sexta-feira, junho 05, 2009

"Tour" penal francês

Partirá de Lille o primeiro "tour" de bicicleta de prisioneiros franceses.
Escoltados por 124 guardas e acompanhados por educadores físicos, 194 prisioneiros franceses percorrerão aproximadamente 2.400 km até Paris.
O objetivo da corrida é mostrar aos presos a importância do trabalho em equipe e da auto-estima.

terça-feira, junho 02, 2009

Sidney Aldo Granato



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 30 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/ ENTREVISTADO : SIDNEY ALDO GRANATO


Sidney Aldo Granato é um dos mais antigos, constantes e versáteis colaboradores do Lar dos Velhinhos de Piracicaba. Tem contribuído por mais de 20 anos como procurador, advogado, presidente do Conselho, tesoureiro e secretário da diretoria. Sidney é carismático, transmite uma energia contagiante. Fiel a sua origem, cultiva hábitos simples. Extremamente discreto, colabora de forma totalmente anônima em benefício daqueles que são verdadeiramente necessitados. Nascido a quatro de agosto de 1941 em Piracicaba, no bairro da Paulista, á Rua Dr. João Conceição, sendo que viveu a boa parte de sua vida na casa de número 696 da mesma rua. Casado com Antonia Dirce Pandolfo Granato.
Como se chamavam os pais do senhor?
Meu pai se chamava Demétrio Granato e minha mãe Josefa Domingues Granato. Somos cinco irmãos, quatro homens e uma mulher. Meu pai era ferroviário da Companhia Paulista de Estadas de Ferro, seu cargo era de auxiliar de manutenção de locomotivas. Isso no tempo da locomotiva a vapor.
O senhor chegou a conhecer a locomotiva a vapor?
Eu brinquei na locomotiva a vapor! A nossa maior festa era subir na locomotiva, ver onde tinha o tanque de água, o local onde se colocava a lenha, abria a fornalha. Existia um dispositivo circular, com um trilho que ficava exatamente no nível da linha férrea, era o viradouro. (N.J. Era conhecido também como rotunda). A função era de virar a locomotiva a vapor, colocando-a no sentido contrario ao que tinha chegado à estação, esse trabalho era manual, esse dispositivo ficava na direção do embarcadouro de gado.
Quando o senhor iniciou os seus estudos?
Naquela época aos sete anos de idade era possível ir ao grupo escolar, foi com essa idade que eu fui estudar no Grupo Escolar João Conceição, situado ao lado da Igreja dos Frades, na Rua Alferes José Caetano, o prédio existe até hoje. Onde existe uma construção com três andares, havia um salãozinho onde eram passados filmes para a criançada, era promovido pela igreja. Assisti a um filme, onde o bandido tinha dado um tiro, aquilo me marcou tanto que meus irmãos tiveram que realizar um grande esforço para que eu voltasse a assistir outro filme novamente.
Lembra-se da “Missa do Galo”?
Era a missa da meia noite. (N.J: Tradicionalmente, a missa celebrada na véspera do Natal é denominada Missa do Galo, que deve acontecer a meia-noite do dia 24 de dezembro). Depois que saíamos da missa é que nos fartávamos de comer.
O senhor guarda muitas lembranças da Paulista?
Eu nasci ali, vivi ali, hoje estou um pouco mais afastado, estou no Jaraguá, mas continuo vivendo na Paulista. É bom que se diga uma coisa: oficialmente não existe o bairro da Paulista! Dizia-se que era a Vila Dr. João Conceição e mais tarde, dizia-se que era a Vila Nazareth. Paulista mesmo, oficialmente não existe. O nome deve ter a sua origem com a estação que era ali. Quem manda é o povo. É o povo quem diz. Então a Paulista existe! No conhecimento popular a Paulista era da Avenida Dr. Paulo de Moraes adiante, sentido bairro. É bom que se diga que a Avenida Dr. Paulo de Moraes não descia no sentido da ponte, ela era interrompida na Rua do Rosário. Ali tinha os barracões que eram os depósitos de café da Chácara Nazareth, ficava exatamente onde hoje passa a Avenida Dr. Paulo de Moraes. Eu ia lá, nesses barracões, onde era a sede do Jaraguá Futebol Clube, havia algumas mesas, uniformes, taças. Isso foi nos anos 50.
Onde hoje existe um posto Petrobras, já havia um posto de gasolina?
Era o posto construído pelo Joane Cantagalo. Ele tinha uma fábrica de vassouras chamada Cantagalo, que tinha um galo desenhado como logotipo.
Onde era a Alvarco como era na época?
Era um pasto só, com uma casinha de tábua, lá funcionava uma carvoaria de propriedade de Joel dos Santos, eu brincava com os filhos dele. Havia o embarcadouro da Paulista. Após o embarcadouro havia um fim de linha, reforçado. Subindo ali, conseguíamos ver o Rio Piracicaba.
A Serraria do Galesi o senhor conheceu?
Antes da serraria do Galesi, existiu ali uma fábrica de carretel. Lá eram feitos carretéis, a madeira utilizada era o guatambu, que mais tarde foi utilizada para fazer tamancos de madeira, o Heitor de Melo também conhecido como Pé de Ferro trabalhou nessa fábrica de carretel. Na Avenida Dr. João Conceição havia uma casa, que chamávamos de casarão, essa construção interrompia metade da rua. Por ser rua de terra, quando chovia o trânsito era quase impossível. Para passarmos, íamos dependurados na cerca da Estrada de Ferro Paulista. Pisávamos no arame, para não pisar no barro. Mais tarde a cerca foi feita com umas pranchas de peroba, isso tirou o nosso privilégio. Logo depois o casarão foi demolido. Ele ficava na esquina com a Brasílio Machado.
Existe um barracão na Avenida Dr. João Conceição, que hoje está sendo reformado?
Ali funcionava uma fundição. Até algum tempo conseguíamos ver escrito na parede: A. Langriney. Era o nome da empresa. Segundo o que se dizia na época, foi utilizado sal na massa do reboco, era muito comum vermos cabras lambendo os tijolos e o reboco!
Ao lado, na Rua Sud Mennucci havia uma escolinha?
Essa escolinha era de responsabilidade da Companhia Paulista. A propriedade era do sindicato dos trabalhadores da companhia. Lembro-me de uma senhora que morava ali, Dona Noca, era uma pessoa fabulosa.
Qual era o cargo exercido pelo pai do senhor na Companhia Paulista?
Ele trabalhava na manutenção de locomotivas, as locomotivas eram alimentadas a lenha. Elas carregavam uma quantidade de lenha na parte posterior, a pessoa que conduzia a locomotiva era o maquinista, outra pessoa era o foguista, que alimentava a locomotiva com lenha. A locomotiva ia até Nova Odessa, em Nova Odessa já era eletrificada. Em seu retorno a Piracicaba era feita á descarga das cinzas e do carvão que ficava na caldeira, perto do viradouro tinha uma construção reforçada, eram duas paredes em forma de “V”, ali era feita sob pressão a descarga dos resíduos que ficavam na caldeira da locomotiva. Lamentavelmente meu pai estava passando de lado da locomotiva quando ocorreu á descarga, ele teve o braço esquerdo totalmente queimado. Sabe com o que nós tratávamos: com arnica e azeite. Ás vezes com pomada Beladona.
Qual foi a primeira linha de ônibus de Piracicaba?
Era o ônibus circular. Subia pela Rua Boa Morte, vinha até a Rua José Ferraz de Carvalho, seguia até o início da Avenida Independência, que na época era uma pista só e de terra. Ia até a Rua XV de Novembro, descia pela Rua XV, e voltava no abrigo. Mais tarde passou a ter duas linhas, uma fazia o mesmo percurso no sentindo inverso. Não havia mão de direção. Todas as ruas eram utilizadas em ambas as direções, não havia mão única. Os primeiros ônibus eram as jardineiras, com os motores sobressaindo na frente. Mais tarde vieram os outros ônibus, que nós chamávamos de Gilda, era o “Girdão”! Era o ônibus cara chata, não havia o motor exposto. Era comum a molecada perguntar para quem ia tomar o ônibus: “-Vai tomar o Girdão?”.
O senhor utilizava o bonde como meio de transporte?
Eu morava no número 696, vizinho ao Lagostim, ficávamos aguardando o bonde, quando ele ia até a garagem que se situava logo abaixo da Rua Benjamin Constant, na Avenida Dr. Paulo de Moraes, ao lado de onde foi o destacamento do Corpo de Bombeiros. Quando o bonde ia nessa direção, saíamos de casa, íamos até a Rua do Rosário e dava tempo de apanhar o bonde que voltava do seu ponto final. Com o tempo passamos a fazer uma esperteza, atravessávamos o terreno da Estrada de Ferro Paulista. Havia um guarda que tinha a função de impedir a passagem de pedestres pelas linhas. Enganávamos o guarda, enquanto um pulava e ele ia atrás, outro pulava de outro lado, e assim o deixávamos atrapalhado, com isso todos atravessavam. Isso no tempo que usávamos calças curtas!
Onde era o ponto final do bonde da Paulista no centro?
Ele parava na Rua XV de Novembro com a Rua Boa Morte. Ali tinha um cartório. Em frente havia a sorveteria “A Soberana”. Lembro-me quando foi construído o abrigo de ônibus atrás da Catedral, (N.J.: Hoje tombado como patrimônio da cidade.), nós íamos brincar nas obras desse abrigo. O bonde que vinha da agronomia parava em frente a Farmácia do Mattos, mais tarde foi a Droga XV. Atravessando a Rua XV de Novembro, uns 50 metros adiante havia a Farmácia do Tico, ela tinha uma marquise onde nos protegíamos do sol enquanto esperávamos o bonde que ia para a Vila Rezende. Ao lado da Farmácia do Tico havia um imóvel simples, ao lado desse imóvel havia um terreno vazio. Nesse imóvel funcionou a Escola do Sesc.
As crianças na época engraxavam a linha do bonde, como travessura?
Na Dr. Paulo de Moraes, no trecho entre a Rua Governador Pedro de Toledo e a Rua Benjamin Constant, nós colocávamos palito de fósforo na linha do bonde, púnhamos uma fileira de palitos. Como a roda era de ferro no impacto com o palito produzia um estouro, assustando o pessoal que estava no bonde. Outras vezes nós passávamos sabão na linha do bonde, o bonde tinha um depósito de areia, quando o trilho estava muito escorregadio ele soltava um pouquinho de areia.
Qual era o nome da primeira professora do senhor?
Dona Maria Baiana. Muito brava, dizem que ela não gostava que a chamassem por Maria Baiana, parece-me que o nome dela era Bahena. Mas como ela era muito brava, brava mesmo, nós a chamávamos de Baiana. A diretora da escola era Dona Domitila, a minha professora do segundo ano era Dona Estela, o meu professor do quarto ano chamava-se Pedro Negri, por sinal sou colega do seu filho Dr. Pedro Negri. Pelo fato de eu nunca ter repetido o ano, eu não podia prosseguir meus estudos por não ter idade suficiente, a única escola que me aceitou foi o Senai. Na época o Senai ficava na Rua Dr. Otávio Teixeira Mendes, eram prédios antigos, existe uma casa antiga na esquina (em frente á Escola de Musica), que é ainda daquele tempo. Passei a fazer tornearia mecânica de onde fui transferido para a marcenaria. É muito bonito pegar a madeira bruta, e construir algo. Formei-me em marcenaria em 1957, foi á primeira turma que se formou no prédio novo, que existe atualmente. O meu número durante o curso era G 56, G de Granato. É interessante observar que a planta de marcenaria era feita na escala natural, ou seja, 1:1, o tamanho da planta é o mesmo do objeto a ser construído.
Do Senai o senhor foi estudar onde?
Fui para a Escola Industrial estudar desenho mecânico, foi um curso de quatro anos de duração, tive um professor excelente, o Professor Olavo Ferreira da Silva.
O senhor conheceu Danilo Sancinetti?
Viajamos muito com a Banda Marcial. Ele era um grande amigo. Eu tocava trombone na Fanfarra do Industrial. O uniforme era muito bonito. Quando fomos á São Paulo, passamos uma vergonha tremenda, porque até então o uniforme era uma roupinha branca com um quepezinho azul. Ao chegarmos a São Paulo vimos todas aquelas fanfarras e bandas marciais com aqueles uniformes lindos. Retornando para Piracicaba começamos a trabalhar para fazer um uniforme bonito. O Danilo foi um grande incentivador da Banda Marcial, ele era de Jaú, estive lá. Piracicaba deve muito a Danilo Sancinetti.
Como o senhor conheceu a sua esposa?
Na minha época de mocidade nós quadrávamos o jardim, eram quatro quadras. A primeira quadra virava no sentido da Rua São José para a Rua Moraes Barros, seguia para a Rua Governador, prosseguíamos no sentido da São José onde fechávamos a quadra. Virava outra quadra junto no sentido contrário. Na parte interna do jardim virava uma outra quadra no mesmo sentido dessa primeira. A maior delas, a primeira quadra era de pessoas mais simples. A quadra interna era das pessoas de classe média, e a mais fechada, situada internamente, era a classe dos mais abastados. Não adiantávamos ficar olhando para as mocinhas da quadra interna porque elas nem tomavam conhecimento da gente.
Já havia uma pré-seleção?
Quanto a isso não havia nenhuma dúvida!
E os negros?
Os negros não podiam quadrar jardim. Não que houvesse uma proibição, eles se separavam mesmo. Eles caminhavam pela calçada onde havia a Brasserie, do Banco do Brasil até a esquina da Tabacaria Tupã e de lá até a Rua Governador Eles faziam um “L” que ia e voltava. Eles não quadravam. Com o tempo a Rua Moraes Barros tornou-se um lugar mais luxuoso, havia o Café Haiti que tinha uma freqüência mais selecionada. Nós tomávamos chopp no Bar do Tanaka, na Rua São José. Eu não ia comprar nada na feira, mas ia para encontrar os amigos, ver o movimento, passear. A primeira vez que vi a minha esposa vi na feira que existia na Paulista, na ocasião ela estava carregando um seu sobrinho. Vi aquela mocinha, nossos olhares se cruzaram, era comum quando você visse alguém em algum lugar que você cruzasse o olhar encontravam-se no jardim. Isso era matemático. Em qualquer ponto da cidade que um moço visse uma moça e trocassem aquele primeiro olhar poderia ter a certeza de que no sábado ou no domingo se encontrariam no jardim.
O senhor trabalhou na Esalq?
Fui funcionário admitido através de concurso, trabalhei na Esalq por cinco anos.
O senhor lembra-se de alguma peça que o senhor tenha fabricado nesse período?
Lembro-me, um professor de Entomologia queria fazer um arquivo para insetos, ele pediu três armários com sessenta gavetas cada um, essa gavetas tinham 60 milímetros de altura, a tampa era de vidro. Fiz com cedro, o professor elogiou. Com certeza se você procurar na Esalq irá encontrar essas peças.
Em que ano o senhor casou-se?
Casei-me em 1969 na Igreja dos Frades, celebrado pelo Monsenhor Juliani.
Em que ano o senhor iniciou a faculdade de direito?
Fiz o curso de 1971 a 1975. Sou da terceira turma da faculdade de direito da Unimep.

sábado, maio 23, 2009















WILSON ROBERTO TIETZ



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 23 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO : WILSON ROBERTO TIETZ


O memorável jornalista Geraldo Nunes, já falecido, trabalhou por muitos anos no Jornal de Piracicaba. Um empresário de Piracicaba, também já falecido, estava comemorando o seu aniversário em uma chácara e resolveu convidar Geraldo Nunes para o almoço festivo, isso foi em um sábado. Após encerrar suas obrigações junto ao jornal, o jornalista estendeu o convite a um jovem recém-admitido para também ir á festa. Outras duas pessoas juntaram-se, formando um grupo de quatro convidados para o almoço. Na época Geraldo Nunes tinha uma Caravan, a estrada ainda era de terra. Ao chegarem à porta de entrada da chácara avistaram a maior festança. Por um ato de rebeldia a Caravan resolveu encalhar. Imediatamente os convidados deixaram á festa e foram resgatar o veículo, sem permitir que seus ocupantes descessem. Uma demonstração de extrema cortesia. Com tantas mãos empurrando, logo o automóvel estava em seu leito natural. O jovem jornalista olhou com profundo respeito para Geraldo Nunes e soltou: “-Puxa Seu Geraldo! Eu não sabia que o senhor é uma pessoa tão importante!” Do alto da sua experiência e sabedoria Geraldo respondeu: “-O Jornal de Piracicaba é importante! No dia em que eu não trabalhar mais no jornal e estiver andando a pé, pode ser que qualquer uma dessas pessoas nem me ofereça carona.”. O jovem jornalista se calou. E nunca mais se esqueceu dessa história. O nome desse jovem jornalista é Wilson Tietz. Hoje ele acumula uma longa folha de serviços prestados, vereador eleito em cinco eleições consecutivas exerceu os cinco mandatos na Câmara de Charqueda, em um período de 22 anos. Atualmente é vice-prefeito de Charqueda, Presidente do Conselho de Curadores da FUMEP - Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba, Gerente Comercial do Jornal de Piracicaba onde começou a trabalhar no dia 10 de outubro de 1978.

Como a família Tietz foi para a região de Charqueada?
A família Tietz estabeleceu-se na região abrangente pelo hoje município de Charqueada, isso foi em 1885. Naquela época os imigrantes ao adquirir um terreno consideravam a água existente no local como fator decisivo para a compra. As casas eram construídas próximas á bica de água, onde houvesse uma nascente. Eles entendiam que havendo água em abundancia o resto eles iriam conseguir. Formava-se uma horta, plantavam frutas, faziam vinho. Havia a cultura de subsistência, plantava-se arroz, feijão milho. O meu bisavô, Júlio Tietz foi o patriarca da família Tietz, o primeiro a vir para o Brasil, a minha bisavó é da família Bombazaro, cujo patriarca chamava-se Jacob Bombazaro, Vieram em uma colonização, deixaram a Europa, onde havia uma crise muito acentuada. Na região de Campinas, em Helvécia, Julio e Jacob conheceram-se, permaneceram por algum tempo, e logo em seguida houve a oportunidade de comprarem uma área de terras no Córrego da Onça. A família Bombazaro adquiriu uma parte e a família Tietz adquiriu outra parte.
Que língua eles falavam?
O Júlio falava alemão. Os Bombazaro eram de origem italiana, em pouco tempo passaram a se entenderem. Moravam próximos, compartilhavam a mina de água, que existe até hoje. No acordo da compra do sítio ficou determinado que mesmo situando-se no sítio dos Tietz os Bombazaro tinham a cessão de uso dessa mina, fato que serviu para a aproximação das duas famílias.
As casas em que moravam eram construídas por eles mesmos?
Seu Júlio era carpinteiro, tinha uma facilidade muito grande em lapidar a madeira. A base para as estruturas das casas era feita com pedras, lavravam a madeira que podia ser cabriúva, araruva. A peroba e o jequitibá eram mais utilizados para fazer as janelas, o acabamento da casa. Os troncos tinham a base maior, arredondado, assim como era encontrado na natureza, essa parte ficava junto ao solo, era então feito um patamar e lavrando a madeira deixavam as suas paredes em forma de vigota com quatro faces semelhantes entre si. As casas eram construídas sem nenhum prego, nem arame, todo o travamento era feito através de encaixes, com um formão realizavam um corte de tal forma que a madeira ao se encaixar já ficava travada. As casas eram feitas de barrote, as paredes utilizavam em sua parte interior o bambu. No ponto em que o tronco deixava a sua forma arredondada para ter cantos retos, era encaixado o madeiramento do assoalho, sempre acima do solo, uma forma de proteção contra a ação de agentes naturais e climáticos.
Qual é o nome dos seus pais?
Sou filho de Antonio Tietz e Geni Balarim Tietz, nasci em 3 de janeiro de 1960. O meu pai trabalhava no Departamento de Estradas de Rodagem. Era uma pessoa que lia muito jornal, ouvinte da Hora do Brasil. Talvez seja um habito adquirido por hereditariedade, Rodolpho Tietz, filho de Júlio Tietz, recebia uma vez por mês o exemplar de um jornal alemão, esse jornal vinha em navio e depois era trazido pelo trem até a estação de Paraisolândia. (N.J. A estação de Paraizo foi inaugurada em 1888, por volta de1940, teve o nome alterado para Paraisolândia). Após retirar o jornal, Rodolpho Tietz reunia-se com as pessoas moradoras no sítio, sentava-se em um tronco de cabriúva, que era uma tora, denominada por eles de banco, ele lia as notícias trazidas pelo jornal alemão.
Houve muitos casamentos entre os membros das famílias Bombazaro e Tietz?
A família Tietz teve muitos filhos homens, e formam uma geração grande, a famlia Bombazaro teve mais mulheres como descendentes, com isso o sobrenome Bombazaro é visto em menor número de pessoas, em decorrência da tradição de prevalecer o sobrenome do pai. A família Tietz é enorme. Houve muitos casamentos entre Bombazaro e Tietz.
Em que escola você iniciou seus estudos?
Estudei na Escola Mista do Bairro Córrego da Onça. É interessante observar que essa escola surgiu quando Rodolpho Tietz cedeu metade de sua casa para ser escola, sem ônus algum para a localidade. Mais tarde, seu filho João Semmler Tietz doou o terreno para a construção de uma nova escola. Ali estudei até o quarto ano, em seguida fiz o ginásio e o colegial em Charqueada, na Escola Estadual Benedito Dutra Teixeira.
Como se deu o seu ingresso na faculdade?
É uma história interessante! Pelo fato do meu pai ler muito, acompanhar os fatos pelos noticiários veiculados pelo rádio, ser uma pessoa muito atenta ao campo da comunicação, o negócio dele era sintonizar o rádio em esportes e noticias, sempre acompanhou os fatos ocorridos na política mundial. Ele incentivou muito para que estudássemos, e o seu sonho era que fossemos jornalistas, ele sempre foi um defensor da profissão de jornalista. Com seu rádio modelo Transglobo onde através de suas faixas de Ondas Médias, Curtas, Longas sintonizava inúmeras rádios no mundo, até em Moscou, ou na Bélgica, onde houvesse sintonia. Ele sempre foi um entusiasta da comunicação! Em 1977, meu pai estava ouvindo a Rádio Difusora de Piracicaba, isso no Dia do Jornalista, o apresentador Edirley Rodrigues estava fazendo uma entrevista com o já falecido jornalista José ABC. Discorrendo sobre a profissão de jornalista, José ABC enalteceu as maravilhas da profissão. O locutor e jornalista Edirley perguntou a José ABC qual era a sua impressão sobre os aspectos financeiros da profissão. Zé ABC, como todos os chamavam informalmente, disse então que ser jornalista é mais uma missão, existe casos de algumas pessoas que ganharam muito dinheiro, mas a grande maioria trabalha por amor a camisa, por paixão, um abnegado. Foi então que ele disse estar surgindo uma profissão nova na área de comunicação: a Publicidade e Propaganda, onde ele via um espaço muito grande, o profissional estaria em contato com o mercado. Na época nem se falava marketing, dizia-se que ia trabalhar com “reclame” (N.J.: Anúncios publicitários). Depois disso, meu pai disse mim e para o meu primo José Edvaldo Tietz o que tinha ouvido no rádio, e que deveríamos conversar com o Zé ABC. Na época éramos garotos, tínhamos 17 anos de idade. Com o ônibus da Viação Trevisan, viemos os três para Piracicaba, e fomos conversar com o Zé ABC. Assim ingressamos na área de publicidade. Prestamos o vestibular na Unimep, fomos aprovados e passamos a estudar. Em 10 de outubro de 1978 vim para Piracicaba.
Ao mudar-se para Piracicaba, qual foi a forma encontrada para manter-se em comunicação com a família que havia ficado no sítio em Charqueda?
No sítio não havia telefone, em Paraisolândia tinha um telefone daqueles que usavam manivela, pedia-se para a telefonista fazer a ligação. Correio era um meio muito precário. O meu primo Edvaldo que também veio para Piracicaba, o seu pai havia conseguido para ele um emprego de empacotador nas Lojas Riachuelo. Fui até a Rádio Difusora, falei com o apresentador Ary Pedroso, disse-lhe que precisava arrumar um trabalho para poder pagar a faculdade. Ele passou a anunciar através do rádio a minha disponibilidade para trabalhar. Eu ficava na Praça José Bonifácio esperando. E assim foram semanas de espera. Um dia passou pela praça um amigo de Charqueada e disse que a Caterpillar estava precisando admitir funcionários. Foi o período de implantação da empresa em Piracicaba. O Gallani estava entrevistando os candidatos, fui selecionado e passei a trabalhar na Caterpillar como ajudante de montagem, seis meses depois eu estava na inspeção de máquinas. Eu precisava fazer horas extras e a Caterpillar valorizava muito as pessoas que trabalhavam aos sábados, domingos. Nesse tempo eu morava com a minha tia Pina. O meu primo Edvaldo foi trabalhar no jornal “O Diário”. Nós já nos tratávamos um ao outro chamando de “compadre”. Ele me disse:
“-Compadre, tem uma vaga no Diário”! Fiz um teste, passei, e então surgiu uma grande interrogação da minha vida, eu estava ganhando o suficiente para pagar a escola, sobrava um pouco, só que no jornal estaria trabalhando no campo que estávamos estudando. Consultei meu pai, ele deixou a decisão por minha conta. Quando fui pedir a minha demissão recebi uma contraposta muito interessante, bastante atraente. Acabei indo trabalhar no Diário, de onde saí alguns meses depois. Decorridos algum tempo, fui trabalhar como porteiro no Edifício Orsini. Eram seis horas de jornada no prédio, a noite fazia a faculdade, sobrava um tempo. Fui até o Jornal de Piracicaba, onde encontrei Salmeirão Aires, o “Psiu”. Ele trabalhava na Philips e aos sábados coordenava a área de assinaturas. Ele disse-me que precisava realizar uma ação de vendas de assinaturas do Jornal de Piracicaba em Charqueada. Aceitei o desafio e fiz um bom número de assinantes na cidade.
Assim você passou a ser um elemento comercial do Jornal de Piracicaba?
Comecei a vender assinaturas para o Jornal de Piracicaba. Ganhava o suficiente para integralizar a mensalidade da faculdade. Mudei meu horário como porteiro no prédio, da meia noite até as seis da manhã, entrava na faculdade ás sete horas da noite e saía ás onze horas da noite. Tinha um apartamento vago no décimo terceiro andar, colocava um colchãozinho e dormia. Comia no Restaurante do Peixinho que ficava em frente ao prédio. Durante o dia vendia assinaturas do Jornal de Piracicaba. Era uma jornada louca! Isso foi por uns seis meses. Em outubro de 1978 passei a trabalhar como funcionário na área de publicidade.
Como funcionário efetivo, qual foi um dos primeiros trabalhos realizado por você?
O José ABC estava trabalhando em cima da edição de Natal. Comecei a trabalhar junto aos comerciantes do Mercado Municipal. Bolei uma foto da fachada do mercado, fiz um layout, e saí vendendo. O primeiro anuncio vendi na Banca da Maria Portuguesa. Por duas semanas trabalhei no mercado e fechei a página. Parti para uma outra de auto-escolas, fiz outra página com postos de gasolina, eram segmentos que não havia ninguém trabalhando. Criei um segmento. Para a edição de Natal consegui vender várias páginas. Fiz o “Palpitão” no jornal, que era o resultado da loteria esportiva. Fui criando e agregando. No final de 1978 trouxe o Edvaldo para o Jornal. Ele criou um meio de publicidade segmentado, fez o comércio da Rua Boa Morte. Trabalhamos como sócios, dividíamos as nossas comissões! Trabalhamos por mais de quinze anos juntos.
Até hoje vocês se tratam por “compadres”?
Nós éramos compadres por brincadeira, depois passamos a sermos compadres de verdade, ele até foi meu padrinho de casamento. Em batizados de nossos filhos um foi o padrinho do filho do outro.
Como foi o seu ingresso na vida pública?
Entrei através do Ari Pedroso, do Tim que é o Antonio Vicentim Neto lá de Charqueada. O Tim sempre foi um estudioso de política. Ele tinha uma lojinha, e ali era o comitê político da cidade, lá estiveram o João Hermann Netto, Orestes Quércia, Ari Pedroso. Alguns detalhes chamavam a atenção no Tim: tinha uma visão muito precária, era estrábico, além de ser surdo e gago! E era político! Foi o meu grande mentor político. Ele me ensinou muito. Lembro-me de uma passagem bastante interessante. O Tim como presidente do diretório político cuidava de todas as documentações do partido. Na época o seu partido era o MDB. Era uma época em que se aproximava a eleição para prefeito e vereadores, elegia-se um vereador com 130 votos. Um dia chegou um cidadão, com sotaque dos naturais do nordeste do país e disse para o Tim: -“Eu queria ajudar um candidato, tenho uma família grande, são 150 votos! Só que preciso construir uma casinha, necessito que esse candidato me ajude a construir uma casa!” O Tim, gago, perguntou-lhe se realmente tinha os 150 votos, e se queria construir uma casinha, porque ele tinha um negócio melhor para ele. Tim entrou por uma porta em direção ao fundo da casa. Eu fiquei lá na lojinha, junto com o cidadão. O homem estava todo entusiasmado, devia estar pensando que o Tim fora tomar alguma providencia para concretizar a sua oferta. Logo depois o Tim voltou, com o livro de ata e as fichas de filiação. E disse ao detentor dos possíveis 150 votos: “Você tem 150 votos, você está eleito! É só assinar a ficha e sair candidato! Você não precisa ajudar ninguém!”. Na verdade não havia voto nenhum, fora tudo fruto da imaginação daquele sujeito.
Como eram os pronunciamentos do Tim?
Ele tinha um carisma muito grande. Tinha muito conhecimento, sabia como redigir um ofício, foi ele quem me ensinou a solicitar as primeiras reivindicações. Ele foi por diversas vezes vereador em Charqueada, inclusive o plenário da câmara eu sou o responsável por ter dado o seu nome, Antonio Vicentim Neto. Nos seus pronunciamentos ele gaguejava, e isso criava uma expectativa pelos seus pronunciamentos. Ele colocava os termos de uma forma muito hábil. Tinha os admiradores do conteúdo da sua fala. Foi um grande mestre da política em Charqueada.




quarta-feira, maio 20, 2009

IMAGENS URBANAS







Solução para a crise econômica

Mês de agosto, às margens do Mar Negro.

Chovia muito e o vilarejo estava totalmente abandonado.

Eram tempos muito difíceis, e todos tinham dívidas e viviam de empréstimos.

De repente, chega ao vilarejo um turista muito rico.

Entra no único hotel do lugar, põe sobre o balcão uma nota de 100 euros e sobe as escadas para escolher um quarto.

O dono do hotel pega os 100 euros e corre para pagar sua dívida com o açougueiro.

O açougueiro pega o dinheiro e corre para pagar o criador de gado.

O criador pega o dinheiro e corre para pagar a prostituta do vilarejo, que, por conta da crise, trabalhou fiado.

A prostituta corre para o hotel e paga o dono pelo quarto que alugou para atender seus clientes.

Nesse instante, o turista desce as escadas após examinar os quartos, pega o dinheiro de volta, diz que não gostou das acomodações e vai embora.

Ninguém lucrou absolutamente nada, mas toda a aldeia vive hoje sem dívidas e cheia de esperança num futuro melhor.
by Jayme.





domingo, maio 17, 2009

JAIRINHO MATTOS

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 16 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
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ENTREVISTADO: JAIRO MEIRELLES RIBEIRO DE MATTOS





Do dia 19 a 24, em de abril de 2009, ocorreu em Las Vegas, nos EUA. , o maior evento mundial de mídia eletrônica, nos padrões americanos. A feira reuniu elementos de tecnologia de televisão, rádio e cinema, produção e pós-produção de filmes/vídeos, áudio, novas mídias, internet, streaming, banda larga, serviços sem fio, via satélite e telecomunicações envolvendo empresas que atuam na área de multimídia eletrônica e telecomunicações. Composta por mais de 1.500 expositores em uma área de 900.000 m2, com a afluência de 300 mil visitantes oriundos de 65 países, reuniram-se ali os responsáveis por veículos de comunicação de todo o mundo. Diversas conferências também ocorreram em paralelo à feira. A NAB é a maior feira de Radiodifusão e Equipamentos, conhecida mundialmente como "National Association of Broadcasting". Jairinho Mattos, que ainda muito novo foi incentivado a estudar inglês, pela sua avó Dona Levica, é um dos piracicabanos que estiveram presentes ao evento. Para lá seguiram, seu pai, Dr. Jairo Ribeiro de Mattos, Luiz Antonio Copoli (Titio Luiz), considerado um dos maiores comunicadores do rádio piracicabano, acompanhado do seu filho Flavinho (Flávio Luiz Copoli). Além de se atualizarem com a tecnologia de última geração, o quarteto visitou locais históricos de Nova Iorque.
Jairinho Mattos, qual é a sua idade?
No dia 11 junho de 2009 eu estarei completando 42 anos de idade. Sou casado com Paula Rafaela, tenho uma filha, a Manuela. Sou filho do Dr. Jairo Ribeiro de Mattos e da Professora Anna Maria Meirelles de Mattos, ambos piracicabanos. Sou neto do Dr. Nelson Meirelles, um médico muito bem conceituado em Piracicaba, e que foi muito ligado á cultura da cidade, tendo sido um dos grandes apoiadores da Escola de Música de Piracicaba, a minha avó Maria Olívia Moratto Ferraz Meirelles (Levica), gostava de piano, uma admiração que se estendeu á minhas tias, que também executavam obras ao piano. Eles tiveram sete filhos, entre eles a minha mãe.
Quem foi á pessoa que o incentivou no estudo de inglês?
Foi a minha avó Levica! Ela morou por muito tempo na Rua XV de Novembro, ao lado da Rádio Educadora. Era lá que ela sempre me ensinava inglês, eu era ainda criança e comecei a gostar de estudar inglês por causa dela. Ela percebeu que eu tinha facilidade em aprender línguas, eu tinha uma habilidade natural em fazer redação. A vida é um contínuo aprendizado, hoje o pouco que sei da língua inglesa, devo á minha avó Levica que foi a minha grande incentivadora. Sou formado pela Pontifícia Universidade Católica-PUC de São Paulo, tenho a Pós-Graduação em Marketing pela Faculdade Getulio Vargas. Sou apaixonado pelo rádio, por comunicação.
Qual é a relação entre a Rádio Educadora e a Jovem Pan FM?
Na verdade a empresa Rádio Educadora tem a Rádio Jovem Pan FM, que era a Rádio Educadora FM. Afiliamos-nos a Jovem Pan no ano de 1994, foi o grande insigth (N.J.: compreensão súbita, capacidade de sentir o âmago das coisas ou situações, uma iluminação, um estalo), a grande idéia que nós tivemos, ficamos muito felizes em sermos a primeira emissora afiliada da Rede Jovem Pan. Hoje nós temos 48 emissoras em FM retransmitindo o sinal da Jovem Pan, esse sinal começou aqui em Piracicaba, na nossa emissora, na Jovem Pan 103,1 MHz em 4 de junho de 1994. No próximo dia 4 de junho estaremos completando 15 anos de Rádio Jovem Pan em Piracicaba, a Rádio Educadora fará 42 anos no mês de agosto próximo. A rádio em FM é um filhote da Rádio Educadora AM, que foi fundada pelo meu avô Nelson Meirelles e outras pessoas importantes da nossa sociedade como o Dr. Losso Netto, Dr. Ernesto Pereira Lopes, juntamente com o meu pai, meu tio Coriolano Moratto Ferraz Meirelles. Hoje temos na internet o site da Rádio Educadora (
http://www.educadora1060.com.br/), que é muito visitado, e acredito que havendo espaço estaremos agregando outros órgãos de comunicação.
Você pode citar alguns índices do site da Rádio Educadora?
Temos alguns índices que são interessantes. Percebemos que o ouvinte da AM é mais retraído para acessar o site, para ouvir a emissora on-line, no momento da transmissão de um programa. Percebemos que em alguns horários há um pico de audiência. Por exemplo, em uma transmissão do jogo do XV de Novembro tivemos um índice de ouvintes interessante. Isso nos deixa muito felizes, porque se a pessoa ouviu uma transmissão pela internet e deixou de ouvir a tradicional que é pelo aparelho de rádio, algum motivo ela teve para assim proceder. A transmissão pela internet tem uma qualidade de áudio muito boa, não sofre interferências, é transmitida diretamente no computador da pessoa. Há a possibilidade de o ouvinte sintonizar a rádio de qualquer lugar do planeta. Isso nos leva a creditar que a internet é uma mídia que vem somar ao rádio. Há um aumento de e-mails enviados pelos ouvintes para a rádio. Até hoje o contato principal entre o ouvinte e a rádio tem sido o telefone. Há uma limitação natural para o número de ligações telefônicas simultâneas. A vantagem do e-mail é que ele nunca estará ocupado! Podemos receber centenas de e-mails em uma pequena fração de tempo. Acreditamos que o e-mail irá ser a linha de comunicação entre o ouvinte e a rádio, e muito efetiva, e para nós, muito importante, porque teremos documentadas todas as mensagens que os ouvintes nos enviarem.
Há um perfil bem distinto dos ouvintes de rádio AM e FM?
O Rádio AM é uma mídia mais prestadora de serviço. O rádio FM, quando surgiu pela sua qualidade de som, atingiu mais o campo musical, de se tocar mais músicas, mais musical do que ocupado pela voz do locutor. O famoso som de elevador, o travesseiro noturno. O próprio locutor é mais tranqüilo. O rádio AM é mais voltado para a informação, para a utilidade pública, mensagens, jornalismo, transmissões esportivas. Como toda regra tem exceção, venho percebendo que o rádio FM tem invadido o campo do rádio AM Hoje a FM tem feito rádio-jornalismo, transmissões de futebol, transmissões de eventos, aproveitando a qualidade técnica do som. O rádio é um dos veículos mais acessíveis. O jornal tem que ser comprado para poder ser lido. A internet exige o uso de computador, isso quando não há a necessidade de assinar alguns sites para receber as informações. O público da Rádio Jovem Pan FM é segmentado. Ela é uma emissora voltada para um público qualificado e jovem, na faixa etária de 14 a 30 anos de idade. A Jovem Pan têm um diferencial, apesar de não ser uma rádio com música popular, o sertanejo e pagode, por exemplo, ela toca uma música mais jovem, mais balançada, hit-parade, ela consegue trazer um público mais adulto em função de dois programas: o Pânico, que é um programa muito engraçado, com muitas entrevistas, por incrível que pareça o Pânico é um programa informativo! E de manhã das seis horas até as sete e meia, nós temos a retransmissão do Jornal da Manhã, da Rádio Jovem Pan, que eu considero estar entre os dois melhores informativos do rádio brasileiro. É muito bem formatado, tem grandes locutores, uma rede de jornalistas cobrindo todo território nacional. Como afiliados temos essa linha direta, mandando informações de Piracicaba, somos verdadeiros correspondentes da Rede Jovem Pan. Com isso conseguimos ter uma audiência mais adulta. Costumo dizer que a idade da pessoa não é sua idade cronológica, é a idade da cabeça da pessoa. Há pessoas nascidas na década de 30 que com seus setenta e poucos anos de idade estão ouvindo a Jovem Pan, por terem uma alma jovem. Ela quer ouvir uma música moderna, ouvir uma informação, procura ouvir o programa Pânico em busca de humor. Digo sempre que a Rádio Jovem Pan é para quem está de bem com a vida, para quem gosta de uma programação bastante inovadora e moderna.
Você esteve recentemente nos Estados Unidos?
Foi uma viagem de cunho muito técnico. Fomos visitar a feira NAB, National Association of Broadcasting, ou seja, Associação Nacional dos Radiodifusores. Trata-se uma associação muito forte, que nessa feira em Las Vegas mostra os últimos lançamentos de equipamentos, softwares, novidades, invenções do setor de raiodifusão. Não é uma feira voltada só para o rádio. Essa feira é muito exigida por essas novas mídias digitais, que são a internet, o iphone, iphod. Existem muitas novidades para a televisão, para o rádio. Percebemos que o rádio está ficando cada vez mais automatizado. As televisões e a internet estão recebendo uma atenção muito grande, a internet tem apenas quinze anos de existência, é um meio ainda inexplorado, há um campo muito grande, para crescer muito. Fui acompanhado do meu pai, em 2007 estive acompanhado da minha mãe. Dessa vez convidei o Titio Luiz e o seu filho Flavinho, Titio Luiz é um locutor de grande expressão aqui em Piracicaba, foi uma viagem muito interessante, eles queriam muito conhecer os Estados Unidos. Foi uma oportunidade impar, entrar pela primeira vez no país, e já conhecer Las Vegas, no retorno permanecemos por três dias em Nova Iorque, que é considerada a capital do mundo, eles voltaram maravilhados. Meu pai me confessou que foi uma das melhores viagens que ele fez em toda a vida dele. Graças a Deus eu consegui com que eles me acompanhassem na feira, e eles foram muito companheiros após o final da feira. Foi uma viagem que aliou a parte profissional e cultural também.
Em Las Vegas vocês chegaram a jogar em algum cassino?
Jogamos um pouco. Tem que saber qual é o momento de parar. Poucas pessoas sabem, existe uma associação americana, que inclusive tem um site, essa associação atende por “Saber a Hora de Parar”. A pessoa torna-se compulsiva quando ao começar a jogar e ganhar imagina que a sorte está do seu lado. Ela esquece que as chances de ganhar gira em torno de 80 a 85 por cento a favor da banca! O jogador terá entre 15 a 20 por cento de chances para ganhar. Em Las Vegas enquanto você estiver em uma mesa jogando, poderá servir-se de qualquer drink gratuitamente. Há uma atendente para servi-lo. O cassino quer que você permaneça sentado na mesa de jogo. Dentro dos cassinos você não consegue descobrir que horas são. Não existe a oscilação de temperatura que ocorre nos períodos diurnos e noturnos. Não há janelas. Isso cria uma atmosfera positiva para você continuar jogando. O mais interessante é perceber que os vinte e poucos cassinos existentes em Las Vegas pertencem a quatro ou cinco companhias, são mega companhias que gerenciam quatro ou cinco cassinos. Os hotéis são temáticos, nessa viagem ficamos no Hotel Paris, ele tem dentro dele uma réplica da Torre Eiffel, do Arco do Triunfo, do Museu do Louvre, isso tudo em escalas norte americanas, enormes, muito luxo. Las Vegas é uma Meca do show business, eles conseguiram agregar a maior feira de rádio do mundo, os maiores shows de teatro, que se rivaliza com a Broadway, em Las Vegas. Na semana que estivemos lá tivemos shows com Britney Spears, Cirque du Soleil, Elton John. O entretenimento que você tem lá é muito grande. Trabalha-se durante o dia, fazem-se bons negócios nas feiras, e vai gastar um pouco do seu dinheiro á noite com cultura, restaurante, ou tudo que sua criatividade mandar.
A feira foi realizada onde?
No Las Vegas Convention Center, é humanamente impossível ver tudo o que existe nessa feira, procurarmos direcionar para o setor de rádio.
Qual é o idioma utilizado na feira?
Isso é um caso a parte! Se você tiver o domínio da língua inglesa, é melhor, isso porque há alguns termos em inglês, que muitas vezes a tradução para o português não é uma tradução literal. No setor do rádio existem muitos termos que só são aplicados no rádio. Como um jargão local. Se você não é americano e não entende inglês, nesse caso fica mais difícil de entender. A NAB não é apenas uma feira de americanos para o resto do mundo, nas últimas duas edições o Brasil tem um pavilhão, isso porque os americanos perceberam que os brasileiros são a segunda ou terceira maior delegação que visita a feira, são mais de 500 a 600 brasileiros. Eles perceberam que o Brasil ainda é um mercado muito pouco explorado, novos equipamentos, nova tecnologia, equipamentos digitais, com isso muitos brasileiros de São Paulo e Rio de Janeiro que representam empresas americanas estão lá na exposição, atendendo você. Procurei ir preparado, com visitas pré-agendadas. O crachá do visitante é um cartão magnético, ao passar o crachá em uma máquina de cada stand visitado eles de forma automática registram os seus dados pessoais. Algumas empresas gostam de também ter o seu cartão de visitas, para isso eles têm um pequeno aquário onde é colocado o seu cartão.
Quantos dias vocês freqüentaram a feira?
A feira começou efetivamente para nós no dia 19. Embarcamos em São Paulo no dia 18, em Cumbica, fizemos a entrada por Huston, onde passamos pela alfândega e quatro horas após fizemos um vôo para Las Vegas. O engraçado para mim é que fui com três pessoas muito agradáveis, mas que não tinham o domínio total da língua inglesa. O Flavinho já ia com a frase pronta: “No speak english!”. Ele me chamava, eu ia lá, traduzia. Fiquei muito feliz em saber que foi inesquecível a nossa presença nos Estados Unidos.


quinta-feira, maio 14, 2009

Istambul é a única cidade do mundo situada sobre dois continentes, com parte de seu território na Europa e parte na Ásia, às margens do Estreito de Bósforo. Em Istambul se encontram o Ocidente e o Oriente; o antigo e o moderno.
História
Istambul é a maior cidade da Turquia e uma das mais antigas do mundo - foi fundada no ano 657 a.C., quando recebeu o nome de Bizâncio, uma alusão ao nome do comandante grego, Bizas, que conquistou a região - e durante mil anos desenvolveu-se, tornando-se império em 323 d.C., quando o imperador Constantino transformou-a em capital do Império Romano do Oriente, mudando seu nome de Bizâncio para Constantinopla.
O Império Otomano foi um Estado que existiu entre 1299 e 1922 e que no seu auge compreendia a Anatólia, o Oriente Médio, parte do norte de África e do sudeste europeu. Essa riquíssima fusão de culturas ao longo de sua história transformou Istambul um fascinante destino para turismo cultural, arquitetônico, gastronômico, folclórico e artístico gravados em dezenas de atrações, de monumentos, de palácios, mansões, igrejas, mesquitas, castelos e fortalezas, bazares e ruínas, haréns de sultões, turcas vestidas à moda muçulmana e vestígios romanos.
Em 1453 Constantinopla foi invadida pelos turcos e transformou-se em capital do Império Otomano, tendo novamente mudado de religião, transformando-se no Império Otomano islâmico. No início do século 20, em 1930, foi criada a Turquia, como nação, tendo sua capital passado a chamar-se Istambul. No mesmo ano, o governo turco mudou a capital do país para a cidade de Ankara.
As zonas históricas de Istambul foram declaradas patrimônio da Humanidade pela UNESCO, em 1985, pelos seus importantes monumentos e ruínas históricas.
Economia
Hoje, Istambul é uma moderna e importante cidade de negócios, onde encontram-se modernos hotéis e boutiques internacionais. Na produção industrial, destacam-se as indústrias de construção naval, destilarias, cimento, tabaco, alimentar, vidro, artigos de papel, couro e cerâmica. Além de um importante entreposto comercial, pois possui o porto mais ativo de toda a Turquia, é nó ferroviário com linhas que unem a Europa à Ásia.
Relações com o Brasil
No próximo dia 21/5, Istambul receberá o presidente Lula para um evento organizado pelo Itamaraty, dando continuidade a missão empresarial brasileira que também visitará Arábia Saudita e China. Na ocasião, empresários e autoridades brasileiras se encontrarão com autoridades governamentais e representantes do setor empresarial da Turquia com objetivo de fomentar o comércio e os investimentos bilaterais.
O comércio Brasil-Turquia apresentou crescimento vertiginoso desde 2001. Em 2008, as exportações brasileiras para o país atingiram a cifra recorde de US$ 816 milhões. As importações brasileiras provenientes da Turquia também registraram sua maior cifra em 2008 (US$ 337 milhões), resultando em superávit de US$ 478 milhões a favor do Brasil e em corrente de comércio bilateral de US$ 1,1 bilhão. No mesmo ano, a Turquia importou US$ 204 bilhões de todo o mundo, dos quais apenas 0,4% provenientes do Brasil, indicando enorme margem para a ampliação das exportações brasileiras para esse mercado.

MNOEL PEDRO LOUÇA
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 09 de maio de 2009.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
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Durante a nossa vida, aparecem uns cavalos selados. Tem vezes que aparece um só. Tem gente que monta e vai embora, tem gente que deixa passar, esperando outro, um melhor, quem sabe outro... Sorte indica casualidade e é muito usada para justificar frustrações quando não alcançamos nossas metas, dizendo que não fomos agraciados com ela ou, pior ainda, dizendo que aqueles que alcançaram seu intento o fizeram por “pura sorte”. Sorte não existe com essa conotação e o cavalo selado é uma boa metáfora para mostrar que quando estamos devidamente preparados, as oportunidades aparecem e temos que ser rápidos para percebê-las e aproveita-las, mas com certeza esse cavalo não é único e nem tampouco raro. O cavalo selado das boas oportunidades pode passar inúmeras vezes ao longo de nossa carreira profissional, porém é importante saber que sua passagem é proporcional ao nível de atenção que estamos dando ao nosso desenvolvimento. Só espere por sorte, oportunidade ou cavalo selado se você estiver trabalhando duro na construção de sua carreira. Você é o responsável por sua boa sorte. Manoel Pedro Louça é um exemplo vivo de quem soube preparar-se para o cavalo selado. Nasceu em 24 de outubro de 1956, almeidense, natural de Conceição do Almeida, localizada no Recôncavo Baiano. Conforme informações do IBGE em 2007 moravam 17.684 habitantes no município. Filho de Bernadete dos Santos Louça e Antonio Pedro Louça, têm ao todo 12 irmãos. Pedro afirma com um sorriso que pode ter o orgulho de ter dois pais, isso porque tem um pai biológico e o padrasto a quem sempre se refere como pai, com orgulho e respeito.
Pedro, o seu treinamento em capoeira é uma volta ás origens?
Na Bahia o pessoal joga capoeira, talvez com a mesma freqüência, como as pessoas residentes em Piracicaba praticam o futebol. É comum a reunião em qualquer espaço disponível para brincar, jogar a capoeira. Eu comecei a praticar a capoeira com 48 anos de idade, hoje eu tenho 53. Fiz apenas três anos de capoeira, mas ainda tenho força de vontade para voltar! É uma excelente atividade física, movimenta todo o corpo, ao som do berimbau a descontração é muito grande. A história da capoeira atingiu essa grandiosidade difundindo a cultura brasileira pelo mundo, graças á atuação de Mestre Pastinha (Vicente Ferreira Pastinha) e Mestre Bimba (Manoel dos Reis Machado).
Você é um apreciador da culinária baiana?
Trata-se de uma cozinha com tempero mais forte. Usa-se coentro, o azeite de dendê adicionado ao leite de coco é um laxante natural. Quem não está habituado deve tomar certo cuidado, o segredo para quem experimenta e gosta é consumir com moderação, até o organismo ir adaptando-se. A moqueca de peixe é um prato que utiliza azeite de dendê e leite de coco. O acarajé é outra delicia baiana. Existe uma variedade enorme de doces, aqueles que usam coco, milho, mandioca. Bolo de mandioca é muito bom. A tapioca é servida hoje em café da manhã até nos hotéis mais requintados da Bahia.

Em que ano você chegou a São Paulo?
Foi em 1959, eu estava com três anos de idade. Meu pai tinha a função de vigilante em uma indústria, o registro de sua carteira profissional denominava a atividade na época como guarda-noturno. Minha mãe trabalhava como doméstica. Quando chegamos á São Paulo fomos morar em uma casa na Rua Pinheiros. Depois mudamos para Vila Madalena, que ainda não tinha o glamour que tem hoje! Ali eu permaneci até meus oito anos de idade, cursei a Escola Brasílio Machado. Mudamos para o Bairro Ferreira, vizinho á Vila Sônia, nas proximidades dos bairros Caxingui, Morumbi, isso no tempo em que a Avenida Francisco Morato tinha o leito carroçável ainda sem calçamento, era terra nua. Quando nós passávamos pela ponte que cruzava o Rio Pinheiros víamos o pessoal pescando, onde hoje é o Shopping Eldorado não existia nada, era tudo mato! Estou no Estado de São Paulo há 50 anos, sendo que vivi 30 anos em São Paulo e há 20 anos estou em Piracicaba. Quando mudamos para esse bairro havia uma valeta onde corria o esgoto a céu aberto, existia um pedaço de tábua que usávamos como ponte para passar sobre essa valeta e chegarmos á nossa casa.
Aos oito anos de idade você já trabalhava?
Eu comecei a vender cocada na feira livre. Minha formação e tino comercial surgiram dali. Minha mãe como baiana fazia uma cocada muito boa, meu pai quebrava, descascava o coco. Eu mal sabia fazer troco, o próprio cliente fazia e ás vezes deixava até dinheiro a mais para mim. O dinheirinho que permitiu a compra de alguma coisa a mais para casa surgiu dessa atividade minha. Surgiu então á idéia de vender coxinhas, salgadinhos. Passei a ter além de vender a cocada em outro horário vendia os salgadinhos. No bairro onde morávamos existiam muitos terrenos baldios onde nascia abóbora, chuchu, eu colhia, colocava em um carrinho de pedreiro e colocando um pano na cabeceira da feira livre, fazia montinhos com unidades de chuchu, pedaços de abóbora e vendia. Na época de festas de São João eu vendia bombinhas, abastecia-me no Bairro de Pinheiros. Comprava uma caixa de fogos e vendia para a garotada, com uma taboa colocada no portão de casa, improvisei um balcão que ficava á altura do peito dos meninos. Com pouca idade já era um pequeno empreendedor, era á vontade e a necessidade de ter uma vida melhor. Tudo que eu ganhava eu guardava. Eu era muito econômico, gastava muito pouco.
Você também soltava fogos?
Eu era criança, tinha vontade, mas assim mesmo era econômico.
O menino que vendia bombinhas tinha apelido?
Tinha sim. Até hoje me surpreendo quando alguns parentes me chamam de Néquinha, uma corruptela de Manoel.
Em algum momento sentiu-se infortunado, injustiçado?
De jeito nenhum! Sinto-me um privilegiado e abençoado por Deus. Minha esposa chama-se Edna Giacomini Louça, temos três filhos, Marcelo, Sandra e Érica estão estudando em boas escolas. A Érica, que é a mais velha, pretende cursar Terapia Ocupacional. Minha vida é uma vida de realizações.
O fato de começar a trabalhar muito pequeno ainda, trouxe algum prejuízo á você?
Pelo contrário! Foi ali que eu aprendi que trabalhando eu poderia conquistar alguma coisa na minha vida. Eu não tinha nada, e através da venda de cocada, do salgadinho, carregando carrinho com abóbora, chuchu, eu obtinha os recursos que necessitava. Se hoje estou trabalhando no comércio, eu tenho um comércio de cópias, a Cópias & Cia., em Piracicaba, acredito que tudo é devido a minha formação. Trabalhar nunca me fez mal nenhum, nunca me senti uma criança triste, sempre sobrava um tempinho para brincar. Fui trabalhar com oito anos de idade, hoje isso seria considerado como exploração de menor. Ia para a escola e ao trabalho.

Você superou muitas barreiras?
Na época em que viemos para São Paulo havia muita discriminação. Imagine chegar á cidade, baiano, sem dinheiro, filho de negro! O meu pai Antonio Pedro é negro, a minha mãe é branca. Era um desafio. Havias as brincadeiras e muitas vezes para me sentir inserido ao grupo, fingia que não estava ouvindo. Mas foram acontecimentos que só serviram para me fortalecer. Hoje não sinto nenhum tipo de discriminação, nem preconceito, sinto-me muito a vontade. Piracicaba é maravilhosa. Quantas pessoas que assim como eu vieram de outras localidades e encontraram-se aqui.
Você professa alguma religião?
Sou católico. Procuro ir á igreja para agradecer mais do que pedir. Só tenho a agradecer, Deus já fez tudo para nós, dando-nos saúde, sabedoria. O resto nós temos que ir atrás. E agradecer. Cabe a nós decidirmos o nosso destino. Temos o livre arbítrio.
Trabalhando você conseguiu ainda continuar com os estudos?
Apesar da origem humilde meus pais sempre me dirigiram para os estudos. Com quatorze anos de idade além de freqüentar a escola publica fui aconselhado pelo meu pai a fazer um curso de datilografia que existia perto da minha casa.
Você fazia a feira, vendia bombinhas, ia para a escola e foi fazer um curso de datilografia, o tempo era suficiente para isso tudo?
E sobrava ainda! Tinha tempo para jogar “taco” na rua. É um jogo com um circulo em cada extremidade do espaço limitado pelos participantes, dentro desse circulo havia três pauzinhos formando uma pirâmide. O objetivo era derrubar esses três pauzinhos arremessando uma bolinha. Assim que eu terminei meu curso de datilografia fui tirar a minha carteira profissional. Voltando para a minha casa, um ponto antes do meu ponto de descida do ônibus, eu vi uma placa onde estava escrito: “Precisa-se menor”. Era uma fábrica de reatores para luminárias, a Helfont. Isso era na hora do almoço, eu estava com uma fome danada. Pensei, estou com uma carteira profissional, e tem uma placa anunciando que precisa de um menor. É meu isso aí! Desci no ponto onde deveria descer, fui até a minha casa, almocei. Almoçando e pensando naquela placa.
Você já sabia que não deveria fazer nenhum negócio com fome?
Eu acho que não passaria pela entrevista! Logo após o almoço, dei uma melhoradinha na minha roupa, alguma coisa me dizia que deveria estar apresentável. Dava para ir a pé, fui até a indústria, onde fizeram uma pequena entrevista comigo. Preenchi uma ficha e me contrataram. A resposta da empresa foi na hora. Na minha carteira foi colocada a função de Aprendiz de Apontamentos. Isso foi no dia 2 de janeiro de 1973.
Ao saber que tinha sido aprovado para a vaga, qual foi a sua reação?
Cheguei á minha casa, falei com a minha mãe e com o meu pai, ele trabalhava a noite e durante o dia ficava em casa. Disse-lhes que tinha conseguido a vaga, e dois ou três dias eu comecei a trabalhar. O que eu não sabia era que no primeiro eles iriam me colocar um macacão, usado, cheio de graxa, eu fui trabalhar no chão de fábrica mesmo. A minha função era varrer a parte de ferramentaria, limpar os tornos, fresas, plainas. Os cavacos produzidos pelos tornos e pelas plainas principalmente, saem enroladinhos. No processo de usinagem é utilizado o óleo de linhaça, o contato da mão com os cavacos produz cortes superficiais, o óleo de linhaça faz com esses cortes fiquem expressivos. Se alguém olhasse a minha mão veria os cortes superficiais com os pequenos riscos pretos marcados pelo óleo de linhaça. Eu não imaginava a importância daquilo na minha vida. Tornei-me projetista industrial por ter trabalhado no meio de torneiros, ferramenteiros, fresadores. Fazendo a limpeza de cada seção conversava com eles, conhecia as diversas funções de cada profissão. Até que um dia decidi que iria ser ferramenteiro. Os ferramenteiros ganhavam muito bem. Um deles, o Ortiz disse para que não me tornasse ferramenteiro. Ele mostrou a amputação de parte de um dedo, que ele tinha perdido em seu trabalho. O torneiro Alvacir foi quem me levou para a Escola Protec de São Paulo, na unidade que se situava na Avenida Liberdade, para fazer um curso de desenho mecânico. A Protec tinha unidades ainda na Rua Augusta, no Brooklin e na Rua Conde de São Joaquim. O meu chefe na Helfont chamava-se Gevair Salgado de Castro, um grande homem. Foi ele quem viu que eu tinha o curso de datilografia e me colocou para fazer apontamentos. Continuei varrendo a seção, mas já marcava hora por peças, por máquina, para efeito de calculo de custos das peças. Depois eu mesmo passei a calcular os custos. Aos poucos fui progredindo.
Como foi seu desempenho na escola Protec?
Primeiro fiz o curso de desenho e depois o de projetos de ferramentas. No primeiro dia de aula de projetos de ferramentas, o diretor entrou na sala de aula e disse para a classe que os melhores alunos seriam convidados para dar aulas na escola. No ultimo dia de aula eu fiquei sabendo que tinha sido aprovado com uma boa nota (Pedro tinha tido a melhor nota da turma), mas não havia sido convidado para ser assistente e ter a possibilidade de ser efetivado na escola. Senti-me injustiçado e fui reclamar os meus direitos na diretoria. O cargo não era remunerado, após três meses se fosse aprovado como assistente ganharia uma ajuda de custo. Talvez até para se livrarem da minha queixa, acabaram me colocando como assistente de um professor muito bravo, rigoroso, mas didaticamente um dos melhores professores. Ele fazia questão de ser bravo. Nós chamávamos a sala de Maracanãzinho, era uma sala 90 alunos. O assistente tinha que trabalhar muito, os alunos usavam pranchetas de desenho, o assistente circulava entre elas. O professor permanecia na frente da classe. No primeiro mês de aula esse professor adoeceu, havia falta de professores na época, a diretoria me convidou e eu assumi a sala. Como ninguém gostava do professor, os alunos eram meus amigos. Os alunos me ajudaram a dar aulas. Ao voltar já restabelecido o professor viu que a matéria estava em ordem, ele se transformou em um grande amigo meu, graças ao seu apoio eu fui efetivado nessa escola, onde ocupei todos os cargos até chegar a ser coordenador de ensino. Vim para Piracicaba abrindo uma filial.
Como seus pais viam a sua trajetória?
Com muito orgulho. Meu pai reside em Goiânia, dia 14 de maio ele fará 95 anos. Lúcido, saudável, não bebe, não fuma, dorme cedo e vive com um sorriso no rosto.
A unidade de Piracicaba surgiu como?
O Comendador Dr. Francesco Provenza era o dono da escola, italiano, muito exigente, muito bravo, de uma honestidade e competência singulares. É mais uma das pessoas que influenciaram muito a minha vida. Ele me conduziu, me moldou, ensinou. Quando disse que gostaria de abrir uma filial dele no interior de São Paulo, para beneficiar aos alunos do interior que tinham que viajar aos sábados para fazer o curso em São Paulo, ele me deu carta branca para abrir essa filial. A minha intenção era abrir em Limeira, porque lá havia muitas indústrias. Fui para lá, ao pegar a lista telefônica vi o nome: Piracicaba. Resolvi conhecer melhor Piracicaba. Fiquei hospedado no Hotel Beira Rio, á noite o barulho das águas do rio era gostoso. Acho que foi esse barulho que me convenceu a abrir a escola em Piracicaba. Isso foi em 1988. Abrimos no Sisal Center, depois abrimos na Rua Prudente de Moraes, 623.
Como surgiu um novo negócio para você?
Quando veio o auto-cad (desenho por computador) o desenho de prancheta, que era o meu forte começou a cair. Um desenhista de auto-cad substituía seis desenhistas de prancheta. A procura pelo curso diminuiu. Cheguei a trazer um engenheiro de São Paulo para dar o curso de auto-cad. O valor da mensalidade do curso era muito alto. Eu tinha na secretaria da escola uma maquina de cópias que era utilizada para confeccionar provas, material didático. O aluno pedia para tirar cópias, o professor pedia para tirar cópias, os vizinhos pediam para tirar cópias. Passei a cobrar pelas cópias, para não ter prejuízo. A partir do momento que passei a cobrar outras pessoas vieram. Um dia a maquina quebrou. Um cliente muito, mas muito bravo, me ofendeu um pouquinho porque a máquina estava quebrada. Fiquei muito triste, estragou meu dia. Esse cliente não voltou mais, eu até gostaria de encontrá-lo para agradecer. Graças á reclamação desse cliente, resolvi comprar uma outra máquina usada, ambas as máquinas eram Nashua. Com duas máquinas resolvi colocar uma placa na frente do prédio, com os dizeres “Xérox aqui”. E aí não parou mais!




quarta-feira, maio 06, 2009

Cuidado com os ladrões...
Cabralzinho, líder estudantil em Campina Grande, foi passear em Sobral, no Ceará. Chegou em dia de comício. No palanque, longos cabelos brancos ao vento, o deputado Crisanto Moreira da Rocha, competente orador da província :
- Ladrões !
A praça, apinhada de gente, levou o maior susto.
- Ladrões ! Ladrões, porque vocês roubaram meu coração !
Cabralzinho voltou para Campina Grande, candidatou-se a vereador. No primeiro comício, lembrou-se de Sobral e do golpe de oratório do deputado, fechou a cara, olhou para os ouvintes com ar furioso :
- Ladrões !
Ninguém se mexeu. Cabralzinho sabia que política em Campina Grande era briga de foice no escuro. Queria o impacto total.
- Cambada de ladrões !
Foi uma loucura. A multidão avançou sobre o palanque. Pedra, pau, sapatos. O rosto sangrando, acuado, Cabralzinho implorava :
- Espera que eu explico ! Espera que eu explico !
Explicou. Ao médico, no hospital.
A historinha é narrada por Sebastião Nery.



Número de rins
No Curso de Medicina, o professor dirige-se ao aluno e pergunta:

-Quantos rins nós temos?
-Quatro! Responde o aluno.
-Quatro? - Replica o professor, arrogante, daqueles que têm prazer em gozar sobre os erros dos alunos.
Traga um molho de feno, pois temos um asno na sala - ordena o professor ao seu auxiliar.
-E para mim um cafezinho! - Replicou o aluno ao auxiliar do mestre.
O professor ficou irado e expulsou o aluno da sala.
O aluno era, o humorista Aparício Torelly Aporelly (1895-1971).
Ao sair da sala, o aluno ainda teve a audácia de corrigir o furioso mestre:
- O senhor perguntou-me quantos rins 'nós temos'.
'Nós' temos quatro: dois meus e dois seus. Tenha um bom apetite e delicie-se com o feno.


terça-feira, maio 05, 2009

Provérbios da Era Digital

A pressa é inimiga da conexão

Para bom provedor uma senha basta

Não adianta chorar sobre arquivo deletado

Quem com vírus infecta, com vírus será infectado

Quem não tem banda larga, caça com modem

Quem nunca errou, que aperte a primeira tecla



Viva como se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se fosse viver para sempre.
(Mahatma Ghandi)


Operários acham garrafa com bilhete de 1944 em Auschwitz


Operários acham garrafa com bilhete de 1944 em Auschwitz
Mensagem foi escrita por jovens prisioneiros do campo de concentração nazista.
Operários que trabalhavam perto do local onde funcionou o campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, encontraram uma garrafa contendo um bilhete deixado por prisioneiros dos nazistas há quase 65 anos.
A garrafa estava escondida em uma parede de concreto no porão de uma escola abandonada que era usada como armazém pelos militares nazistas,a algumas centenas de metros de distância do campo de concentração.
Acredita-se que os militares tenham obrigado os prisioneiros a reforçar as paredes para também usar o local como abrigo antiaéreo.
Segundo um representante do Memorial e Museu de Auschwitz-Birkenau, a mensagem foi escrita a lápis em 9 de setembro de 1944. Nela, estão os nomes, as cidades-natais e os números de prisioneiro de sete detentos - seis poloneses e um francês.
"Todos têm idades entre 18 e 20 anos", diz a frase final do bilhete.
Escondida
"Os autores eram jovens que estavam tentando deixar algum rastro de sua existência", disse o porta-voz do museu.
Ele informou ainda que pelo menos dois deles sobreviveram à sua passagem pelo campo, mas não deu mais detalhes.
A mensagem deixada na garrafa teria sido escrita em um pedaço de saco de cimento.
Cerca de 1,1 milhão de pessoas morreram em Auschwitz sob o regime nazista.
A maioria delas era de judeus europeus, mas também havia poloneses não-judeus, ciganos e outros.

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