domingo, setembro 14, 2008

A FÉ TEM SEUS CAMINHOS

O padre Gabriel Figura cancelou a procissão prevista para hoje de manhã, em Curitiba, com a mula Bela Vista, que causou polêmica durante esta semana. O pároco da Igreja dos Passarinhos, no bairro Bigorrilho, lamentou ontem a má recepção que recebeu por causa da sua idéia de levar a mula para participar da celebração do dia de Nossa Senhora das Dores, comemorado dia 15.Para evitar mais transtornos, o padre resolveu então abrir mão da procissão, mesmo sem o animal. Ontem pela manhã, a mula foi retirada dos fundos da igreja, onde tinha sido improvisado um estábulo para o animal no mês passado, quando o padre ganhou o animal de presente pelo seu aniversário. "A mula, que é pacífica, foi tão mal-entendida. Eu não consigo enxergar maldade, mas peço então desculpas em nome da comunidade pelo mal-estar que acabei causando, inclusive às autoridades eclesiásticas. Meu sonho foi frustrado", lamentou o padre.
Agora, a mula vai para uma chácara no município de Quitandinha, na Região Metropolitana de Curitiba. "Ofereço meu perdão para todos aqueles que não puderam entender o gesto", disse.A decisão frustrou muitas das crianças presentes ontem na igreja. "Vamos aguardar uma outra oportunidade" foi o recado do padre às crianças.A idéia inicial de Figura era fazer com que Bela Vista entrasse na igreja, conduzindo-o até o altar. Alguns fiéis se sentiram incomodados e se queixaram à Cúria Metropolitana de Curitiba, levando o arcebispo da Diocese de Curitiba, dom Moacir José Vitti, a entrar em contato com Figura e tentar fazê-lo mudar de idéia.Símbolos da igreja, os passarinhos que lá estão, em gaiolas, também estão agora com seu futuro indefinido. "Não sei se vou retirá-los também", refletiu o padre.









Nagib Mohammed Abdalla Nassar Ph.D

O cientista egípcio Nagib Mohammed Abdalla Nassar é o entrevistado do jornalista João Umberto Nassif de hoje. Ele conta como conseguiu, com suas pesquisas aqui no Brasil, criar uma super-mandioca e ajudar no combate à fome na África. Nagib Mohammed Abdalla Nassar nasceu no Egito em 19 de setembro de 1938. É professor titular da Universidade de Brasília. Graduado pela Cairo University em1958 tornou-se mestre em genética pela Assiut University em 1965 e PhD em Genética (co-major em botânica) pela Alexandria University em1972. A convite do Ministério das Relações Exteriores, dentro do acordo científico bilateral veio para o Brasil em 1974. É professor titular da Universidade de Brasília desde 1987. Possui experiência na área de botânica, com ênfase em Botânica Aplicada. Com o apoio do Centro Internacional IDRC do Canadá na década de 70, e posteriormente do CNPq na década de 80, desenvolveu resultados híbridos da mandioca que estão plantados e foram adotados pelos agricultores em todo o Oeste da África cobrindo mais de 4 milhões de hectares. Na década de 90 lançou o primeiro híbrido da mandioca com o dobro da proteína, que atualmente se encontra, plantado em vários estados brasileiros. Nos últimos dez anos produziu o primeiro e único clone desta cultura abrindo um caminho para revolucionar a sua produção. Nassar desenvolveu, cruzando espécies silvestres com outras mais comuns, uma super-mandioca, com uma concentração maior de proteínas e maior produtividade por hectare plantado. O cruzamento do cientista ajudou vários países africanos a combater a fome em seus territórios e transformou a Nigéria no maior produtor mundial da raiz. Em reconhecimento ao sucesso no desenvolvimento do novo híbrido foi indicado em 2002 para o Prêmio Mundial para a Alimentação (World Food Prize), por cinco vezes ele concorreu ao prêmio, indicado pelo Centro Internacional de Pesquisa em Desenvolvimento (International Development Research). O horizonte que o cientista Nassar ampliou, por muitos foi reconhecido, encontrou também resistências por interesses comerciais e pessoais de alguns, não só no país como no exterior. Durante mais de 33 anos de trabalho, em universidades brasileiras criou amplo quadro de profissionais e pesquisadores, e introduziu cursos em várias universidades no Brasil (Rio Grande do Sul, Goiás, Viçosa, Brasília, São Paulo) e na América Central (CATIE). Ultimamente estendeu sua missão à Universidade Suíça de Berna. Ele tem seu site www.geneconserve.pro.br, no qual procura divulgar conhecimento sobre um produto tão comum e ainda por muitas das suas propriedades a serem exploradas: a mandioca. Uma parte da população brasileira imagina que a mandioca possa produzir a farinha, muito comum principalmente acompanhando o arroz e feijão. Também é muito consumida frita. A Embrapa de Cruz das Almas, na Bahia, comemora 22 de abril, o Dia da Mandioca. A data coincide com a do descobrimento do Brasil. "Foi aqui que os colonizadores portugueses descobriram também a mandioca, o ‘pão dos trópicos’. O amido extraído da mandioca é chamado de fécula que de acordo com seu teor de acidez é conhecido em duas versões: como polvilho doce ou polvilho azedo. A fécula de mandioca é utilizada no setor alimentício para a fabricação de drops de goma, cremes, tortas, geléias, conservas de frutas, tapioca, salsichas, mortadelas, lingüiças, carnes enlatados, sorvetes, fermento em pó, papinha infantil, o saboroso pão de queijo, o tão apreciado biscoito de polvilho, entre outras coisas. A fécula de mandioca possui um grande número de derivados. Na panificação, vem sendo utilizada como complemento para a farinha de trigo, inclusive na fabricação do pão francês. A indústria têxtil, também se utiliza da fécula para engomagem e estamparia, espessando os corantes e aumentando a firmeza e o peso dos tecidos. A indústria de papel também a utiliza para dar corpo, colar e dar resistência ao papel e ao papelão. Dentro das 98 espécies de Manihot, tidas como válidas Manihot esculenta é a única cultivada, pelas suas raízes ricas em carboidratos. Outras espécies silvestres foram testadas quanto à sua compatibilidade com M. esculenta por Nassar, que realizou hibridações, com sucesso, de M. tripartita, M. reptans, M. procumbens e M. oligantha com clones de M. esculenta. Os híbridos oriundos desses cruzamentos encontram-se na coleção viva da Universidade de Brasília.
Como foi a infância do senhor no Egito?
Minha infância foi boa. Tive muita dedicação aos estudos. Absorvi muitos hábitos das atividades do meu pai, que exerceu a militância política como líder da oposição ao então presidente do Egito Gama Abdel Nasser. Cresci em um ambiente que proporcionou uma visão mais ampla, politicamente e socialmente. Por isso sempre pensei que a minha pesquisa tem que ser ligada a um objetivo social.
Como o senhor resolveu vir ao Brasil?
Vim para o Brasil já com a missão planejada. Para melhorar a mandioca para a África eu tinha que vir realizar minhas pesquisas onde a planta tem uma grande expressão. Após uns quatros anos manipulei híbridos da mandioca e de acordo com as regras estabelecidas por regulamentos internacionais, mandei estes híbridos para a África. Passados quatro anos esses híbridos estavam plantados em quatro milhões de hectares em solo africano.
Assim como pesquisadores brasileiros foram buscar abelhas africanas para melhorar o mel, o senhor veio para aprimorar a mandioca no Brasil, aplicar essa tecnologia aqui e enviar também para a África?
Eu ouvi essas histórias sobre as abelhas africanas. Mas estão bem distantes da minha mandioca! O senhor veio para o Brasil com a sua família?
Viemos juntos, descemos no Aeroporto de Congonhas. Cheguei no dia 24 de setembro de 1974, em um vôo da Varig. O avião veio quase vazio, porque a Varig tinha tido um acidente alguns meses antes. Achei interessante o fato de avião estar vazio, era um avião quase só meu!
Qual foi a sua primeira impressão sobre o Brasil ao descer do avião?
Fascinante! Extremamente fascinante. Piracicaba foi muito especial. Agora, quando voltei a Piracicaba quis rever os lugares que tinha freqüentado na época. Um dos locais foi o chamado Restaurante Arapuca. A cidade cresceu muito. Dizem que triplicou no período em que a deixei até agora. Piracicaba continua fascinante. O povo é muito hospitaleiro. Eu tive a melhor impressão do Brasil no período em que estive em Piracicaba. Fiquei em Piracicaba de setembro até o final de março de 1974.
Hoje o senhor é brasileiro e egípcio?
Tenho duas cidadanias.
Como é o ambiente rural no Egito?
O Egito tem uma alta densidade populacional. Chega a ser de três a quatro vezes superiores a densidade populacional do Brasil. A distribuição geográfica é concentrada no Vale do Nilo. Ao contrário do Brasil onde a distribuição é ampla. Essa densidade do Egito cria várias conseqüências no comportamento, na cultura.
Qual é o significado das pirâmides para o povo egípcio?
O egípcio sente orgulho das pirâmides.
O senhor visitou as pirâmides?
A minha residência fica ao lado das pirâmides! Até não construírem alguns edifícios, era possível do meu prédio ver as pirâmides.
O que o senhor pode comentar sobre o Deserto do Sahara?
Representa 95% do território egípcio. O Vale do Nilo representa 5%.
O senhor como cientista, pesquisador, algum dia teve algum pensamento científico para aproveitar essa grande área?
Existe sempre o pensamento. De aumentar a área cultivada, resolver o problema da explosão demográfica de 70 milhões de habitantes.
Existe algum controle de natalidade?
Existe. Mas aspectos culturais interferem. O governo quer uma coisa, mas hábitos culturais querem outra coisa.
Existe violência?
Havia violência política, agora já acalmou. Não existe criminalidade. O controle policial é muito grande. Existe a pena de morte através de enforcamento. Ela é usada em crimes hediondos.
O que motivou o senhor a dedicar-se tanto na pesquisa sobre mandioca?
Faz parte da minha profissão, como professor de cultura da África, lecionar a cultura de mandioca.A terra, para a mandioca ser cultivada, tem que ser uma terra rica?Pode ser um solo muito pobre, é uma planta de solos marginais. Está plantada em locais onde outras culturas não prosperam. Ela exige água, mas agüenta a seca. O tempo de cultura da mandioca é de um ano. Existem formas de conservar a mandioca na forma de farinha, ou então fazer chips (rodelas). A raiz da mandioca estraga rapidamente. Fermentada ela produz bebidas com teor alcoólico de 20% aproximadamente.
O senhor ministrou um curso a respeito da cultura da mandioca na Flórida?
Permaneci na Florida por um semestre, onde participei ativamente em um projeto deles. A única mandioca que existe lá fui eu que introduzi.
O senhor acredita que nessa corrida para fabricar o álcool a mandioca pode participar?
Sim, teoricamente pode. Eu sou contrário a utilização da mandioca como fonte para obtenção de álcool. Baseio-me no princípio de que há muita gente passando fome. Como vamos privilegiar a produção de álcool e deixar as pessoas com fome.
Existe um só tipo de mandioca?
Existe uma variedade muito grande. Inclusive tipos que se não forem devidamente processadas podem matar.
Existe semente de mandioca?
Eu criei uma linhagem para que a mandioca cresça a partir da semente.
Como o senhor vê a posição das universidades brasileiras com relação a universidades de outros países?
Há um progresso muito grande. Nos últimos cinco anos o progresso foi muito acentuado. Há um investimento muito grande, tanto de verbas vindas do exterior como verbas do próprio país. Acho que existe um futuro muito bom para as universidades brasileiras.
Como o senhor conseguiu dobrar a quantidade de proteína na mandioca?
Realizei pesquisas, fiz avaliação de espécies silvestres que tem uma quantidade de proteínas muito maior do que a mandioca comum. Uma das espécies tem quatro vezes mais proteínas do que a mandioca normal, é 8% de proteínas. Consegui um produto híbrido com 4,5% de proteínas.
Há uma lei que deve ser acrescentada farinha de mandioca à do trigo?
Existe uma lei tramitando no congresso para adicionar 20% de farinha de mandioca à farinha de trigo para fabricar o pão.
Como o senhor se sente em ser responsável pela plantação de quatro milhões de hectares de mandioca na África?
Eu contribuí para a plantação desses quatro milhões de hectares. Sinto-me muito orgulhoso. Realizei-me muito, cumpri uma parte importante da minha missão científica.




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quinta-feira, setembro 11, 2008

NERVOS

"Os impostos representam os nervos do Estado."
Cícero




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quarta-feira, setembro 10, 2008


MÁQUINA QUENTE II


MÁQUINA QUENTE I


FACHADAS


NATUREZA


DR. LEGARDETH CONSOLMAGNO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/index.htm

Entrevistado: DR. LEGARDETH CONSOLMAGNO

DATA: (08 SETEMBRO DE 2008)

O estudante de medicina presta um juramento ao formar-se como médico. Transcrevemos a forma simplificada do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura: “Prometo que, ao exercer a arte de curar, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência. Penetrando no interior dos lares, meus olhos serão cegos, minha língua calará os segredos que me forem revelados, o que terei como preceito de honra. Nunca me servirei da profissão para corromper os costumes ou favorecer o crime. Se eu cumprir este juramento com fidelidade, goze eu, para sempre, a minha vida e a minha arte, com boa reputação entre os homens. Se o infringir ou dele afastar-me, suceda-me o contrário”.
Segundo Dr. Drauzio Varella: “Está na hora de acabar com o ritual do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura. Para que manter essa tradição? Os advogados, por acaso, juram que defenderão a justiça? Engenheiros e arquitetos precisam jurar construir casas que não caiam?” Ele ainda prossegue: “Aos olhos da sociedade, a mera existência de um juramento solene dá a impressão de que somos sacerdotes e de que devemos dedicação total aos que nos procuram, sem manifestarmos preocupação com aspectos materiais como ás condições de trabalho ou a remuneração pelos serviços prestados. Para a felicidade de tantos empresários gananciosos. O exercício da medicina envolve a arte de ouvir as pessoas, de observá-las, de examiná-las, interpretar-lhes as palavras e de discutir com elas as opções mais adequadas. O tempo dos que impunham suas condutas sem dar explicações, em receituários cheios de garranchos, já passou e não voltará. A falta de tempo não serve para ser usada como desculpa para deixarmos de escutar a história que os doentes contam. De fato, muitos deles se perdem com informações irrelevantes, embaralham queixas, sintomas. A arte da medicina está em observar. Muitos procuram nossa profissão, imbuídos do desejo altruístico de salvar vidas. Nesse caso, encontrariam mais realização no Corpo de Bombeiros, porque a lista de doenças para as quais não existe cura é interminável. Curar é finalidade secundária da medicina, se tanto; o objetivo fundamental de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano”. O Dr. Legardeth Consolmagno é um dos profissionais para quem o juramento de Hipócrates deve ter sido mais uma etapa da solenidade de formatura. Altamente carismático conquista de imediato a confiança do interlocutor. Seja paciente ou não. Respeitado por sua conduta ética e sua estatura moral. Tem uma forte atuação no meio social em que convive. É do tipo de pessoa que não vê a vida como um espectador! Ele participa em toda causa que julga poder colaborar. Muitos ouvintes ligaram para agradecer, confraternizarem-se, e mostrar o seu apreço pelo médico Dr. Legardeth, inclusive narrando passagens em que foram atendidos pelo dedicado profissional da saúde.

Qual é a origem do nome Legardeth?
O meu dizia que quando eu estava para nascer, ele leu em uma revista que já não existe mais há muito tempo, chamada “Eu Sei Tudo”. (N.J.: Revista ilustrada “Eu Sei Tudo”, editada pela Companhia Editora Americana entre 1917 e 1958, com enfoque sobre ciência, arte, literatura e história). Nessa revista ele leu uma história onde havia um personagem chamado Legardeth o qual ele passou a admirar. Era um romance em série, escrito por capítulos em cada exemplar da revista. O próprio Machado de Assis chegou a publicar livros nessas condições: em séries publicadas em periódicos da época. Quando eu já estava no curso pré-médico em Curitiba, eu perguntei ao professor Mansur Guerius que era um lingüista, inclusive havia publicado várias gramáticas de línguas indígenas, caigangues e guarani daquelas regiões do sul. Ele era nosso professor de português no pré-médico. Disse-me que iria procurar a origem do nome Legardeth. Quando eu já estava para me formar fui procurá-lo para ver se havia encontrado alguma referencia á Legardeth. Então ele me disse: “Não encontrei, mas tenho os seus dados, sei que você é de Piracicaba, irei fazer esse histórico que irá constar no meu dicionário de nomes próprios”. Eu então lhe disse: “Ah professor o senhor vai publicar!” Ele me disse: “Sim, será uma publicação póstuma, se encontrar editor!” Ele publicaria o livro que estava sendo escrito em publicação póstuma (após a sua morte) se encontrasse editor! Como a obra não saiu ainda, acho que não foi encontrado um editor.
O senhor nasceu em Piracicaba?
Nasci o dia 19 de janeiro de 1924, em Rio das Pedras, mas sou cidadão Piracicabano, meu pai Olimpio Consolmagno nasceu em Rio das Pedras em 04 de dezembro de 1898, era ótico, ourives e relojoeiro, minha mãe Cristhina Caravita nasceu em 10 de fevereiro de 1900 em Capivari. Meu pai tinha inicialmente um estabelecimento em Rio das Pedras, á Rua Prudente de Moraes, 22. Ele estabeleceu-se em Rio das Pedras em 1916, na época ele tinha apenas 18 anos de idade. Em 1933 transferiu-se para Piracicaba, onde montou a Ótica e Relojoaria Consolmagno. Naquele tempo os comerciantes tinham muito orgulho em colocar seu nome, ou sobrenome, no estabelecimento comercial, nas notas fiscais, nas faturas. Meu avô já tinha levado meu pai duas vezes para a Itália isso no período até em que ele completou 13 anos de idade Meu pai queria aprender ourivesaria, com 13 anos de idade ele foi conhecer a arte com o Alleoni, ourives e relojoeiros italianos estabelecidos em Capivari. Naquele tempo havia na praça central de Capivari um fotógrafo daqueles então chamados lambe-lambe. Meu pai viu exposta uma fotografia de uma menina, que ele gostou. Com muito empenho acabou adquirindo a foto. Procurou até encontrar aquela moça. Daí começou o namoro que durou por 10 anos, afinal ele tinha apenas 13 anos de idade! Durante o namoro, as viagens de trem que durava mais de três horas entre Rio das Pedras e Capivari, o dinheiro gasto com telefonemas e viagens segundo dizia meu pai, daria para ter feito mais do que uma casa. Quando eles conversavam ao telefone, estendiam seus colóquios, inclusive cantando um para o outro!
O senhor estudou em Rio das Pedras?
O primeiro ano do curso primário eu estudei em Rio das Pedras, isso foi em 1932. Fui reprovado. Eu não sabia que era míope! E 1932 foi um ano tumultuado, foi o ano da Revolução Constitucionalista, quase não tivemos aulas. Em janeiro de 1933 mudamos para Piracicaba, viemos morar na Rua Governador Pedro de Toledo, 126. Depois passou a ser o número 1008. Os caminhões trafegavam ali na Rua Governador em ambos os sentidos, não havia mão nem contramão. Isso foi até 1940, a rua era calçada com paralelepípedo. Os carinhos de tração animal possuíam rodas de madeira revestidas com um aro de ferro, quebravam o silencio da madrugada entregando leite, pão, verduras. Antigamente existia ao lado um depósito de secos e molhados de Elias Daibes. Hoje é onde fica o Bazar Neusa, quase em frente á Sociedade Sírio-Libanesa. O meu consultório e a Ótica Consolmagno ficava onde hoje existe a loja De Manos Permaneci com meu consultório lá por 43 anos. Existiam pessoas que desciam a Rua Governador conduzindo cinco ou seis cabras, cada uma com seu sininho no pescoço. Era para a criançada tomar leite tirado na hora. O pessoal entregava de vaca em litros tampados com palha e sabugo de milho, isso antes da pasteurização ser adotada como procedimento regular.
Em Piracicaba o senhor passou a freqüentar qual escola?
Naquele tempo era chamada Escola Normal, hoje Sud Mennucci. Fiz o primário lá. O quarto ano primário eu fiz no Sétimo Grupo, hoje se chama Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes. Só que não era no local onde se situa atualmente. Ficava na casa onde morou Prudente de Moraes. Lá é que foi criado o Sétimo Grupo Escolar em Piracicaba, cujo diretor foi o professor Nestor Pinto César. Para formar a escola, eles pegaram alunos de diversas séries, de diversas escolas, que moravam no centro, para compor o número necessário de alunos e constituir a escola. O ginásio eu fiz o Externato São José, que era a parte masculina do Colégio Assunção. Ficava na Rua Alferes José Caetano, no prédio em que depois funcionou a faculdade de odontologia. Dali eu fui fazer o curso pré-médico em Curitiba.
Em Curitiba o senhor foi morar em que local?
Como estudante eu morava em republicas. Sempre no centro da cidade. A primeira república em que morei ficava na Praça Tiradentes, ao lado da catedral. Passei por lá a dois meses e pude verificar que a casa em que morei ainda existe! Ainda como estudante, morei no Hotel América, que ficava na Rua XV de Novembro, centro da cidade.
Curitiba tem um ponto folclórico, onde se reúnem muitos amigos. É a chamada “Boca Maldita”. Fica na antiga Rua XV de Novembro, mais tarde denominada Rua das Flores. Nessa época já existia a famosa reunião?
Na minha época existia a “Gleba dos Apertados”. Quando você precisava de dinheiro sempre havia um agiota que emprestava. Os que necessitavam vender com urgência algum objeto, ali era o desaperto.
O senhor chegou a usar o bonde em Curitiba?
Usei! Até o seu final. Foi vendido por um valor simbólico de 1 cruzeiro, ou seja uma unidade de moeda corrente na época.
Após concluir o curso de medicina o senhor saiu de Curitiba e foi para onde?
Fui para Campo Mourão, no Oeste do Paraná. Quando eu iniciei era médico, médico de sertão, aquele que faz tudo, sem raio-x, sem laboratório, para um universo de 150 mil pessoas havia apenas três médicos era comum ficar sem almoço dois ou três dias ou duas noites sem dormir! Peguei o primeiro surto de febre amarela, onde tive trinta e dois pacientes, sendo que dezoito deles vieram a óbito. E eu não era vacinado. Muitas mulheres morriam no parto, contraindo o tétano. Morram muitas crianças com difteria. Sarampo matava até adultos! Hoje com a vacinação ninguém mais se lembra dessas doenças. Tudo isso ficou para a história da medicina. Na época não se vacinava ninguém. Tenho dois filhos que realizei o parto deles. Depois passei a atuar sempre foi oftalmologia.
Naquela época era considerado quase o fim do mundo?
Bem para lá! Era uma cidade pequena, estava estagnada, e estava entrando em uma fase de progresso. Ficava a 100 quilômetros de Maringá e a 250 quilômetros de Guarapuava. Comecei a trabalhar em Mamborê, que significa em tupi, “ultimo acampamento”. Os paraguaios vinham roubar mate no Brasil. Eles foram avançando, até chegar a Mamborê, quando houve a resistência dos brasileiros. Eles contam que durante muito tempo foram encontradas peças, armas, ferramentas, deixadas quando os paraguaios tiveram que fugirem.
O senhor tem uma atuação notável dentro da classe médica. Pode citar alguns cargo ou funções ocupadas?
Em 1987 participei do Primeiro Congresso de Ética Médica, quando se elaborou a terceira reforma do código de ética médica. Fui do Grupo 9. Esse código foi feito com a participação de toda a comunidade. Eram 200 pessoas que participavam. Cada bloco era composto por 20 pessoas. Foi nessa época que elaboramos o código de ética vigente. E já se cogita de uma nova reforma, porque muita coisa modificou-se.
A assistência médica, não só no Brasil, mas em qualquer parte do mundo, é vista como insatisfatória?
O médico não satisfaz todas as necessidades. O médico não tem vara de condão para resolver outros problemas. Ele tem que minorar a situação, aliviar. Ele não tem o compromisso de cura, não tem esse dom. Isso ele não tem. Ele pode aplicar a sua arte, o seu conhecimento, a sua solidariedade, amenizar. Ás vezes ele cura. Mas sempre ele tem que consolar. Nem sempre é o médico e o remédio que curam. A maioria das vezes é o próprio organismo que se cura. Ás vezes o organismo está tão debilitado que não há mais o que fazer. Não há remédio nem dedicação de médico que curem! Há uma situação final. Sempre existe esse final.
Existe corporativismo na classe médica?
Não existe. Tanto que são eleitos os representantes. Permaneci no CREMESP - Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo por 10 anos. Na APM, Associação Paulista de Medicina eu fui do quadro de direção e conselho por 26 anos.
Qual é a sua opinião sobre as filas em que pessoas madrugam para serem atendidas, que se diga a bem da verdade não é um fenômeno recente?
O problema da medicina, não só aqui como em outros países é um problema de carência. Verba. Tendo dinheiro não fica difícil. O problema é que tem que ser feito muito com pouco dinheiro. Não dá para fazer! Se houvesse recursos suficientes não haveria filas. Para o doente particular em que ele tem o poder aquisitivo as coisas ficam mais fáceis. Veja que, nem sempre quando você telefona no consultório de um colega, veja bem, estou falando de um colega para outro, a secretária irá marcar consulta dali a cinco dias. Não é de imediato. Ele também tem uma capacidade de trabalho, tem seu limite. Urgência é outra história. Urgência é para ser atendida com urgência.
As faculdades colocam no mercado um grande número de profissionais, e mesmo assim ocorre essa carência?
Não há carência! Há má distribuição de profissionais! Ninguém quer ir para um local onde não há recursos, conforto, estabilidade enfim meio de vida muito bom. Nos grandes centros, nas cidades boas, existe uma superlotação de médicos. Nas cidades pequenas, nos lugares do interior onde não existem condições de vida favorável, onde não há condições de criar e educar os filhos, ai há carência de médico.
O senhor tem idéia de quanto recebe por consulta um médico que atende no serviço federal?
Parece-me que agora houve um reajuste. Mas não chega a vinte reais uma consulta, com direito ao retorno do paciente, que não é remunerado. Um técnico, um encanador, um eletricista ganha mais.
Como o senhor faria um paralelo entre a medicina de três ou quatro décadas com relação á medicina atual?
É difícil estabelecer um paralelo porque as coisas são muito diferentes. Hoje é outra medicina. Aquilo que aprendi na faculdade está na história da medicina. Isso no aspecto técnico profissional. No relacionamento humano também houve modificações. Hoje existe o intermediário. O Estado é um intermediário, ele trata um serviço com o médico. Existe a medicina de grupo, que também dá a assistência medica, mas não diretamente. O paciente realiza um contrato com uma empresa que vai lhe prestar serviço através do médico. Assim com também existem as cooperativas médicas, todas as prestadoras de serviços médicos. São intermediários. O médico já não tem o seu cliente. O cliente é da empresa. Ele procurou aquele médico porque ele é daquela empresa.







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Origem do macaco

Não tenho grande dúvida de que o homem se originou do macaco, mas o que me inquieta é não saber de onde surgiu o macaco."
Henry Billings



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sábado, setembro 06, 2008

FAUSTO WOLFF

Morre o jornalista Fausto Wolff, ex-editor de O Pasquim
Na noite da última sexta-feira (05), morreu, aos 68 anos, no Rio de Janeiro (RJ), o jornalista Fausto Wolff, um dos editores de O Pasquim.
Segundo informações de sua família, Wolff, que usava o pseudônimo de Faustin von Wolffenbüttel, foi vitimado por uma insuficiência respiratória aguda, proveniente de uma tromboembolia pulmonar, contra a qual lutava há mais de dois anos. O jornalista estava internado no Hospital São Lucas.
Fausto Wolff nasceu na cidade de Santo Ângelo (RS), em 1940. Ainda aos 14 anos, começou seu trabalho como jornalista, atuando como repórter de polícia de um jornal de Porto Alegre (RS). Quando completou 18 anos, fez sua mudança para o Rio de Janeiro.
Em sua carreira, o jornalista atuou em veículos como O Globo, Tribuna da Imprensa, Jornal do Brasil, entre outros, além de ser autor de diversos livros.
Wolff era casado, tinha duas filhas e dois netos.





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Mistérios das Arcadas

Mistérios das Arcadas
Burschenschaft. Esta estranha palavra alemã tem muito a ver com a história do Brasil. É também a senha para desvendar o passado e melhor compreender as tradições de antigos e atuais alunos da mais tradicional escola jurídica do País: a Faculdade de Direito, do Largo de São Francisco.
Burschenschaft foi o nome dado às sociedades de estudantes que surgiram no final do século 18 com o objetivo principal de promover a unidade da Alemanha. Existem até hoje em “campus” como o de Heildeberg, a mais antiga universidade alemã.
No Brasil, a “Bucha”, o nome vertido de Burschenschaft, surgiu na década de 1830 entre os alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, fundada pelo professor de origem alemã que lecionava no Curso Anexo da Faculdade, JULIUS GOTTFRIED LUDWIG FRANK, ou simplesmente Júlio Frank.
Frank viveu apenas 32 anos, dez dos quais no Brasil, país em que morreu e foi enterrado, de maneira insólita, no pátio da escola, onde seus restos permanecem sob um túmulo imponente, tombado pelo Patrimônio Histórico.
Ao contrário da existência curta de seu fundador, a Bucha teve vida longa e influência duradoura na sociedade: de seus quadros saíram a maioria dos presidentes da República entre 1889 e 1930, além de poetas como Castro Alves e personalidades da história do Brasil como Ruy Barbosa e o Barão do Rio Branco.
Quem na verdade foi, porém, Júlio Frank? Seria um príncipe desterrado? Seria um fugitivo com nome falso em busca de refúgio após ter cometido um assassinato com fins políticos?
De acordo com o escritor brasileiro de origem alemã Afonso Schmidt ele era um fugitivo sim, mas por motivos outros como dívidas e envolvimento em duelos. Baseado em documentos encontrados na Alemanha na primeira metade do século passado, Schmidt escreveu a biografia romanceada A Sombra de Júlio Frank, publicada nas décadas de 1940 e 1950.




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Polícia Civil apreende pinga falsificada



Guiratinga, Mato Grosso: Polícia Civil apreende pinga falsificada

Os delegados Jalles Baptista da Silva e Henrique de Freitas Meneguelo apreenderam na tarde de quinta-feira (4) 51 garrafas de pinga da marca Pirassununga 51, falsificadas.

Garrafas de aguardente falsificadas apreendidas pela polícia, em Guiratinga
A denúncia partiu da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), com sede em São Paulo (SP) e, após minuciosa investigação, os delegados, acompanhados de cinco policiais, requisitaram mandados de busca judicial em três estabelecimentos comerciais da cidade de Guiratinga e apreenderam aproximadamente 100 garrafas suspeitas.
Analisando o material apreendido, uma perita da ABCF constatou a falsificação em 51 garrafas, após exame do lacre do aguardente e, a utilização de luz ultravioleta.
Segundo o delegado Henrique Meneguelo, os comerciantes de Guiratinga adquiriam as pingas falsificadas de um rapaz ainda não identificado, que reside na região de Barra do Garças. Entretanto, eles alegaram desconhecimento de que os produtos eram falsos.
“Os falsificadores estão cada vez mais usando tecnologia avançada para ludibriar comerciantes e consumidores”, ressaltou o delegado.






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sexta-feira, setembro 05, 2008

JORGE EDUARDO ARANCIBIA CUBILLOS

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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Entrevistado: JORGE EDUARDO ARANCIBIA CUBILLOS

DATA: (03 SETEMBRO DE 2008)

Salvador Allende conseguiu eleger-se presidente do Chile em 1970. No dia 11 de setembro de 1973, o governo de Allende foi derrubado pelo exército, liderado pelo general Augusto Pinochet. A derrubada do presidente socialista Salvador Allende foi antecedida por uma greve de caminhoneiros. Proveniente de uma família de artistas e bailarina de profissão, a Primeira Dama do Estado de São Paulo Mônica Allende Serra, nascida no Chile, é a esposa do Governador do Estado de São Paulo José Serra. Eles se conheceram quando José Serra estava exilado no Chile. Em entrevista concedida em 7 de maio de 2008 á Myriam Aravena Guerrero, em Santiago (Chile), Monica Allende Serra fala ao ser questionada se tem algum parentesco com Salvador Allende. “Não, não tenho. Eu sempre digo que não. Eu saí exilada porque meu sobrenome é Allende, então era muito perigoso andar pela rua e explicar que não tinha nada a ver com Salvador Allende, que ele não era da minha família. Se eu demorasse a me explicar, com certeza estaria morta”.
Piracicaba é atualmente um dos pólos que produz bens para serem exportados. O piracicabano passou a ver veículos de grande porte, com origem nos países vizinhos. Nosso entrevistado de hoje é o caminhoneiro chileno Jorge Eduardo Arancibia Cubillos, nascido em Providencia á 16 de fevereiro de 1971, filho de Raúl Alberto Arancíbia Merino e Maria Luisa Catalina Cubillos Riffo. Jorge e seu colega de trabalho, também chileno natural de Santiago, Alexander Steven Eascanilla Espinoza, são dois jovens sempre sorridentes, que parecem estarem de bem com a vida. Nada os destaca no aspecto físico dos brasileiros. A não ser quando começam a falarem entre si, um castelhano rápido e quase incompreensível á um piracicabano! Com extrema boa vontade, ambos se esforçam para se comunicar em um “quase português”, o que conseguem com pleno êxito. Outro fator que desperta muita curiosidade são os pesados veículos que dirigem geralmente americanos ou europeus, com placa chilena. É impossível não chamarem a atenção!
Jorge você seguiu a profissão do seu pai?
Exatamente! Meu pai é motorista também, só que ele já está aposentado. Minha mãe infelizmente já faleceu em novembro de 2000. Sou solteiro. Até agora.
Você estudou até que grau no Chile?
O estudo lá tem quase a mesma estrutura do estudo no Brasil. O primário que são oito anos, e o secundário que são quatro anos. Eu estudei por esse período.
Como você resolveu trabalhar com caminhão?
Foi por causa de meu pai! Ele era motorista, entre outros veículos, dirigia caminhões Scania, de origem brasileira e também sueca. A empresa em que eu trabalho usa caminhões americanos e europeus.
Qual é a diferença entre esses veículos?
São iguais. Não tem diferenças. O cambio americano tem o que chamamos de caixa bruta, aqui é chamada de caixa seca, não é um cambio sincronizado.
Isso significa que tem que ter muita habilidade para saber a hora certa de engatar uma marcha?
Se você errar a hora correta de engatar, não consegue mais mudar de marcha. Tem que começar de novo.
O trajeto que você percorre é por estradas que passam por muitas montanhas isso dificulta ainda mais?
No período do inverno é complicado. A neve e o gelo sobre as estradas, principalmente no período de junho até setembro. Na Cordilheira dos Andes existe neve.
Como é a Cordilheira dos Andes?
É coisa séria! Em todos os sentidos. Cerração, neve, frio, muitos graus abaixo de zero.
Qual é a principal habilidade para dirigir em uma estrada perigosa assim?
Cuidado. Mais que nada ter muito cuidado. Precaução. Não há uma estratégia para se dirigir em cima do gelo, só tem que ter cuidado.
Qual é a velocidade máxima que pode ser desenvolvida em cima do gelo?
Tem que ser a mais prudente, aquela em que você sinta que pode dominar o seu veículo.
Se tiver muito gelo temos que colocar as “cadenas” que aqui se chamam correntes. Geralmente as correntes são colocadas nas rodas que fazem á tração do veículo.
Qual é a roupa utilizada durante a viagem?
Em Santiago, usamos roupas normais, no inverno usamos blusas para o frio. Subindo a Cordilheira dos Andes, temos que colocar um macacão térmico.
Qual é o tempo de duração de uma viagem de Santiago á Piracicaba?
Em média de seis a sete dias. São 3900 quilômetros.
Qual é o trecho da estrada que é mais perigoso?
È o da Cordilheira. A pista é normal, porém bastante sinuosa. Alguns brasileiros quando chegam ao alto da Cordilheira pela primeira vez, ao olharem para baixo, ficam apavorados! Alguns não querem descer pela estrada! É realmente um cenário impressionante.
Já ocorreu de furar um pneu do seu caminhão em plena Cordilheira dos Andes?
Já! E na Cordilheira não temos condições de continuar a viagem sem trocar o pneu. Lá não há borracharia, não há nada.
Quantos litros de combustível você gasta em uma viagem do Chile ao Brasil?
Só para vir eu gasto em torno de 1700 a 1800 litros de óleo diesel. A média de consumo é um litro a cada dois quilômetros rodados. No Brasil existem boas pistas, mas também existem as péssimas. Ás vezes para rodar 50 quilômetros demora-se duas horas, por causa dos buracos.
Quantas letras e números formam a placa de um veículo chileno?
Uma placa chilena é composta atualmente por quatro letras. Não se usa vogais, só consoantes e dois números.
Quando você vem ao Brasil qual é a reação de quem o vê e como você se sente?
Quando estamos no trânsito, sentimos que ficam nos olhando. Me sinto diferente.
No Chile existem pedágios?
Sim, existe. Para sul é caro. Para o norte não é caro. Você anda de Santiago até Arica, no norte, onde acaba o Chile. São 2080 quilômetros e existem apenas quatro pedágios. A estrada é boa. Só que não tem nada. Saindo de Santiago, depois de andar uns 500 quilômetros não existe nada. É puro deserto. Santiago fica a 100 quilômetros do mar.
A alimentação é feita em locais já conhecidos?
No Chile denominamos de “picada”. Uma picada é um lugar onde sabemos que podemos comer. O tipo de alimentação no Brasil é diferente da alimentação no Chile. È muito comum vermos aqui diariamente arroz, feijão, macarrão, carne. Lá não existe uma grande quantidade de comida servida ao mesmo tempo. Temos uma sopa, que é servida tanto no calor como no frio. Temos apenas dois pratos que são servidos, o primeiro prato e o prato de fundo. O primeiro prato é uma cazuela (sopa) que vem com carne, papa (batata), zapallo (abóbora), choclo (milho) cozido, porém cortado em rodelas conservando-se o sabugo, coloca-se um pouco de arroz. O segundo prato pode ser um purê com uma chuleta (costela) com uma salada. Carne pode ser de chancho (porco), de pollo (frango) ou de vaca (boi). Comemos palta (abacate) com sal, limão e cebola. Aqui no Brasil é consumido com leite.
Como fazer para passar o sono se estiver dirigindo? Você toma café?
Sono cura-se dormindo! O café não faz nada nesse caso. Não sou habituado a tomar café, gosto de tomar “té” (chá preto).
Em seu período de descanso, quando chega ao Chile, você pratica alguma forma de lazer?
No Brasil tem um jogo de alguma forma parecido com o que praticamos lá. Aqui é chamado de maia ou malha. Lá chamamos de rayuela (pronuncia-se rajuela), é típico da região de campo (rural) do Chile. É um caixão com fundo de terra, e tem uma linha branca no centro, cortando o campo todo. Tem que ser jogado um “teco” (pino) de bronze o mais próximo possível do alvo.
Você é bom jogador de rayuela?
Numero uno! (muitos risos).
Qual é hoje a brincadeira infantil mais comum no Chile?
No Chile agora é playstation! Antigamente era o volantin (pipa), bolita (bola de gude, ou bola de vidro).
Como o povo chileno via a figura do general Augusto Pinochet?
A metade do país estava a seu favor e a outra metade era contra.
A mulher chilena e a mulher brasileira sob o seu ponto de vista, têm temperamentos distintos?
A mulher brasileira é temperamental. Querem mandar. Eu observo aqui, que a mulher impõe a sua opinião. A mulher chilena é mais submissa.

Você conhece todo o Chile?
Quase inteiro. Ele faz divisa ao norte com o Peru, á leste com a Argentina, a noroeste com a Bolívia. Começa em Arica, onde fica o Lago Chungará, um dos lagos mais altos do mundo com 4.520 metros de altitude. Do norte ao sul do Chile á oeste ele é banhado pelas águas do Oceano Pacífico, suas águas são muito geladas. Existe a exportação de muito salmão.
O Chile têm influência inglesa?
Se os argentinos nos escutarem o que estamos falando, é capaz de nos matarem! No episódio da Guerra das Malvinas, o Chile foi a favor da Inglaterra.
Quantos países da América Latina você conhece?
Conheço Peru, Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai, Bolívia.
No Chile há muitos negros?
Existem muito poucos. Indígenas há muitos.
Qual é o seu tipo preferido de música?
Gosto de rock. Pode também ser cumbia.
Existem diferenças entre as cervejas brasileira e chilena?
Aqui para nós, a cerveja brasileira é como se fosse água. Bebemos e não sentimos nada, apenas a vontade de eliminar o líquido ingerido. Lá temos cerveja de um litro. A cerveja mais forte do Chile é a Escudo. Existem outras como a Cristal, a Royal Guard.
Como são feitos os churrascos no Chile?
São diferentes! Muito diferente. No Brasil é tudo grande. No Chile se vamos fazer um churrasco para quatro pessoas, calcula-se. Se cada pessoa come 700 gramas, calculamos quais tipos de carnes serão consumidas. No total deverá dar 700 gramas para cada pessoa. Aqui fazem churrasco, com um porco completo! No outro dia há muita carne que sobrou. Pelo que observo, no Brasil joga-se muita comida fora.
E o pão do Brasil, qual é a sua opinião?
É ruim demais!
Os temperamentos do povo brasileiro e do povo chileno como você os compara?
O chileno é reservado, porém é também agressivo.
As casas construídas no Chile são diferentes das casas construídas no Brasil?
Aqui as casas são feitas de outra maneira. Isso porque no Brasil as casas não tremem! Onde moro, todos os dias a casa treme. Moro em uma zona sísmica. Fica a 200 quilômetros de Santiago. Você está comendo e a casa começa a tremer. Existem copos dependurados que tremem. Continuamos a comer de forma tranqüila. A construção é feita para conviver com esses tremores de terra. No Brasil se der um tremor as construções não estão preparadas para enfrentá-lo.
Você gosta de futebol?
Gosto. Antigamente eu jogava.
Afinal de contas, quem é o melhor, Pelé ou Maradona?
Chileno e argentino não combina. Eu prefiro o Pelé. Os argentinos não combinam nem entre si. Eles têm divisas entre suas próprias províncias. Quem mora em Buenos Ayres não gosta do correntino (natural de Corrientes).
No Chile existem mendigos?
Sim, inclusive nas estradas, que caminham dia e noite pelas estradas. Imagine no deserto chileno, de dia é um calor que não se agüenta e á noite um frio que temos que colocar três cobertas.
Você costuma dar carona?
Não. É muito perigoso. No Chile só há uma estrada, a Rota 5. A Rota 5 Norte que vai de Santiago até Arica em uma extensão de 2080 quilômetros e Rota 5 Sul em uma extensão de 1100 quilômetros que vai de Santiago até Porto Montt.
Você conhece a Ilha de Páscoa?
Não. É longe e caro. È só para turistas. É muito, muito caro.
No seu ponto de vista qual é o ponto mais negativo do Brasil?
Acredito que deve ser a delinqüência.



O Hino do Chile foi escrito por Eusébio Lillo e Bernardo de Vera y Pintado. A música é do compositor chileno Ramón Carnicer.
Em espanhol
Puro, Chile, es tu cielo azulado,
puras brisas te cruzan también,
y tu campo de flores bordado
es la copia feliz del eden
Majestuosa es la blanca montaña
que te dio por baluarte el Señor,
y ese mar que tranquilo te baña
te promete futuro esplendor.
Refrão
Dulce Patria, recibe los votos
con que Chile en tus aras juró.
Que o la tumba serás de los libres,
o el asilo contra la opresión.
Em português (tradução)
Puro, Chile, é teu céu azulado,
puras brisas te cruzam também,
e teu campo de flores bordado,
é a cópia feliz do Éden.
Majestosa é a branca montanha
Que te deu por baluarte o Senhor
e esse mar que tranquilo te banha,
te promete um futuro esplendor.
Refrão
Doce pátria, receba os votos
Com os que Chile em teus altares jurou
Que ou será tumba dos livres,
ou o asilo contra a opressão.





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SOLETRANDO

PARA QUEM GOSTA DE SOLETRAR ...

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico (46 letras)

Significado: palavra que está registrada no novo dicionário Houaiss da língua portuguesa, tendo por definição"estado de quem é acometido de uma doença rara provocada pela aspiração de cinzas vulcânicas ".





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quinta-feira, setembro 04, 2008

DJALMA DE LIMA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com

Entrevistado: DJALMA DE LIMA

DATA: (30 DE AGOSTO DE 2008)



Piracicaba é uma cidade que encanta quem a conhece. Pelas suas belezas naturais, pelo bem estar que transmite. Um dos pontos altos da cidade é a riqueza cultural que ela oferece. O dinamismo domina em todas as áreas. É uma cidade viva! Dois irmãos, Djalma de Lima e Djansen de Lima atuam na área de comunicação, escrita e falada. Um fato por si só pitoresco, ter duas pessoas na mesma família ligadas ao rádio e ao jornalismo escrito. Djalma de Lima atua na capital do estado, São Paulo. Djansen preferiu permanecer em Piracicaba, onde apresenta seu programa diário na Rádio Educadora de Piracicaba 1060 khertz, AM. Iniciamos nossa entrevista colocando no ar a abertura do programa de Djansen de Lima para que seu irmão Djalma de Lima ouvisse.
Djalma conta sobre a famosa “Banda do Bule” que existiu em Piracicaba, e da qual ele foi um dos fundadores.

Djalma quando você começou a trabalhar em rádio?
Eu comecei muito novo, nasci no dia 19 de julho de 1954. Rádio é uma coisa que eu gosto muito. Na época ouvia rádios de São Paulo como Bandeirantes, Jovem Pan, que conseguíamos sintonizar com muita dificuldade. Hélio Ribeiro era um dos grandes nomes do rádio. Isso tudo foi me incentivando. Na época em que eu estudava no Colégio Mello Ayres, uma professora de português me disse que deveria tentar a área de comunicação, pois eu era dotado de uma boa voz. Um grande amigo, o Paulo Moraes, cobre a área de esporte no rádio. Na época eu tinha uns dezessete anos de idade e trabalhava na Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba. O Paulo também trabalhava lá e na rádio. O Paulo conseguiu que eu viesse a trabalhar em uma grande equipe excepcional, comandada por Garcia Neto, um dos grandes nomes do rádio piracicabano, que implantou o rádio-jornalismo forte aqui em Piracicaba. Logo depois o meu irmão Djansen ele começou a gostar e partiu para o rádio.
Como seus pais viam o fato dos filhos estarem trabalhando em rádio?
Somos três filhos: Djalma, Djansen e Djames que trabalha em outra atividade. Meu pai é Sebastião Batista de Lima e minha mãe Helena Granato de Lima. Eles sempre nos apoiaram. No começo o rádio era uma coisa difícil. Eu parti para o rádio-jornalismo, era a área que eu mais gostava. Meu irmão com toda essa alegria, animação, que o pessoal diz que ele tem, fez programas na rádio, transmitindo alegria, otimismo, e se deu bem nessa área. Ele recebeu vários convites para ir trabalhar em grandes rádios de São Paulo, inclusive na Record, mas ele nunca quis sair de Piracicaba. No início da década de 70 o esporte amador fervilhava na cidade de Piracicaba, havia grandes equipes como: Vera Cruz, Palmeirinha, Atlético Piracicabano, o Jaraguá Futebol Clube, o MAF. Era uma disputa incrível, havia grandes campeonatos, era muito bem organizado, saíram grandes jogadores dessas agremiações. Eu comecei a captar notícias do futebol amador. Inclusive uma vez fui escalado para cobrir o jogo entre o Atlético Piracicabano e o MAF, lá no campo do Atlético, Estádio Dr. Kok. Saiu uma briga violenta, fiquei meio assustado, voltei para a redação sem qualquer informação do jogo. Eu estava assistindo o jogo na lateral do campo. O chefe do jornalismo era Garcia Neto, me fez voltar ao estádio, pegar todas as informações e trazer. São ensinamentos que a gente nunca mais esquece! Não importa o que aconteça, temos que trazer a notícia para o público. É uma responsabilidade que temos como profissionais.
A seguir, você participou de que tipo de programas de rádio?
Fui fazer o rádio-jornalismo. Cardeais da Notícia foi um dos noticiários que eu participei. Havia um programa de notícias na hora do almoço e á noite. Na época fazíamos o Programa Roda Viva, que era um programa de debates transmitido ao vivo, ás segundas-feiras. Eram discutidos grandes temas da cidade. Foram momentos especiais, com grandes discussões sobre temas que envolviam a cidade. Havia uma efervescência não só da Rádio Educadora, Difusora, A Voz Agrícola do Brasil (Onda Livre AM), nessa época que surgiram grandes nomes da comunicação e que hoje trabalham em São Paulo. Como o Roberto Souza, que produz um programa aos domingos na TV Redord. O Roberto Cabrini passou pelo rádio em Piracicaba. O Luiz Carlos Quartarollo que está na Jovem Pan hoje. Nós participamos de um momento muito importante da história de Piracicaba. Na década de 70, era a época em que o regime militar estava realizando a sua abertura política. Houve uma mudança muito radical na política de Piracicaba. Quando eu comecei no jornalismo, o prefeito de Piracicaba era Cássio Paschoal Padovani. Depois veio Homero Paes de Athaíde e depois o primeiro prefeito jovem de Piracicaba, Adilson Maluf.
Quando você foi trabalhar em São Paulo?
Eu trabalhei muitos anos no Jornal de Piracicaba, cerca de dez anos, inclusive diretamente com o saudoso Losso Netto, o chefe de redação era o José ABC, depois veio o Geraldo Nunes. Posso afirmar que de 1969 a 1985 participei diretamente da história de Piracicaba, por toda evolução pela qual a cidade passou. Meu sonho era trabalhar na Rádio Jovem Pan, AM, na equipe de jornalismo. Fui para São Paulo, comecei a trabalhar em assessoria de imprensa. Trabalhei na assessoria de imprensa da Embratur. Posteriormente através de um amigo, Luiz Alves de Souza, já falecido, que trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja no jornal O Estado de São Paulo. Ele conhecia o Fernando Vieira de Mello, que foi o homem que implantou o jornalismo de implantação de serviços no Brasil. Eu ficava todo dia na orelha do Luiz, queria ir para a Jovem Pan! Até que um dia ele me disse: “Você já me cansou! Vou ligar para o Fernando Vieira de Mello”. Ele ligou, disse que tinha um amigo querendo trabalhar na rádio. O Fernando Vieira de Mello disse-lhe: “Mande-o vir até aqui, ás seis horas da tarde”. Fui. Ao entrar ele já me perguntou: “-Você trabalha em rádio há muito tempo?” Disse-lhe que trabalhava desde 1969. Isso foi em 1987. Ele então me disse: “Você vai pegar uma viatura agora, Irá cobrir o transito”. Fui até a Rua da Consolação, vi o transito, e entrei no ar com a notícia. Era no horário d programa Hora da Verdade da Rádio Jovem Pan. Quando voltei á rádio o Fernando me disse: “Amanhã você pode vir ás nove horas, já está contratado”. No dia seguinte, ás nove horas da manhã eu já estava participando da minha primeira reunião de pauta na Jovem Pan. São duas horas de reunião de pauta, das nove até ás onze horas da manhã. A equipe toda, mais de trinta jornalistas, se reúne, onde é discutida toda pauta do dia, o que cada um irá fazer. E o jornalista sai para a rua sabendo o que vai fazer como irá fazer, de que forma irá abordar a matéria. Sempre digo que a Jovem foi para mim melhor do que todas as faculdades que estudei. Comecei a fazer cobertura de transito, depois fui fazer cobertura política, freqüentava muito o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Cobertura econômica na Fiesp. Noticiário policial. O caso da Rua Cuba foi um dos casos famosos em que participei. Ali aprendi uma coisa muito interessante. Foi me ensinado o seguinte: no rádio a nossa voz funciona como a câmera de televisão. Quando saímos para fazer uma matéria, temos que descrever o local. No caso da Rua Cuba, tinha que descrever a rua, se tem calçada, se tem árvore, se as casas são sofisticadas. Como é o portão da entrada da casa, a garagem, se é sobrado, se tem janelas. Você tem que transmitir pela sua voz a imagem para o ouvinte. Para que ele possa se localizar na noticia.
Você é formado em quais áreas?
Fiz jornalismo na PUC e fiz Rádio e TV na Faculdade Anhembi Morumbi em São Paulo.
Você chegou a ter algum problema no sentido de fazer uma cobertura e sofrer um transtorno a ponto de tirar seu sono?
Vários! Em São Paulo as coisas são muito imediatas. Tive uma passagem pela Jovem Pan. Cobria o transito para a emissora, e estava passando pela Ponte Morumbi. Um caminhão havia atropelado e matado um motoqueiro. Isso foi na minha frente. Eu tinha que entrar no ar com a notícia. Quando eu fui falar, descrevi todo o cenário do fato. O destaque era para ser dado ao fato de que aquele local iria passar por um congestionamento e a pessoa deveria desviar daquele local. Essa é a prestação de serviço do rádio. Orientar as pessoas, não só dar a notícia. Quando fui falar os nomes das pontes que estavam envolvidas pelo acidente, esqueci o nome delas! Você fica abalado emocionalmente. Ficou aquele buraco no ar. Fui falar: “Entre a ponte...”. Ficou aquele silencio no ar. Até o motorista falar o nome das pontes. Ao voltar para a rádio, no caminho, já pensei: “Hoje vou levar uma advertência!”. Lá é assim. Desde os profissionais mais antigos, até os mais novos, eram advertidos por qualquer deslize feito no ar. Quando cheguei para a reunião de pauta já cheguei preparado. O Fernando Vieira sentou a minha frente, ele me disse: “Preciso falar com você!”. Ele disse: “O que aconteceu com o Djalma hoje, que sirva de exemplo para todos. Quando houver um fato que irá mexer com a emoção de vocês, alguma cobertura que abale emocionalmente escreva a notícia antes de entrar no ar. O emocional faz com que você esqueça a noticia”. O melhor improviso é aquele que você escreve.
Você já pensou em escrever um livro? Ou já está pronto?
Pronto ainda não está! Sempre penso em escrever, pelo fato de ser da área de comunicação, trabalhar em jornal, em rádio. Acaba-se deixando para escrever depois e não se escreve!
Você realiza palestras?
Em São Paulo, constantemente sou convidado para fazer palestras. Em faculdades, universidades. Tenho muitos amigos que coordenam cursos de jornalismo. Eles nos chamam para falar sobre as experiências com o rádio. São narrados fatos práticos, que servem de exemplo para quem atua na área de jornalismo.
Você conhece Gil Gomes?
Fui produtor do Gil Gomes.
Ele faz um tipo de personagem, na intimidade ele é diferente?
Depois que eu saí da Jovem Pan, fui convidado para ser diretor de jornalismo da Rádio Capital. É uma rádio popular, voltada para um outro tipo de público. Eu não mandava os repórteres para o aeroporto. Eles iam para as estações de trem, do metro, esse era o foco. Você tem que passar a informação para o tipo de público para o qual você está falando. Fiquei por cinco anos na Rádio Capital, eu era diretor de jornalismo, produzia o programa do Gil Gomes, e produzia um outro programa popular de música com informação. O Gil Gomes tem uma ligação grande com Piracicaba. Quando era produzido o programa dele, eram feitas dez histórias por dia. Eu era obrigado a ler a dez histórias feitas por uma equipe de trinta jornalistas, que percorriam todas as delegacias de São Paulo. Eles escolhiam as melhores histórias e escreviam. Isso tudo era feito n madrugada. Ás cinco horas da manhã das dez histórias eu selecionava cinco. O Gil selecionava dessas cinco, três histórias que iriam para o ar. Ele dava toda aquela interpretação, inclusive quando você conversa pessoalmente com o Gil Gomes a entonação de voz é a mesma. É dele aquela característica.
Você chegou a freqüentar o ambiente doméstico do Gil Gomes?
Freqüentei!
E ele dirigia-se aos familiares com mesma entonação de voz?
Era assim mesmo! A sua voz não era tão empostada como no rádio.
Ele é um ator?
É um ator! Não folclore, no estúdio ele tira toda a roupa, trabalha só de cueca. Tira a camisa, tira a calça. Ele tem um estúdio só dele na rádio. Ele tem um técnico de som que trabalha com ele há quarenta anos. Já conhece tudo, sabe quando o som sobe, quando o som desce. Quando você trabalha com uma pessoa por muito tempo pelo olhar se comunicam!
Pela internet o jogador de futebol Hidalgo está nesse momento nos ouvindo em Curitiba, ele acaba de telefonar perguntando se você lembra-se dele?
Eu me lembro do Hidalgo! Ele foi campeão pelo XV de Piracicaba entre 1966 e 1967. Eu não estava em rádio ainda. Mas me lembro que o XV de Novembro foi campeão, subiu para a Primeira Divisão, foi uma festa imensa em Piracicaba. O pessoal na Rua, carro do Corpo de Bombeiros, o Hidalgo em cima do caminhão. Ele foi um dos grandes nomes do XV de Piracicaba. Não só eu, mas a cidade de Piracicaba lembra-se de você, pelo muito que você fez pelo XV de Piracicaba. Venha até Piracicaba que você será muito bem recebido, irá rever os amigos.
Você é um dos pais do salão de Humor de Piracicaba?
Exatamente.
E da “Banda do Bule”?
Também! No início da década de 70 tivemos o início de um período de efevercência cultural. Surgiu nesse período o Salão de Humor de Piracicaba. Surgiu a Banda do Bule, todas as cidades tinham uma banda. Na época o carnaval de Piracicaba foi um carnaval de destaque no interior do estado. Um carnaval riquíssimo! Tempo das escolas de samba: Zoom Zoom, Vai-Vai, Equyperalta, e as escolas tradicionais dos bairros que sempre mantiveram o carnaval de Piracicaba. A Banda do Bule. Resolvemos fazer uma banda, nos moldes da Banda de Ipanema, ou de outras existentes em São Paulo e outras cidades. Na primeira banda eu me lembro que as pessoas tinham um pouco de vergonha de sair. Os mais corajosos saíram. Eu e mais meia dúzia de pessoas. O carlinhos do Mirante, o Gianetti, o João Sachs foi um dos grandes incentivadores da Banda do Bule. Ela descia a Rua Governador Pedro de Toledo sábado ás onze horas da manhã. A maioria vinha vestida com roupa feminina! Terminava na Praça José Bonifácio, aonde por várias vezes o pessoal chegou a tomar banho na fonte. Era uma banda de muita alegria.
Por que a banda parou de sair?
A banda deveria ter um comando, para evitar excessos. Não houve esse comando, chegou um período em que os excessos atrapalharam a banda. Eu já saí em bandas no Rio de Janeiro, no Nordeste, é uma alegria só! Muita festa sem causar prejuízo á ninguém. É pura diversão.
Um dos motivos pelo qual você está em Piracicaba é o Salão de Humor, do qual você é um dos pais?
Como jornalista, participei de várias atividades em Piracicaba. E o Salão de Humor foi uma delas. O Salão de Humor nasceu como idéia na redação de “O Diário” no tempo de Cecílio Elias Netto, Cerinha, Adolpho Queiroz, Alceu Righetto, Carlos Colognesi. Foram conversar com Ziraldo no Rio de Janeiro.





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