sábado, outubro 01, 2016

GABRIELA FERRAZ ANDRADE

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 de outubro de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
 
ENTREVISTADA:   GABRIELA FERRAZ ANDRADE




Gabriela Andrade Ferraz  nasceu em Piracicaba a 12 de  março de 1994, filha de Katia Ferraz e Paulo Ferraz, que tiveram ainda o filho Mateus.
Você está concluindo o curso de jornalismo, já trabalha na área?
Estou trabalhando em uma agência de comunicação onde sou redatora e social media (aborda os elementos estruturantes de uma estratégia de comunicação com foco em redes sociais).
Em que escola você realizou seus primeiros estudos?
O curso pré-primário até a segunda série eu fiz no Colégio Luiz de Queiroz – CLQ, depois passei a estudar no Liceu Terras do Engenho, onde permaneci até a sexta série, a seguir estudei no Colégio Dom Bosco, situada no bairro Cidade Alta, onde conclui o terceiro colegial.
Ao fazer a opção pela profissão a ser seguida, qual foi a que você escolheu?
Decidi fazer o Curso Superior de Jornalismo, cursei na UNIMEP.
Como surgiu essa vocação para jornalista?
Na verdade desde muito nova eu escrevo, aos oito anos já escrevia.
O que a levou a escrever ainda criança?
Quando meu pai faleceu, em 2002, encontrei na escrita uma forma de exteriorizar meus sentimentos. Não me detive a escrever textos, escrevi livros. Inclusive algumas editoras tiveram interesse em publicar, mas eu não permiti. Tenho tudo guardado comigo. Os editores gostaram muito do que escrevi, mas achei que era uma exposição muito pessoal. Isso não me impediu que continuasse a escrever: artigos, textos opinativos, às vezes saia alguma coisa minha publicada no jornal, no blog. Escrevi por muito tempo em um blog meu.
A sua mãe não achou estranho você ainda criança, já estar escrevendo livros?
Ela estranhou, mas ao mesmo tempo gostou bastante, e sempre me estimulou.
Qual é a atividade profissional da sua mãe?
Ela é bibliotecária. Posso afirmar que cresci no mundo dos livros. Além de estimular muito a leitura, no inicio ela lia para mim. Foi ela quem me ensinou a ler, apresentou-me o mundo dos livros. Que podemos viajar em vários mundos através dos livros. Com isso sempre me encantei com o livro, material, objeto, pelas histórias deles. A profissão nais próxima que encontrei foi o jornalismo. Como tenho o anseio de fazer o melhor pelo mundo, promover um debate, de usar essa habilidade como uma ferramenta, ampliar o debate público para que as pessoas tenham acesso à informação, para que recebam educação, com isso uni essas duas coisas.
O que você sente quando está escrevendo?
Depende muito do tipo de texto que estou escrevendo. Se for um texto mais emocional tenho um sentimento voltado mais para esse lado, se for um texto político ou crítico estará mais focado na informação do que no sentimento.
Você é uma pessoa engajada em algum tipo de política?
Eu tenho a minha posição política, mas não partidária. Tem coisas que acredito que sejam boas para a sociedade, para o povo, mas não tem nenhum partido com o qual eu me identifique que eu possa dizer: “-Esse partido me representa!”.
Dentro do seu trabalho você atua mais no setor de publicidade ou na área jornalística?
Tive a oportunidade de fazer um pouco de tudo, no período em que cursava a faculdade fiz quatro estágios diferentes, atualmente estou em meu primeiro trabalho efetivo. Estou trabalhando na parte de mídias sociais, é uma área nova, todo dia aprendo alguma coisa, é uma área interdisciplinar entre jornalismo e publicidade. Ao mesmo tempo em que é necessário o texto, da construção textual de informação, depende do assunto abordado, seja um hospital, uma escola, são produzidas informações, matérias, ao mesmo tempo em que ao publicar é utilizada a linguagem publicitária para atrair o público, a segmentação de público que se pretende atingir.
Você trabalha em uma agência publicitária?
Sim, é uma agência com clientes de diversas áreas, as demandas são diferentes, às vezes é a constrição de uma peça publicitária textual, outras são as divulgações das mídias sociais, outras vezes preciso entrevistar alguém. Há ocasiões em que preciso ajudar na edição de um vídeo. Sou fotógrafa também.
Você realizou algum curso específico de fotografia?
Além do curso curricular de fotografia que é dado na faculdade eu me aprofundei em alguns outros cursos. Fiz oficinas, cursos de curta duração e principalmente a prática. Gosto muito de fotografias. Em 2015 um trabalho que fiz na faculdade ficou entre os cinco primeiros da Região Sudeste, do prêmio Expocom - Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação.
Os ensinamentos recebidos dentro da faculdade e a realidade são coerentes?
Eu acredito que a minha formação deu-se através da faculdade e dos meus estágios. Na faculdade aprendia a teoria, em meus estágios aplicava o que tinha aprendido. Sempre caminharam juntos. Concluo que o meu aprendizado veio da teoria e da prática. Da mesma forma que fiz todos os estágios que pude, participei de congressos, fiz iniciação cientifica, por exemplo. Não tenho como avaliar o que foi mais importante, mas a faculdade foi muito importante na minha formação.
Onde você fez estágios?
No Jornal de Piracicaba permaneci uns dez meses, fazia matérias para cultura, cidades, cadernos especiais. Depois fui para a ESALQ onde permaneci um ano, trabalhando como estagiária de jornalismo no Núcleo de Pesquisas Científicas. Eu fazia a divulgação científica do que os pesquisadores estavam desenvolvendo. Às vezes recebia uma tese e tinha que transformar em uma linguagem mais acessível ao leitor alheio aquele trabalho. Em seguida fui para a Associação Ilumina, permanecendo quatro meses. Foi uma experiência muito boa, eu trabalhava na Assessoria de Imprensa, e só saí porque passei na Iniciação Científica, e quando você recebe bolsa do CNPq- Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico não pode ter estágio. Permaneci um ano fazendo Iniciação Científica, fiz com o Professor Belarmino Cesar Guimarães Costa, Diretor da Faculdade de Comunicação da UNIMEP. Além disso, fiz alguns trabalhos como freelancer (termo inglês para denominar o profissional autônomo que se autoemprega em diferentes empresas) como fotos em eventos sociais. É um trabalho interessante, captar o momento, o que tem de relevante naquilo tudo, são muitas pessoas juntas, tem que prestar atenção no que está acontecendo para saber qual interação social  merece um clique.
Tem algum fato relevante que você possa destacar ocorrido nesse período?
Tive muitas experiências, por exemplo um dia estava na favela outro dia entrevistando uma personalidade, essa diversidade é bem interessante.
Isso pode mexer com o ego do profissional?
Eu acho que o ego é um problema da nossa profissão! Tem muitos jornalistas “estrelas”!
Como você controla esse sentimento?
Eu nem estou em condições de me achar importante! Esse livro que estou lançando foi acompanhado de uma monografia, onde estudei uma obra da jornalista Eliane Brum, atualmente ela trabalha no jornal El País, na época ela trabalhava no jornal Zero Hora, ela fez uma coluna humanizada, de pessoas anônimas. O resultado foi um livro: “A Vida Que Ninguém Vê”. São as pessoas anônimas que mais tem a contar. A partir dessa obra estudei o relato humanizado, jornalismo literário, para procurar aplicar depois um pouco no livro que estou lançando.
Você está lançando o livro “Alma de Santa Olímpia”, esse lançamento irá dar-lhe uma projeção social, você acha que é importante para a profissional, mas talvez o livro seja mais importante?
Claro, o livro é mais importante! O livro eu fiz para a comunidade tirolesa, eu queria projetar a cultura deles, não me projetar. Isso é uma conseqüência. Eu fiz o livro para eles como se fosse uma homenagem a essa luta para manter viva a cultura, respeitar os antepassados, manter esse senso de comunidade, o que é tão difícil hoje. Quem escreveu o meu livro foram às pessoas que estão mencionadas nele.
Como você chegou até a comunidade de Santa Olímpia?
Eu não conhecia Santa Olímpia, até que fui a uma festividade que foi realizada lá, fiquei encantada, voltei para tomar um café, no Café Tirol, é um local onde toda arquitetura lembra um café europeu. Servem frapês, apfelstrudel (sobremesa tradicional austríaca), gròstoi (grostoli) muito popular no norte da Itália, Áustria e Suíça. É um doce simples de fazer e muito saboroso e indispensável no café da manhã e da tarde de uma família tirolesa. O Café Tiros abre todo final de semana. Comversei com o prpoprietário, Ivan Correr, ele contou-me um pouco do bairro das tradições, percebi que tinhamos um cantinho da Europa ali na zona rural, acho que isso merece ser divulgado, queria registrar alguma coisa que funcionasse como memorial, para o próprio bairro. Da mesma forma que eu queria que eles se reconhecessem no livro, eu queria que o livro chegasse as mãos de pessoas de fora, para que elas soubessem da existência, valorizassem, fossem visitar, incentivassem. Eles preservam a cultura em sua integralidade, as danças tipicas, coral, dialeto, culinária, O livro tornou-se rico em informações graças ao contato que mantive com muitas pessoas. Assisti ao ensaio das danças que eles apresentam. Até dancei com eles!
Você dançou o que?
Dancei uma dança típica tirolesa.
Você foi “adotada” pelos tiroleses de Santa Olímpia?
Totalmente! Eles são muito acolhedores. Faz parte da cultura deles, você entra em uma casa de alguma senhora é como se estivesse na casa da sua avó. Conversmado, tomando um suco, comendo um salgadinho, um bolo. A polenta impera. Eles tem um prato chamado “polentota”. É uma delicia !
Você conseguiu as receitas?
Eu li algumas receitas, mas ainda não sou muit habil na cozinha! Eles tem um projeto de culinária que é para repassar para as crianças, para que não se perca. Eles tem uma parceria com a Provincia de Trento que estimula muito a cultura. Tem vários projetos, um deles é a culinária, os adultos cozinham, reunem-se com as crianças e elas aprendem as receitas dos “nonos”. Procurei chegar bem próximo a eles, não queria estabeecer a relação reporter-entrevistado. Chegava em suas casas, sentava no sofá, conversava um pouco, assistia ensaios de dança, apresentação do coral, passei uma tarde no Café Tirol.
Qual é o nome do coral deles?
Tem vários grupos, o Coro Stella Alpina, o Câneva, e o das crianças, o Coro infantil Và Pensiero. Stella Alpina (também chamada Edelweiss) é o nome de uma flor dos Alpes tiroleses, semelhante a uma estrela, encontrada somente nas paredes rochosas acima de 1.500 metros de altitude. Além de ser a flor símbolo do Tirol, a Stella Alpina é também um símbolo do amor eterno, pois antigamente os rapazes escalavam as montanhas para colherem as maiores flores para suas amadas, e o arriscado feito (que muitas vezes podia terminar tragicamente com a queda nos precipícios) era uma prova de amor e quanto maior a flor, maior o feito. Outra interessante característica da flor, é que ela aparenta ser de veludo e o seu branco nobre só existe se a mesma florir em grandes altitudes, do contrário, possuirá uma cor esverdeada. Depois de recolhida, a stella alpina permanece intacta por muitos anos e existem algumas centenárias.
O seu livro “A Alma De Santa Olímpia” estará a venda?
Será vendido por R$ 25,00, será lançado hoje, sábado, dia 1 (primeiro) de outubro as 16h00min no Café Tirol, no bairro Santa Olímpia. É editado pela Editora 3I. A capa é de autoria de Patrícia Milano representa a Igreja da Praça Principal de Santa Olímpia. Entre a comunidade há uma religiosidade intensa. Há até um capítulo que aborda o tema. Há muitos objetos religiosos nas casas, no bairro. Tive a oportunidade de conversar com o padre, o anterior,  Padre Jacó Stenico e depois com o Padre Emerson.
Há alguma razão especial para você escrever sobre Santa Olímpia?
Foi por ter conhecido casualmente primeiro esse bairro, assim como poderia ser o bairro de Santana, cujas origens são semelhantes.
Quem tem orgulho em ter nascido no bairro Santa Olímpia?
Todos! Desde os jovens até os idosos! Desde os precursores: Jacó Correr e Rosa Pompernayer. É mantido ainda o casarão, que é o museu do bairro.
Esse livro tem um significado pessoal para você, como “um filho nascendo”?
Eu não sei se tenho muito apego pelo meu material. Vejo-me mais como uma ferramenta, para alguém. Nesse caso para a comunidade. Meu trabalho tem como objetivo agregar valor para esse grupo de pessoas, nesse contexto, para um processo de assimilação interno assim como para o pessoal de fora.
 
 
 


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