Americana que emprega umas 50 pessoas, e trouxemos a Bramil que é uma tecelagem de Capivari e deverá gerar perto de 60 empregos.
Há migração para Mombuca?
O corte da cana atrai de localidades distantes a mão de obra para o corte de cana. Aqui eles encontram condições melhores do que a de seus locais de origem, isso incentiva a permanência das mesmas em Mombuca.

Como é a assistência médica em Mombuca?Além da assistência médica local, contamos com 8 ambulâncias para atender as pessoas carentes e conduzi-las aos centros de especialidades em centros maiores. É um problema social muito grande. Muitas dessas pessoas moram em áreas rurais, não dispõem dos recursos necessários para transporte. Sem um atendimento especializado praticamente ficariam abandonadas a própria sorte. Graças a assistência fornecida ela prefeitura o paciente recebe os cuidados que precisa.
Ocorre um fenômeno curioso na cidade movimentando as pessoas conforme o grau de instrução?Pela sua própria infra estrutura a cidade acaba atraindo as pessoas necessitadas, enquanto o moradores da cidade que teve a oportunidade de estudar, de receber uma formação qualificada, essa pessoa sai da cidade em busca de condições de trabalho.
Esse problema ocorre em alguns países da Europa, e até mesmo no Canadá, que decidiram impor condições mínimas de formação técnica para a fixação do imigrante. No Brasil, em algumas localidades, são estimuladas as migrações em massa para aumentar a clientela eleitoral?
Isso pode ocorrer, depende muito de quem está administrando a cidade. Minimizar um problema existente é uma questão de equilíbrio para a comunidade. Inchar uma cidade com objetivos eleitoreiros é uma atitude temerária e inconseqüente.
Em Mombuca existiu uma senhora que era muito respeitada pelas suas ações de caridade e orientações espirituais, a senhora a conheceu?
Conheci era a Dona Emilia Benvenuto Ortolani. Era uma pessoa muito caridosa, muito religiosa, tinha uma capela dela, onde eram feitas orações.
 Qual é a sua religião?
Sou católica, faço parte da pastoral da criança.
A igreja tem uma grande força dentro da comunidade?

Acredito que sim.
Hoje já há uma diversidade de cultos evangélicos em Mombuca?
Há sim. É um fatia representativa.
É bom morar em Mombuca?
Mombuca é uma grande família, com seus problemas, mas não deixa de ser uma família. Em um casamento praticamente toda a cidade comparece, em um velório é grande a presença dos moradores da cidade prestando suas homenagens ao falecido e suas condolências a família.
Qual é a data máxima de Mombuca?
É dia 21 de março, que foi o dia da emancipação política da cidade. Meu sogro Eugênio de Oliveira, liderando uma comissão fez com que Mombuca tornasse município em 28 de fevereiro de 1964 e a instalação político-administrativa ocorreu em 21 de março de 1965. O primeiro prefeito de Mombuca foi Álvaro João Bianchin. O segundo prefeito foi meu sogro Eugênio de Oliveira.
A sua família naturalmente milita política, isso traz uma segurança no sentido de conhecer a complexa legislação pública?

É uma grande vantagem além de o meu marido ter exercido cargos como presidente da câmara, prefeito, na própria família temos como dialogar sobre as atitudes corretas para exercer cargos políticos dentro do que a legislação exige e atendendo as solicitações e necessidades dos munícipes.
A vantagem de todos se conhecerem no município torna o político mais exposto?

Há uma exposição total do político. São avaliadas as ações não apenas durante a campanha, mas a conduta como um todo, é uma avaliação muito criteriosa por parte do eleitor.
Qual é a origem da água utilizada para o abastecimento da cidade?

A água utilizada é captada através de oco artesiano. Após utilizada ela é tratada e descartada.
A única favela da cidade foi erradicada?

Recentemente através do CDHU foram construídas 58 casas para onde foram removidos os moradores residentes sem as mínimas condições de vida
Mombuca tem esgoto em sua totalidade?

É uma das poucas cidades do Brasil que tem esgoto em sua totalidade.
Como a vice-prefeita sente-se orgulhosa ao representar o município em reuniões políticas?

O fato de ser mulher, portanto minoria acaba despertando a curiosidade dos representantes de outras localidades. Confesso que me sinto orgulhosa.
Esses congressos são importantes, trazem resultados?

Trazem idéias novas, há troca de informações. São muito importantes.
Quanto tempo demorava o trem da Sorocabana de Mombuca á Piracicaba?

Quarenta minutos a uma hora. O ponto de partida do ônibus para Mombuca era na Praça José Bonifácio, em frente a pastelaria de um japonês, a sorveteria Paris.
Qual é hoje o maior problema de Mombuca?

É a falta de emprego. Falta uma escola técnica com especialização em determinados setores.
Qual é o santo padroeiro de Mombuca?

É São Pedro.

JOSÉ LUIZ RIBEIRO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 3 de abril de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.tribunatp.com.br/
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ENTREVISTADO:                                 JOSÉ LUIZ RIBEIRO
Vereador mais votado das últimas eleições municipais, líder metalúrgico, José Luiz Ribeiro têm o que se denomina carisma. Com sua simplicidade conquista uma só pessoa ou uma platéia. Sua fala simples é compreensível ao homem do povo. Tem a sabedoria natural do caboclo, que teve a natureza como professora. Da roça veio para a cidade em busca de melhores condições. Encontrou amparo em movimentos religiosos, onde deu seus primeiros passos na liderança de grupos de jovens católicos. Revelou seus atributos de forma intuitiva e cresce a passos largos ocupando um espaço cada vez mais representativo. Nascido em 10 de novembro de 1960, na Fazenda Barreiro Rico, município de Anhembi, distante 70 quilômetros de Piracicaba. Filho de José Ribeiro e Maria de Lourdes Ribeiro, ambos falecidos. Somos seis irmãos. Meu pai trabalhou como cozinheiro na fazenda, em Piracicaba trabalhou como pedreiro e depois foi metalúrgico na empresa Fazanaro.

Seu pai era bom cozinheiro?

Fazia uma macarronada, um nhoque, era um bom cozinheiro sem nunca ter tido um curso a respeito.

Essa capacidade de bom cozinheiro é uma característica hereditária?

Em parte! Em casa quem cozinha é a minha esposa, Andressa Mascaro. Sou pai de quatro filhos, dois do primeiro casamento, a Amanda e o Caio, e duas filhas do segundo casamento, que estão com quarenta dias de vida hoje, a Maria Valentina e a Maria Catarina.

Na Fazenda Barreiro Rico, com quantos anos você passou a trabalhar?

No sítio com sete anos de idade já passa a ter as tarefas de cuidar de animais, plantar grama para fazer o pasto para os animais, trabalhar em pomar, em horta. Dos sete aos quatorze anos de idade trabalhei nessa área, agrícola e pecuária. Na época não havia plantada a cana de açúcar, hoje a fazenda está toda tomada pela cana, esse foi um dos motivos que provocou a vinda da nossa família á Piracicaba. Com seis irmãos, enquanto a fazenda permitia o plantio de arroz, feijão, milho, a criação de galinhas, porcos, possibilitava a nossa sobrevivência. Depois que acabou com os quintais dos trabalhadores da fazenda, não permitindo mais o plantio para consumo próprio a situação ficou difícil.

Quem são os proprietários da Fazenda Barreiro Rico?
É da família Magalhães, são proprietários de mais de 10.000 alqueires de terra, hoje divididas em cinco fazendas, eles possuem uma das maiores reservas ecológicas do Estado de São Paulo.

Qual escola você freqüentava na época da fazenda?

Era a Escola Mista da Fazenda Barreiro Rico. Dona Brasilina foi a minha primeira professora. Dona Maria Rita também nos deu aulas. O ginásio foi feito em Anhembi. Nós íamos até a escola na carroceria de um caminhão, por cerca de 20 e poucos quilômetros. Quando chovia era colocada uma lona, um toldo. O pior eram as noites de frio.

Hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece normas que não existiam na época?

Nós defendemos o Estatuto da Criança e do Adolescente. Não é fácil uma criança trabalhar na roça sem nenhuma condição de segurança, vi colegas sofrerem acidentes, até morte de tétano aconteceu com criança na época. Acho que devemos defender um pouco mais a Lei do Aprendiz. O jovem sai com formação técnica do SENAI com 16 anos de idade e não pode trabalhar, isso é um absurdo! O trabalho não mata ninguém. Os critérios para o trabalho da criança têm que obedecer a seu devido momento. A Lei do Aprendiz eu defendo, pelo fato dela ser muito bem elaborada, estabelecendo os limites, normas e obrigações. Acredito que o trabalho além de favorecer o aprendizado enobrece a pessoa. O setor metal mecânico hoje é todo informatizado, o jovem de 16 anos é apto para trabalhar nessa área, ele está bem entrosado com a informática. Nós não iremos defender que um jovem vá trabalhar em um serviço insalubre, pesado. Quando ele termina um curso no SENAI ele está apto ao trabalho.

Com quantos você veio morar em Piracicaba?

Vim com 15 anos, ia completar logo 16 anos de idade. Fui o primeiro da família a vir, morava com uma tia, na Avenida 9 de Julho, no Bairro Jaraguá. Era a tia Noemi. Veio um outro irmão junto, passei a trabalhar em uma oficina mecânica, lavava peças, fiz o SENAI, aos 18 anos de idade passei a trabalhar na Dedini.em 11 de janeiro de 1980. Com o tempo meu pai veio também, conseguimos comprar um terreno no Jaraguá. Era uma casinha de madeira, com quatro cômodos onde moravam os seis irmãos, meu pai, minha mãe, uma irmã casada. Na época as ruas eram de terra. Morávamos na Rua Pedro Morato Kraembhul. Para ir a missa na Igreja São José ou trazia um segundo sapato ou um pano para limpar os pés de barro.

Qual sua primeira atividade na Dedini?

Comecei como ajudante de produção. A minha função era ajudante de caldeireiro.

Houve uma mudança radical entre o ambiente rural e o industrial?

A zona rural não oferecia uma série de benefícios, mas nos anos 80 ainda não tinha essa discussão muito forte que existe hoje dentro do ambiente industrial. Eu tinha uma participação na pastoral da juventude, na Paróquia São José, na Diocese, foi isso que me levou ao sindicato. Posso afirmar que na Dedini não havia ainda o restaurante, os convênios médicos, apesar de já oferecer diversas vantagens, não tinha essas condições que hoje são básicas. Como funcionário da Dedini eu já começava a reivindicar convenio médico, café da manhã, sapatão de segurança para trabalhar. Com isso em 1984 eu já era diretor do sindicato.

Passou algum dia pela sua cabeça seguir a carreira eclesiástica?

Passou! Fui convidado por duas vezes nas Missões de 1979, a seguir como seminarista. Tanto que tenho até hoje uma convivência muito grande com a comunidade.

Quase José Luiz Ribeiro foi padre?

Quase! Fui conhecer o seminário, fiz visitas.

Foi influencia do Monsenhor Luiz?

Foi sim, e dos Missionários Redentoristas. Ainda continuo trabalhando pela comunidade, tenho um carinho muito grande pelo jovem. A minha história, o meu início, é fruto de um trabalho realizado com a juventude. Se dermos oportunidades para a nossa juventude ela é fantástica, não tem discriminação, gosta e precisa trabalhar. Por isso defendo o primeiro emprego, tem muito jovem que se forma e não dão oportunidade para ele. Posso afirmar que toda a minha história começou com o trabalho que desenvolvi na Pastoral da Juventude.

Você participou dos tradicionais movimentos jovens da época?

Participei da Semana Jovem, SEJOPAC - Semana Jovem para Cristo, sempre participei. Ali me despontei como líder de grupo de jovens, depois da Pastoral da Juventude. Quando fui convidado para participar do sindicato a comunidade me apoiou. Eu fiquei sócio do sindicato em 1982, em 1984 teve uma eleição, fui convidado pelo Elirio Oriani conhecido como Meninão. Eu era o último suplente da diretoria. Na próxima eleição passei a ser Primeiro Secretário, depois fui Vice-Presidente e na eleição seguinte passei a ser Presidente. Foi um aprendizado, nunca tive pressa.
Quantos associados têm o sindicato hoje?

Houve um trabalho muito forte que foi realizado pelos dirigentes anteriores. A inserção na comunidade passou a ser mais evidente com uma estrutura fantástica, contando com 5 advogados, 30 dentistas, uma parceria com escolas técnicas como SENAC, SENAI, departamento de previdência, Associação dos Aposentados, um clube forte, hoje as inscrições ultrapassam 100 times de futebol. A inserção política do sindicato também foi fortalecida. Hoje contamos com mais de 12.000 associados, abrangendo Piracicaba, Rio das Pedras e Saltinho. Estamos estendendo a base para Charqueada e São Pedro, há uma previsão de crescimento da base industrial nessas localidades.

É bastante significativa a abrangência do sindicato.

É grande e vai aumentar. Com a chegada da Hyundai, seus fornecedores, outras empresas que devem vir á região. O setor metal mecânico em 2011 deve chegar em 30.000 metalúrgicos.

Sua eleição como Presidente do Sindicato pela primeira vez foi em que ano?
Foi em 1994, no dia 12 de janeiro. A cada 4 anos tem a reeleição.

Como vereador sua primeira eleição foi em que ano?

O primeiro mandato foi em 2004 com 7.907 votos. O segundo mandato foi com 9.018 votos. Foi um trabalho, com uma história. Hoje o sindicato é muito forte dentro das fábricas. Noventa por cento dos trabalhadores tem refeição, café da manhã, convenio médico, uniforme, vale compra, participação nos resultados das empresas, cursos de qualificação profissional. A própria ascensão do nosso clube foi muito significativa. Defender o trabalhador dentro da fábrica é uma questão, mas quando ele sai da fabrica ele é um cidadão. Fizemos um projeto para defender além do metalúrgico, defender o cidadão. No bairro dele precisava de creche, de escola, de asfalto, de área de lazer. Quando ele perde o emprego ele também perde os benefícios que ele tem. O sindicato passou a visualizar essa cidadania. Entendemos que temos que defender o trabalhador dentro da fábrica e o cidadão fora da fábrica. Esse é o motivo para a candidatura para vereador.

O trabalho como vereador é complexo em decorrência da burocracia?

É muito complexo! Acostumados como lideres sindicais, afeitos a realizações, sentimos a diferença, o vereador não faz, ele fiscaliza, faz indicações. Pode fazer um projeto. A burocracia do serviço público trava. Nós temos conseguido realizar um mandato diferenciado. Quero agradecer ao Prefeito Barjas Negri que teve essa sensibilidade também. Tomei posse em primeiro de janeiro de 2005, no dia 4, o primeiro projeto de minha autoria, foi desenvolver as escolas técnicas. Fui visitar a Escola Industrial, do Centro Paula Souza, hoje Escola Febeliano da Costa. A partir dali senti a necessidade de desenvolver esse setor, Piracicaba poderia ter um crescimento, por causa do setor sucroalcooleiro. Achamos que tínhamos que preparar essa mão de obra. Começamos em 1994, como sindicato. Como vereador foi feito um trabalho mais aperfeiçoado. O Centro Paula Souza que tinha 400 alunos tem mais de 1.400 alunos. A escola foi totalmente reformada. O prefeito nos ajudou muito. O jovem, o trabalhador tem que estar constantemente qualificado. Todas as conquistas de escolas técnicas criadas em Piracicaba, foi fruto de um trabalho que participamos efetivamente. O empresário quando procura uma cidade busca estrutura já existente.

Há alguma aspiração maior por parte de José Luiz Ribeiro?

Acho que o trabalho que tenho desenvolvido deu essas credenciais. Sou Diretor da Federação Parlamentar dos Metalúrgicos, Membro da Força Sindical, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos. Todo homem público que tem como projeto o bem comum, a qualidade de vida, ele tem que usar a política como esse instrumento. Não com o objetivo de benefício próprio, mas da coletividade. Quem saiu do Barreiro Rico e teve contato com pessoas de expressão nacional como Covas, Geraldo Alckmin, Serra, Lula deve seguir em frente.

Como é o Lula?

É tranqüilo. Nas duas vezes em que esteve em Piracicaba, nos encontros que tive com ele em Brasília, sempre ele foi muito espontâneo.

Como ele o chama?

Zé! Na última vez em que estive com ele, logo ele foi dizendo: “- Nossa! Como você engordou!”.

Visitando empresas de outros países foi possível perceber uma crescente maturidade na relação entre empregador e empregados?

Estive duas vezes na Suécia, na Holanda, na França, México, Coréia, três vezes nos Estados Unidos, China, tudo isso me credencia a procurar a ajudar no melhor entendimento entre empresas e empregados. O sindicalismo brasileiro é completamente diferente dos sindicatos de cada país, ou como no caso dos Estados Unidos, há uma variação em cada estado americano. Hoje muitos sindicatos já estão trabalhando dentro de empresas, procurando opinar na melhor produtividade de cada empresa.

No Brasil, em particular, o sindicato é visto como adversário da empresa?

Ainda tem essa cultura, hoje ainda temos algumas alas do movimento sindical que atuam de forma radicalista, uma atitude que não traz resultados positivos para ninguém. Sempre fui a favor do sindicato de resultado, de negociação. Tem que existir a empresa, para existir o trabalhador e existir o sindicato. Defendo um sindicalismo reivindicatório, que exija condição de trabalho, qualidade de vida, mas com negociação. Acho que esse foi o grande salto do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba. Uma empresa para dar lucro ela tem que ter qualidade, produtividade, ela tem que ser competitiva.

Há uma carga tributária muito pesada sobre as empresas e trabalhadores?

Ás vezes um trabalhador custa o dobro para a empresa. Além da carga tributária que é altíssima, muitas empresas tem que assumir encargos como transportes de trabalhadores. Na Europa o salário do trabalhador é altíssimo, e você não vê uma empresa oferecendo ônibus, plano de saúde, seguro. O governo é obrigado a dar. Precisamos fazer com urgência fazer uma reforma tributária em nosso país. Isso deve envolver congresso, empresário e trabalhadores. Se todo imposto que é pago revertesse ao trabalhador com certeza o salário do trabalhador dobraria.






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