sábado, outubro 16, 2010

ROSA MEUCCI GARDENAL

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 16 de outubro de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
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ENTREVISTADA: ROSA MEUCCI GARDENAL
Rosa Meucci Gardenal é um exemplo do devotamento dos professores que nunca mediram esforços para cumprir com a sua vocação, de levar o conhecimento tão essencial ao ser humano e ao nosso país. Uma das mais legítimas histórias da professorinha idealista, destemida, como inúmeras que foram verdadeiras bandeirantes do ensino. A jovem professora chegou a cavalgar diariamente 40 quilômetros para ir lecionar as primeiras letras a seus alunos. Desafiando as adversidades como intempéries, répteis, mosquitos, sol escaldante, lama, poeira, ela nunca se deixou abater em sua missão. Do alto dos seus 83 anos, relembra o passado, e pensa em voz alta: “Acho que hoje não teria coragem de fazer isso novamente!” Rosa deixa transparecer o seu jeito despachado, de quem não gosta de muitos rodeios e vai logo ao assunto, contrastando com a sua paciência quase infinita como professora. Acompanha de perto a movimentação da família, gosta de ver novelas, embora as rotule de muito fantasiosas. Admira-se do poder de sedução exercido pela internet. Nascida em Conchas a 29 de setembro de 1927, é filha de Julio Meucci e Julia Maraccini Meucci que tiveram ainda os filhos Luis, Amábile, Therezinha, Benito e Lourdes. Como era costume na época, as professoras de bairros rurais moravam na casa de alguma família que as hospedava, Rosa teve o privilégio de dividir o quarto com a sua primeira professora.

Em que local de Conchas a senhora morava?

Morava no bairro rural de São Roque no município de Conchas, meu pai tinha armazém, moinho de fubá, bomba de gasolina. Morei em Conchas até os 9 anos. Fiz o primário na escolinha que era ao lado da minha casa, a minha primeira professora chamava-se Ivone, morava na minha casa, dormíamos no mesmo quarto. Mudamos de Conchas para Botucatu sendo que em menos de um ano após a mudança a minha mãe veio a falecer. Meu pai se viu viúvo com seis filhos para cuidar. Decidiu vir morar em Piracicaba. Meus avós, Luiz e Amábile Meucci moravam em uma casa situava-se na praça localizada no final da Rua Boa Morte, em frente à Estação da Paulista, onde hoje há uma farmácia de manipulação. A nossa casa era ao lado, existe até hoje. Lá eu cresci, passei a minha adolescência, minha juventude, até me casar. Lembro-me de que as ruas eram todas de terra, não havia nenhum tipo de calçamento.
Rosa é a quarta da esquerda  para a direita sentada em um banco
Ao chegar de mudança á Piracicaba, qual foi a primeira impressão que a senhora teve da cidade?

Foi a grandiosidade da cidade! Chegamos á noite com o carro do meu pai, ao passarmos pela Ponte do Mirante (Irmãos Rebouças), quando vi aquelas luzes maravilhosas, encantei-me, foi a minha primeira impressão, que permanece nítida até hoje em minha lembrança. Não via a hora de levantar no dia seguinte para poder olhar melhor tudo aquilo que compunha a cidade. Limitei-me a permanecer em casa, eu era muito tímida e havia perdido a minha mãe a menos de um mês. Naquele tempo quando falecia uma pessoa da família era guardado luto de forma muito rígida, com exceção a ir a missa, atividades como passear, ir ao cinema, a um casamento, á festas, não eram realizadas no período de um ano após a morte do ente querido. Meu pai casou-se em segundas núpcias com uma moça da família Olbrich, filha do Chefe da Estação Paulista.

Era movimentada a frente da Estação da Paulista?

Na frente da nossa casa havia um terraço bem grande onde costumávamos ficar observando o movimento da rua., o ponto do bonde era bem próximo, a Estação da Paulista em frente. Quando vinha times de futebol de outras cidades para jogar contra o XV de Piracicaba chegava um trem especial trazendo os torcedores, composto por sete, oito carros, desciam como uns loucos, nós tínhamos até medo, fechávamos a porta e janelas da casa. Às vezes passava boiada na Avenida Dr. Paulo de Moraes.

Oonde a senhora prosseguiu os seus estudos?

Fui estudar no Grupo Escolar Dr. João Conceição, que funcionava ao lado da Igreja dos Frades, ali estudei até o quarto ano primário, lembro-me da professora Da. Maria Lombardi. Onde hoje é o Posto Petrobrás, foi o Posto Cantagalo, anteriormente foi um armazém na esquina, com um grande terreno vazio em volta. Poucas pessoas entravam na Chácara Nazareth, entrei uma vez pela entrada da Rua São Francisco de Assis, havia uma colega que estudou na minha classe e morava ali. Ao lado da escola Dr. João Conceição havia um prédio velho, aos domingos Frei Evaristo projetava filmes para as crianças assistirem. Após seis meses conclui o primário e fui fazer exame de admissão, tive aulas com a Dona Donália, que morava em uma casa localizada onde hoje é o Posto Piracicabano, na esquina da Rua Governador com Rua Ipiranga. Entrei no Externato São José, onde mais tarde funcionou a Faculdade de Odontologia, na Rua Alferes José Caetano esquina com D. Pedro II. Tomava o bonde na frente de casa e descia em frente ao Posto São João, na Rua Boa Morte, esquina com Rua D. Pedro II. A quarta série do ginásio eu fiz na Escola Normal, hoje Sud Mennucci, onde prossegui nos estudos, formando-me lá. Tive aulas com Jethro Vaz de Toledo, Dario Brasil, Manassés Ephrain Pereira e vários outros professores que hoje dão seus nomes a diversas escolas de Piracicaba.
Formada como professora a senhora foi lecionar onde?
O fato de ter laços familiares em Conchas propiciou a minha ida para lá, na época havia falta de professores naquela cidade. Em 16 de fevereiro de 1950 comecei a trabalhar como professora substituta, dando aulas em escolas isoladas, de sítio, e dava aulas para alfabetização de adultos, com isso acumulei em dois anos um elevado número de pontos necessários para que disputasse uma cadeira com grande vantagem na escolha do local onde iria lecionar. A primeira escola onde lecionei foi a Escola Mista do Bairro Baltazar que ficava a uns vinte quilômetros, para ir até ela eu utilizava trole. Havia um charreteiro que nos levava, era o Elias, quem pagava o charreteiro éramos nós mesmas. Quando chovia tinha que ir a cavalo, éramos três professoras que iam lecionar em três escolas diferentes. Na nova seleção de escolas, acabei escolhendo a mesma escola onde eu já era professora substituta, chamava-se Escola do Bairro Moquém, passei a ser dona daquela cadeira.

Como era a proteção contra a chuva ao ir á cavalo?

Ia a cavalo, segurando sobre a cabeça um guarda chuva, para montar usávamos uma saia calça, era uma saia especial. Logo que fui lecionar eu não sabia montar a cavalo, mas tinha vergonha de revelar á alguém, a primeira vez que fui montar foi na praça central de Conchas, em frente a igreja. O Elias perguntou-me: “A senhora sabe andar a cavalo?” ao que eu disse-lhe: “-Preciso de ajuda para montar.” Ele então colocou o animal junto a uma mureta, subi e fui embora, sem contar a ninguém que era a primeira vez que andava a cavalo! Eu tinha vinte e um anos na época. A distância percorrida até a escola era de 20 quilômetros. Na ida até que ia rápido, mas na volta eu largava o cavalo para que viesse no passo dele, quando chegava em casa eram três horas da tarde, e a noite tinha que dar aulas para os adultos.

Quanto tempo a senhora permaneceu trabalhando em Conchas?

Fiquei lá por cinco anos. Eu queria uma classe para lecionar, não me incomodava se tivesse que dormir no sítio, ou andar distâncias maiores. A escolha para o local onde a professora deveria seguir obedecia ao critério de títulos e notas obtidas pelo professor, a minha nota era melhor do que a de muita gente, isso me favoreceu. Algumas professoras não queriam locomover-se em distancias maiores, outras não aceitavam ter que ir a cavalo para lecionar. Aceitando qualquer local, eu acabei acumulando um número maior de pontos no meu prontuário, e com isso superando algumas colegas, embora tenha me custado um pouco de antipatia de algumas delas. Ao final dos cinco anos eu já estava cansada de além de lecionar ter que varrer ou lavar a escola, não havia servente, tinha que fazer de tudo. Decidi escolher um grupo escolar, nem que fosse longe. Acabei indo lecionar em Mogi das Cruzes, no Grupo Escolar de Taiaçupeba. Morei uma temporada em Taiaçupeba, mas depois passei a morar em uma pensão em Mogi das Cruzes, ia dar aulas locomovendo-me de ônibus. Um dia eu fui ao cabeleireiro, encontrei-me com a Terezinha Telles, que tinha sido minha colega em Piracicaba. Na pensão conheci também duas outras colegas piracicabanas. Permaneci lá por dois anos. Em seguida escolhi cadeira em Capivari na Escola Mista do Bairro Barnabé, situada em uma fazenda de propriedade da Societé Sucrérie Brésilienne. De lá escolhi a Escola Mista do Bairro Conceição, em Piracicaba, onde lecionei por dois anos. Após esse período vim dar aulas no Grupo Escolar José Romão, isso foi em 1960, permaneci por 20 anos trabalhando lá. Tudo isso fiz quando ainda era solteira.

Como a senhora conheceu o seu marido?

É uma história tão engraçada! Ele me viu pela primeira vez quando eu ainda dava aulas no Bairro Conceição, que ficava junto à estrada velha que ligava Piracicaba a São Paulo. Eu não o tinha visto, mais tarde ele contou-me que tinha dito ao seu companheiro: “- Vou namorar essa professora!”. Seu nome era Josué Elias Gardenal. Em um domingo vi esse moço na Praça José Bonifácio, estávamos em 16 moças. Separamo-nos em dois blocos de oito moças. Não contentes separamo-nos em blocos de quatro moças. Estávamos quadrando o jardim (dando voltas em torno do mesmo e flertando com os rapazes que caminhavam no sentido contrário), quando ele passava, olhava, e cada moça achava que era com ela, até que a minha amiga Zulmira disse: “-Vamos esperar um pouco!” Ele passou, paramos em frente ao Cine Politeama, escutei ele dizer: “- Estou querendo namorar aquela moça!” Um amigo seu disse: “-Ela é professora! ”Vi então que era comigo, pois a minha amiga não era professora. Começamos a namorar.
Ele trabalhava onde?
Trabalhava no Munhoz, na época uma dos mais importantes atacadistas e importadores da região.

Onde foi o casamento?

Foi realizado na catedral de Santo Antonio, no dia 20 de janeiro de 1960, dois anos após iniciarmos o nosso namoro, o celebrante foi monsenhor Jerônimo Gallo. Fomos morar na Avenida do Café, próximo á Rua Fernando de Souza Costa.

Da sua casa até ao Grupo José Romão qual era o meio de transporte utilizado?

Tomava o bonde em frente a Estação da Paulista, ia até o centro, onde pegava o bonde para a Vila Rezende, descia na Avenida Rui Barbosa e seguia a pé até a escola. Só a Avenida Rui Barbosa era calçada, o resto era chão de terra. O Grupo José Romão era super lotado, chegou a ter 80 professoras, 40 efetivas e 40 substitutas. Funcionava em três períodos. Lembro-me dos diretores José Paulillo, Rufino da Silva, dos professores Paulo Bonilha, Hélio Casale Padovani. Nós saiamos ás 5 horas da tarde da escola, coincidia com o horário de saída dos funcionários da Dedini, o bonde seguia lotado, ninguém cedia o lugar para outra pessoa sentar, tínhamos que nos acomodar em pé, em frente aos passageiros sentados. Quando foi criado o ginásio Mário Dedini ele funcionou lá provisoriamente.

Os professores eram respeitados pelos alunos?

Quando um professor entrava na sala de aula os alunos ficavam em pé em sinal de respeito. Todos os dias ainda no pátio os alunos entoavam uma canção cívica: Hino Nacional, Hino a Bandeira ou outro hino pátrio. Nas classes cada professora tinha uma forma de realizar uma oração. Nossos alunos vinham de diversos pontos, de Santana, Santa Olímpia, alunos das famílias Vitti, Forti estudavam no José Romão. Eram transportados das mais diversas formas, inclusive de caminhão. Da minha janela vi fazerem o alicerce do Hospital dos Plantadores de Cana, quando eu dava aulas de classes situadas no andar superior, olhando através das janelas via só cana de açúcar plantada em volta. O Jardim Monumento, a Nova Piracicaba, era tudo um imenso canavial. As filhas do Mário Áreas Vitier, conhecido como Mário da Baronesa, eram professoras no José Romão. Havia uma rivalidade entre o José Romão e o Instituto Baroneza de Rezende. Adotávamos livros clássicos como Caminho Suave, Cartilha Sodré. Usávamos flanelógrafo. Atualmente as crianças aprendem mais rapidamente, há um maior volume de informações.

Qual é a sua opinião sobre os princípios de educação praticados atualmente?

Alguns são muito irreais. O culto ao computador parece uma religião. A televisão oferece muito pouca coisa aproveitável, o adulto tem como filtrar as informações, mas elas são despejadas de qualquer forma sobre as crianças.

A senhora já assistiu alguma vez um programa de televisão denominado Big Brother?

Já! Meu pai diria assim: “É o esculacho da família!”. Eu tenho consciência do que está sendo apresentado, não irei trazer aquilo para a minha vida, assisto para ver até onde vai o limite do absurdo. É feito tudo pelo dinheiro, só que o caminho não é esse, o dinheiro não deve mandar em nossa vida. .






domingo, outubro 10, 2010

Posto Samaritano de Piracicaba - CVV Centro de Valorização da Vida

PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 09 de outubro de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.tribunatp.com.br/
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ENTREVISTADA: ELIANE SOARES
O leitor já deve ter observado que logo após a mídia, em especial a televisão, noticiar uma nova modalidade de crime, imediatamente segue-se uma sucessão de crimes com o mesmo “modus operadis”. Entre os analistas e estudiosos do assunto, há aqueles que julgam a necessidade de divulgar o delito como forma de prevenção ás possíveis vitimas futuras. Outros afirmam que a divulgação das técnicas utilizadas em uma determinada ocorrência, alimenta a especialização no mundo do crime. Uma espécie de “Tele Curso do Crime”. A unanimidade de opinião só ocorre no caso de suicídio, no Brasil não é feita nenhuma divulgação, é alegada que uma das razões é o respeito à família pela tragédia que se abateu. Outro motivo para omitir a natureza da morte é que se o suicida for algum ídolo, ele poderá ser imitado por alguns de seus admiradores. De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade, do Ministério da Saúde, 9.090 pessoas chegaram ao suicídio no Brasil em 2008, o que corresponde a 25 mortes diárias. Em 97% dos casos, segundo vários estudos internacionais, o suicídio é um marcador de sofrimento psíquico ou de transtornos psiquiátricos. Neury José Botega, professor titular do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), afirma que: "Os números são apenas a ponta do iceberg, pois, para cada suicídio, estima-se que haja pelo menos 20 tentativas. E, para cada caso de tentativa que atendemos no hospital, outras cinco pessoas, na comunidade, estão planejando e 17 estão pensando seriamente em pôr fim à vida. São números que não aparecem nos dados oficiais. Basta dizer que apenas uma em cada três tentativas de suicídio recebe atendimento médico." segundo o pesquisador. A partir da Segunda Guerra Mundial, na Europa e nos Estados Unidos, formaram-se grupos de profissionais e voluntários com a finalidade de prevenir o suicídio. Uma das entidades que mais se projetou foi “Os Samaritanos”, melhor estruturada nos anos 50, mas existente desde 1936. Existem outros grupos de voluntários espalhados pelo mundo como “SOS L`Amitié” de Paris, “Il Telefono Amico” da Itália, “SPC Suicide Prevention Center” de Los Angeles. No Brasil o CVV Centro de Valorização da Vida iniciou suas atividades em 1962, em São Paulo, nos moldes de “Os Samaritanos” de Londres. Em nossa cidade o Posto Samaritano Piracicaba localiza-se na Rua Ipiranga, 806, telefone (19) 3422 4111, fundada em 16 de junho de 1982. É uma instituição filantrópica que luta com grandes dificuldades para manter-se, mesmo sendo o CVV reconhecido como Entidade de Utilidade Pública Federal pelo Decreto Lei nº 73.348 de 20 de dezembro de 1973. O caráter sigiloso do atendimento torna difícil mensurar os resultados. Não há como afirmar a quantidade de suicídios evitados em determinado período. Resta aos voluntários se desdobrarem de todas as formas possíveis para conseguirem cotizar o valor necessário para manter o serviço prestado á comunidade. Percebe-se claramente que para os voluntários, o fato de ter salvado, nem que seja apenas uma vida, já se sentem gratificados pelo esforço. Eliane Soares é a pessoa designada a representar a instituição junto á mídia, preservando o anonimato dos demais integrantes do Posto Samaritano Piracicaba.

Qual é a sua função no CVV de Piracicaba?

Sou voluntária, plantonista e ainda coordenadora da divulgação, participo da entidade já há 10 anos.

Qual é o nome correto da entidade?

É Posto Samaritano de Piracicaba, somos vinculados ao CVV Centro de Valorização da Vida. O CVV funciona por 24 horas enquanto o Posto Samaritano atende em determinados horários do dia, trata-se de um horário feito em função da disponibilidade dos voluntários. Em Piracicaba atendemos das 15 até as 23 horas.

Qual é a origem do nome Samaritano?

Ele foi inspirado em um trabalho que já existia na Inglaterra, os jovens que fundaram o Samaritano em São Paulo tomaram contato com “Os Samaritanos” de Londres e adotaram também o nome da entidade. Com o passar do tempo eles fundaram uma instituição que é o Centro de Valorização da Vida. Haviam percebido que algumas pessoas que eram conhecidas tinham tentado o suicídio, uns tinham conseguido o seu intento, outros sobreviveram, mas com seqüelas.
O foco de trabalho desse grupo passou a ser o suicídio?

Foi a prevenção do suicídio, trabalho que continuamos a realizar, o que mudou um pouco foi a forma de divulgação para a sociedade, quando falamos que é a prevenção do suicídio muitas pessoas pensam: “-Eu não vou me matar, então não irei telefonar para lá!” Só que o suicídio é um processo. A pessoa não acorda em um determinado dia e decide: “-Hoje irei tirar a minha própria vida!” É um processo que ocorre ao longo da vida de uma pessoa, pode levar meses, anos, e se ela não for ajudada, compreendida, respeitada, auxiliada, poderá vir a tentar o suicídio. Atualmente o foco da nossa divulgação não é mais a prevenção do suicídio, hoje nós denominamos nossas atividades como um trabalho voluntário de doação de amizade. Somos um amigo do outro lado da linha, você pode ligar a qualquer hora que terá uma pessoa para lhe escutar. Isso para a pessoa que está em processo de tornar-se um suicida, embora ainda para ela isso não esteja claro, em geral são indivíduos em depressão, tristes, essa pessoa irá ligar para nós e desabafar. Não irá concluir um ciclo, onde a própria vida é insuportável.

A palavra suicídio é mais comum nos dicionários do que no nosso cotidiano?

A mídia assim como a sociedade médica, diz que se alardeamos muito a respeito do suicídio, ao mencionarmos que algum artista, um cantor, se suicida por determinado motivo, as pessoas que estão vivenciando motivo semelhante podem vir a suicidarem também. Há muita influência desses ídolos sobre o comportamento da sociedade. Hoje se valoriza muito o ter, o controlar, o fazer o sucesso, e não mais a valorização de quem é a pessoa.

Quem trabalha no Samaritano, CVV, de Piracicaba?

Todos nós somos voluntários e trabalhamos em nossas atividades profissionais. Eu trabalho no departamento de logística de uma metalúrgica. O que nos traz aqui é o fato de gostar de outro ser humano. É o amor ao próximo. Atualmente somos 12 voluntários, sendo 9 mulheres e 3 homens.

Há um número de horas ideal para que o CVV funcione?

O ideal são as 24 horas do dia, como funcionou em Piracicaba até 2006, por falta de voluntários fomos obrigados a diminuir o período de atendimento.

O que uma pessoa deve fazer para tornar-se voluntário?

Nós ministramos um curso, aos sábados das 14 até as 17 horas, com duração de um mês e meio, que irá capacitá-lo como voluntário. Esse curso determina quais são as características necessárias para ser voluntário, como é o estado emocional da pessoa que nos liga, qual é nossa forma de atendê-la. O nosso trabalho é baseado no trabalho de Carl Rogers (Carl Ransom Rogers 1902-1987 foi o mais influente psicólogo na história americana.) na linha da psicologia não-diretiva, no CVV estudamos muito, muito mesmo! Temos os cursos de aperfeiçoamento, isso qualifica cada vez mais o voluntário, que também aumenta o seu autoconhecimento. Não existe limite de idade máxima para ser voluntário.
                                                                       Carl Rogers         
O nome Samaritano pode induzir que se trata de uma instituição ligada á alguma seita religiosa. Há algum vinculo com alguma igreja?

Não temos nenhuma vinculação religiosa ou política, não somos ligados a nenhuma instituição de ensino. Somos todos voluntários, não temos nenhum funcionário.

Em Piracicaba há alguma ajuda governamental?

Nenhuma. Há alguns postos no Brasil que são reconhecidos como de utilidade pública pelo município e recebem uma verba da prefeitura. Nós aqui não somos.

Como é a estrutura do CVV?

O Centro de Valorização da Vida que fica na Rua Genebra, em São Paulo, detém três tipos de trabalho, o CVV que é a prevenção do suicídio, a Clínica Francisca Julia, situada em São José dos Campos, para doentes mentais, e o CRC Caminho de Renovação Contínua. O CVV e o CRC são trabalhos voluntários. A Clínica Francisca Júlia é um hospital com mais de 200 leitos e apoio do governo. A estrutura destinada aos voluntários do CVV e Samaritano é preparada pela unidade central. Cada posto é totalmente autônomo entre si e financeiramente, tem um CNPJ, é uma instituição registrada, em Piracicaba o CVV Samaritanos tem como razão social a Sociedade de Apoio a Vida Dr. Nelson Meirelles. A mesma forma de atendimento que fazemos em Piracicaba é feita em outras localidades onde existe o CVV, há uniformidade no trabalho.

Porque o CVV de Piracicaba chama-se Sociedade de Apoio a Vida Dr. Nelson Meirelles?

Porque a casa onde estamos foi fruto de doação do Dr. Nelson Meirelles. A princípio esta casa era de propriedade do Dr. Nelson Meirelles, ele fez a doação á uma instituição de caridade tendo Luiz Antonio Copoli, o Titio Luiz, como responsável pelo imóvel.

Titio Luiz manteve por muitos anos uma farmácia, com distribuição gratuita de medicamentos aos necessitados. Ao encerrar as atividades da farmácia, Titio Luiz anunciou que a casa estava disponível para a instituição filantrópica que necessitasse. Essa era uma das cláusulas constantes no contrato de doação do Dr. Nelson Meirelles. Uma das nossas voluntárias ouviu a noticia pelo rádio e entrou em contato com o Titio Luiz, que prontamente concordou com o uso da casa pela nossa instituição. (Na sala de recepção há as fotos do Dr. Nelson Meirelles e do Titio Luiz, uma homenagem aos beneméritos).

Como foi o seu ingresso no CVV?

Sempre tive a vontade de realizar um trabalho voluntário, mas onde não fosse necessário dar alguma coisa ás pessoas, porque isso já tinha muita gente fazendo. Através da mídia tomei conhecimento do trabalho feito pelo CVV, achei muito bonito. Não é apenas uma ajuda material, trata-se de um resgate de uma pessoa. Gostei da proposta e vim fazer o curso para voluntários. Para ser voluntario em nosso trabalho é necessário ter amor em excesso, paciência e gostar do ser humano. Se não tivermos um amigo que nos ouça, que nos respeite e acolha em um momento de dificuldade fica difícil de levar a vida.

Ao atender um suicida em potencial como age o voluntário?

Nós não damos conselhos, não somos diretivos, não direcionamos a decisão que a pessoa deve tomar, podemos ajudar a refletir sobre as suas próprias decisões. É um contato absolutamente sigiloso, não perguntamos as características das pessoas, nome, endereço, onde ela trabalha a pessoa não tem a necessidade de se identificar quando liga, não temos identificador de chamadas para saber quem ligou e de onde ligou. Aceitamos a pessoa como ela é.

O voluntário identifica-se durante a ligação?

Normalmente usa-se apenas o primeiro nome, que poderá ser um nome adotado pelo voluntário, principalmente se o seu nome original for incomum, como Arquibaldo por exemplo.

Qual é o sentimento de estar atendendo uma pessoa que está no limiar de tirar a própria vida?

Quando uma pessoa quer suicidar-se e porventura liga para nós, ela desabafa, conta os seus problemas, fala porque está tendo esses tipos de pensamentos, em função da conversa que ela tem conosco, poderá desistir do seu intento naquele momento, isso não impede que ela possa tentar o suicídio daqui a alguns meses. Quando a pessoa liga, nós somos focados totalmente nela, no seu problema, no sentimento que ela nos traz.

Porque o ser humano comete o suicídio?

Isso ocorre porque a pessoa perde a razão de viver, pelos mais diversos motivos. Quando viver não importa mais. O fato de estar viva ou de morrer para ela tem o mesmo significado, ela quer sumir deste mundo, quer morrer. Se ela encontrar uma nova maneira de viver, se a vida passar a ser colorida novamente, ela ganhará força e irá à luta. Há uma comprovação cientifica que mostra quando as pessoas não estão bem, estão depressivas, elas não vêem as coisas com o mesmo colorido de uma pessoa que é feliz. A pessoa depressiva perde cada vez mais a paixão pela vida, fica cada vez mais triste, mais isolada, normalmente ela precisa de uma ajuda médica, e se não tiver ela acabará cometendo o suicídio. Nós somos apenas um amigo que ela tem para os momentos em que ela desejar estar conversando, nos momentos de crise.

Ao atender uma pessoa em momento de crise o voluntário aconselha que ela procure um médico?

Não aconselhamos, ela é que deve perceber essa necessidade.

Há como distinguir que faixa etária entra em contato com o CVV?

Normalmente quem nos liga é um adulto, porém há adolescentes que nos ligam também. O suicídio entre os adolescentes está aumentando, há uma maior competitividade entre eles, se não tiver aquele tênis de marca famosa já é motivo para entrar em crise, para fazer parte do grupo ele precisa ter o tênis, a roupa de grife famosa, a menina tem que ser magra, como dita os manequins das lojas, para um adolescente que está passando por uma fase bastante conturbada, às vezes ele acaba nos ligando para contar o que aconteceu. Pode ser algo do tipo: “Perdi meu namorado pelo fato de que sou gordinha, ele me trocou por uma moça mais magrinha”. No caso do ter uma baixa auto-estima isso é delicado.

O suicida tem baixa auto-estima?

A maioria sim. Quando para a pessoa nada mais tem graça, ele irá se desvalorizando assim como tudo que existe ao seu redor. Nada mais terá valor, inclusive a própria vida.

O voluntário anota alguma coisa durante a conversa?

Não registramos absolutamente nada.

Algumas pessoas ligam com assiduidade?

Caso ele esteja em um processo de dor ela irá ligar diversas vezes, isso pode ser até por vários meses, mas normalmente após terminar esse período de crise ela passa a ser uma pessoa como outra qualquer.

sábado, outubro 02, 2010

César Lasaro Ferreira Costa

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 02 de outubro de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
   Cesar Costa em seu estúdio                                          J.U.Nassif
ENTREVISTADO: César Lasaro Ferreira Costa
Um carvalho pode viver entre 500 a 1000 anos, os silvicultores cultivam o carvalho durante 250 anos para vender a sua madeira, ou seja, quem planta não conhece quem irá beneficiar-se da madeira. Acumular informações para futuras gerações tomarem conhecimento do que ocorre em nossos dias é uma tarefa muito interessante e de grande importância. O jornalista César Costa comemorou no mês de setembro 18 anos do programa Piracicaba em Destaque que apresenta pela televisão, com cerca de 15.000 entrevistas realizadas nesse período. As imagens desses anos todos estão armazenadas em mídias que permitirão consultas futuras. Politicos de grande expressão no cenário nacional, como o então Ministro das Relações Exteriores Fernando Henrique Cardoso, pouco antes de assumir o Ministério da Fazenda e lançar o Plano Real, assim como o Senador Mario Covas, concederam entrevistas exclusivas a Cesar Costa. Pessoas, locais, eventos, isso tudo reunido, registram um passado recente, mas que já se integra á história de Piracicaba. César Lasaro Ferreira Costa nasceu em Piracicaba á 15 de setembro de 1961, é filho de Jandira Ferreira Costa e Benedito Evangelista Costa. Na infância divertiu-se como a criançada da época, que entre as muitas brincadeiras a de pescar “peixinhos”, na verdade girinos, no Itapeva, era uma delas. Acionar a campainha que avisava a chegada do trem da Sorocabana era uma brincadeira comum de muitos garotos. Foi aluno do renomado Instituto de Educação Sud Mennucci, que obedecia aos rigores disciplinares e pedagógicos vigentes. Se o fato do pai ser o diretor da instituição deu-lhe algum prestígio junto aos colegas, também trouxe-lhe maiores responsabilidades. Formou-se em jornalismo pela UNIMEP, atuou no Jornal de Piracicaba, na Rádio Difusora, EPTV, filiada á TV Globo, TV Manchete, e TV Beira Rio, de Piracicaba. Cesar Costa tem seu estúdio próprio, amplo, com diversos ambientes, infra-estrutura semelhante e até maior á de algumas emissoras de televisão com alcance regional. Cesar Costa foi audacioso ao estabelecer novas formas de comunicação para uma cidade em transição rumo á industrialização. Uma decisão tão acertada que favoreceu a vinda de novos programas e apresentadores com o mesmo formato.

Seu pai, Benedito Evangelista Costa, lecionou em ouras cidades além de Piracicaba?

Pelo fato dele ter sido professor de escola publica, foi percorrendo algumas cidades até voltar á Piracicaba. Em Laranjal Paulista ele permaneceu por oito ou nove anos, chegou a ser vereador de Laranjal Paulista, foi um dos fundadores da "Escola Técnica de Comércio Municipal de Laranjal Paulista", tendo sido o seu primeiro diretor, em 1961, atualmente a escola é denominada de Escola Municipal “João Salto”. Em 1963 meu pai assumiu a cadeira de Desenho Geométrico no Instituto Sud Mennucci, chegando a ser o diretor da instituição.


Fachada da escola "João Salto"                                              
Com quantos anos você começou a freqüentar escola?
Com 5 anos já estava no Jardim de Infância Peixinho Vermelho, na Rua XV de Novembro, de lá fui fazer o pré-primário no Sud Mennucci onde fiquei até concluir o terceiro ano colegial.

Como você se sentia tendo o seu pai inicialmente como professor e depois como diretor?

Eu me sentia incomodado, qualquer pequena falha, próprias á idade, as sanções que eu sofria tinham que ser exemplares. Eu era cobrado pelos alunos de uma forma e pelos professores de outra forma. O meu pai foi diretor por quase 10 anos, com isso durante boa parte do período em que estudei, ele ocupou o cargo de direção. Após concluir o colegial, fiz o Cursinho CLQ e prestei vestibular para a faculdade de jornalismo.

A decisão de tornar-se jornalista surgiu quando?

Na infância eu já brincava de fazer rádio juntamente com o saudoso Sérgio Oba-Oba e Reinivaldo Ferraz que era primo em segundo grau. Um amigo fabricou um pequeno transmissor com alcance de até 100 metros, a antena era o varal que a minha mãe utilizava para dependurar a roupa para secar, isso na Rua Alfredo Guedes. Lembro-me também de ter pegado com a peneira no Itapeva o que imaginávamos serem peixinhos, eram girinos. O trem da Sorocabana passava a uns duzentos metros da minha casa, vi muito trem passar por aqui, as crianças desenvolveram uma técnica rudimentar para acionar o sinal que avisava a chegada do trem, era muito comum essa peraltice. O meu bisavô, Francisco Arthur Mariano da Costa, foi chefe da Estação Sorocabana de Piracicaba, e o meu avô Benedito Mariano Costa foi ferroviário nessa empresa, embora o meu pai tenha se formado em agronomia pela ESALQ, ele conviveu com a Sorocabana, a ponto de saber operar o telégrafo. Lembro-me que íamos à sessão Zig-Zag no Cine Politeama, localizado na Praça José Bonifácio, onde hoje se situa o Bradesco. A sessão começava por volta de 10 horas da manhã, lembro-me de ter assistido lá um filme com a Branca de Neve.

O seu pai dizia alguma coisa a respeito da sua opção em tornar-se profissional da área de comunicação?

Meu pai também gostava dessa área, o serviço de alto falante público de Laranjal Paulista foi uma obra sua. Ele gostava de rádio, de musica, montava os quites de rádio, gostava da técnica. Eu cresci ouvindo musica clássica.
 
                                    Cesar Costa tendo ao fundo as telas pintadas pelo seu pai.
Quando você passou a trabalhar na profissão?

Ainda estudante de comunicação, encontrei-me com Antonio Carlos de Mendes Thame, que havia sido meu professor no Cursinho CLQ, fui convidado a fazer o programa “O Povo quer saber”, apresentado por ele na Rádio Difusora, ao meio dia, eu atendia telefone, escolhia música, esse foi o meu primeiro emprego. Nesse período passei a trabalhar na empresa Carthas Outdoor, foi ali que comecei a me inteirar do meio. Um dia surgiu uma arte de um outdoor que deveria ser oferecida e vendida á alguma empresa. O Jornal de Piracicaba estava comemorando os seus 85 anos de existência, consegui com que eles anunciassem no outdoor. Acabei sendo convidado á trabalhar na área comercial do Jornal de Piracicaba. Deixei a Carthas, continuei na Rádio Difusora, e á noite fazia faculdade.

Como foi a sua primeira participação ao microfone de uma rádio?

O programa “O Povo quer saber” estava sendo apresentado na Difusora, quando surgiu a comunicação de um juiz eleitoral, determinando que a partir daquele exato momento não fosse mais permitida a participação de candidato em programas de rádio, em função do horário eleitoral gratuito. Calmamente o Thame levantou-se, com o programa no ar, disse aos ouvintes, que a partir daquele momento o César Costa passaria a apresentar o programa, e retirou-se do estúdio. O sonoplasta Celso Ribeiro percebeu o meu desespero em ser pego de surpresa, colocou um disco junto ao vidro que divide o estúdio da mesa de som, e apontando para o relógio indicou-me o que eu deveria fazer. Imediatamente falei: “São doze horas e quinze minutos, vamos ouvir Moacir Frango!” Essa foi a minha estréia no rádio, dando ao célebre cantor o sobrenome Frango. Algum tempo depois esse programa deixou de ser apresentado na rádio e eu continuei trabalhando no Jornal de Piracicaba. Em 1989 fui trabalhar no “O Diário”, na área comercial, com Cecílio Elias Neto, Gabriel Elias, o gerente comercial era o Raul Nardin, permaneci por oito ou nove meses. Fiz uma campanha muito bem sucedida, eu tinha mandado meu currículo para a EPTV, surgiu uma oportunidade para ir trabalhar no Sul de Minas Gerais, meu pai tinha acabado de falecer, decidi que seria melhor permanecer com meus familiares naquele momento. Algum tempo depois fui chamado para ir até a EPTV, e para a minha surpresa recebi o convite para trabalhar na área comercial, pela experiência que eu já tinha acumulado.

Qual é o segredo do sucesso em vendas na área da comunicação?

Deve ser uma venda efetuada da forma mais clara possível. Tudo o que vendi e vendo até hoje o cliente sabe por que está comprando, quanto e quando ele deverá pagar, eu me mantenho nesse mercado já por 25 anos. Tem que haver ética, transparência, o cliente deve saber que está comprando um produto que dará retorno á ele. Os grandes centros já fizeram um ajuste nesse sentido, o que deverá ocorrer nas cidades médias e nas menores. Todos os veículos de comunicação dependem da publicidade, porém existem inúmeras formas de comercializar essas publicidades.

Você foi trabalhar fora de Piracicaba?

Fui para a EPTV de Campinas, em 1989, montei o seu escritório comercial em Piracicaba, que existe até hoje no mesmo local. Após algum tempo recebi o convite do Fausto Rocha para assumir a gerencia comercial da TV Manchete em Campinas. Acabei aceitando, um dos fatores que fez com que eu me decidisse é que ele me sinalizou que em seis meses eu deveria ter um programa meu. Na TVFR (Manchete) fiquei até outubro de 1982, há 18 anos, a TVFR lançou o programa “Painel Piracicaba”, que podia ser sintonizado em 80 cidades da região, inclusive Campinas. O Fausto conseguiu regionalizar a televisão regional. Ele apresentava o “Painel Campinas”, outro jornalista apresentava o “Painel Limeira”. Cada dia da semana era apresentado um painel de uma das cidades integrantes do programa Painel. Era um programa de entrevistas, em Piracicaba eu gravava no Hotel Antonio`s, a equipe vinha de Campinas, montava o estúdio e eu levava as pessoas que já tinha agendo para serem entrevistadas. O meu primeiro entrevistado foi Antonio Carlos de Mendes Thame, na época recém eleito prefeito de Piracicaba. O segundo foi o Dito Gianetti que estava inaugurando a BG Import. No primeiro ano entrevistei 104 pessoas. Após algum tempo passei a gravar em Limeira. Nessa época é que entrevistei Fernando Henrique Cardoso, então Ministro das Relações Exteriores e o senador Mário Covas, eles estavam fazendo campanha para instituir o parlamentarismo. Com FHC aconteceu um fato curioso, fiz algumas perguntas abordando o tema economia, percebi que ele tinha muita influência na área econômica, isso no governo do Presidente Itamar Franco. Ele se esquivava dessas perguntas, não queria ser questionado com temas da economia nacional. Passamos a falar da situação dos dentistas brasileiros em Portugal. Quinze dias depois ele passou a ser Ministro da Fazenda. Na época o Mário Covas era muito mais assediado do que o Fernando Henrique Cardoso. Até chegar nas 15.000 entrevistas que eu realizei nesses 18 anos, aprendi muitas coisas com as pessoas que entrevistei pessoas dos mais distintos pensamentos, correntes políticas, sociais, cada um trazendo uma lição de vida.
 Cesar Costa entrevistando o então Ministro Fernando Henrique Cardoso pouco antes dele lançar o Plano Real
                                      Cesar Costa com o então senador Mário Covas
Quem você gostaria de entrevistar novamente e que já é falecido?

(Cesar Costa faz uma ligeira pausa, e responde). Gostaria de entrevistar novamente o seresteiro Victório Ângelo Cobra, o Cobrinha.

Quem você não entrevistaria novamente?

Vamos censurar essa pergunta! (Muitos risos). Não entrevistaria novamente um palestrante que entrevistei há alguns anos, ele é de São Paulo e veio proferir uma palestra em Piracicaba. Das 15.000 entrevistas que realizei essa é a única que eu não gostaria de fazer novamente, pela completa falta de postura do entrevistado.
                                  Lembranças do Painel Piracicaba na TV Manchete
As entrevistas são transmitas ao vivo?
Não, elas são sempre gravadas. As pessoas dirigem-se até o meu estúdio, a característica do programa ter nascido em estúdio continua. A matéria em estúdio dá para trabalhar mais o assunto. As condições em que a entrevista é realizada são mais favoráveis. Walterly Accorsi, filha do cientista Walter Accorsi, certa ocasião disse que seu pai deveria entregar medalhas para 20 cientistas da ESALQ, e a seu pedido entrevistei a todos, cada um doutor em sua especialidade, as perguntas tinha que ter coerência, começo, meio e fim. Foi um bom desafio para mim.

Qual é o formato atual do programa Piracicaba em Destaque?

Tem a parte de estúdio que é basicamente voltada á programas de interesse público, á comunidade, com prestação de serviços. São abordados assuntos de educação, saúde, entidades assistenciais que necessitam de divulgação, clubes de serviços, muitas dessas entidades necessitam de um espaço para divulgações. Há o lado empresarial, o bloco TV Acipi é levado ao ar a cada 15 dias em um bloco de 10 minutos de duração, é realizado há 10 anos. Piracicaba em Destaque é apresentado uma vez por semana com a duração de uma hora.

Quando você casou-se?

Foi no dia 28 de maio de 1993, na Catedral de Santo Antonio, a festa foi no Teatro São José.

Além do programa Piracicaba em Destaque você realiza outras produções?

A Cesar Costa Vídeo Produções, além de realizar o programa Piracicaba em Destaque produz vídeos promocionais, empresariais. O estúdio pode ser locado para outros programas que queiram utilizar. O equipamento também pode ser locado.










sábado, setembro 25, 2010

EVANGELINA (EVA) DE BARROS BELLA

JOÃO UMBERTO NASSIF 
Jornalista e Radialista 
joaonassif@gmail.com
Sábado 25 de setembro de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana 
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 
ENTREVISTADA: EVANGELINA (EVA) DE BARROS BELLA

O casarão onde se localiza o Museu Histórico Sorocabano foi construído pelos escravos de João de Almeida Pedroso em 1780. Passaram pelo casarão oito moradores, o último deles foi Joaquim Eugenio Monteiro de Barros, o “Quinzinho de Barros”, de cujos filhos a Prefeitura de Sorocaba conseguiu o patrimônio que dá nome ao Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros. Em 1842 o casarão recebeu a visita mais importante de toda a sua existência, a Marquesa de Santos, que vivia com o Coronel Rafael Tobias de Aguiar, e que por causa da Revolução Liberal ocorrida naquele ano, ali se asilou, pois na casa de Tobias, na cidade, era grande o movimento dos revolucionários. 
Uma das netas de Quinzinho de Barros, filha de Milburges Prestes de Barros Bella e Vicente de Paula Bella é Evangelina (Eva) de Barros Bella, nascida na Rua Dona Inácia Uchoa, Vila Mariana, São Paulo, em 12 de julho de 1939. Ela relata a sua infância transcorrida no Jardim Paulistano, para onde a família havia mudado. Lembra-se dos casarões da Avenida Paulista, da suntuosa mansão do Conde Francisco Matarazzo, situada na mesma avenida que veio a ser
demolida e o terreno transformado em estacionamento.
                                Belvedere existente onde hoje é o MASP




Fotos da Mansão Mattarazzo


                                        
Mansão Mattarazo sendo demolida, anos 80
Tem na lembrança a figura de um ilustre passageiro que embarcava no bonde, Washington Luís Pereira de Sousa, o décimo terceiro presidente do Brasil, deposto e exilado, viveu muitos anos nos Estados Unidos e posteriormente na Europa. Regressou ao Brasil em 1947 e faleceu em São Paulo a 4 de agosto de 1957.
                                  Famoso bonde "camarão"

Bonde na Avenida Paulista em 1966

   
                      
 
 
                                                                 Washington Luiz
                                                   

Casou-se com Carlos Maria, homem de grande cultura, célebres amizades, um dos precursores da Rádio Eldorado, pertencente ao Jornal O Estado de São Paulo. Ela conserva até hoje um belo exemplar de livro com tiragem limitada, com a dedicatória do autor, Vinicius de Moraes.

Livro com dedicatória de Vinicius de Moraes para Carlos Maria

       Carlos Maria de Araujo
                                                           
Desde menina, Eva transitou por um ambiente de muita cultura, em uma época em que o romantismo dominava, poetas eram pessoas aclamadas, intelectuais incensados, havia glamour, sofisticação. Atualmente Eva reside em companhia de seus cães em uma agradável residência no Lar dos Velhinhos de Piracicaba. Sempre sorridente busca na memória as lembranças tão queridas, com a alegria de quem soube muito bem o que desejava da vida. Foi uma mulher arrojada para a sua época sem, contudo transigir com seus valores e princípios. Eva casou-se com Carlos Maria de Araujo, poeta português nascido em Lisboa em 9 de abril de 1921, ele em 1949 foi morar na Suíça, passando por uma breve temporada na Inglaterra veio morar no Brasil, iniciou sua colaboração no Jornal O Estado de São Paulo e na Rádio Eldorado, colaborou com artigos para diversos jornais brasileiros, publicações britânicas e americanas. Assinou por longos anos a crônica satírica “Aos Domingos”, publicada no jornal “O Estado de São Paulo”. Em 20 de agosto de 1962, a caminho da Inglaterra, faleceu na queda do avião na Baia da Guanabara.  A obra de Carlos Maria de Araújo é composta por quase uma centena de poemas, reunidos em quatro livros, que cobrem pouco mais de uma década de produção poética, de 1950 a 1962, é um poeta injustamente esquecido, tanto no Brasil como em Portugal, com obras reconhecidas por críticos como Sergio Millet e Jorge de Sena. As universidades brasileiras estão redescobrindo a obra de Carlos Maria de Araújo. 
O seu avô paterno tinha amizades importantes?
Ele fazia parte de uma minoria alfabetizada, foi amigo de Júlio César Ribeiro Vaughan, conhecido popularmente como Julio Ribeiro, que entre outras coisas criou da bandeira do Estado de São Paulo, escritor famoso por suas obras, como o romance “A Carne”, publicado em 1888. Julio Ribeiro ficou muito doente, com tuberculose, e foi tratar-se em Santos, deixando sua mãe aos cuidados do meu avô, ela não queria sair de Sorocaba. Julio Ribeiro tinha uma vida muito interessante, era filho de um trapezista americano de circo e de uma mineira. Sorocaba tornou-se um marco obrigatório para os tropeiros devido a sua posição estratégica, eixo econômico entre as regiões Norte, Nordeste e Sul. Com o fluxo de tropeiros, o povoado ganhou uma feira onde os brasileiros de todos os Estados reuniam-se para comercializar animais, tornando-se uma localidade muito importante, isso nos séculos XVIII e XIX.
A família da senhora tem fortes laços com a cidade de Sorocaba?
Tanto pelo lado materno como também do paterno a origem é Sorocaba. São famílias de longa tradição na cidade, sendo que os meus pais fazem parte dos poucos que saíram para morar em outra cidade. Tiveram oito filhos, o mais velho Vicente de Paula, foi diretor da Acesita, o segundo filho Cezar de Barros Bella era aviador, na época da Segunda Guerra ele fez o curso de piloto militar nos Estados Unidos, assim que tirou o brevê acabou a guerra. Voltou ao Brasil e passou a trabalhar na aviação comercial, o primeiro emprego foi na REAL - Redes Estaduais Aéreas Ltda., transferiu-se para a VASP, onde se aposentou. Em seguida nasceu a minha irmã, Maria Cecília, nutricionista, outro filho era o Celso de Barros Bella, que entrou na Varig, como aviador, onde se aposentou. A quinta filha é nutricionista, a Joana. O sexto filho era advogado e jornalista, José Joaquim, fazia a coluna de teatro na Folha de São Paulo. Depois veio o Ivan, jornalista, que fez o primeiro curso de publicidade que houve no Brasil, no Museu de Arte Moderno, ainda na Rua Sete de Abril. Ele fez carreira até trabalhar no jornal Estado de São Paulo. Eu sou a filha mais nova.
A senhora era estudante quando a sua família mudou-se da Vila Mariana para outro bairro?
Fomos morar no Jardim Paulista, na Rua José Clemente, 255, é uma rua paralela a Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, começa na Rua Estados Unidos e termina quase na Avenida Brasil. Quando mudamos para lá eu fiquei muito encantada com o lugar, havia jardim em frente as casas, na esquina morava a família Arens que era parente do Washington Luiz, ele andava no bonde com a gente, isso foi depois que ele voltou do exílio. Na época o bonde era uma condução muito utilizada por todos, e o bonde Jardim Paulista era famoso, havia o fechado que por ser vermelho era denominado “camarão”, e existia também o aberto. Nós não tínhamos as condições financeiras das pessoas que moravam na Avenida Paulista, mas culturalmente estávamos no mesmo nível, o meu pai sempre cuidou muito da nossa formação, acredito que fui um dos casos raríssimos que na época usou aparelho ortodôntico. Só quando adulta é que fui me aperceber que fomos criados em um sistema onde o que importava era os valores da nossa família, que sempre priorizou os estudos e a moral, isso dentro de uma liberdade incomum para a época.
O pai da senhora trabalhou no SENAI?
Meu pai era professor, foi diretor de ensino, foi secretário do ensino profissional, quando o suíço Roberto Mange criou o SENAI ele convidou o meu pai para ir trabalhar com ele, comissionado junto ao SENAI. Papai falava fluentemente o francês, tendo facilidade de comunicação com o suíço.
Como era o Jardim Paulista na época?
Existiam casas enormes, com pessoas famosas, lembro-me do Campos, um dos primeiros publicitários de São Paulo, foi de sua autoria o lançamento da publicidade do Toddy  o garoto Toddy era irmão dele!  Outra vizinha era Dora Ferreira da Silva, poeta e tradutora de Rilke  A Avenida Paulista era linda, eu adorava aquelas casas. Tomava o bonde em frente a casa do Matarazzo, que ocupava m quarteirão. Conheci a família Suplicy, minha prima Renata Borges casou-se com o Anésio, irmão mais velho do hoje senador Suplicy, eles tinham uma casa enorme na Alameda Santos, quase esquina com o Parque Siqueira Campos. Eu era “vela” (uma criança pequena que acompanhava os namorados para relatar depois aos pais se alguma coisa acontecera de errado) da minha prima Renata.
A senhora chegou a ver a construção do MASP na Avenida Paulista?
Senti muito quando foi construído o MASP, antes era um parque com um belvedere, de onde se avistava São Paulo inteira de lá, eram realizados bailes no local. Era muito lindo, tinha um ar europeu. Sou contra o modernismo acabar com o que existe de bonito. Lembro-me da Maria Anna Olga Luiza Bonomi, escultora, pintora, neta de Giuseppe Martinelli, construtor do primeiro arranha-céu da América Latina, ela muito amiga do meu irmão, ela era casada com o Antunes Filho, famoso diretor de teatro.
Conheceu uma costureira muito famosa, estabelecida na Avenida Paulista?
Era a Madame Rosita! Tive um desfile especial,  foi feito para mim e para meu marido,   eu casei-me aos dezenove anos com Antonio Maria de Araujo. (A Maison Madame Rosita ficava no número 2.295 da Avenida Paulista, num casarão que possuía frigorífico especial para as suas peles). È interessante, mas eu estava sempre onde estavam acontecendo às coisas.
Como foi o seu ingresso na Rádio Eldorado?
Meu irmão José Joaquim, queria que eu trabalhasse, eu não queria, ele tinha muitos amigos na Radio Eldorado, inclusive o ator Rubens de Falco que era locutor, a rádio que estava iniciando suas atividades. Fui levada até a rádio quase a força, eu fiz o teste com o Carlos Vergueiro, ele era ator do TBC, no tempo da Cacilda Becker. O Vergueiro me perguntou: “-Você sabe inglês?”, respondi: “-Não!”, ele perguntou: “- Você sabe datilografar?”, respondi: “-Não!”, ele então me disse: “-Está empregada!”. A rádio só tinha o Promusica era vendido para empresas. (Não havia a FM doméstica e a música ambiente entrou em moda. A Eldorado criou um canal em FM transmitindo música ambiente e instalava um receptor da Telefunkem marca FREMO, a válvulas, com sistema de amplificação e alto falantes, cobrando uma taxa pelo serviço). A Eldorado ficava na Major Quedinho,  no sétimo andar, o correspondente em Paris comprava os discos lançados na Europa. Fui trabalhar na discoteca, fazia o fichário e a cronometragem dos discos, não vinha estampado o tempo de duração de cada musica. A rádio era um ponto divertidíssimo, com um auditório muito moderno, acústica perfeita, o engenheiro técnico era o Dr. Macedo. O maestro Diogo Pacheco fazia programa de música latino-americana.
Como você conheceu Carlos Maria Pereira Pinto de Araujo?
Ele trabalhava na Eldorado, era redator de programas de música americana, entendia muito de jazz, fazia programas de canções de todo mundo, trabalhava das 9 ao meio dia na rádio e depois ia para o jornal Estado de São de São Paulo, onde era redator da seção internacional, ele era fluente em seis idiomas. Casamo-nos na Bolívia, ele tinha 36 anos, era desquitado. Eu o conheci em 1957, em 1962 ele faleceu. Aos 23 anos fiquei viúva com uma filha de 2 meses. Fui fazer Ciências Sócias na USP á noite e trabalhava em revistas técnicas, como redatora. Teve um período em que tive que parar de estudar, tinha entrado para a faculdade em 1967, em 1968 eu estava na Rua Maria Antonia, onde fazia o curso de Ciências Sociais, no primeiro dia de aula já havia uma greve na escola, não houve aula, no dia seguinte ao chegar ao trabalho meu colega comentou: “-Você começou bem!” e mostrou-me a primeira pagina do Jornal da Tarde, onde havia uma fotografia do pessoal em greve, e eu aparecia nela! Naquela época era um perigo, o Dops já fichava, os meus antecedentes familiares eram suspeitos aos olhos do regime da época, meu marido tinha se indisposto com o regime salazarista, meu tio Emerenciano Prestes de Barros que foi deputado federal, prefeito de Sorocaba, foi cassado como comunista, meu irmão era presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa do Sindicato dos Jornalistas. Fui convidada a participar do grêmio estudantil. O Celso Ming estava formando-se na época, como sociólogo. Fiquei na comissão de imprensa do CEUPES - Centro Universitário de Pesquisas e Estudos Sociais - Centro Acadêmico de Ciências Sociais – USP.
A senhora participou da quebradeira que houve na faculdade?
Em 1968 fecharam a faculdade, o CCC, Comando de Caça aos Comunistas tinha ligações com os estudantes do Mackenzie, que ficava em frente a nossa faculdade, na Rua Maria Antonia. Eles eram da extrema direita. Nunca foi falado isso? Tenho a minha obrigação de falar. Se pudéssemos falar quem são muitos dos nossos políticos! Nós estávamos fazendo prova de antropologia, as luzes apagaram de repente, ficamos em frente ao prédio esperando a energia retornar, o pessoal do Mackenzie passou a nos provocar, atirando ovos em nós. Voltamos pacificamente á classe. Existe uma passagem subterrânea que atravessava da Rua Maria Antonia até a Rua Dr. Vila Nova, onde havia a faculdade de economia da USP. Eu estava em casa quando a faculdade foi fechada.
A senhora foi procurada por alguma autoridade da época?
Apesar de ter ligações perigosas, não fui procurada por ninguém, nunca fui fanática por nada, acho que todos os fanatismos se assemelham.

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