PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 11 de Julho de 2020.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços
eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA:ANA MARIA BREGLIA ROSA
Ana Maria Breglia Rosa nasceu a 2
de agosto de 1954, em Piracicaba, no seio de uma família tradicional de piracicabanos,
com exceção do avô paterno que nasceu na Itália. Seus pais são Victorino
Breglia, contador e Celeste Cecília Cenedese Breglia, professora. Ana Maria é
viúva de Marcelo Silva Rosa, tiveram duas filhas: Vivian e Cynthia.
Você iniciou seus estudos em qual escola?
Em 1961, eu tinha seis anos e
meio quando entrei no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, a minha primeira professora
foi Dona Maria José Piedade, a Dona Zezé , mãe da Lurdinha Piedade Sodero Martins, ela era nossa vizinha
lá no Bairro da Paulista, tínhamos casas quase encostadas, fui amiga das filhas
dela. No quarto ano a Ivana Maria França de Negri e eu estudamos
juntas. Após 4 anos, fui fazer o quinto ano no SESI 165, no prédio existente
até hoje, ao lado da Igreja dos Frades, nesse mesmo prédio passou a funcionar o
Colégio Estadual Dr. Jorge Coury, onde completei o ginásio. Em 1971 foi
inaugurado o prédio novo do Colégio Dr. Jorge Coury, eu estava no segundo ano
colegial lá conclui o colegial e fui estudar na Universidade Metodista de
Piracicaba – Unimep, onde fiz o curso de Letras até 1975.
A
profissão do seu marido qual era?
Meu marido foi bancário. Nós trabalhamos juntos no Banco Nacional, daí ele
foi para o Branco Francês-Brasileiro, foi transferido para Limeira, Uberlândia,
onde moramos, ele veio transferido para Piracicaba, aqui ele trabalhou no Banco
Luso-Brasileiro, o principal acionista era o Comendador Almeida.
Você
chegou a lecionar?
Lecionei até
2015, quando me aposentei. Lecionei no Colégio COC de Piracicaba,
lecionei na EAC – Escola
Alegria de Crescer na cidade de Capivari, no Instituto Atlântico de Ensino de Piracicaba,
nessa época também lecionava no Colégio Educare de Piracicaba, em 2007 fiz concurso para lecionar na escola do
Estado, em 2015 me aposentei no Estado.
Você começou a dar aulas quando?
Logo que me formei dei aulas de inglês no FIISK, no Yazigi, no ICBEU- Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, casei, quando percebi que estava difícil conciliar filho e escola , deixei tudo. Cada vez que eu tentava retornar o meu marido era transferido , tinha que recomeçar tudo. Retornei a dar aulas em 1993 até 2015, foram 22 anos
Nesse período percebeu alguma modificação com relação ao aluno, ao nível de ensino?
As diferenças foram grandes! Cheguei a ter crises de choro em sala de aula. Ao mesmo tempo em que eu queria que eles tivessem um conhecimento cultural mais amplo, percebi que eles estavam interessados no agora. A maioria queria ganhar dinheiro na hora e viver a vida imediatamente.
A cultura fica para depois. Se compararmos a nossa geração e a geração atual, há grandes diferenças. Fomos educados com um objetivo, tínhamos uma projeção para o futuro, ter uma profissão, uma meta de vida. Sabíamos que demorava. Dava a impressão de que os tempos eram mais lentos! A história do imediatismo, algumas vezes vemos pessoas ganhando rios de dinheiro enquanto outros que estudaram muito não tem o seu valor reconhecido. Um problema grave, fruto da modernidade, é que trocamos o papel de professor pelo papel de educador, Educador é o pai e a mãe que tem obrigação de dar a educação ao filho! Só que os pais delegaram a educação para a escola. Ao recebermos essa função tínhamos que impor certos limites, posturas, cobranças. E eles não aceitavam! Ficou tudo muito solto, perdido, sem rumo.
O consumismo, o direcionamento
feito pela mídia, influenciou muito?
Sem dúvida. Nós recebemos dos
nossos pais muitas orientações importantes. Posso citar um exemplo, minha mãe
afirmava sempre: “ Precisamos pensar em
ser e não em ter”. Hoje os filhos querem ter amanhã. Os pais tornaram-se um
meio de subsistência deles, os pais passaram a ser as pessoas que trazem o
dinheiro dentro de casa! È difícil dizer isso, ainda há pais que pensam
diferente.
Há também os casos dos “adultos
adolescentes”, são pessoas com 35, 40 anos, que agem como adolescentes,
dependem dos pais, moram ainda com os pais, não criaram uma vida própria.
Não querem assumir responsabilidades. Nós assistimos muitos filmes norte-americanos, onde os filhos saem de casa para a universidade
e não voltam nunca mais a residir com os pais. Criam vida própria. Nessa
globalização que estamos assistindo, parece que a coisa virou mundial. Nós
conhecemos famílias norte-americanas em que os filhos moram com os pais ainda.
Com 30, 40 anos, não casaram, voltam para a casa dos pais, Muitas vezes, além
de não saírem da casa dos pais, são eles que ditam as normas da casa! Isso
quando não trazem mais alguém para morar com eles na casa dos pais! Fica uma
posição em que os pais em determinadas situações viraram reféns dos filhos. Os
pais proporcionam o melhor que podem sem o retorno adequado.
Analisando friamente, o fato de nós termos tido, na
maioria das vezes, muitas dificuldades, acabou gerando essa situação?
Exato! Nós queremos compensar os filhos para que eles não
sofram o que sofremos! Isso é uma falha da nossa geração, com exceções. Nós nos
sacrificamos para poupar os filhos, quando o correto é que eles também conheçam
as dificuldades, que existem frustrações,
Lembro-me de que tínhamos horário para chegar em casa.
Tínhamos responsabilidades, compromissos,
A seu ver isso é bom ou ruim?
A gente nunca sabe. Há o lado
bom, eu tive sorte com as minhas filhas, elas conseguiram seguir a carreira delas.
São independes, embora a gente sempre quer ajudar. Houve nesses anos todos, uma
deturpação da realidade e a nossa geração tem um pouco de culpa nisso, os
nossos filhos é essa geração que está ai. Tem a geração dos netos, eu não tenho
neto, mas quando vejo netos, fico muito preocupada. Dei aulas em escola pública
de periferia, percebi muito a história de pais irresponsáveis que passaram para
os avós a criação dos próprios filhos. Isso é muito difícil, acho muito
complicado, os avós já tiveram a sua função de pais! A função dos avós é
agradar, cuidar, na medida do possível, mas não criar! Já tive em escola
pública avós de 32 anos! Essa nova geração está fazendo com que os seus pais se responsabilizem pelos seus filhos. Estamos passando por um período de
terceirização da educação: ou é a escola ou são os avós que estão educando os
filhos dessa nova geração.
Voltando um pouco, você teve o privilégio de estudar nas
mais conceituadas escolas públicas de Piracicaba.
Tivemos sorte nisso, tivemos escolas de referência.
Foi uma época em que o ensino público era considerado
superior ao ensino privado?
Exatamente.
Você é coordenadora de um grupo de ex-alunos do Colégio
Dr. Jorge Coury, hoje todos profissionais de destaque em seus campos de
trabalho.
Eu promovo essas reuniões do pessoal desde 1993. Eu,
Yurika e Sônia Komatsu, somos colegas daquela época, Foi no começo do e-mail!
Decidimos montar um grupo de ex-alunos. Entramos em contato com alguns colegas
que sabíamos onde moravam, foi tomando uma proporção significativa, tinha
jantares com mais de 100 pessoas. Hoje usamos muito o WhatsApp. Inclusive os
professores eram frequentadores dessas reuniões: as professoras Conceição
Brasil, Cecília Graner, Clemência Pizzigatti, professor Davi, Paulo, professor
de física, Miguel Salles, inspetor de alunos, Seu Atílio, Professora Maria
José, de estudos sociais. Professor Beduschi, professora Jandira Ramos.
As reuniões eram em qual local?
A primeira reunião foi na parte superior do tradicional
Restaurante Mirante, famoso pelo pintado na brasa. Hoje o Vado, chefe de
cozinha do Restaurante Mirante está com o seu restaurante localizado na Rua
Alferes José Caetano. Depois fizemos no Hotel Nacional. Restaurante Monte Sul.
No Clube de Campo. Com a mudança de cidade da Yurika, e com o passar do tempo,
houve uma dispersão do grupo, até que a Selma Kassouf montou esse grupo no
WhatsApp. Acredito que temos mais de trinta integrantes do grupo.
É muito comum haver divergências quando determinados
assuntos são abordados dentro de um grupo, podendo até mesmo exterminar o
grupo.
No nosso grupo achamos mais saudável para todos,
evitarmos expressar o posicionamento político individual.
Qual é o principal objetivo do grupo?
É mantermos o nosso vinculo. Muitos colegas moram fora do
país, fora do Estado, ou fora de Piracicaba, esse contato pelo menos uma vez
por ano é presencial, mas diariamente estamos nos comunicando, trocando
impressões, sabendo como cada um está. Uma das coisas muito agradáveis é a
forma como nós nos tratamos, com polidez, respeito, cuido em não ferir
sensibilidades, o cuidado e o carinho que cada um tem com o grupo. Esse
respeito acredito que é uma coisa própria da nossa geração. Grupos de pessoas
pelo meio virtual nem sempre agrada, alguns geram problemas, chateações.
Um dos fatos extremamente comovente, foi a iniciativa
desse grupo com relação a um integrante do grupo.
Trata-se de um colega, pessoa extremamente inteligente,
sempre foi um aluno exemplar, formou-se em uma das maiores escolas do país.
Após formado trabalhou em empresas de tecnologia de ponta em São Paulo,
desenvolveu vários projetos. Seus pais faleceram, ele retornou a Piracicaba na
casa onde sempre tinha vivido. Ali passou a residir sozinho, não havia se
casado. Adoeceu e aos poucos foi definhando. Sem ninguém que cuidasse dele.
Suas economias escasseando. Ele participava do grupo. Os colegas ao saberem da situação, inmediatamente se movimentaram. Desde a assistência hospitalar. até os cuidados
que só uma mulher sabe realizar em um lar. Cuidaram de tudo. Ele permaneceu no
hospital, as visitas eram constantes, mesmo ele estando inconsciente. Até o
último momento da vida dele, teve o total apoio desse grupo de amigos.
Diante do atual quadro que a COVID-19 trouxe, mostrando a
fragilidade humana, ao que tudo indica, vamos passar a valorizar mais o que de
fato importa.
Eu me abalo muito com o fato das pessoas estarem sendo
usadas como “descartáveis”! Acho isso muito perigoso. Nós temos aquele apego fraternal, de não
desligarmos da pessoa que prezamos. Tanto assim que conservamos amizades de
infância,
Você tem saudade do bonde?
Andei muito de bonde. A parada do bonde da Paulista era
ao lado da casa da minha avó,na Rua Benjamin Constant esquina com a Avenida Dr.
Paulo de Moraes. A minha mãe nasceu naquele casarão onde agora é uma
floricultura. Nasci na casa que ficava na Rua Benjamim Constant, quase esquina
com a Avenida Independência, meu pai tinha adqurido a casa da família Gobeth.
Ali morei até 1974 quando mudei ao lado da casa de Dona Maria Figueiredo, dona
da Rádio Difusora de Piracicaba. Essa casa onde morei não existe mais, fica
próxima de onde hoje existe a Igreja Presbiteriana, na Rua Alferes José
Caetano. Essa casa pertencia a Dra. Ana D`Abronzo. Ali que meu pai faleceu aos
45 anos. Fomos morar em um apartamento no Edifício Checolli de onde sai quando
casei.
Você casou-se em qual igreja?
Casei-me na Igreja dos Frades. Frei Augusto fez a minha
primeira comunhão e o meu casamento. Quando fiz a minha primeira comunhão eu o
olhava erguendo a cabeça para cima, quando casei olhava-o olhando para baixo,
eu estava mais alta do que ele. (Ana é uma pessoa alta para os padrões
brasileiro.). No lado oposto ao Lar Escola Maria Nossa Mãe, na Rua Boa Morte, 1966, havia o depósito e fábrica da
aguardente, Caninha 21 da Del Nero & Cia. Ltda. com enormes tonéis de
madeira. Lembro-me da Normanda Del Nero e dos irmãos dela.
Você chegou a andar de trem?
Íamos para Mongaguá de trem! Saiamos de Piracicaba até
Sorocaba, lá faziamos a baldeação e íamos de trem até Mongaguá. Nossas férias
era lá, na casa dessa nossa tia de Sorocaba, que morava em frente a Estação da
Sorocabana, em Sorocaba. Era muito bom!
Onde hoje existe um edifício, na esquina da Rua
Governador Pedro de Toledo com São Francisco de Assis Havia uma pensão
bem-conceituada. Ali morava o Marcos Ometto, que estudava no Jorge Coury. Mais
adiante, na Rua Governador morava o Felipe Belato, outro colega de Jorge Coury.
O Maestro Ernst Mahle residia na Rua São Francisco de Assis.entre a Rua
Governador Pedro de Toledo e a Rua Benjamin Constant. Nesse trecho morava os
Guimarães de Souza. Eu tinha duas vizinhas de casa: Hercília e Ângela Brasil. A
Cecília, filha da Dona Zezé, estudou no Colégio Nossa Senhora da Assunção.
Minha mãe também estudou no Colégio Nossa Senhora da Assunção até o quarto ano
de ginásio, depois ela foi fazer o Curso Normal no Instituto de Educação Estadual Sud Mennucci.
Outra vizinha era a Cecília Piedade, é dentista, mora em São Paulo.
Havia uma senhora, estrangeira, cujo
nome tinha o som de Iope, você chegou a conhecer?
Conheci! Ela morava na Rua São Francisco
de Assis, entre as ruas Governador Pedro de Toledo e Rua Boa Morte Morava em
um casarão, com fachada de pedra. Eu frequentava muito o Lar Escola Maria Nossa
Mãe, Dona Zezé tinha duas irmãs que eram freiras, uma ficava no Lar Escola, eu
com a Cecília íamos a Missa das Crianças, as 8 horas da manhã, na Igreja dos
Frades, saiamos da missa todos os domingos, passávamos no Lar Escola,
brincávamos em um parquinho que existia no fundo, hoje já não existe mais,
comíamos alguma coisa que elas davam para nós, e depois levávamos retalhos de
hóstia (não consagrados) , para comer.
Você chegou a frequentar as quermesses que havia ao lado
da Igreja dos Frades?
Todos os anos,
em junho, havia essas quermesses. Eu adorava aquela festa!
Dancei muito no Lar Escola, todos os anos tinha uma festinha no Lar Escola.
Cada ano era uma fantasia: cigana, baiana, ensaiamos pelo menos por seis
meses e faziamos a apresentação. Era uma delícia, tinha pandeirinho, peteca,
bola.
E os carnavais de Piracicaba, você frequentou?
Eu frequentava
o Clube
Cristóvão Colombo., o “Palácio de Cristal” com a sacada que balançava! Aquela
sacada? Não sei como aquilo nunca caiu! Você mexia nela, ela sacudia! Parece
que o prédio foi alugado a um órgão público. Meu pai foi um dos primeiros
sócios do Cristóvão, depois o meu marido que chegou a ficar remido. O Cristóvão
era um carnaval autêntico no Salão de Cristal. Quando o clube veio para a Avenida Professor Alberto Vollet Sachs perdeu totalmente
a característica de carnaval! Uma luz apagada, as pessoas sentadas à mesa, não
tinha aquele contato de dançar no meio do salão, dai nunca mais eu fui!
E cinemas você frequentava?
Frequentávamos!
O Cine Palácio (mais tarde Rivoli, hoje um templo religioso), o Broadway, o
Politeama. O Broadway chegou uma época em que só tinha filmes que não
gostávamos de frequentar. O Cine Plaza, que durou muito pouco tempo, ficava no
Edifício Comurba, que ruiu. Tivemos lanchonetes memoráveis: Daytona, na esquina
da Rua Moraes Barros com a Praça da Catedral, em um nicho tinha a réplica em
tamanho natural de um carro de Formula-1. Antes tivemos o Karamba`s que ficava
na esquina da Rua São José com a Praça da Catedral.
Foi
uma época fantástica!
Lembro-me dos
bailes do Teatro São José. Um local fantástico, onde ocorriam os bailes de
formaturas. Grandes shows. Meu pai nos levava. Quando acabava o baile
voltávamos a pé até a Avenida Independência com a Rua Benjamin Constant.
Voltava a pé pela Rua Governador Pedro de Toledo, passavamos pelo Mercado
Municipal que estava abrindo. Sem perigo nenhum, sem desespero. Era uma
delícia! Por isso que 1954 foi uma época boa para nascer! A melhor safra!
Ainda
menino eu tinha um sentimento difícil de definir se era medo ou pavor em passar
pela Rua Benjamin Constant esquina com a Avenida independência, ali ficava a
Funerária Libório, com os caixões expostos para o cliente escolher.
Pertinho de
casa! (risos); Pois saiba que nos bons tempos, quando tinha 14 15 anos, fazíamos brincadeiras dançantes, na
parte de baixo da loja do Libório.Um tipo de um porão, rodeada de caixões
funerários.
Mas
isso é meio estranho, não?
É sério!
Naquela época cada semana fazíamos uma brincadeira dançante na casa de um dos
integrantes do grupo de jovens. Era moda as brincadeiras dançantes.
Levávamos
bebida, alguma coisa para comer. Geralmente a bebida era Ki-Suco, groselha.
Dançávamos ao som das músicas que eram sucessos, sem que nos sentíssemos
incomodados com a decoração do ambiente. Possivelmente, o fato de sermos muito
jovens, para nós a morte era algo muito distante. Também o fato de estarmos
permanentemente vendo uma urna funerária entrando ou saindo era coisa mais
natural do mundo. Hoje quando me lembro disso, penso: “Gente! Éramos loucos! ”.
Na esquina da
Rua São Francisco com Rua Benjamin Constant tinha um armazém chamado “Casa Nê”
Mais para frente a famosa Foto Fuji. Em frente tinha a Vidraçaria do Furlam. Na
esquina tinha a sapataria do Seu Toninho. Na esquina da Rua Benjamin Constant
com a Avenida Dr. Paulo de Moraes tinha o armazém do tio da minha mãe, onde
hoje é a floricultura. Ele que construiu aquele sobrado que existe até hoje.
Ele
era libanês?
Era sim, meu
tio João Elias. Aquela casa era muito interessante, era uma casa enorme, com
dois andares, tinha duas salas grandes, embaixo tinha uma sala de jantar, uma
cozinha, a casa inteirinha tinha um banheiro! A minha avó morava ali com eles.
Vinham visitas, cada um tinha o seu quarto, mas o banheiro era único. Meu tio
construiu um segundo banheirinho na parte externa. Minha avó chamava-se
Deolinda Elias Cenedese e meu avô Fioravante Cenedese.
Virando
a esquina pelo lado direito, na Avenida Dr. Paulo de Moraes, é a família Filetti.
Exatamente.
Ontem mesmo estava comentando com a minha filha e meu genro, que trabalhei
muito no Filetti. Ao mesmo tempo em que brincava, empacotava, farinha de milho,
fubá, depois no final do dia varria tudo, o pátio inteirinho. Ao mesmo tempo
que era uma brincadeira, ajudávamos. Tinha a Maria Aparecida, que era tia da
Izilda, a diferença de idade entre as duas era de apenas um ano! E tinha a
Vera. Subindo tinha um outro moinho, que era onde eu brincava e trabalhava,
Eram dois moinhos: O moinho do Seu Antonio mais próximo da esquina da Rua
Benjamin Constant e o moinho da parte de cima do Seu José.