domingo, outubro 26, 2008

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/index.htm



Entrevistado: JOSÉ CARLOS MARTINS, ZÉ DO JOCA.

O Professor José Carlos Martins, mais conhecido como Zé do Joca, é uma pessoa bastante expressiva em Rio das Pedras. Daquelas que quando cumprimentam, transmite no aperto de mão, tipo “alicate”, a força da sinceridade. De hábitos simples, exímio artesão com madeira, fabrica quebra cabeças, jogos, todos muito bem elaborados, pintados á mão. São brinquedos que ele constrói e faz a doação ás crianças da cidade, escolhidas ao acaso. Suas telas retratam a Rio das Pedras que ficou gravada em sua retina. Obras minuciosas, detalhadas. Homem de princípios muito bem estruturados extravasa seus pensamentos filosóficos, políticos, humanistas, revivendo os primórdios dos atuais jornais. A pé, entrega de casa em casa, á uma ávida clientela, seus já famosos escritos. Sem qualquer tipo de remuneração ou patrocínio. As pessoas que se mudam da cidade pedem para que ele os mande pelo correio. Com isso ele ultrapassou as fronteiras do município, atingindo até outros estados.

Por que o senhor é conhecido em Rio das Pedras como Zé do Joca?
Meu pai João Batista Martins, o Joca, era barbeiro, aqui na cidade de Rio das Pedras. Meu nome é José Carlos Martins, mas passei a ser conhecido como Zé do Joca. Nasci em 6 de junho de 1937. Não sou riopedrense! Nasci em São Paulo, porque a minha mãe naquela época já achava que Rio das Pedras naquela época não daria muitas chances para o futuro dos filhos. Ela passou a estimular meu pai para mudarmos para São Paulo. Meu pai achava a idéia boa, só que ele tinha raízes aqui. Ele disse á minha mãe para ir com os meninos, a princípio morar com uma irmã dela, enquanto ele liquidava os negócios dele aqui. Na época além da barbearia ele fazia a escrita contábil de uns 20 ou trinta engenhos da região. Meu pai ia todo mês para São Paulo. Eu nasci um ano após minha mãe voltou para Rio das Pedras, ela viu que meu pai não ia mesmo embora. A barbearia do meu pai era a barbearia do Joca, ficava no local onde foi a Padaria Cristal, hoje é uma escola. Vizinho a estação de trem. Ali tinha uma porteira. Na realidade foram três tipos de porteira que existiram naquele local. A primeira onde passa o trem. Deixava a rua livre. Depois teve uma que cada vez que ela fechava tomava toda a rua. O terceiro tipo era uma porteira com uns 10 metros de comprimento, era de correr, como foi à segunda porteira. A minha casa ficava bem pertinho da estação. Após ter mudado para São Paulo, a primeira vez em que voltei á Rio das Pedras, a impressão que tive era de que o trem estava entrando na minha casa. Quando eu morava ali, nunca tinha percebido isso. Eu estava tão acostumado com o trem, que o trem das cinco horas da manhã que ia para São Paulo, nunca antes eu tinha ouvido chegar ou apitar. Na época era a chamada Maria Fumaça, trem movido a vapor. A composição do trem era formada pela máquina, uma parte dela onde se carregava água e lenha, depois vinha um vagão onde ficava o chefe de trem e os objetos transportados pelo trem. Em seguidas vinha o carro de segunda classe, e por último o carro de primeira classe, era colocado no fim da composição para pegar menos fuligem e faíscas que saiam da locomotiva. Esse era o trem de passageiros.
O trem ia lotado de passageiros?
Não. Quem viajava muito de trem eram os empregados da Sorocabana, pelo fato de viajarem de graça usavam muito o trem. O trem ficava lotado em época de festas de igreja, procissão. O pessoal vinha dos sítios, das fazendas. Do lado de Mombuca vinha muita gente da Fazenda Estrela, Fazenda do Banco. Saindo de Piracicaba á Jundiaí, as estações existentes e que me lembro eram a parada da Fazenda Ludovico Felipe ou Chave do Chicó, Chave do Barão, Rio das Pedras, Fazenda Santa Cruz a Parada do Banco, da Fazenda Estrela, aí vinha Mombuca. Em seguida Rafard, Capivari, Tibúrcio, Elias Fausto, Chave Stein, Cardeal, Indaiatuba, Itaici, Quilombo, Monte Serrat, Itupeva, Ermida, Jundiaí. Em Jundiaí a Sorocabana parava. Era então feita a baldeação, e ia para São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Quantos filhos o pai do senhor teve?
Meu pai casou duas vezes. Côa a sua primeira esposa, minha mãe, eles tiveram cinco filhos. Com a segunda esposa eles tiveram duas filhas. Minha madrasta era Dirce Mattiazzo Martins.
Essa casa em que o senhor morou, situada onde hoje é o Colégio Ibrafem de Rio das Pedras, como era?
Era uma casa curiosa. Era um sobrado, porém ao invés de subir, descia! Em cima tinha o salão do meu pai, a barbearia, nossa sala de visitas e dois quartos. Descendo uma escada havia a copa, cozinha, mais um quarto, banheiro. Ela foi feita em um terreno que era um barranco. Tínhamos também um porão, onde eram guardados objetos de pouco uso. O Ribeirão Tijuco Preto passava a uns 50 a 60 metros. Meu avô Valério Fernandes Martins e meu bisavô, pai da minha avó, Antonio Garcia Prates foram fundadores da cidade. Antonio Garcia Prates era padeiro em São Paulo, e veio para Rio das Pedras na construção da estrada de ferro. Veio fornecendo comida para os trabalhadores. Entre esses trabalhadores veio Valério Fernandes Martins. Estabeleceram-se em Rio das Pedras, construíram uma casa em frente á estação de trem, onde hoje fica estacionado um trailer de lanches. Hoje existe apenas o armazém de cargas, a estação foi demolida, para dar lugar á uma rua! No começo a estação era tudo. Foi o Barão de Serra Negra que pediu essa estrada de ferro. Havia um projeto para que o trajeto dessa estrada passasse pelo Bonjardim, para embarcar o café do Barão. Rio das Pedras tinha uma ou outra casinha isolada. Depois que a Rua Debaixo foi-se formando. Por isso que a Rua Torta é torta, ela seguiu o projeto natural de uma estrada. Era o caminho mais fácil. Ela não pode ser endireitada por ter ficado entre o rio e a estrada de ferro. Meu pai foi telegrafista por vários anos. Depois meu pai tinha barbearia em frente á igreja, onde hoje existe uma avicultura. Ali existia uma casinha velha. Ele mudou-se para uma casa vizinha á igreja, que hoje não existe mais, ficava ao lado da igreja, no meio da praça, existia ao lado o Hotel do Polesi.
Os seus primeiros estudos foram feitos onde?
Aqui em Rio das Pedras só havia o curso primário. Ficava na Escola Barão de Serra Negra, que era a única escola da cidade, e funcionava em um período só. Rio das Pedras era considerada uma vilinha. O pessoal dos sítios e fazendas das proximidades, quando vinha para Rio das Pedras diziam: “–Vamos para a vila!”. Não diziam que vinham para a cidade. O meu pai era um autodidata, lia muito. Ele dizia que primeiro eu tinha que estudar para depois escolher uma profissão. Quando terminei a quarta série do primário, fui para Capivari, que ficava mais fácil para mim. Isso em 1949, lá eu fiz o ginásio e o magistério na Escola Normal e Ginásio Estadual de Capivari. Depois estudei História em Guaxupé, Minas Gerais. Mais tarde cursei Educação Artística em Ribeirão Preto, e posteriormente Pedagogia. Leio muito e escrevo bastante!
Ainda menino, onde o senhor foi morar e Capivari?
Morava em pensão. Eu tinha 11 anos na época. Se eu fosse viajar todos os dias de Rio das Pedras para Capivari, teria que levantar ás 4 horas da manhã. Já havia alguns estudantes de Rio das Pedras que moravam em uma pensão, meu primo Leo, o Vadão Miori, o Celso Piva. Eu fui morar nessa pensão, que pertencia á uma senhora que havia ficado viúva. Eu era um menino, morando em uma pensão. Minha mãe, Deolinda Rossa Martins, faleceu quando eu tinha menos de 3 anos de idade. As mães dos meus colegas tinham pena de mim. Eu ia estudar com meus colegas vinham bandejas de lanches, frutas! Eu era paparicado!
Após ter-se formado em Capivari o senhor trabalhou em Rio das Pedras?
Eu permaneci trabalhando na prefeitura. Na época o Caetano Oscar Waldemar Gramani era o prefeito, em 1956. Em minha opinião, foi o melhor prefeito que conheci, não só de Rio das Pedras, mas de toda a região. Trabalhei com ele eu vi. Na prefeitura eu fazia de tudo. Havia o propósito do prefeito de realizar uma cobrança de impostos predial e territorial um pouco mais elevado. Na ocasião era muito baixo o valor cobrado. Na época eu e o Geraldo Gordo, que era fiscal da prefeitura, medimos todas as frentes das casas, da cidade inteira. Perguntamos quantos cômodos tinha cada casa, quantos bicos de luz havia, quantas torneiras, perguntávamos qual era a metragem da frente aos fundos, para evitar de entrar nas propriedades das pessoas. Baseado nessas informações foi que o Prefeito Gramani calculou o imposto predial. O pessoal da cidade ficou bravo comigo! Achavam que eu é que tinha feito o cálculo do imposto, pelo fato de ter medido o imóvel! No departamento de água eu tomava conta de todo o material, as barras de cano chegavam quase todos os dias. Foi o Prefeito Gramani que trocou o encanamento de três quartos para o de 5 ou 6 polegadas. Acho que até hoje existe por ai encanamento feito por ele. Várias vezes o Prefeito Gramani foi até a minha casa, ás duas, três horas da manhã. Ele me chamava: “-Oh Zé!”. Ele queria naquela hora da madrugada ver o que estava acontecendo, porque no dia seguinte ia á São Paulo. Queria ver nas esquinas, onde havia vários tipos de encanamentos, se estavam colocando as peças que ele havia mandado colocar. Foi ele quem estudou tudo isso aí. O projeto foi ele quem fez. Ele descia nas valetas e dizia: “Veja para mim se tal peça está certa”. Depois de conferir tudo ele ia dormir sossegado. No dia seguinte viajava. Passava uns 15 ou 20 dias e lá estava ele de novo me chamando de madrugada! Na época eu era solteiro, morava com a minha madrasta, meu pai tinha falecido.
Em que ano o senhor foi morar em São Paulo?
Foi em 1958. Para o professor escolher cadeira era necessário fazer pontos. Eu precisava trabalhar, não tinha jeito de fazer pontos em escolas. Fui trabalhar em Santo André, na Companhia Swift. Permaneci por 7 anos no Departamento de Contas á Pagar. Eram abatidas de 800 a 1000 cabeças de gado por dia. Os produtos da Swift eram todos famosos. No local aonde ela existia foram construídas 600 ou 800 casas. Em seguida fui trabalhar em uma editora no bairro da Lapa. Trabalhei uns dois anos como revisor. Em seguida fui secretário de uma escola particular de padres. Em seguida fui lecionar.
O senhor como professor de História considera fundamental a didática do professor para desenvolver o interesse do aluno pela matéria?
Só faz História quem gosta. Lecionar História é um problema, a maioria dos professores segue livros, querem ouvir a repetição do que foi dado em aula, enchem o aluno de data. Sempre disse aos meus alunos que deveriam situar o fato dentro de um período, como por exemplo: “No século tal...”, o professor tem partir do aluno. História é a análise de um fato. Não há necessidade de decorar texto. Eu criava uma dinâmica entre os alunos, por exemplo, em assuntos que envolviam Brasil e Portugal, eu dividia a classe em duas partes. Tudo deve ser analisado por vários pontos: politicamente, religiosamente, tudo deve ser analisado. O fato quando acontece é porque aquela época exigia ou permitia aquilo. Existem pessoas que dizem que antigamente é que era bom. Não é antigamente que era bom. Antigamente você era jovem! Tudo se repete. Só que com outro colorido, com outros pontos de vista, novas tecnologias aparecem.
A verdade histórica transcrita nos livros corresponde á verdade histórica real?
A História verdadeira não é contada como realmente aconteceu. Uma notícia quando atravessava o país ia sendo deturpada. Cada um falava o que tinha entendido. Esquecia como era. Não eram todos bonitinhos, heróis. Eram pessoas que estavam lutando para ganhar a vida. Destacaram-se porque uns apareceram mais do os outros.
Quais os pontos de interesse histórico de Rio das Pedras?
Rio das Pedras não tem sua história escrita. Não se encontram dados. Referencias. É muito difícil fazer um livro, tem que ir em busca de dados em fontes fora da cidade. De relevante para Rio das Pedras é o Barão de Serra Negra. Foi ele quem deu início a tudo que existe na cidade. Distribuiu terras, queria ver o local colonizado. Na Fazenda Bonjardim, a igreja existente á beira da estrada foi o local onde foi sepultado o Barão de Serra Negra, onde seus restos mortais permaneceram até a família transladar para Piracicaba. Ele exigiu que o seu caixão na ocasião do seu sepultamento fosse carregado por quatro escravos. Eu não tive nenhuma informação escrita, mas ouvi falar que D.Pedro II esteve na fazenda.
A igreja matriz de Rio das Pedras foi construída em que ano?
Foi construída em 1910. Havia outra igreja no local, com duas torres, mais baixinha.
Qual era o caminho original entre Piracicaba e Rio das Pedras?
Era pelo Taquaral, saía pelo Bom Retiro, no fim da Rua Prudente de Moraes virava á esquerda, subia o Morro do Serapião. Na volta de lá para cá tinha o Morro do Sabão. Esse caminho ia sair lá no Piracicamirim em Piracicaba. Ia-se para Piracicaba de trem. Na havia quase veículos aqui. Naquela época as vezes que fui á Piracicaba de carro, fui com o Chalita Sarkis, que tinha uma baratinha. Em uma ocasião levamos quatro horas para voltar de Piracicaba á Rio das Pedras. Quem subia no Morro do Sabão?



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sábado, outubro 11, 2008

PARABÉNS... VOCÊ SOBREVIVEU E EU TAMBÉM...
PARABÉNS A TODOS OS MENINOS E MENINAS QUE SOBREVIVERAM OS ANOS 1930, 40, 50 , 60 E 70!!
Primeiro, sobrevivemos sendo filhos de mães que fumavam, bebiam, enquanto 'nos esperavam chegar'... Nem elas nem nós, morremos por isso...
Elas tomavam aspirina, comiam queijos curtidos e azulados sem serem pasteurizados, e não faziam teste do pézinho ou de diabete.
E depois do traumático parto, nossos berços eram pintados com tintas a base de chumbo em cores brilhantes lead-based e divertidas.
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só nos bancos de trás...
E andar no bagageiro ou na carroceria de uma pick-up num dia ensolarado de verão era uma diversão premiada.
Bebíamos água no jardim da mangueira e não de uma garrafa plástica. E era água pura.
Compartilhávamos um refrigerante com outros quatro amigos todos bebendo da mesma garrafa e ninguém que eu me lembre ficou sequer doente por isso .
Comíamos bolos, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos, simplesmente porque ESTÁVAMOS SEMPRE BRINCANDO NA RUA, NA CALÇADA, NO QUINTAL OU NO JARDIM, OU NA PRAÇA.
Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem.
Ninguém conseguia falar com a gente o dia todo. E estávamos sempre bem tanto que sobrevivemos...
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos Playstations, Nintendos, Arquivos X, nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, nem sistemas de som surround sound, muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet ou salas de Chat ...
a m i g o s
. . TÍNHAMOS AMIGOS. . . Íamos lá pra fora e os encontrávamos ou conhecíamos de novo!
Caimos de árvores, nos cortávamos, quebrávamos uma canela, um dente, e ninguém processava ninguém por isso. Eram acidentes.
Inventávamos jogos com paus e bolas de tênis e até minhocas e sapos eram dissecados por nós, cortávamos rabos de lagartixa para ficar olhando nascer um novo, e nos diziam o que ia acontecer se não nos comportássemos, mas nada acontecia nem quando engolíamos uma minhoca pra ser mais valente que o outro.
Íamos de bicicleta ou a pé para a casa de algum amigo e batíamos na porta ou tocávamos a campainha ou simplesmente abríamos a porta e entravamos e ficávamos conversando com eles ou brincando.
Os dentes de leite tinham jogos de teste, mas nem todo mundo passava nem ficava desesperado. Nem os papais interferiam com suas carteiras ou com suas vozes de poder. Tínhamos que aprender a ficarmos decepcionados. Imagine só!!
Quebrarmos uma lei ou outra não resultava em castigo nem bronca homérica? Eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem... E agora?
Foi essa geração que produziu alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos!
Nos últimos 50 anos nós somos testemunhas de uma explosão de novidades e novas idéias.
Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter
NASCIDO LIVRES
POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!
VOCÊ que está me lendo provavelmente é um de nós!
PARABÉNS
Talvez você queira compartilhar isso com mais um de nós que você conhece e conheceu naquele tempo, no tempo que nós tivemos a sorte de sermos crianças, antes que estragassem nossas vidas de vez nos transformando em bibelôs e barbies, gordos, incapazes, burros e que nunca jogaram bola de gude...
by A.L.




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quinta-feira, outubro 09, 2008

Só agora, depois de vinte anos de violências contra a nação, nossos Galileus descobriram que o que move o mundo não são os princípios. São as taxas de juro."
Millôr Fernandes




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domingo, outubro 05, 2008

Gata em Teto de Zinco Quente

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Foto by J.Nassif


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Pico da Neblina

A atualização das altitudes feita pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo IME -Instituto Militar de Engenharia confirmou que o pico da Neblina (no Estado do Amazonas) continua sendo o ponto mais alto do território brasileiro, mas ele é 20,3 metros mais baixo do que se imaginava: em vez de ter 3.014,1 metros, verificou-se que tem 2.993,8 metros.




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O nome de batismo de Dom Pedro I

O nome de batismo de Dom Pedro I é:

"Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon"




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ENDEREÇO VALIOSO

REMÉDIOS
Basta digitar o nome do remédio desejado no site abaixo, e você terá
também os genéricos e os similares de todas as marcas com os
respectivos preços em todo o Território Nacional. Como tudo que é bom
não é divulgado, divulguem aos seus parentes e
conhecidos. Façam bom uso.
http://www.consultaremedio.com.br

by A.L.




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sexta-feira, outubro 03, 2008

EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL"

EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL" CHEGA A PORTO VELHO
Em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil, o CCBB Itinerante apresenta em Porto Velho, entre os dias 03 a 19 de outubro de 2008, no Espaço de Exposições do Sesc Centro, exposição A História da Moeda no Brasil. Objetos empregados em diferentes momentos históricos do país como mediadores das relações comerciais são dispostos como evidências das várias fases do comércio e das finanças no Brasil. Parte da coleção numismática do BB, as moedas tornam-se, em sua disposição, marcas de determinado período, sejam as cunhadas por espanhóis, holandeses e portugueses, sejam as adaptadas para lugares de difícil acesso, onde a moeda não chegava e, conseqüentemente, outros objetos passavam a desempenhar a sua função.Também estarão expostas cédulas, de diferentes projetos e momentos da economia brasileira, com seus sistemas monetários, suas mudanças de nome e de aparência do dinheiro. O Banco do Brasil é um dos vetores dessa História, iniciada ainda no século XVI, em 1568, quando Dom Sebastião determinou a circulação de moedas portuguesas na terra descoberta em 1500.O primeiro realA origem da circulação do metal monetário no país é contemporânea do desenvolvimento das atividades agrícolas e das ocupações das terras. No século 16, a moeda, assim como hoje, era o real. Em poucos anos, na pronúncia popular, tornou-se réis. Somaram-se a ela moedas espanholas, hispano-americanas, holandesas e francesas, que, apesar da variedade, não supriam a necessidade do comércio, levando açúcar, cacau e fumo, por exemplo, a fazerem o papel de moedas. A uniformização da circulação monetária se dá com o carimbo coroado, medida adotada por Dom João IV, em 1640, pela qual imprimia uma marca nas moedas portuguesas e hispano-americanas, dando-lhes maior valor de compra. No fim do século 17, é criada a Casa da Moeda no Brasil, que tinha funcionamento itinerante, saindo de Salvador para o Rio, do Rio para o Recife e do Recife para o Rio, seguindo o fluxo das demandas econômicas.A exposição cobre diferentes etapas do desenvolvimento do sistema monetário no país. Fala do surgimento do "quartinho" (quarto de réis), da "pataca" (inicialmente a moeda de 320 réis), do "patacão" (equivalente a 960 réis, criada logo após a chegada de D João VI ao Brasil) e dos primeiros bilhetes emitidos pelo Banco do Brasil, a partir de 1910, no início preenchidos e assinados à mão.Emissão da moedaEm 1853, D Pedro II sancionou a lei segundo a qual o Banco do Brasil passou a ter exclusividade pela emissão do papel moeda em todo o território nacional. A situação é alterada logo depois, com a emissão passando a ser feita também por outros bancos, um curto período ao qual se seguiu nova fase de exclusividade de emissão pelo BB, até a atividade ser transferida para o Tesouro Nacional em 1866.A História da Moeda no Brasil cobre ainda os sinais da economia na Velha República, na era Vargas, no regime militar, na Nova República e nos últimos anos, colocando os objetos de metal e de papel no cerne do desenvolvimento histórico do país, como mediadores dos fluxos financeiros em cada momento histórico e com as especificidades de cada um dos contextos.





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Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria

A Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria estará lançando mais uma obra literária: “Na Trilha do Passado Paulista – Piracicaba, Século XIX, Fazendas, Engenhos e Usinas”. Será no próximo dia 26 de setembro, ás 19 horas e 30 minutos, na
Estação da Paulista. Em companhia do Professor Doutor Manoel Lelo Bellotto (pai de Tony Bellotto), ela esteve dia 20 de setembro, sábado passado, nos estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba onde ambos participaram do programa Piracicaba Histórias e Memórias. Conforme o Professor Doutor Manoel Bellotto observa no preâmbulo do livro: “Neide Marcondes neste Na Trilha do Passado Paulista, permite-se descrever, abordar e analisar uma realidade geográfica, arquitetônica, agroindustrial e empresarial, que abrange não só uma poética dimensão histórica, pois se reporta às últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, mas que mostra também, exuberante e promissora nesta inquietante realidade. Sua definição espacial foi pela macro-região de Piracicaba, na então Província e no atual Estado de São Paulo; a preocupação fundamental foi , além das referências às terras piracicabanas e ás suas atraentes histórias, descrever e caracterizar o aí edificado patrimônio rural, construído e disseminado em fazendas, engenhos, usinas e engenhos-centrais, com suas arquiteturas, ambiências e entornos, e sua exuberante realização agrícola consubstanciada no plantio e na colheita do café e da cana, desta derivando a produção do açúcar, de amplo consumo no Brasil e no exterior”. A autora já publicou entre outras obras: “O Partido Arquitetônico Rural, São Paulo do Século XIX”, “Na Trilha do Passado Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo, o Mestre de Itu”, “Entre Ville e Fazendas”, “(Des) velar a Arte”, “Bernini...O Êxtase Religioso em Dobras e Catástrofes”, “O êxtase do Martírio , São Sebastião em Bernini e Debussy”, “Labirintos e Nós: Imagens Ibéricas em Terras da América”, “Turbulência Cultural em Cenários de Transição, O Século XIX Ibero-Americano”, “Cidades Históricas, Mutações Desafios”. É intensa a promoção de exposições e instalações propiciadas por Neide Marcondes, com obras de sua autoria em inúmeras cidades do Brasil e do exterior como na Espanha, Itália, França, Holanda. Obras suas integram os acervos artístico-culturais da Universidade de Poitiers, na França.

A senhora escolheu a cidade de Piracicaba para fazer o lançamento do livro, principalmente por ser a região abordada por ele?
Esse trabalho é resultado de uma tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicação e Artes. Isso já faz algum tempo. Essa pesquisa foi toda elaborada para transformar-se em livro. Mais interessante para se ler do que propriamente uma tese com todas as fases científicas. Sou professora titular de História e Teoria da Arte da Unesp fiz livre docência também na Unesp, no Instituto de Artes e fui professora na Pós-Graduação da ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fiz meu doutorado.
Quanto tempo á senhora levou para escrever esse livro?
O início foi essa pesquisa de mestrado em artes, ainda na década de 70. Toda essa pesquisa realizada progrediu na década de 80 tornando-se quase uma continuação da pesquisa realizada para o mestrado.
Quantos livros a senhora já escreveu?
Além de artigos, periódicos, são oito livros. Alguns apenas coordenando junto com o Professor Bellotto e outros autores, inclusive espanhóis e portugueses. Em 1996 foi publicado um outro trabalho em que trata da influência dos mestres de obras italianos na propriedade rural paulista, aqui de Piracicaba e região de Tietê.
Como são escolhidas as capas dos seus livros?
Tenho escolhido as capas. Tenho uma filha que faz designer gráfico e em algumas das capas ela também trabalhou. Eu também faço uma linguagem artística de pintura e colagem.
Como foi que a senhora realizou as ilustrações e plantas dessas construções rurais?
As propriedades rurais geralmente não possuem plantas, nem a programação de todo o terreno, de toda a propriedade. Foi necessário que eu fizesse um croqui na hora da pesquisa. Nem a própria planta baixa da casa é encontrada. Existia a idéia ainda do chamado “risco no chão”. Era feito um risco no chão, que era por onde deveria subir as paredes. Para realizar essas plantas, fui fazendo esse risco no papel, e com a participação de arquitetos, como Edgar Couto, foi que procedeu nessa linguagem arquitetônica das plantas e da programação das próprias fazendas.
Se contarmos desde o início das pesquisas até hoje decorreram 38 anos, essas propriedades ainda permanecem?
Aqui em Piracicaba algumas casas já não existem mais. De uma forma geral todas permanecem. Inclusive algumas foram restauradas. Outras propriedades, como a antiga Usina Monte Alegre, os edifícios anteriormente utilizados para a produção, bem como as casas então denominadas de casas de colonos, estão completamente abandonados. O bairro ali está inteiro. O Engenho Central em Piracicaba está sendo utilizado com finalidades culturais. Quando eu fiz todo esse trabalho de pesquisa, houve também um processo de conscientização dos proprietários. Alguns diziam: “A senhora documenta e registra, porque isso eu vou por abaixo, de velho chega eu!”. Eu procurava dizer que o fato dele possuir tanto terreno permitia que ele preservasse aquele espaço. Acho que deveria haver um diário de pesquisa, porque muita coisa acontece! Alguns proprietários recebem o pesquisador muito bem, outros sentem um pouco de medo, são a princípio desconfiados. Para realizar as fotos é necessário enfrentar dificuldades naturais. Coisas interessantes acontecem! Ao lado desse levantamento de campo, há a idéia da pesquisa histórica junto a documentos da propriedade, e também o que foi feito no arquivo do Estado de São Paulo, no arquivo de Piracicaba, nos Cartórios, para termos a origem dessa terra.
Como a senhora vê a preservação de imóveis antigos, inclusive na área urbana?
Existem várias controvérsias. Alguns arquitetos defendem a restauração, mesmo que seja utilizado outro tipo de material diferente do utilizado originalmente. Outra idéia, muito comum na Europa, é permanecer a construção original, e eles constroem edifícios modernos ao lado ou atrás da construção primitiva. Um exemplo que temos em São Paulo foi o que aconteceu na Avenida Paulista na Casa das Rosas. Foi conservada a construção anterior e construído o edifício abraçando aquela casa. Há uma integração. Isso é bastante novo. O pensamento de algum tempo atrás era por abaixo e construir os novos edifícios. Esse novo conceito está prevalecendo agora, junto ao patrimônio, arquitetos e historiadores.
Existem casos em que construções históricas evaporaram na calada da noite.
Existe a atuação da especulação imobiliária. Foi o que aconteceu também na Avenida Paulista, em São Paulo, com a casa da família Matarazzo. O alto preço do metro quadrado praticado naquela região fez com que muitas casas construídas no período áureo do café, desaparecessem na calada da noite.
Quem perde com isso?
É uma situação de cultura. Naturalmente quem perde é a própria população, o entorno desse local.
A senhora acredita que é interessante para alguns não conservar marcas do passado?
Também! Por razões pessoais, ou por simplesmente não haver interesse.
Em seu livro a senhora cita que “só o novo, completo e belo é valorizado”.
Exatamente. Existe uma situação também em que o restauro é muito caro. É muito mais fácil e construir outra coisa.
São gastos milhões em outras atividades, porque não há interesse em investir em cultura?
Já existe uma ligeira idéia em investir-se em cultura. A publicação de livros, por exemplo, é uma ação muito dispendiosa. Tem que ser feito um trabalho árduo existe leis que regulamentam o setor, e o apoio pode sair ou não. Em particular, no caso deste livro, me sinto honrada por ter uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.
Qual foi a maior dificuldade que a senhora encontrou para realizar esse livro?
Fiz uma especialização em História da Arquitetura com Leonardo Benévolo (N.J. Nascido em Orta, Itália em 1923, Leonardo Benévolo estudou arquitetura em Roma e doutorou-se em 1946. Desde então passou a ensinar História da Arquitetura nas Universidades de Roma, Florença, Veneza e Palermo. Leonardo Benevolo é o mais conhecido estudioso italiano da história da arquitetura. Publicou já muitas obras dentro da sua área. Fonte de referência: Livraria Almedina) , quando ele esteve em São Paulo dando esse curso. Os professores Nestor Goulart, Benedito Lima de Toledo foram incentivadores desse trabalho. Inclusive o Professor Nestor, em tom de brincadeira disse-me para realizar um trabalho envolvendo o interior de São Paulo, porque os arquitetos não gostam muito de sair para longe da sua prancheta. Assim foi que comecei. Primeiro conheci a região localizando-a no mapa, a prefeitura ajudou muito contribuindo com idéias, e em seguida indo a campo. Pegando o carro e saindo! Foi necessário adaptar a linguagem para poder obter informações sobre as construções. Muitas vezes recebia a resposta; “Tem uma casa velha lá, aquela casa não serve para nada, porque a senhora quer ir para lá?” Eu então tinha que explicar. Foi um período de várias visitas á Piracicaba e região. Fazer esse trabalho de entrar, pedir. Em alguns momentos fui muito bem recebida. Como na Chácara Nazareth, pelo então Deputado João Pacheco e Chaves. Isso foi em 1980.
Em suas pesquisas de campo foram encontradas telhas, tijolos com marcas identificando-os?
Encontrei! Telhas da Fazenda Milhã, tijolos com algumas iniciais. Guardo algumas peças comigo. Geralmente eram símbolos das próprias olarias. Na Fazenda Pau D`Alho o que pode ser chamada de senzala tanto a estrutura como as paredes eram feitas com pedras.
Existe alguma diferença entre as fazendas da região de Piracicaba e as do Vale do Paraíba?
Na História da Arte conheci a arquitetura exuberante, deslumbrante, que nós temos do Norte, do Nordeste, da Bahia, do Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve essa arquitetura, das casas bandeiristas, da casa do Padre Inácio. (O Sítio do Padre Inácio, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitui marco importantedo ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia). São construções com soluções plásticas muito significativas, embora bastante simples. As casas do Vale do Paraíba são mais antigas, pela entrada do café, que se iniciou no Vale do Paraíba e depois veio para São Paulo e Oeste de São Paulo. Hoje existem muitas casas restauradas, que se transformaram em pousadas. São casas mais bem elaboradas plasticamente. Inclusive em seu mobiliário.
A senhora freqüenta um ambiente bastante intelectualizado em São Paulo e também o ambiente mais simples do interior. Como o intelectual do grande centro vê o interior?
Há um interesse muito grande no interior de São Paulo, que é um interior muito rico culturalmente. Estão descobrindo esta parte do interior de São Paulo. Inclusive esse trabalho já foi apresentado em um congresso em Carmona, Sevilha. A arquitetura rural, especialmente a de Piracicaba, foi apresentada aos espanhóis. Já há um interesse muito grande nesse interior, particularmente de São Paulo.
O Brasil que se resumia no eixo Rio-São Paulo está voltando seus olhos para o interior?
Sim. Inclusive com preocupação com essa plantação progressiva da cana de açúcar. Podemos imaginar essa plantação próxima do Pantanal, próxima da Floresta Amazônica. Em 1980, quando fui entrevistar o dono da Fazenda Milhã, ele disse-me que estava bastante preocupado. Note que isso foi em 1980. Ele disse-me: “Em qualquer época vamos ter só cana, não teremos mais arroz e feijão. Isso me preocupa”.
Essas propriedades que a senhora visitou são todas produtivas?
Todas elas são produtivas. Algumas com produção de subsistência. Todas elas tem uma produção.




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Doutor Emerson Marinaldo Gardenal

O Professor Doutor Emerson Marinaldo Gardenal é Delegado de Polícia, Titular do 6º Distrito Policial de Piracicaba e professor universitário das matérias: Direito Penal Processo Penal e Legislação Extra-Vagante (Leis que não estão dentro do Código Penal).
O senhor recebeu o título de cidadão piracicabano, mas é natural de qual cidade?
Nasci e fui registrado em Jaú, em 18 de janeiro de 1972, isso porque na cidade onde morava, Barra Bonita não havia hospital. Permaneci até os 6 anos de idade em Barra Bonita onde iniciei o pré-primário. Logo depois mudamos para Piracicaba, cidade de origem da minha mãe Maria Odila Razera Gerage Gardenal. Meu pai, João Mathias Gardenal é natural de Laranjal Paulista.
O senhor começou a trabalhar com quantos anos de idade?
Iniciei a trajetória desde cedo. Com 14 anos, trabalhava como funcionário de uma Associação, na Delegacia de Trânsito de Piracicaba. Havia a necessidade de uma pessoa que escriturasse livros Permaneci até os dezessete anos de idade na Ciretran. Foi importante esse trabalho, ali que eu descobri minha vocação pela carreira policial.
Em Piracicaba o senhor passou a estudar onde?
Na Escola Estadual Monsenhor Jerônimo Gallo onde cursei até a oitava série. Saí, estudei um período no Colégio Piracicabano e depois voltei para o Gallo, onde conclui o terceiro ano colegial. No ano seguinte entrei para a Polícia do Exército. Ao alistar-me para o serviço militar, ao invés de fazer no Tiro de Guerra me inscrevi no Exército. Lá existe um concurso, consegui passar e fui para a Polícia do Exército. Minha intenção era seguir a carreira militar. Tinha plenas condições de permanecer e desenvolver-me como militar, porém não me adaptei. Voltei a trabalhar na Ciretran, passei a fazer cursinho preparatório á noite, para fazer a Faculdade de Direito. Simultaneamente passei no concurso para Escrivão de Polícia. Iniciei a carreira de escrivão fazendo a academia em São Paulo, voltei a Piracicaba, onde em seguida ingressei na Faculdade de Direito. Como escrivão de polícia, trabalhei no quarto distrito policial, fui para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) onde fiquei escrivão-chefe. De lá fui para o Primeiro Distrito Policial. Em seguida fui trabalhar como escrivão-chefe na cadeia pública. De lá fui trabalhar no quinto distrito, em seguida no quarto distrito, depois para o segundo distrito e voltei para a DIG. Isso tudo foi em um período de 10 a 12 anos. Da DIG passei a exercer a função de delegado. É muito interessante que á medida que eu mais trabalhava, maior era a minha paixão acerca daquilo que eu buscava desde a minha infância, que era o cargo de delegado de polícia.
Exercendo a função de Delegado de Polícia qual é a satisfação pessoal que o senhor tem?
Ajudar a sociedade. É a única satisfação que recebemos. Ajudar ao próximo. É uma carreira em que você tem que ter sangue de policial, vontade de ajudar. O único fator que me segura a essa carreira é a possibilidade de fazer o bem á sociedade.
Uma delegacia de polícia é um depósito de problemas?
Só problemas! Não existe nada que não seja um problema. Todo mundo que pisa em uma delegacia já traz uma carga negativa de algum fato ocorrido.
De que forma o senhor trabalha essa situação em relação a sua vida pessoal?
Eu separo muito bem. Tenho meu paletó, ele é meu escudo imaginário. Toda vez em que ponho o paletó sou delegado. Sem o paletó passo a ter a minha vida particular. Na polícia se enfrenta diariamente problemas muito graves. Depara-se com um determinado fato onde se acredita que não exista outro pior. Na semana seguinte vê-se uma cena pior ainda.
O senhor ao dormir, tem sonhos relacionados a esses fatos?
Já passei dessa fase. Os pais criam seus filhos com muita proteção, procurando sempre proporcionar o melhor possível á eles. Ao entrar para o universo com o qual a polícia trabalha, encontra-se uma realidade totalmente diferente. Se pertencermos a uma família bem estruturada, ao depararmos com tantas desgraças, sentimos como é complicada a vida de muitas pessoas. Isso é que nos dá força para ajudarmos. A tendência para mudar essa situação é muito forte, e precisamos fazer isso.
O senhor acredita que a tendência da sociedade é de melhorar?
Com certeza! Busco isso e de toda forma, todo dia tento dar o melhor de mim para ao menos deixar a mensagem de que viver no crime, na maldade, não é a melhor coisa. Existe um preceito bíblico que diz: “Á quem muito foi dado, muito será cobrado”. Se todo político, todo cidadão, atentasse para essa frase pode ter a certeza de que o mundo seria bem melhor. Tenho esse lema comigo, não sou omisso, não viro as costas para o problema. Se existe um problema, tenho que resolver. Não sou autoridade? Á quem muito foi dado, muito será cobrado. A questão é acertar na resolução. Como ser humano, somos passíveis de erros. Muitas vezes, no momento em que estamos agindo, temos a convicção de estarmos agindo com acerto. Naquela situação, nunca existiu nenhum tipo de experiência contrária, a tomada de uma decisão leva ao questionamento do acerto da mesma. Essas indagações são muito importantes para a evolução. Muitas vezes significa em alterar a forma de atuação.
Apesar da naturalidade com a qual o senhor aborda o assunto, existem casos em que o senhor sente-se emocionalmente envolvido?
Em noventa e nove por cento das ocorrências, as decisões são tomadas de forma técnica. Assim como o médico cuida de um paciente. Existem ocorrências, porém que acabam colocando-nos em uma posição muito difícil. Particularmente as que envolvem, por exemplo, crianças e idosos.
Existe o “olho clínico” policial?
A imagem não mostra o que o indivíduo é. O policial tem o pedigree de conhecer um bandido. A recíproca é verdadeira. O bandido reconhece um policial. Ao fazer uma abordagem a um indivíduo é muito difícil errar. Pela forma de andar, pelo seu comportamento, os trajes, a expressão do rosto. Para o policial é difícil não conseguir perceber. Muitas vezes em diligencia com a viatura, passamos por muitas pessoas, ao abordarmos um determinado indivíduo com certeza encontraremos algo irregular.
A mulher está mais atuante na criminalidade?
Com a liberdade que a Constituição de 1988 trouxe, as mulheres ganharam muitos direitos, que já deveriam ter antes, com certeza. Esses direitos foram ratificados. Outras normas, como a Lei Maria da Penha e muitas outras, mais a liberdade sexual, isso acabou de alguma forma fazendo com que a mulher ingressasse no crime. O acesso dela no crime complicou bastante a nossa vida, particularmente na relação policial homem e mulher bandida. A lei não proíbe que o homem faça a abordagem, recomenda-se, porém que uma mulher faça esse trabalho.
A mulher é mais dissimulada ao cometer um crime?
Bastante. Ela consegue ser mais discreta.
Qual seria outra profissão que o senhor seguiria se não fosse delegado?
Delegado!
Existem classificações dentro da carreira de delegado?
O delegado inicia sua função na 5ª Classe. As promoções seguem a ordem de 4ª Classe, 3ª, 2ª, 1ª Classe e Especial. Até chegar a pertencer á Classe Especial geralmente decorreram vinte a trinta anos de profissão. Acima do delegado de polícia existem o Secretário de Segurança Pública e o Governador. O delegado de polícia está dentro do poder executivo. A policia tem uma hierarquia. Começa com o Governador, logo em seguida o Secretário de Segurança Pública. Há um Delegado Geral que comanda todos os delegados. Depois vêm os delegados diretores de departamento que ficam na sede de cada departamento. Em Piracicaba é o Deinter 9. O Dr. Neto (Dr. José Carneiro de Campos Rolim Neto) é quem comanda. Logo abaixo existem os delegados seccionais, que comandam todos os distritos de cada cidade. Cada distrito tem o seu delegado de distrito.
Como é a relação entre as policias civil e militar?
Em Piracicaba é muito boa. Inclusive com a Guarda Municipal nos damos muito bem. Muitas operações que realizamos, só surtem êxitos em decorrência dessa união: Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal.
Porque as cadeias estão sempre superlotadas?
Porque a polícia trabalha. Aqui no Estado de São Paulo comporta a maior população carcerária do Brasil.
O senhor é a favor da audiência através da tele-conferencia(ouvir um acusado sem tirá-lo do presídio)?
Com absoluta certeza. O Estado irá economizar muito.
Quantas vias têm um boletim de ocorrência?
Antigamente, quando ainda era feito em máquina de escrever, uma ocorrência tinha sete vias. Uma via para a vítima, outra do arquivo, a que acompanhava o inquérito, no prontuário, para a seccional, enfim havia uma numeração completa para quem era designada cada via do boletim de ocorrência. Hoje com o sistema que foi alterado, o Prodesp-RDO as vias do boletim de ocorrência diminuíram bastante. São feitas duas ou três vias. Se for necessário é só entrar no programa para obtermos quantas vias quisermos.
O distrito tem cadeia?
Aqui não. Hoje as cadeias estão sendo separadas das delegacias. Foi criada uma Secretaria de Administração Penitenciária exatamente por causa disso. Há 10 ou 15 anos era a polícia civil quem tomava conta dos presos. Nunca foi atribuição da policia civil tomar conta de preso. Criou-se na época uma política de construir cadeia dentro do distrito para que o delegado tomasse conta. Isso complicou muito a vida do delegado de polícia. Ou você prende, ou investiga, ou toma conta de preso.
O que leva um indivíduo a praticar um crime?
Existem muitos fatores. Desde a personalidade, criação, meio em que vive. È toda uma conjuntura. Há pessoas que vivem em um ambiente péssimo e não é criminoso. Há uma somatória de meio social, personalidade, educação, revolta, oportunidade. Para que o Estado não entre em caos, ele deve investir em três coisas: família, educação e religião. Se a família for estruturada, dificilmente o indivíduo irá se perder. Havendo uma boa educação, com intelectualidade, conhecimento também será difícil o indivíduo se perder. Se ele tiver bases morais, de religião, com certeza esse indivíduo não irá pecar. É difícil uma sociedade com essa estrutura, bem organizada, ter muitos criminosos. No Brasil estamos passando por uma época bastante complicada: desestruturação familiar, religiosa e educacional, tudo junto. Esse acréscimo de criminalidade com certeza é em decorrência desse caos.
A política de consumismo é um fator influente?
Exatamente. Na Constituição de 1988 o legislador constituinte legislou em causa própria. Todos foram perseguidos a partir de 1964. Quando criaram a constituição, foi feita uma constituição muito boa. Não tenha dúvida. Mas com excesso de garantias, exatamente para evitar que o regime de 1964 retornasse. Mas o país não estava preparado para isso. Era 8 ficou 80. Essa constituição acabou dando liberdade e garantias individuais extremas. Virou o que nosso país esta passando.
Qual é a solução?
Re-estudar toda a estrutura de sociedade. Amenizar os direitos. Até uma criança, se não for colocados limites, ela será uma pessoa com problemas no futuro. O povo também é assim. Tem que haver direitos e deveres de uma forma idêntica na balança. Você terá seus direitos após cumprir os seus deveres.
Uma mãe que satisfaz todas as vontades do seu filho está alimentando futuros problemas?
Irá ter problemas. A mãe, o pai, que não impõem limites á criança, irá ter problemas no futuro, sem dúvida nenhuma. Pode-se colocar limite sem precisar agredir fisicamente. A agressão torna-se um vício por parte do pai ou da mãe. A pressão sofrida no trabalho não pode ser descarregada sobre filho, que ás vezes fala um pouco mais grosso, porque também está com problema na escola. Tem que separar-se muito bem cada situação que você vive. As personagens que você exerce, sou delegado, professor, filho, pai, marido, amigo, sou eu! Tenho diversas personagens durante um dia, e cada uma delas, tem uma responsabilidade diferente. Tenho minha maneira de agir como delegado. Assim como professor. Será que como marido daria certo agindo como delegado? Cada situação de vida que você vive é uma experiência diversa. Sou contra a agressão da criança como medida pedagógica. É mais fácil conversar com o filho, deixar de castigo, mostrar que ele errou.



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quarta-feira, outubro 01, 2008

Expressões latinas

Expressões latinas

Nam sine doctrina vita est quasi mortis imago - "Pois sem instrução a vida é como a imagem da morte" - Verso citado por Molière em O Burguês Gentil-homem

Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet - "Pois tua casa está em perigo, quando a parede do vizinho pega fogo" - Horácio

Narrata refero - "Conto o que me contaram"

Nascimur poetae, fimus oratores - "Nascemos poetas, tornamo-nos oradores" - Provérbio

Naturam expellas furca, tamen usque recurret - "Ainda que a expulses com um forcado a natureza voltará a aparecer" - Verso de Horácio

Natura non facit saltum - "A Natureza não dá saltos" - Aforismo para enunciar que na natureza existe sempre um ele que liga os gêneros e espécimes

Navigare necesse, vivere non est necesse - "Navegar é necessário; viver, não"

Navita de ventis, de tauris narrat arator, Enumerat miles vulnera, pastor oves - "O marinheiro fala de ventos; o agricultor de touros; o soldado enumera as feridas; o pastor, as ovelhas" - Dístico de Propércio

N.b. - Abreviatura de Nota bene

Nec me pudet...fateri quod nesciam - "Não me envergonha confessar não saber aquilo que ignoro" - Cícero

Nec pluribus impar - "Não inferior a muitos" - Divisa de Luís XIV, da França

Nec plus ultra - "Não mais além" - De acordo com a mitologia grega, estas palavras teriam sido gravadas por Hércules nas colunas que levantaram em Calpe e Ábila

Nec temere, nec timide - "Nem com temeridade, nem com timidez"







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terça-feira, setembro 23, 2008

ADILSON (GAROA) VICENTE SCARPELIM

A dermopigmentação é o ato de pigmentar ou colorir a pele. Também chamada de tatuagem, em francês tatouage ou tattoo em inglês. O termo tem sua origem em línguas polinésias na palavra tatau. Era o som feito durante a execução da tatuagem,onde se utilizavam ossos finos como agulhas e uma espécie de martelinho para introduzir a tinta na pele. Pesquisas arqueológicas afirmam que já foram feitas tatuagens no Egito entre 4.000 a.C e 2.000 a.C. Nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e Nova Zelândia, tatuavam-se em rituais ligados a religião. Na Idade Média baniu-se a tatuagem da Europa. Em 787 ela foi proibida. Qualquer cicatriz, má formação ou desenho na pele não eram vistos com bons olhos. No século XVIII, porém, a tatuagem se tornou bastante popular entre os marinheiros. Com a circulação dos marinheiros ingleses, a tatuagem e a palavra tattoo entraram em contato com diversas outras civilizações novamente. Em 1879 o governo da Inglaterra adotou a tatuagem como uma forma de identificação de criminosos. A partir daí a tatuagem ganhou uma conotação fora-da-lei no Ocidente. Durante a Segunda Guerra Mundial, a tatuagem foi muito utilizada por soldados e marinheiros, que gravavam o nome da pessoa amada em seus corpos. Para identificação, nos campos de concentração os segregados eram tatuados no antebraço com números de série, ou outras identificações. Prática muito utilizada para identificar o povo judeu no período nazista. Com a evolução dos meios de comunicação, a tatagem passou a ser uma opção pessoal. São inúmeros os motivos que levam uma pessoa a marcar em seu próprio corpo um símbolo que ela poderá manter pela vida toda. O cantor Chico Buarque junto com Rui Guerra são autores da música cujo título é Tatuagem, composta em 1972 para a peça teatral Calabar:
Quero ficar no teu corpo feito tatuagemQue é pra te dar coragemPra seguir viagemQuando a noite vemE também pra me perpetuar em tua escravaQue você pega, esfrega, negaMas não lavaQuero brincar no teu corpo feito bailarinaQue logo se alucinaSalta e te iluminaQuando a noite vemE nos músculos exaustos do teu braçoRepousar frouxa, murcha, fartaMorta de cansaçoQuero pesar feito cruz nas tuas costasQue te retalha em postasMas no fundo gostasQuando a noite vemQuero ser a cicatriz risonha e corrosivaMarcada a frio, a ferro e fogoEm carne vivaCorações de mãeArpões, sereias e serpentesQue te rabiscam o corpo todoMas não sentes.
Adilson Vicente Scarpelim é um nome pouco conhecido em Piracicaba. Mas se for chamado pelo apelido de Garoa, veremos que é uma pessoa bem popular, principalmente entre aqueles que apreciam a arte da tatuagem. É interessante notar que de calça e camiseta Garoa não parece estar tatuado. Só quando retira sua camiseta é que percebemos o seu apreço pela atividade que realiza seus ombros, tórax, costas e braços estão estampando figuras, usando a própria pele como tela de pintura.
Garoa, você é um tatuador profissional, reconhecido pela qualidade do seu trabalho, não só em Piracicaba como em outras localidades onde já atuou. Quando foi despertado seu interesse pela arte de tatuar pessoas?
Trabalho com arte desde criança, no início pintava telas, quadros, camisetas. Era um hobby. Com o tempo fui direcionando esse talento para essa área, que mais complexa. Essa atividade acabou gerando um recurso financeiro maior do que obteria com quadros e camisetas. A partir dos dezesseis anos de idade eu passei a ter acesso a materiais apropriados, eu também tinha evoluído minhas aptidões para o desenho. Considero que a partir desse período é que eu estava fazendo arte. Até então eu estava fazendo o que é chamado de laboratório, ou seja, experiências. Praticamente sem nenhum compromisso maior. Eu nasci no dia 5 de julho de 1964, em Piracicaba, na Vila Rezende, mais exatamente no então Bairro do Paieiro, situado na Avenida Armando Dedini (Essa avenida passa em frente ao Shopping Piracicaba Hotel Íbis, ao lado do Shopping Piracicaba). Para começar meus estudos eu tinha duas opções, iniciar o primeiro ano com seis anos e meio de idade ou esperar que completasse os sete anos de idade. A idade regulamentar para iniciar os estudos era 7 anos de idade. Na ocasião o Sesi 165, uma escola da Vila Rezende, através da sua direção resolveu realizar um teste comigo. Esse teste implicava entre outras coisas, desenhar a minha família. Fiz tão bem o desenho que os responsáveis pela escola consideraram que eu tinha estrutura para começar a freqüentar o ano letivo com seis anos e meio de idade.
O artista geralmente passa a ter seu trabalho reconhecido de forma mais expressiva após morrer, e você quis sair dessa circunstancia?
Eu resolvi não ficar esperando que isso ocorresse!
Outras pessoas da sua família também desenham?
Eu tenho uma sobrinha, a Caroline, que desenha muito bem. Meu irmão, que é o pai dela, incentiva o seu trabalho. A técnica que ela utiliza é baseada em grafite (lápis). Ela tem como eu tive em minha infância, muito contato com livros, revistas, isso desperta na criança, no adolescente o interesse. No caso da Caroline, ela teve sempre á sua disposição papéis e lápis á disposição para usar á vontade. Isso acabou desenvolvendo sua veia artística. Meu filho Juliano desenha muito bem, também. Eu não acredito muito na existência de talento de uma pessoa para arte. Acredito na prática e na oportunidade. Logicamente que deve haver interesse da pessoa por aquilo que ela tem á mão.
A profissão de tatuador é regulamentada?
Não. Mas existem portarias que regulamentam a fiscalização, em particular da vigilância sanitária. Pelo fato de trabalharmos utilizando objetos perfurocortantes, a secretaria olhou para essa questão e há uma fiscalização muito rígida, que considero muito importante. Isso valoriza o trabalho daqueles que trabalham de acordo com as normas da vigilância sanitária. Isso transmite tranqüilidade para aqueles que desejam serem tatuados.
Você tem uma aparência pessoal que não é muito comum entre os tatuadores profissionais, que tem um visual mais radical. Isso é fruto da sua formação educacional?
Com certeza! È fruto da educação que recebi, do meio em que cresci. Por muito tempo trabalhei como office-boy, fui guarda-mirim, aos 10 anos de idade. Por realizar a função de office-boy, na época, havia um contato próximo com executivos das grandes empresas estabelecidas na cidade. Era um trabalho de confiança, onde é exigido um bom comportamento e muito respeito e educação. O comportamento tem que ser bastante discreto. Acredito que essa é a origem da minha característica, de não ser uma pessoa espetaculosa. Não uso tatuagem no antebraço, piercing, isso não significa que eu reprove quem usa. Não tenho cabelo cumprido, apesar de o tempo ter levado uma boa parte! (risos). Algumas pessoas quando vão ao eu estúdio pela primeira vez, sofrem uma decepção em suas expectativas de encontrarem um profissional com visual gritante. Perguntam para mim: “Cadê o Garoa?”.
Como você analisa o fato de ter começado a trabalhar aos 10 anos de idade na Guarda Mirim?
Foi excelente! Na época a lei permitia. Nessa fase é que começam a serem formadas algumas características da moralidade, vão se formando os conceitos do indivíduo sobre a sociedade. Se não existir o contato com o mundo, com os princípios de responsabilidades, acabam se formando um vácuo, um vazio, na formação intelectual e moral da pessoa. O meu trabalho não afetava meu desenvolvimento físico, não era um trabalho braçal. Não atrapalhava meus estudos. E ainda eu tinha uma remuneração que ajudava. A lei que rege as normas a serem adotadas com relação ao menor é muito genérica. Ela acaba não cumprindo o seu papel social. Tem que ser estabelecidas emendas para regulamentar da melhor forma possível essa situação. È importante que os menores trabalhem em boas empresas, que sejam influenciados por essas empresas, com isso no futuro haverá um profissional já preparado para o mercado. Se tiver que esperar o jovem completar 18 anos de idade para então passar a se integrar no mercado de trabalho, somente após a sua formação acadêmica, cria-se um período em que não há pessoas para realizar atividades básicas. O que acontece é que se coloca uma pessoa com 20 anos de idade para realizar uma tarefa que qualquer garoto faz. Essa pessoa está em uma faixa etária em que deve realizar atividades mais importantes! Mais complexas. Com isso é tirada a oportunidade do menor ter uma formação adequada e cria um adulto frustrado por ocupar cargos que não o realizam plenamente.
Como surgiu o seu cognome de Garoa?
Surgiu quando eu tinha uns 12 anos de idade, fui morar em São Paulo, na casa de um primo, e quando eu voltava para Piracicaba, meus amigos perguntavam: “-Como é a terra da garoa?” Ficou essa coisa de garoa, garoa, pegando o apelido.
Quando surgiu a sua decisão de realizar tatuagens?
Se você observar, irá notar a necessidade do ser humano de registrar fases da vida. Os que mais sentem essa necessidade são os jovens, eles são mais abertos á novidade. O jovenzinho está sempre se cutucando, querendo fazer um sinalzinho. Na minha época, na escola, havia aqueles que usavam a ponta do compasso para fazerem algum tipo de marca. No afã das paixões, pode ser o nome de uma namorada, um coraçãozinho. Quando passei por esse período não fiquei só na ponta do compasso. Peguei agulhas e tintas e fiz em mim mesmo. Existe uma definição de uma socióloga que achei muito interessante. Ela diz que a tatuagem vem suprir as necessidades de rituais que faltam na nossa cultura. Temos poucos rituais que registram nossas fases de vida: batizado, crisma, casamento. È um número baixo de rituais. O ser humano tem uma necessidade intensa de registrar, marcar suas fases. Surge então o impulso de se tatuar. Hoje existem muitos casos em que a tatuagem deixou de simbolizar uma fase da vida do indivíduo e passou a ser adorno decorativo!
Além de ter começado fazendo tatuagem em você mesmo, quem mais foram as suas “cobaias”?
Meus amigos! Acho que fui o inimigo público número 1 do bairro! As mães não aprovavam tatuagens. O resultado obtido não era uma coisa tão bonita para ser apreciada. Era um trabalho grosseiro. Ficava mais como se estivesse manchando, sujando a pele do que algo bonito de se ver.
Quantas tatuagens você realiza por dia, em média?
Em torno de três por dia. Já faço tatuagens há 30 anos. Só que durante esse tempo, houve alguns intervalos na realização de tatuagens.
Em quanto tempo você realiza uma tatuagem relativamente simples?
Uns vinte minutos. Pode ser uma borboleta, uma flor. Um beija-flor.
Se um jovem menor de dezoito anos for fazer uma tatuagem é necessário ter autorização dos pais ou responsáveis?
Não pode ser feita tatuagem em jovem menor de dezoito anos de idade. Existe a Lei Estadual de São Paulo de número 9.828, do Deputado Campos Machado, que proíbe desde 1997, a aplicação de piercings e tatuagem em menores de idade, mesmo com o consentimento dos pais. Essa lei existe pelo fato de uma menor, que durante a sua adolescência foi se tatuando e houve negligencia por parte dos pais na orientação dessa menina. Isso foi em São Paulo. Ela procurou um deputado pedindo que ele a ajudasse a remover as tatuagens que ela havia feito, no período em que ela não tinha total consciência, não tinha muita responsabilidade, inclusive ela acusou os pais de não a terem orientado da forma correta. Ele viu a necessidade de fazer uma lei para proteger menores de seus pais que forem considerados irresponsáveis. Existe, infelizmente, tatuadores que agem de forma irresponsável, tatuando, marcando as pessoas de forma definitiva. De novo a lei vem de uma maneira generalizada, ajuda no sentido de inibir, mas prejudica quem com bom senso, com responsabilidade, quer fazer uma tatuagem pequena, em uma parte discreta, que não irá afetar em nada o futuro dessa pessoa. Quando me procuram, mesmo a pessoa sendo adulta, eu converso bastante e procuro esclarecer que aquilo não irá sair mais. (N.J. No artigo 129 do Código Penal Brasileiro, nos parágrafos 9 e 10 consta que: “Equipara-se à lesão corporal simples a colocação de tatuagens, piercing em qualquer parte do corpo, de menor de 18 (dezoito) anos de idade e maior de 14 (catorze) anos. Aumenta-se a pena de um sexto se a vítima é menor de 14 (catorze) anos de idade.”).
Tatuagem envolvendo o nome da pessoa amada, no caso de uma separação é possível de ser mudada?
Dá para fazer uma alteração no desenho. Faço muito isso, assim como correção de trabalhos que não agradaram a pessoa. A pessoa faz a tatuagem: “Maria ama José”, rompe com José e passa a namorar o Paulo. Eu posso transformar essa tatuagem em diversas outras figuras: um dragão, um ramo de flor.
Qual a pessoa com idade mais elevada que você já tatuou?
Foi o Seu Salvador, aposentado, já na terceira idade. Tatuei em Barra do Sahy, ele é de Rio Claro e mora lá. Ele tinha uma cruz, tatuada no braço, de forma primitiva. Essa cruz virou o rosto de uma índia.
Você já fez tatuagens em regiões inusitadas do corpo?
Já! Inclusive no lado interno do lábio de três rapazes.
Você fez tatuagem em uma modelo que posou para a revista Playboy?
Fiz, foi uma fada tatuada na altura da cintura. Foi a Simone Dreyer Peres, mais conhecida como Syang. Têm várias que freqüentam a revista Caras e que eu tatuei.
Houve um caso em que o tatuado tinha vitiligo?
Foi em uma pessoa que tinha grande constrangimento por ter manchas na região peniana.
Quais os cuidados para se fazer uma tatuagem?
É obrigatório que o tatuador use luvas, máscara, óculos. O ambiente deve ser esterilizado. Uso de material descartável. O que não for descartável tem que ser feito uma assepsia em autoclave.
Você teve um caso em que a pessoa tatuou na sola do pé?
A pessoa tatuou um olho na sola do pé, ele brincava que era para ver bem onde pisava!





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Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria

A Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria estará lançando mais uma obra literária: “Na Trilha do Passado Paulista – Piracicaba, Século XIX, Fazendas, Engenhos e Usinas”. Será no próximo dia 26 de setembro, ás 19 horas e 30 minutos, na
Estação da Paulista. Em companhia do Professor Doutor Manoel Lelo Bellotto (pai de Tony Bellotto), ela esteve dia 20 de setembro, sábado passado, nos estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba onde ambos participaram do programa Piracicaba Histórias e Memórias. Conforme o Professor Doutor Manoel Bellotto observa no preâmbulo do livro: “Neide Marcondes neste Na Trilha do Passado Paulista, permite-se descrever, abordar e analisar uma realidade geográfica, arquitetônica, agroindustrial e empresarial, que abrange não só uma poética dimensão histórica, pois se reporta às últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, mas que mostra também, exuberante e promissora nesta inquietante realidade. Sua definição espacial foi pela macro-região de Piracicaba, na então Província e no atual Estado de São Paulo; a preocupação fundamental foi , além das referências às terras piracicabanas e ás suas atraentes histórias, descrever e caracterizar o aí edificado patrimônio rural, construído e disseminado em fazendas, engenhos, usinas e engenhos-centrais, com suas arquiteturas, ambiências e entornos, e sua exuberante realização agrícola consubstanciada no plantio e na colheita do café e da cana, desta derivando a produção do açúcar, de amplo consumo no Brasil e no exterior”. A autora já publicou entre outras obras: “O Partido Arquitetônico Rural, São Paulo do Século XIX”, “Na Trilha do Passado Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo, o Mestre de Itu”, “Entre Ville e Fazendas”, “(Des) velar a Arte”, “Bernini...O Êxtase Religioso em Dobras e Catástrofes”, “O êxtase do Martírio , São Sebastião em Bernini e Debussy”, “Labirintos e Nós: Imagens Ibéricas em Terras da América”, “Turbulência Cultural em Cenários de Transição, O Século XIX Ibero-Americano”, “Cidades Históricas, Mutações Desafios”. É intensa a promoção de exposições e instalações propiciadas por Neide Marcondes, com obras de sua autoria em inúmeras cidades do Brasil e do exterior como na Espanha, Itália, França, Holanda. Obras suas integram os acervos artístico-culturais da Universidade de Poitiers, na França.

A senhora escolheu a cidade de Piracicaba para fazer o lançamento do livro, principalmente por ser a região abordada por ele?
Esse trabalho é resultado de uma tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicação e Artes. Isso já faz algum tempo. Essa pesquisa foi toda elaborada para transformar-se em livro. Mais interessante para se ler do que propriamente uma tese com todas as fases científicas. Sou professora titular de História e Teoria da Arte da Unesp fiz livre docência também na Unesp, no Instituto de Artes e fui professora na Pós-Graduação da ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fiz meu doutorado.
Quanto tempo á senhora levou para escrever esse livro?
O início foi essa pesquisa de mestrado em artes, ainda na década de 70. Toda essa pesquisa realizada progrediu na década de 80 tornando-se quase uma continuação da pesquisa realizada para o mestrado.
Quantos livros a senhora já escreveu?
Além de artigos, periódicos, são oito livros. Alguns apenas coordenando junto com o Professor Bellotto e outros autores, inclusive espanhóis e portugueses. Em 1996 foi publicado um outro trabalho em que trata da influência dos mestres de obras italianos na propriedade rural paulista, aqui de Piracicaba e região de Tietê.
Como são escolhidas as capas dos seus livros?
Tenho escolhido as capas. Tenho uma filha que faz designer gráfico e em algumas das capas ela também trabalhou. Eu também faço uma linguagem artística de pintura e colagem.
Como foi que a senhora realizou as ilustrações e plantas dessas construções rurais?
As propriedades rurais geralmente não possuem plantas, nem a programação de todo o terreno, de toda a propriedade. Foi necessário que eu fizesse um croqui na hora da pesquisa. Nem a própria planta baixa da casa é encontrada. Existia a idéia ainda do chamado “risco no chão”. Era feito um risco no chão, que era por onde deveria subir as paredes. Para realizar essas plantas, fui fazendo esse risco no papel, e com a participação de arquitetos, como Edgar Couto, foi que procedeu nessa linguagem arquitetônica das plantas e da programação das próprias fazendas.
Se contarmos desde o início das pesquisas até hoje decorreram 38 anos, essas propriedades ainda permanecem?
Aqui em Piracicaba algumas casas já não existem mais. De uma forma geral todas permanecem. Inclusive algumas foram restauradas. Outras propriedades, como a antiga Usina Monte Alegre, os edifícios anteriormente utilizados para a produção, bem como as casas então denominadas de casas de colonos, estão completamente abandonados. O bairro ali está inteiro. O Engenho Central em Piracicaba está sendo utilizado com finalidades culturais. Quando eu fiz todo esse trabalho de pesquisa, houve também um processo de conscientização dos proprietários. Alguns diziam: “A senhora documenta e registra, porque isso eu vou por abaixo, de velho chega eu!”. Eu procurava dizer que o fato dele possuir tanto terreno permitia que ele preservasse aquele espaço. Acho que deveria haver um diário de pesquisa, porque muita coisa acontece! Alguns proprietários recebem o pesquisador muito bem, outros sentem um pouco de medo, são a princípio desconfiados. Para realizar as fotos é necessário enfrentar dificuldades naturais. Coisas interessantes acontecem! Ao lado desse levantamento de campo, há a idéia da pesquisa histórica junto a documentos da propriedade, e também o que foi feito no arquivo do Estado de São Paulo, no arquivo de Piracicaba, nos Cartórios, para termos a origem dessa terra.
Como a senhora vê a preservação de imóveis antigos, inclusive na área urbana?
Existem várias controvérsias. Alguns arquitetos defendem a restauração, mesmo que seja utilizado outro tipo de material diferente do utilizado originalmente. Outra idéia, muito comum na Europa, é permanecer a construção original, e eles constroem edifícios modernos ao lado ou atrás da construção primitiva. Um exemplo que temos em São Paulo foi o que aconteceu na Avenida Paulista na Casa das Rosas. Foi conservada a construção anterior e construído o edifício abraçando aquela casa. Há uma integração. Isso é bastante novo. O pensamento de algum tempo atrás era por abaixo e construir os novos edifícios. Esse novo conceito está prevalecendo agora, junto ao patrimônio, arquitetos e historiadores.
Existem casos em que construções históricas evaporaram na calada da noite.
Existe a atuação da especulação imobiliária. Foi o que aconteceu também na Avenida Paulista, em São Paulo, com a casa da família Matarazzo. O alto preço do metro quadrado praticado naquela região fez com que muitas casas construídas no período áureo do café, desaparecessem na calada da noite.
Quem perde com isso?
É uma situação de cultura. Naturalmente quem perde é a própria população, o entorno desse local.
A senhora acredita que é interessante para alguns não conservar marcas do passado?
Também! Por razões pessoais, ou por simplesmente não haver interesse.
Em seu livro a senhora cita que “só o novo, completo e belo é valorizado”.
Exatamente. Existe uma situação também em que o restauro é muito caro. É muito mais fácil e construir outra coisa.
São gastos milhões em outras atividades, porque não há interesse em investir em cultura?
Já existe uma ligeira idéia em investir-se em cultura. A publicação de livros, por exemplo, é uma ação muito dispendiosa. Tem que ser feito um trabalho árduo existe leis que regulamentam o setor, e o apoio pode sair ou não. Em particular, no caso deste livro, me sinto honrada por ter uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.
Qual foi a maior dificuldade que a senhora encontrou para realizar esse livro?
Fiz uma especialização em História da Arquitetura com Leonardo Benévolo (N.J. Nascido em Orta, Itália em 1923, Leonardo Benévolo estudou arquitetura em Roma e doutorou-se em 1946. Desde então passou a ensinar História da Arquitetura nas Universidades de Roma, Florença, Veneza e Palermo. Leonardo Benevolo é o mais conhecido estudioso italiano da história da arquitetura. Publicou já muitas obras dentro da sua área. Fonte de referência: Livraria Almedina) , quando ele esteve em São Paulo dando esse curso. Os professores Nestor Goulart, Benedito Lima de Toledo foram incentivadores desse trabalho. Inclusive o Professor Nestor, em tom de brincadeira disse-me para realizar um trabalho envolvendo o interior de São Paulo, porque os arquitetos não gostam muito de sair para longe da sua prancheta. Assim foi que comecei. Primeiro conheci a região localizando-a no mapa, a prefeitura ajudou muito contribuindo com idéias, e em seguida indo a campo. Pegando o carro e saindo! Foi necessário adaptar a linguagem para poder obter informações sobre as construções. Muitas vezes recebia a resposta; “Tem uma casa velha lá, aquela casa não serve para nada, porque a senhora quer ir para lá?” Eu então tinha que explicar. Foi um período de várias visitas á Piracicaba e região. Fazer esse trabalho de entrar, pedir. Em alguns momentos fui muito bem recebida. Como na Chácara Nazareth, pelo então Deputado João Pacheco e Chaves. Isso foi em 1980.
Em suas pesquisas de campo foram encontradas telhas, tijolos com marcas identificando-os?
Encontrei! Telhas da Fazenda Milhã, tijolos com algumas iniciais. Guardo algumas peças comigo. Geralmente eram símbolos das próprias olarias. Na Fazenda Pau D`Alho o que pode ser chamada de senzala tanto a estrutura como as paredes eram feitas com pedras.
Existe alguma diferença entre as fazendas da região de Piracicaba e as do Vale do Paraíba?
Na História da Arte conheci a arquitetura exuberante, deslumbrante, que nós temos do Norte, do Nordeste, da Bahia, do Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve essa arquitetura, das casas bandeiristas, da casa do Padre Inácio. (O Sítio do Padre Inácio, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitui marco importantedo ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia). São construções com soluções plásticas muito significativas, embora bastante simples. As casas do Vale do Paraíba são mais antigas, pela entrada do café, que se iniciou no Vale do Paraíba e depois veio para São Paulo e Oeste de São Paulo. Hoje existem muitas casas restauradas, que se transformaram em pousadas. São casas mais bem elaboradas plasticamente. Inclusive em seu mobiliário.
A senhora freqüenta um ambiente bastante intelectualizado em São Paulo e também o ambiente mais simples do interior. Como o intelectual do grande centro vê o interior?
Há um interesse muito grande no interior de São Paulo, que é um interior muito rico culturalmente. Estão descobrindo esta parte do interior de São Paulo. Inclusive esse trabalho já foi apresentado em um congresso em Carmona, Sevilha. A arquitetura rural, especialmente a de Piracicaba, foi apresentada aos espanhóis. Já há um interesse muito grande nesse interior, particularmente de São Paulo.
O Brasil que se resumia no eixo Rio-São Paulo está voltando seus olhos para o interior?
Sim. Inclusive com preocupação com essa plantação progressiva da cana de açúcar. Podemos imaginar essa plantação próxima do Pantanal, próxima da Floresta Amazônica. Em 1980, quando fui entrevistar o dono da Fazenda Milhã, ele disse-me que estava bastante preocupado. Note que isso foi em 1980. Ele disse-me: “Em qualquer época vamos ter só cana, não teremos mais arroz e feijão. Isso me preocupa”.
Essas propriedades que a senhora visitou são todas produtivas?
Todas elas são produtivas. Algumas com produção de subsistência. Todas elas tem uma produção.





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Clemência Pecorari Pizzigati

A professora e artista plástica Clemência Pecorari Pizzigati é descendente de várias gerações de artistas. Seu pai, seu avô, o pai do seu avô, e outros ancestrais fora exímios artesões em madeira. Ela ainda conserva alguns móveis construídos ou restaurados por eles. Uma das peças que mais impressiona é um armário de cozinha, cujas portas se movimentam através de um pino em cada extremidade, simplesmente não usam dobradiças! Panelas de cobre feitas por Francisco Crócomo, réplicas de peças medievais. Tudo em sua casa está na mais perfeita ordem. A arte está presente em todos os detalhes. Pastilhas de cerâmica com perfeita mobilidade, montadas em uma malha especial cobrem os braços dos sofás, dando um toque de rara beleza. O material utilizado pela artista é facilmente encontrado no comércio, muitas vezes ela transforma um objeto de uso pessoal, como um par de brincos em um magnífico suporte de uma rara relíquia. Talvez ela seja a única pessoa em Piracicaba que tem uma lasca do osso de Santa Clemência, autenticado com o selo do Vaticano! Para quem gosta de arte e da história que existe em cada objeto antigo, visitar Clemência é como um adolescente ir á Disneylândia! Com eterno bom humor, quebrado apenas quando o assunto é injustiça de qualquer natureza, Clemência tem sempre um sorriso carinhoso, que a torna mais carismática. Um grande número de ex-alunos, muitos ocupando cargos de destaque no Brasil, e até no exterior, rendem manifestações de apreço e carinho aquela que não se limitou apenas a ensinar a matéria de um currículo. Ela os educou para viverem. A função de formar pessoas com caráter, personalidade, visão da realidade. A legítima função de professora sempre foi exercida com brandura e firmeza por Clemência Pizzigati. Infelizmente hoje um professor para sobreviver carrega uma estafante, quase insana, carga horária. Muitas vezes a remuneração é insuficiente até mesmo para manter um padrão mínimo aceitável. Clemência é responsável por muitas obras espalhadas pela cidade, entre elas o painel que foi pintado no muro da Igreja dos Frades, com seus alunos do Colégio Estadual Jorge Coury. Recentemente foram pintados painéis sob a sua orientação, nos muros do Cemitério da Saudade. Um imenso painel foi idelizado e realizado por ela há trinta anos no Mirante do Rio Piracicaba. Hoje Clemência tem um sonho: fazer um memorável piquenique com a presença de seus ex-alunos e respectivas famílias, bem como a todos aqueles que quiserem participar. O objetivo é comemorar os trinta anos do painel instalado no Parque do Mirante. A data marcada é dia 12 de outubro próximo, um domingo, antecipando as comemorações do dia do professor. As adesões podem ser feitas com Miguel Salles no período das 17 horas até as 20 horas, tods os dias da semana, através do telefone (19) 3493.1581. Para os piracicabanos, particularmente aqueles que residem na Vila Rezende será um momento de nostalgia. Muitas famílias costumavam ir até o Mirante, para á sombra das árvores passarem momentos de lazer com a família, degustando os quitutes que traziam de casa. A seguir algumas das revelações feitas por Clemência em entrevista gravada na sua residência.
Existem algumas passagens marcantes em sua vida, uma delas é a visão do “follieri” na Piracicaba de alguns anos passados?
Eu não me lembro o nome completo dele, sei que é o pai do Francisco Crócomo, ele era folheiro, artesão que fazia panelas, lanternas, lamparinas. Uma profissão que na Itália era passada de pai para filho. Napoleão Bonaparte ganhou o território que conquistou porque a Nestlé na Suíça inventou o processo de armazenar a comida em latas. Quando a folha de flandres permitiu a fabricação de latas, o leite em pó, a comida em lata, foi a grande opção para alimentar os batalhões de soldados. Não foi só o material bélico que possibilitou os avanços das tropas. Eram latas de qualidade muito boa, que ainda hoje são encontradas, apesar de serem feitas por volta de 1800. Essas latas após serem utilizadas eram recebiam os cabos e tampas, transformando-se em utensílios domésticos como panelas como, por exemplo. Quando o pai do Francisco Crócomo, avô do professor universitário Francisco Constantino Crócomo, chegou ao Brasil, o país importava muitos alimentos enlatados. Peixe, cerveja, vinha tudo em grandes latas. Lembro-me de que o folheiro tinha um varão de madeira colocado sobre o ombro, onde na frente eram colocadas as peças oferecidas para a venda. O cliente poderia simplesmente adquirir ou permutar, uma caneca com cabo era oferecida em troca de três latas vazias. Aquilo era lindo, as panelas, frigideiras, canecas, eram dispostas em uma pilha dependurada nos varais. Ele saía vestido de terno de linho branco, gravata, com os filhos acompanhando. Ele descia pela Rua XV de Novembro, na época ele morava em local próximo onde hoje é o terminal urbano. Ele vinha descendo e gritando: “Follieriiiiii!”. Esse grito apregoando a mercadoria permanece nítido em meu ouvido até hoje! Quando ele chegava á Rua do Porto, o som ecoava sobre ás águas do rio, lá embaixo ouvíamos aquele grito. O barulho das peças dependuradas no varal se chocando iam dando um tom característico. Essa função foi trazida da Europa, onde era comum. Quando surgiram as indústrias de panelas no Brasil, eles passaram a trabalhar com calhas para telhados. O Francisco Crócomo, após aposentar-se, passou a realizar artesanato em cobre, e expunha na Praça da Catedral. Eram peças muito bem elaboradas, inclusive alambiques. Ele foi escolhido por uma iniciativa do governo estadual da época para ir expor em São Paulo. Ele passou a vender seu trabalho em uma feira de São Paulo. Um dia chegou até a feira um senhor de aspecto bem apessoado, desceu do carro conduzido por seu motorista, olhou as peças de cobre que Francisco Crócomo estava expondo e disse: “-Eu quero comprar todas as suas peças”. Passados uns quatro meses, esse homem veio até Piracicaba, procurando o Francisco Crócomo. Era na realidade um senhor italiano. Ele disse ao Crócomo: “-Esta chaleira foi feita pelo tataravô.” Ele disse que havia comprado todas as peças uns meses antes porque ele era da mesma cidade de origem do pai de Francisco Crócomo, e que foi vizinho deles na Itália! As peças confeccionadas em cobre pela família Crócomo na Itália recebiam um símbolo embaixo delas, caracterizando como marca própria. Francisco Crócomo desmanchou a chaleira feita pelo seu antepassado distante, fez o molde, e produziu uma chaleira para cada filho, três para o italiano e uma para Clemência Pizzigatti.
A senhora tem um modelo de chaleira idêntico aos que eram utilizados com mandrágora?
Tenho sim! É uma chaleira utilizada na Idade Média, onde muitas poções eram preparadas com as raízes da mandrágora, além de folhas e ervas. Eram utilizadas pelos alquimistas.
A senhora fez o cartaz de uma peça teatral realizada por alunos do Colégio Estadual Dr. Jorge Coury?
O cartaz foi feito utilizando a técnica de xilogravura. A peça “Dez Vidas” dirigida por Miguel Salles, com crítica de João Chiarini, foi encenada por alunos no Clube Cristóvão Colombo da Rua Governador Pedro de Toledo. Trata-se de uma peça abordando a Inconfidência Mineira.
A senhora conheceu o Clube Português em Piracicaba?
Conheci com todos os seus detalhes. Eu nasci em frente, freqüentei muito, fazia parte até histórica do clube! Existiam livros precisos de Machado de Assis, Eça de Queiroz, Os Lusíadas, completo. Havia uma mesa da presidência com uma cadeira que formavam um conjunto maravilhoso. Existiam cem cadeiras esculpidas pelo Nardin, de palhinha, que compunham o salão. Além de brasões, bandeiras. Era muito bonito.
A senhora morou em outras localidades além de Piracicaba?
Por 15 anos morei em São Carlos. Depois residi 11 anos em Águas de São Pedro.
A senhora lembra-se das Festas do Divino ocorridas na Rua do Porto?
Eu tenho 73 anos de idade, acompanho desde criança, conheço da Rua do Porto como eram as rezas, as contorias. A Rua do Porto quando começava a novena, todos eram envolvidos. Meu avô tinha a Arapuca lá. O Armazém do Pecorari, junto com a olaria era o meu ambiente. A minha mãe nasceu na Rua do Porto. A Festa do Divino até determinada época foi uma. Depois quando foi renovada, passou a ser uma festa pasteurizada. As crianças que participavam cresciam adultos com fé. Hoje é evidenciado o lado comercial. Houve um prejuízo na fé. As regras da Irmandade eram rígidas. Se um deles morria, eles permaneciam por quarenta dias andando descalços para fazerem penitencia. As atividades da Irmandade, de socorro econômico, de assistência, faziam com que a Irmandade existisse efetivamente. Minha mãe dizia que era barriga verde. Quem nascia na Rua do Porto á cidade chamava de Barriga Verde. Quando a cidade era pequena, a Rua do Porto era periferia. Havia um menosprezo com relação a quem morava na Rua do Porto.
O avô da senhora foi um líder da região da Rua do Porto?
O meu avô era um líder, um dos motivos é porque ele sabia ler e escrever. O nome dele de batismo era Xenofonte Pecorari, mas o povo não aceitava com facilidade chamá-lo de Xenofonte, ele passou a assinar como Afonso. Depois ele teve que apostilar o nome dele como Afonso Xenofonte Pecorari. Ele era um italiano que comprava barricas de vinho, de azeitonas, e em seu estabelecimento, o então chamado de secos e molhados, onde havia de tudo. Ele matava porco, fazia lingüiça, um dos produtos muito procurados chamava-se copa (defumado de carne suína). Eram vendidos no balcão sanduíches. As pessoas que iam pescar compravam seus apreciados sanduíches de pão com lingüiça. Era muito comum estarem por lá os membros das famílias Dutra, Pacheco. Aos fins de semana podia ser encontrado Lagreca, Erotides de Campos, gente da cidade. Formavam aquela roda, onde comiam e bebiam. Meu avô era sócio do Clube do Livro, e recebia livros em francês e italiano. Ele lia as histórias, tornando-se um bom contador de casos. Tinha uma freguesia que se sentava nos sacos de arroz, feijão, batata e ficava lá ouvindo as histórias, Ele assinava o jornal Fanfulla, depois passou a assinar O Martelo. As pessoas residentes nos bairros dos Marins, Pau Queimado, vinham pedir para ele escrever cartas. Pediam que ele arrumasse um advogado quando precisavam, e ainda que ele os acompanhasse. Ocasiões em que ocorria batismo, casamento, era na venda que acontecia. O correio entregava correspondências até a Rua XV de Novembro, não levava carta na Rua do Porto. O filho mais novo dele ia á Rua XV onde ficava guardada a correspondência e entregava as cartas para seus destinatários. Só que as pessoas que recebiam as cartas não sabiam ler! Eles iam ao armazém para meu avô ler as cartas! A Rua do Porto tinha uma vida interessantíssima, havia as casinhas dos pescadores, aquele pessoal simples, humilde. Á tarde eles colocavam uma bacia com água, sentavam na porta, para lavar os pés antes de dormir. Isso quem se lavava. Os que dormiam em rede tinham um pauzinho, quando ia deitar na rede para dormir, para tirar a terra do pé, raspavam com o pauzinho. Meu avô aplicava injeções, curava ferida. Qualquer um que estivesse doente minha avó já fazia uma canja para mandar. Naquela época ele vendia marcando as despesas em caderneta. Quando uma pessoa morria na família que comprava lá, ele fazia um “X” e perdoava o pagamento. Ele pertencia á diretoria da Società Italiana de Mutuo Socorro. Meu avô paterno, Natali Pizzigatti era bastante politizado. Ele estudava filosofia. Meu avô era da Irmandade do Santíssimo, usava a opa, ajudava o padre. No período da Revolução Constitucionalista de 1932, o Monsenhor Gallo, que era muito respeitado, subiu no púlpito, e passou a apregoar para que os casais que tivessem filhos homens para que os mandasse para a revolução. Meu avô Natali com sete filhos homens, saiu do altar, foi em frente do púlpito e disse ao Monsenhor Gallo que ele estava incentivando os filhos de outras pessoas para irem á frente de combate pelo motivo de não ser pai! “Essa revolução é uma luta de irmão contra irmão!” disse ele. Ficou uma polêmica muito grande dentro da igreja. Meu avô Natali teve uma grande atuação como elemento formador de opinião para as massas, a ponto de algumas pessoas recomendarem á meu pai, que procurasse controlar as ações do meu avô!





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quinta-feira, setembro 18, 2008

Preconceito é maior inimigo contra câncer de próstata

Pouco mais de dois anos após ter diagnosticado tardiamente um câncer de próstata, o cantor Waldick Soriano, de 75 anos, faleceu na semana passada, vítima da doença. O triste episódio serve de alerta para os homens: quando diagnosticado na fase inicial, em que o câncer ainda está restrito à próstata, a chance de cura é de 90%, segundo o urologista Ubirajara Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, secção São Paulo. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil terá neste ano 49.530 novos casos de câncer de próstata, o que significa que, a cada 100 mil homens, 52 desenvolverão a doença. Os números são semelhantes ao principal câncer entre as mulheres, o de mama: 49.400 novos casos em 2008 e taxa de incidência de 50 em100 mil mulheres. A grande diferença está na busca pela detecção precoce da doença. Enquanto em 2007, 17 milhões de mulheres procuraram um ginecologista, apenas 3 milhões de homens foram ao urologista. “Fizemos um levamento com 400 pacientes que foram pela primeira vez ao médico e 40% deles só chegaram ao consultório por influência da mulher. Homem é muito reticente”, diz Ferreira. O câncer de próstata não tem sintoma algum na fase inicial, por isso os exames de sangue (PSA) e toque são imprescindíveis. De acordo com os médicos, o preconceito resultante da cultura machista que inibe o homem de fazer o exame de toque ainda é o grande entrave para prevenir a doença.
DIAGNÓSTICO
O câncer de próstata é assintomático. Quando há sinais, como dificuldade para urinar e gotejamento, o câncer já está avançado A detecção é feita por exame de sangue e de toque. Homens acima de 45 anos devem fazer exames todo ano.
TRATAMENTO
O câncer de próstata é considerado o câncer da terceira idade: 3/4 dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos.Quando detectado na fase inicial (com o tumor restrito à próstata), o tratamento é feito com cirurgia ou radioterapia.



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CID MOREIRA

É muito difícil encontrar uma pessoa que nunca tenha ouvido o célebre “Boa Noite” do apresentador Cid Moreira, da Rede Globo. Durante 27 anos, ele apresentou a todo o Brasil as principais notícias do dia à frente de um dos telejornais mais conhecidos, o Jornal Nacional, da Rede Globo. Hoje, depois de 15 anos, sua voz grossa e grave ainda pode ser ouvida pelos telespectadores do Fantástico.Está previsto para novembro deste ano o lançamento de dois CDs com gravações de trechos do Novo Testamento.Desta vez, o som será digital e gravado em MP3. Também está previsto para o ano que vem um livro sobre sua vida, que está sendo organizado por sua esposa e também jornalista, Fátima Sampaio.A obra não será uma biografia, mas sim, uma breve história da vida de Cid Moreira - que tem 80 anos - e alguns “causos” contados por ele. “Cid passou por muitas experiências, conheceu muita gente boa. Tudo isso merece ser contado em um livro, pois ele é uma pessoa que faz o que gosta, para ele o trabalho é uma interação”, diz Fátima. Já os CDs, segundo Moreira, serão mais elaborados do que os anteriores, que chegaram a 30 milhões de cópias vendidas. Tudo começou com os Salmos, na época em que ele ainda estava à frente do Jornal Nacional. Em seguida veio o Novo Testamento, porém com tecnologia inferior. Logo depois o apresentador gravou algumas passagens bíblicas mais conhecidas, trabalho que foi vendido juntamente com os principais jornais do País a um preço simbólico de R$ 3,90. “Nos primeiros CDs havia muita pressa, e eu também não entendia muito bem o que as passagens queriam dizer. Mas hoje, depois de estudar a Bíblia e entender melhor o que foi escrito, o trabalho ficou melhor, com uma boa interpretação”, afirmou Moreira. A Bíblia, gravada na íntegra, também deverá chegar às lojas no ano que vem.Depois de mais de 40 anos de trabalho, o apresentador, que hoje é a própria notícia, não se vangloria. “Eu virei notícia?”, indagou ele. Na época em que apresentava o Jornal Nacional, conta ele, não era como hoje, quando o apresentador participa de todo o processo da reportagem. Segundo Moreira, ele só chegava na TV na hora de apresentar, mas também fazia outros trabalhos fora da Globo, como comerciais e jornais de cinema. Mas quando houve a transição que fez com que os diretores das TVs pensassem que o apresentador deveria participar de todo a produção da notícia, ele fez os cálculos e viu que não valia a pena o salário que a Globo oferecia a mais pela dedicação exclusiva. Só depois de algum tempo é que Moreira se tornou exclusivo da Rede Globo, sendo autorizado a gravar somente os CDs. E qual seria o segredo de chegar aos 80 anos em plena forma? Cid Moreira faz academia todos os dias, joga tênis pelo menos três vezes por semana e não come carne há pelo menos 50 anos. Segundo sua esposa, o bom-humor também o faz viver tão bem. Já a voz, sua marca registrada, é de domínio divino. “Deus cuida da minha voz”, resumiu ele.



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