sábado, agosto 25, 2012

JOÃO CARLOS TEIXEIRA GONÇALVES

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 25 de julho de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO: JOÃO CARLOS TEIXEIRA GONÇALVES
Professor universitário leciona marketing e propaganda na UNIMEP, jornalista, profissional de marketing, promotor de eventos, assessor empresarial e político, João Carlos Teixeira Gonçalves vivenciou e participou de grandes eventos culturais e artísticos ocorridos nas ultimas décadas em Piracicaba. Carlinhos Gonçalves como é popularmente conhecido, transitou pelas diversas mídias da nossa cidade, em períodos de grande efervescência cultural, onde as mudanças ocorridas no planeta refletiam em nossa cidade. Pode-se dizer que foi um período único e memorável, um divisor de águas no aspecto de hábitos e costumes. João Carlos é piracicabano, nascido a 24 de outubro de 1951, casado com a jornalista Eliana de Fátima Caro Gonçalves, que administra o Sebo 33 situado na Avenida 31 de Março, 812. Tiveram duas filhas, Vanessa e Ohana. fez seus primeiros estudos no Grupo Escolar Moraes Barros, sua primeira professora foi Ângela Maria Consolmagno. Morou junto a Escola Industrial (Escola Técnica Estadual “Cel. Fernando Febeliano da Costa) onde ocorriam os maiores jogos de basquete do interior do estado, as grandes estrelas do baquete nacional Maria Helena, Heleninha eram de Piracicaba. Em frente a escola havia o popular bar do Seu Moretti, era ponto de parada do bonde.
Você lembra-se de uma história envolvendo um professor e o bonde?
Diz a lenda, que o Professor Zocante, pessoa de estatura avantajada, quase dois metros de altura e forte como um touro, pilotando uma motocicleta possante, ao que dizem uma Harley Davidson, chocou-se contra o bonde descarrilando-o. A linha do bonde é diferente da linha de trem, a superfície de contato é menor, a roda do bonde descarrila mais facilmente.
Onde foi o seu primeiro emprego?
Com sete a oito anos, comecei trabalhar no armazém de Romeu Meira Barros, situado na Rua Alferes José Caetano entre a Rua Monsenhor Rosa e Rua Regente Feijó. Ele foi um dos primeiros proprietários em Piracicaba da lendária motocicleta Vespa. Ele era janista “roxo”, fazia campanha política para Jânio Quadros, colocava várias crianças na Vespa, cada uma com uma vassoura na mão. A vassoura era o símbolo adotado por Jânio. Romeu teve também a famosa Lambreta, as entregas do armazém eram feitas por essas motocicletas. Trabalhei por alguns anos nesse armazém. Decidi estudar na Escola Indústrial, isso foi em 1968, montamos o Grêmio Estudantil da Escola Indústrial. Um dia fui levar material do Grêmio Estudantil para ser publicado no “O Diário”. Entrei, foi paixão a primeira vista, conheci a clicheria, o funcionamento do jornal, conheci seu proprietário, Cecílio Elias Neto. A partir de então não saí mais de dentro de “O Diário”. Nesse mesmo período fui levar uma nota para ser divulgada pela Rádio Educadora de Piracicaba, lá conheci Pantaleão Perillo Júnior, que tinha vindo da Rádio Tupi, tinha sido uma das primeiras vozes a falar na televisão brasileira. Na Educadora também estava Roberto de Moraes Sarmento. Junto com Fausto Guilherme Longo montamos o programa “Postal Sonoro do Brasil” criado por Moraes Sarmento, por duas horas enfocávamos regiões do Brasil. Os tipos de música de cada região. No primeiro ano Moraes Sarmento juntamente conosco apresentava o programa. Foi ele que nos ensinou a fazer o roteiro, apresentação e toda produção de um programa de rádio. Após esse período ele saiu e deixou Fausto e eu apresentando o programa. Permancemos por mais de três anos na rádio.
Nesssa época onde funcionava “O Diário”?
Ficava na Rua Prudente de Moraes, no local onde hoje é o banco HSBC. Ao lado existia em um sobrado o escritório do famoso advogado Dr. Cunha, onde muitos profissionais foram seus assistentes. No outro lado do prédio de “O Diário” ficava a residência e consultório do Dr. Samuel de Castro Neves. Na época de “O Diário” um fato que nos marcou, foi um menino que lá chegou e em pouco tempo tornou-se o redator chefe de “O Diário”, era Evaldo Vicente. Mais tarde esse menino passou a ter o seu próprio jornal, “A Tribunade Piracicaba” que depois passou a se chamar Tribuna Piracicabana. Evaldo é um dos patrimônios que ajudaram a fazer a imprensa piracicabana.
Quais foram suas primeiras atividades no “O Diário” ?
Iniciei trabalhando na revisão, começava as 22 horas e ia até o fechamento do jornal, 3, 4, 4 horas e 30 minutos. Fatos que aconteciam as 2 horas da manhã, no outro dia eram notícias publicadas. Isso no tempo do linotipo e da clicheria, gravava-se em zinco. (Clichê nada mais é de que um carimbo muito usado no ramo gráfico. Ele pode ser confeccionado nos seguintes materiais: Zinco, com espessura 1.5mm ou 3mm, Nylon, Cyrel, Silicone dependendo de como for a impressão). Com chumbo eram feitas as letras, no zinco as fotografias. Tempo de José Maria Ferreira, Padre José Maria de Almeida, Alceu Marozzi Righetto, Adolpho Queiroz, Carlos Colonnezzi que é um grande produtor de televisão, produziu Silvia Popovic, Globo Reporter, Araken Martins, Zago, Edicel Clemente, Carlos Moraes Júnior, Manoel Sampaio Mattos (Mané Cambito) ele tocou no conjunto “Os Cambitos”. Os grandes políticos freqüentavam “O Diário”. Ali conheci todos aqueles que de certa forma influenciaram politicamente os destinos de Piracicaba. “O Diário” foi um celeiro intelectual, por ali passavam os intelectuais e políticos da cidade. João Chiarini conheci quando eu era ainda menino, ajudei-o a fazer a mudança dos seus livros, demoramos uma semana. Ele mudou da Rua Regente Feijó esquina com a Rua Alferes e foi para a Rua Santo Antonio esquina com a Rua Voluntários de Piracicaba, onde hoje há um edifício. Transportamos os livros em uma carriola, lotando duas garagens e prateleiras até no banheiro. Não tinha onde colocar livros, mais tarde ele foi acomodando em seu devido lugar. Conheci no “O Diário” o grande presidente do XV de Piracicaba. Romeu Ítalo Rípoli, assim como o Comendador Humberto D`Abronzo que era concunhado de Romeu Meira Barros.
Suas atividades nos meios de comunicação começaram com o Grêmio Estudantil?
O Grêmio foi o ponto de partida para mim e para Arari Sanches Correia, hoje ele tem uma clínica de fisioterapia no Vale do Paraíba. Eramos empreendedores, ele foi presidente e eu diretor social, depois fomos diretores do Clube Cistóvão Colombo. Alguns anos mais tarde montamos uma empresa, a Aracar Produções Artísticas, foi a primeira empresa a trazer o circuito universitário para o interior paulista. Marcos Lázaro foi o empresário que lançou grandes artistas brasileiros, quando ele pensou em criar o circuito universitário fomos trabalhar com Marcos Lázaro. Arari e eu fomos à São Paulo, apenas com nossa determinação, sem recursos.financeiros. Marcos Lázaro deu sua autorização para trabalhar com o circuito universitário, que era uma forma de trazer os grandes artistas para o interior do estado, espetáculos que o interior nunca tinha visto. Trouxemos á Piracicaba espetáculos só vistos em grandes centros, eram apresentados no Teatro São Jose, vinculado ao Clube Coronel Barbosa. O diretor social era Mário Monteiro Terra,sempre foi muito receptivo às nossas iniciativas, ele tinha entre suas atividades a de cronista social, foi Secretário de Turismo. Outra pessoa que foi fundamental nesse processo de trazer grandes artistas e espetáculos á Piracicaba é o Fagundinho, Luiz Antonio Lopes Fagundes, também conhecido como “Touché”, ele foi Secretário do Turismo, sempre teve uma visão aberta ao crescimento de Piracicaba.
Você trouxe nome e espetáculos famosos.
Trouxemos Tom Zé, Dzi Croquettes, Rita Lee, Toquinho e Vinicius, Maria Creuza, Gal Costa, Taiguara, Elis Regina, Secos e Molhados, Pepita Rodrigues e Dolabela, Martinho da Vila através do Mario Terra que tinha a coluna “Quem é Quem”. Ele fazia um baile no final do ano, eu era produtor e estava junto com o Mário, trouxemos Pedrinho Mattar ao piano, Sandra Brea cantando e dançando, Miele contando piadas, cantando e dançando. Fizemos o show no Teatro São José, estavam presentes 2.500 pessoas, o início do show seria no domingo as 19 horas e 30 minutos, eles não tinham chegado, e nem telefonado, não existia telefone celular na época. Cecílio Elias Neto perguntou-me: “Você tem certeza de que contratou esse show?” As 20 horas e 45 minutos chegaram Miele e Pedrinho Mattar. A Sandra Brea chegou a 21 horas e 30 minutos. O Tatão Galdino era produtor de arte do MASP, eu trabalhei com ele, produzíndo shows domingo a tarde, no vão do MASP, lembro-me de alguns artistas como Jorge Mautner, Made in Brazil, Joelho de Porco, David Gordon, Taiguara. Através do Tatão Galdino é que conheci Ney Matogrosso, ambos dividiam um apartamento. Trouxemos peças como Jesus Cristo SuperStar, Hair, eram peças de sucesso na Broadway, foram espetáculos revolucionários. Fui diretor de teatro do Teatro Universitário ´ Luiz de Queiroz´ (TULQ). Fernando Muralha era diretor de teatro do TULQ, quando ele saiu o grande diretor de novelas da Globo, Silvio de Abreu dirigiu uma peça de teatro no TULQ em Piracicaba. “Metamorfose” de Kafka foi dirigida por Francisco Ferreira, irmão de José Maria Ferreira. Trazíamos esses artistas à Piracicaba, geralmente quando terminava o show íamos jantar, conversar, a própria Gal Costa depois do show levamos para conhecer a Rua do Porto, o Bar do Tanaka, ela adorou. Ronaldo Ciambroni é um autor, diretor e ator foi premio de teatro infantil, quando vinha a Piracicaba ficava na minha casa. Eu trouxe várias peças infantis para o Teatro São José. Alceu Righetto foi o primeiro secretário da Ação Cultural de Piracicaba, correu pedaço por pedaço do Teatro Municipal, para concluir o teatro, eu o acompanhei, fui seu braço direito conheço cada palmo daquele teatro.
Você era um agitador cultural?
Era! A Galeria Colombo foi criada por mim. Um dia disse ao presidente do clube, Domingos Cristofoletti, como o nome do clube era Clube Cultural e Recreativo Cristóvão Colombo, se tinha apenas a parte recreativa. Eu era Diretor Cultural do Cristóvão, criei uma biblioteca onde recebia mais de 30 best sellers por semana, além dos clássicos que fui adquirindo e incorporando, transformando-a em uma excelente biblioteca. No porão do clube, na Rua Governador Pedro de Toledo havia uma sauna, a sede campestre já estava sendo construída, Dividimos a sauna pela metade, contratei um arquiteto, fizemos uma grande reforma, transformando aquele espaço em galeria de arte. Através de uma conexão com o médico Humberto Consentino, que residia no Rio de Janeiro, conseguimos trazer grandes nomes da arte plástica do Brasil, muitas exposições deitas aqui eram noticiadas no Rio de Janeiro. Grandes nomes de Piracicaba como Ermelindo Nardin, Joca Adamoli, Irmãos Dutra, Olavo Ferreira, Manoel Rodrigues Lourenço, Roberto Wagner, além de muitos outros artistas expuseram suas obras ali. Criei o Cine Colombo, fui á São Paulo e comprei o telão móvel logo que foi lançado. Fazíamos projeção de filmes uma vez por semana. O telão era acoplado a um carrinho com o projetor. A frequencia de pessoas era muito significativa.
Você viu o Salão de Humor de Piracicaba ser criado?
Sou testemunha do nascimento do Salão de Humor, ele nasceu no “O Diário” em conversa entre Adolpho Queiroz, Carlos Colonnesi, com a idéia do Cera (Antonio Roberto Cera), o pessoal queria montar um salão de história em quadrinhos. Juntamente com Alceu Marozzi Righetto decdiram montar o Salão de Humor, o primeiro foi montado nas instalações vazias do Banco Português.
Além de professor você exerce outras atividades?
Dou assessoria a várias empresas de transportes, metalúrgicas. Trabalhei muitos anos assessorando políticos, prefeitos da região de Piracicaba.
Você é uma versão cabocla de Duda Mendonça?
Não sei dizer, posso apenas afirmar que se for não incluo rinhas de galo e nunca tive mensalão, atualmente não atuo nessa área. Fui o primeiro assessor de marketing de Piracicaba. O Boscariol foi asessor de imprensa na Prefeitura. Comecei na Prefeitura com João Hermann Netto. Depois espalhei pela região toda a promoção da imagem do prefeito na mídia da capital. Não se restringia a uma assessoria de imprensa. Era o marketing político Trabalhei em Santa Bárbara D`Oeste, Rio das Pedras, Charqueada.
É um trabalho difícil?
É complexo, só quem faz sabe como agir, tem que conhecer o pensamento do prefeito, da população, qual é a forma de agir da mesma, o que a Camara dos Vereadores irá falar a respeito do assunto. Assessoria não é apenas acompanhar o político, ajudar a cumprimentar as pessoas. Hoje trabalho com empresas, tenho que saber o que o dono da empresa pensa, quais os canones (regras) da empresa, hoje já existe até disciplina estudando essas regras de empresas, chama-se Cultura Organizacional.
As empresas estão mais preocupadas em criar e manter uma imagem pública?
Muitas ainda não, as multinacionais já trazem essa cultura do seu país de origem. Existe algumas empresas de capital nacional que trabalham sua imagem. A empresa de médio porte está começando a exercer esse trabalho. Ela não é só tomadora da comunidade, tem que trazer algo de volta para a comunidade. É a contrapártida. Essa ajuda pode ser de várias formas e não pode passar desapercebida. Ela pode ajudar no meio ambiente, ou patrocinando uma orquestra sinfônica, orquestra de câmara, um grupo de teatro, são fomas que ajudam a comunidade a se desenvolver.
Um fato muito comum nos Estados Unidos são as grandes somas doadas ou deixadas em herança para universidades, fundações, instituições beneficentes. Isso ocorre no Brasil?
Ja vi coisas assim mas muito pouco, é da nossa cultura. Já vi até fatos inversos, da pessoa deixar algo em benefício a uma instituição e terceiros ligados a família depois dizerem que ele estava fora da sua razão quando doou aquilo. Nos Estados Unidos a pessoa deixa em testamento fundos por exemplo, para o Instituto de Pesquisa do Cancer.
Como anda a cultura em Piracicaba?
Estou vendo muitos mesmos, sempre. Deveriam surgirem outros, movimentos culturais, intelectuais. O SESC, SENAC, SESI ajudam a fomentar a cultura. Do que Piracicaba já teve o que existe hoje é muito pouco. Atualmente o individualismo prevalece. Em “O Diário” criei o Prêmio Sérgio Cardoso para os atores de teatro que se destacavam naquele ano. Esse prêmio durou quatro anos, depois acabou. Por dois anos fiz o concurso “A Mais Bela Voz Estudantil”, para revelar cantores.
O que foi o Jardim da Cerveja?
Foi a maior casa show do interior paulista. Uma das maiores casas show do Brasil. O gerente era Cláudio de Brito, tinha a experiência de ter administrado grandes casas show de São Paulo. Pelos próximos 20 anos acredito que Piracicaba não irá ver uma casa com essa mesma estrutura. Tinha a capacidade para 2.000 pessoas. Onde hoje é o CLQ-Objetivo era o Jardim da Cerveja. Tinha dois salões, o salão de baixo era frequentado por casais, dentro do salão havia barricas nas laterais, como se fossem quiosques, com mesas, as mesas eram nas barrica de cerveja, no centro havia mesas também. Havia um palco enorme, uma loja de souvenirs alusivos ao Jardim da Cerveja, vendiam bonecas e bonecos de 30 centímetros, caracterizados como alemães. Canecas á semelhança de um bagaço de cana de açucar, cinzeiros. Havia um marketing muito bem feito. Todos os funcionários, garçonetes, garçons, caracterizados com trajes tipicos da Alemanha. Como conjunto quem inaugurou o Jardim da Cerveja foi “Os Cambitos”: Manoel Carlos Sampaio Mattos,o Mané, Abdo Germano Maluf, Artur Rebocho e José Roberto Rebello. Para dar suporte a banda foram contratados músicos de alto nível. Usberti era um deles, tocava saxofone. João Francisco de Mattos tocava xilofone, piano. Traziam grandes sucessos para se apresentarem no Jardim da Cerveja. Havia show até de patinadores profissionais. Sérgio Reis no auge do sucesso com “Coração de Papel” veio se apresentar. Grandes bandas se apresentaram no Jardim da Cerveja. O salão de cima era para os mais jovens, o casal ia com os filhos, se os filhos não quizessem ficar naquele ambiente mais clássico, iam para esse salão de cima onde tocavam os conjuntos mais modernos. Anexo ao prédio,na esquina com a Avenida Independência, havia uma casa muito bonita, essa casa era uma época o Chick-Inn, montaram no andar superior uma boate chamada Barbarella, baseada no filme com esse nome, estrelado pela Jane Fonda. Era uma boate com nível de São Paulo.
O Jardim da Cerveja teve algum concorrete?
Depois do Jardim da Cerveja criou-se o Jequibau, ficava ao lado do Clube 13 de Maio, era de propiedade de Pedro Fúlvio Morganti, sobrinho de Lino Morganti, proprietário da Usina Monte Alegre. O Pedro Fúlvio criou o Jequibau para concorrer com o Jardim da Cerveja. Ele trouxe do Jardim da Cerveja o Cláudio de Brito. Foi uma casa que trouxe a Banda do Canecão, Chris Montez, Ronald Golias. Todo fim de semana tinha um artista de renome nacional ou internacional. Era frequentado pela elite de Piracicaba. Quando Pedro Fúlvio vendeu passou a ser Zimbaloo.
Qual é o motivo de ter cessado esses shows?
O que posso dizer é que foram épocas em que Piracicaba tinha uma vida noturna equivalente a da capital, guardada as devidas proporções. Francisco Ferreira em seu livro “Noites de Pira”, narra que tinha conjuntos musicais fervilhando em Piracicaba. No Jequibau vinha os Brazões, Papel Carbono, Fry Bananass que tinha entre seus integrantes o arquiteto Celso que se radicou em Piracicaba.
Como surgiram as gincanas em Piracicaba?
A Rádio Difusora de Piracicaba, “A Emissora das Grandes Realizações”, criou essas gincanas, em uma época abençoada pelos deuses. A gingana era feita passando uma lista com várias tarefas, que teriam que ser cumpridas pelas equipes. Por exemplo: trazer um corvo, iam todos ao matadouro buscar um corvo. Trazer uma caixa de fósforo de papel de 1962 com a estampa do Hilton Hotel. A equipe vencedora ganhava bons prêmios, tinha até automóvel como prêmio. Começava de manhã e durava o dia todo, era uma correria em Piracicaba. Comecei com a Eky-Pé-Chato, o Peru era o chefão da equipe. Fui para a Equype-Lanka quem tomava conta era o Seu Ito Marcon. Paulo Markun veio depois para trabalhar no jornal de João Hermann. As gincanas acabaram, essas equipes transformaram-se em escolas de samba. Décio Picinini vinha participar do carnaval em Piracicaba, saíamos juntos na escola de samba, eu tocava caxeta, agogô. Ele fazia parte do jurado do Programa Silvio Santos. Quando alguém daquele grupo nosso falece o Décio vem a Piracicaba. Quando fui Secretário de Turismo em Santa Bárbara D`Oeste, o prefeito era Hermínio Romano e seu braço direito era Maurício Cardoso, que escrevia Mini-Notas, promovi o primeiro carnaval com decoração de rua naquela cidade, que teve um jurado profissional.
Você participou da Banda do Bule?
Fui um dos fundadores da Banda do Bule. Embaixo da Rádio Difusora tinha um bar de propriedade do Balancini, chamava-se Café do Bule. Ali nos reuníamos, com Alceu Marozzi Righetto, Idico Peligrinotti, Paulinho que trabalhava na Secretaria do Turismo, Leopoldo que esculpia em pedaços de tábua, e outras pessoas que passavam por lá. Pelo fato de trabalhar a noite toda no “O Diário” frequentávamos muito o Café do Bule.
Se voce estivese morando em uma capital, estaria possivelmente comandando alguma estrutura de grande porte?
Acredito que se morase no Rio de Janeiro ou São Paulo, seria quase um fato natural estar inserido no meio cultural dessas cidade. Mesmo morando em Piracicaba, que é o lugar que amo, conseguia ter conexões com pessoas de grande visibilidade nacional. Recebi diversos convites para ir trabalhar em Ssão Paulo, eu era arrimo de família, não tinha coragem de deixar meus pais que já estavam com idade avançada.
Você tem um hobby?
Sou filatelista, numismata. Além de trabalhar com livros, gosto de livros. Tenho um livro sobre relações públicas. Publicado. Estou elaborando outros dois.



























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