quarta-feira, junho 10, 2009

"Nem só de pão vive o homem.
Vive de pão e de crédito."
Machado de Assis
Vale a pena ler até o fim....
HISTÓRIA NÚMERO UM
Muitos anos atrás, Al Capone possuía virtualmente Chicago. Capone não era famoso por nenhum ato heróico. Ele era notório por empastar a cidade com tudo relativo a contrabando, bebida, prostituição e assassinatos. Capone tinha um advogado apelidado 'Easy Eddie'. Era o seu advogado por um excelente motivo. Eddie era muito bom! Na realidade, sua habilidade, manobrando no cipoal legal, manteve Al Capone fora da prisão por muito tempo. Para mostrar seu apreço, Capone lhe pagava muito bem. Não só o dinheiro era grande, como Eddie também tinha vantagens especiais. Por exemplo, ele e a família moravam em uma mansão protegida, com todas as conveniências possíveis. A propriedade era tão grande que ocupava um quarteirão inteiro em Chicago. Eddie vivia a vida da alta roda de Chicago, mostrando pouca preocupação com as atrocidades que ocorriam à sua volta. No entanto, Easy Eddie tinha um ponto fraco. Ele tinha um filho que amava afetuosamente. Eddie cuidava que seu jovem filho tivesse o melhor de tudo: roupas, carros e uma excelente educação. Nada era poupado. Preço não era objeção. E, apesar do seu envolvimento com o crime organizado, Eddie tentou lhe ensinar o que era certo e o que era errado. Eddie queria que seu filho se tornasse um homem melhor que ele. Mesmo assim, com toda a sua riqueza e influência, havia duas coisas que ele não podia dar ao filho: ele não podia transmitir-lhe um nome bom ou um bom exemplo. Um dia, o Easy Eddie chegou a uma decisão difícil. Easy Eddie tentou corrigir as injustiças de que tinhaparticipado. Ele decidiu que iria às autoridades e contaria a verdade sobre Al 'Scarface' Capone, limpando o seu nome manchado e oferecendo ao filho alguma semelhança de integridade. Para fazer isto, ele teria que testemunhar contra a quadrilha, e sabia que o preço seria muito alto. Ainda assim, ele testemunhou. Em um ano, a vida de Easy Eddie terminou em um tiroteio em uma rua de Chicago. Mas aos olhos dele, ele tinha dado ao filho o maior presente que poderia oferecer, ao maior preço que poderia pagar. A polícia recolheu em seus bolsos um rosário, um crucifixo, uma medalha religiosa e um poema, recortado de uma revista. O poema: 'O relógio de vida recebe corda apenas uma vez. E nenhum homem tem o poder de decidir quando os ponteiros pararão, se mais cedo ou mais tarde. Agora é o único tempo que você possui. Viva, ame e trabalhe com vontade. Não ponha nenhuma esperança no tempo, pois o relógio pode parar a qualquer momento.'

HISTÓRIA NÚMERO DOIS
A Segunda Guerra Mundial produziu muitos heróis. Um deles foi o Comandante Butch O'Hare. Ele era um piloto de caça, operando no porta-aviões Lexington, no Pacífico Sul. Um dia, o seu esquadrão foi enviado em uma missão. Quando já estavam voando, ele notou pelo medidor de combustívelque alguém tinha esquecido de encher os tanques. Ele não teria combustível suficiente para completar a missão e retornar ao navio. O líder do vôo o instruiu a voltar ao porta-aviões. Relutantemente, ele saiu da formação e iniciou a volta à frota. Quando estava voltando ao navio-mãe viu algo que fez seu sanguegelar: um esquadrão de aviões japoneses voava na direção da frotaamericana. Com os caças americanos afastados da frota, ela ficaria indefesaao ataque. Ele não podia alcançar seu esquadrão nem avisar a frota daaproximação do perigo. Havia apenas uma coisa a fazer. Ele teria que desviá-los da frota de alguma maneira. Afastando todos os pensamentos sobre a sua segurança pessoal, elemergulhou sobre a formação de aviões japoneses. Seus canhões de calibre 50, montados nas asas, disparavamenquanto ele atacava um surpreso avião inimigo e em seguida outro. Butch costurou dentro e fora da formação, agora rompida eincendiou tantos aviões quanto possível, até que sua muniçãofinalmente acabou. Ainda assim, ele continuou a agressão. Mergulhava na direção dos aviões, tentando destruir e danificartantos aviões inimigos quanto possível, tornando-os impróprios paravoar. Finalmente, o exasperado esquadrão japonês partiu em outradireção. Profundamente aliviado, Butch O'Hare e o seu avião danificado sedirigiram para o porta-aviões. Logo à sua chegada ele informou seus superiores sobre oacontecido. O filme da máquina fotográfica montada no avião contou ahistória com detalhes. Mostrou a extensão da ousadia de Butch em atacar o esquadrãojaponês para proteger a frota. Na realidade, ele tinha destruído cinco aeronaves inimigas. Isto ocorreu no dia 20 de fevereiro de 1942, e por aquela açãoButch se tornou o primeiro Ás da Marinha na 2ª Guerra Mundial, e oprimeiro Aviador Naval a receber a Medalha Congressional de Honra. No ano seguinte Butch morreu em combate aéreo com 29 anos deidade. Sua cidade natal não permitiria que a memória deste herói da2ª Guerra desaparecesse, e hoje, o Aeroporto O'Hare, o principal deChicago, tem esse nome em tributo à coragem deste grande homem. Assim, se porventura você passar no O'Hare International, pensenele e vá ao Museu comemorativo sobre Butch, visitando sua estátua ea Medalha de Honra. Fica situado entre os Terminais 1 e 2.
O que têm estas duas histórias de comum entre elas?
Butch O'Hare era o filho de Easy Eddie.
by Jayme

CANADÁ (Teleférico)




CONTROLE REMOTO DO HOMEM E DA MULHER (AMPLIE A IMAGEM)


NOZ NA FITA




terça-feira, junho 09, 2009

SERÁ QUE CHOVE?





CARTA À AMANTE DO MEU MARIDO
Cara sócia, há uns oito anos eu venho fingindo que não sei da sua existência. Claro, isso até agora foi bastante desagradável, mas ao mesmo tempo, muito conveniente pra mim.
Como você deve saber, meu marido sempre teve um excelente salário. Imagina, lógico que você sabe, afinal uma mulher bonita como você e com trinta anos só ficaria mesmo com um homem de cinquenta e sete anos desde os seus vinte e dois, por dinheiro. Afinal, convenhamos, ele é careca, barrigudo, chato, lerdo e caso você não saiba, não toma banho todos os dias. Isso sem falar que ele ronca como um urso e sofre de bronquite asmática crônica, o que faz com que ele produza sons ensurdecedores, principalmente à noite.
É óbvio que quando nos casamos, tudo era bem diferente.Ele era esbelto, tinha uma cabeleira invejável, não roncava, a bronquite ainda não existia porque ele não fumava quatro maços de cigarros por dia.
Peguei, portanto, o filé, você ficou com a muxiba.
Rentemente, encontrei uma carta sua no bolso do paletó dele, onde você dá um ultimato no infeliz. Ou eu ou ela! (a ela sou eu).
Bem que eu tenho notado que o pobre coitado tem estado nervoso, ansioso e desesperado. Imagina, se uma peça de museu como ele vai querer perder essa mamata de desfilar por aí com uma mulher como você?
Mas a boa notícia vem agora. Prepare-se, você vai se emocionar!
Eu resolvi facilitar as coisas para vocês. Hoje, pela manhã, pedi o divórcio.Aliás, não sei se você já sabe, agora no final da tarde ele me ligou desesperado contando que foi demitido. Coitadinho, não é mesmo?
Há, exatamente, oito anos ele era presidente daquela multinacional. E você sabia que ele foi demitido por justa causa?Menina nem te conto, aqui entre nós, meteu a mão no que não devia.Bem, mas você deve estar se perguntando por que eu não estou tão desesperada quanto você está agora.
É o seguinte, querida: algumas coisas bastante interessantes têm acontecido na minha vida nessas últimas semanas.
Primeiro, ganhei na mega-sena, sozinha, quarenta milhões!
Estava acumulada.Claro que quem foi receber esse dinheiro foi minha irmã, pessoa da minha mais alta confiança, para que o seu barrigudinho não tenha direito a um centavo sequer, e ele, obviamente, ainda não sabe disso.Mas não fique triste, nem tudo está perdido para vocês.Eu procurei me informar e descobri que você tem um empreguinho de secretária num escritório fajuto de advocacia, assim, poderá comprar o viagra de que ele tanto precisa.
Quanto a mim, cara sócia, já estou com um gatão de vinte oito anos que nunca viu um comprimido desses azuis, exatamente porque não precisa deles.Ah...ouvi dizer que tem uma farmácia que está fazendo promoção, os remédios em geral estão bastante em conta, depois mando o endereço certinho pra você.
Cara sócia, quer dizer, ex-sócia (uma vez que não dividimos mais o mesmo... homem) desejo, de coração, que vocês e até dou minha mão à palmatória que o amor venceu, o seu.
Afinal eu já não aguentava mais aquela praga vivendo ao meu lado, mas me acomodei por causa dos nossos filhos e também, porque boa ou ruim tínhamos uma história de anos.
Caso você não saiba, eu tenho quarenta e oito anos e ainda dou um excelente caldo, haja vista que o meu gato tem vinte e oito e nem imagina que eu ganhei na mega-sena, portanto não está comigo por dinheiro.Felicidades!
PS - Nunca esqueça de colocar gorro e meia no seu barrigudinho na hora de dormir. Ele cisma que assim tosse menos durante a noite. ( Pura ilusão! )
Recebido por e-mail
Autor desconhecido



PESCANDO








domingo, junho 07, 2009

AILTON MOREIRA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO : AILTON MOREIRA

Não é só aos jornalistas e produtores de um jornal que devemos agradecer pelo fato da informação chegar até nossa casa. Devemos agradecer a milhares de profissionais que trabalham na distribuição dessa informação. E quando tratamos de jornal impresso, estamos falando do jornaleiro. O dono de banca de jornal Hildon Fidélis da Silva, conhecido como Castelo, é deputado estadual de Alagoas. Apesar de ter conquistado apenas 354 votos nas eleições de 2006, Castelo (PTB) assumiu o mandato, na condição de primeiro suplente. Ele substituiu o deputado estadual Marcos Ferreira (PMN), afastado do mandato por decisão da Justiça.
Graciliano Ramos em um texto de 1915 diz a respeito dos jornaleiros: “
Parece que desconhece hierarquias e vaidades tolas, porque não empresta títulos a nenhum nome. Diz: "o partido do Pinheiro, discursos de Rui Barbosa, o governo do Nilo Peçanha". Fala sobre política, conhece o valor de nossos parlamentares, discute os principais episódios da conflagração européia, critica os atos do poder e emprega imoderadamente esses vistosos adjetivos que figuram nos cabeçalhos dos artigos importantes”. No dia 30 de setembro, os jornaleiros são lembrados, pois esse é seu dia. Os jornaleiros já contam com 151 anos de história na vida do país. O jornal “A Atualidade” consta como sendo o primeiro jornal a ser vendido avulso, no ano de 1858. Quem primeiro montou um ponto fixo foi Carmine Labanca, um imigrante italiano, na cidade do Rio de Janeiro. O sobrenome do imigrante se associou ao nome dos pontos-de-venda ("banca"). A regulamentação das bancas veio com o então prefeito da cidade de São Paulo, Jânio Quadros, em 1954. Ailton Moreira é hoje uma das personalidades mais conhecidas de Piracicaba, graças ao seu trabalho incansável, sua forma atenciosa de atender seus clientes, tratando a todos como se fosse o único cliente, não importando o volume de compras que o mesmo efetua. Isso fez com que a sua banca de revistas passasse a ser um ponto de encontro dominical.
O senhor é natural de Piracicaba?
Nasci em Londrina em 19 de março de 1950, filho de Jonevil Moreira e Isaura Rosa Moreira. Aos seis anos de idade mudei-me com meu avô Albertino Moreira para São Paulo. Ainda moleque trabalhei como engraxate, na cidade de São Paulo. Trabalhei em uma pequena loja dentro da Galeria Pagé, no centro de São Paulo, fazia o serviço de atendimento no balcão. Na ocasião a Galeria Pagé tinha apenas o mezanino, não havia ainda o edifício que há hoje. Na época morava na Vila Granada, Zona Leste. Em 1964 trabalhei no Correio situado na Avenida São João, entrei como estafeta, entregava cartas no centro de São Paulo. Logo passei a entregar telegramas.
Algum telegrama o marcou bastante?
Foi um telegrama que entreguei na casa do artista Demetrius (N.J.: O artista Demetrius Gravou Rock Do Saci, O Amor Que Perdi, O Ritmo da Chuva, a música Não Presto Mas Te Amo, Esta Tarde Vi Chover, Ei, Meu Pai, Nas Voltas do Mundo, Encontro, O Menino e o Pião, Esta Tarde Vi Chover e outras músicas). Ele morava no Cambuci. Eu cheguei à casa dele, fui atendido pela sua mulher, uma loira muito bonita, na ocasião parece que eles estavam tendo algum atrito, ela queria saber o teor do telegrama. Ao que consta eles acabaram separando-se. Nunca mais ouvi falar do Demetrius. Isso foi na época da Jovem Guarda. Uma das vezes fui fazer entrega de telegramas, próximo a fábrica da Antártica, nas proximidades da Mooca, era uma região que alagava muito rapidamente. Começou um pé d água, tive que manter a sacola acima da cabeça, era uma sacola a prova de água. Imaginei que iria morrer ali.
E as gorjetas?
No meio do ano ganhava pouco, mas no final de ano muitas vezes tinha que deixar em algum lugar conhecido para depois ir buscar, tal era o volume de presentes.
Era comum usar uniforme?
Usava um uniforme da cor caqui e um quepe com o emblema do correio. Usava bota ou coturno. Havia refeitório no próprio correio. Eu tinha uns catorze ou quinze anos.
Do Correio o senhor foi trabalhar onde?
Fui trabalhar na Avon Cosméticos. Ficava na Avenida João Dias, no bairro Santo Amaro, em Jurubatuba, na cidade de São Paulo. No começo eu entrei como ajudante de cozinha, função que exerci por um ano e meio, nós servíamos setecentas refeições por dia. Fui promovido para o departamento e vendas, fui trabalhar no arquivo morto da Avon. Era um serviço duro. Era uma enormidade de prateleiras, com escadas, a função era a de procurar documentos. Era muito bem organizado. Hoje o sistema é muito mais avançado, mas na época era extremamente trabalhoso. Era papel! Muitas vezes permanecia na escada procurando por um período de quarenta minutos, uma hora. Mas achava o documento! Com o tempo passei a trabalhar fora do arquivo morto Nesse período houve uma fase de corte de funcionários. Eu e meu supervisor fomos cortados.
Não demorou uns vinte dias ele entrou em contato com a minha família pedindo para que eu fosse fazer uma entrevista na Editora Abril, na Rua do Cortume. Cheguei lá e deparei-me com uma empresa enorme. Quem havia feito a minha indicação foi o meu ex-supervisor na Avon Ele tinha “mexido os pauzinhos”, preenchi uma ficha e passei a trabalhar na Editora Abril. Fui designado para trabalhar para a Rua Antonio de Barros, no Tatuapé, ficava a vinte minutos de casa. Iniciei trabalhando como auxiliar de estoque. Trabalhávamos em duas pessoas: o estoquista e eu! Os caminhões eram descarregados com empilhadeiras. Eu iniciei o meu período de trabalho das seis da tarde até as seis horas da manhã. Eu deveria ter uns dezenove anos de idade na época. Foi trabalhando lá que me casei. A minha esposa trabalhava no Unibanco situado próximo á Galeria Prestes Maia. Nós nos conhecemos na igreja que freqüentávamos.
Por quanto tempo o senhor trabalhou como estoquista?
Após três meses passei a ser estoquista.
Quantos títulos vinham diariamente?
Na época de trinta a quarenta. Hoje são muito mais.
O senhor chegou a ser promovido para promotor na Editora Abril?
Fui promovido para Promotor Brasil. Lembro-me até hoje do supervisor Milton Feliciano da Costa, tenho um grande desejo de rever esse homem, sei que ele está tocando uma distribuidora no Rio Grande do Sul. Milton Feliciano ao que consta está em Porto Alegre è uma pessoa carismática, ele tinha um grande apreço por mim. Após um período de treinamento interno passei a viajar por um período de três meses com um treinee. Na época eram feitos relatórios diários, escritos em máquina de escrever portátil, fazia parte da bagagem de viagem.
Para onde foi a primeira viagem?
Naquela época a Abril não permitia que um funcionário dela hospedasse ou se alimentasse em locais que não fossem de primeira categoria, isso para preservar a imagem da empresa. Saímos de São Paulo, fomos a Campinas, Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Araçatuba, Presidente Prudente, Santo Anastácio, Presidente Bernardes, Bataguassu. Foram vinte e cinco dias de viagem. Resolvíamos todas as pendências, montagem de uma distribuidora, pagamentos atrasados.
Como as publicações chegavam á essas localidades?
Eram transportadas por ônibus, caminhões fretados ou veículos da própria Editora Abril.
O senhor passou a trabalhar viajando sozinho para a Editora Abril?
No início eu estava muito satisfeito, tinha carro da empresa a minha disposição por período integral, com todas as despesas pagas, tinha um bom salário, era enfim um bom emprego. Com o passar do tempo, nasceram meus filhos, e percebi então o quanto estava afastado da minha família, chegava a passar um mês viajando. Cheguei a ficar sessenta e cinco dias fora de casa, viajando pela empresa. Essa vida foi me cansando. Assim mesmo permaneci por mais dois anos viajando. Comecei a pressionar o Milton.
O senhor conheceu Victor Civita?
Eu o vi uma única vez. Ele não morava no Brasil. Era uma pessoa simpática, alto, meio calvo, muito comunicativo. Conheci mais o Mauricio Cardoso. Conheci também o Mino Carta, primeiro diretor de redação da Veja. Nessa época conheci o Bruno Gianetti, aqui em Piracicaba, a agencia que ficava embaixo da Rádio Difusora era do Balacin, que era o distribuidor, depois quem tocou a distribuidora foi o Toninho Gianetti, irmão do Bruno. O Bruno montou uma loja ao lado da Galeria Gianetti, eu que o auxiliei na aquisição do local, nessa época eu ainda estava na Editora Abril. Nesse período eu pedi a conta na Editora, minha vida era de cigano! Mandei currículo para outras firmas e recebi convite da Kibon, da Souza Cruz, mas era também para viajar. Certo dia fui fazer uns acertos na Editora Abril, quando uns amigos me disseram que o Bruno Gianetti precisava de um gerente para tocar a loja e ajudar na distribuidora. A distribuidora ficava na Prudente de Moraes passando a Armando Salles, em um casarão antigo.
O senhor permaneceu trabalhando na Agencia XV de Jornais e Revistas até que ano?
Eu pedi demissão ao Bruno Gianetti. Abri a minha loja na Rangel Pestana em 1981. Sofri para montar aquilo. Ia para São Paulo, trazia revistas. Ia de ônibus, chegava á noite, ficava até a meia noite na casa de um parente e ia até o Barroco, ao Farah, ao Galvão, trazia revistas para dar seqüência aqueles colecionadores que aguardavam seus exeemplares. Tenho clientes que já trazem seus netos até a minha banca. Um grande amigo que me incentivou muito foi Gregório Marchiori. Outro foi o José Roberto Cera. Paulo Polleti. Paulo Bassetti. Edson Rontani. Se eu começar a citar nomes terei que fazer uma lista enorme.
Em suas viagens á Piracicaba, ainda funcionário da Editora Abril, em qual hotel o senhor se hospedava?
Eu me hospedava no Hotel Central. Até hoje não me conformo com a demolição daquele monumento histórico. Era muito bonito, não era para ser destruído nunca.
O senhor chegou á Piracicaba em que ano?
Foi em março de 1976.
Uma banca de jornal e revistas tem um aspecto muito importante que é o período de validade da publicação?
Isso eu tenho facilidade em administrar. Apesar das inúmeras publicações, há uma forma de controlar corretamente. Poucas pessoas sabem, mas Piracicaba já teve sessenta bancas de revistas! Hoje existem umas quarenta e poucas bancas.
O senhor teve que retirar revistas que estavam sendo vendidas na sua banca?
Tive que retirar revistas por diversas vezes, principalmente ás consideradas de conteúdo pornográfico.
O senhor lembra-se da época em que diversas bancas de jornal e revistas, sofriam explosões?
Lembro-me sim! Isso ocorreu mais em São Paulo. Foi obra de terroristas, foi terrível para São Paulo.
Lembra-se da revista Realidade?
Era uma das revistas mais vendidas. Na área esotérica existem revistas que se perpetuaram até hoje.
Pato Donald ainda é um campeão de vendas?
Pato Donald, Tio Patinhas, Cebolinha Mônica, são revistas que devem continuar por muitos anos.
Como era a venda do jornal Notícias Populares?
Era um dos jornais que mais vendia. Jamais pensei que Notícias Populares e Gazeta Esportiva iriam serem descontinuadas.
A revista Sétimo Céu era boa de venda?
Foi uma das revistas que vendia muito.
A revista Senhor?
É uma revista mais para executivos, tem pouca tiragem, mas mantém um excelente nível.
Qual é o público consumidor de revistas eróticas?
É o público adulto, mais senhores do que jovens. A revista G Magazine é uma revista dirigida para o público gay masculino, mas ela traz artistas conhecidos, e quem compra muito essa revista é o público feminino! Quando sai jogadores, artistas famosos, as mulheres compram essas revistas de forma compulsiva.
Mulher compra a revista Playboy?
Compra! Já vi diversas vezes elas passarem pelo caixa com várias revistas, sendo que a Playboy passa pelo caixa discretamente.
Há ainda certa reserva por parte do comprador de revistas relativas a sexo?
Existem clientes que são extremamente discretos quanto á preferência sua preferência pessoal. Alguns até permanecem por determinado tempo, quando então estão sozinhos na banca sentem-se mais a vontade, adquirem o material de leitura, passam pelo caixa e retiram-se com o material pretendido.
Há venda de livros em bancas?
Livros e DVD são produtos de boa comercialização.






sexta-feira, junho 05, 2009

"Tour" penal francês

Partirá de Lille o primeiro "tour" de bicicleta de prisioneiros franceses.
Escoltados por 124 guardas e acompanhados por educadores físicos, 194 prisioneiros franceses percorrerão aproximadamente 2.400 km até Paris.
O objetivo da corrida é mostrar aos presos a importância do trabalho em equipe e da auto-estima.

terça-feira, junho 02, 2009

Sidney Aldo Granato



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 30 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/ ENTREVISTADO : SIDNEY ALDO GRANATO


Sidney Aldo Granato é um dos mais antigos, constantes e versáteis colaboradores do Lar dos Velhinhos de Piracicaba. Tem contribuído por mais de 20 anos como procurador, advogado, presidente do Conselho, tesoureiro e secretário da diretoria. Sidney é carismático, transmite uma energia contagiante. Fiel a sua origem, cultiva hábitos simples. Extremamente discreto, colabora de forma totalmente anônima em benefício daqueles que são verdadeiramente necessitados. Nascido a quatro de agosto de 1941 em Piracicaba, no bairro da Paulista, á Rua Dr. João Conceição, sendo que viveu a boa parte de sua vida na casa de número 696 da mesma rua. Casado com Antonia Dirce Pandolfo Granato.
Como se chamavam os pais do senhor?
Meu pai se chamava Demétrio Granato e minha mãe Josefa Domingues Granato. Somos cinco irmãos, quatro homens e uma mulher. Meu pai era ferroviário da Companhia Paulista de Estadas de Ferro, seu cargo era de auxiliar de manutenção de locomotivas. Isso no tempo da locomotiva a vapor.
O senhor chegou a conhecer a locomotiva a vapor?
Eu brinquei na locomotiva a vapor! A nossa maior festa era subir na locomotiva, ver onde tinha o tanque de água, o local onde se colocava a lenha, abria a fornalha. Existia um dispositivo circular, com um trilho que ficava exatamente no nível da linha férrea, era o viradouro. (N.J. Era conhecido também como rotunda). A função era de virar a locomotiva a vapor, colocando-a no sentido contrario ao que tinha chegado à estação, esse trabalho era manual, esse dispositivo ficava na direção do embarcadouro de gado.
Quando o senhor iniciou os seus estudos?
Naquela época aos sete anos de idade era possível ir ao grupo escolar, foi com essa idade que eu fui estudar no Grupo Escolar João Conceição, situado ao lado da Igreja dos Frades, na Rua Alferes José Caetano, o prédio existe até hoje. Onde existe uma construção com três andares, havia um salãozinho onde eram passados filmes para a criançada, era promovido pela igreja. Assisti a um filme, onde o bandido tinha dado um tiro, aquilo me marcou tanto que meus irmãos tiveram que realizar um grande esforço para que eu voltasse a assistir outro filme novamente.
Lembra-se da “Missa do Galo”?
Era a missa da meia noite. (N.J: Tradicionalmente, a missa celebrada na véspera do Natal é denominada Missa do Galo, que deve acontecer a meia-noite do dia 24 de dezembro). Depois que saíamos da missa é que nos fartávamos de comer.
O senhor guarda muitas lembranças da Paulista?
Eu nasci ali, vivi ali, hoje estou um pouco mais afastado, estou no Jaraguá, mas continuo vivendo na Paulista. É bom que se diga uma coisa: oficialmente não existe o bairro da Paulista! Dizia-se que era a Vila Dr. João Conceição e mais tarde, dizia-se que era a Vila Nazareth. Paulista mesmo, oficialmente não existe. O nome deve ter a sua origem com a estação que era ali. Quem manda é o povo. É o povo quem diz. Então a Paulista existe! No conhecimento popular a Paulista era da Avenida Dr. Paulo de Moraes adiante, sentido bairro. É bom que se diga que a Avenida Dr. Paulo de Moraes não descia no sentido da ponte, ela era interrompida na Rua do Rosário. Ali tinha os barracões que eram os depósitos de café da Chácara Nazareth, ficava exatamente onde hoje passa a Avenida Dr. Paulo de Moraes. Eu ia lá, nesses barracões, onde era a sede do Jaraguá Futebol Clube, havia algumas mesas, uniformes, taças. Isso foi nos anos 50.
Onde hoje existe um posto Petrobras, já havia um posto de gasolina?
Era o posto construído pelo Joane Cantagalo. Ele tinha uma fábrica de vassouras chamada Cantagalo, que tinha um galo desenhado como logotipo.
Onde era a Alvarco como era na época?
Era um pasto só, com uma casinha de tábua, lá funcionava uma carvoaria de propriedade de Joel dos Santos, eu brincava com os filhos dele. Havia o embarcadouro da Paulista. Após o embarcadouro havia um fim de linha, reforçado. Subindo ali, conseguíamos ver o Rio Piracicaba.
A Serraria do Galesi o senhor conheceu?
Antes da serraria do Galesi, existiu ali uma fábrica de carretel. Lá eram feitos carretéis, a madeira utilizada era o guatambu, que mais tarde foi utilizada para fazer tamancos de madeira, o Heitor de Melo também conhecido como Pé de Ferro trabalhou nessa fábrica de carretel. Na Avenida Dr. João Conceição havia uma casa, que chamávamos de casarão, essa construção interrompia metade da rua. Por ser rua de terra, quando chovia o trânsito era quase impossível. Para passarmos, íamos dependurados na cerca da Estrada de Ferro Paulista. Pisávamos no arame, para não pisar no barro. Mais tarde a cerca foi feita com umas pranchas de peroba, isso tirou o nosso privilégio. Logo depois o casarão foi demolido. Ele ficava na esquina com a Brasílio Machado.
Existe um barracão na Avenida Dr. João Conceição, que hoje está sendo reformado?
Ali funcionava uma fundição. Até algum tempo conseguíamos ver escrito na parede: A. Langriney. Era o nome da empresa. Segundo o que se dizia na época, foi utilizado sal na massa do reboco, era muito comum vermos cabras lambendo os tijolos e o reboco!
Ao lado, na Rua Sud Mennucci havia uma escolinha?
Essa escolinha era de responsabilidade da Companhia Paulista. A propriedade era do sindicato dos trabalhadores da companhia. Lembro-me de uma senhora que morava ali, Dona Noca, era uma pessoa fabulosa.
Qual era o cargo exercido pelo pai do senhor na Companhia Paulista?
Ele trabalhava na manutenção de locomotivas, as locomotivas eram alimentadas a lenha. Elas carregavam uma quantidade de lenha na parte posterior, a pessoa que conduzia a locomotiva era o maquinista, outra pessoa era o foguista, que alimentava a locomotiva com lenha. A locomotiva ia até Nova Odessa, em Nova Odessa já era eletrificada. Em seu retorno a Piracicaba era feita á descarga das cinzas e do carvão que ficava na caldeira, perto do viradouro tinha uma construção reforçada, eram duas paredes em forma de “V”, ali era feita sob pressão a descarga dos resíduos que ficavam na caldeira da locomotiva. Lamentavelmente meu pai estava passando de lado da locomotiva quando ocorreu á descarga, ele teve o braço esquerdo totalmente queimado. Sabe com o que nós tratávamos: com arnica e azeite. Ás vezes com pomada Beladona.
Qual foi a primeira linha de ônibus de Piracicaba?
Era o ônibus circular. Subia pela Rua Boa Morte, vinha até a Rua José Ferraz de Carvalho, seguia até o início da Avenida Independência, que na época era uma pista só e de terra. Ia até a Rua XV de Novembro, descia pela Rua XV, e voltava no abrigo. Mais tarde passou a ter duas linhas, uma fazia o mesmo percurso no sentindo inverso. Não havia mão de direção. Todas as ruas eram utilizadas em ambas as direções, não havia mão única. Os primeiros ônibus eram as jardineiras, com os motores sobressaindo na frente. Mais tarde vieram os outros ônibus, que nós chamávamos de Gilda, era o “Girdão”! Era o ônibus cara chata, não havia o motor exposto. Era comum a molecada perguntar para quem ia tomar o ônibus: “-Vai tomar o Girdão?”.
O senhor utilizava o bonde como meio de transporte?
Eu morava no número 696, vizinho ao Lagostim, ficávamos aguardando o bonde, quando ele ia até a garagem que se situava logo abaixo da Rua Benjamin Constant, na Avenida Dr. Paulo de Moraes, ao lado de onde foi o destacamento do Corpo de Bombeiros. Quando o bonde ia nessa direção, saíamos de casa, íamos até a Rua do Rosário e dava tempo de apanhar o bonde que voltava do seu ponto final. Com o tempo passamos a fazer uma esperteza, atravessávamos o terreno da Estrada de Ferro Paulista. Havia um guarda que tinha a função de impedir a passagem de pedestres pelas linhas. Enganávamos o guarda, enquanto um pulava e ele ia atrás, outro pulava de outro lado, e assim o deixávamos atrapalhado, com isso todos atravessavam. Isso no tempo que usávamos calças curtas!
Onde era o ponto final do bonde da Paulista no centro?
Ele parava na Rua XV de Novembro com a Rua Boa Morte. Ali tinha um cartório. Em frente havia a sorveteria “A Soberana”. Lembro-me quando foi construído o abrigo de ônibus atrás da Catedral, (N.J.: Hoje tombado como patrimônio da cidade.), nós íamos brincar nas obras desse abrigo. O bonde que vinha da agronomia parava em frente a Farmácia do Mattos, mais tarde foi a Droga XV. Atravessando a Rua XV de Novembro, uns 50 metros adiante havia a Farmácia do Tico, ela tinha uma marquise onde nos protegíamos do sol enquanto esperávamos o bonde que ia para a Vila Rezende. Ao lado da Farmácia do Tico havia um imóvel simples, ao lado desse imóvel havia um terreno vazio. Nesse imóvel funcionou a Escola do Sesc.
As crianças na época engraxavam a linha do bonde, como travessura?
Na Dr. Paulo de Moraes, no trecho entre a Rua Governador Pedro de Toledo e a Rua Benjamin Constant, nós colocávamos palito de fósforo na linha do bonde, púnhamos uma fileira de palitos. Como a roda era de ferro no impacto com o palito produzia um estouro, assustando o pessoal que estava no bonde. Outras vezes nós passávamos sabão na linha do bonde, o bonde tinha um depósito de areia, quando o trilho estava muito escorregadio ele soltava um pouquinho de areia.
Qual era o nome da primeira professora do senhor?
Dona Maria Baiana. Muito brava, dizem que ela não gostava que a chamassem por Maria Baiana, parece-me que o nome dela era Bahena. Mas como ela era muito brava, brava mesmo, nós a chamávamos de Baiana. A diretora da escola era Dona Domitila, a minha professora do segundo ano era Dona Estela, o meu professor do quarto ano chamava-se Pedro Negri, por sinal sou colega do seu filho Dr. Pedro Negri. Pelo fato de eu nunca ter repetido o ano, eu não podia prosseguir meus estudos por não ter idade suficiente, a única escola que me aceitou foi o Senai. Na época o Senai ficava na Rua Dr. Otávio Teixeira Mendes, eram prédios antigos, existe uma casa antiga na esquina (em frente á Escola de Musica), que é ainda daquele tempo. Passei a fazer tornearia mecânica de onde fui transferido para a marcenaria. É muito bonito pegar a madeira bruta, e construir algo. Formei-me em marcenaria em 1957, foi á primeira turma que se formou no prédio novo, que existe atualmente. O meu número durante o curso era G 56, G de Granato. É interessante observar que a planta de marcenaria era feita na escala natural, ou seja, 1:1, o tamanho da planta é o mesmo do objeto a ser construído.
Do Senai o senhor foi estudar onde?
Fui para a Escola Industrial estudar desenho mecânico, foi um curso de quatro anos de duração, tive um professor excelente, o Professor Olavo Ferreira da Silva.
O senhor conheceu Danilo Sancinetti?
Viajamos muito com a Banda Marcial. Ele era um grande amigo. Eu tocava trombone na Fanfarra do Industrial. O uniforme era muito bonito. Quando fomos á São Paulo, passamos uma vergonha tremenda, porque até então o uniforme era uma roupinha branca com um quepezinho azul. Ao chegarmos a São Paulo vimos todas aquelas fanfarras e bandas marciais com aqueles uniformes lindos. Retornando para Piracicaba começamos a trabalhar para fazer um uniforme bonito. O Danilo foi um grande incentivador da Banda Marcial, ele era de Jaú, estive lá. Piracicaba deve muito a Danilo Sancinetti.
Como o senhor conheceu a sua esposa?
Na minha época de mocidade nós quadrávamos o jardim, eram quatro quadras. A primeira quadra virava no sentido da Rua São José para a Rua Moraes Barros, seguia para a Rua Governador, prosseguíamos no sentido da São José onde fechávamos a quadra. Virava outra quadra junto no sentido contrário. Na parte interna do jardim virava uma outra quadra no mesmo sentido dessa primeira. A maior delas, a primeira quadra era de pessoas mais simples. A quadra interna era das pessoas de classe média, e a mais fechada, situada internamente, era a classe dos mais abastados. Não adiantávamos ficar olhando para as mocinhas da quadra interna porque elas nem tomavam conhecimento da gente.
Já havia uma pré-seleção?
Quanto a isso não havia nenhuma dúvida!
E os negros?
Os negros não podiam quadrar jardim. Não que houvesse uma proibição, eles se separavam mesmo. Eles caminhavam pela calçada onde havia a Brasserie, do Banco do Brasil até a esquina da Tabacaria Tupã e de lá até a Rua Governador Eles faziam um “L” que ia e voltava. Eles não quadravam. Com o tempo a Rua Moraes Barros tornou-se um lugar mais luxuoso, havia o Café Haiti que tinha uma freqüência mais selecionada. Nós tomávamos chopp no Bar do Tanaka, na Rua São José. Eu não ia comprar nada na feira, mas ia para encontrar os amigos, ver o movimento, passear. A primeira vez que vi a minha esposa vi na feira que existia na Paulista, na ocasião ela estava carregando um seu sobrinho. Vi aquela mocinha, nossos olhares se cruzaram, era comum quando você visse alguém em algum lugar que você cruzasse o olhar encontravam-se no jardim. Isso era matemático. Em qualquer ponto da cidade que um moço visse uma moça e trocassem aquele primeiro olhar poderia ter a certeza de que no sábado ou no domingo se encontrariam no jardim.
O senhor trabalhou na Esalq?
Fui funcionário admitido através de concurso, trabalhei na Esalq por cinco anos.
O senhor lembra-se de alguma peça que o senhor tenha fabricado nesse período?
Lembro-me, um professor de Entomologia queria fazer um arquivo para insetos, ele pediu três armários com sessenta gavetas cada um, essa gavetas tinham 60 milímetros de altura, a tampa era de vidro. Fiz com cedro, o professor elogiou. Com certeza se você procurar na Esalq irá encontrar essas peças.
Em que ano o senhor casou-se?
Casei-me em 1969 na Igreja dos Frades, celebrado pelo Monsenhor Juliani.
Em que ano o senhor iniciou a faculdade de direito?
Fiz o curso de 1971 a 1975. Sou da terceira turma da faculdade de direito da Unimep.

sábado, maio 23, 2009















WILSON ROBERTO TIETZ



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado, 23 de maio de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO : WILSON ROBERTO TIETZ


O memorável jornalista Geraldo Nunes, já falecido, trabalhou por muitos anos no Jornal de Piracicaba. Um empresário de Piracicaba, também já falecido, estava comemorando o seu aniversário em uma chácara e resolveu convidar Geraldo Nunes para o almoço festivo, isso foi em um sábado. Após encerrar suas obrigações junto ao jornal, o jornalista estendeu o convite a um jovem recém-admitido para também ir á festa. Outras duas pessoas juntaram-se, formando um grupo de quatro convidados para o almoço. Na época Geraldo Nunes tinha uma Caravan, a estrada ainda era de terra. Ao chegarem à porta de entrada da chácara avistaram a maior festança. Por um ato de rebeldia a Caravan resolveu encalhar. Imediatamente os convidados deixaram á festa e foram resgatar o veículo, sem permitir que seus ocupantes descessem. Uma demonstração de extrema cortesia. Com tantas mãos empurrando, logo o automóvel estava em seu leito natural. O jovem jornalista olhou com profundo respeito para Geraldo Nunes e soltou: “-Puxa Seu Geraldo! Eu não sabia que o senhor é uma pessoa tão importante!” Do alto da sua experiência e sabedoria Geraldo respondeu: “-O Jornal de Piracicaba é importante! No dia em que eu não trabalhar mais no jornal e estiver andando a pé, pode ser que qualquer uma dessas pessoas nem me ofereça carona.”. O jovem jornalista se calou. E nunca mais se esqueceu dessa história. O nome desse jovem jornalista é Wilson Tietz. Hoje ele acumula uma longa folha de serviços prestados, vereador eleito em cinco eleições consecutivas exerceu os cinco mandatos na Câmara de Charqueda, em um período de 22 anos. Atualmente é vice-prefeito de Charqueda, Presidente do Conselho de Curadores da FUMEP - Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba, Gerente Comercial do Jornal de Piracicaba onde começou a trabalhar no dia 10 de outubro de 1978.

Como a família Tietz foi para a região de Charqueada?
A família Tietz estabeleceu-se na região abrangente pelo hoje município de Charqueada, isso foi em 1885. Naquela época os imigrantes ao adquirir um terreno consideravam a água existente no local como fator decisivo para a compra. As casas eram construídas próximas á bica de água, onde houvesse uma nascente. Eles entendiam que havendo água em abundancia o resto eles iriam conseguir. Formava-se uma horta, plantavam frutas, faziam vinho. Havia a cultura de subsistência, plantava-se arroz, feijão milho. O meu bisavô, Júlio Tietz foi o patriarca da família Tietz, o primeiro a vir para o Brasil, a minha bisavó é da família Bombazaro, cujo patriarca chamava-se Jacob Bombazaro, Vieram em uma colonização, deixaram a Europa, onde havia uma crise muito acentuada. Na região de Campinas, em Helvécia, Julio e Jacob conheceram-se, permaneceram por algum tempo, e logo em seguida houve a oportunidade de comprarem uma área de terras no Córrego da Onça. A família Bombazaro adquiriu uma parte e a família Tietz adquiriu outra parte.
Que língua eles falavam?
O Júlio falava alemão. Os Bombazaro eram de origem italiana, em pouco tempo passaram a se entenderem. Moravam próximos, compartilhavam a mina de água, que existe até hoje. No acordo da compra do sítio ficou determinado que mesmo situando-se no sítio dos Tietz os Bombazaro tinham a cessão de uso dessa mina, fato que serviu para a aproximação das duas famílias.
As casas em que moravam eram construídas por eles mesmos?
Seu Júlio era carpinteiro, tinha uma facilidade muito grande em lapidar a madeira. A base para as estruturas das casas era feita com pedras, lavravam a madeira que podia ser cabriúva, araruva. A peroba e o jequitibá eram mais utilizados para fazer as janelas, o acabamento da casa. Os troncos tinham a base maior, arredondado, assim como era encontrado na natureza, essa parte ficava junto ao solo, era então feito um patamar e lavrando a madeira deixavam as suas paredes em forma de vigota com quatro faces semelhantes entre si. As casas eram construídas sem nenhum prego, nem arame, todo o travamento era feito através de encaixes, com um formão realizavam um corte de tal forma que a madeira ao se encaixar já ficava travada. As casas eram feitas de barrote, as paredes utilizavam em sua parte interior o bambu. No ponto em que o tronco deixava a sua forma arredondada para ter cantos retos, era encaixado o madeiramento do assoalho, sempre acima do solo, uma forma de proteção contra a ação de agentes naturais e climáticos.
Qual é o nome dos seus pais?
Sou filho de Antonio Tietz e Geni Balarim Tietz, nasci em 3 de janeiro de 1960. O meu pai trabalhava no Departamento de Estradas de Rodagem. Era uma pessoa que lia muito jornal, ouvinte da Hora do Brasil. Talvez seja um habito adquirido por hereditariedade, Rodolpho Tietz, filho de Júlio Tietz, recebia uma vez por mês o exemplar de um jornal alemão, esse jornal vinha em navio e depois era trazido pelo trem até a estação de Paraisolândia. (N.J. A estação de Paraizo foi inaugurada em 1888, por volta de1940, teve o nome alterado para Paraisolândia). Após retirar o jornal, Rodolpho Tietz reunia-se com as pessoas moradoras no sítio, sentava-se em um tronco de cabriúva, que era uma tora, denominada por eles de banco, ele lia as notícias trazidas pelo jornal alemão.
Houve muitos casamentos entre os membros das famílias Bombazaro e Tietz?
A família Tietz teve muitos filhos homens, e formam uma geração grande, a famlia Bombazaro teve mais mulheres como descendentes, com isso o sobrenome Bombazaro é visto em menor número de pessoas, em decorrência da tradição de prevalecer o sobrenome do pai. A família Tietz é enorme. Houve muitos casamentos entre Bombazaro e Tietz.
Em que escola você iniciou seus estudos?
Estudei na Escola Mista do Bairro Córrego da Onça. É interessante observar que essa escola surgiu quando Rodolpho Tietz cedeu metade de sua casa para ser escola, sem ônus algum para a localidade. Mais tarde, seu filho João Semmler Tietz doou o terreno para a construção de uma nova escola. Ali estudei até o quarto ano, em seguida fiz o ginásio e o colegial em Charqueada, na Escola Estadual Benedito Dutra Teixeira.
Como se deu o seu ingresso na faculdade?
É uma história interessante! Pelo fato do meu pai ler muito, acompanhar os fatos pelos noticiários veiculados pelo rádio, ser uma pessoa muito atenta ao campo da comunicação, o negócio dele era sintonizar o rádio em esportes e noticias, sempre acompanhou os fatos ocorridos na política mundial. Ele incentivou muito para que estudássemos, e o seu sonho era que fossemos jornalistas, ele sempre foi um defensor da profissão de jornalista. Com seu rádio modelo Transglobo onde através de suas faixas de Ondas Médias, Curtas, Longas sintonizava inúmeras rádios no mundo, até em Moscou, ou na Bélgica, onde houvesse sintonia. Ele sempre foi um entusiasta da comunicação! Em 1977, meu pai estava ouvindo a Rádio Difusora de Piracicaba, isso no Dia do Jornalista, o apresentador Edirley Rodrigues estava fazendo uma entrevista com o já falecido jornalista José ABC. Discorrendo sobre a profissão de jornalista, José ABC enalteceu as maravilhas da profissão. O locutor e jornalista Edirley perguntou a José ABC qual era a sua impressão sobre os aspectos financeiros da profissão. Zé ABC, como todos os chamavam informalmente, disse então que ser jornalista é mais uma missão, existe casos de algumas pessoas que ganharam muito dinheiro, mas a grande maioria trabalha por amor a camisa, por paixão, um abnegado. Foi então que ele disse estar surgindo uma profissão nova na área de comunicação: a Publicidade e Propaganda, onde ele via um espaço muito grande, o profissional estaria em contato com o mercado. Na época nem se falava marketing, dizia-se que ia trabalhar com “reclame” (N.J.: Anúncios publicitários). Depois disso, meu pai disse mim e para o meu primo José Edvaldo Tietz o que tinha ouvido no rádio, e que deveríamos conversar com o Zé ABC. Na época éramos garotos, tínhamos 17 anos de idade. Com o ônibus da Viação Trevisan, viemos os três para Piracicaba, e fomos conversar com o Zé ABC. Assim ingressamos na área de publicidade. Prestamos o vestibular na Unimep, fomos aprovados e passamos a estudar. Em 10 de outubro de 1978 vim para Piracicaba.
Ao mudar-se para Piracicaba, qual foi a forma encontrada para manter-se em comunicação com a família que havia ficado no sítio em Charqueda?
No sítio não havia telefone, em Paraisolândia tinha um telefone daqueles que usavam manivela, pedia-se para a telefonista fazer a ligação. Correio era um meio muito precário. O meu primo Edvaldo que também veio para Piracicaba, o seu pai havia conseguido para ele um emprego de empacotador nas Lojas Riachuelo. Fui até a Rádio Difusora, falei com o apresentador Ary Pedroso, disse-lhe que precisava arrumar um trabalho para poder pagar a faculdade. Ele passou a anunciar através do rádio a minha disponibilidade para trabalhar. Eu ficava na Praça José Bonifácio esperando. E assim foram semanas de espera. Um dia passou pela praça um amigo de Charqueada e disse que a Caterpillar estava precisando admitir funcionários. Foi o período de implantação da empresa em Piracicaba. O Gallani estava entrevistando os candidatos, fui selecionado e passei a trabalhar na Caterpillar como ajudante de montagem, seis meses depois eu estava na inspeção de máquinas. Eu precisava fazer horas extras e a Caterpillar valorizava muito as pessoas que trabalhavam aos sábados, domingos. Nesse tempo eu morava com a minha tia Pina. O meu primo Edvaldo foi trabalhar no jornal “O Diário”. Nós já nos tratávamos um ao outro chamando de “compadre”. Ele me disse:
“-Compadre, tem uma vaga no Diário”! Fiz um teste, passei, e então surgiu uma grande interrogação da minha vida, eu estava ganhando o suficiente para pagar a escola, sobrava um pouco, só que no jornal estaria trabalhando no campo que estávamos estudando. Consultei meu pai, ele deixou a decisão por minha conta. Quando fui pedir a minha demissão recebi uma contraposta muito interessante, bastante atraente. Acabei indo trabalhar no Diário, de onde saí alguns meses depois. Decorridos algum tempo, fui trabalhar como porteiro no Edifício Orsini. Eram seis horas de jornada no prédio, a noite fazia a faculdade, sobrava um tempo. Fui até o Jornal de Piracicaba, onde encontrei Salmeirão Aires, o “Psiu”. Ele trabalhava na Philips e aos sábados coordenava a área de assinaturas. Ele disse-me que precisava realizar uma ação de vendas de assinaturas do Jornal de Piracicaba em Charqueada. Aceitei o desafio e fiz um bom número de assinantes na cidade.
Assim você passou a ser um elemento comercial do Jornal de Piracicaba?
Comecei a vender assinaturas para o Jornal de Piracicaba. Ganhava o suficiente para integralizar a mensalidade da faculdade. Mudei meu horário como porteiro no prédio, da meia noite até as seis da manhã, entrava na faculdade ás sete horas da noite e saía ás onze horas da noite. Tinha um apartamento vago no décimo terceiro andar, colocava um colchãozinho e dormia. Comia no Restaurante do Peixinho que ficava em frente ao prédio. Durante o dia vendia assinaturas do Jornal de Piracicaba. Era uma jornada louca! Isso foi por uns seis meses. Em outubro de 1978 passei a trabalhar como funcionário na área de publicidade.
Como funcionário efetivo, qual foi um dos primeiros trabalhos realizado por você?
O José ABC estava trabalhando em cima da edição de Natal. Comecei a trabalhar junto aos comerciantes do Mercado Municipal. Bolei uma foto da fachada do mercado, fiz um layout, e saí vendendo. O primeiro anuncio vendi na Banca da Maria Portuguesa. Por duas semanas trabalhei no mercado e fechei a página. Parti para uma outra de auto-escolas, fiz outra página com postos de gasolina, eram segmentos que não havia ninguém trabalhando. Criei um segmento. Para a edição de Natal consegui vender várias páginas. Fiz o “Palpitão” no jornal, que era o resultado da loteria esportiva. Fui criando e agregando. No final de 1978 trouxe o Edvaldo para o Jornal. Ele criou um meio de publicidade segmentado, fez o comércio da Rua Boa Morte. Trabalhamos como sócios, dividíamos as nossas comissões! Trabalhamos por mais de quinze anos juntos.
Até hoje vocês se tratam por “compadres”?
Nós éramos compadres por brincadeira, depois passamos a sermos compadres de verdade, ele até foi meu padrinho de casamento. Em batizados de nossos filhos um foi o padrinho do filho do outro.
Como foi o seu ingresso na vida pública?
Entrei através do Ari Pedroso, do Tim que é o Antonio Vicentim Neto lá de Charqueada. O Tim sempre foi um estudioso de política. Ele tinha uma lojinha, e ali era o comitê político da cidade, lá estiveram o João Hermann Netto, Orestes Quércia, Ari Pedroso. Alguns detalhes chamavam a atenção no Tim: tinha uma visão muito precária, era estrábico, além de ser surdo e gago! E era político! Foi o meu grande mentor político. Ele me ensinou muito. Lembro-me de uma passagem bastante interessante. O Tim como presidente do diretório político cuidava de todas as documentações do partido. Na época o seu partido era o MDB. Era uma época em que se aproximava a eleição para prefeito e vereadores, elegia-se um vereador com 130 votos. Um dia chegou um cidadão, com sotaque dos naturais do nordeste do país e disse para o Tim: -“Eu queria ajudar um candidato, tenho uma família grande, são 150 votos! Só que preciso construir uma casinha, necessito que esse candidato me ajude a construir uma casa!” O Tim, gago, perguntou-lhe se realmente tinha os 150 votos, e se queria construir uma casinha, porque ele tinha um negócio melhor para ele. Tim entrou por uma porta em direção ao fundo da casa. Eu fiquei lá na lojinha, junto com o cidadão. O homem estava todo entusiasmado, devia estar pensando que o Tim fora tomar alguma providencia para concretizar a sua oferta. Logo depois o Tim voltou, com o livro de ata e as fichas de filiação. E disse ao detentor dos possíveis 150 votos: “Você tem 150 votos, você está eleito! É só assinar a ficha e sair candidato! Você não precisa ajudar ninguém!”. Na verdade não havia voto nenhum, fora tudo fruto da imaginação daquele sujeito.
Como eram os pronunciamentos do Tim?
Ele tinha um carisma muito grande. Tinha muito conhecimento, sabia como redigir um ofício, foi ele quem me ensinou a solicitar as primeiras reivindicações. Ele foi por diversas vezes vereador em Charqueada, inclusive o plenário da câmara eu sou o responsável por ter dado o seu nome, Antonio Vicentim Neto. Nos seus pronunciamentos ele gaguejava, e isso criava uma expectativa pelos seus pronunciamentos. Ele colocava os termos de uma forma muito hábil. Tinha os admiradores do conteúdo da sua fala. Foi um grande mestre da política em Charqueada.




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