domingo, maio 17, 2009

JAIRINHO MATTOS

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 16 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: JAIRO MEIRELLES RIBEIRO DE MATTOS





Do dia 19 a 24, em de abril de 2009, ocorreu em Las Vegas, nos EUA. , o maior evento mundial de mídia eletrônica, nos padrões americanos. A feira reuniu elementos de tecnologia de televisão, rádio e cinema, produção e pós-produção de filmes/vídeos, áudio, novas mídias, internet, streaming, banda larga, serviços sem fio, via satélite e telecomunicações envolvendo empresas que atuam na área de multimídia eletrônica e telecomunicações. Composta por mais de 1.500 expositores em uma área de 900.000 m2, com a afluência de 300 mil visitantes oriundos de 65 países, reuniram-se ali os responsáveis por veículos de comunicação de todo o mundo. Diversas conferências também ocorreram em paralelo à feira. A NAB é a maior feira de Radiodifusão e Equipamentos, conhecida mundialmente como "National Association of Broadcasting". Jairinho Mattos, que ainda muito novo foi incentivado a estudar inglês, pela sua avó Dona Levica, é um dos piracicabanos que estiveram presentes ao evento. Para lá seguiram, seu pai, Dr. Jairo Ribeiro de Mattos, Luiz Antonio Copoli (Titio Luiz), considerado um dos maiores comunicadores do rádio piracicabano, acompanhado do seu filho Flavinho (Flávio Luiz Copoli). Além de se atualizarem com a tecnologia de última geração, o quarteto visitou locais históricos de Nova Iorque.
Jairinho Mattos, qual é a sua idade?
No dia 11 junho de 2009 eu estarei completando 42 anos de idade. Sou casado com Paula Rafaela, tenho uma filha, a Manuela. Sou filho do Dr. Jairo Ribeiro de Mattos e da Professora Anna Maria Meirelles de Mattos, ambos piracicabanos. Sou neto do Dr. Nelson Meirelles, um médico muito bem conceituado em Piracicaba, e que foi muito ligado á cultura da cidade, tendo sido um dos grandes apoiadores da Escola de Música de Piracicaba, a minha avó Maria Olívia Moratto Ferraz Meirelles (Levica), gostava de piano, uma admiração que se estendeu á minhas tias, que também executavam obras ao piano. Eles tiveram sete filhos, entre eles a minha mãe.
Quem foi á pessoa que o incentivou no estudo de inglês?
Foi a minha avó Levica! Ela morou por muito tempo na Rua XV de Novembro, ao lado da Rádio Educadora. Era lá que ela sempre me ensinava inglês, eu era ainda criança e comecei a gostar de estudar inglês por causa dela. Ela percebeu que eu tinha facilidade em aprender línguas, eu tinha uma habilidade natural em fazer redação. A vida é um contínuo aprendizado, hoje o pouco que sei da língua inglesa, devo á minha avó Levica que foi a minha grande incentivadora. Sou formado pela Pontifícia Universidade Católica-PUC de São Paulo, tenho a Pós-Graduação em Marketing pela Faculdade Getulio Vargas. Sou apaixonado pelo rádio, por comunicação.
Qual é a relação entre a Rádio Educadora e a Jovem Pan FM?
Na verdade a empresa Rádio Educadora tem a Rádio Jovem Pan FM, que era a Rádio Educadora FM. Afiliamos-nos a Jovem Pan no ano de 1994, foi o grande insigth (N.J.: compreensão súbita, capacidade de sentir o âmago das coisas ou situações, uma iluminação, um estalo), a grande idéia que nós tivemos, ficamos muito felizes em sermos a primeira emissora afiliada da Rede Jovem Pan. Hoje nós temos 48 emissoras em FM retransmitindo o sinal da Jovem Pan, esse sinal começou aqui em Piracicaba, na nossa emissora, na Jovem Pan 103,1 MHz em 4 de junho de 1994. No próximo dia 4 de junho estaremos completando 15 anos de Rádio Jovem Pan em Piracicaba, a Rádio Educadora fará 42 anos no mês de agosto próximo. A rádio em FM é um filhote da Rádio Educadora AM, que foi fundada pelo meu avô Nelson Meirelles e outras pessoas importantes da nossa sociedade como o Dr. Losso Netto, Dr. Ernesto Pereira Lopes, juntamente com o meu pai, meu tio Coriolano Moratto Ferraz Meirelles. Hoje temos na internet o site da Rádio Educadora (
http://www.educadora1060.com.br/), que é muito visitado, e acredito que havendo espaço estaremos agregando outros órgãos de comunicação.
Você pode citar alguns índices do site da Rádio Educadora?
Temos alguns índices que são interessantes. Percebemos que o ouvinte da AM é mais retraído para acessar o site, para ouvir a emissora on-line, no momento da transmissão de um programa. Percebemos que em alguns horários há um pico de audiência. Por exemplo, em uma transmissão do jogo do XV de Novembro tivemos um índice de ouvintes interessante. Isso nos deixa muito felizes, porque se a pessoa ouviu uma transmissão pela internet e deixou de ouvir a tradicional que é pelo aparelho de rádio, algum motivo ela teve para assim proceder. A transmissão pela internet tem uma qualidade de áudio muito boa, não sofre interferências, é transmitida diretamente no computador da pessoa. Há a possibilidade de o ouvinte sintonizar a rádio de qualquer lugar do planeta. Isso nos leva a creditar que a internet é uma mídia que vem somar ao rádio. Há um aumento de e-mails enviados pelos ouvintes para a rádio. Até hoje o contato principal entre o ouvinte e a rádio tem sido o telefone. Há uma limitação natural para o número de ligações telefônicas simultâneas. A vantagem do e-mail é que ele nunca estará ocupado! Podemos receber centenas de e-mails em uma pequena fração de tempo. Acreditamos que o e-mail irá ser a linha de comunicação entre o ouvinte e a rádio, e muito efetiva, e para nós, muito importante, porque teremos documentadas todas as mensagens que os ouvintes nos enviarem.
Há um perfil bem distinto dos ouvintes de rádio AM e FM?
O Rádio AM é uma mídia mais prestadora de serviço. O rádio FM, quando surgiu pela sua qualidade de som, atingiu mais o campo musical, de se tocar mais músicas, mais musical do que ocupado pela voz do locutor. O famoso som de elevador, o travesseiro noturno. O próprio locutor é mais tranqüilo. O rádio AM é mais voltado para a informação, para a utilidade pública, mensagens, jornalismo, transmissões esportivas. Como toda regra tem exceção, venho percebendo que o rádio FM tem invadido o campo do rádio AM Hoje a FM tem feito rádio-jornalismo, transmissões de futebol, transmissões de eventos, aproveitando a qualidade técnica do som. O rádio é um dos veículos mais acessíveis. O jornal tem que ser comprado para poder ser lido. A internet exige o uso de computador, isso quando não há a necessidade de assinar alguns sites para receber as informações. O público da Rádio Jovem Pan FM é segmentado. Ela é uma emissora voltada para um público qualificado e jovem, na faixa etária de 14 a 30 anos de idade. A Jovem Pan têm um diferencial, apesar de não ser uma rádio com música popular, o sertanejo e pagode, por exemplo, ela toca uma música mais jovem, mais balançada, hit-parade, ela consegue trazer um público mais adulto em função de dois programas: o Pânico, que é um programa muito engraçado, com muitas entrevistas, por incrível que pareça o Pânico é um programa informativo! E de manhã das seis horas até as sete e meia, nós temos a retransmissão do Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan, que eu considero estar entre os dois melhores informativos do rádio brasileiro. É muito bem formatado, tem grandes locutores, uma rede de jornalistas cobrindo todo território nacional. Como afiliados temos essa linha direta, mandando informações de Piracicaba, somos verdadeiros correspondentes da Rede Jovem Pan. Com isso conseguimos ter uma audiência mais adulta. Costumo dizer que a idade da pessoa não é sua idade cronológica, é a idade da cabeça da pessoa. Há pessoas nascidas na década de 30 que com seus setenta e poucos anos de idade estão ouvindo a Jovem Pan, por terem uma alma jovem. Ela quer ouvir uma música moderna, ouvir uma informação, procura ouvir o programa Pânico em busca de humor. Digo sempre que a Rádio Jovem Pan é para quem está de bem com a vida, para quem gosta de uma programação bastante inovadora e moderna.
Você esteve recentemente nos Estados Unidos?
Foi uma viagem de cunho muito técnico. Fomos visitar a feira NAB, National Association of Broadcasting, ou seja, Associação Nacional dos Radiodifusores. Trata-se uma associação muito forte, que nessa feira em Las Vegas mostra os últimos lançamentos de equipamentos, softwares, novidades, invenções do setor de raiodifusão. Não é uma feira voltada só para o rádio. Essa feira é muito exigida por essas novas mídias digitais, que são a internet, o iphone, iphod. Existem muitas novidades para a televisão, para o rádio. Percebemos que o rádio está ficando cada vez mais automatizado. As televisões e a internet estão recebendo uma atenção muito grande, a internet tem apenas quinze anos de existência, é um meio ainda inexplorado, há um campo muito grande, para crescer muito. Fui acompanhado do meu pai, em 2007 estive acompanhado da minha mãe. Dessa vez convidei o Titio Luiz e o seu filho Flavinho, Titio Luiz é um locutor de grande expressão aqui em Piracicaba, foi uma viagem muito interessante, eles queriam muito conhecer os Estados Unidos. Foi uma oportunidade impar, entrar pela primeira vez no país, e já conhecer Las Vegas, no retorno permanecemos por três dias em Nova Iorque, que é considerada a capital do mundo, eles voltaram maravilhados. Meu pai me confessou que foi uma das melhores viagens que ele fez em toda a vida dele. Graças a Deus eu consegui com que eles me acompanhassem na feira, e eles foram muito companheiros após o final da feira. Foi uma viagem que aliou a parte profissional e cultural também.
Em Las Vegas vocês chegaram a jogar em algum cassino?
Jogamos um pouco. Tem que saber qual é o momento de parar. Poucas pessoas sabem, existe uma associação americana, que inclusive tem um site, essa associação atende por “Saber a Hora de Parar”. A pessoa torna-se compulsiva quando ao começar a jogar e ganhar imagina que a sorte está do seu lado. Ela esquece que as chances de ganhar gira em torno de 80 a 85 por cento a favor da banca! O jogador terá entre 15 a 20 por cento de chances para ganhar. Em Las Vegas enquanto você estiver em uma mesa jogando, poderá servir-se de qualquer drink gratuitamente. Há uma atendente para servi-lo. O cassino quer que você permaneça sentado na mesa de jogo. Dentro dos cassinos você não consegue descobrir que horas são. Não existe a oscilação de temperatura que ocorre nos períodos diurnos e noturnos. Não há janelas. Isso cria uma atmosfera positiva para você continuar jogando. O mais interessante é perceber que os vinte e poucos cassinos existentes em Las Vegas pertencem a quatro ou cinco companhias, são mega companhias que gerenciam quatro ou cinco cassinos. Os hotéis são temáticos, nessa viagem ficamos no Hotel Paris, ele tem dentro dele uma réplica da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo, do Museu do Louvre, isso tudo em escalas norte americanas, enormes, muito luxo. Las Vegas é uma Meca do show business, eles conseguiram agregar a maior feira de rádio do mundo, os maiores shows de teatro, que se rivaliza com a Broadway, em Las Vegas. Na semana que estivemos lá tivemos shows com Britney Spears, Cirque du Soleil, Elton John. O entretenimento que você tem lá é muito grande. Trabalha-se durante o dia, fazem-se bons negócios nas feiras, e vai gastar um pouco do seu dinheiro á noite com cultura, restaurante, ou tudo que sua criatividade mandar.
A feira foi realizada onde?
No Las Vegas Convention Center, é humanamente impossível ver tudo o que existe nessa feira, procurarmos direcionar para o setor de rádio.
Qual é o idioma utilizado na feira?
Isso é um caso a parte! Se você tiver o domínio da língua inglesa, é melhor, isso porque há alguns termos em inglês, que muitas vezes a tradução para o português não é uma tradução literal. No setor do rádio existem muitos termos que só são aplicados no rádio. Como um jargão local. Se você não é americano e não entende inglês, nesse caso fica mais difícil de entender. A NAB não é apenas uma feira de americanos para o resto do mundo, nas últimas duas edições o Brasil tem um pavilhão, isso porque os americanos perceberam que os brasileiros são a segunda ou terceira maior delegação que visita a feira, são mais de 500 a 600 brasileiros. Eles perceberam que o Brasil ainda é um mercado muito pouco explorado, novos equipamentos, nova tecnologia, equipamentos digitais, com isso muitos brasileiros de São Paulo e Rio de Janeiro que representam empresas americanas estão lá na exposição, atendendo você. Procurei ir preparado, com visitas pré-agendadas. O crachá do visitante é um cartão magnético, ao passar o crachá em uma máquina de cada stand visitado eles de forma automática registram os seus dados pessoais. Algumas empresas gostam de também ter o seu cartão de visitas, para isso eles têm um pequeno aquário onde é colocado o seu cartão.
Quantos dias vocês freqüentaram a feira?
A feira começou efetivamente para nós no dia 19. Embarcamos em São Paulo no dia 18, em Cumbica, fizemos a entrada por Huston, onde passamos pela alfândega e quatro horas após fizemos um vôo para Las Vegas. O engraçado para mim é que fui com três pessoas muito agradáveis, mas que não tinham o domínio total da língua inglesa. O Flavinho já ia com a frase pronta: “No speak english!”. Ele me chamava, eu ia lá, traduzia. Fiquei muito feliz em saber que foi inesquecível a nossa presença nos Estados Unidos.


quinta-feira, maio 14, 2009

Istambul é a única cidade do mundo situada sobre dois continentes, com parte de seu território na Europa e parte na Ásia, às margens do Estreito de Bósforo. Em Istambul se encontram o Ocidente e o Oriente; o antigo e o moderno.
História
Istambul é a maior cidade da Turquia e uma das mais antigas do mundo - foi fundada no ano 657 a.C., quando recebeu o nome de Bizâncio, uma alusão ao nome do comandante grego, Bizas, que conquistou a região - e durante mil anos desenvolveu-se, tornando-se império em 323 d.C., quando o imperador Constantino transformou-a em capital do Império Romano do Oriente, mudando seu nome de Bizâncio para Constantinopla.
O Império Otomano foi um Estado que existiu entre 1299 e 1922 e que no seu auge compreendia a Anatólia, o Oriente Médio, parte do norte de África e do sudeste europeu. Essa riquíssima fusão de culturas ao longo de sua história transformou Istambul um fascinante destino para turismo cultural, arquitetônico, gastronômico, folclórico e artístico gravados em dezenas de atrações, de monumentos, de palácios, mansões, igrejas, mesquitas, castelos e fortalezas, bazares e ruínas, haréns de sultões, turcas vestidas à moda muçulmana e vestígios romanos.
Em 1453 Constantinopla foi invadida pelos turcos e transformou-se em capital do Império Otomano, tendo novamente mudado de religião, transformando-se no Império Otomano islâmico. No início do século 20, em 1930, foi criada a Turquia, como nação, tendo sua capital passado a chamar-se Istambul. No mesmo ano, o governo turco mudou a capital do país para a cidade de Ankara.
As zonas históricas de Istambul foram declaradas patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1985, pelos seus importantes monumentos e ruínas históricas.
Economia
Hoje, Istambul é uma moderna e importante cidade de negócios, onde encontram-se modernos hotéis e boutiques internacionais. Na produção industrial, destacam-se as indústrias de construção naval, destilarias, cimento, tabaco, alimentar, vidro, artigos de papel, couro e cerâmica. Além de um importante entreposto comercial, pois possui o porto mais ativo de toda a Turquia, é nó ferroviário com linhas que unem a Europa à Ásia.
Relações com o Brasil
No próximo dia 21/5, Istambul receberá o presidente Lula para um evento organizado pelo Itamaraty, dando continuidade a missão empresarial brasileira que também visitará Arábia Saudita e China. Na ocasião, empresários e autoridades brasileiras se encontrarão com autoridades governamentais e representantes do setor empresarial da Turquia com objetivo de fomentar o comércio e os investimentos bilaterais.
O comércio Brasil-Turquia apresentou crescimento vertiginoso desde 2001. Em 2008, as exportações brasileiras para o país atingiram a cifra recorde de US$ 816 milhões. As importações brasileiras provenientes da Turquia também registraram sua maior cifra em 2008 (US$ 337 milhões), resultando em superávit de US$ 478 milhões a favor do Brasil e em corrente de comércio bilateral de US$ 1,1 bilhão. No mesmo ano, a Turquia importou US$ 204 bilhões de todo o mundo, dos quais apenas 0,4% provenientes do Brasil, indicando enorme margem para a ampliação das exportações brasileiras para esse mercado.

MNOEL PEDRO LOUÇA
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 09 de maio de 2009.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/ ENTREVISTADO: MANOEL PEDRO LOUÇA


Durante a nossa vida, aparecem uns cavalos selados. Tem vezes que aparece um só. Tem gente que monta e vai embora, tem gente que deixa passar, esperando outro, um melhor, quem sabe outro... Sorte indica casualidade e é muito usada para justificar frustrações quando não alcançamos nossas metas, dizendo que não fomos agraciados com ela ou, pior ainda, dizendo que aqueles que alcançaram seu intento o fizeram por “pura sorte”. Sorte não existe com essa conotação e o cavalo selado é uma boa metáfora para mostrar que quando estamos devidamente preparados, as oportunidades aparecem e temos que ser rápidos para percebê-las e aproveita-las, mas com certeza esse cavalo não é único e nem tampouco raro. O cavalo selado das boas oportunidades pode passar inúmeras vezes ao longo de nossa carreira profissional, porém é importante saber que sua passagem é proporcional ao nível de atenção que estamos dando ao nosso desenvolvimento. Só espere por sorte, oportunidade ou cavalo selado se você estiver trabalhando duro na construção de sua carreira. Você é o responsável por sua boa sorte. Manoel Pedro Louça é um exemplo vivo de quem soube preparar-se para o cavalo selado. Nasceu em 24 de outubro de 1956, almeidense, natural de Conceição do Almeida, localizada no Recôncavo Baiano. Conforme informações do IBGE em 2007 moravam 17.684 habitantes no município. Filho de Bernadete dos Santos Louça e Antonio Pedro Louça, têm ao todo 12 irmãos. Pedro afirma com um sorriso que pode ter o orgulho de ter dois pais, isso porque tem um pai biológico e o padrasto a quem sempre se refere como pai, com orgulho e respeito.
Pedro, o seu treinamento em capoeira é uma volta ás origens?
Na Bahia o pessoal joga capoeira, talvez com a mesma freqüência, como as pessoas residentes em Piracicaba praticam o futebol. É comum a reunião em qualquer espaço disponível para brincar, jogar a capoeira. Eu comecei a praticar a capoeira com 48 anos de idade, hoje eu tenho 53. Fiz apenas três anos de capoeira, mas ainda tenho força de vontade para voltar! É uma excelente atividade física, movimenta todo o corpo, ao som do berimbau a descontração é muito grande. A história da capoeira atingiu essa grandiosidade difundindo a cultura brasileira pelo mundo, graças á atuação de Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha) e Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado).
Você é um apreciador da culinária baiana?
Trata-se de uma cozinha com tempero mais forte. Usa-se coentro, o azeite de dendê adicionado ao leite de coco é um laxante natural. Quem não está habituado deve tomar certo cuidado, o segredo para quem experimenta e gosta é consumir com moderação, até o organismo ir adaptando-se. A moqueca de peixe é um prato que utiliza azeite de dendê e leite de coco. O acarajé é outra delicia baiana. Existe uma variedade enorme de doces, aqueles que usam coco, milho, mandioca. Bolo de mandioca é muito bom. A tapioca é servida hoje em café da manhã até nos hotéis mais requintados da Bahia.

Em que ano você chegou a São Paulo?
Foi em 1959, eu estava com três anos de idade. Meu pai tinha a função de vigilante em uma indústria, o registro de sua carteira profissional denominava a atividade na época como guarda-noturno. Minha mãe trabalhava como doméstica. Quando chegamos á São Paulo fomos morar em uma casa na Rua Pinheiros. Depois mudamos para Vila Madalena, que ainda não tinha o glamour que tem hoje! Ali eu permaneci até meus oito anos de idade, cursei a Escola Brasílio Machado. Mudamos para o Bairro Ferreira, vizinho á Vila Sônia, nas proximidades dos bairros Caxingui, Morumbi, isso no tempo em que a Avenida Francisco Morato tinha o leito carroçável ainda sem calçamento, era terra nua. Quando nós passávamos pela ponte que cruzava o Rio Pinheiros víamos o pessoal pescando, onde hoje é o Shopping Eldorado não existia nada, era tudo mato! Estou no Estado de São Paulo há 50 anos, sendo que vivi 30 anos em São Paulo e há 20 anos estou em Piracicaba. Quando mudamos para esse bairro havia uma valeta onde corria o esgoto a céu aberto, existia um pedaço de tábua que usávamos como ponte para passar sobre essa valeta e chegarmos á nossa casa.
Aos oito anos de idade você já trabalhava?
Eu comecei a vender cocada na feira livre. Minha formação e tino comercial surgiram dali. Minha mãe como baiana fazia uma cocada muito boa, meu pai quebrava, descascava o coco. Eu mal sabia fazer troco, o próprio cliente fazia e ás vezes deixava até dinheiro a mais para mim. O dinheirinho que permitiu a compra de alguma coisa a mais para casa surgiu dessa atividade minha. Surgiu então á idéia de vender coxinhas, salgadinhos. Passei a ter além de vender a cocada em outro horário vendia os salgadinhos. No bairro onde morávamos existiam muitos terrenos baldios onde nascia abóbora, chuchu, eu colhia, colocava em um carrinho de pedreiro e colocando um pano na cabeceira da feira livre, fazia montinhos com unidades de chuchu, pedaços de abóbora e vendia. Na época de festas de São João eu vendia bombinhas, abastecia-me no Bairro de Pinheiros. Comprava uma caixa de fogos e vendia para a garotada, com uma taboa colocada no portão de casa, improvisei um balcão que ficava á altura do peito dos meninos. Com pouca idade já era um pequeno empreendedor, era á vontade e a necessidade de ter uma vida melhor. Tudo que eu ganhava eu guardava. Eu era muito econômico, gastava muito pouco.
Você também soltava fogos?
Eu era criança, tinha vontade, mas assim mesmo era econômico.
O menino que vendia bombinhas tinha apelido?
Tinha sim. Até hoje me surpreendo quando alguns parentes me chamam de Néquinha, uma corruptela de Manoel.
Em algum momento sentiu-se infortunado, injustiçado?
De jeito nenhum! Sinto-me um privilegiado e abençoado por Deus. Minha esposa chama-se Edna Giacomini Louça, temos três filhos, Marcelo, Sandra e Érica estão estudando em boas escolas. A Érica, que é a mais velha, pretende cursar Terapia Ocupacional. Minha vida é uma vida de realizações.
O fato de começar a trabalhar muito pequeno ainda, trouxe algum prejuízo á você?
Pelo contrário! Foi ali que eu aprendi que trabalhando eu poderia conquistar alguma coisa na minha vida. Eu não tinha nada, e através da venda de cocada, do salgadinho, carregando carrinho com abóbora, chuchu, eu obtinha os recursos que necessitava. Se hoje estou trabalhando no comércio, eu tenho um comércio de cópias, a Cópias & Cia., em Piracicaba, acredito que tudo é devido a minha formação. Trabalhar nunca me fez mal nenhum, nunca me senti uma criança triste, sempre sobrava um tempinho para brincar. Fui trabalhar com oito anos de idade, hoje isso seria considerado como exploração de menor. Ia para a escola e ao trabalho.

Você superou muitas barreiras?
Na época em que viemos para São Paulo havia muita discriminação. Imagine chegar á cidade, baiano, sem dinheiro, filho de negro! O meu pai Antonio Pedro é negro, a minha mãe é branca. Era um desafio. Havias as brincadeiras e muitas vezes para me sentir inserido ao grupo, fingia que não estava ouvindo. Mas foram acontecimentos que só serviram para me fortalecer. Hoje não sinto nenhum tipo de discriminação, nem preconceito, sinto-me muito a vontade. Piracicaba é maravilhosa. Quantas pessoas que assim como eu vieram de outras localidades e encontraram-se aqui.
Você professa alguma religião?
Sou católico. Procuro ir á igreja para agradecer mais do que pedir. Só tenho a agradecer, Deus já fez tudo para nós, dando-nos saúde, sabedoria. O resto nós temos que ir atrás. E agradecer. Cabe a nós decidirmos o nosso destino. Temos o livre arbítrio.
Trabalhando você conseguiu ainda continuar com os estudos?
Apesar da origem humilde meus pais sempre me dirigiram para os estudos. Com quatorze anos de idade além de freqüentar a escola publica fui aconselhado pelo meu pai a fazer um curso de datilografia que existia perto da minha casa.
Você fazia a feira, vendia bombinhas, ia para a escola e foi fazer um curso de datilografia, o tempo era suficiente para isso tudo?
E sobrava ainda! Tinha tempo para jogar “taco” na rua. É um jogo com um circulo em cada extremidade do espaço limitado pelos participantes, dentro desse circulo havia três pauzinhos formando uma pirâmide. O objetivo era derrubar esses três pauzinhos arremessando uma bolinha. Assim que eu terminei meu curso de datilografia fui tirar a minha carteira profissional. Voltando para a minha casa, um ponto antes do meu ponto de descida do ônibus, eu vi uma placa onde estava escrito: “Precisa-se menor”. Era uma fábrica de reatores para luminárias, a Helfont. Isso era na hora do almoço, eu estava com uma fome danada. Pensei, estou com uma carteira profissional, e tem uma placa anunciando que precisa de um menor. É meu isso aí! Desci no ponto onde deveria descer, fui até a minha casa, almocei. Almoçando e pensando naquela placa.
Você já sabia que não deveria fazer nenhum negócio com fome?
Eu acho que não passaria pela entrevista! Logo após o almoço, dei uma melhoradinha na minha roupa, alguma coisa me dizia que deveria estar apresentável. Dava para ir a pé, fui até a indústria, onde fizeram uma pequena entrevista comigo. Preenchi uma ficha e me contrataram. A resposta da empresa foi na hora. Na minha carteira foi colocada a função de Aprendiz de Apontamentos. Isso foi no dia 2 de janeiro de 1973.
Ao saber que tinha sido aprovado para a vaga, qual foi a sua reação?
Cheguei á minha casa, falei com a minha mãe e com o meu pai, ele trabalhava a noite e durante o dia ficava em casa. Disse-lhes que tinha conseguido a vaga, e dois ou três dias eu comecei a trabalhar. O que eu não sabia era que no primeiro eles iriam me colocar um macacão, usado, cheio de graxa, eu fui trabalhar no chão de fábrica mesmo. A minha função era varrer a parte de ferramentaria, limpar os tornos, fresas, plainas. Os cavacos produzidos pelos tornos e pelas plainas principalmente, saem enroladinhos. No processo de usinagem é utilizado o óleo de linhaça, o contato da mão com os cavacos produz cortes superficiais, o óleo de linhaça faz com esses cortes fiquem expressivos. Se alguém olhasse a minha mão veria os cortes superficiais com os pequenos riscos pretos marcados pelo óleo de linhaça. Eu não imaginava a importância daquilo na minha vida. Tornei-me projetista industrial por ter trabalhado no meio de torneiros, ferramenteiros, fresadores. Fazendo a limpeza de cada seção conversava com eles, conhecia as diversas funções de cada profissão. Até que um dia decidi que iria ser ferramenteiro. Os ferramenteiros ganhavam muito bem. Um deles, o Ortiz disse para que não me tornasse ferramenteiro. Ele mostrou a amputação de parte de um dedo, que ele tinha perdido em seu trabalho. O torneiro Alvacir foi quem me levou para a Escola Protec de São Paulo, na unidade que se situava na Avenida Liberdade, para fazer um curso de desenho mecânico. A Protec tinha unidades ainda na Rua Augusta, no Brooklin e na Rua Conde de São Joaquim. O meu chefe na Helfont chamava-se Gevair Salgado de Castro, um grande homem. Foi ele quem viu que eu tinha o curso de datilografia e me colocou para fazer apontamentos. Continuei varrendo a seção, mas já marcava hora por peças, por máquina, para efeito de calculo de custos das peças. Depois eu mesmo passei a calcular os custos. Aos poucos fui progredindo.
Como foi seu desempenho na escola Protec?
Primeiro fiz o curso de desenho e depois o de projetos de ferramentas. No primeiro dia de aula de projetos de ferramentas, o diretor entrou na sala de aula e disse para a classe que os melhores alunos seriam convidados para dar aulas na escola. No ultimo dia de aula eu fiquei sabendo que tinha sido aprovado com uma boa nota (Pedro tinha tido a melhor nota da turma), mas não havia sido convidado para ser assistente e ter a possibilidade de ser efetivado na escola. Senti-me injustiçado e fui reclamar os meus direitos na diretoria. O cargo não era remunerado, após três meses se fosse aprovado como assistente ganharia uma ajuda de custo. Talvez até para se livrarem da minha queixa, acabaram me colocando como assistente de um professor muito bravo, rigoroso, mas didaticamente um dos melhores professores. Ele fazia questão de ser bravo. Nós chamávamos a sala de Maracanãzinho, era uma sala 90 alunos. O assistente tinha que trabalhar muito, os alunos usavam pranchetas de desenho, o assistente circulava entre elas. O professor permanecia na frente da classe. No primeiro mês de aula esse professor adoeceu, havia falta de professores na época, a diretoria me convidou e eu assumi a sala. Como ninguém gostava do professor, os alunos eram meus amigos. Os alunos me ajudaram a dar aulas. Ao voltar já restabelecido o professor viu que a matéria estava em ordem, ele se transformou em um grande amigo meu, graças ao seu apoio eu fui efetivado nessa escola, onde ocupei todos os cargos até chegar a ser coordenador de ensino. Vim para Piracicaba abrindo uma filial.
Como seus pais viam a sua trajetória?
Com muito orgulho. Meu pai reside em Goiânia, dia 14 de maio ele fará 95 anos. Lúcido, saudável, não bebe, não fuma, dorme cedo e vive com um sorriso no rosto.
A unidade de Piracicaba surgiu como?
O Comendador Dr. Francesco Provenza era o dono da escola, italiano, muito exigente, muito bravo, de uma honestidade e competência singulares. É mais uma das pessoas que influenciaram muito a minha vida. Ele me conduziu, me moldou, ensinou. Quando disse que gostaria de abrir uma filial dele no interior de São Paulo, para beneficiar aos alunos do interior que tinham que viajar aos sábados para fazer o curso em São Paulo, ele me deu carta branca para abrir essa filial. A minha intenção era abrir em Limeira, porque lá havia muitas indústrias. Fui para lá, ao pegar a lista telefônica vi o nome: Piracicaba. Resolvi conhecer melhor Piracicaba. Fiquei hospedado no Hotel Beira Rio, á noite o barulho das águas do rio era gostoso. Acho que foi esse barulho que me convenceu a abrir a escola em Piracicaba. Isso foi em 1988. Abrimos no Sisal Center, depois abrimos na Rua Prudente de Moraes, 623.
Como surgiu um novo negócio para você?
Quando veio o auto-cad (desenho por computador) o desenho de prancheta, que era o meu forte começou a cair. Um desenhista de auto-cad substituía seis desenhistas de prancheta. A procura pelo curso diminuiu. Cheguei a trazer um engenheiro de São Paulo para dar o curso de auto-cad. O valor da mensalidade do curso era muito alto. Eu tinha na secretaria da escola uma maquina de cópias que era utilizada para confeccionar provas, material didático. O aluno pedia para tirar cópias, o professor pedia para tirar cópias, os vizinhos pediam para tirar cópias. Passei a cobrar pelas cópias, para não ter prejuízo. A partir do momento que passei a cobrar outras pessoas vieram. Um dia a maquina quebrou. Um cliente muito, mas muito bravo, me ofendeu um pouquinho porque a máquina estava quebrada. Fiquei muito triste, estragou meu dia. Esse cliente não voltou mais, eu até gostaria de encontrá-lo para agradecer. Graças á reclamação desse cliente, resolvi comprar uma outra máquina usada, ambas as máquinas eram Nashua. Com duas máquinas resolvi colocar uma placa na frente do prédio, com os dizeres “Xérox aqui”. E aí não parou mais!




quarta-feira, maio 06, 2009

Cuidado com os ladrões...
Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de comício. No palanque, longos cabelos brancos ao vento, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província :
- Ladrões !
A praça, apinhada de gente, levou o maior susto.
- Ladrões ! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração !
Cabralzinho voltou para Campina Grande, candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral e do golpe de oratório do deputado, fechou a cara, olhou para os ouvintes com ar furioso :
- Ladrões !
Ninguém se mexeu. Cabralzinho sabia que política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total.
- Cambada de ladrões !
Foi uma loucura. A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava :
- Espera que eu explico ! Espera que eu explico !
Explicou. Ao médico, no hospital.
A historinha é narrada por Sebastião Nery.



Número de rins
No Curso de Medicina, o professor dirige-se ao aluno e pergunta:

-Quantos rins nós temos?
-Quatro! Responde o aluno.
-Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que têm prazer em gozar sobre os erros dos alunos.
Traga um molho de feno, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao seu auxiliar.
-E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala.
O aluno era, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971).
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
- O senhor perguntou-me quantos rins 'nós temos'.
'Nós' temos quatro: dois meus e dois seus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o feno.


terça-feira, maio 05, 2009

Provérbios da Era Digital

A pressa é inimiga da conexão

Para bom provedor uma senha basta

Não adianta chorar sobre arquivo deletado

Quem com vírus infecta, com vírus será infectado

Quem não tem banda larga, caça com modem

Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla



Viva como se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se fosse viver para sempre.
(Mahatma Ghandi)


Operários acham garrafa com bilhete de 1944 em Auschwitz


Operários acham garrafa com bilhete de 1944 em Auschwitz
Mensagem foi escrita por jovens prisioneiros do campo de concentração nazista.
Operários que trabalhavam perto do local onde funcionou o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, encontraram uma garrafa contendo um bilhete deixado por prisioneiros dos nazistas há quase 65 anos.
A garrafa estava escondida em uma parede de concreto no porão de uma escola abandonada que era usada como armazém pelos militares nazistas,a algumas centenas de metros de distância do campo de concentração.
Acredita-se que os militares tenham obrigado os prisioneiros a reforçar as paredes para também usar o local como abrigo antiaéreo.
Segundo um representante do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, a mensagem foi escrita a lápis em 9 de setembro de 1944. Nela, estão os nomes, as cidades-natais e os números de prisioneiro de sete detentos - seis poloneses e um francês.
"Todos têm idades entre 18 e 20 anos", diz a frase final do bilhete.
Escondida
"Os autores eram jovens que estavam tentando deixar algum rastro de sua existência", disse o porta-voz do museu.
Ele informou ainda que pelo menos dois deles sobreviveram à sua passagem pelo campo, mas não deu mais detalhes.
A mensagem deixada na garrafa teria sido escrita em um pedaço de saco de cimento.
Cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram em Auschwitz sob o regime nazista.
A maioria delas era de judeus europeus, mas também havia poloneses não-judeus, ciganos e outros.

LUIZ ANDRÉ FILHO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 30 abril de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: LUIZ ANDRÉ FILHO


Desde quando José de Anchieta, por volta de 1550, dedicou-se a transmitir novos conhecimentos aos naturais da terra, ensinar é mais uma vocação do que um fim. Nos dias atuais, são imensos os desafios encontrados a quem se dedica a esse ofício. Se Anchieta recorreu a música para poder transmitir melhor seus ensinamentos, hoje a tecnologia está a serviço do aprendizado. Os instrumentos tradicionais e seculares como o giz, a “pedra” como por longos anos foi assim chamada a tradicional lousa, aos poucos vão cedendo seu grau de participação para telas de computadores, transmissões de aulas por satélite. E para o espanto de muitos, uma pesquisa recentemente divulgada pelo conceituado jornal O Estado de São Paulo, o aproveitamento dos alunos através de novos métodos de ensino é muito superior aos alunos que ainda praticam as formas de ensino tradicionais. Luiz André Filho um dia teve que fazer uma opção, entre um emprego que oferecia estabilidade, status e um bom salário, como funcionário do governo ou buscar novos desafios. Deixar de assumir um cargo desse nível, obtido após realizar um concurso, parecia uma temeridade. A sua opção pessoal hoje reflete na vida de muitas pessoas, que buscam conhecimento nos estabelecimentos de ensino que estão sob sua supervisão. Natural da cidade de São Paulo, nascido no bairro da Mooca, em 24 de maio de 1946, passou sua infância na Vila Formosa, morava em uma rua de nome bastante peculiar: Rua Dedo de Deus. Luiz André Filho é o novo presidente do Clube de Campo de Piracicaba, empossado no dia 1º de Maio de 2009.
Qual era a principal diversão do senhor na época da sua infância e juventude?
Futebol! Sempre fui ligado em jogar bola. Naquela época havia a denominação de “ponta-direita”, nessa posição é que eu “corria atrás da bola”! Cheguei a brincar um pouco no campo do Juventus, na Rua Javari. Mas nunca fui um exímio jogador de futebol, embora mantenha o habito de praticar o esporte até hoje.
O senhor estudou em colégio particular?
Estudei no Colégio Sagrado Coração de Jesus, junto a Igreja da Vila Formosa. Lá cursei o ensino fundamental. Todos os dias antes de iniciarem-se as aulas os alunos faziam uma oração. Cheguei a ter aula de latim. Em Piracicaba cursei o ensino Técnico de Contabilidade na Escola Cristovão Colombo, a “Escola do Zanin”. Ficava na Praça José Bonifácio, a lado do Cine Politeama. Depois fiz Administração de Empresas na Unimep e posteriormente formei-me como bacharel em Direito pela Unimep. No período em que cursava Administração, participei do escritório contábil Perecin e Godoy. Eu me especializei em Direito Tributário. O escritório tinha cada elemento executando uma área de especialização. Atendia não só as empresas de Piracicaba como também as empresas da região. Foi na época em que prestei concurso para Auditor (Fiscal) Federal e fui aprovado. No auge da minha juventude, tinha uma vontade muito grande de dar continuidade ao desenvolvimento do escritório, fato que já estava ocorrendo.
Mais tarde senhor deixou essa sociedade e montou seu próprio escritório?
Exatamente! Foi quando montei o meu próprio escritório, chamado Fisconsult. Isso no tempo de copiar o diário na gelatina. O diário era todo datilografado em um papel próprio para esse processo, e depois se aplicava uma gelatina já especifica para esse fim, dessa forma era realizada a “impressão” do diário sobre o livro!
Com quantos anos de idade o senhor mudou-se para Piracicaba?
Na época eu tinha 14 anos de idade. A família da minha mãe é daqui de Piracicaba. A família do meu pai tem suas raízes em São Manoel. Conheceram-se aqui em Piracicaba, casaram-se e tiveram cinco filhos: Cecília, André, Bernadete, Lucia, Tarcísio. Nós sempre vínhamos passear em Piracicaba, e um detalhe interessante é que a estrada de São Paulo á Piracicaba não era asfaltada. O leito carroçável era de terra, na época meu pai usava um “guarda-pó” sobre a roupa, para preservá-la da poeira. Ele era proprietário de uma fábrica de móveis estofados, foi em um período em que houve uma grande procura por esse tipo de móvel. Na época a fabrica ficava no bairro Belém. Quando ele mudou-se para Piracicaba, continuou com a mesma atividade. A fábrica chamava-se Móveis Brasília, ficava na Rua Bom Jesus esquina com a Rua Treze de Maio. A inspiração veio da então fundação da capital federal, tanto que o logotipo da empresa tinha os célebres traços do Palácio do Planalto, obra de Oscar Niemeyer. Em Piracicaba fazíamos não só móveis estofados, mas como todo tipo de móveis. O pessoal que ia casar mobiliava a casa toda. Até hoje existe móveis feitos naquela época.
Qual era o tipo de sofá mais procurado na época?
Era o sofá-cama, revestido por curvim.
Aqui em Piracicaba vocês chegaram a ter uma caminhonete que até recebeu um nome próprio?
Era a Dengosa. Uma caminhonete que por muitas vezes dei a partida nela usando a manivela. Era verde-escura.
Vocês criaram um modelo de sofá muito curioso?
Isso foi na fase em que eu tinha 18 a 19 anos de idade. Tinha uma turma de amigos que gostava muito de muito de sair, fazer seresta: o Japão, o Magrão, entre outros. Criamos na época o sofá-cama já com toca discos embutido. Ficava no braço do sofá. Abria-se uma tampa e saia o toca discos, no braço do lado oposto do sofá ficavam os discos de vinil a serem tocados. A caixa de som ficava embaixo do sofá! Isso foi no tempo em que os Beatles faziam sucesso! Vendemos para vários estados do Brasil.
Qual era o nome desse engenhoso produto?
Temos que conhecer um pouco melhor as circunstâncias. Meu apelido era Dumbo, não por causa das orelhas, mas por ser considerado inteligente. Nós então denominamos essa linha de sofás como Dumboflex! Chegamos a gravar um jingle onde o mote era: “Dumboflex! Dumboflex...Dumboflex! Infelizmente não preservei nenhuma cópia dessa propaganda. Já procurei, mas não encontrei.
O senhor toca algum instrumento?
Não. Apesar de gostar muito de música, ficava só aplaudindo. Meu pai tocava violino, por um bom tempo tocou violoncelo, minhas irmãs tocam piano. Fiz algumas tentativas, mas não evoluíram.
Qual é a origem do nome André?
A origem é italiana, o nome original é Andreello. Meus avós paternos eram italianos, ele chamava-se Mansuetto Antonio Andreello, e ela Lucia Bertoncini Andreello. Meu pai é Luiz André e minha mãe é Ana Barbosa André. Estou fazendo uma correção, o sobrenome André é uma corruptela de Andreello.
Seus avós maternos moravam em que local da cidade?
Moravam na Rua Benjamin Constant, próximo onde passava o trem da Sorocabana. Uma das coisas que deixou muitas saudades eram as pescas realizadas no Rio Piracicaba, quando peixes do tipo dourado eram pescados. Os peixes brilhavam quando expostos ao sol.
Para conseguir a qualificação de pessoal especializado na área de escritório contábil que medida foi tomada?
Montamos um centro de treinamento de pessoal. Funcionava no Edifício Kennedy na Praça José Bonifácio. Passamos a ministrar aulas de noções de contabilidade tributária, fiscal e pessoal. Os alunos que se destacavam eram encaminhados para o nosso escritório ou para os escritórios dos nossos clientes. Nesse mesmo edifício havia a Escola de Datilografia Presidente Kennedy, que acabamos adquirindo. Muitas pessoas da cidade de Piracicaba foram alunas da Escola de Datilografia Presidente Kennedy.
O cipoal de leis que existe na época atual já existia naquele tempo?
Lamentavelmente sempre foi assim!
A pressão do Estado e seus agentes sobre o chamado “contribuinte” já havia?
Sempre houve. O leão sempre foi muito faminto. Nós tivemos muito sucesso com o nosso escritório por termos criado a administração tributária. Como economizar tributos legalmente. Hoje a empresa precisa pensar exatamente nisso. Não deve haver sonegação, mas descobrir uma alternativa mais inteligente de trabalhar, pagar os impostos, sem pagar em duplicidade. Essa gestão de uma empresa é fundamental. Tem que agregar valores para que o empresário tenha um resultado mais satisfatório para o seu negócio.
Além do futebol, o senhor tem algum outro hobby?
Minha esposa Regina Martinelli Galvão e eu gostamos muito de dançar. Dançamos um ritmo mais calmo, como bolero. Já tentamos dançar o tango, arriscamos até uma especialização no tema, em visita a Argentina, mas não deu muito resultado! Além de freqüentarmos o Clube de Campo, todos os sábados nós estamos no Clube do Saudosista de Piracicaba. Eu conheci a minha esposa em um baile de formatura no Teatro São José.
O senhor tem o habito de anotar fatos relevantes que vivenciou?
Tenho. Não é propriamente um diário, mas são anotações de situações que ocorreram, e que são determinantes. São registros que podem ser utilizados para o resgate da história da família, da empresa, da cidade. Ainda preservo a minha primeira máquina de escrever.
Como foi a migração para a atual empresa voltada ao ensino de informática?
Foi o próprio momento que determinou. A evolução da datilografia foi a digitação. Na época os equipamentos eram enormes. Ocorreu neste momento a lembrança de uma situação bastante curiosa. O pai de um candidato a aluno de datilografia ligou para a nossa escola. Perguntou ao atendente o que era fundamental para que seu filho aprendesse datilografia. A resposta do nosso atendente foi incisiva: “-Ele tem dedos?”. Nossas professoras de datilografia, a Dona Tita e a Dona Dirce, colocavam uma cobertura de madeira sobre o teclado, de tal forma que as mãos dos alunos ficavam livres para bater nas teclas, mas não era possível ver em que tecla estava colocando-se o dedo. Era um método de datilografar sem olhar para o teclado, que é o método correto.
Houve um crescimento da escola?
Ocorreu um crescimento muito rápido. Fizemos uma parceria com a Data-Pró Informática, voltada para o ensino de informática. Permanecemos por uns 7 a 8 anos. A partir daí, houve um crescimento no número de escolas na região. Isso proporcionou a formação de uma empresa chamada Data Brasil, que permanecemos trabalhando com ela até meados de 1999.
Em que ano aproximadamente o senhor passou a participar do Clube de Campo de Piracicaba?
Após o nascimento das minhas filhas, na década de 80. As crianças passaram a exercer atividades na piscina. Quando completei 35 anos de idade passei a freqüentar o futebol no quadro dos veteranos. Depois disso não parei mais.
Qual é a relação do formato clube, na década de 80 e nos dias atuais?
Em 1992 quando foi fundada a Associação dos Clubes Esportivos de Piracicaba era composta por 17 clubes. Hoje, os clubes que preenchem as obrigações estatutárias, devem ficar em torno de meia dúzia. Houve uma mudança significativa nesse processo. A própria família mudou. Hoje o número de sócios familiares, onde os pais e filhos são filiados, também reduziu. Hoje há o associado individual. Há uma procura muito grande pelos jovens, pelas mulheres, por pessoas preocupadas com a sua qualidade de vida. É uma tendência natural isso acontecer. Hoje manter bailes de carnaval em um clube implica em uma grande dificuldade. O reveillon também é diferente do que já foi há alguns anos. Todas essas implicações são tendências naturais de um novo cenário. A tecnologia colabora para isso.
O senhor já exerceu diversos cargos dentro da administração do Clube de Campo de Piracicaba?
Participando do futebol social, passei a ser Diretor de Futebol, na gestão seguinte passei a ser Diretor Geral de Esportes, Diretor de Sede. Por duas gestões seguidas exerci a função de Vice-Presidente. Atualmente sou Presidente do Conselho Deliberativo e a partir do dia 1º de Maio sou Presidente Executivo do Clube de Campo, um novo desafio. O Clube de Campo é um clube de serviço, buscamos nos associarmos a um clube como a extensão da nossa casa na área de esportes, lazer, cultura. São os três pilares que sustem os clubes de uma forma geral. O objetivo é proporcionar uma melhor qualidade de vida ao associado e sua família. Temos que incentivar a pratica esportiva, proporcionar reuniões sociais e recreativas para haver uma interação entre os associados, e agregar valores na área cultural, não só para os associados como também para a comunidade.


sexta-feira, maio 01, 2009

Existem duas palavras que abrem várias portas: Puxe e Empurre.


Se você está se sentindo sozinho, abandonado, achando que ninguém liga para você... atrase um pagamento.


O pára-quedas é o único meio de transporte que, quando enguiça, você chega mais depressa.


quarta-feira, abril 29, 2009

domingo, abril 26, 2009

O popular "pique-pique", que atualmente todos cantam nos dias festivos.
Foram os estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Franciscode uma turma próxima de 1930 que criaram.
Poucos conhecem a sua singular origem. Escreveu Guilherme de Almeida, que três estudantes, da turma que colaria grau em 1927, eram então amigos inseparáveis nas horas de boemia. Um deles – Ubirajara Martins de Souza – usava um extraordinário bigode de pontas finas e retorcidas para cima e por isso era apelidado de "pique-pique". Outro, era Mário Ribeiro da Silva, "inteligência viva e afinado senso de humor" e que apreciava desconsertar os interlocutores mais austeros, interdizendo no meio das conversas frases desconexas, como esta : "Veja você, heim? Meia hora...". O terceiro era Aru Medeiros; e juntos constituíam o grupo do "Pudim"...
Numa noite em que bebericavam o seu "chope", no bar Pérola do Douro, sendo aniversário de Ubirajara, Mário o brindava, gritando: "Pique-pique, pique-pique, pique-pique". Retrucou, então, Ubirajara: "Meia hora, meia hora, meia hora". Daí, para emendar com "Rá-rá-tchin-bum", foi um relâmpago. Estava criado o hino do "Pudim", o grito de guerra de toda a estudantada.
Recordou Guilherme de Almeida que "no dia seguinte visitava a Faculdade de Direito o Marajá de Kapurtala. Entre outras manifestações, recebeu nas bochechas ilustres, berrado de perto, o primeiro ‘pique-pique’ oficial. Gostou e manifestou alto interesse pela harmonia e sugestiva língua falada no Brasil".

OSMAIR FUNES NOCETE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado,25 de abri de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/


ENTREVISTADO: OSMAIR FUNES NOCETE


Com um custo estimado em 10 bilhões de dólares, o trem bala que fará o percurso entre Rio de Janeiro e São Paulo, com extensão até Campinas retoma um assunto que gera ferrenhas discussões: o transporte ferroviário no Brasil. Com o estabelecimento das concessões ferroviárias, cujos prazos atingem até 50 anos, desapareceu o trem de passageiros, a malha ferroviária está a serviço do transporte de cargas. O valor a ser aplicado na construção do trem bala se aplicado na construção de ferrovias convencionais, considerando o valor de 1 milhão de dólares por quilometro permitiria a construção de 10.000 quilômetros de ferrovia em todo o país. Percebe-se claramente que recursos não faltam, o que se têm pela frente são decisões de cunho político. Vivemos tempos de internet de alta velocidade, quando já são realizados testes para a transmissão por fios de energia elétrica, onde qualquer tomada de luz poderá passar a ser um ponto de conexão com o mundo, com alta velocidade, muito acima das utilizadas até o momento. Em meio a essa verdadeira panacéia fazemos uma incursão ao passado recente. Uma figura quase extinta das nossas lembranças é o telegrafista. A chegada de um telegrama era um acontecimento. Fechamento de negócios. Notícias familiares. Tudo que era de extrema urgência tinha no telegrama o seu instrumento maior. Até então a telefonia era precária, era muito comum ir e voltar á São Paulo em um tempo menor do que conseguir uma ligação telefônica para o mesmo local. Isso em uma época de estradas e veículos com tecnologia muito inferiores a atual. Osmair Funes Nocete é ferroviário aposentado e filho de ferroviário, iniciou trabalhando como telegrafista chegando a ser Chefe de Estação. É ele quem proporciona uma rápida lembrança da realidade que já pertence ao passado. Nascido em Rio das Pedras, em 31 de dezembro de 1938, filho de Francisco Funes Fernandes e Laura Nocete, descendentes de espanhóis.
O seu pai, Francisco Funes Fernandes trabalhava na ferrovia?
Ele era funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana, trabalhava na via permanente, responsável pela conservação da linha do trem. Seu ingresso na empresa deu-se quando ele tinha aproximadamente 25 anos de idade. O ramal da Sorocabana vinha de São Pedro e ia até Itaici. Em Itaici existia a escolinha de telegrafistas. Havia o entroncamento, o trem que vinha de Piracicaba seguia para Jundiaí. O trem que vinha de Mairinque ia para Campinas.
Em Jundiaí, assim como em quase todas as outras estações havia vendedores de produtos alimentícios?
O trem parava, havia os vendedores de biscoito de polvilho, um cone de papel com amendoim salgado dentro, uva, figo. Na região de Jundiaí já havia a produção de figos e uvas.
Seus primeiros estudos foram feitos onde?
Cursei a escola primária em uma localidade denominada Chave do Barão, não restou mais nada das construções da época nessa localidade, era o que chamávamos de Turma de Conserva, havia umas cinco casas construídas no local. Indo pela estrada que liga Rio das Pedras á Mombuca próximo á Fazenda Lageado ficava a Chave do Barão. Ali moravam o feitor, o encarregado e os trabalhadores. Meu pai era o encarregado. Moravam cinco famílias, cada um em uma casa. As casas eram de alvenaria. Era composta por: sala, dois quartos e cozinha. O banheiro ficava na área externa da casa, ainda no sistema de fossa séptica. Havia dois poços de água em frente ás casas. Fazíamos o primário lá. Lembro-me do nome de uma professora: Elza Moura Barbosa. O quarto ano primário era feito em Mombuca, nós íamos de trem, como era filho de ferroviário tinha o passe livre para viajar pelo trem. Uma das minhas professoras nessa escola foi Dona Nair. Ela era da família Siqueira que tinha uma loja de ferragens na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua XV de Novembro, a Casa Siqueira. Quando eu mudei para Piracicaba já tinha 13 anos de idade. Passei a minha infância entre Rio das Pedras e Mombuca.
Você ainda pequeno já ajudava nos afazeres domésticos?
Eu era criança, punha o bigolo nas costas, com dois baldes pequenos, um de cada lado e ia buscar água na bica.
O que era bigolo?
Era um pau, á semelhança de um cabo de enxada, com um prego em cada extremidade, para evitar que o balde caísse, um balde equilibrava o outro, fazia o contrapeso.
A linha de trem exigia uma área lateral a ser preservada ao longo do seu trajeto. Quantos metros eram reservados para a linha de trem?
A faixa da Companhia é de 15 metros de cada lado da linha do trem. Isso era de acordo com o regimento.
Porque ao longo da linha, junto aos trilhos, havia a plantação de erva-cidreira?
Era para retenção de aterro, contenção de erosão. E evitava a invasão do mato sobre a linha de trem. Lembro-me do tempo em que os dormentes eram assentados diretamente sobre a terra. Depois fizeram o que foi denominado de empedramento, foram colocadas pedras na linha. O dormente passou a ficar sobre a pedra, e quando chovia a água infiltrava através das pedras. Chamávamos isso de deixar a linha “laqueada”. Funcionava como um dreno evitando o apodrecimento do dormente.
Qual tipo de madeira que era utilizada para fazer os dormentes?
Ultimamente era o eucalipto. Mas houve uma época em que era utilizada madeira de lei. Naquele tempo havia abundancia. A madeira já vinha prontinha, na forma de dormente, para ser colocada no leito da linha.
A furação para fixação da linha junto ao dormente como era feita?
Furavam na verruma, um trabalho manual. Tinha vários tipos de prego. Um modelo era fixado mediante golpes de marreta. Tinha um que nós chamávamos de tirefon, esse utilizava rosca para ser parafusado no dormente.
Qual era a bitola da Sorocabana?
Era a bitola de 1 metro, bitola métrica. A Companhia Paulista era de 1,60 metros. Não existia um acordo entre as ferrovias. A bitola de 1 metro leva desvantagem, não pode andar a mais de 80 quilômetros por hora. Quando passou a ser Fepasa, em Campinas havia um guindáste que retirava o vagão da bitola estreita e punha em cima da bitola larga. Quando houve a fusão entre a Sorocabana e a Paulista, aqui em Piracicaba para tirar o trem de dentro da cidade na Água Branca foi feita uma ligação com a Companhia Paulista. Na ocasião eu trabalhava na Estação da Paulista.
Você começou a trabalhar como telegrafista com que idade?
Eu comecei a trabalhar de fato em 1958. Fui trabalhar em Pedro Barros, próximo a Juquiá. Eu estava completando 18 anos, já tinha feito o curso de dois anos para exercer a função de telegrafista.
Você conheceu o Rancho Alegre, em Piracicaba?
Funcionava como um buffet. Cheguei a trabalhar lá como ajudante de confeiteiro. Eu tinha uns 14 anos. A proprietária era a Dona Joaninha. Trabalhei como ajudante de padeiro na Padaria Di Giacomo, na esquina da Catedral onde está hoje um supermercado. O forno era a lenha, nós ficávamos enrolando os pãezinhos. Era tudo feito no braço. Padeiro não tinha pelos no braço. Tinha o filão também conhecido por bengala. Havia outros tipos de pão como o filãozinho, pão italiano, pão trançado. Eu ficava a noite inteira trabalhando, e ainda, como ajudante eu fazia o café para todos tomarem a noite. Um café com pãozinho feito na hora é uma delicia. Nessa época eu praticava telegrafo durante o dia e fazia bico na padaria.
Você tinha linha aberta de telégrafo para praticar?
Praticávamos na linha intermediária. Havia uma que se comunicava de Piracicaba até São Pedro. Outra linha intermediária que se comunicava com Rio das Pedras. Havia duas linhas exclusivas com São Paulo, nessas linhas nós não interferíamos.
Havia diversos aparelhos de telégrafos na mesma sala, o som de um não atrapalhava o outro?
Não! Cada um encostava-se ao seu telegrafo e tinha que ficar concentrado nele.
O primeiro local que você passou a trabalhar como telegrafista foi onde?
Foi em Pedro Barros, no dia 5 de agosto de 1958. Éramos dois telegrafistas, eu e o Saccaro de Rio das Pedras. A cidade mais próxima era Miracatu. Para chegar lá era só pela ferrovia, levava um dia para chegar. Para vir a Piracicaba tinha que acumular as folgas, isso porque era um dia para vir e mais um dia para voltar. Na época em São Paulo não havia estação rodoviária. Cada empresa de ônibus tinha uma agencia na cidade. A Estrada de Ferro Sorocabana fornecia em Pedro Barros um quartinho para usar como dormitório, só que a comida nós tínhamos que nos virarmos para prover. Era um quartinho de madeira, fazia um calor tremendo.
Você usava uniforme?
Na Sorocabana não usávamos uniforme. O traje exigia o uso de gravata, e a companhia mandava um quepe em que estava escrito telegrafista.
Havia uma cooperativa para fazer as compras de consumo doméstico?
A cooperativa ficava em Itu ou São Vicente. Só quando era solteiro não comprava. Era um sistema semelhante ao cartão de crédito hoje, só que era feito através de uma caderneta, onde marcávamos os produtos que queríamos e ao final do mês vinha descontado no pagamento. O trem trazia as encomendas, vinha em um saco branco.
Quanto tempo você permaneceu em Pedro Barros?
Fiquei por um ano. Depois disso pedi a minha transferência e o único lugar disponível era Acaraú. Em Pedro Barros já havia certa infra-estrutura. Acaraú não tinha energia elétrica, só tinha água que caia da serra e era depositada em um tanque. Tinha a estação, a casa do mestre de linha, um barracão de madeira meio caindo, e duas casas de madeira dos portadores. Eu comia pão com banana. Comi muito pão com banana. Acaraú era denominado de Quartel General dos Borrachudos. Permaneci ali por 4 anos. Até hoje tenho sonhos com esse local, na verdade quase verdadeiros pesadelos! Uma curiosidade topográfica. A Via Anchieta tem de aclive sete por cento. A Estrada de Ferro Sorocabana, de Evangelista até Gaspar Ricardo tem quatro por cento de aclive. Tanto que a locomotiva subia com 350 toneladas. De Mairinque até Santos existem 32 túneis. Isso foi construído em 1932, projetado para linha dupla até Samaritá e para eletrificação. Quando sai de Acaraú estavam terminando a eletrificação. Quando mudou para a Fepasa tudo virou sucata.
Como era o apelido do aparelho de telegrafo simples?
Era Pica-Pau. Por causa do barulho semelhante ao que a ave faz com seu bico. É um aparelho de origem inglesa. O espanholete ou cabeça de cavalo era assim denominado por ter duas teclas.
O que é staff?
São bastões de ferro, integrados a uma argola de couro, para facilitar a entrega ao maquinista. O bastão é engatado embaixo. Em Acaraú o trem passava a 40 quilômetros por hora, ele pegava o staff de Acaraú e deixava o dele em um arco na entrada. Em Nova Odessa o trem passava em alta velocidade e eles jogavam o staff no chão da estação. O maquinista pegava no braço o staff da estação.
Você permaneceu como telegrafista até quando?
Até quando foram unificadas as ferrovias, passando a serem denominadas de Fepasa. Nessa época o meu cargo passou a ser denominado auxiliar de estação. A função era a mesma. Havia uma devoção do funcionário para com a empresa, e na época sentíamos que uma grande injustiça estava sendo feita com os funcionários, que sentiam orgulho em trabalhar em uma ferrovia. Nosso salário não era reajustado de acordo com os índices econômicos. Nas minhas horas de folga passei a trabalhar como taxista para complementar o meu salário. Tinha um amigo, o José Segredo, trabalhávamos de forma alternada com o táxi. A cada noite um trabalhava com o táxi. Fazíamos ponto ali na Rua XV de Novembro com a Avenida Armando Salles. Chamava-se Ponto Santa Clara, mas era conhecido como Ponto Guerra, ficava de frente para o Supermercado Guerra, onde mais tarde funcionou a Márcia Pisos.
Quantos anos você trabalhou como telegrafista?
Permaneci por 15 anos. Na época tudo era feito por telegramas. Telegramas de aniversários, negócios. Em Pedro Barros tinha diversos bananicultores, quando Santos mandava um telegrama mandando carregar frutas, já sabíamos o teor do telegrama. O texto era: “Confirmo carregamento 800 cachos banana exportação embarque vapor Ana Maru Santos dia (dava até o dia)”. Lembro-me até hoje Eram exportadas muita banana por lá. Eram dois a três trens por dia. Quando falavam o nome de um bananicultor já sabíamos que era para carregar banana.
Como era cobrado o telegrama?
Era cobrado por palavras. Mais do que 25 caracteres cobravam-se como duas palavras.




quinta-feira, abril 23, 2009


Fernando Lugo Méndez, atual presidente do Paraguai, ex-bispo que se tornou político proeminente da chamada "esquerda" de nosso continente, é daqueles personagens latino-americanos que cabem com perfeição na literatura de Gabriel Garcia Marquéz. O primeiro mandatário do Paraguai é conhecido pelas suas bravatas sobre a exploração que o Brasil impõe ao pobre país por meio da Hidrelétrica de Itaipu, além das clássicas idéias sobre a exploração capitalista do ser humano. Todavia, o que o ex-bispo gosta mesmo é daqueles amores noturnos com as moças pobres de seu rebanho religioso. É certo que teve um filho (agora reconhecido) de Viviana Carillo há cerca de dois anos "depois de uma longa relação". Vejam só ! Agora aparece uma pobre senhora, Benigna Leguizamón, de 27 anos, que alega ter um filho com o bispo-galã Lugo de 57 anos. As mulheres indignadas de seu gabinete clamam ao presidente que faça um exame de DNA. Ou será um vexame de DNA ? Não consta que as indignadas tenham renunciado a seus cargos junto ao presidente-bispo e galã. No romance Del amor y otros demonios, Gabriel Garcia Marquéz conta-nos sobre Sierva Maria Todos los Ángeles, uma menina abandonada por sua família e criada entre os escravos. Mordida por um cachorro raivoso, lá pelas tantas e depois de várias tentativas de tratamento, é internada num convento passando a receber a generosa ajuda do Padre Cayetano Delaura. Tentado "pelas coisas do demônio" aquele obrero de Dios torna-se um caliente apaixonado. Ah ! O amor ! Tudo isto (em Marquéz) se passa 200 anos atrás, mas poderia ser reescrito em terras paraguaias por estes tempos.


domingo, abril 19, 2009

DIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO - 19 DE ABRIL

Passados 361 anos do nascimento do Exército Brasileiro, encontramo-nos novamente perfilados para, uma vez mais, reverenciar atos heróicos de brasileiros que, em 1648, nos Montes Guararapes, reagiram à ocupação estrangeira. Coragem e sangue, audácia e determinação conduziram irmãos de três raças a alcançar a vitória sobre o invasor com o mesmo sentimento de brasilidade que até hoje tem caracterizado toda a história de nosso Exército. Ao longo desses séculos, consolidando a Independência, pacificando províncias, defendendo o território, fortalecendo a república e lutando pelos ideais de liberdade em solo europeu, a gente de nossa terra envergou a farda que tanto nos honra para, sob o manto dessa “segunda pele que adere à alma”, fazer do Brasil o país forte e soberano onde hoje vivemos. Cultuar-lhes a memória é continuar-lhes os feitos. Embora nos felicitemos por identificar hoje apenas nações amigas em
nosso entorno estratégico, o Exército Brasileiro, como força armada, permanece esteio e segurança de nossos cidadãos e, além disso, presta solidariedade a outros povos com uma ativa
participação em operações de paz. A observância da destinação constitucional, o apego à legalidade, a elevada motivação e o acendrado compromisso com a Pátria permanecem inalterados na Instituição, a despeito de dificuldades de diferentes naturezas. Nos dias atuais, em que a Estratégia Nacional de Defesa reconhece a imperiosa necessidade de o Estado Brasileiro dar maior atenção à sua defesa, projetos de grande envergadura norteiam a evolução da Força Terrestre. Amazônia Protegida, Mobilidade Estratégica e Combatente Brasileiro do Futuro, entre outros, são projetos que têm por objetivo dotar a Instituição das capacidades que a Nação requer e que você, Soldado Brasileiro, deseja de longa data. Trabalhemos todos por dar-lhes consecução. A nossa Força supera obstáculos, conquista objetivos e mantém-se em estado de prontidão graças, principalmente, ao valor de sua gente. Olhar altivo, vontade inquebrantável, culto à verdade, ética, disciplina e intenso amor pelo Brasil são marcas da alma verde-oliva. O Exército é credor da confiança e do respeito da sociedade a que serve. Jamais abriremos mão dessa conquista. Somos, realmente, “da Pátria a guarda, fiéis soldados, por ela amados”.
Homenagear o Exército Brasileiro no dia de seu aniversário é cumprimentar você, homem e mulher, fardado e civil, da ativa e da reserva por uma vida de renúncia e dedicação integral ao
serviço da Pátria. Fomos, somos e seremos sempre pelo Brasil, acima de tudo!

General-de-Exército Enzo Martins Peri
Comandante do Exército

BARÇO FORTE...
... MÃO AMIGA





sábado, abril 18, 2009


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 17 de abril de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADA: OZAIDE TRIMER

A forma pausada de se expressar, com um português impecável, revela o seu grau de cultura. Objetiva nas respostas, embora saiba relevar até o tolerável o que nem sempre a agrada. Pode-se dizer que Ozaide Trimer é constituída de uma personalidade forjada não só pela genética como pelos seus desafios, que os vencendo de uma forma arrojada, externa um pouco do infinito limite da capacidade humana. Filha de Alfredo Trimer, nascido em 13 de setembro de 1913 e Paschoa Graviol Trimer nascida em 4 de abril de 1915, ambos já falecidos, Ozaide partilha com os irmãos Orivaldo, Oveida, Odila, Oraide e Odacir Alfredo a epopéia de uma família a quem o trabalho sempre foi uma constante e a dignidade e honra considerados como valores sagrados. Onde hoje se situa o Carrefour foi anteriormente uma área denominada Chácara Morato. É possível ver acima dos muros do estacionamento, parte de uma casa de construção centenária. Era a sede da fazenda. Uma construção ao lado era a casa onde Alfredo Trimer e sua família, moravam e cuidavam da propriedade. As lembranças de Ozaide ajudam a recompor esse importante marco da cidade de Piracicaba.
Seu pai é brasileiro?
Meu pai nasceu no Brasil, na cidade de Nova Odessa, um local onde moravam muitos russos e letos. Minha mãe nasceu no município de Santa Bárbara D`Oeste, seus pais vieram da Itália, da região de Treviso. Meu avô paterno imigrou para o Brasil antes da revolução ocorrida na Rússia. Por muitos anos ele trabalhou na Estrada de Ferro Sorocabana.
Quando seu pai e sua mãe conheceram-se?
Minha mãe estava ajudando a minha tia, lavando roupas em um córrego. Meu pai e meu tio Rodolfo Arnaldo, passaram pelo ribeirão com uma carroça carregada de toras de madeira. Por algum motivo essas toras caíram no ribeirão e sujaram a água. Minha mãe comentou com a minha tia: “-Nossa, que dois moços bonitos!”. Em uma festa no Município de Santa Bárbara, na localidade muito conhecida, denominada Santo Antonio do Sapezeiro, meu pai e minha mãe estavam presentes. Essa festa foi em um mês de outubro. Houve resistência por parte da família da minha mãe contra esse casamento, por motivos diversos, a religião, o fato de meu pai ser descendente de russos. Minha mãe enfrentou tudo e casou-se com ele.
A primeira atividade do seu pai foi na lavoura?
Meu pai era muito trabalhador, era apontado como uma pessoa extremamente dedicada ao trabalho. Ele casou-se com 25 anos de idade. No início ele ia pelos sítios comercializando miudezas, era o que na época denominavam de frangueiros, pessoas que comercializam mercadorias tendo como base a permuta de produtos industrializados por produtos agrícolas. O termo frangueiro era uma denominação dada a todos que realizavam essa atividade por trabalharem com um carrinho de tração animal e na parte inferior do carrinho, já no lado externo, havia uma espécie de gaiola, onde as aves, frutos da negociação, eram transportadas vivas. Ele exerceu essa atividade por uns três anos. Quando o Marcelino Angolin encerrou as suas atividades no tradicional armazém situado em Caiubi, transferiu esse armazém para o meu pai. Nessa ocasião meu pai deixou de fazer o comércio como frangueiro e fixou-se no armazém. Por questões administrativas, especialmente a venda a crédito com elevada inadimplência, meu pai acabou perdendo tudo. Saímos de Caiubi com a roupa do corpo e os pertences da casa. Na época eu tinha doze anos de idade. Fomos para a Fazenda Cachoeira, ao lado do lugar hoje denominado Colinas de Piracicaba. O proprietário da fazenda era Dr. José Freitas. Permanecemos lá por 4 anos. Mudamos para uma fazenda do Dr. Virgilio Fagundes, bem na frente onde passava o trenzinho que ia para Ártemis. Plantávamos cana e cereais. O sítio onde morávamos chamava-se Canadá. Um dia meu pai encontrou-se com o Francisco Lima, que foi um vizinho nosso na Fazenda Cachoeira. O Francisco Lima disse que estava morando na Chácara Morato, e que eles estavam precisando de mais pessoas para trabalhar.

Isso foi em que ano?
Foi em 1960, quando então viemos trabalhar na Chácara Morato. Na época da Dona Cenira Conceição Morato Leme, ela era casada com o Dr. Celso Leme. Moramos por um período de 18 anos na Chácara Morato. Dona Cenira teve os filhos Dona Madelana, Dona. Cidinha, Dona. Cecília, Dona Martha e Francisco. O caminho para vir para a cidade era pelo pasto da Chácara Nazareth ou pela Rua do Porto.

Apesar da denominação de chácara qual era a área compreendida pela propriedade?
Eram 50 alqueires. Fazia divisa com Chácara Nazareth. Onde hoje é o bairro Castelinho era um pasto enorme da Chácara Nazareth. Uma coisa curiosa é que a ponte existente lá sempre foi conhecida como Ponte Francisco Morato. Um dia tive uma surpresa muito grande ao ver que essa ponte havia recebido uma nova denominação. Dr. Morato foi um homem muito influente, a cidade de São Paulo tem rua, uma ponte muito importante com o seu nome. Há até uma cidade, em sua homenagem, que é Francisco Morato.
Na Chácara do Morato havia na entrada muito bonita?
Era uma alameda formada por árvores. Ainda resta uma árvore muito bonita, situada nas imediações do Carrefour. Acho que é a árvore mais bonita da cidade. Na época da construção do supermercado, fiquei sabendo que um senhor do Bongue permaneceu embaixo dessa árvore por dias, para que não cortassem essa árvore.
A casa onde a sua família morou ainda existe?
Ela foi desmanchada quando foi vendida uma parte da área para o supermercado. A Dona Cenira era uma defensora da preservação das coisas antigas.
Uma das curiosidades existentes na época era uma sirene manual?
Era! Na passagem de ano ficávamos acordados, meu pai ia lá e tocava por um bom tempo a sirene.
Em que ano sua família mudou-se da Chácara Morato?
Saímos em 1977. Quando eu estava na chácara trabalhei na roça por muito tempo. Fiz o colegial e a universidade. Tenho o curso superior de Processamento de Dados. Cheguei a fazer estágio na Cipatel, Companhia Telefônica de Piracicaba, empresa antecessora da Telesp em Piracicaba. Permaneci por um ano lá. Em 15 de setembro de 1977 fui contratada para trabalhar como auxiliar de secretaria no Colégio Piracicabano. O Reitor era o Dr. Richard Edward Senn. Depois entrou o Professor Elias Boaventura.
Por quanto tempo você permaneceu no Instituto Piracicabano?
Por 21 anos. Em 1987 fui nomeada Secretária Chefe.
Qual era a sua função nesse cargo?
Era cuidar da parte legal, principalmente junto a Delegacia de Ensino.
Você deu um salto tão grande na sua vida!
Graças a Deus! Quando entrei era a menorzinha de todas, com o salário mais baixo. Cuidava do Arquivo. Só que sempre fui muito curiosa. Quando eu descia para ajudar as meninas, queria saber o porquê o histórico era feito daquela forma. Lá dentro eu dei um salto muito grande. Nós saímos dos históricos feitos manualmente para o feito pelo computador. Trabalhava com o Centro de Processamento de Dados que atende a universidade e ao colégio. Tinha um analista que trabalhava com o computador de grande porte e eu desenhava o formato em que deveria ser o histórico, a ficha individual, toda a documentação do aluno. Deu um trabalho muito grande para fazer. O analista de sistema queria saber o porquê de cada dado ser colocado de determinada forma. Ocorre que existe uma legislação a respeito e que tem que ser obedecida de forma rigorosa. Sair de um sistema totalmente manual, escrito a tinta, onde não podia ter erro. Quando eu cheguei era utilizada a caneta tinteiro. Para a correção de algum erro foram sendo inventadas formas de apagar os possíveis erros cometidos. Misturavam a água com água sanitária, até chegarem a uma combinação ideal das duas substâncias, de tal forma que o erro era apagado. Só que não podia ser escrito em cima no mesmo dia, tinha que esperar uma semana para secar bem e depois podia escrever sem problema nenhum. Aquilo era um segredo das meninas da secretaria!
Você realizou um trabalho de integração de arquivo de alunos?
Para cada curso que um aluno realizava havia uma pasta independente, consegui unificar tudo em uma pasta só. O período de trabalho era de oito horas. Nos finais de ano o período de trabalho se estendia para 12, 13, 14 horas. Depois que assumi o cargo de Secretaria Geral eu fazia o cerimonial de formatura. Havia um programa, um protocolo bastante rígido.
Você teve câncer?
Tive na mama direita. Tirei um nódulo aqui em Piracicaba. Passei a fazer tratamento na Unicamp, fiz mastectomia total, usando a técnica do Dr. José Aristodemus Pinotti, o médico faz a transposição do tecido da barriga para o seio, no mesmo dia. Eu ia para Campinas fazer radioterapia e quimioterapia. Fiquei por seis meses, afastada do trabalho. Após esse período voltei a trabalhar, isso foi em 1987.
Você aposentou-se quando?
Em 1998. No último dia em trabalhei lá fizeram uma festa com muitas flores e presentes.
Você passou a buscar novas atividades?
Eu acalentava um sonho desde criança: viajar. Sempre tive uma vida bastante regrada, a minha remuneração era dentro de um orçamento modesto. Minha amiga Mercedes Vecchini convidou-me para ir para Rodeio, em Santa Catarina, porque os tiroleses participam de uma festa existente lá. Eu disse-lhe que não gostava de rodeio. Ela então me disse que esse era o nome da cidade! Fiquei sabendo que ela tinha viajado anteriormente para Austrália e Nova Zelândia. Fiquei curiosa em saber como ela tinha realizado essas viagens. Foi então que ela me disse que fazia parte da Friendship Force Internacional (Força da Amizade Internacional) e foi contando como funciona. É uma Organização Não-governamental que tem por objetivo promover amizade entre os povos através de intercâmbios, onde os visitantes são hospedados em casas particulares durante uma semana, participando da vida e cultura local. Ela disse-me que havia vaga para a Alemanha e Hungria. Era isso que eu queria! Nesse meio tempo veio para o Brasil um grupo de americanos. E eu acabei hospedando uma senhora do Estado de Nova Iorque, Miss Mayblin. Ela ficou em casa.
Em que língua vocês se entenderam?
Eu usava mais os gestos para fazer me entender! A Friendship tem esse lema: não é obrigatório o uso do inglês. O mais importante é a linguagem do coração. Saber receber, acolher, a pessoa fica uma semana na sua casa. Existe uma programação pré-estabelecida.
A Miss Mayblin ao chegar a Piracicaba desceu onde?
Foi no Jornal de Piracicaba. Sempre a Dra. Antonieta Rosalina da Cunha Losso Pedroso tem o costume de oferecer o café da manhã aos membros do Friendship quando chegam a Piracicaba. Inclusive ela participa da Friendship Force Internacional. De lá trouxe Miss Mayblin para a minha casa. O lema desses intercâmbios não é de cunho turístico, e sim de amizade entre os povos, e através dessa amizade chegar a um mundo de paz.
Ela achou a comida muito diferente?
Existe uma orientação para não procurar oferecer alimentos com as características da terra do visitante, e sim o que nós temos aqui.
Qual é a impressão que o estrangeiro tem da cidade de Piracicaba?
Eles acham lindo! O Rio de Piracicaba, a Rua do Porto, adoram comer pastel no Mercado Municipal. Vamos com eles na Agronomia. Uma americana que conheceu a Unimep ficou fascinada, achou própria de um país muito avançado.
E o caldo de cana faz sucesso?
Aqueles que levamos para visitar o Lar dos Velhinhos acham lindo demais, muito avançado. Houve o caso de uma americana, portadora de diabetes, que na volta do passeio ao Lar dos Velhinhos, já na Avenida Beira Rio, paramos em um trailer que fazia garapa, ela com diabetes e tudo tomou nem quantos copos! Essa se chamava Jim, com 81 anos de idade. A Mercedes estava hospedando uma outra americana. Nos as levamos para comer pastel na Rua do Porto, elas tinha uma adoração por pastel. As duas sentaram e passaram a ficar olhando o Rio Piracicaba por um longo tempo.
E caipirinha?
Eles tomam e gostam. Sempre fazemos um almoço na Rua do Porto, acompanhada de peixe.
E a reação deles no Mercado com relação a frutas como é?
Principalmente os americanos, eles ficam doidos por mamão, que denominam de papaia.
Quantos países você conhece?
Fui para a Alemanha duas vezes, Hungria uma vez, fui duas vezes aos Estados Unidos, para a Costa Rica fui duas vezes, para o Canadá, África do Sul, no México fomos a um restaurante no 47º andar, é um restaurante giratório. Percebe-se que está girando pelos edifícios que estão á vista. Fomos á viagens dos sonhos nas Montanhas Rochosas no Canadá. Fui para Itália. Estive em Cuba, eu adorei. Não cheguei a ver Fidel Castro. Em agosto do ano passado fomos á Terra Santa, começamos a viagem pelo Egito, Frei Augusto foi nosso guia espiritual.
Você foi ao muro das lamentações?
Fui! Coloquei o papelzinho no muro! Conheci a entrada do Monte Sinai.
Precisa ser rico para fazer essas viagens?
Não! É preciso apenas pagar uma taxa, ficamos hospedados em casas de família. Essas viagens não têm nada de luxo. Eu sou caipira, me orgulho de ser caipira, trabalhei na roça, não recebi herança nenhuma. Cortei cana, carreguei até lenha em caminhão. Ia descarregar lá nas olarias da Água Branca. Hoje conheço o mundo.



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