sábado, setembro 05, 2009

SECADOR DE CABELO PORTÁTIL DÉCADA 60


ALBERGUE NOTURNO - PIRACICABA

OSMIR VALLE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS


JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista


joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de setembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/




ENTREVISTADO: OSMIR VALLE - (ALBERGUE NOTURNO)

Um prédio situado a Rua Prudente de Moraes, 1900 tem escrito sobre a sua entrada: “Albergue Noturno”. A pergunta que vem em seguida é como funciona? Quem dirige? Quem freqüenta? Uma janela com grade, tem escrito bem acima “RECEPEÇÃO”. Exibe um pouco mais acima um aviso em letras bem visíveis: “1ª Noite das 19:00 ás 23:00 hs. 2ª e 3ª noite chegar ás 19:00 hs.” Separado por um traço, o mesmo aviso diz: “A cada 3 meses (90) dias o migrante terá o direito a pousar 3 noites (consecutivas).” Ao lado, na altura da janela outro cartaz adverte: “NÃO RECOLHEMOS PESSOAS ALCOOLIZADAS”. Para que tudo fique bem claro já na entrada do albergado o Núcleo Espírita Vicente de Paula, Albergue Noturno de Piracicaba coloca o seu regulamento, frisando que o mesmo deve ser seguido por todos que o freqüentam: diretores, funcionários, voluntários e colaboradores, visitantes e freqüentadores de trabalhos religiosos. E segue-se uma série de recomendações. O local em si impressiona o visitante pelo seu tamanho, pelo excelente estado de conservação. Em todos os detalhes, são notados muito zelo, higiene e ordem. Os quartos são espaçosos, arejados e compostos por três camas individuais. A cozinha tem seus utensílios muito bem cuidados, o alumínio brilha como novo, embora se perceba que já é bastante utilizado. As alas são distintas, femininas e masculinas, bem como os banheiros. A individualidade dos homens e das mulheres é preservada, sendo o refeitório a única área que pode ser utilizada em comum. A construção foi sendo feita ao longo dos anos com doações. O fundador foi Osmir Valle, que nasceu em Capivari, em 11 de agosto de 1932, hoje com 77 anos de idade, advogado com 33 anos de profissão. Osmir foi criado em Porto Feliz, aos 18 anos de idade mudou-se para Piracicaba. Seu pai João Valle casou-se com sua mãe Sebastiana Herrerias Valle. Eles tinham um sítio, depois montaram uma modesta empresa de artefatos de borracha que funcionou de 1949 até 1996. Sua ultima denominação social foi Irmãos Valle Indústria de Artefatos de Pneus Ltda., aqui em Piracicaba. Osmir Valle é casado com Nadir de Bertolla Antonietti Valle. O Albergue Noturno durante o período de funcionamento tem a necessidade de uma figura chave?
O Albergue sem a presença de um guarda civil não funciona! Recebemos pessoas das mais diversas origens, e só a presença de uma autoridade oficial impõem o respeito no processo de triagem. A Prefeitura Municipal de Piracicaba tem dada a devida atenção, e particularmente o atual prefeito Barjas Negri tem sido muito atencioso conosco. Desde o prefeito Francisco Salgot Castillon nós temos a presença de um guarda durante o expediente aos abrigados. Aqui foi a primeira sede da Guarda Civil em Piracicaba.
Estamos em um salão bastante amplo ele é utilizado para outras atividades?
Entre outras funções, ele é utilizado para um curso sobre educação alimentar. Com o objetivo de levantar recursos alugamos também para ser utilizado como salão de festas. Promovemos chás beneficentes, cujas prendas vão para a nossa Feira da Economia. Tudo é feito para levantarmos os fundos necessários ao funcionamento do Albergue.
Atualmente quem preside a entidade?
A nossa presidente é Teresinha Ott Vale. O marido dela é o engenheiro civil Nelson Valle que se dedicou muito para que o albergue tenha a situação atual de instalações físicas.
Qual é o objetivo principal do Albergue Noturno de Piracicaba?
É assistencial. Em média atende 350 pessoas por mês.
Como foi a origem do Albergue?
Fundado em 1948, tínhamos pensado em construir um sanatório espírita. Começamos a construir um salão com essa finalidade, com a criação do albergue foi afastada a possibilidade de se criar o sanatório. Os quartinhos para os albergados começaram a ser construídos em 1964. Hoje são oito dormitórios masculinos com três camas individuais para cada um e três dormitórios femininos também com camas individuais.
Como esse pessoal chega até o albergue?
O nosso atendimento é voltado só para o migrante. O morador de rua já tem um órgão da prefeitura que o acolhe. O migrante vem á procura de trabalho, muitas vezes não tem recursos para se hospedar em uma pensão.
Quais são os procedimentos para a entrada do albergado?
Eles devem ter os documentos pessoais. Na falta desses a delegacia de polícia emite uma declaração atestando a idoneidade do albergado.
Como é que os interessados descobrem a existência do albergue?
O fato de já existir a muitos anos torna-o conhecido. Também recebem a orientação da Assistência Social da Prefeitura, a própria Guarda Municipal os encaminham.
O albergado passa pela triagem e a seguir quais os procedimentos?
É feito o registro de entrada do albergado, a maioria são homens sozinhos. Há também a vinda de famílias. As crianças menores, e as moças, permanecem com a mãe, os filhos maiores permanecem com o pai. Ao entrar tomam um banho quente, recebem chinelos, um pijama limpo, que é lavado diariamente, a roupa de cama e as toalhas também são lavadas diariamente. Os pertences que eles trazem são deixados em local próprio, não são levados para o quarto. É servida uma sopa, suculenta, com carne, em seguida alguns permanecem por um pouco tempo no pátio e em seguida vão dormir.
Os que de fato são casados podem ocupar o mesmo quarto?
A regra é manter a individualidade dos homens e das mulheres, para não criar constrangimentos aos demais abrigados. Portanto as alas são distintas: masculina e feminina. Ás vezes eles acham ruim a existência dessa regra.
As roupas que os abrigados usam no cotidiano quem lava?
São eles mesmos. Fornecemos o sabão. Para dormir, eles recebem as roupas de propriedade do albergue, limpas e passadas, toalha, sabonete.
Tem algum horário para dormirem?
Depois de jantaram, lá pelas nove ou dez horas eles costumam se recolherem.
Assistem á televisão?
Há uma pequena televisão que ás vezes alguns assistem.
A que horas eles acordam?
Ás seis horas da manhã eles tem que levantar. O guarda bate na porta. Alguns já se levantam antes. Acordam, levantam-se, fazem a higiene pessoal no lavatório, em seguida tomam o café da manhã, com pão, manteiga, leite. Em seguida vão para a rua.
Qual é o perfil mais comum do abrigado?
A maioria, conforme as palavras de uma assistente social da prefeitura são pessoas que andam pelo mundo. Já recebemos também famílias, uma delas composta pelo casal e cinco crianças. Vieram do Mato Grosso e permaneceram em Piracicaba onde se dedicaram com afinco ao trabalho, constituindo uma nova vida. No início dormiram algumas noites aqui no albergue, em seguida compraram um barraco na saída para Botucatu, e aos poucos se estabeleceram. Outro caso de família que se hospedou aqui foi uma que veio do norte, e também conseguiram vencer os obstáculos.
Há casos de pessoas embriagadas que desejam passar a noite no albergue?
Tem muito disso. Só que pessoas alcoolizadas não podem ser recebidas, causam todo tipo de confusão. Há casos em que o guarda civil é obrigado a recorrer à vinda de viatura para a remoção do indivíduo que algumas vezes torna-se agressivo. Há até alguns que tem contas a ajustar com a justiça.
A origem do albergue foi iniciativa de um casal?
São pessoas importantes, que eu sempre admirei, foi o casal fundador do albergue, Álvaro Mesquita Filho e sua esposa Dona Aurora dos Santos Mesquita, eles se empenharam na construção de diversas entidades em várias cidades, radicaram-se em Piracicaba. O prefeito Luciano Guidotti ajudou muito ao albergue.
A sociedade piracicabana colabora com o albergue?
Recebemos donativos, roupas, camas, cobertores.
Qual é o período de funcionamento do albergue?
Todos os dias do ano, inclusive Natal e Ano Novo. Nós temos a presença de uma assistente social, funcionária da prefeitura, que está presente todas as noites aqui na instituição.
O abrigado paga alguma coisa para o Albergue?
Não pagam absolutamente nada. Tudo é gratuito.
Quais são os problemas mais comuns entre os abrigados?
O alcoolismo é um dos fatores graves aqui. A assistente social procura dar um atendimento profissional, orientação, isso é necessário, muito importante. Tem passado por aqui pessoas que chegamos até a admirar. Filósofos, pessoas com profundo grau de conhecimento espiritual.
Os abrigados recebem aqui algum tratamento de saúde?
Existem órgãos de saúde da prefeitura que cuidam desse aspecto. Aqui recebemos as pessoas em boas condições de saúde. No caso de alguma eventualidade, há a remoção do albergado, com transporte apropriado, para um dos centros de saúde municipal, sempre acompanhado da assistente social.
Quais são os cargos compõe a diretoria do albergue?
Presidente, vice-presidente, primeiro secretário, segundo secretário, primeiro e segundo tesoureiro, um estatuto muito bem elaborado.
Há algum tipo de remuneração para a diretoria?
É um trabalho voluntário, ninguém recebe nada.
Hoje basicamente o abrigado é o migrante, como isso é visto por algumas facções da cidade?
Infelizmente não é visto com muita simpatia por alguns setores. Alguns imaginam que esse trabalho incentiva a vinda de migrantes. Alguns se sentem incomodados.
Se o migrante for bem recebido aqui ele poderá trazer outros?
Eles se comunicam!
(N.J. o direito de ir e vir é cláusula pétrea na Constituição Federal, o que significa dizer que não é possível violar esse direito. Todo o brasileiro tem livre acesso em todo o território nacional).
Existe a possibilidade de utilizar as instalações no período em que não há a ocupação pelos albergados, principalmente nas dependências onde há um espaço disponível?
Sacrificamos tempo da nossa vida pessoal para dedicarmos no cuidado com a manutenção do albergue. Pelo fato de ser um albergue noturno facilita a conciliação das nossas atividades profissionais com a dedicação ao trabalho voluntário. Se nos dedicarmos a outras atividades diárias deixaremos de lado o trabalho que nos sustenta.
Há uma tendência para o fechamento dos albergues noturnos?
Há uma tendência nesse sentido.
Os membros do Centro Espírita que congregam nas dependências do albergue realizam alguma reunião periódica?
Toda terça feira nos reunimos em nossa sala de reunião, a partir das oito horas da noite, para o estudo do evangelho, realizamos as nossas preces, é totalmente aberta ao público.
Qualquer cidadão pode dormir no albergue?
Se tiver um motivo relevante é possível pernoitar aqui. Já aconteceu. A triagem é que pode dar o aval final.
Como é a noite de Natal no albergue?
Geralmente tem poucas pessoas. Fazemos uma comida diferente, como uma ceia, com macarronada, frango.
Tem troca de presentes?
Não!
Maria Helena Medinilha Niquito participa da diretoria do Albergue. Como é que a senhora vê o abrigado?
Nos três dias regulamentares que eles permanecem aqui procuramos oferecer conforto, carinho humano.
Os albergados retribuem?
Tem pessoas muito boas.
O guarda responsável pela portaria passa situações delicadas?
Todos aqui passam por situações difíceis. Ser firme sem humilhar é difícil. Principalmente quando a pessoa chega muito embriagada e sua entrada é barrada. Alguns querem entrar durante o dia, o que não é permitido pelo nosso regulamento.
Há quantos anos a senhora está aqui?
Já faz mais de 30 anos.
Seu Osmir, qual é a satisfação que o senhor sente com o Albergue?
O ensinamento espírita, de Alan Kardec, nos ensina: quem somos de onde viemos, e para onde vamos. A partir desse conhecimento a pessoa passa a pensar no próximo. Fora da caridade não há salvação. O espírita abraça isso com muito empenho, ele sabe quem ele é. O espírita não se ilude com aquilo além de necessário para a sua sobrevivência. É o meio e não um fim. Passamos a sentir mais o sofrimento do próximo, e queremos ajudar da melhor forma possível.
Após firmarem-se em uma nova vida, o migrante retorna ao albergue para agradecer?
Já houve vários casos, falam muito bem de nós.
Seu Osmir qual é a mensagem que o senhor gostaria de enviar á comunidade piracicabana?
Quero agradecer a colaboração que recebemos do povo piracicabano, agradecer a prefeitura que nos tem ajudado desde o tempo do prefeito Francisco Salgot Castillon. Pedimos que todos que possam, colaborem conosco, a entidade tem uma história. Estamos aqui de braços abertos.




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VERSÃO TÍPICA DE PIRACICABA

(by Roberto)



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quarta-feira, setembro 02, 2009

Professores e alunos alemães visitam ESALQ

Um grupo de 19 alunos de graduação e pós-graduação, além de 4 professores da Universidade Técnica de Munique (Alemanha), campus Freising, visita a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), durante essa semana, para trocar conhecimento nas áreas de fitopatologia e ciências florestais. Os pesquisadores alemães chegaram ao Brasil no último domingo (30/8) e ficaram até esta terça-feira na Estação Experimental em Itatinga (SP), onde professores e alunos da Escola mantém pesquisas na área florestal. O, que conhecerá a estrutura dos cursos de graduação e dos programas de pós-graduação, permanece em Piracicaba até a próxima sexta-feira. Na Escola, participa de uma série de palestras abordando a produção de etanol, doenças de plantas.



Na parte da tarde, o grupo fará uma visita à Usina Costa Pinto. No dia 3/9, a delegação irá para o município de Matão (SP), para conhecer a produção de citrus e café e, na sexta feira (4/9), os integrantes seguem para os estados de Minas Gerais e Paraná, sempre participando de visitas técnicas no setor florestal.



Na ESALQ, essa ação é coordenada pelos professores Sérgio Florentino Pascholati, do departamento de Fitopatologia e Nematologia (LFN) e José Leonardo Moraes Gonçalves, do departamento de Ciências Florestais (LCF). Da instituição alemã, coordena o grupo o professor Wolfgang Osswald.



Programação



(September 02, 2009 - Wednesday)



8:00 – 8:10 – Welcome (Room Ferdinando Galli – Plant Pathology Section)

8:00 – 8:30 - Producing energy from sugarcane (ethanol) in the state of Sao Paulo

(Prof. Dra. Heloisa L. Burnquist – Esalq/USP)

8:30 – 8: 50 – Energy production by biogas and others in Germany (TUM)

8:50 – 9:10 – The New Bachelor and Master in Forestry at the TUM (TUM)

9:10 – 9:40 – Main diseases of woody plants in the state of Sao Paulo (Prof. Dr. Edson Furtado – UNESP, Botucatu)

9:40 – 10:00 – Main Phytophthora diseases of woody plants in Europe (TUM)

10:00 – 10:20 – Coffee break

10:20 – 10:50 – Producing “clean” citrus plants in nurseries (Pq C Dr. Eduardo Feichtenberger – Apta / Sorocaba)

10:50 – 11:20 - Use of stable isotope in environmental studies in Amazon” (Prof. Dr. Plínio B. de Camargo – CENA/USP)

11:20 – 12:40 – Lunch at Esalq (Professor´s restaurant)

12:40 – Departure from Esalq to Costa Pinto mill

13:00 – Arrival at “Usina Costa Pinto” – sugarcane and ethanol mill

17:30 – Leave Costa Pinto Mill

18:30 – Barbecue with Brazilian and German students / professors at Sinfesalq


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terça-feira, setembro 01, 2009

"A diferença entre o dinheiro miúdo e o dinheiro graúdo é que este, naturalmente, fala mais alto."
Millôr Fernandes

“Pesquisa propõe sustentabilidade ambiental em pólo moveleiro”

A partir da estruturação dos
Arranjos Produtivos Locais (APL) Madeira-Móveis em diversas regiões do país, as indústrias moveleiras começam a se articular para discutir os principais desafios comuns
que precisam enfrentar para elevar o crescimento do setor. Dentre eles, a questão da sustentabilidade ambiental como valor corporativo tem sido indicado como
um dos mais importantes, tanto para reduzir as perdas e os riscos na atividade, como para aumentar a rentabilidade e atingir
novos segmentos de mercado.

Com objetivo de mapear o processo de desenvolvimento de produtos no setor moveleiro, a
designer Patrícia Azevedo concluiu a pesquisa. “Estratégias e requisitos ambientais no processo de desenvolvimento de produtos na indústria de móvel sob encomenda”. Orientada pelo
professor Geraldo Bortoletto e com a co-orientação da professora Adriana Nolasco do departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Patrícia fez um estudo de caso em
18 empresas do pólo moveleiro de Itatiba/SP.

O estudo promoveu uma análise descritiva e qualitativa fundamentada em ferramentas de ecodesign para o processo de
desenvolvimento de produtos (PDP). A análise abordou os três níveis de decisão nas empresas: diretoria (planejamento estratégico), designer (planejamento de projeto
) e gerente de produção (produção).

Segundo a pesquisadora, na década de 1980 Itatiba foi considerada a capital do móvel no Brasil e, de lá pra cá ela
perdeu essa característica por alguns fatores. “Os móveis produzidos ali são da linha colonial, utilizam madeira maciça, proveniente no norte e nordeste do
País. Com as mudanças na legislação ambiental, as empresas do Pólo de Itatiba passaram a enfrentar entraves legais no que se refere à extração e transporte do material”. Além
disso, a designer lembra que a massificação da produção moveleira, na qual temos um produto menos durável, feitos a partir de painéis de aglomerado
ou MDF, barateou a produção. “Há uma mudança de comportamento do consumidor, que passa a preferir móveis mais baratos, ainda que
sua durabilidade seja bem menor e mesmo que não apresente o viés da exclusividade”.

Os resultados da pesquisa
indicam que os fatores econômicos ainda ditam a forma das empresas responderem às questões ambientais, buscando continuamente adequação às leis e regulamentos ou a redução dos custos de
produção, principalmente por se tratarem de micro e pequenas. Além disso, a ausência planejamento de negócios ou uma organização administrativa estruturada dificulta a
inserção de requisitos ambientais no PDP. Além da falta de profissionais capacitados na área de desenvolvimento de produtos propiciando o aumento das dificuldades em estruturar o setor
. “Algumas acreditam que já fazem aproveitamento das sobras, confeccionando puxadores de gavetas, tábuas de carne e faqueiros, etc. Mas o bom planejamento
é aquele que considera o conceito da redução das sobras e não simplesmente continuar reaproveitando. O ideal é planejar para não sobrar”. O
baixo nível escolar desses profissionais é um fator que dificulta o aprimoramento das estratégias de planejamento e o aperfeiçoamento da produção. Há na maioria dos casos
apenas a reprodução de um desenho trazido pelo cliente em um recorte de revista, mas raramente existe um questionamento
do melhor uso da matéria prima. “É nessa falta de planejamento que se encontram as perdas. Pedaços de mogno usados em parte
estrutural, sendo pintados de branco e ou empregados em local em que não se aproveitaria o aspecto estético da madeira
maciça”, comenta Patrícia.

Como retorno aos produtores de móveis, a pesquisa propõe que as empresas passem a atuar dentro de uma estrutura
empreendedora e que empreguem requisitos ambientais em seu planejamento. Uma das questões levantadas foi a atuação do projetista. “Se o profissional responsável por essa função tiver a mínima
formação na área de desenvolvimento de produto, ele consegue perceber logo no projeto maneiras de interferir na idéia de modo a
reduzir perdas com um simples planejamento de corte dos painéis ou peças maciças, estudo da qualidade do material, do tipo
de encaixe ou junção, o emprego de adesivos químicos menos tóxicos”, pondera a autora do trabalho.

A pesquisa indica que
o planejamento estratégico daria subsídios para que os produtores se informassem de maneira clara sobre a minimização de sobras. “Uma das empresas, por
exemplo, faz doação das sobras para uma panificadora, mas acontece que nessas sobras encontramos MDF, que concentra substâncias tóxicas do seu processo de produção
e, ao ser queimado, acaba liberando essas toxinas a céu aberto”, conta Patrícia Azevedo.

Finalizando, a pesquisadora enviou um relatório individual para
cada empresa, tanto para as que contam com 180 funcionários, quanto para aquelas que tocam suas atividades apenas
com 3 pessoas da mesma família. “Nas informações repassadas procuramos destacar a importância de atuarem de forma planejada, avaliando todo o processo, desde a origem da
matéria prima até o descarte final. A intenção era trabalhar o conceito de que é possível obter o mesmo
rendimento a partir da preocupação com seu entorno e com o emprego de estratégias de sustentabilidade ambiental. Para esses produtores, essa é uma postura
que contribui inclusive com a imagem do seu empreendimento, podendo aumentar sua cartela de clientes. É possível criar benefícios
praticando apenas algumas alterações de conduta. Esse foi o grande desafio da pesquisa”.

domingo, agosto 30, 2009

BRASILEIROS VÃO ACESSAR INTERNET PELA TOMADA


BRASILEIROS VÃO ACESSAR INTERNET PELA TOMADA
Os brasileiros poderão acessar a rede mundial de computadores pela tomada. A medida foi aprovada pela diretoria colegiada da Aneel na última terça-feira (25), e criou as regras. A decisão vai beneficiar 63,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica, interligadas por mais de 90 mil quilômetros de transmissão e distribuição, com as regras para o uso da tecnologia Power Line Communications (PLC). A efetiva implantação do sistema agora depende das empresas e distribuidores de energia, que devem apresentar os projetos. Assim que implementado, o serviço de acesso à internet e a TV por assinatura será realizado por meio da rede elétrica - já presente em quase 100% das residências do Brasil. O prestador do serviço de PLC deverá seguir os padrões técnicos da distribuidora, o disposto em Resolução da Aneel e na regulamentação de serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequências da Anatel. A implantação e exploração do PLC não poderão comprometer a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores e se houver necessidade de investimento na rede, o custo será de responsabilidade da empresa de telecomunicações.O regulamento determina as condições para a utilização da infraestrutura das empresas distribuidoras de energia elétrica para implantação do sistema que permite a transmissão de dados por meio da rede de distribuição. A norma delimita o uso das redes elétricas de distribuição para fins de telecomunicações, garantindo a qualidade, confiabilidade e adequada prestação dos serviços de energia elétrica, gerando incentivos econômicos ao compartilhamento do sistema e zelando pela modicidade tarifária.Economia - O emprego da tecnologia possibilita novos usos para as redes de distribuição de energia elétrica, sem que haja necessidade de expansão ou adequação da infraestrutura já existente. A economia representa a redução de custos aos consumidores, que serão beneficiados com a apropriação de parte dos lucros adicionais obtidos por meio da cessão das instalações de distribuição, o que poderá baixar as tarifas.A Agência prevê que a apuração da receita obtida pelas concessionárias de energia com o aluguel dos fios para as empresas de internet será revertida para a redução de tarifas de eletricidade, nos termos de legislação específica estabelecida pela Aneel. Esse critério já é utilizado no aluguel de postes para passagem dos cabos da telefonia. Embora seja utilizado o mesmo meio físico (as redes de distribuição de energia elétrica), a tecnologia permite o uso independente dos serviços e, portanto, a concessionária poderá também utilizar a infraestrutura do prestador de serviço de PLC para atender às suas necessidades e interesses.Ao disponibilizar a sua rede de distribuição, a concessionária deverá dar ampla publicidade por um prazo mínimo de 60 dias para a manifestação dos interessados. A escolha do prestador do serviço deverá ser divulgada em até 90 dias após o pedido.
E-mail :
emquestao@secom.planalto.gov.br

sábado, agosto 29, 2009

MUSEU DO LAR DOS VELHINHOS - PIRACICABA















































































MÁRIO ANDRÉ

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com

Sábado 29 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO : MÁRIO ANDRÉ


Segundo estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, as pessoas otimistas são as que vivem mais e melhor. O que a ciência explica com dados estatísticos, a sabedoria popular já ensina faz tempo: rir é o melhor remédio. Os sentimentos positivos e o bom humor, além de fazerem bem à saúde, facilitam e melhoram os relacionamentos entre as pessoas. Afinal, ninguém agüenta por mais de alguns minutos aquele sujeito de cara feia, cuspindo fogo pelas ventas e incapaz de rir de si mesmo. Otimismo, alegria e bom humor são justamente os antídotos contra o câncer e problemas infecciosos graves, contra a temida aterosclerose que pode provocar um acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio. Procurar viver com alegria, evitar o mau humor, buscar contornar os conflitos sem muito desgaste, ter uma atitude positiva diante dos desafios da vida, e cultivar boas relações com a família e os amigos é o caminho para as emoções saudáveis. È impossível permanecer mais do que alguns instantes com Mário André sem perceber o seu bom humor contagiante. A vida é um palco onde ele atua com raro brilho. Nascido na cidade de São Manoel em 20 de agosto de 1920, filho de Mansueto Andrello e Lúcia Bertoncin Andrello imigrantes italianos, Mário surpreende a todo instante. Raciocínio e memória perfeitos. Desloca-se com facilidade inclusive em escadas.
Como seus pais vindos da Itália foram morar em São Manoel?As famílias dos meus pais conheceram-se ainda no navio que os trouxe para o porto de Santos. Na ocasião meu pai veio com 10 ou 12 anos de idade e a minha mãe com 9 ou 10 anos de idade. Após o desembarque, seguiram para São Paulo, e depois rumaram para São Manoel. Casaram-se e tiveram oito filhos, cinco mulheres e três homens.
Qual era a atividade do seu pai?Era agricultor. Em 1940 a família veio para São Paulo, fomos morar no bairro da Mooca. Meu pai faleceu pouco tempo depois. Estudei em São Manoel no Grupo Escolar Dr. Augusto Reis, a minha primeira professora chamava-se Margarida, a segunda foi a Isabel, a terceira foi Dona Odete César Calvinet, com quem tive aulas no terceiro e quarto ano. Foi uma professora que foi uma mãe para mim, eu a ajudava na conferência de lições de casa dos alunos. Ela tinha muita consideração por mim. No final do quarto ano ela me presenteou com o pagamento das fotos e do diploma de grupo, na época mesmo em escola estadual o diploma era pago e custava cada um, sete mil e quinhentos réis. Comecei a trabalhar muito novo, aos cinco anos de idade eu levava a cabrita para pastar, cortava capim, rasgava palha.
O que é rasgar palha?Vinha só o cartucho da palha de milho, sem o sabugo, tínhamos que desmanchar aquilo tudo e tirar o nó, para depois desfiar e fazer o colchão de palha. Ficava um colchão muito bom. No calor não esquentava e no frio não se sentia tanto frio. Era um colchão bem alto, para se fazer um colchão eram rasgados quatro sacos de palha. A cada dois ou três meses, minha mãe fazia uma revisão nos colchões, os mais gastos eram jogados no lixo.
Não ia nenhum inseto junto com a palha de milho?Nós tínhamos que tirar todo tipo de elemento estranho. Isso era feito folha por folha de palha.
Quando foi o seu primeiro emprego?Primeiro trabalhei em uma loja de música e discos da minha professora, passava o dia todo tocando música. Lembro-me de várias músicas (Mario passa a cantarolar algumas), a mais antiga que eu conheci foi (ele canta): “Tu não te lembras da casinha pequenina/Onde o nosso amor nasceu/Tu não te lembras da casinha pequenina/Onde o nosso amor nasceu/Tinha um coqueiro do lado/Que coitado de saudade já morreu”. Depois fui trabalhar como aprendiz em uma fábrica de calçados. Aprendi a fazer sapatões, botina de futebol, sapatinhos de criança. No meu tempo os pregos de madeira utilizados para fazer sapatões estavam sendo extintos. Primeiro era feito o furo, depois fixado o prego de madeira. A prefeitura comprava muitos sapatões com pregos de madeira, o prego de metal enferrujava e estragava logo. Não era usada graxa, eram feitos de um tipo de camurça grossa. Os números mais vendidos eram de 40 para cima. Trabalhei na Fábrica de Calçados Melilo, dos irmãos José e Rafael Melilo, ambos italianos. Eles gostaram muito de mim, e da fábrica fui trabalhar na loja deles.
O senhor saiu dessa loja com que idade?Tinha uns doze anos, andava ainda de calça curta, logo passei a usar calça comprida. Fui trabalhar na Casa União, maior casa de São Manoel, um verdadeiro shopping, ali tinha desde alfinetes, guarda-roupa, cereais. Os sitiantes compravam lá, no dia de pagarem as compras eles vinham de caminhão, jardineira. Com as famílias de imigrantes italianos, eu tinha que procurar falar em italiano. No sábado seguinte vinham famílias de outras fazendas que tinham recebido imigrantes espanhóis, eu tinha que aprender a falar o espanhol.
O que eles mais consumiam?Os imigrantes praticamente compravam no armazém açúcar, trigo e sal. O resto eles mesmo produziam. Plantavam, criavam porcos, frangos, faziam o vinho. Houve um tempo em que os fazendeiros tiveram suas lavouras tomadas por pragas. Os pés de café morriam em pé. Em três anos os imigrantes mudaram em grande número para São Paulo. São Manuel diminuiu a sua população.
Por quanto tempo o senhor permaneceu trabalhando na Casa União?Entrei com doze anos e saí com vinte anos de idade, permaneci lá por oito anos. Prestei o serviço militar, no dia 7 de setembro de 1939 jurei á bandeira. No dia 15 de setembro fui para o encontro da minha família que já estava em São Paulo. No dia seguinte meu pai faleceu. Naquele tempo a viagem era feita pela Estrada de Ferro Sorocabana, de São Manoel á São Paulo a viagem durava 8, 9 até 10 horas. Eram trens com 15 a 20 vagões, havia um movimento bem grande de trens naquela época. A locomotiva era a vapor. Na época eu usava terno de brim, fui usar linho depois, linho era roupa de gente de posses.
No período em que o senhor ainda solteiro permaneceu em São Manuel quais eram as suas formas de lazer?Eu gostava de dançar. Cheguei a participar da diretoria do Grêmio Recreativo Sete de Julho. Era um teatro famoso com frisa, camarote. Antes de trabalhar no comércio, na Casa União eu gostava de jogar uma bolinha. Também fui coroinha um bom tempo, na Igreja Matriz de São Manoel. Teve um caso pitoresco que ocorreu nesse período. O padroeiro da cidade era São Manoel. Por uns 10 anos foi feita a veneração á imagem do santo que ficava no altar, até então para todos simbolizava São Manoel. Com a vinda de uns padres italianos, eles imediatamente perceberam que a imagem venerada não era a de São Manoel e sim de São Sebastião! Imediatamente foi trocada a imagem!
O senhor conheceu a família Mellão em São Manoel?Eles foram fazendeiros fortes! Meu pai trabalhou para eles. Era uma gente muito boa. Havia a família Barros também de São Manoel. Tive amizade com Adhemar Pereira de Barros, ele foi interventor de São Manoel, isso no governo Getulio Vargas. Eu freqüentava a casa dos pais do Dr. Adhemar.
Indo morar em São Paulo, por quantos anos o senhor morou lá?Morei uns 20 anos em São Paulo. Logo que mudei fui trabalhar em uma loja de calçados na Rua Piratininga. Quando fui trabalhar na Rua Piratininga, em 1940, estava começando a se transformar em uma rua com uma grande concentração de lojas de peças para veículos. Até pouco tempo antes tinha sido uma rua com muitas lojas de roupas. Um conhecido convidou-me para ir trabalhar em um chalé de jogo do bicho, na época era uma atividade legal. O governador Lucas Nogueira Garcez foi quem colocou a atividade do jogo de bicho na ilegalidade. Fui trabalhar em uma casa de frios na Rua Paula Souza, eu tinha conhecimentos de contabilidade, e qualificações para trabalhar no escritório da empresa. Fui trabalhar como faturista. Eu ia trabalhar de bonde.
O senhor conheceu Gino Amleto Meneghetti ?Foi o maior ladrão do mundo! Não conseguiam prende-lo. Cheguei a vê-lo pessoalmente. Era um sujeito alto, forte, sempre com um sorriso. Ele fugia de qualquer cadeia, os populares gostavam dele, Meneghetti virou notícia e ganhou grandes espaços nas páginas policiais tinha a fama de tirar dos ricos para dar aos pobres.
Da casa de frios da Paula Souza aonde o senhor foi trabalhar?Fui trabalhar na Serraria Maluf, que ficava na Rua da Mooca quase esquina com a Rua Piratininga, de propriedade de Nagib Maluf. Usando uma máquina de calcular manual, aquelas de manivela, fiz o cálculo cúbico de madeira para ser embarcada em um navio, com essa máquina. A história do Nagib Maluf é bastante curiosa, ele morava no Rio de Janeiro, por alguma razão ele mudou-se para São Paulo, ele então abriu várias barbearias, sete ou oito, sendo que ele não sabia fazer barba, mas contratava e pagava muito bem os barbeiros. Com isso conseguiu comprar essa serraria. Ensinei o filho dele, o Ivan, a calcular preços de madeira conforme a medida. Sai de lá e fui trabalhar com os irmãos De Lorenzzi, na venda de máquinas agrícolas, baterias, diversos tipos de máquinas. De lá eu fui trabalhar na Fabrica de Cofres Nascimento, que era a maior fábrica de cofres da América do Sul, ficava na Rua Siqueira Bueno. O Seu Nascimento era o chefão da firma. Havia na empresa um piloto de automóveis que fazia parte de uma equipe de corridas. Quem sempre aparecia por lá era o famoso corredor de automóveis (piloto) Carlo Pintacuda. O Nascimento passou a fazer equipamentos de gasogênio para veículos. Chegaram a fabricar até 500 unidades em um mês. O motor tinha força, não tinha velocidade, os caminhões à gasogênio subiam a serra de Santos, carregados. Nesse tempo até carro de corrida foi feito para correr usando gasogênio.
Da fábrica de cofres o senhor foi trabalhar aonde?Montei uma sociedade com meu irmão para fabricarmos móveis provençal, na Rua Siqueira Bueno. Chegamos a fabricar 40 conjuntos de dormitórios por mês, a nossa fábrica chamava-se Indústria de Móveis Lumar Ltda, a origem do nome Lumar era Lu de Luiz e Mar de Mario. Fazíamos colchões com capim, existiam os fornecedores de capim. Depois passamos a fabricar os colchões de algodão. Permaneci na fábrica por uns 10 anos. Morei na Vila Formosa, na Avenida Dedo de Deus.
Quem comprava esses móveis?Os nossos maiores clientes era lojistas, geralmente judeus. Vendi para Benjamin Lafer, Benjamin Kaufman. Os móveis eram feitos com a madeira canela-sassafráz.
O senhor foi mariano em São Paulo?Fui mariano na Igreja Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro Água Rasa. Cheguei a ser presidente da congregação mariana. Entrei como aspirante, passei a ser mestre de noviço. Uma vez por mês, no segundo domingo do mês havia a hora de guarda, hora santa, com o Santíssimo exposto, das duas horas ás três horas da tarde. O padre dava a benção do Santíssimo e ia embora. Uma vez por mês havia também a missa da Congregação Mariana. A Irmandade do Santíssimo era quem carregava as tochas nas procissões, e o pálio. Quem puxava a procissão era a Irmandade de São Benedito. Ocorreu um fato interessante, houve uma mudança de padre, e o que assumiu resolveu quebrar uma tradição de 50 anos, colocou outra irmandade com outro santo para puxar a procissão. A Irmandade de São Benedito foi deslocada para o fim da procissão. Ás cinco horas da tarde choveu bastante. Foi adiada para outro domingo a procissão. No domingo seguinte choveu outra vez. Novamente foi adiada a procissão. Só depois da terceira vez que foi adiada, é que o padre decidiu manter a tradição de São Benedito retornar á frente da procissão, e assim foi realizada sem uma gota de chuva. Estou vivo para contar a verdade.
Como o senhor conheceu a sua esposa?Ela foi para São Paulo para tratar-se do estomago, e ficou hospedada na casa da sua irmã. O cunhado dela era congregado mariano, e um dia me convidou para ir até a sua casa. Ele então me apresentou para ela: “Mario, esta é a Maria, irmã da Natividade!”. Na hora de voltar para casa, perguntei á Maria se poderia voltar a vê-la no dia seguinte. Ela consentiu, eu voltei. E assim foi um mês. Uma noite o meu sogro que tinha viajado de Piracicaba para lá, viu que estávamos conversando. O meu sogro chamava-se Silvio Assalin e a minha sogra Adélia Micheletti. A minha esposa chama-se Maria Assalin André, ela é família Micheletti, que foi proprietária da Padaria Pansa.
O senhor e sua esposa casaram-se em que ano?Foi no dia 5 de junho de 1948, na Igreja São Benedito, a catedral de Piracicaba estava em reforma. Continuei trabalhando em São Paulo. Depois meu irmão Luiz e eu montamos uma padaria no Arraial de São Bento.
Quantos filhos o senhor tem?São três: Mario José, Mansueto Antonio, Martha Aparecida.
Quando o senhor veio definitivamente para Piracicaba?Foi em 1967, mudamos para a Rua Prudente de Moraes, próximo a linha da Sorocabana. Passei a fazer a contabilidade da padaria Pansa, que na ocasião estava em franco desenvolvimento. A razão social da Pansa era José Micheleti e Filhos Ltda.
O bolo de Santo Antonio foi feito pela primeira vez na Pansa?O meu filho Mario José e o Sr. Altafin fizeram o primeiro Bolo de Santo Antonio.
O senhor é poeta?Sou poeta! Tenho uns sessenta trabalhos entre poesias, contos, histórias, sonetos, crônicas.
Onde o senhor busca inspiração?
Desde os meus 12 anos de idade, ainda morando em São Manuel, já estava escrevendo. Sou um dos sócios fundadores do Clube do Escritor de Piracicaba.
Entre seus muitos poemas, o das Moedas Escurecidas é muito curioso.
Em São Manoel existiam os hansenianos, eles pediam esmolas, montados em um cavalo e com uma canequinha. Os negociantes que adquiriam essas moedas colocavam-nas em um braseiro, para fazer a assepsia das mesmas. Elas ficavam escuras por passarem pelo calor. As moedas voltavam a circular, porém escurecidas. Por minha mão passaram muitas delas. É importante saber que a hanseníase tem cura hoje.

Comentários:
Caros amigos.
Estou tentando contato com Sr. Mário André ou familiares pois tenho site do bairro da água rasa e o Sr. Mario faz parte da história do bairro.
estou coletanto fotos para o site do bairro sobre a história do comercio, industria, escolas etc. desde as decadas de 40 até os dias atuais.
quem puder me colocar em contato com o Sr. Mário para que possa receber fotos do bairro no tempo em que ele tinha uma fabrica de móveis eu agradeço a colaboração.
Site: www. boleirosdaaguarasa.com
Meu e-mail: waldevir@gmail.com
Este siteé do bairro e não tem nenhum vinculo comercial, politico e religioso com nanhuma empresa ou instituição.
Ele só conta a historia do bairro da água rasa - são paulo .
Agradeço no que puderem colaborar.
Waldevir;
# postado por waldevir : 11:36 AM  


Por uma feliz coincidência caiu em minhas mãos o blog do Nassif que contou coisas interessantes sobre Mário André e seu famoso bom humor e otimismo.
De fato, rir é o melhor remédio para enfrentar os reveses da vida.
Mas não é por isso que estou escrevendo. É que Mário André nasceu em São Manuel e morou aqui por muitos anos, estudou no Grupo Escolar Augusto Reis, aprendeu a fazer sapatões na fábrica de calçados Melillo. Acontece que fui casada com um dos Melillos, o Mário, cujo apelido era Babeche, não sei por quê.
Hoje sou viúva e sou um ano mais velha que o Mário André, pois nasci em 1919 em Pederneiras onde, meu pai lecionou por alguns anos, deixou a carreira e comprou um armazém de secos e molhados em Paranhos e mais tarde em Rodrigues Alves.
Meu pai era filho de sérvios, estudou em Piracicaba onde se formou professor e conheceu minha mãe, filha de portugueses.
Tive um tio, Inocêncio Pedreira que viveu muito tempo em Piracicaba. Até hoje tenho um sofá austríaco que pertenceu aos tios.
Meu pai teve uma irmã, casada com o José Francês, cujo o filho engenheiro morreu cedo, mas o irmão João se foi no ano passado.
Eu não nasci em São Manuel, mas a vida toda foi passada aqui, onde há tempos recebi o título de cidadã sãomanoelense.
Meus filhos são netos de Rafael Melillo e Giusepina.Palumbo, que tiveram oito filhos.
Meu filho Mario Antonio se forma advogada este anoe já é avô. Meu segundo filho, Ézio Rahal Melillo já é advogado e trabalha em Botucatu e a caçula Tais Rahal Melillo trabalha em Nova York numa empresa de marketing.
Fui professora de inglês por 30 anos aqui em São Manuel, Botucatu e Avaré. Depois que me aposentei, dediquei-me à pintura, mas agora tive que parar pois a visão está péssima e a leitura de jornal se resume as manchetes.
Também não posso me queixar muito da vida, pois viajei bastante, vi muitas maravilhas do mundo e não posso me queixar, apesar de tudo ter sido tarde – analfabeta até os 9 anos, formada professora aos 20, casada aos 32, mãe aos 33, 37 e 42 e viúva aos 74 anos!
E a vida vai continuando aos trancos e barrancos.
Parabéns ao Nassif e muitas felicidades à Mário André.
São Manuel, 4 de abril de 2010.
Ednea Lage Rahal Melillo
# postado por Roberta : 7:51 AM

quinta-feira, agosto 27, 2009

RUAS DE PIRACICABA











Senador Inácio Arruda elogia PEC que restitui diploma no Jornalismo
O senador Inácio Arruda (PcdoB-CE) elogiou, na última terça-feira (25), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), criada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que restitui a exigência do diploma no Jornalismo. Segundo ele, a iniciativa do parlamentar sergipano irá reverter uma "decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal".
Arruda - que é relator da PEC no Senado - ressaltou que a proposta de Valadares servirá para "reparar uma decisão equivocada do Supremo ao decidir que para produzir e transmitir a informação não se precisa de um profissional adequadamente formado, preparado para conduzir o processo de transporte das informações ao povo brasileiro".
A iniciativa de Valadares também foi elogiada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que pediu a realização de uma audiência pública no Rio Grande do Sul para debater o tema. Na última segunda-feira (24), Inácio Arruda e Valadares estiveram presentes em encontro na Universidade Federal do Ceará (UFC) para debater os caminhos ao retorno da obrigatoriedade do diploma no exercício do Jornalismo. A informação é da Agência Senado.

quarta-feira, agosto 26, 2009

O Prédio do Banespa e sua torre
Neuza Guerreiro de Carvalho

Na década de 30 a rua João Brícola sofreu grandes alterações com a chegada do edifício sede do Banco do Estado de São Paulo S/A (Banespa, como é conhecido). O banco, em grande expansão na época procurava um edifício mais de acordo com sua situação de então. Adquiriu um terreno na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal (onde foi o Mappin) e aí construiu seu edifício sede. Mas, longe do centro bancário que se concentrava no triângulo central, encontrou dificuldades e entrou em entendimentos com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que era possuidora do de três edificios na rua João Brícola: o Edifício João Brícola que sediava a Companhia Brasileira de Seguros, a famosa Confeitaria Castelões desde 1893 e a Chapelaria Alberto. Feita a troca dos edificios da João Brícola com o edificio da Praça Ramos de Azevedo, e comprados mais prédios ao redor daqueles da rua João Brícola, começou-se a construção da nova sede do Banco do Estado de São Paulo nas proximidades da rua Boa Vista, 15 de Novembro, Praça Antonio Prado, dentro do coração financeiro da cidade.

O Prédio foi projetado por Plínio Botelho do Amaral e construído pela firma Camargo e Mesquita. Levou oito anos para se construído e foi inaugurado em junho de 1947. É todo em concreto armado, 17.951 metros quadrados constuido, tem 161,22 metros de altura, 35 andares, 14 elevadores, 900 degraus e 1119 janelas. Durante 20 anos foi o prédio mais alto da cidade. Recebeu o nome de Edifício Altino Arantes em homenagem ao primeiro presidente brasileiro do banco.

Depois da privatização em 2000 quando passou para o grupo Santander - Banespa, deixou de ser sede bancária. Ao seu lado hoje há o banco Santander em uma construção super moderna, toda em vidros pretos com heliporto dotado de sistemas de seguran

Agora é ponto turístico e instituição cultural.
Seu saguão principal tem quase 400 metros quadrados, paredes de mármore de 16 metros de altura e piso de granito decorado com brasões de bronze. Muito belo é o seu grande lustre de cristal nacional em estilo "decô-eclético" com 13 metros de altura, 2 metros de diâmetro e dez mil peças de cristal pesando uma tonelada e meia.
O edifício abriga ainda um Museu, que preserva a memória de instituição, uma Biblioteca.

Ponto turístico obrigatório é a visita à sua torre, de onde se pode observar grande parte da cidade. E identificar muitos dos lugares. Numa última visita à torre do Banespa neste 2004, pude observar esses pontos, fazendo uma "viagem" rotacional de 360 graus em sentido horário e identificando: logo à saída da porta, em direção Oeste, pode-se ver: a descida da Av. São João partindo da Praça Antonio Prado; os altos do Edifício Martinelli com a casa que pertenceu e onde morou o Comendador Martinelli; um pedacinho
do Vale do Anhangabaú com o chafariz decorativo; a Avenida São João e uma pequena parte do Correio.
Ainda para o lado direito vê-se o Viaduto Santa Ifigênia, com seu belíssimo piso decorado recentemente; a continuação do Vale do Anhangabaú com a passagem subterrânea (vulgo buraco do Ademar) em direção ao Norte.

Continuando à direita dá para ver o Mercado Central, o Edifício São Vito, o Parque Dom Pedro com os viadutos que compõe o sistema viário da região; o Palácio das Industrias que até o começo de 2004 abrigou a Prefeitura; a Casa das Retortas que no fim do século XIX pertencia à The São Paulo Gás Company e onde o carvão era queimado em altíssimas temperaturas para desprendimento de gás usado entre outras coisas na iluminação pública; o complexo para a Av. Rangel Pestana com a Secretaria da Fazenda, e mais longe a rua da Figueira (antiga chácara da Marquesa de Santos) com o antigo hospital Dom Pedro II

Continuando à direita vê-se o Páteo do Colégio, a rampa que leva a uma rua de ligação, as atuais Secretarias de Justiça, o Primeiro Tribunal de Alçada; toda a Praça da Sé, com o Palácio da Justiça à esquerda sobressaindo atrás dele o Fórum novo, já na Praça João Mendes; A bela Catedral em todo seu esplendor; o principal Corpo de Bombeiros da cidade.

Continuando à direita está o Edifício Joelma, em um ponto "fantasmagórico" da cidade: cenário de um crime famoso em 1948, anos depois quando no terreno já existia o prédio foi sede de um grande incêndio onde morreram mais de 300 pessoas. Na frente o "Banespinha" antigo Prédio dos Condes Matarazzo, depois sede do Banespa e atualmente sede da Prefeitura Municipal da cidade de São Paulo. No seu topo um jardim, em pleno centro que ocupa uma área aproximada de 300 metros quadrados com vegetação exuberante.
O edifício do Banco do Brasil, bastante alto, fecha o círculo.
Infelizmente não se vê o Teatro Municipal e só se vislumbra pare final do viaduto do Chá.

terça-feira, agosto 25, 2009

Tambor de Crioula e Grupo Gualajo animam hoje o aniversário da PalmaresMúsicos do Maranhão e da Colômbia encontram-se para celebrar a FCP
Hoje, quarta-feira, 19/08, a partir das 18h, a apresentação de Tambor de Crioula, grupo vindo do Estado do Maranhão, e do Gualajo, da Colômbia, abrilhantam a festa dos 21 anos da Fundação Cultural Palmares.
Manifestação cultural de raiz africana, o Tambor de Crioula é uma das mais fortes expressões culturais afro no Brasil. Praticada principalmente no Maranhão desde a época da escravidão, a manifestação foi inscrita pelo IPHAN como patrimônio imaterial da cultura brasileira, em novembro de 2007. Salvaguardar o Tambor de Crioula faz parte do projeto do governo federal de reconhecimento das formas de expressão que compõem o amplo e diversificado legado das tradições culturais de matriz africana no país.
Considerada uma das mais belas expressões culturais da dança dos descendentes de escravos, o Tambor de Crioula envolve dança circular, canto e percussão de três tambores e tem como seu santo padroeiro São Benedito - protetor dos negros.
Os tocadores e cantadores são conduzidos pelo ritmo dos tambores e das toadas, acompanhados da punga (ou umbigada): movimento coreográfico no qual as dançarinas, num gesto entendido como saudação e convite, tocam o ventre umas das outras. Cada cântico se inicia com um solista que canta toadas de improviso ou conhecidas, repetidas ou respondidas pelo coro, composto por homens que se substituem nos toques e por mulheres dançantes. Os cânticos possuem temas líricos relacionados ao trabalho, devoção, apresentação, desafio, recordações amorosas e outros. Para saber mais, só vindo até a sede da Fundação Cultural Palmares e assistir de perto a tradição do Tambor de Crioula.
O Grupo Gualajo traz da Colômbia ritmos da marimba.A marimba é um instrumento musical criado há séculos por tribos africanas e é fonte de inspiração de instrumentos de teclado, como o piano, o acordeon e o vibrafone.
O maestro José Antônio Torres Gualajo dedica-se à marimba há mais de 50 anos, estudando os mais variados ritmos que o instrumento pode ecoar. Conta a lenda, que ao nascer, a parteira de José Gualajo colocou-o em cima de uma marimba para cortar o cordão umbilical. Assim, ao ouvir a ressonância do instrumento logo ao nascer, somado à herança musical que seus pais lhe proporcionaram, Gualajo predestinou-se a ser um guardião da preservação de Marimba e de todos os ritmos que ela pode ressoar, como: currulos, aguabajos; jugas; andareles. Além de tocar, o maestro tornou-se um mestre no ofício de construir cada um dos componentes que constituem a marimba.
A iniciativa de trazer o grupo colombiano ao Brasil foi do Programa Regional de Apoio às Populações Rurais de Ascendência Africana da América Latina - ACUA.

“ESALQ realiza II Palestra e Prática sobre Poda”

A Casa do Produtor Rural, em parceria com o Grupo de Práticas em Fruticultura (GPF), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) promovem, no dia 29/08, das 08h00 às 17h00, a “II Palestra e Prática sobre Poda”. O evento, que será realizado no Anfiteatro Heitor Montenegro, tem o objetivo orientar o público sobre os conceitos básicos da poda e os procedimentos em plantas arbustivas e arbóreas, utilizando como exemplo árvores frutíferas.

A poda compreende um conjunto de operações que se efetuam na planta e que consistem na supressão parcial do sistema vegetativo lenhoso (sarmentos, cordões e, excepcionalmente, tronco) ou herbáceo (brotos, inflorescências, cachos, bagas, folhas, gavinhas). Os objetivos da poda são, entre outros, limitar o número de gemas para regularizar e harmonizar a produção e o vigor, uniformizar a distribuição da seiva elaborada para os diferentes órgãos da planta e proporcionar uma forma determinada que se mantenha por muito tempo e que facilite a execução dos tratos culturais. Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte das plantas, arbustos, árvores cortando-se folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento, renovando a mesma.

Informações sobre inscrições pelos telefones (19) 3429-4433 e 3429-4178 (falar com Maria de Fátima ou Marcela) ou pelo e-mail cprural@esalq.usp.br .

Programação
08h00 – Inscrições
09h00- Palestra: Conceitos objetivos e época da Poda - professor João Alexio Scarpare Filho (USP/ESALQ)
10h30 – Café da manhã
11h00 – Palestra: Operações e tipos de Poda - professor João Alexio Scarpare Filho
12h00 – Almoço
14h00 – Prática: Poda em Uva, Goiaba, Caqui e Figo - professora Simone Rodrigues da Silva, GPF e Casa do Produtor Rural
17h00 - Encerramento

segunda-feira, agosto 24, 2009

PIRACICABANO BRILHA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Prof.Dr. Jayme Antonio Cardoso e sua esposa Profa.Dra.Suely

O piracicabano Prof.Dr. Jayme Antonio Cardoso brilha na Universidade Federal do Paraná.

A Universidade Federal do Paraná, criada em 1912, é sua casa há 51 anos; mesmo aposentado, voluntariamente ele continua dando cursos que são solicitados. Recebeu do Conselho Universitário o título de Professor Emérito. A sessão solene e pública foi realizada no dia 21 de agosto e nela também recebeu o título de Doutor Honoris Causa um americano amigo do Brasil , o importante cientista Doutor Stuart Schwartz. Além de colegas e amigos, sua família(Luiz Henrique, Walter e Quéia, e sua esposa Suely, sua filha Cristina, Antonio e Lucas, além de sua cunhada Rose) esteve lá, representando também os que moram fora: Clóvis; Ricardo que também é membro do Conselho Universitário enquanto diretor do Setor de Ciências Jurídicas.

sábado, agosto 22, 2009

NORIVAL TEDESCO
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/



ENTREVISTADO: NORIVAL TEDESCO

Norival Tedesco é uma pessoa muito conhecida em Piracicaba, tanto pela sua atividade profissional como pela sua atuação social. Acometido por uma doença crônica e progressiva, conseguiu com sucesso o domínio da mesma. Há muitos anos ele realiza o trabalho de auxílio na recuperação de pessoas que são dependentes químicos (álcool, drogas), uma atividade voluntária e sem nenhuma remuneração. É idealizador e o fundador da irmandade dos Narcóticos Anônimos em Piracicaba, que na época foi criado de forma intuitiva para atender a necessidade de tratamento de uma pessoa que Norival conhecia. Carismático, com uma franqueza própria daqueles que dizem aquilo que o coração manda, aos poucos ele envolve desde um ouvinte até uma enorme platéia, situações corriqueiras em sua vida. Defensor ferrenho do livre arbítrio, nunca critica qualquer ser humano. Sob o seu conceito, as pessoas é que devem escolher o que acham ser o melhor da vida. Norival é respeitado por todos que o conhecem. Por muitos até admirado. Nascido em Torrinha, no dia 15 de dezembro de 1931, é um dos doze filhos de João Tedesco e Maria Sapia Tedesco. Norival é casado com Da. Maria Lina dos Santos Tedesco.
Qual era a atividade do seu pai em Torrinha?
Ele tinha uma linha de ônibus, o percurso era feito com a então chamada jardineira. A princípio ele fazia o percurso Piracicaba a Torrinha. Resolveu vender parte da linha, que fazia o trecho de São Pedro até Piracicaba, ficando com a parte da linha que ia de São Pedro até Torrinha.
Antes dessa linha de ônibus de Piracicaba á Torrinha ele teve uma outra linha?
Meu pai e meu tio Miguel Tedesco foram sócios em um ônibus que ia de Piracicaba até Rio Claro. Havia uma outra pessoa que fazia a mesma linha. Houve um acordo entre eles para estabelecer um preço único da passagem, 15 unidades da moeda da época. Logo depois, o concorrente do meu pai abaixou a passagem para 13 unidades, pois um passageiro disse que pagou 14 unidades (afirmação incorreta), ao fazer o trajeto com o ônibus do meu pai. E assim ambos os ônibus foram abaixando as tarifas, a ponto de levarem o passageiro de graça e ainda pagavam o almoço para o então feliz passageiro! Chegaram ao extremo: a viagem era de graça e incluía gratuitamente um almoço e uma cerveja! Quando acabou o dinheiro, meu pai e meu tio pararam de fazer o transporte de passageiros. Só então ficaram sabendo que o concorrente tinha recursos para trabalhar mais uma semana e deveria parar. Esse concorrente tornou-se dono do Expresso de Prata. Muito tempo depois, meu pai estava em condições financeiras desfavoráveis, o dono dessa empresa ofereceu um ônibus de presente para o meu pai, que talvez por brio, não aceitou.
Qual era a marca do ônibus utilizado pelo seu pai nessa época?
Era um Ford, acredito que levava uns 15 passageiros, já era o modelo fechado. Ele teve um ônibus aberto, que fazia o percurso de São Pedro á Brotas, a estrada era muito ruim. Nós a chamávamos de “Gateada”, o motivo desse nome também não sei.
A viagem de São Pedro á Torrinha era feita diariamente?
Era feita uma viagem de ida e volta todos os dias, a estrada era de terra, na serra era bem apedregulhada.
Quando a sua família mudou-se para Piracicaba?
Acredito ser em 1937, eu tinha seis anos na época, viemos morar na Rua Regente Feijó, em frente ao campo do XV de Novembro. Sou quinzista daquele tempo, sempre arrumava um jeitinho de entrar, por ser menor, estando acompanhado eu não pagava e meu pai sempre assistia aos jogos.
Aconteceu uma fatalidade com seu pai em um desses jogos?
Meu pai morreu no campo do XV de Novembro. O jogo era XV de Piracicaba que fez 2 gols e Guarani que marcou 1 gol, o XV ganhou o jogo. Naquele ano, 1978, o Guarani foi campeão brasileiro, no domingo seguinte, dia 3 de setembro de 1978 veio jogar contra o XV em Piracicaba, no término do jogo, meu pai levantou e tornou a sentar-se, morreu naquele instante. Havia um médico presente, que fez tudo que pode, mas não tinha mais como devolver-lhe a vida. A primeira bandeira do XV, meu pai ajudou a comprar e seu caixão foi coberto com ela. Aquele dia eu não estava no campo.
Como quinzista, você guarda muitas lembranças daquela época?
Tenho uma grande saudade daqueles tempos. Lembro-me do goleiro do XV, Eduardo Farah, ficou na memória. Um time muito bom tinha em seu quadro o trio final: Índio, Raul e Renato.
O senhor estudou em que escola?
Estudei no Grupo Escolar Moraes Barros, havia um respeito muito grande pelo professor. O mais importante, e que hoje acredito existirem bem poucos, eram os professores que nos ensinavam a aprender. Ensinaram que a leitura iria ser importante na minha vida. Sempre gostei de ler. O primeiro livro que li foi Idéias de Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Fiquei tão entusiasmado com aquelas histórias, nesse tempo a biblioteca pública ficava na Rua Governador esquina com Rua Prudente de Moraes, onde hoje está o prédio do Cristóvão Colombo, ela passou a emprestar livros para crianças, eu ficava por dois dias com o livro emprestado.
Com quantos anos você começou a trabalhar em uma livraria?
Faltavam dois dias para que eu completasse onze anos. A Livraria Brasil ficava aonde mais tarde veio a ser o Banco do Estado de São Paulo, hoje Santander, quase em frente ao Jornal de Piracicaba. Um fato curioso aconteceu nesse prédio da livraria, eu já não trabalhava mais lá quando isso aconteceu. Durante a construção do prédio do Banco do Estado, o prédio da livraria, que ficava ao lado, caiu. Deu tempo de quem estava dentro da livraria sair correndo. A livraria passou para a Rua Governador. O Hotel Central ficava ao lado da Catedral de Piracicaba. Pegado ao Hotel Central existia o Bar Comercial, era um sobrado muito antigo, na parte superior foi sede da UDN. Tinha baile de carnaval. Naquela época dançávamos ali e no Teatro Santo Estevão, onde no tempo de carnaval havia a Boca do Diabo.
Muitos já falaram a respeito desse baile da Boca do Diabo, mas ninguém contou os detalhes.
As músicas eram executadas por uma orquestra. Quando ia começar o baile de carnaval, o responsável pelo baile dirigia-se ao público dizendo: “-Por favor, se tiver presente aqui alguma moça de família, pedimos que se retire, porque nós não nos responsabilizamos pelo que possa ocorrer.” A coisa era brava! Eu era “freguesão”! . Na verdade, as moças que permaneciam eram moças mais modernas para a época. Se o rapaz começasse com muita graça, tinha alguém que vinha adverti-lo. Era um baile avançado para aqueles tempos. Hoje seria encarado de forma diferente.
Onde hoje existe a Galeria Gianetti, era o que antes?
Era o quintal do Hotel Central. Ainda ao lado da Catedral, do lado esquerdo para quem a vê de frente, hoje existe um barzinho que vende pastel, foi a primeira sede da Viação Piracicabana, começou a trabalhar com os carros Ford 1929. A corrida de um carro de praça, hoje chamado táxi, era coisa de 5 cruzeiros, dentro da cidade. Atílio Gianetti colocou o Ford 1929 cobrando 3 cruzeiros. Foi assim que apareceram o Fordinho número 1, depois o número 2, o número 3. Em seguida ele colocou um carro melhor para levar as noivas ao casamento.
Existia uma fábrica de bebidas chamada Andrade, você a conheceu?
Quanto tempo que eu perdia nessa fábrica! Eu ia entregar encomendas da livraria, quando passava pelo Andrade, situada em frente ao Grupo Moraes Barros, eu ficava contando ás garrafas que estouravam, o sistema de pressão era muito forte, ao ser enchidas muitas das garrafas não agüentavam. E assim eu permanecia pensando: “-Vou esperar estourar mais uma!”.
Quem eram os proprietários da Livraria Brasil?
Eram Francisco Brasil, Paulo Brasil e Ary Brasil. Devo muito a eles, me ensinaram o valor da honestidade. Sempre diziam para mim: “-Se você caminhar pelo caminho da honestidade, ele será longo, mas você nunca irá chegar cansado”. Conheci Thales Castanho de Andrade, era um senhor baixinho, gordinho, muito simpático. Algumas vezes cheguei a atendê-lo na livraria. Um dia eles me deram 5 cruzeiros para abrir uma caderneta na Caixa Econômica. Tive orgulho em ver o meu nome na caderneta! Passei a economizar, juntar papel que a livraria descartava, era na época da guerra, papel dava um bom dinheirinho. Eu morava pegado onde hoje existe a Padaria Assagio. Eu vendia balas no Cinema São José, as balas eram feitas pela Dona Rosa do Amaral. Vendia também amendoim. Isso tudo em um tabuleiro que era dependurado no pescoço por uma correia de couro.
Com isso você aproveitava para ver os filmes?
Eu assistia vinte e poucos filmes por semana! Com os outros baleiros, apostávamos quem lia de trás para frente á legenda, de tanta prática que adquirimos em ver as legendas. Éramos quatro baleiros: Geraldo Pinto Pereira, Antonio de Barros, eu e mais outro, que no momento não me lembro do seu nome. Nós tínhamos o Cine São José voltado ao público popular e o Broadway, que era o cinema dos “granfinos”. Foi no Broadway que alguns estudantes da agronomia soltaram um urubu em plena sessão de cinema, causando grande alvoroço.
Você conheceu uma ex-escrava?
Conheci, era a Nhá Izabé, ela morava bem na esquina das Ruas do Rosário com a Rua XV de Novembro, ao lado do Dispensário dos Pobres. Ela era uma figura muito popular, conhecida na cidade inteira, todos gostavam muito dela. Se não me engano ela ganhou aquela esquina do pai ou do próprio Luiz Dias Gonzaga. Uma das filhas dela, a Conceição, foi empregada do meu avô.
Das muitas lembranças do centro de Piracicaba, algumas são muito marcantes?
A Leiteria Brasileira ficava embaixo do Clube Coronel Barbosa, bem na esquina. Eu passava para ir ali para ir até o correio que ficava na Rua Alferes José Caetano, esquina com a Rua Treze de Maio, onde hoje está instalada a Pizza do Bira. Um dia entrei na Leiteria Brasileira e pedi um café, que custava trinta centavos. Um senhor deve ter achado inusitado para aquela época, um menino tomando café. Disse-me: “-Deixe que eu pago para você!”. Eu gostei da idéia. Quando via o homem lá eu entrava para tomar um café. Ele pagava. Um dia iam servir o meu café quando ele chegou. Perguntei-lhe: “-O senhor quer tomar um café comigo?”. Ao que ele respondeu: “-Hoje vou aceitar o cafézinho seu”. Passei-lhe os 30 centavos e disse-lhe: “-Então o senhor toma o meu porque eu só tenho 30 centavos!”. Aí ele pagou tudo. Do outro lado, onde foi o prédio Comurba, da Rua São José para a Rua Prudente de Moraes, na esquina da Rua São José havia a Garaparia Seleta, logo em seguida era o Chalé do Losso, mais á frente era o depósito Maluf, não sei para qual dos membros da família Maluf pertencia. Era depósito de açúcar preto, o açúcar mascavo, nós pegávamos aquele açúcar de sacos que ás vezes estava furado. O que comíamos de açúcar mascavo! Mais a frente, havia a farmácia que mais tarde passou a chamar-se Farmácia São Paulo. Na Rua Prudente de Moraes esquina coma a Rua Alferes José Caetano havia a Loja da Lua. Em frente á mesma, havia a Farmácia Popular. Eu passava lá, ele me dava uma caixa de Cafiaspirina, que passava a ser a minha bolsa, onde punha meus caderninhos. Quando estava muito velha a caixa, eu pegava outra nova.
Há uma passagem marcante de um natal em sua família?
Eu tinha nove anos de idade. Era véspera de natal. Dois dos meus irmãos, já um pouco maiores do que os demais, já tinham conhecimento da existência de Papai Noel. Fui com eles até uma loja, era um irmão e uma irmã. A minha missão era induzi-los a gostar e querer ganhar o presente mais barato que pudesse encontrar. A nossa situação financeira era muito difícil. Minha mãe havia me incumbido de levá-los até lá, consegui convencer a minha irmãzinha a ganhar uma boneca de pano e para meu irmão um carrinho de madeira. Á noite, umas nove horas, os dois irmãozinhos foram dormir contentes porque iriam ganhar o presente de Papai Noel. Meu pai naquela época tinha caminhão de transportes, ele não havia chegado ainda. Quando ele não conseguia serviço, voltava bravo e sem dinheiro. Aquela noite, com certeza ele deveria chegar bem tarde e as crianças não teriam o presente de Papai Noel. Minha mãe começou a chorar. Ao vê-la assim, sai, fui até a loja, a dona era brava, disse-lhe que a minha mãe estava doente, se ela não poderia dar aquela boneca de pano e o caminhãozinho, para a minha mãe ver, se ela gostasse lhe traria o dinheiro. A loja estava com muitos clientes, preocupada com as vendas a dona embrulhou os dois presentes. Eu cheguei com ele na nossa casa. Minha mãe ficou admirada, perguntou de onde era. Eu disse-lhe que era da francesa. Era a Loja do Francez, ficava quase na esquina da Rua Alferes José Caetano com a Rua Prudente de Moraes, onde mais tarde funcionou o Fórum. Nós morávamos na esquina da Rua São José com a Rua do Rosário, no dia seguinte meu irmãozinho queria brincar com o caminhãozinho, a um quarteirão da loja. Ele ia à direção á loja, eu ficava o dia inteiro tomando conta dele com medo que a dona confiscasse o seu caminhãozinho. Para ir estudar no Moraes Barros eu ia pela Rua Tiradentes, para não passar próximo da loja. Meus coleguinhas me perguntavam por que eu dava aquela volta. Respondia: “É porque eu gosto de andar!”. Sempre me lembrava dessa dívida para com a loja, quando eu tive condições de pagar a loja não existia mais.
Você conheceu a Relojoaria Muller?
Tinha as portas de madeira! O Muller gostava muito de ler, ao entrar na relojoaria, com todas aquelas jóias, relógios expostos, precisava bater palmas para que ele viesse atender. Eu ia entregar encomendas, tinha que bater palmas. Naquela época o ladrão que existia era conhecido de todos, roubava galinhas, ele era conhecido como Peru. Na Paulista eu me lembro quando a partir de onde hoje é a Avenida do Café era plantação de Algodão. Na época do carnaval não era permitida a venda de bebida alcoólica. Um soldado prendeu um homem do sítio, porque ele estava bêbado em cima do cavalo. Isso foi na Rua do Rosário. O soldado vinha puxando o cavalo, para conduzir á cadeia na Rua São José, e o homem em cima do cavalo. Quando chegou à esquina da minha casa o homem tirou o freio do cavalo, o soldado ficou só com a rédea na mão e ele subiu a Rua do Rosário levantando uma poeira só! E a criançada dando vaia no soldado.
O senhor conheceu o Comendador Mário Dedini?
Conheci. Era um homem de uma simpatia muito grande. Na época em que casou a filha dele Dona Anita Dedini com o Ricciardi, fui entregar os convites de casamento que tinham sido feitos em São Paulo. Na Livraria Brasil eu ganhava 60 cruzeiros por mês. Quando entreguei o pacote com os convites, na residência do Comendador Mário Dedini, na Rua Santo Antonio, recebi 60 cruzeiros de gorjeta, quase morri de susto.
Na Livraria Brasil o senhor trabalho por quanto tempo?
Trabalhei por seis anos. Aos dezessete anos de idade pedi a conta, o Brasil me deu mais 500 contos de presente, passei a trabalhar com o meu irmão que já tinha conhecimento na área após 10 anos de trabalho no ramo relojoeiro e de confecções de peças sob encomenda. O dinheiro que nós tínhamos disponíveis era suficiente para comprar as ferramentas essenciais, ou adquiria o laminador, onde é colocado o metal para ser laminado. Compramos na Casa Camargo, que ficava na Rua Governador com a Rua XV de Novembro, mais tarde foi a Casa Siqueira. As primeiras peças que nós fizemos nós conversamos com o motorneiro do bonde para que ele passasse bem devagar, o peso do bonde sobre o trilho laminava o ouro. Um dia 4 gramas de ouro baixo (ouro mais barato) ficaram grudadas na roda do bonde! Ficamos subindo descendo, ia até o Assunção lá em baixo, procurando, Tinha sumido. Quase quebrou a firma naquele dia. Meu tio Miguel Tedesco soube do caso e nos chamou. Disse que comprássemos o laminador, ele emprestaria o dinheiro para nós e devagar nós iríamos pagá-lo.
Na Rua do Rosário, na altura do número 2547 havia uma bomba de gasolina da bandeira Texaco, o senhor lembra-se dela?
Lembro-me sim. Ficava junto á calçada. Lembro-me até da cor, era vermelha. Ficava bem na esquina com a Rua Edgar Conceição. Era de propriedade de José Nassif.
O senhor conheceu Frei Paulo?
Eu tinha de 9 a 10 anos de idade, e os meus coleguinhas iam aprender desenho e pintura, com Frei Paulo de Sorocaba. Pedi que eles conversassem com o frei se eu poderia ir. No outro dia, eles disseram que Frei Paulo tinha dito que eu poderia ir. Fiquei todo feliz porque iria aprender. Quando eles passaram para me chamar, estavam todos de sapato. Eu não tinha sapato, fiquei com vergonha de ir, se eu tivesse ido acho que o Frei Paulo iria cuidar mais de mim do que dos outros.


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