domingo, outubro 14, 2012

AMADEU FRACENTESI CASTANHO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 13 de outubro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: AMADEU FRACENTESI CASTANHO
Amadeu Fracentesi Castanho nasceu a 6 de abril de 1928, em Piracicaba, na Rua da Boa Morte número 51, hoje o número é 1479. É filho de Amadeu Castanho nascido em Capivari, e Olympia Fracentesi Castanho nascida em São Paulo. Seu pai atuava na área de direito, foi fazendeiro, loteou boa parte da cidade, formando alguns bairros como Vila Progresso, Bela Vista, Paulicéia. Em 1923 a empresa Antonio Bacchi & Cia. composta por Amadeu Castanho, Antonio Bacchi e Fernando Costa Sobrinho adquiriu 186 alqueires paulista de terras, tinham como vizinhos a ESALQ e seguiam em uma longa extensão de terras até os confins da Paulicéia, da Avenida Independência até o Piracicamirim.

Quantos anos levaram para lotear essa área toda?

Eles conseguiram a Primeira Carta Patente Federal emitida para o Estado de São Paulo com a finalidade de fazer loteamentos. Lotearam a Vila Bela Vista composta por 512 lotes, vendidos em 60 dias. Depois fizeram a Vila Progresso, Vila Independência, Vila Paulicéia e Vila Piracicamirim. Onde hoje é a Shopping Paulistar, era uma caieira, mina de cal, adquirida pelo meu pai para fazer as casas, pertencia ao Ditoca. A cidade de Piracicaba terminava no pontilhão da Rua Benjamin Constant.

Em que local o senhor passou a sua infância?

Casa onde Amadeu Castanho morou quando menino, na Rua da Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, foi derrubada e hoje é um terreno vazio, ao lado fica a casa onde nasceu o ex-governador Adhemar de Barros,onde hoje funciona uma pesnão.
A minha infância passei na Rua Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, era um casarão que foi dividido em duas casas, a da esquina foi derrubada, hoje é um terreno vazio, na outra onde funciona uma pensão, foi onde o ex-governador Adhemar de Barros nasceu. Na década de 40 havia uma placa alusiva ao fato. Na Rua Ipiranga entre a Rua Governador Pedro de Toledo e Boa Morte havia uma sinagoga, que também foi demolida. Naquele trecho já havia o calçamento de paralelepípedo, a Rua Alferes José Caetano era terra, assim como a Rua do Rosário, que era a rua por onde passava a boiada. A Rua do Comércio, atual Rua Governador Pedro de Toledo era calçada com paralelepípedo. Na Rua Ipiranga quando se encontrava com o Ribeirão Itapeva, formava uma espécie de lagoa, La nós nadávamos, pescávamos guaru-guarus para fazer cuscuz. Mamãe falava: “-Vai até o Itapeva e pega um pouco de guaru-guarus para fazer no almoço!” Ou então: “-Vai na Rua do Porto e pega para amanhã”.

Tinha uma sorveteria muito famosa no centro.

A Sorveteria Paris ficava na esquina da Prudente de Moraes com a atual Praça José Bonifácio. Anteriormente existia embaixo do Clube Coronel Barbosa a “Leiteria Brasileira” Era o melhor sorvete da cidade. Com 12 anos aprendi datilografia e fui trabalhar com o meu pai na Praça Sete de Setembro. Quando eu tinha 4 anos de idade faltou um menino da minha idade, ele deveria estar presente em uma festa no Colégio Piracicabano eu o substituí. Fiz todos os meus estudos, até 17 anos. no Colégio Piracicabano. Em seguida estudei na Escola Cristóvão Colombo, onde me formei como contador. Por dois anos estudei economia na Escola Álvares Penteado próxima a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Morava em uma pensão na Avenida Anhangabaú, próximo ao Mercado Municipal de São Paulo. Eu trabalhava como contador na empresa Tecidos Zacharias S/A, na Rua Vinte e Cinco de Março, 1012. O dono principal era Abdalla Belhaus seu sócio Melhem Zacharias. Naquele tempo contador limpava banheiro, balcão, fazia tudo, só após seis meses colocaram um auxiliar para fazer o resto. Fiquei um ano e meio em São Paulo, minha irmã se casou e minha mãe pediu-me para voltar.

O pai do senhor atuou na área jurídica?

Naquele tempo o pretendente podia realizar seus estudos particulares e submeter-se a um exame em São Paulo, na OAB. Meu pai como solicitador tinha a carteira número 30 da Ordem dos Advogados do Brasil. (Os solicitadores são um misto de advogados, procuradores e consultores jurídicos). Ele era sócio do advogado Antonio Eiras, tinham escritório na Praça Sete de Setembro, 7. Era uma pequena praça em frente ao Teatro Santo Estevão, na época unica rua asfaltada de Piracicaba, uma extensão de 100 metros. A Rua São José não era uma via interompida como é atualmente, ela atravessava a praça, criando entre ela e a Rua Prudente de Moraes a Praça Sete de Setembro. A frente do Teatro Santo Estevão era voltada para a Rua São José. O fundo do Teatro Santo Estevão era na Rua Prudente de Moraes.

No seu retorno à Piracicaba onde o senhor foi trabalhar?

Luciano Guidotti tinha uma loja de louças, era o tipo de “Casa de Mil Réis” tinha muita louça, vidro, copo. Ficava na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua São José. Ele morava na parte superior a loja. Isso foi em 1949. Eu tinha duas ofertas de trabalho, ambas como contador: na Rádio PRD-6 e com o Luciano Guidotti, ele estava fazendo o encerramento da loja e a abertura de uma agência de automóveis, achei esta segunda opção como a melhor. Fui convidado para trabalhar lá pelo Alcides Martinelli, que era migo do Luciano.

Qual foi a primeira impressão que o senhor teve ao conhecer Luciano Guidotti?

Muito boa! Era um homem alto, de pele muito clara, muito inteligente Tinha horas em que estava muito alegre, também tinha suas horas de tristeza. Era muito enérgico. Fechamos a loja de louças e abrimos a empresa Guidotti & Cia. O Brasil passava uma grande mudança no setor de veículos, era o início da industria automobilística no Brasil, onde se fabricavam poucas coisas. O governo deu uma autorização aos agentes das grandes montadoras que importassem diretamente os veículos fabricados nos Estados Unidos. Eram importados na modalidade CKD Complete Knock-Down, os veículos vinham desmontados, a General Motors montava aqui no Brasil. O pagamento era feito pela agência revendedora, antecipadamente, em dolar americano. Comprava o dolar na bolsa, mandava para a General Motors, era feito o cálculo de custo peça por peça, motor, câmbio, cabine. Fazia-se o “invoice” que em português é fatura. Eu telefonava para Detroit eles falavam o valor do pêso da mercadoria, e a quantidade de veículos. Fechava o câmbio em São Paulo. O lote mínimo era de 24 veículos. Gerolamo Ometto trabalhava com a Ford. Os Irmãos Petrocelli tinham agência na Rua Prudente de Moraes esquina com a Rua Governador Pedro de Toledo tinham Agência Chevrolet. O Guidotti era concessionário GMC e Oldsmobile.

Em que ano ocorreu a primeira importação feita pelo Guidotti e com a sua participação?

Foi em 1950, de 24 caminhonetes “pick up GMC”, movidas a gasolina. O país foi evoluindo, passou a produzir cabine então não era permitido importar cabine, da mesma forma passou a produzir feixe de molas deixou de importar feixe de molas. As leis foram modificando-se. Em 16 meses Guidotti importou 998 veículos. Foram importados alguns caminhões 4-71, 6-71 também. Abrimos loja na Rua Timbiras, em São Paulo. Funcionava mais como um depósito, um ponto de apoio. Vendíamos para o Brasil todo. O Luciano vendeu as casas que tinha na Rua Santo Antonio e investiu na importação. Os ônibus do Expresso Piracicabano eram vendidos pelo Guidotti. Em 1952 saiu uma lei terminando a importação pelas agências, o fabricante passou a importar e montar usando peças e assessórios fabricados no Brasil. Os caminhões pesados eram adquiridos pelas transportadoras. O Expresso Piracicabano era uma delas. Eram veículos para 10 a 12 mil quilos.

E as peças de reposição?

Nós tínhamos, assim como uma oficina na Rua Treze de Maio esquina com José Pinto de Almeida. Naquele tempo Piracicaba era pequena, tinha pouco trânsito na rua.

O senhor adquiria carro para seu uso na agência?

Ficava com os veículos que eram adquiridos nas trocas. Entrava muito carro Citroen. Tive uma motocicleta Ariel 350, inglesa, outra era uma Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia, eu comprei nova, nós vendíamos essa motocicleta. Viajei muito com a Ariel, ia para Santos, a estrada era toda em terra. Passava por dentro de Tupi, Caiubi, Santa Bárbara D`Òeste, Americana Campinas, asfalto só existia de Jundiaí para frente. Íamos um pequeno grupo com duas ou três motocicletas, às vezes levando mais alguém na garupa.
                                                            Motocicleta inglesa Ariel 350 cc
                                                 Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia

Como o senhor conheceu a sua esposa?

Conheci a minha esposa Maria Iomar Castanho em Ubatuba. Fui passear em uma festa em Ubatuba. Não existia a Via Dutra, nem a Rodovia dos Tamoios. O trajeto era feito por Taubaté, São Sebastião e Ubatuba, levava umas 14 horas de viagem de Piracicaba a Ubatuba, se não chovesse, se chovesse já na subida de Caiubi ninguém conseguia subir. Um acessório indispensável era enxada, isso de caminhonete De moto levava água e capacete que era de couro. Acampamos em uma praia da cidade. Ela estava passando férias na casa do seu avô, isso foi em 1951, nos casamos em 1952. Casamos em Gália e passamos a lua de mel em Ubatuba. De Piracicaba à Gália eram 360 quilômetros em estrada de terra.

Quanto tempo o senhor trabalhou com o Guidotti?
Trabalhei por sete anos. Abrimos uma empresa chamada Auto Importadora Nardin, éramos em três sócios: Luiz Nardin, Luiz Gonzaga e eu. Passei a vender trator Zetor importados da Tchecoslováquia, comprava da Agrobrás Importadora. Era um dos poucos tratores diesel do Brasil. A loja ficava na Rua D. Pedro I, número 817, perto do mercado. Em dois anos e meio vendemos umas trezentas máquinas. Dávamos garantia, manutenção. Tinha um jipe utilizado para fazer as revisões em campo. Fiz um curso de mecanização agrícola realizado na ESALQ, em três meses. Quando o cliente adquiria um trator íamos ensiná-lo a utilizar da melhor forma seus recursos. Tive que aprender a arar, gradear. Em dois ou três dias eram suficientes para ensinar o comprador. Naquele tempo a cana-de-açúcar mais comum era a 3X, tinha uma touceira dura, mas o trator arava bem. Isso foi em 1956, 1957. Até hoje, após 60 anos tem trator vendido por nós e que está rodando.
                                                                CARCARÁ


                                                                        DKW 1956
                                                                        DKW 1959




 Após 5 anos abrimos a União de Veículos, concessionária DKW em sociedade com Maks Weiser. Em 1956 estávamos passando férias em Santos, o Maks perguntou-me se eu conhecia alguém na Vemag. Disse-lhe que conhecia. Foi quando ele me disse que em 1957 a Vemag iria lançar um carrinho DKW. Já conhecia o pessoal através da Studebaker, subimos a serra e fomos até a Vemag. Em um porão, coberto por encerado havia duas peruas Vemaguet, estavamos acostumados com o conforto e luxo dos carros americanos, achei aquela perua horrível, os carros alemães eram diferentes, menores.
                                                      VEMAGUET 1955
O Maks ficou entusiasmado. Conseguimos a concessão da DKW. No primeiro ano fomos os maiores vendedores da DKW, mais do que São Paulo, vendemos duzentos e poucos veículos. Entrava muito carro usado no negócio, o Maks entende muito de carro usado. Como aumentou muito a venda, a Vemag quiz que separassemos a empresa da venda de tratores. Ficou o Luiz Nardin com a parte de tratores e fiquei com o Maks na União de Veículos a concessionária ficava na Rua Dr. Otávio Texeira Mendes. 1186. Onde tinha sido um barracão de recauchutagem. Reformamos o barracão e abrimos a agência lá.
DKW SEM AS "PORTAS SUICÍDAS" QUE ABREIAM AO CONTRÁRIO DE TODOS OS CARROS ATUAIS.
Quem foi o primeiro cliente a comprar um DKW em Piracicaba?

Foi o Willands Guidotti filho do meu ex-patrão. Estouramos de vender.
                                              "JEEP"  DKW CHAMAD DE CANDANGO




RURAL WILLYS



PICK-UP
BERLINETA INTERLAGOS

BERLINETA CONVERSÍVEL

JEEP WILLYS


GORDINE


FÁBRICA WILLYS




COMO NASCEU O PRIMEIRO AUTOMÓVEL BRASILEIRO

 Mais tarde junto com o Maks montamos a V Motors Veículos e Motores S/A vendíamos a linha Willys Overland: Aero Willys, Jeep, caminhonete Willys, e Dauphine e Gordini. Ficava na Avenida Independência esquina coma a Rua Bom Jesus. Hoje funciona a empresa GVT no local. Foi o primeiro prédio em arco construído em Piracicaba e a primeira oficina azulejada. O engenheiro foi Alberto Coury. Saí da concessão da DKW porque a fabricação do carro ia ser extinta, a Auto Union alemã tinha adquirido as ações da DKW. Comprou as ações da Vemag e fechou. Acabou a fabricação de DKW no Brasil. Ai passou para Volkswagen, o Maks ficou com a concessionária Volkswagen enquanto eu permaneci na V Motors com Benedito Perrone, Em 1962 veio uma grave crise no setor, o Aero Willys era um sucesso, nós já tínhamos arrecadado o sinal de compra de mais de cem carros, entregaram apenas um veículo. No segundo mês fechou a fábrica Fechamos a revenda.

Qual foi a próxima atividade do senhor?

Abrimos a retífica de motores Delta, na Rua José Pinto de Almeida, onde tinha sido a oficina do Guidotti. Comprei um terreno e fiz um barracão lá, na Rua Alfredo Guedes, 167. Montei uma retífica com todo material importado da Itália. Era bem moderna, avançada para a época. Foi a primeira fervura a gás do Estado de São Paulo. O grande problema do motor é que é sujo, com óleo incrustado. Tem que desmontar tudo e ferver o motor, antigamente se fervia adicionando soda cáustica, usando óleo queimado para ferver a caldeira. Quando fiz o prédio vi um projeto com a Ultragaz para a fervura a gás, adicionando um produto menos perigoso do que a soda cáustica. Os concorrentes eram três: Romano, Consentino e São Cristóvão. Fiz uma linha de montagem, comprei 300 motores usados e fazia a retífica à base de troca. O ano de 1967 foi ótimo, uma maravilha. Tinha 54 empregados. Em setembro os árabes aumentaram o preço do petróleo, de 4 para 24 dólares o barril. Com essa crise do petróleo os veículos viraram sucata. De 100 motores que retificava por mês caiu para 8. Tive que fechar a retífica, indenizar os funcionários. Tive que vender o barracão, só que não tinha comprador para as máquinas. Walter Hahn era proprietário da concessionária Mercedes Benz em Piracicaba adquiriu o barracão. Em Barra Bonita tinha um proprietário de cinco usinas de açúcar, ele tinha serviço garantido dentro da sua própria empresa, vendi para ele as máquinas da retífica. No negócio do barracão entrou para mim um sítio na estrada de Tupi, tinha 90 metros de frente por 3.000 metros da frente ao fundo. Uma minhoca. Após ir a Campinas onde ficava a sede responsável pela energia elétrica, consegui com a empresa que ela levasse energia até o local. Fiz uma rua de 9 metros da frente ao fundo. Loteei em lotes de 1.000 metros quadrados. Fiz umas 15 casinhas, um pomar, veio uma pessoa interessada e comprou tudo. Isso foi em 1972 a 1974.

Qual foi seu próximo empreendimento?

Dr. Carlos de Toledo e Milton Checoli me convidaram para fazer a Urbanizadora Convívio. Eu estava construindo um hotel, em São Paulo, na região próxima ao Aeroporto de Congonhas, era um hotel horizontal, com terreno de 6600 metros quadrados, hoje é a Avenida Águas Espraiada. A prefeitura desapropriou e até hoje não pagou, estou esperando há mais de 20 anos. A Martha Suplicy fez um acordo para pagar em 10 prestações, pagou três prestações, os outros prefeitos não pagaram mais nada. O hotel tinha 49 apartamentos. Era diretor na Convívio administrei o loteamento Colinas de Piracicaba. Em 1979 compramos em três sócios, três sítios, horríveis, no meio havia um enorme buraco formado pela erosão, perdia-se de 7 a 8 alqueires no local onde havia erosão a área total era de 68 alqueires, loteamos em 665 lotes.(O alqueire paulista. é de 24.200 metros quadrados) Foram feitos nesses locais dois lagos. O volume de água que vem da pista da rodovia de Piracicaba a São Pedro é muito grande quando chove, construímos o primeiro lago, fizemos a escavação, o extravasor. Fui até São Pedro, junto com minha esposa. Na ida passamos não tinha uma gota de água no lago, almoçamos em São Pedro, o céu ficou escuro, deu um “toró”, quando retornamos de São Pedro o lago estava cheio. Encheu em três horas e meia. O segundo lago eu construí três anos depois, a água quando extravasa vai para o Ribeirão Cachoeira, que por sua vez deságua no Rio Piracicaba.

Como surgiu a sede campestre do Clube Coronel Barbosa dentro do condomínio?

Dr. Heitor Werther Stuart Montenegro era diretor do Clube Coronel Barbosa, ele me procurou, foi na época em que o Cristovão Colombo tinha comprado uma área para fazer sua sede campestre. Disse-lhe que tinha una área no fundo do loteamento que não havia sido loteada. São 6 alqueires. Fizemos uma reunião entre os proprietários da área e o clube, chegamos a um acordo. O clube não tinha dispnibilidade financeira para iniciar as obras, a Convívio deu 400 mil cruxeiros que foram pagos em 10 prestações de 40 mil cruzeiros. Assim foram construídas as obras do clube. Só que os associados não se interassaram muito em frequentar e o clube está atualmente sem ser utilizado. A venda de lotes no Colinas foi suspensa após vendermos 60 lotes. Fui operar o hotel em São Paulo, onde permaneci por seis anos, até a prefeitura desapropriar.Eu e meu filho, que fez hotelaria, administramos o hotel. Recebíamos passageiros quando não tinha teto no Aeroporto de Congonhas. Chamava-se Hotel Soleil, tinha 48 funcionários. Voltei à Piracicaba, ajudei na parte administrativa da construção de alguns prédios.

O senhor está escrevendo um livro?

Estou escrevendo sobre a família toda, já tenho 600 páginas escritas, chama-se “Páginas Esparsas”.Desde a época do meu avô Augusto Cesar Castanho, de Capivari, onde foi professor, diretor de grupo. Republicano. Em Itu, no museu, tem pertences do meu avô. Meu pai lutou na Revolta da Armada, fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro. Meu irmão Edésio Castanho morreu na Revolução de 1932. Meu pai perdeu tudo na crise de 1929, ele tinha uma dívida com o Banco do Brasil,de irrigação do cafezal. Quando veio a crise do café, os imóveis cairam em 80% do seu valor, mas as dividas permaneceram em mil réis. Ele tinha 12 casas na Rua XV de Novembro desde a esquina com a Rua Governador. Tinha 500 lotes que eram vendidos a 30 mil réis cada um, chegaram a valer 3 mil réis. Papai vendeu tudo para pagar o Banco do Brasil. O pai dele foi republicano, deu-lhe uma educação muito rígida. Ele faleceu em 1942.

O senhor praticava esportes?

Remei no Clube de Regatas de Piracicaba, participei cinco vezes do Piracicaba a Nado, ia até Artemis a nado. Remava a iole a 4 e a 8 que é banco fixo, com patrão, remava catraia. Joguei bola ao cesto pela Escola Cristóvão Colombo. Sou filatelista. Fui rádio amador por 22 anos. Entrei para o rádio amadorismo em 1959, naquele tempo telefone era um brinquedinho que não funcionava. Para falar de Piracicaba com São Paulo tinha que esperar oito horas para completar a ligação. O rádio amador era o meio de comunicação. A polícia usava o rádio amador como instrumento de trabalho. Quando caiu o Comurba a nossa equipe trabalhou 48 horas sem parar. O edifício que caiu chamava-se Luiz de Queiroz, construído pela empresa Comurba. A notícia que correu o mundo foi que tinha desabado o Luiz de Queiroz, associavam com a ESALQ. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Na época tínhamos mais de uma centena de estudantes sul-americanos estudando na ESALQ. O mundo inteiro queria falar com Piracicaba. Deu pane no sistema telefônico da Telefônica Piracicaba S/A. Montamos no coreto uma estação de rádio amador. Cada um ficava duas horas operando o rádio.

O senhor usa internet?

Bastante, tudo que posso faço pela internet. Já uso computador há uns cinco anos. Todos os dias leio jornais americanos, italianos e brasileiros. Leio o The Miami Herald, o The Times de Londres, Gazzetta Della Sera de Roma, abro o jornal da cidade italiana onde está morando a minha filha.






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