domingo, janeiro 27, 2013

NATÁLIA RIBEIRO HILÁRIO BROZULATTO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 19 de janeiro de 2013
Entrevista: Publicada aos sábados na Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/


ENTREVISTADA: NATÁLIA RIBEIRO HILÁRIO BROZULATTO

A jovem de aparência simpática, um tipo físico delicado, pode induzir quem a vê a cometer o engano de que se trata de uma moça frágil e até mesmo indefesa. Natália é praticante de artes marciais, integrante da seleção que representa o Brasil no caratê. Já viajou para muitos países, realizou grandes conquistas. Determinada, forjou sua carreira de atleta vencendo inúmeros obstáculos. Natalia nasceu em Marília a 28 de janeiro de 1990, reside em Piracicaba há oito anos. Filha de Sonia Ribeiro e Diogo Antonio Hilário Brozulatto. Ainda recém nascida foi morar com a família em Limeira, mais tarde mudaram-se para Iracemapolis. Assim que terminou o colegial mudou-se para Piracicaba onde se formou em Educação Física na UNIMEP. Natália tem uma irmã mais velha do que ela, chamada Giuliana e um irmão mais novo chamado Germano. Todos iniciaram a prática de artes marciais, caratê, capoeira, sendo que apenas Natália seguiu a carreira como profissional.


Quem influenciou você e seus irmãos para a prática de esportes?


Nós três assistíamos filmes de lutas, depois brincávamos simulando as lutas assistidas. Em Limeira passamos a freqüentar o Clube Grã São João onde tivemos a oportunidade de treinarmos.


Qual é a sua sensação quando está praticando uma luta?


Além de ser uma atividade física que traz muitos benefícios para o corpo, para a saúde, atingi um estágio onde penso muito em rendimento, quero melhorar cada dia mais, os detalhes para mim são fundamentais. Pelo tempo que estou praticando caratê, a prática do mesmo não é uma novidade para mim. Desde os cinco anos de idade pratiquei algum esporte: caratê, vôlei, futebol. É gratificante saber que ainda menininha procurava galgar alguma vitória e hoje estou na Seleção Brasileira, viajando para vários países, conhecendo povos e costumes diferentes, vivendo do caratê. É uma realização pessoal.

Com quantos anos você passou a defender o Brasil através da Seleção Brasileira?


Ingressei na Seleção Brasileira aos 16 anos, onde estive nas categorias juvenil, sub-21, juniores. Hoje integro a seleção adulta principal. Sou tri-campeã brasileira na categoria adulto, nas categorias menores tenho muitos títulos. No total sou oito vezes campeã brasileira, sendo três vezes consecutivas campeã na categoria principal. Hoje, janeiro de 2003, tenho 22 anos de idade, acumulo um grande número de títulos para a minha idade.


Você tem patrocínio?


Tenho alguns colaboradores. Formei-me na UNIMEP com bolsa de estudo, patrocinada pela universidade. Quem me apóia muito é o Sindicato dos Metalúrgicos, o Grupo Labmat , a Tatu Suplementos, o English Center que ajuda com uma bolsa estudos, eu estudo inglês, o Açai Mil & Ross .


Quantas atletas defendem a sua categoria?


Duas: a Lucélia Ribeiro e eu, sendo que a Lucélia está se aposentando este ano, ela está com 34 anos, reside em Santa Catarina.


A carreira é curta?


A vida de atleta é curta. O atleta tem que estar muito bem preparado, cuidar sempre das lesões para não se agravar. Às vezes ocorre algo que impede o atleta de continuar a treinar por algum tempo. No retorno pode acontecer do treinamento não ser tão bom. Algumas pessoas são privilegiadas, não tem nenhuma lesão. Muitas vezes pelo fato de treinar intensamente pode aparecer alguma lesão. No ano passado quebrei o nariz por duas vezes. Tive uma costela quebrada, torção de tornozelo é bastante comum. É feito um trabalho de fortalecimento, prevenção de lesão, só que não se escapa, é um esporte de luta.


A noção popular é que o praticante de caratê realiza atos espantosos, como quebrar pilhas de tijolos.


Isso faz parte do caratê budô, o caratê competitivo muda muito: são socos retos, chutes diretos, sem muito intervalo, sem ser cruzado. O caratê é muito rápido. O objetivo é atingir com um critério de pontuação, de forma mais rápida o oponente. Não pode atingir-se o joelho, região da coxa, panturrilha. Pode ser atingida as costas, abdômen, peito, pescoço, rosto.


Há algum tipo de proteção?


Há o protetor de boca, mulheres usam o protetor de seios, protetor de tórax, caneleira, proteção no pé, luvas.


Você leciona caratê?


Conclui o bacharelado em educação física em 2011, em 2012, com uma bolsa de estudo, conclui a licenciatura. Sou faixa preta de caratê, que me habilita também a dar aulas.


Em alguma ocasião você precisou usar suas habilidades para se defender?


Graças a Deus nunca. Ao treinar uma arte marcial, passa-se a ter mais controle, mais paciência com coisas que anteriormente não se tolerava tanto. Quando não se treina, não se pratica algum tipo de arte marcial, você torna-se mais sensível a provocações. Hoje me sinto bem preparada com relação a isso, há um sentimento de superioridade, onde a busca do dialogo é o melhor caminho.


Quem poderia provocar algum tipo de desavença ou ameaça física sente que a sua autoconfiança tem motivos muito fortes?


Com certeza sente. Percebem que sou uma pessoa diferente.


Você tem namorado?


Meu namorado é o meu técnico, é o Diego Spigolon, proprietário de uma academia. Meu “up” no caratê foi treinando com ele, estando junto a ele.


Como ocorreu a sua primeira convocação para a seleção brasileira?


Eu era bem novinha. Primeiro tem que disputar o campeonato brasileiro, ter um bom desempenho, eu tinha 16 anos quando fui campeã do campeonato brasileiro. No caratê existem várias federações, eu disputava em uma que não era oficial, passei a disputar a oficial. Comecei a disputar com 14 anos, aos 16 tornei-me campeã pela Confederação Brasileira de Caratê. No ano seguinte participei de uma seletiva, fui para a final, comecei a treinar com a seleção brasileira juvenil, hoje mudou a nomenclatura. Fui bem, fiquei vice-campeã sul-americana. No pan-americano fui a quarta colocada.


Quais países você se lembra de ter ido para disputar títulos?


Fui para a Itália em 2006, em 2007 fui para o campeonato em Lima, Peru. Nesse mesmo ano fui para o campeonato pan-americano realizado no Equador. Em 2009 fui para El Salvador, no pan-americano, disputando a categoria sub-21. Fui ao sul americano realizado na Colômbia. Em 2012 participei dos jogos pan-americanos da categoria adulto também realizado em Medellín, Colômbia. Em 2011 comecei a ir para o “Open de Las Vegas”, um campeonato preparatório para as competições, nesse mesmo ano participei do campeonato sul americano realizado em Assunção, no Paraguai, onde tive três colocações muito boas: campeã por equipe, vice-campeã na categoria open e terceiro lugar na categoria até 68 quilos.


Qual é o seu peso?


Peso 60 quilos, tenho 1,64 metros de altura. Minha categoria na seleção brasileira é a de 61 a 68 quilos. Às vezes estou abaixo dessa categoria, estou sempre ingerindo água.


E as olimpíadas?


Caratê não é olímpico, está tentando galgar esse espaço faz muito tempo. Vamos ver se em 2016 o caratê entra como experimental nas olimpíadas do Rio de Janeiro. O Brasil pode colocar um esporte, esperamos que seja o caratê. S e isso acontecer o caratê torna-se olímpico.





Quantas horas você treina por dia?


De três a cinco horas, inclusive aos sábados.




No Brasil, atletas de todas as áreas afirmam que falta incentivo para a pratica de esportes, você concorda?


É verdade. Além dos apoios que recebo, preciso participar de muitas competições, em cada competição as despesas são elevadas. Mesmo fazendo parte da Seleção Brasileira a maioria dos campeonatos não são pagos. Eu não ganho nenhum centavo da seleção brasileira. Hoje sou contratada por uma cidade de Santa Catarina, eles me pagam uma mensalidade.


Você mora em Piracicaba, e recebe incentivo de uma cidade de Santa Catarina?


Eu disputo por Itajaí, Santa Catarina porque tenho um contrato. Espero que este ano possa defender Piracicaba com garras e dentes. Aos 18 anos comecei disputando por Piracicaba, houve algumas mudanças, chegaram a me chamar, só que por um valor muito pequeno, eu não tinha como aceitar. Em 2008, 2009 e 2010 disputei por Piracicaba. Em 2011 mudaram as condições. Fui chamada por outra cidade contratada por um valor de quatro a cinco vezes maiores do que Piracicaba oferecia. Atletas de fora da nossa cidade recebiam valores acima do que me foi oferecido, para representar Piracicaba. Fiquei por dois anos disputando por Pindamonhangaba. Este ano, 2013, está indo tudo bem para que eu volte a disputar por Piracicaba. Estou feliz da vida, não é a mesma coisa disputar um título por outra cidade que não seja a sua. Como atleta profissional de esportes eu procuro agir a altura.


O caratê é uma opção para os jovens com tempo ocioso?


Não só o caratê como todo esporte. Acredito que têm que haver projetos de iniciação esportiva, núcleos esportivos, é um meio onde a criança vê a oportunidade de se superar, de autoconhecimento, disciplina. Fui uma menina que sempre tive dificuldade financeira, o esporte é que me deu uma estrutura para estabelecer minhas metas. Há muitos casos em que a estrutura familiar é falha, se não houver uma compensação o jovem entra em área de risco. Eu estava cercada de oportunidades para desenvolver um comportamento autodestrutivo. O esporte pode interferir na formação do caráter de uma pessoa. O professor tem que ser muito responsável, ele que conduz, deve tomar cuidado com as palavras.


Você é um ícone do esporte nacional?


Sou. Muitas pessoas me conhecem e eu não as conheço. Sou considerada um ícone do esporte. Sou muito conhecida, embora não seja famosa. O caratê tem que crescer muito.


Em nosso país certas profissões têm grandes dificuldades de reconhecimento, inclusive financeiro, você acredita que no futuro isso pode mudar?


Pode melhorar como já melhorou para mim. Antes eu trabalhava para poder pagar o meu treino, era garçonete aos finais de semana em Iracemápolis. Aos 12 anos. em 2002, comecei a trabalhar., só para pagar os meus treinos.


Você sabia que pelo Estatuto da Criança e Adolescente com essa idade é proibido trabalhar?


Sabia. Mas acredito que só cresci como pessoa. Passei a dar valor a tudo, ao dinheiro que ganhava que gastava. Eu era diferente de uma criança de 12 anos, era madura.


Você é vaidosa?


Sou. Apesar de praticar um esporte que envolve luta, freqüento salão de beleza, faço uma progressiva no cabelo, pinto as unhas. Só que em uma luta isso tudo passa para um segundo plano, tenho que ter um rendimento máximo, se for caso refaço unha e cabelo depois de ganhar a disputa.


Qual seu maior sonho?


Que o caratê se torne olímpico e que eu possa participar de uma olimpíada.


Você já foi convidada para protagonizar anúncios?


Já, realizei um trabalho para a loja “Aparência”


Sua estatura não é avantajada, já ocorreu de lutar contra uma adversária com estatura muito superior?


Na categoria “open” posso disputar com uma menina de 50 quilos até 80 quilos. Em Las Vegas lutei com uma menina da Alemanha, muito grande, que quebrou o meu nariz. Eu estava ganhando de 4 a 0. Após ela atingir e quebrar meu nariz, provocar muito sangramento, ela conseguiu virar o resultado. No ano passado fiz muitas lutas bonitas, ganhei o título para o Brasil que ficou campeão geral do Sul Americano com a medalha que eu trouxe.


O caratê ajuda no caso de crianças hiperativas?


Ajuda muito. A criança vem até a academia, gasta o excesso de energia, vai para casa deita e dorme. O número de mulheres está crescendo muito em todas as modalidades de lutas. Seja por redução de peso, autodefesa. O caratê vem de uma filosofia, não envolve apenas lutas.


Diego Spigolon, proprietário da academia onde Natália treina e trabalha, fez um depoimento bastante animador sobre o futuro do caratê em Piracicaba.


Para 2013 apresentamos um projeto que teve bastante receptividade por parte do Dr. Pedro Mello, esta quase acertada a nossa retomada do controle da equipe piracicabana de caratê. Tivemos o apoio de todos os professores de Piracicaba. Quero destacar a participação do professor Gilson Felipe da Associação dos Funcionários Públicos de Piracicaba e do professor Silvio Giatti. Há uma possibilidade muito grande de assumirmos e trazer a Natália de volta a casa para representar nossa cidade de uma forma muito prazerosa.










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