domingo, dezembro 30, 2012

MÁRIO (MARITO) ANTONIO CAVICCHIOLI

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 29 de dezembro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO: MÁRIO (MARITO) ANTONIO CAVICCHIOLI
Mário Antonio Cavicchioli nasceu a 18 de agosto de 1949 em Mombuca, é filho de Mário Maria Cavicchioli e Isabel Gomes de Andrade Cavicchioli, que tiveram ainda uma filha: Ana Maria Cavicchioli. Iniciou o curso primário em Mombuca. Quando tinha nove anos seus pais mudaram-se para Rio das Pedras, Mário completou seu estudo no Grupo Escolar Barão de Serra Negra e mais tarde fez o ginásio na E E Prof. Manoel da Costa Neves, conhecida por Macone. O científico estudou em Piracicaba no Instituto de Educação "Sud Mennucci". Estudou Letras na Unimep, especializando-se em Literatura Portuguesa e Inglesa.


Nesse período em que você estudava, também trabalhava?


Essa história de que menor de idade não pode trabalhar é pura conversa. Trabalho desde nove anos de idade. Meu primo era tintureiro em Rio das Pedras, eu passava pelas ruas recolhendo as roupas para ele lavar, principalmente ternos. O horário escolar era sagrado, estudava à tarde e pela manhã trabalhava, saia com um saco branco, esses de farinha de trigo, voltava cheio de ternos para meu primo Dengo Salmazi lavar. Meu pai era funcionário da prefeitura municipal de Rio das Pedras. Ele veio de Mombuca com o intuito de tomar conta da banda de Rio das Pedras, a convite do prefeito Álvaro Biancchin. A família Cavicchioli é constituída por muitos músicos. Por 26 anos meu pai foi maestro da Corporação Musical Santa Cecília, em Rio das Pedras, o maestro anterior era o Zico Gaiola.


Quando eram feitos os ensaios da banda?


Durante o dia meu pai trabalhava na prefeitura e a noite era feitos os ensaios, os primeiros ensaios foram fetos na nossa casa.


Após trabalhar na tinturaria qual foi seu próximo emprego?


As doze anos passei a trabalhar na farmácia do Mário Gobatto e da Dona Lúcia localizada na Rua Prudente de Moraes, onde permaneci por uns cinco ou seis anos. Fazia de tudo: limpeza aplicava injeção. Naquele tempo não havia pronto socorro na cidade, vinham pessoas que trabalhavam na roça com cortes produzidos por “folhão” de cortar cana. O Mário Gobatto é quem fazia as suturas, muitas vezes o Gorga, único médico existente na cidade estava ausente. Eu ajudava. Eu fazia aplicações de injeções em domicílio para pessoas idosas ou que não podiam ir até a farmácia. Com 18 anos ingressei como contínuo no Unibanco, situado no imóvel onde hoje funciona a “Farmácia do Pio”. Nessa época comecei a fazer faculdade na parte da manhã, voltava ao meio dia, trabalhava no Unibanco, quando estava fazendo o segundo ano de faculdade por um período lecionei inglês na Escola de Contabilidade Domingos Justolin, em Rio das Pedras. Ao concluir a faculdade fui para Londres, fazer um curso de especialização em inglês, eu tinha 24 anos, já tinha saído do banco.


De quanto tempo foi a sua permanência em Londres?


Fiz um curo por três meses, voltei a Rio das Pedras quando Antonio Airton Zepelini foi eleito prefeito. Por um ano trabalhei com ele. Essas palmeiras que existem na entrada da cidade foram plantadas quando Rio das Pedras comemorou 80 anos como município. Fui o mentor da idéia, foram plantadas 80 palmeiras, cada uma representando um ano da cidade. Fui ao Dierberger em Limeira, com o caminhão da prefeitura, comprei as mudas e inclusive ajudei a plantá-las. Meu próximo emprego foi na Indústria Romi, em Santa Bárbara D`Oeste, como conhecia a lingua inglesa trabalhei no departamento de importação e exportação da Romi. Fui indicado pelo Antonio Carlos Angolini, que já era funcionário da empresa. O gerente era Aderbal Martins, com laços famíliares em Rio das Pedras, Mombuca. Após um ano, mudei-me para São paulo, ingressei na aviação.


Em qual empresa aérea foi o seu primeiro emprego?


Fui trabalhar do departamento de reservas da Varig onde permaneci trbalhando por seis anos. Em 1976 eu já trabalhava com computador, eram equipamentos enormes, a CPU era do tamanho de uma geladeira, produzidos pela IBM. Eu queria cursar a faculdade de arquitetura, cheguei a fazer cursinho preparatório, mas não consegui ingressar em uma faculdade pública. Fiz só o curso de projeto de arquitetura. Tenho o diploma de arquiteto projetista. O primeiro lugar que morei em São Paulo foi próximo ao Viaduto Maria Paula, ali morava um pessoal de Rio das Pedras, após seis meses fui morar em um apartamento no Paraíso, na Praça Oswaldo Cruz, one morei por nove anos, nessa época minha irmã lecionava e morávamos juntos. Depois mudei-me para a Rua Bela Cintra onde até hoje mantenho meu apartamento. Permaneci em São Paulo por mais de trinta anos.


Você trabalhou em outras companhias de aviação?


Fui trabalhar na Royal Air Maroc, transferi meu período de trabalho na Varig para a noite. Das nove da manhã até as seis da tarde trabalhava na Royal Air Maroc, das sete da noite até a uma hora da manhã trabalhava na Varig. Após uns quatro ou cinco anos a Air Maroc encerrou suas atividades no Brasil, seu escritório ficava no Edifício Itália, fui um súdito do Rei Hassan, meu patrão era o rei, dono da Royal Air Maroc.Naquele tempo as comunicações eram por telex, as mensagens vinham com a assinatura do rei do Marrocos.


Com o encerramento das atividades da Air Maroc, qual foi seu próximo emprego?


Ingressei na Ladeco – Linea Aerea del Cobre, chilena, onde trabalhei por nove anos. A Royal Maroc voltou, me chamaram, trabalhei mais um tempo, a companhia fechou novamente. Fui trabalhar na Canadian Airlines, após algum tempo ela foi vendida para a Air Canada onde me aposentei em 2005.


Por ser funcionário da empresa você tinha alguns privilégios para viajar?


Eu tinha muitas facilidades. Para mim era mais barato passar um fim de semana em Nova Iorque do que vir para Rio das Pedras. Não pagava taxa de embarque, transito para o aeroporto tinha de graça, eu tinha um amigo que morava em Nova Iorque, ele ia me buscar no aeroporto e eu me hospedava na casa dele. Em um ano chegei a ir 14 vezes só para Nova Iorque. Conheci muitos países. Para o Chile fui muitas vezes pelo fato de trabalhar em uma companhia chilena. O fato de ter viajado muito, para os mais diveros países, proporcionpu-me conhecimentos para hoje ser Guia Acompanhante de Viagens Internacionais, dou assessoria aos grupos de passageiros que viajam para o exterior.


Há pessoas que resistem em viajar em grupo por imaginarem que estarão presas a uma programação, sem liberdade individual?


A agência com a qual trabalho, a Século XXI, só para Europa tem mais de 600 programações. O passageiro tem a liberdade de fazer o que quizer. A parte terrestre é feita por onibus, basta o passageiro comparecer no local e hora combinados. Ha passageiros que viajam só para fazer compras, adquire o que deseja para seu próprio uso. Muitos deixam de ver locais históricos, artísticos, como Louvre, Palácio de Versailles, Vaticano, para se dedicarem a compras.


A denominada “Nova Classe Média” está viajando mais?


Pura verdade! As viagens estão muito facilitadas, o preço da passagem de avião, os pacotes turísticos estão muito mais em conta do que ha 10 anos. É mais barato ficar 12 dias na Europa do que uma semana no nordeste brasileiro.


O brasileiro comete gafes em viagens internacionais?


Já vi muita coisa. Aqui mesmo no Brasil, povos de outras origens comentem gafes. Certa vez, eu trabalhava na Royal Maroc, tinha ao lado um colega de trabalho, o Tuzzi, o passageiro chegou com a mala, deu-me o passaporte, precisava pesar a mala na balança ao lado, eu disse-lhe: “- Por favor, primeiro na balança.” Ao invés de só pesar a mala ele subiu na balança com a mala. Era comum o passageiro despachar a mala com o passaporte dentro, na hora do check-in necessita-se do passaporte.


Qual é o seu conselho para quem tem medo de voar?


Basta pensar quantos aviões decolam por segundo no mundo e quantos acidentes aéreos acontecem. É o meio de transporte mais seguro. Em 1998 somei a quantidade de horas que já tinha voado, eram mais de 500 horas.


Há uma ocidentaliação do mundo?


Creio que sim. A interação das civilizações é intensa pela internet, pelas pessoas que viajam, que migram. Há países que ainda são radicais em manter sua cultura. Acredito que a a maioria dos países tem muitas coisas em comum. Em muitos países há mulheres jovens uzando calças compridas, roupas de grife, mesmo em países de cultura mais fechada. Jeans, tenis e camiseta são utilizados em muitos países. O povo europeu tem um certo requinte para se vestir, particularmente o italiano. Motorista de onibus na Itália trabalha com paletó e gravata, parece um executivo. No Canada, a temperatura sendo de 15 graus centigrados é considerada quente, andam de bermudas, inclusive os policiais.


Com relação a alimentação, há complicações?


Os hoteis para os quais levo os turistas, já tem uma estrutura para receber turistas do mundo inteiro, inclusive brasileiros. Só não irão encontrar arroz e feijão. Alguns reclamam que em Paris não tem papaya no café da manhã, é a mesma coisa que ir à Bahia e querer comer damasco no café da manhã. Outros reclamam que o pão europeu é seco. É o pão da Europa. Inclusive existe churrascarias brasileiras na Europa. Em Portugal existe a churrascaria Fogo de Chão.


O Can-Can é mesmo fascinante?


A única casa que mostra o Can-Can é o Moulin Rouge. É uma casa de show enorme com apresentações inesquecíveis. É um espetáculo maravilhoso.


Mário, além dessa atividade em turismo, você é artista plástico.


A arte é um costume em nossa família, quando ainda morávamos em Mombuca, tinhamos olaria, o meu tio Antonio Otávio Cavicchioli, conhecido como Neca, sempre foi um artista, trabalhava com argila, barro, fazia potes, figuras humanas, aninais. Fui aprendendo com ele a técnica, o dom pela arte. Outrs familiares dedicavam-se a musica. Fomos acumulando. Meu pai achava as vezes uma pedra na estrada dizia: “´Olha que bonita essa pedra! Põe lá para enfeitar!”Ou trazia uma planta, uma coisa diferente isso foi criando nosso ambiente. Os alemães dão muito valor para os detalhes em uma decoração natural, ele pega um galho torto, enfeita, coloca na casa, fica bonito, Fui adaptando isso na minha casa. Os lampiões que tenho aqui, comecei trazendo um , outro, depois alguns amigos sabendo que eu gostava me davam de presente, uma amiga, Eliana, que também é artista plástica assim como o seu marido, outro dia me trouxe uns 10 ou 12 lampiões. Todo Natal ponho velas em todos eles e acendo para Jesus.


Como surgiu o presépio que você montou em Santa Bárbara D`Oeste?


Foi fruto de uma oficina de arte que realizo, As primeiras vezes que eu fiz foi em São Paulo, na Fundação Bradesco, na Cidade de Deus. Foi meio por acaso, eu estava acompanhando a palestra de um amigo, quando a pessoa responsável pelo departamento de cultura estava desesperada, procurando alguém para fazer uma oficina de arte para o natal. Apontado pelo meu amigo, mostrei meu curriculo, o que poderia fazer. Por dois anos seguidos fiz essa oficina de arte na Fundação Bradesco. No primeiro ano fizemos uma árvore de natal com cinco metros de altura só com material reciclado, com lixo. A TV Futura foi lá para mostrar o processo de transformação. Isso foi em 2006. Através do Antonio Angolini a Fundação Romi ficou sabendo do meu trabalho. Fiz em Santa Babara o mesmo proceso de trabalhar com material descartado. Neste ano me chamaram e eu propus o presépio. A gruta do presépio é feita de papelão. O Menino Jesus é uma boneca, adquirida em um brechó, transformei, fiz a caracterização, algumas pessoas ajudaram na pré-montagem, a parte artística eu elaborei. O presépio é em tamanho natural, está instalado no espaço onde era o saguão da bilheteria da estação de trem em Santa Bárbara D`Oeste, deve ter entre 40 a 50 metros quadrados. estará em exposição até dia 6 de janeiro de 2013. Fica em frente a Romi, onde foi a antiga Estação da Companhia Paulista de Estrada de Ferro. O presépio pode ser visitado a qualquer hora do dia ou da noite, sete dias por semana, é um espaço público, aberto.











O sentimento de Natal está muito distorcido, celebrando mais Papai Noel do que o nascimento do Menino Jesus?


Infelizmente! Virou comércio. Antigamente colocava-se anjinho dependurado na árvore de natal, hoje colocam até bruxinhas. É uma forma de disvirtuar a essência. Comemorar o natal sem lembrar-se do Menino Jesus é comemorar um aniversário sem lembrar-se do aniversariante. Fazer um bolo, colocar a velinha, cantar o parabéns e não lembrar-se do aniversariante. É uma data instituida pelo cristianismo para celebrar o nascimento de Jesus. Fizeram do Papai Noel o maior vendedor do mundo, a origem, Santa Claus tinha outra finalidade. O correspondente ao Papai Noel italiano é uma bruxa, chamada Befana. A festa maior na Itália é dia 6 de janeiro. O Natal é comemorado dia 25, mas a grande festa com entrega de presentes é no Dia de Reis. Eles dizem às crianças: “ -Se você for bonzinho, no Dia de Reis a Befana vem entregar presente para você! Se for uma criança má, a Befana vem fazer caretas e puxar a sua perna.”














Um comentário:

Anônimo disse...

Querido MARIO,foi um privilégio conhecê-lo na viagem a Israel, onde compartilhamos momentos importantes e de grande amizade.Passamos por momentos ímpares na Terra Santa, e com um espírito humano e cristâo podemos nos conhecer de forma simples, sincera e cristã! Conheci o exterior (o vaso Mario) e um pouquinho do seu interior (sua alma simples, cheio de Cristo, mas também cheio de pecado como todo cristão); isso foi muito bom e fez com que fosse criado entre nós uma amizade passageir que marcou, e hoje sinto necessidade de buscar Mário!
Um pouquinho que retratei a teu respeito represente a grandiosidade que tens dentro de ti: amigão, simples, artista, cão de garda nas viagem com referência ao zelos pelos seus clientes (de viagem), divertido e tudo mais.
Um abraço e um bjão de coraç]ão pra este artista, homem simple e valioso, que Xto o proteja sempre em sua existência, abraço meu e de minha esposa Rui e Tânia Alves.

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