sábado, agosto 25, 2012

EGÍDIO MAURO FILHO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de agosto de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados na Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/


ENTREVISTADO: EGÍDIO MAURO FILHO
Egídio Mauro Filho é piracicabano, nascido a 23 de novembro de 1955, filho único de Egídio Mauro e Olga Pinto Fonseca Mauro. Seu pai foi o que na época denominava-se Guarda Livros e o “braço-direito” de um dos grandes nomes da indústria açucareira brasileira, o senhor Pedro Ometto. Por 40 anos Egídio Mauro trabalhou na Usina Costa Pinto, ajudando a construir o complexo industrial Cosan. (Joint Venture formada entre Cosan e Shell, a Raízen é uma empresa brasileira responsável pela produção de mais de 2.2 bilhões de litros de etanol por ano). A professora Olga, mãe de Egídio Mauro Filho, lecionou no Porto João Alfredo. (Em homenagem ao senador João Alfredo Corrêa de Oliveira, autor do projeto da Lei Áurea, Em 1945, João Alfredo ganhou um novo nome, por determinação do CNG – Conselho Nacional de Geografia: Artemis). O casal comprou um sítio em Porto João Alfredo, em 1955. A propriedade produz cana-de-açúcar por 55 anos, é fornecedora da Cosan.
Você é um apaixonado pelo Rio Piracicaba?
Além da paixão pelo Rio Piracicaba, tenho um vínculo muito grande com Artemis, o meu pai comprou o nosso sítio no ano em que nasci, considero-me nascido e criado lá. O mundo foi nos ensinando que o uso múltiplo da água é benéfico á natureza, á saúde, á população. A água permite ser usada como meio de transporte, como forma de turismo e lazer. Através dela gera-se energia. A água permite inúmeras possibilidades de uso.
Seus estudos foram feitos em quais estabelecimentos?
Os três anos primários, eu estudei no Grupo Escolar Prudente de Moraes. Os 13 anos seguintes estudei no Colégio Dom Bosco, até concluir o científico. Mamãe cedinho ia dar aula em Artemis, ia de jardineira, como era denominado o ônibus da época, nós tínhamos uma casa na Rua Regente Feijó. Dessa casa é que eu ia para a escola. Eu gostava muito de futebol de salão, joguei bastante no Colégio Dom Bosco. Muitos padres jogavam futebol, entre eles o Pe. Bordignhon (Luiz Ignácio Bordignhon Fernandes) eu sou da turma do Gatãozinho, Serelepe, Mandi, João Pauli. Como legado dos padres salesianos ficou uma educação que preservamos para o resto da vida.
Você fez cursinho para prestar o vestibular?
Fiz um pouco no CLQ e fiz no Objetivo em São Paulo. Eu tinha conquistado o recorde brasileiro de levantamento de peso pelo Clube de Regatas de Piracicaba, na época foram 100 quilos de arranco e 135 quilos de arremesso, isso foi em 1975. A disputa foi em São Paulo, no Clube Pinheiros. O Clube de Regatas desfiliou-se da Federação Paulista de Levantamento de Peso, eu fui convidado a treinar no Clube Pinheiros custeando os meus estudos no Curso Objetivo, no prédio da Gazeta na Avenida Paulista. Eu morava na casa de um parente em Santana, ia de metrô ao cursinho, e a noite ia ao Clube Pinheiros treinar. Aumentei o recorde para 105 quilos no arranco. Entrei na Faculdade de Agronomia em Espírito Santo do Pinhal, com isso interrompi o treinamento de levantamento de peso. Em 1980 me formei como engenheiro agrônomo. Trabalhei na Usina Costa Pinto, como estagiário, depois como agrônomo. Permaneci lá de 1977 a 1984.
Você é casado?
Sou, conheci a minha esposa na casa de uma tia dela em Piracicaba, ambos tínhamos 17 anos. Eu tinha muita amizade com o pai dela, pescávamos juntos, mas não aconteceu de ele a apresentar para mim. Seu nome é Marisa Modesto de Paula Mauro, ela cursou Ciências Domésticas na ESALQ. Casamos em 1981 na Matriz da Vila Rezende, o celebrante foi o então padre, hoje monsenhor Jorge, um corintiano roxo. O casamento foi no dia em que o Corinthians jogava, ele estava com tanta pressa em assistir o jogo que nem juramento eu fiz. Após 30 anos de casado ele abençoou o nosso casamento, foi quando ele me fez fazer o juramento.
Vocês têm filhos?
Temos quatro filhos: Tatiana formada em Comércio Exterior, Karina que é veterinária, Egídio Mauro Neto agrônomo, Caroline Modesto de Paula Mauro agrônoma também.
Como você fazia para ir até Espírito Santo do Pinhal?
Morávamos em quatro na República Piracicaba: eu, Marcos Trevelin filho do Dr. Trevelin da ESALQ, Alberto Saliba filho do Dr. Wahibo Saliba e Ernani Dias Gonzaga sobrinho do Sinhô. Eu ia com uma Veraneio ano 1973, que tenho até hoje. Era rosê metálico, hoje é azul. Andei 600.000 quilômetros com ela a gasolina, depois retifiquei o motor, em 1979 o Consentino retificou o motor, passou a álcool andei mais 400.000 quilômetros. Em 1997 passei o motor para diesel.
Você tocou na fanfarra do Dom Bosco?
Eu tocava bumbo, tínhamos um uniforme muito bonito. Aprendemos a ter civismo.
Você freqüentava cinema?
Freqüentava cinema, tinha aulas de judô com os irmãos Mubaraki, que tinham a academia em cima do Cine Polyteama.
O que você acha da pratica de esportes, de uma forma geral?
É imprescindível para todos os jovens. O jovem que pratica esportes tem uma herança fantástica no seu rumo de vida. É um complemento da educação. No esporte se aprende muito, inclusive a respeitar o próximo. Atualmente ando muito â cavalo e caminho bastante. Por 30 anos fiz romaria de Piracicaba até o Cristo na Fazenda Barreiro Rico, são 65 quilômetros e 11 horas de trajeto.
Você é um apaixonado pelo campo?
Eu gosto demais, sou muito apaixonado. Faz 32 anos que estou lá, meus filhos foram criados no sítio.
Existe uma ponte de ferro, tradicional em Artemis, é verídico o fato de aviadores passarem sob ela?
Kazuo (Mário) Myazaki, Tito Botene passaram.
Qual é o simbolismo da ponte de ferro para Artemis?
É um marco, ela foi construída na época em que se cogitava em levar a estrada de ferro além da estação de Artemis, passando por Anhembi indo até Botucatu. Ela foi dimensionada para trafego pesado. Foi construída em 1917 com tecnologia e material inglês. Artemis é banhada pelo Rio Piracicaba, a distância entre margens varia de 80 a 100 metros. A profundidade onde era a balsa da usina chega a ser de 4 metros. A média é de 1 metro e meio de calado. Artemis quando se chamava Porto João Alfredo, foi um terminal de cargas. Tínhamos a integração de transporte ferroviário, fluvial e terrestre. Havia uma pequena estação para passageiros e depois a própria ferrovia fazia um trajeto em forma de pêra e passava na beira do rio, onde havia um barracão para armazenar carvão, madeira de lei, café. Eram embarcados para Santos.
Se uma pessoa subir em um barco de passeio em Piracicaba até onde pode chegar navegando?
Sai do centro de Piracicaba, através das eclusas já existentes via centro-oeste irá até São Simão, em Goiás. Até Pereira Barreto se navega pelo Tietê. Lá a CESP construiu um canal de 9 quilômetros de extensão ligando o Tietê a um rio denominado São José dos Dourados. represado tendo Três Lagoas de um lado e Jupiá de outro lado. Esse canal artificial ligou a hidrovia do Tiete ao rio São José dos Dourados, subindo o Rio Paranaíba até São Simão em Goiás. Há uma teoria que afirma que o Rio Tietê é um rio que nasce e morre dentro do Estado de São Paulo. O Rio Piracicaba nasce em Minas, corta o estado e desemboca no Paraná. Na minha concepção deveria se chamar Hidrovia do Piracicaba e não Hidrovia do Tietê-Paraná. O Tietê desemboca no Rio Piracicaba em Santa Maria, acima um pouco de Barra Bonita.
Você já foi até a nascente do Rio Piracicaba?
Cheguei bem perto. Ele nasce em Minas depois é formado pelo Rio Atibaia e Jaguari, em Americana, onde passa a ser denominado Piracicaba. É um rio federalizado, corta dois estados da federação. Por isso qualquer tipo de estudo, de impacto ambiental a ser feito nessa hidrovia como a barragem de Santa Maria, tem que ser feito através do (EIA / RIMA) Estudo de Impacto Ambiental Relatório de Impacto Ambiental em âmbito federal junto a Secretaria de Meio Ambiente Federal. O Rio nasce em Minas, cruza São Paulo e desemboca no Paraná. Desde que feito um estudo de impacto ambiental e para seguir esse estudo tem que haver medidas mitigadoras para esse processo, são aquelas destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir sua magnitude. Se derrubar uma peroba centenária em contrapartida deve ser plantada 100, 200, de acordo com o estudo. Não dá para parar um progresso por causa de uma peroba, certa espécie de rã, que estão lá. Cria-se outro habitat com facilidade. Temos técnicas super avançadas, técnicos de competência reconhecida no mundo todo, que muitas vezes ficam cerceados por haver certo xiitismo (situação em que o indivíduo tem opiniões, posições e atitudes extremamente radicais) por parte do Meio Ambiente em cima dessas leis.
Há um “engessamento” feito por pessoas despreparadas?
Tenho um grande sentimento, obtido em grandes audiências públicas, de que essas pessoas não participam de nada, no decorrer de todo o processo não fez sequer uma descida de barco, não conhece nada, e às vezes vem colocar certos empecilhos absurdos. Sem embasamento técnico nenhum. Sente o prazer de contestar, ganhar poder, projeção.
Navegando você saiu de Piracicaba e foi até qual lugar?
Saímos de Piracicaba e fomos até São Simão, em Goiás. Foram 1.1000 quilômetros, 11 dias de viagem, isso foi na comitiva com José Luiz Guidotti, fomos em 11 barcos de recreio, com motor de propulsão de 25 cavalos, seis metros de comprimento, bordas altas por causa da represa, largura de 1 metro e 20 centímetros a 1 metro e sessenta centímetros. Dormíamos em barracas e fomos acomodados por todas as prefeituras, a CESP Companhia Energética de São Paulo nos deu apoio. Fizemos um reconhecimento do Vale dos Rios Tietê, Piracicaba e consequentemente do Rio Paraná.
Como está a mata ciliar desses rios?
Saindo do Município de Piracicaba, você não se vê mata ciliar. Está tudo tomado por plantação de cana de açúcar até São Simão.
Isso é legal?
É um costume que existia, da Constituição de 1988 para cá é que começou a se dar ênfase a determinados recuos de 80, 100 metros. Está sendo obrigado a fazer a reposição, em determinados estados é obrigatório a reposição de 20% das matas naturais. Houve um desmatamento desordenado na ocasião em que foi feita a represa de Barra Bonita, a cota 453 (altura com relação ao mar) é o topo da barragem de Barra Bonita. Quando começou a encher começou um desmatamento para não ficarem os galhos no meio da água. Em muitos lugares tem muitos tocos, como no Tanquã por exemplo. Fecharam as comportas, encheram e não deu tempo de fazerem a limpeza que deveria ser feita. Hoje é feito um estudo para que haja a compensação do que vai se perder é disponibilizada uma verba grande para que essas medida sejam mitigadas da melhor forma possível. Se for sumir uma peroba, um jequitibá, será recuperado em uma área livre de qualquer inundação. A própria fauna é tratada com cuidados especiais.
Quais são os peixes típicos do Rio Piracicaba?
Sem querer ser bairrista, o Rio Piracicaba é o rio mais piscoso do mundo. Chega a ter 25 a 30 espécies de peixes, com grande volume. Não é um rio poluído. O maior poluídor do Rio Piracicaba é o esgoto urbano da Grande Campinas. Esporadicamente temos casos isolados de estouro de algum tanque, há dois anos em Limeira houve um acidente com um tanque de tratamento de uma indústria que trabalha com bijuterias. Através do Ribeirão do Tatu caiu muito metal pesado no Rio Piracicaba, veio parar em Artemis e foi uma desgraça. Isso é um fato isolado que foi controlado.
O esgoto urbano de Campinas não é tratado?
Dizem que tratam, mas vimos os problemas ocorridos na SANASA, investimentos errôneos, cassação de prefeito. Desmandos, mal uso do dinheiro público. Há 10 anos tivemos uma reunião do consórcio PCJ Piracicaba, Capivari, Jundiaí composto por 68 cidades.
Você faz parte de alguma associação?
Sou representante da região de Artemis, da Associação dos Moradores de Artemis. Estou na comissão que cuida dos passos dessa nova obra de Santa Maria.
Essa obra afinal será mesmo realizada?
Com certeza. Hoje temos a figura do empreendedor que não existia há 12 anos. A CESP não tinha interesse em transporte. Ela produzia represas, barragens para gerar energia.
Você tem idéia da relação custo e benefício da navegação fluvial de carga?
É uma relação extremamente favorável para a economia. Um comboio no Tietê/Paraná é composto por um empurrador com dois motores fabricados pela Mercedes Benz, Scania, motores grandes, empurra quatro barcaças totalizando a mesma quantidade transportada por 178 carretas de 30 toneladas cada uma, são 7.500 toneladas. Dois motores empurram o que 178 motores transportariam. Você tira 178 caminhões das pistas, cada caminhão tem 30 pneus, economiza combustível, mão de obra, pedágio. A relação custo/benefício é excelente. Isso para produtos de baixo valor agregado. Você não irá transportar porcelana chinesa em barcaças.
Por que o país desperdiça tanto dinheiro?
É um absurdo! O lobby rodoviário, o investimento exclusivo na indústria automobilística, gera um desconforto com relação a nossas autoridades nesse sentido. O mundo inteiro opera hidrovia, ferrovia, inclusive transporte marítimo.
Você vê a possibilidade do governo cobrar pedágio em vias fluviais?
Acredito que não. Não existe manutenção, as eclusas depois de feitas sofrem apenas a ação das águas. Pode ser que exista um lobby do próprio governo, das montadoras de veículos, das empresas de transporte. Hoje entendemos que o transporte rodoviário entrou em colapso. Uma carreta que sai de Piracicaba com vergalhões, com destino ao Rio de Janeiro, não tem carga no seu retorno. Ela vem em cima do trem até São Paulo, onde carrega farpas de papelão para trazer à Klabin em Piracicaba. Do Rio de Janeiro vem em cima do trem, não paga pedágio, não gasta combustível, nem desgasta pneu. O motorista vem descansando em cima. O transporte rodoviário a longa distância é totalmente inviável por rodovia. Jamais podemos fazer o que fazemos, mandar de Paulínia para Cáceres um caminhão de óleo diesel, são 3.000 quilômetros de percurso. Sendo que esse óleo pode ser enviado por hidrovia. Um comboio leva o equivalente a 173 caminhões. Não justifica vir de Araçatuba para buscar 13 toneladas de óleo diesel. Artemis deverá ter um duto de liquefeitos que está previsto pela Transpetro. Há a possibilidade de através de duto levar produtos liquefeitos de Paulínia até Artemis.
Isso não é apenas um sonho?
Isso é um projeto que já existe. O resto do mundo opera assim.
Há governantes que se dizem preocupados com chamado custo Brasil. Essa seria uma das frentes a ser trabalhadas?
Ninguém fala nada a respeito. O lobby rodoviário tem que entender, e já está entendendo, que o transporte de ponta é muito mais rentável do que o de longa distância. Não se justifica transportar soja através de 3.000 quilômetros por rodovia. Se não for ferrovia, hidrovia ou marítima é inviável. A empresa de transporte pode operar as pontas. Nossas hidrovias têm 2.400 quilômetros já navegáveis, pode se chegar até Foz do Iguaçu. Pode ser carregado um comboio aqui em Artemis e ir até Itaipu, com o equivalente a 170 carretas de óleo diesel, por exemplo. Através de barcaças até Cáceres se transporta sem dificuldade nenhuma. Não cai um pingo de óleo na água, não há poluição. Na década de 50 quando foi feita a represa de Barra Bonita, soltaram tantos alevinos que hoje é necessário colocar o tucunaré para realizar o equilíbrio natural das espécies. Há determinadas épocas que existem muitos peixes por metro cúbico de água.
Qual peixe é o rei do Rio Piracicaba?
Há pouco tempo era a tilápia. Houve uma pesca desenfreada por parte de pescadores profissionais, havia mais de 400 pescadores, chegaram a tirar até 100 toneladas de tilápia por dia do Rio Piracicaba. Havia três frigoríficos operando, iam para a Bahia, para Florianópolis, de onde traziam camarão. Hoje persiste o curimbatá, a piava, muita piapara, pacu, mandi, muito dourado, muito pintado. A própria represa de Barra Bonita quando fez o reservatório inundou 14.000 alqueires de terras, na quota 453, que é o topo de barragem. O dourado de Piracicaba é um peixe de costa larga, gorduroso, não se exercita para poder pegar isca. A alimentação é tão abundante que ele come muito fácil.
A idéia é tornar Artemis navegável?
Artemis já foi um terminal de cargas no passado próximo, 50 a 60 anos passados. Não precisou naquela época de Ciência e Tecnologia, IPT, Secretaria de Estado de Transporte. A vocação do Rio Piracicaba até Artemis era navegável, lógico que em pequena escala, de calado baixo. Empresas férreas mantinham depósitos lá. Hoje houve um aprimoramento técnico, os motores não são mais a vapor. Num futuro próximo poderão ser movidos por energia solar. Artemis deve atualizar o que já existia. O bicho homem acabou com as ferrovias, não temos calado suficiente para as barcaças tem que ser feita uma barragem em Santa Maria, o calado ideal para essas barcaças é de 2 metros e 80 centímetros. O comboio sai daqui e vai até São Simão ou até Foz do Iguaçu sem problema nenhum.
Essa barragem de Santa Maria é cantada e decantada há muitos anos.
Até então não existiam as figuras do empreendedor nem do investidor. Hoje já mudou. Dilma Rousseff foi até Araçatuba recentemente, em outubro do ano passado, onde estive presente, e ela fez o que não tinha acontecido desde a década de 50, quem fez as seis barragens existentes foi a CESP, foi o povo do Estado de São Paulo. A Dilma fez o investimento de 900 milhões em Araçatuba e o Governador Alkimin pôs mais 600 milhões, gerando recursos para a barragem de Santa Maria, com conseqüência em um terminal de cargas em Artemis. Não se trata de 50 quilômetros de Artemis até Santa Maria, que hoje não é navegável, estaremos trazendo 2.400 quilômetros para dentro do mercado consumidor. Já fizemos uma viagem com calcário até Hernandárias no Paraguai, um país que faz todo seu transporte de cargas por rodovia, passando pelo Brasil. Paranaguá chega a ter 60 quilômetros de fila de caminhões na espera para descarregar no porto. Precisamos aplicar em Artemis um pouco da técnica que existe e vimos no Mississipi, no Tennessee. Estive por três vezes naquela região para conhecer com profundidade o EIA/RIMA, como foi feito. Os rios Tennessee e Mississipi banham oito estados da federação. Fizemos aqui Relatório Ambiental Preliminar – RAP 1 e 2. Esses estudos geraram 11.000 páginas. Estivemos na sede do Tennessee Valley Authority (TVA), O EIA/RIMA do Tennessee e do Mississipi tem 180 páginas! Dá para ler e dá para fazer. Tivemos a oportunidade de conhecer uma tribo Cherokee, antes era um vale tão fundo que nem corvo chegava. Quando se inundou foi criada uma réplica de toda a tribo que os índios tinham, em nível de vertedouro, que nunca irá ser inundada. Em fins de semana passam barcos com 600, 800 a 1.000 turistas. Os índios comercializam todos seus produtos típicos, alimentos, cobram muito bem para posarem em fotos com turistas. Tornaram-se ricos, andam de helicópteros, caminhonetes. Esse é o desenvolvimento sustentável.
Algo semelhante pode acontecer na nossa região?
No mínimo serão gerados 100.000 empregos indiretos. O turismo será fantástico. Cria-se um lago. Artemis terá uma marina natural. A proposta é de colocar mais 4 metros acima da cota de Barra Bonita que teria cota 453, e nas imediações do Tanquã cota 457 tendo 2 metros e meio a 3 metros de calado que precisa em Artemis.
Você fez várias viagens com técnicos da CESP e do IPT?
Fiz 56 viagens de barco com esses técnicos durante oito anos. Acompanhado de autoridades, barcos da CESP, helicóptero. Não foram medidos esforços, tudo foi esmiuçado. Sabemos onde está o jacaré do papo amarelo. A piava da casca dura. A perobeira centenária. No Rio Piracicaba tem muito peixe chamado cascudo, mandi. O que está acabando é o mandi branquinho, o mandi chorão, tinha muito, hoje está em extinção, o pato biguá, esse pato preto, tem predileção pelo mandizinho. Os recursos existentes hoje são maiores do há alguns anos. Temos a ESALQ, o CENA, a UNESP de Jaboticabal, existem catedráticos em piscicultura. Tive a oportunidade de estar na França, no Vale do Rhône, fomos de barco de Lion até Marselha, são 800 quilômetros, conhecendo todas as eclusas. Lá foram abolidas as chamadas escadas de peixe, foram transformadas para fazerem campeonatos de caiaque. Ha irrigação de videiras com águas retiradas do Rhône. Foi dada uma concessão para a Companhia Nacional do Rhône usar por 100 anos. Nós temos em Piracicaba órgãos altamente qualificados para estar repovoando a área que irá ser degradada. Inseminando uma fêmea e colocando em cativeiro, colocam-se milhares de alevinos no lago. Onde será a barragem o Rio Piracicaba terá 1200 metros de largura. Empresas particulares têm interesse em aproveitar a energia que será gerada.






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