domingo, maio 22, 2011

JOSÉ BENEDITO ADAMOLI

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 14 de maio de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: JOSÉ BENEDITO ADAMOLI
José Benedito Adamoli nasceu em 6 de agosto de 1921, na Rua Ipiranga esquina com a Rua Benjamin Constant, em Piracicaba. É o filho caçula dos 11 filhos do casal Emilio Adamoli e Genoveva Penatti Adamoli: Maria, Pedro, Carlos, Emilio Reinaldo, João Egidio (Joca), Umberto Luiz, Osvaldo, Mauro Rodolfo, Mirtes, Carolina Francisca e José Benedito. Foi professor de matemática, lecionou por cinco anos na Escola Industrial em Piracicaba. Do alto das suas quase nove décadas de vida entre outras receitas para bem viver está a moderação de hábitos e costumes, é um seresteiro por excelência, afinado no violão e na voz, mantém o fôlego e o tom, impressionando a platéia com sua interpretação natural que invade o ambiente. Artista plástico, conserva suas telas em seu ambiente doméstico. Da varanda da sua casa pode ver do outro lado da rua a casa que foi do seu irmão Joca Adamoli, um dos mais renomados artistas plásticos piracicabanos, com obras em museus do mundo afora. Emílio Adamoli, seu pai, foi o pioneiro na construção de barcos em Piracicaba, até então era comum o uso de rústica canoas ou embarcações fabricadas fora da nossa cidade. A empresa da família por décadas extraiu areia do Rio Piracicaba, utilizada nas construções de edificações. Conversar com José Benedito Adamoli é fazer uma viagem ao passado recente, época com hábitos e costumes muito diferentes dos atuais.
Onde o senhor estudou as primeiras letras?
Foi no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, lembro-me do professor Salustiano Cruz, da Dona Branca Leite, da Da. Virgínia. O ginásio eu estudei no Externato São José, situado no prédio onde depois funcionou a Faculdade de Odontologia de Piracicaba. Estudei dois anos de curso científico na Escola Normal ( mais tarde denominada Sud Mennucci), onde estudei mais dois anos e formei-me professor.
Em sua infância o senhor tinha alguma outra atividade além de estudar?
A partir dos 10 a 12 anos passei a ajudar o meu pai, realizando pequenas tarefas, como ir comprar alguma tinta, pregos, eram pequenas necessidades imediatas. Naquele tempo era muito comum “ir dar recados” á alguém, os telefones eram raros. Nossa família adquiriu o telefone de número 398, fazia parte dos primeiros quarenta aparelhos instalados em Piracicaba.
Quem construía os famosos barcos Adamoli?

Além do meu pai todos os meus irmãos trabalharam na fabricação de barcos, mais tarde, ao se tornaram adultos alguns se identificaram mais com outras atividades, o Joca começou a trabalhar em pintura, um irmão foi trabalhar com calçados, outro tornou-se mecânico.
Quais eram as madeiras mais utilizadas nas confecções dos barcos?
Eram o Ximbó e o Cedro. As toras eram cortadas nas serrarias do Cobra, do Paschoal Guerrini, mais tarde passaram a vir já serradas. Toda essa madeira vinha do Paraná, eram descarregadas, permaneciam secando por quatro a cinco meses. Após a secagem eram aplainadas, com elas eram feitos os barcos, após prontos recebiam um tratamento com óleo de linhaça e eram pintados com uma tinta cuja formulação o meu pai preparava. Os barcos fabricados por nós estavam presentes nos mais diversos recantos do território brasileiro.
Quais eram as dimensões mais comuns dos barcos?
Havia o de 5 metros e 20 centímetros, o de 6 metros e 80 centímetros e o de 7 metros, a largura era de 1 metro e 10 centímetros na boca, embaixo 80 centímetros. A altura da tábua era de 40 centímetros. Comportava de 5 a 6 pessoas. Deslizava muito bem, tinha mais peso que o barco de alumínio, o motor encontrava mais resistência no barco de madeira do que no de alumínio, isso permitia maior aderência á água para deslizar suavemente. Fazer um barco é uma verdadeira arte. Na época em que esse maravilhoso Rio Piracicaba tinha peixes como dourado, piracaju, piapara, jau, mandi, eram peixes de excelente qualidade. Até 1949 a 1950 pescava-se em abundancia no Rio Piracicaba, escolhia-se o peixe por espécie e tamanho, não se comercializava peixe, quando meu pai voltava da pescaria no Rio Piracicaba distribuía peixe com nossos vizinhos.
Como era a Rua Benjamin Constant no tempo da sua infância?
Era calçada com pedregulho, começava na Rua Regente Feijó e ia até onde hoje é o início da Avenida São Paulo. A estrada que ia para Tietê era de terra, foi construída com carroças tracionadas por burros, eram de 150 a 200 carrocinhas trabalhando. O que era muito curioso é que o primeiro burro puxava a carroça e os demais seguiam atrás, cada um tracionando uma carroça, praticamente um carroceiro dominava todas as carrocinhas. O que uma máquina faz hoje em duas horas na época não se fazia em um ano. A Rua do Rosário era a menos movimentada, passava uma carroça por hora! Passando a carregadeira de boi já existia a rua aberta, mas havia uma ou outra casa construída.
Onde hoje é a Avenida Armando Salles de Oliveira corria a céu aberto o Itapeva, o senhor nadou no Itapeva?

Nadei muito! Nadava o dia todo, a água era cristalina, a nascente era lá para os lados da Paulista, Piracicaba ia buscar água na nascente denominada Olho da Nhá Rita. Não havia filtro na estação de água íamos buscar água lá. Tinha uma guarita da Estrada de Ferro Sorocabana, a prefeitura fez um patamar com um cano de água saindo da nascente, era tudo muito bem arrumado.
O senhor conheceu Chico Carretel?
O Chico foi muito amigo meu, no inicio ele tinha uma olaria, que vendeu para a família Bená, depois ele foi proprietário de uma serraria na Avenida Paulo de Moraes, em frente ao Bar Soltini, de propriedade de uma família com 14 filhos. O Chico ganhou o apelido de Chico Carretel por ter sido sócio do “Ieié Gobett” em uma fábrica de carretel de madeira.
Próxima á residência da família do senhor havia uma fábrica de bebidas?
Era a fábrica de bebidas Orlando, quando eu nasci já existia essa fábrica, além da famosa gengibirra faziam capilé, maçãzinha, itubaina, fernet, Meu pai contava que por um período de tempo um químico alemão trabalhou junto com Vicente Orlando.
Por que o pai do senhor iniciou a fabricação de barcos em Piracicaba?
Ele gostava de pescar, naquele tempo havia canoas, constituídas por um tronco de árvore aberto no meio, lavrava-se a tora de madeira com machadinha, enxó, furava-se com ferro quente, ia cavoucando, demorava um “século” para fazer uma canoa! Meu pai fez uma canoa redonda, era feita de sarrafinhos, lembro-me que ele colocou o nome de “Ipiranga” nessa canoa. Mais tarde ele colocou uma bolina na canoa, dava mais estabilidade. Em seguida meu pai construiu um barco com fundo chato, chamava-se “Vinte e Nove de Novembro”, data em que ele lançou o barco no Rio Piracicaba. Logo em seguida ele passou a fabricar barcos, a princípio para Piracicaba, logo passaram a levar barcos para os mais diversos lugares.
Pedro Adamoli, o irmão mais velho do senhor, conhecia muito sobre fabricação de barcos?
Era um gênio criativo! Fabricou lanchas que foram adquiridas por clientes de Santos, Rio de Janeiro, ele trabalhou um período em construção naval no Rio de Janeiro, uma das suas especialidades eram lanchas de competição. Prestou serviços para a família Borges que tinha uma concessionária dos motores Johnson em São Paulo. A Mesbla de São Paulo adquiriu muitos barcos fabricados por nós em Piracicaba. Fizemos mais 30 catraias para a Sociedade Judaica de São Paulo. Fizemos uma 10 balsas de transporte pesado para a CESP Companhia Energética de São Paulo. Meu pai foi ampliando a área das nossas oficinas, adquirindo propriedades vizinhas. O transporte dessas embarcações era feito por carretas especiais, o Expresso Piracicabano do Gianetti, tinha umas carretas especiais para esse fim. Fazíamos até lanchas luxuosas com todas as acomodações que a tecnologia da época permitia como cama, fogão e outros recursos.
O senhor sempre gostou de música?
Aos 15 anos eu já tocava violão e fazia seresta! Meu irmão Osvaldo gostava muito de seresta, naquela época era necessário tirar alvará na delegacia de policia para o menor de idade tocar em uma seresta, os guardas de rua chamados de “grilo” apitavam a noite toda. Junto com o meu irmão e a turma da Rua do Porto íamos tocar por tudo quanto era lugar da cidade! Sempre a pé! As moças deixavam na janela um licorzinho para a gente tomar. A moça para quem era feita a serenata não saia na janela, para sinalizar que estava acordada acendia a luz.
E os pais da moça?
Ficavam dentro de casa, roncando! Á moça homenageada não se permitia o direito de sair e agradecer, apenas no dia seguinte se encontrasse com o seresteiro ela então poderia falar a respeito da serenata feita em sua homenagem. As serenatas eram feitas aos sábados e domingos.
O senhor freqüentava cinema?
Geralmente ás quarta feiras íamos ao Cine São José, lembro-me de ter assistido Tom Mix, Flash Gordon No Planeta Marte, eram seriados. Uma curiosidade daquela época é que havia muitos homens que não carregavam crianças, era uma função delegada ás mulheres.
O senhor tinha algum outro tipo de diversão?
Nós íamos pescar, geralmente de barco, para levar a embarcação até o Rio Piracicaba usávamos uma carroça de tração animal. Nadei por 15 anos no Rio Piracicaba, faz 60 anos que tenho rancho na barranca do Rio Piracicaba. Lembro-me que em uma ocasião pescamos 13 peixes pintados, por não ter para quem dar o excesso de peixe devolvemos mais da metade ao próprio rio. Lembro-me das festinhas que existiam em frente á catedral, no centro ao lado do antigo coreto havia um lago com peixinhos vermelhos, as crianças paravam, olhavam e respeitavam, sem sequer tocar na água. Havia festas também junto a Igreja Bom Jesus, ao lado da Igreja dos Frades, onde hoje é Assistência Social Mariana, em frente a Igreja dos Frades havia um cercado onde o pessoal que vinha do sítio deixava as carroças. Lembro-me de que no Largo São Benedito havia uma carroça com quatro rodas, puxada por cavalos, o condutor era um negro que usava fraque e cartola, funcionava como hoje funciona um taxi. Contratava-se a ida até o local onde se desejava ir. Os Fornazari tiveram carros e cavalos desse tipo na Rua Floriano Peixoto, onde hoje é a Mausa. Na frente tinha um pasto onde os cavalos ficavam soltos, tinha a garagem onde guardavam os respectivos carros de tração animal. O Libório tinha um carro desses com dois cavalos, até então o quem falecia era conduzido carregado pelas mãos dos acompanhantes até o Cemitério da Saudade. Imagine subir a Rua Moraes Barros do centro até o cemitério! Isso tudo feito vestindo terno! Era obrigatório o uso do terno! O chão era de terra. O primeiro carro fúnebre adquirido pelo Libório foi construído pelo meu irmão Pedro, no inicio houve certa resistência em deixar de levar o caixão carregado pelas mãos dos acompanhantes. Onde hoje é o Estádio Barão de Serra Negra era um bosque com árvores frondosas.
O senhor chegou a ver hansenianos em Piracicaba?
Conheci muitos deles, andavam a cavalo, portando um bastonete com uma latinha na ponta, permaneciam montados no cavalo e esticavam o bastonete de tal forma que as pessoas davam moedas como esmola sem tocar no portador da doença.
O senhor jogou futebol?

Joguei pelo Cruzeiro de Piracicaba durante 14 anos, era lateral direito, joguei um pouco pelo União Monte Alegre, também no Samambaia que ficava junto ao São João da Montanha na Escola de Agronomia. O Cruzeiro ficava na Rua Floriano Peixoto. Onde hoje é o Colégio Dom Bosco era o Independente, onde é o SENAI era o Sorocabana Futebol Clube.
Como eram os bailes em sua juventude?
Ia aos bailes no Clube Cristóvão Colombo, situado no andar superior de uma edificação na Rua São José esquina com a Rua Governador.
Outra atividade da família Adamoli qual era?
O meu pai por gostar muito de pescar construiu o barco para o seu lazer, o meu irmão Osvaldo também gostava muito de pesca, um grande companheiro de pescas era o Cri-Cri, um cachorro preto de pelo liso, ficava na ponta do barco, quando ele percebia qualquer movimentação de que haveria pescaria ele já se movimentava, era o primeiro a subir no barco! Uns pescadores retiravam areia usando canoa, para encher uma carroça de areia levava um dia inteiro, entre eles havia o Sebastião, Tutu, Norca, Zé Meo, Lazinho Cabeça, Araponga. Fizeram a proposta para meu pai construir um barco grande e juntos formariam uma sociedade para extração de areia do Rio Piracicaba. Meu pai concordou, fez um barco onde cabiam duas carroças de areia, cerca de mil quilos. O negócio deu certo, meu pai fez mais alguns barcos, até fazer uma draga. Meu irmão Pedro colocou motor, bomba de sucção, encanamentos, no fim conseguiu fazer a extração de areia: extraia pela draga, caia no barco e despejava no barranco. Assim nasceu a empresa, que mais tarde até guindaste teve, também construído pelo Pedro, tinha um barco grande com seis caixas, cada caixa comportava um metro de areia, o guindaste tirava a caixa cheia e esvaziava no barranco. Chegamos a ter 80 funcionários só para carregar areia de forma manual, com a pá.
Como era transportada a areia da margem do rio até o comprador?

Com carroça puxada por três burros. A nossa chácara ficava onde hoje é o SESC, meu pai tinha comprado um alqueire de terras, ali era a cocheira dos animais. Eram 15 carroças e 96 burros só para puxar areia, subiam a Rua Moraes Barros. Havia muitos carroceiros que adquiriam areia que nós extraiamos e revendiam pela cidade.


LUIZ ANTONIO DE SIQUEIRA (LUIZÃO)

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 7 de maio de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: LUIZ ANTONIO DE SIQUEIRA (LUIZÃO)
Ele nadou no Rio Piracicaba, desceu pelas águas do rio desde a conhecida popularmente como Ponte do Mirante até onde mais tarde veio a ser o Bela Vista Nauti Clube, cerca de 10 quilômetros de extensão. Fazia o trajeto da volta também. Viu muita boiada passar pela Rua Luiz de Queiroz e Rua Tiradentes. Tornou-se um talentoso técnico de som e imagem, criou um sistema revolucionário de registro de sessões em Câmaras Municipais, implantadas em 89 cidades do Brasil. Luizão é um modelo do piracicabano típico em sua essência: criativo, humilde, sincero e sempre com muita boa vontade em ajudar o próximo, em qualquer circunstância. Nascido em Piracicaba em 10 de novembro de 1954, Luiz Antonio de Siqueira é filho de Benedito Luiz de Siqueira e Elza Therezinha Soave de Siqueira, ele eletricista e ela dona de casa. O casal teve os filhos: João, Luiz, Benedito, Adriana, Sérgio.

Em que bairro de Piracicaba você nasceu?

Nasci na Rua Prudente de Moraes, 314, centro de Piracicaba. Na época a boiada era conduzida pelas ruas da cidade, entre elas pela Rua Tiradentes, ou Rua Luiz de Queiroz. Eu tinha de sete a oito anos, uma parte da Rua Luiz de Queiroz era de chão de terra, outra parte já tinha sido calçada com paralelepípedo. Onde hoje é o jardim na Rua Luiz de Queiroz havia um campo de futebol, a imensa figueira que domina boa parte da praça era uma planta muito jovem. Nesse terreno por diversas vezes foram encontrados fragmentos de utensílios indígenas, resquícios deixados pelos antigos ocupantes do local. Logo abaixo a Rua do Porto era toda de terra, habitada por pessoas que viviam da pesca. Não havia o requinte que existe hoje, era um local bem simples. Meu pai e seus amigos ficavam na Rua do Porto conversando, sentados junto ao chão.

Seu avô era um celebre pescador?

Meu avô Augusto Gomes da Silva era conhecido como “Gusto Poita”. Os barcos usavam uma poita (ancora) de ferro para estacionar, ele gira em torno do seu eixo sem sair do lugar. Ele era o único pescador que usava grandes varas de metro, ficava dentro da água, com a água batendo pelo pescoço, e permanecia com o seu corpo imóvel, sem sair do local. Ao pescar o peixe ele tirava-o do anzol colocando em um saco de pano imerso na água, ao sair do rio os peixes ainda estavam vivos. Meu avô tinha uma grande habilidade nos pés, de tal forma que praticamente travava os pés sobre o leito do rio, eu ainda menino muitas vezes ficava nas águas do Rio Piracicaba agarrado ao meu avô, que não se movia do lugar.
Era comum criança nadar no Rio Piracicaba?
Nós éramos jovens e nadávamos no Rio Piracicaba, lembro-me dos companheiros, entre eles o Foca, o Dito Polenta. Nadando íamos até o Bela Vista Nauti Clube, nunca medimos a distância, mas eu imagino que seja superior a 12 quilômetros. Fazíamos isso brincando! Descíamos pelo meio das águas do rio e subíamos pelas pontas, nas pontas não existe correnteza.
Não havia medo do famoso “Poção”?

O Poço é uma lenda! O que existe de fato é o rodopio das águas que bate nas pedras. Quando diziam que as pessoas morriam naquele local, geralmente tratava-se de pessoas que não tinham conhecimento do rio. No rio ao nadar você dá duas ou três braçadas para subir uma. Quando nos cansávamos, soltávamos o corpo e íamos á beira do rio, onde permanecíamos por algum tempo. Descansávamos e depois continuávamos subindo o rio. Com o Foca nadei dos 14 anos até quando foram encerradas as atividades do Clube de Regatas de Piracicaba.

E as famosas catraias?

Esse era o nosso hobby favorito, até hoje sonho em um dia poder adquirir uma catraia! Era a paixão da minha vida. Trata-se de um barco tipo bolha, com dois remos, pedaleira fixa, o banco onde o remador senta-se também é fixo. Era fabricado no próprio Clube Regatas com madeira marítima. Tínhamos barcos para 12 remadores, 15 remadores. Colocávamos o que na intimidade chamávamos de “anão”, uma pessoa de estatura pequena que ficava na ponta do barco dando a rota de direção que deveríamos remar, uma vez que remávamos dando as costas para frente do barco. Essa é a posição para tracionar os remos de forma correta. O nosso rio não tinha pedra, tinha peixe! O nosso problema era não bater em peixe grande! Ou até mesmo um cardume! Por ser um barco de velocidade, trabalhando sob muita pressão ele tem uma guia muito grande embaixo, no casco, movimentava também a guia de cima, que chamamos de leme, tinha que conhecer o funcionamento do barco. O rio era calmo, cheio de peixe. Muitas vezes minha mãe decidia fazer um cuscuz de peixe, eu tinha uma camiseta velha, apanhava-a, descia até a Rua do Porto, em frente à Fábrica Boyes havia o escoamento da água utilizada na indústria. A água passava por uma comporta, atravessava sob o leito da rua, movimentava o mecanismo da fábrica, sem jogar óleo ou algum tipo de poluente no rio, dizia-se “- Suba a comporta mais dois graus!” e aumentava-se a velocidade das máquinas. Essa água dava a volta dentro da fábrica toda e saia em uma espécie de funil encostado onde hoje existe a ponte pênsil. Naquele local ficavam peixes do tipo “guaru”, resíduos inócuos, como pó de pano saiam ali, isso atraia pequenos peixinhos. Com a camiseta em forma de coador apanhava uma grande quantidade deles e trazia-os vivos. Em casa minha mãe preparava e adicionava ao cuscuz! Comemos por muitos anos peixes do Rio Piracicaba.

Os peixes eram abundante no Rio Piracicaba?

Muitos pescadores jogavam uma rede para pescar, pegavam grande quantidade de peixes, geralmente não eram vendidas, as pessoas ficavam no barranco com bacias, os pescadores davam os peixes. O hobby era pescar: corumbataí, pintado. O cascudo tem um tipo de um fio nas suas costas, que deve ser tirado para eliminar o gosto de terra que irá permanecer se isso não for feito. Preparávamos e comíamos peixes na barranca do Rio Piracicaba, sem problemas ou abusos contra a natureza. Era um paraíso!
Isso foi antes de ser desviada água para o Sistema Cantareira?

Exatamente. Fui nascido e criado a dois quarteirões da Rua do Porto, freqüentava o Clube de Regatas onde meu pai era sócio há muito tempo, eu tinha ao meu dispor a piscina do Regatas e o Rio Piracicaba.

Havia enchentes do Rio Piracicaba?

Tenho lembrança de muito pouca enchente. Na verdade a avenida invadiu o Rio Piracicaba! A avenida era bem mais estreita, o Rio Piracicaba sempre esteve lá! Há muitos anos o vereador Juan Sebastianes já advertia que esse rio dali a algum tempo estaria morto, porque a base do rio é a mata ciliar e ninguém estava prestando a atenção nisso. A mata protege, alimenta o ciclo de vida aquático, qualquer pessoa leiga no assunto sabe que controlar a vazão do rio a bel prazer irá trazer prejuízos enormes a vida do rio. Essa conscientização deve existir desde o simples ato de um cidadão lavar um automóvel em via pública!
Você já atravessou o Rio Piracicaba andando sobre as pedras?

Já! E posso dizer que fiz isso chorando de tristeza! Imagine que eu ia até a ponte Irmãos Rebouças, mais conhecida como Ponte do Mirante, com uma bóia feita de câmara de trator, sentava nessa bóia e descia, pelas cataratas do Mirante, a altura da água não permitia que a bóia batesse nas pedras, a força da água impulsionava a bóia, não tinha como bater nas pedras. Se você fizer uma coisa dessas hoje irá morrer cortado pelas pedras! O volume de água é muito menor. Em casa em um dos quartos havia três camas onde eu e meus irmãos Beninho e João dormíamos. Não ouvíamos ruídos de carros, ás cinco horas da manhã acordávamos com o ruído das garrafinhas de leite batendo entre si, era o leiteiro chegando e deixando á porta da casa o litro de leite da família, muitas vezes deixando até mesmo o troco em dinheiro se o valor deixado fosse maior, isso quando não era retirado um pequeno vale de papel já pré-adquirido. Quando o Rio Piracicaba estava o que chamávamos de “bravo” ouvíamos o seu barulho a noite inteira, isso na Rua Prudente de Moraes, 314, a três quadras do rio! Era a coisa mais gostosa dormir com aquele ruído. O rio que nós conhecemos em tempos de enchentes é o rio que existia antigamente. O calor era abrandado pelo ar fresco que vinha do Rio Piracicaba. Ás vezes de madrugada tinha que se cobrir! Hoje a poucos metros do mesmo local, o trafego de veículos é tão intenso que apenas no período da 1 á 5 horas da madrugada temos um pouco do silêncio existente há algumas décadas.
No Mirante há um canal de água que vai até o local onde funcionava o Engenho Central, você chegou a nadar nesse canal?

Ninguém podia nadar ali, a água passa com muita velocidade, ficava muito próximo dos equipamentos do Engenho Central, funcionava como um funil para onde a água escorria. Um pedaço de pau de uma cerca que por acaso entrasse naquele canal poderia ficar preso em suas margens, sob a água, formando uma armadilha terrível. Havia uma fiscalização intensa naquele canal, existia um senhor que fiscalizava e cultivava algumas plantas no local. Nós entravamos pelo Mirante, antes do chamado Véu da Noiva há um bico por onde sai água com pressão, descíamos por ali, chamávamos aquela pequena corredeira de água de “Xixi do Noivo”. Havia umas pedras, descíamos por detrás delas com muito cuidado, era comum usarmos chinelos do tipo “alpargatas”, com sola de corda, para não machucar o pé, como por exemplo, ao pisar em algum peixe, como o mandi. Uma ferrada de mandi é muito dolorida.

Na Rua do Porto havia muitas olarias, vocês caminhavam por lá?

Não passávamos por ali. Tínhamos o limite do rio, conhecíamos os lugares perigosos do rio. Andávamos pela Rua do Porto até um determinado limite, não caminhávamos na direção dessas olarias que ficavam mais distantes. Meu pai determinava até que local podíamos ir, e ninguém mais se interessava pelo que tinha além. A nossa visão concentrava-se na Rua Prudente de Morais, Rio Piracicaba e Clube Regatas. Não tínhamos curiosidade de caminhar pelas margens, queríamos nadar no rio. O barranco do rio era todo formado por ranchos de pescadores. Onde hoje existe o bairro Nova Piracicaba era formada por área cultivada, pasto ou mato.

Como era um rancho típico de beira de rio?

Era um local onde as pessoas iam pescar, geralmente mantinham um bote no local, tinham seu fogão de lenha, uma casa muito rústica, poço de água, pescavam, preparavam o peixe, tomavam uma pinguinha, batiam papo com os amigos, davam-se boas risadas, os assuntos eram apenas coisas boas, depois ia cada um para a sua casa. Cada rancho tinha um dono, o que eu freqüentava era de propriedade do Seu Carlito. Ele morava na Rua Prudente de Moraes, 312, trabalhava no conserto de radiadores de automóveis. O hobby dele era o rancho, com seu Fordinho 1929 me levava com seus filhos, íamos até o rancho com esse carrinho, descíamos pela Rua Vergueiro, seguíamos pela Estrada do Bongue, passando ao lado das pedreiras existentes ali. Lembro-me bem do “Morro Tira Saia”, isso porque o Fordinho não tinha força para subir ao chegar lá, descíamos, ajudávamos a empurrar o pequeno veículo, assim que atingia o alto do morro subíamos e continuávamos o passeio, isso acontecia principalmente se tivesse havido chuva.

Como era a relação das crianças com os adultos?

Os adultos eram muito reservados, a conversa de pescador era entre eles, se meu pai estivesse em uma roda de adultos conversando nós não nos aproximávamos. Era assunto de adulto, assim como existia assunto só entre as mulheres.

Você pulava do famoso trampolim existente ao lado do Clube Regatas?

Saltei inúmeras vezes! Era um trampolim com duas pranchas, alto, tinha que saber pular, porque o rio não era tão fundo, quando caia na água tinha que saber virar o corpo para deslizar na água. O pessoal dizia que onde era chamado de “Poço” o rio tinha seis metros de profundidade, a profundidade do rio mais adiante gira em torno de três a quatro metros. Sob as suas águas não se enxerga nada. Nadávamos com a cabeça fora da água, olhando para frente.

Luiz, você exerceu diversas atividades profissionais, mas uma área sempre o atraiu?

Sou apaixonado por som e imagem. Trabalhei com Xilmar Ulisses em seu programa “Gosto não se discute” na Rádio Educadora, meu tio Sérgio José era técnico da Rádio Educadora, foi lá que aprendi a trabalhar com equipamento de som. Mais tarde fui convidado pelo Xilmar Ulisses e pelo Jamil Neto para trabalhar na parte técnica da Rádio FM Municipal, na época funcionava junto ao Semae, em frente ao Cemitério da Saudade. Às seis horas da manhã eu abria a rádio, tocava o Hino Nacional, o bispo Dom Eduardo Koaik fazia a oração e eu permanecia trabalhando na parte técnica até a uma hora da tarde. De lá eu saia e ia trabalhar no Focus Studio, do Fredinho Kraide, situado no ultimo andar do prédio Planalsucar na Rua Treze de Maio esquina com a Rua Santo Antonio. Eu trabalhava na parte técnica, fazia edição e filmagem, época da chamada “edição seca”. Usávamos equipamentos próprios de televisão, o Fred era um profissional muito exigente, trabalhava com uma máquina fotográfica Hasselblad, era um dos melhores estúdios da região. Fazíamos todos os trabalhos com som e imagem, na época já produziamos “book” em estúdio, a lendária modelo “Lu Borelli” foi uma das fotografadas pelo Focus Studio.

Na sua trajetória profissional surgiu o seu trabalho na Câmara Municipal, com a sua criação da Ata Eletrônica, implantada em muitas cidades do Brasil?

Fui convidado pelo vereador Bonassi para trabalhar com a implantação do sistema de imagem na Câmara Municipal, até então as atas era todas manuscritas. Com dois aparelhos de televisão Philco Hitachi desenvolvi o projeto, criei a TV Câmara e a Ata Eletrônica, criei o Arquivo Vivo da Câmara Municipal, Não existia nada disso. Uma ata normal era escrita em setenta folhas, ela passou a ser resumida em horários e datas e referências curtas. Isso revolucionou o registro dos trabalhos na Câmara Municipal. Outras câmaras foram conhecendo e se interessando.

Você instalou esse sistema pioneiro de Piracicaba em quantas localidades?

Instalei até hoje em 89 câmaras municipais do Brasil todo. Esta na WWW.ataeletronica.com.br as referencias com relação a esse trabalho. Em todas as câmaras desenvolvi o projeto, implantei, dei treinamento e autonomia para que essas instituições prosseguissem com seus próprios recursos.

Com isso você viajou muito pelo país?

Cheguei a viajar de 3 a 4 mil quilômetros por semana. Para se ter uma idéia, implantei a Ata Eletrônica até em Manaus!


domingo, abril 24, 2011

ELYDIO (IO) FERRAZZO e CARMEM NATALE FERNANDES FERRAZZO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de abril de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO: ELYDIO (IO) FERRAZZO e CARMEM NATALE FERNANDES FERRAZZO
Nascido em 9 de agosto de 1936 é filho do imigrante italiano Giovanni ( João) Ferrazzo e de Carmem Canhoela Ferrazzo. Assim que chegou a Piracicaba, ainda muito jovem, Giovanni permaneceu por bom tempo residindo junto a família Ferrari, logo acima do pontilhão da Rua Benjamin Constant.
Após alguns serviços de diversas naturezas, em qual atividade ela passou a trabalhar?
Ele trouxe da Itália conhecimentos sobre a fabricação de vassouras, possivelmente aprendidos com seu pai. Aqui no Brasil ele montou uma pequena fábrica de vassouras. No Brasil só existia a vassoura caipira, ele introduziu vassouras das variedades quatro fios, cinco fios, colonial. Aos poucos foi se desenvolvendo, adquirindo um sobrado na Vila Rezende, onde mais tarde funcionou a Rovigo. Era um sobrado com uma casinha ao lado que ele alugava para um bar, embaixo eram portas abertas, onde funcionava a indústria de vassoura, com seis barracões. A primeira indústria que ele teve fabricava vassouras da marca “Elefante”. Tornou-se uma industria grande, carregava-se por dia até dois caminhões de vassoura, cerca de 80 funcionários chegaram a trabalhar nessa fábrica.
Nessa época seu pai já era casado?
Já era casado com a minha mãe que era filha de espanhóis, ele tinha a conhecido quando ela trabalhava nas Indústrias Del Nero, situadas em frente ao Lar Escola Nossa Mãe, na Rua Boa Morte.
Quantos filhos eles tiveram?
Quatro: Antonio, Carmem, Elydio e Ida Maria.
Além da indústria na Vila Rezende seu pai adquiriu outra propriedade?
Meu pai adquiriu da Família Maluf um barracãozinho que era utilizado para a fabricação de bebida, media 5 metros de frente por 45 metros de fundo. A palha utilizada para a fabricação de vassoura era importada da Argentina, era transportada pela Sorocabana, cada fardo pesava 200quilos. Junto com a palha vinha sementes que se desprendiam da palha. Meu pai passou a distribuir aquelas sementes. Com isso ele disseminou a plantação da palha da vassoura na nossa região. Sempre aconselhando o agricultor a fazer uma seleção por amostragem da melhor semente.
A fábrica de vassouras Elefante tinha um sócio?
Bene Gianetti era um dos grandes capitalistas da época, ele e meu pai tinham fortes laços de amizade, era muito comum ver os dois freqüentando o tradicional restaurante Pappini com seu jogo de bocce, o pastel da Giggetta. Era ali que se reuniam os Mazzonetto, Aleoni, Ometto, Dedini. Bertini, Carnera, Giovanetti, Sega. O Bene Gianetti gostava muito de caçar, meu pai tinha uma “baratinha” a gasogênio, os dois iam caçar, passavam o dia juntos, só voltavam a noite, eram amigos inseparáveis. Lembro-me do Posto do Paterniani, que ficava no final da Avenida Rui Barbosa, onde mais tarde se instalou o posto conhecido como “Posto da Velha”. Do lado direito do posto havia a sorveteria do Gustinho Cardinalli, era o melhor sorvete que existiu até hoje. Lembro-me do Comendador Mário Dedini quando iniciou suas atividades em um pequeno barracão, fazia peças para arado, conheci Leopoldo Dedini e o Armandinho Dedini quando jogava no Atlético. Houve uma época em que o meu pai e o Bene Gianetti se desentenderam. Meu pai alugou o prédio para o Bene Gianetti e deixou de participar na indústria de vassouras, mudando-se para o barracãozinho que tinha sido do Maluf, só que ele teve que esperar o Maluf desocupar o prédio, nesse intervalo de tempo ele alugou por alguns meses o barracão situado a Rua do Rosário, 2561, de propriedade de José Nassif. Nesse barracão nasceu a Indústria Canta Galo. Os atacadistas de São Paulo exigiam as vassouras Canta Galo, eles não tinham a mesma técnica que a nossa.
Como surgiu o nome Canta Galo?
Foi meu pai quem criou! Acredito que ele tenha achado o nome bonito, tanto que mais tarde deu origem ao Posto Canta Galo. Um pouco antes de mudarmos para o barracão que tínhamos adquirido na Avenida Dr. Paulo de Moraes adquirimos também um terreno vazio de 10 metros de frente por 45 metros, ficava em frente ao bebedouro destinado aos cavalos que tracionavam as carroças. Ao lado morava o Dr. Jacob Diehel Neto, morava encostado, cheguei a conhecer o célebre deputado Tenório Cavalcanti, que esteve em visita a Dr. Jacob. Vi inclusive a “Lurdinha” da qual o deputado não se separava. Era assim que ele denominava a metralhadora que portava para sua defesa pessoal. Tenório Cavalcanti andava vestido de preto. Nos fundos do nosso barracão havia terrenos vazios, com frente para a Rua Joaquim André, eram terrenos onde existiam pés de goiaba plantados. Na esquina o Joanim Fustaino tinha uma sapataria, os irmãos Giuliani começaram com uma lojinha na esquina. O francês que trabalhava na Morlet tinha uma casa em frente ao bebedouro de água, mais tarde o Morlet mudou-se para a Rua Joaquim André.
Com quantos anos você mudou-se da Vila Rezende para a Paulista?
Eu deveria ter uns 14 anos quando meu pai adquiriu a casa onde mudamos, a vendedora foi a Madame Balboux. Aos poucos meu pai foi adquirindo propriedades e lotes naquela região, inclusive meu tio José Ferrazzo dono das Bebidas Ferraspari de Jundiaí.
Quantos funcionários havia na fabrica de vassouras Cantagalo?
Devia haver uns 50 funcionários.
Na esquina da Avenida Dr, Paulo de Moraes com a Rua do Rosário há um enorme posto de gasolina, atualmente com a bandeira BR, aquela área foi adquirida pela sua família?
Ali tudo era um pasto, da Rua do Rosário até a Rua Alferes José Caetano não havia nenhuma casa. Aos poucos foram sendo construídas casas. Onde atualmente é o posto meu pai construiu uma pequena casa com um rancho, quando chegava a palha para fazer a vassoura existia o rolete para fazer a limpeza. Onde atualmente é a Avenida Dr. Na esquina com a Rua do Rosário, havia um muro, junto a esse muro existiam duas construções pertencentes a Chácara Nazareth, que eram utilizadas para armazenar os produtos colhidos na Chácara Nazareth. Dr. Jorge Pacheco Chaves gostava muito do pessoal do Jaraguá Futebol Clube, ele permitiu que funcionasse ali a sede social do clube, onde ficavam expostos os troféus, havia duas mesas de bilhar.
Foi seu pai que construiu o famoso Posto Canta Galo?
Meu pai construiu exatamente no mesmo local onde hoje existe o posto, a bandeira era Texaco, isso foi em 1957. O posto estava em meu nome, tinha duas bombas de gasolina, uma de óleo diesel, e uma de gasolina azul. Tinha dois lavadores, sendo um com elevador de caminhão.
Você tinha conhecimento anterior do ramo?
Não conhecia, mas não tem muito segredo era só trabalhar, funcionava por 24 horas por dia. Trabalhei por 4 a 5 anos, depois passei a arrendar.
E o restaurante que existia ao lado do posto?
Um dos que tocaram o restaurante foi o cunhado do Luís Inácio Sleiman, o Mugão, enquanto o Mugão tocava o posto.
Você jogou para que time de futebol?
Comecei jogando pelo Atlético, como ponta direita, mais tarde eu joguei como centro avante no Jaraguá, o presidente do time era Abel Pereira, seus diretores eram Jayme Pereira, Waldemar Fornazier, o Ziquinho era desse tempo, Irineu Lopes é dessa época, assim como Osíris, Décio e Pinduca. O Waldir Piccoli da Sapataria Marilu montou um time lá no Campestre, onde nossa turma ia jogar.
Havia uma grande rivalidade entre os times do MAF e do Jaraguá?
Era muito comum haver divergências e algumas vezes acabavam em agressões físicas, mas dentro de uma normalidade própria da situação. Sem uso de armas! Certa ocasião teve uma briga no bairro rural Morro Grande, tínhamos ido num caminhão de propriedade de Abel Pereira, um Mercedes Bens L 312, fomos obrigados a sair correndo, indo esperar o caminhão nos pegar na venda de Tupi. As mudas de roupas ficaram para trás.
Como você conheceu a sua esposa Carmem Natale Fernandes Ferrazzo?
Ela é natural de São Pedro, nascida em 24 de dezembro de 1939, filha de Tereza Carone Fernandes e José Fernandes. Eu a conheci na sua casa, o pai dela viajava e trazia matéria prima, cabos de vassoura, para a fábrica do meu pai. Nossas famílias já eram conhecidas desde os tempos dos nossos avôs.
Natalia completa:
O meu avô plantava vassoura e o pai do Io ia buscar no nosso sítio, com um caminhão Chevrolet Tigre. Quando mudamos para a cidade á Rua Saldanha Marinho eu tinha uns 12 anos, quando o Io ia procurar o meu pai, foi assim que nos conhecemos. Passados mais uns dois anos meu pai adquiriu a Padaria Central ele ficava passeando em frente a padaria com uma caminhonete Ford 1946.
Em que dia vocês se casaram?
Casamos em 4 de fevereiro de 1961 celebrado pelo Frei Fulgêncio na Igreja dos Frades. Fomos morar na Rua Joaquim André. Temos três filhos Marcos, Márcia Viviane e Marcelo.
Há um bairro em Piracicaba chamado Cantagalo, qual é a relação com a sua família?
É a Favela Cantagalo. São três alqueires e meio de propriedade do meu pai. Ele sempre foi uma pessoa de gestos largos, trabalhava muito, tinha gestos generosos. Ficou celebre a vez em que em uma reunião de amigos no Restaurante Brasserie ele quitou o jantar deixando como pagamento um automóvel de sua propriedade, que era objeto de desejo do então proprietário do restaurante.
A área que veio a tornar-se a Favela Cantagalo como foi adquirida?
Ela foi comprada e paga em dinheiro. Havia pequenas edículas precárias, cerca de 30, além de 4 casas boas, meu pai de maneira informal alugava aos interessados. As contas de água e luz passaram a vir em nome do meu pai sendo que ele não estava recebendo o valor das locações. Formou-se um impasse, quem estava lá não saia e nem pagava o aluguel devido, com raríssimas exceções. Meu pai estava muito aborrecido com a situação. Com muito tato fiz o que deveria fazer, consegui a remoção das pessoas invasoras. Com o falecimento do meu pai a situação voltou e após diversas tramitações judiciais, por razões de diversas naturezas, com a interferência de diversas autoridades civis, políticas e religiosas, aquela área tornou-se um imbróglio jurídico com evidente prejuízo á nossa família. Tenho documentação de retirada de mais de 20 anos de cascalhos das nossas terras. Elydio nesse ponto altera-se com as injustiças das quais julga ser vitima.
O seu pai tinha um automóvel que chamava muito a atenção?
Era um Simca Rally, eu a comprei do meu pai e vendi há uns 4 anos para um colecionador de Limeira. Ele reformou inteirinha.

Qual foi a sua primeira moto?
A primeira foi uma “Jawinha”, depois tive uma Lambreta 1957, depois uma Indian de 1200 cilindradas. Tive uma Royal.
Você conheceu o Chico Carretel?
Conheci, era um artista em carrocerias de madeiras, ficava exatamente onde hoje funciona o Toninho Lubrificantes, na Avenida Dr. Paulo de Moraes. Na Avenida Dr. João Conceição, esquina com a Rua Fernando Souza Costa, onde hoje existe um edifício era a Carpintaria do Galesi.
Natalina, o seu pai José Fernandes teve um grande armazém na Rua Benjamin?
Ficava na Rua Benjamin Constant esquina com a Avenida São Paulo, onde hoje é uma loja de produtos de cerâmica.
Você estudou em que escola Natalina?
Formei-me no Assunção, em 1959, dei aulas por sete anos. Resolvi fazer o curso de prótese, terminei em 1978, passei a trabalhar como protética por muitos anos, como não havia ninguém que fazia aparelho ortodôntico removível em Piracicaba, os primeiros fiz para o Dr. Rensi. Parei em 2002.
Qual é o segredo para fazer o aparelho removível?
Paciência! Trabalhar com o fio ortodôntico tem que gostar! O aparelho é feito com uma plaquinha de resina que encaixa. O aparelho fixo quem faz é o dentista.

sábado, abril 16, 2011

Dejandir Jorge Miller (Nenê)

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 16 de abril de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/


ENTREVISTADO: Dejandir Jorge Miller (Nenê)
Aos 58 anos de idade, com cinco hérnias de disco, hipertenso, com seqüelas no joelho em decorrência das inúmeras partidas que jogou, o ex-jogador de futebol encara mais um desafio, movido pela sua fé. Estacionada em sua garagem, separada em duas partes que se encaixam através de dispositivos próprios, está uma enorme cruz de madeira, a primeira bi-articulada de que se tem noticia Dejandir nasceu em Piracicaba no dia 12 de janeiro de 1953 filho de Oswaldo Odilon Miller e Maria Sturion Miller. Ele projetou e construiu a maior cruz de madeira de que se tem noticia: 30 metros de comprimento, para se ter uma idéia ela é bi-articulada para dobrar as esquinas, Nenê como é conhecido, juntamente com seus filhos, os artistas Willyan e Wellington irão levar nos ombros essa cruz até Bom Jesus de Pirapora. Um desafio que envolve muita fé e disposição física, o peso da ponta da cruz nos ombros é mais do que 40 quilos, em uma jornada com mais de 100 quilômetros.
Em que bairro de Piracicaba você residiu em sua infância?
Sempre morei na Paulista, morei na Avenida do Café, era uma chácara e tinha o Campo do MAF nos fundos de casa. Cresci aprendendo a chutar as bolas no campo de terra vermelha do MAF. Fiz os meus estudos no Grupo Escolar Dr. João Conceição, no Colégio Dr. Jorge Coury conclui o curso colegial no Sud Mennucci. , fiz curso profissionalizante no SENAI.
Qual atividade você passou a exercer?
Tornei-me jogador profissional de futebol Sou diplomado como Torneiro Mecânico, embora nunca tenha exercido essa profissão. Aos 16 anos eu jogava no juvenil do Jaraguá quando surgiu a oportunidade para jogar na seleção amadora de futebol, onde acabei sendo titular, sendo campeão, bi-campeão e tri-campeão dos jogos regionais, bi-campeão e tri-campeão dos jogos abertos, defendendo na época a CME Comissão Municipal de Esportes. O Seu Gaspar e o Seu Dema eram treinadores do XV de Novembro na época, me levaram para o XV de Novembro, onde com 17 anos me tornei profissional. A primeira partida da qual participei foi contra o Noroeste de Bauru onde perdemos por 3 a 1 sendo que eu tive a felicidade de fazer o gol do XV.
Em qual posição você jogava?
No XV fui lateral direito, embora fosse polivalente, substituía todos os jogadores da zaga, inclusive em Campeonato Brasileiro tenha substituído o goleiro Getulio, só não joguei de ponta esquerda. Na ocasião da Taça São Paulo de futebol Junior substituindo o Ricardo, joguei no gol contra o América do Rio e depois contra o Internacional de Porto Alegre, que tinha entre seus jogadores o Falcão. Acabei sendo considerado um dos melhores goleiros da Taça São Paulo. Na posição de lateral direito foi onde me tornei campeão paulista da segunda divisão por duas vezes, uma pelo XV e outra pela Ponte. Fui jogador profissional de futebol por 16 anos. Muitos clubes como XV de Jaú, Ponte Preta e mesmo o Santos me olhavam com admiração e respeito profissional. A minha postura em não ser conivente com atitudes anti esportivas fez com que tivesse sérias divergências com o treinador do Santos da época, isso me valeu o desligamento do clube, mesmo tendo a admiração e o carinho da torcida santista.
Essas coisas ruins ficaram marcadas em sua vida?
Sem duvida que sim, mas as boas coisas superaram parei de jogar em 1984, conservo meus amigos e sou muito bem recebido em todas as cidades onde joguei. Vou ao campo assisto XV, toco, sofro, adoro o XV que foi o time que me abriu a porta para o mundo.
Qual atividade você exerce atualmente?
Viajo muito com os meus filhos Willyan e Wellington, que formam a dupla sertaneja hoje conhecida no Brasil todo. Já faz 10 anos que eu os acompanho em todos os eventos. A partir de 2003 encerrei uma empresa que atuava no ramo de eletricidade, meus filhos passaram a dedicar-se exclusivamente a carreira musical, hoje tem quatro CDs gravados e um DVD gravado aqui no Engenho Central, para orgulho da nossa cidade. Atualmente trabalhos pelo Brasil afora, temos profissionais da área de divulgação trabalhando em parceria conosco. Esse DVD foi lançado em Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Brasília Tocantins, Rondônia. Fazemos a Expo-Bauru, Expo-Jau, Rodeio de São José do Rio Preto. A dupla realiza constantemente apresentações em locais menores, junto a um publico que é bastante fiel. Tivemos duas músicas que foram sucesso nacional, por falta de recursos financeiros da nossa parte não pudemos dar a divulgação em larga escala, que implica inicialmente em investimento significativo, outro cantor com maiores recursos a lançou e emplacou é a “Beber, cair e levantar”, a composição é do Marcelo Marrone da Bahia, que por sinal não teve o merecido retorno financeiro. Willyan e Wellington estavam esperando sair o registro, quando o André Adriano soltou a musica no mercado sem registro sem nada, acabou pagando uma multa que se mostrou irrisória diante do sucesso de alcance nacional.
Houve outra situação similar?
Uma autêntica jóia de musica “Pense em Mim” foi gravada pela primeira vez pela dupla Willyan e Wellington, por uns seis meses procuraram um investidor para fazer a divulgação em âmbito nacional, tem que ter muito recurso para investir na divulgação de uma musica. Lucas e Luan jogaram um caminhão de dinheiro na divulgação dessa musica e até hoje fazem sucesso em cima da musica “Pense em Mim”. Nós já tínhamos lançado a musica em outubro enquanto corríamos atrás do dinheiro para o lançamento, oito meses depois eles a lançaram.
Podemos observar nas dependências da sua casa algo inacreditável, você pode explicar melhor do que se trata?
São dois módulos de madeira que totalizam trinta metros. Formando uma cruz, composta por vigotas de dezesseis, por cinco e meio, a madeira é araucária, formada com muita fibra, embora comprida não se quebra muito fácil e nem é tão pesada como outras madeiras. São seis peças de cinco metros e meio, mede da ponta até o final trinta metros, o braço mede dois metros e oitenta da mesma madeira. As emendas são feitas com chapas de ferros. Temos que tomar cuidado porque a cruz balança vibra muito, e a quilometragem é longa, uns falam de cento e vinte quilômetros outros de cento e quarenta.
De quem é o projeto dessa cruz?
Foi eu, o Willyan e o Wellington, por vinte anos fui até Bom Jesus de Pirapora a pé, sem cruz, por quatorze anos fui sem nada, apenas com a mochila nas costas. Na época em que jogava futebol cheguei a sair daqui na quarta feira a noite, depois do jogo do XV no Barão de Serra Negra, chegava na quinta feira a noite, sem descansar. Fiz esse trecho por 14 anos seguidos. A seguir por seis anos fui com meus filhos, sem cruz. Eles começaram a levar cruz, eu os acompanhei, a nossa primeira cruz tinha 15 metros, isso a 10 anos atrás. No ano passado levamos uma cruz de arrasto com 11 metros, é uma cruz sem rodinhas atrás, é a madeira esfregando no chão. Ela cala no ombro, é a mais sofrida de ser levada. Quando fizemos a primeira com15 metros projetamos o sistema de estirante, um na parte de baixo e um em cada lateral. O debaixo irá envergar a madeira para cima, formando uma espécie de arco, irá evitar quebrar no balanço para baixo, e os dois das laterais irá evitar que ela entorte, pelo fato de ser muito comprida ela joga.
Qual é o comprimento dessa cruz que vocês estão levando neste ano?
São 30 metros de comprimento, fui obrigado a projetar baseado nos princípios de uma carreta, com dispositivo próprio para dobrar nas esquinas. Em uma base de 3/16 fiz uma luva de ferro de 1/8 coloquei uma bola de engate de carro e na outra base coloquei um cano travando. Nós passamos por dentro de várias cidades; Rio das Pedras, Mombuca, Capivari, Itu, Cabreuva. Nós saímos de casa por volta das sete horas da manhã, o Padre Nivaldo Nascimento ele sai da igreja matriz do Itapuam, ele abençoa, fazemos uma oração e saímos em caminhada. Vou pelo bairro Matão, subo a Avenida Raposo Tavares, entro por trás da Femaq, a primeira parada para respirarmos um pouco é Bairro do Chicó. Paramos por uns vinte minutos, logo seguimos, cruzando o Anel Viário indo em estrada de terra até Rio das Pedras, onde chegamos por volta de onze horas, nessa hora entra os trabalhos das nossas esposas, parentes, da minha sobrinha Silvinha que todos os anos faz o almoço e leva para nós. Em Rio das Pedras paramos junto a uma empresa situada logo na saída para Mombuca, próxima a Painco. Em Mombuca passamos a noite, em um posto de gasolina cujo dono deixa a chave conosco, é onde descansamos, tomamos banho. Por volta das quatro e meia da manhã seguimos em direção á Capivari, onde as dez horas chegamos á praça central. Há uma sorveteria na praça cujo dono já nos conhece sendo que tomamos um sorvete, já se tornou tradição. Cabe lembrar que durante a nossa viagem ninguém ingere nada alcoólico. Na saída de Capivari com destino a Salto há um posto de gasolina chamado Cartola, é lá que tomamos um lanche, descansamos até umas duas e meia da tarde, há um pessoal de Piracicaba que nos leva o almoço. Continuamos andando por uns quatorzes quilômetros de terra até chegar a um lugar chamado Samambaia, lá há uma venda de beira de estrada, cujo dono é tratado por “João Ratão”. Esse apelido surgiu porque onde no antigo paiol onde a gente dorme existe ratazanas que não acaba mais é um senhor de família muito bondosa, que levanta ás quatro horas da manhã para servir o café para nós. Essas refeições são cobradas e por valores nada modestos. Nós saímos de Piracicaba no dia 16 no sábado e chegamos á Pirapora na quinta feira dia 21 na hora do almoço.
No transporte da cruz é uma pessoa só que a carrega?
É colocado um travesseiro no ombro, e a pessoa carrega até agüentar, sendo substituída por outra assim que não agüentar mais. Tanto na subida como na descida outros romeiros auxiliam, pois o peso é enorme. Ninguém leva uma cruz sozinho, quando ela é de 10, 15 metros um carrega outro vai atrás segurando para tirar o balanço dela senão ela quebra. Nunca vi ninguém que tenha levado a cruz sozinho.
Há alguma sinalização especial para ser usada a noite?
Aprendemos ao longo dos anos a não andarmos a noite, só se acontecer algum imprevisto. Na parte traseira colocamos um triangulo de carro, as pessoas que ficam na parte posterior sinalizam com lanternas, sinalizamos tanto a cruz como o braço que a compõem com tiras refletivas.
Nesses seis dias de viagem como é o comportamento do grupo?
Rezamos muito durante o trajeto, rezamos o terço, pedimos pela paz, fazemos nossas profundas reflexões. Nesses trinta anos é minha a responsabilidade de conduzir as orações.
Como é a recepção do romeiro em sua passagem por Itu?
Nós já passamos por tudo em Itu. O povo de lá não gosta muito de nós. Eles dizem palavras nada agradáveis, dizem que atrapalhamos o trânsito, nós que somos romeiros costumamos dizer que o pessoal de lá é meio nervoso! Assim como alguns nos desejam boa viagem outros dizem: “Larga mão disso! Vai trabalhar”. Sequer imaginam a benção, a graça, que alcançamos para estarmos levando essa nossa cruz em manifesto de gratidão. Não coloco nenhum nome na minha cruz, ela é em gratidão pelas graças que alcancei nesses anos todos da minha vida.
Na terça de manha a viagem continua?
Seguimos em frente até almoçarmos na Gruta, pela estrada do Romeiro, é uma estrada muito perigosa, vicinal sem acostamento, com aproximadamente 45 quilômetros. Por volta de 3 a 5 horas da tarde chegamos a Cabreuva, o prefeito libera o ginásio para a acomodação dos romeiros. Passamos a noite, descansamos até as duas horas da tarde, ale é o verdadeiro descanso do romeiro. Prosseguimos a caminhada por mais doze quilômetros até Bananal, que fica distante mais dezoito quilômetros de Pirapora. As cinco horas da manhã da quita feira prosseguimos nossa viagem chegando em Pirapora em torno do meio dia
Assim que chega qual é o procedimento?
Desmontamos os estirantes da cruz, os rodeiros, para entregar a cruz na sexta feira santa. Ficamos por cerca de 300 metros da igreja, não passamos a ponte antes da sexta feira. Do alto de um monte, as nove horas da manhã da sexta feira fazemos uma oração e descemos com a cruz. Na verdade não sou só eu e meus filhos que levamos as cruzes, há outros amigos que nos acompanham, como o Marquinho Cruz, o Tiquinho.

sexta-feira, abril 08, 2011

MARLENE ELIAS CHIARINELLI

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 09 de abril de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
ENTREVISTADA: MARLENE ELIAS CHIARINELLI
Marlene Elias Chiarinelli nasceu em Piracicaba no dia 17 de novembro de 1931, filha de Amélia Abrahão Elias e Tuffi Elias, primogênita, sendo seus irmãos: Sally, Cecílio, Gabriel, Elizabeth e Amelinha.
Quando você nasceu o seu pai exercia qual atividade?
Morávamos na Rua Tiradentes entre a Rua Prudente de Moraes e Rua Treze de Maio, meu pai era marceneiro. Meus pais eram brasileiros, sendo que minha mãe era filha de libaneses e meu pai filho de sírios. Na esquina aonde mais tarde veio a ser a lanchonete Daytona e posteriormente o Banco Sudameris, atual Santander, papai montou um bar, o Tuffiniquim, esse nome era o mesmo de um aperitivo criado pelo meu pai e que fez um grande sucesso na época.
Ao mudarem para esse local qual era a sua idade?
De cinco para seis anos, logo passei a estudar e sendo a filha mais velha ajudava nas tarefas domésticas e no estabelecimento comercial da família. Estudei no Colégio Assunção desde o jardim da infância até a minha formatura.
Da sua casa até o colégio qual era a condução que você utilizava?
Ia a pé mesmo! As amigas passavam pela minha casa e nós subíamos pela Rua Boa Morte. Logo cedinho, umas cinco horas da manhã eu já estava em pé, ajudando a minha mãe a fazer sonhos, que eram colocados á venda no bar, havia muitos viajantes hospedados nos hotéis das imediações, antes de embarcarem no trem da Companhia Paulista passavam pelo Tuffiniquim para tomar o café da manhã.
Como era o uniforme escolar do Assunção?
A saia era azul marinho pregueada, a meia do tipo três quartos, blusa branca de manga comprida, sapato preto fechado. Não podia usar anéis, batom, maquiagem. Nessa época passamos por um período de grande luta, dificuldades muito grandes, contudo não foi de sofrimento, os meus pais tinham um grande amor entre eles, era um casal apaixonado, e isso tudo sobrepunha ás dificuldades, era um casal muito unido.
O Bar Tuffiniquim permaneceu por quanto tempo?
Por vários anos, após encerrarmos suas atividades mudamos para a Rua São José, no local onde hoje existe o Poupa Tempo, morávamos em uma casinha muito humilde, foi uma fase muito dura em nossa vida. Papai se estabeleceu ali com frutas, doces finos.
Nessa época como filha mais velha já ajudava no orçamento familiar?
Após estudar piano por nove anos formei-me como professora pelo Conservatório Carlos Gomes de Campinas, viajava pelo trem da Cia. Paulista. Lecionando piano eu sustentei meus estudos e ajudei na composição do orçamento familiar. Essa atração pela música faz parte da nossa família, papai tocava violino, integrava a Turma da Seresta, tocou com grandes músicos de Piracicaba como Olenio Veiga, eu tenho dois filhos músicos. É interessante observar que com todas as lutas, dificuldades, meus pais não exibiam sofrimento pela situação. Minha mãe era uma pessoa muito alegre, mesmo tendo um único vestidinho para usar ela estava sempre bonitinha, arrumadinha. Ela era muito bonita. Meus pais realmente se amavam.
Onde foi a próxima residência da família?
Em uma casa que existia na Rua São José, 681 era um casarão velho cujo inquilino anterior tinha sido a Casa da Lavoura e onde mais tarde foi construído o prédio que atualmente abriga a Procuradoria Federal. Nessa ocasião eu tinha por volta de quarenta alunos de piano, com muita dificuldade tínhamos adquirido um piano modelo armário da marca Bechstein, eu ainda dava aulas particulares de latim e francês.
Ali foi o inicio de novas atividades comerciais de Tuffi Elias?
Em uma das salas ele passou a vender máquinas da marca Olivetti em outra sala eu lecionava piano.
Como você conheceu o seu futuro marido?
Roggero Chiarinelli trabalhava na Rádio Difusora de Piracicaba, sendo inclusive locutor esportivo. Naquele tempo a valsa era um dos ritmos mais tocados, eu tinha composto a valsa “Carol” em memória de uma irmã que tinha sido vitimada por um acidente, isso quando ainda morávamos na casa na Rua São José em frente ao Cine Broadway, ao lado existia o Hotel Lago onde ficou hospedado por um bom tempo o Maestro Lameira que estava apresentando uma peça no Teatro Santo Estevão. Ele ouviu a minha musica, gostou muito. A minha mãe tinha um compadre, Carlos Brasiliense, que compunha, fazia arranjos, ele ouviu a minha música e fez um arranjo. Conheci o meu futuro marido no Teatro Santo Estevão na apresentação da minha valsa pelo Maestro Lamera. Três vezes por semana eu participava de uma apresentação ao vivo no auditório da Rádio Difusora, em beneficio do Tuberculoso Pobre. Naquela época não existia televisão, eu me apresentava com Alcides Righetto que tinha uma voz linda, com Alcides Zagatto ao violino, o programa era das sete ás sete e meia da noite, apresentado pelo Roggero. O Roggero formou-se dentista, exerceu por sete anos a profissão, até que associou ao meu pai no comércio de máquinas, mais tarde ele foi proprietário da Comercial Chiarinelli, voltada para o comércio de máquinas e equipamentos de escritório.
Onde foi celebrado seu casamento?
Após namorarmos por sete anos nosso casamento foi realizado na Catedral de Santo Antonio, á 10 de abril de 1955. A lua de mel foi no Rio de Janeiro, fomos até São Paulo de automóvel de lá para o Rio fomos de avião. Ficamos hospedados em Copacabana, em São Paulo ficamos hospedados no Ibiá Hotel na Avenida São João, a nossa viagem durou vinte dias. O Roggero já tinha se formado em odontologia pela faculdade de Uberaba, e montado o consultório que ficava na Rua São José logo abaixo da Rua Governador. Tivemos cinco filhos: Maria Cristina, Maria Silvia, Maria Regina, Roggero e Renato.
Quando começou a sua atividade com o Clube da Lady?
Há 50 anos! Ou mais! Comecei contra a vontade do Roggero, já tínhamos os cinco filhos. O Clube da Lady já existia, a Dona Maria Figueiredo, proprietária da Rádio Difusora tinha muita amizade com uma senhora de São Paulo chamada Aydee Guimarães que tinha introduzido o Clube da Lady naquela cidade. Ela desejava que em Piracicaba também fosse criado o Clube da Lady, que ficou nas mãos de Dona Otilia Furlan. Algumas senhoras se reuniam, era um grupo muito seleto. Sob a direção da Dona Alzira Maluf houve a participação de um maior numero de mulheres, passando a ser feito uma espécie de chá com as integrantes desse grupo. Zelinda Jardim presidiu por dois anos o Clube da Lady. A Ladice Salgot administrou o Club da Lady por um período de seis meses, quando seu marido Francisco Salgot Castilllon teve seu mandato político cassado pelo governo da época. Eu freqüentava o Clube da Lady, participando com sugestões e idéias, mas fui pega de surpresa quando ao ir a uma das reuniões, realizada no Teatro São José, vi escrito: “Presidente Marlene Chiarinelli”. As minhas amigas conversaram com o Roggero na perspectiva de fazer com ele aceitasse a minha atuação como presidente do Clube da Lady. Houve concordância, eu comandaria, mas de dentro da minha casa, com isso até hoje a sede do Clube da Lady é na minha casa.
O que é o Clube da Lady?
É uma entidade muito séria, está na cidade a aproximadamente 53 anos, nós atendemos a comunidade carente de Piracicaba, sem vínculos políticos ou religiosos. Realizamos promoções e distribuímos á entidades que se responsabilizam em assistir aos necessitados. Organizamos eventos mensais que ocorrem no Teatro São Jose, ali se reúnem cerca de 300 mulheres quando então arrecadamos fundos que serão repassados á 22 entidades assistenciais. Temos umas 500 senhoras de Piracicaba que são as beneméritas. O Clube da Lady é a mulher de Piracicaba, constituído de forma legal, obedecendo a todas as regras que ditam a conduta fiscal de entidades congêneres, assistido por um escritório contábil.
Nessas reuniões mensais do Clube da Lady o que acontece?
Nessas reuniões entre outra atividades temos o melhor buffet da cidade, realizamos um bingo onde as prendas arrecadadas são sorteadas.
Qual é a faixa etária das pessoas participantes?
Já tivemos um período onde a faixa etária era alta. Atualmente temos jovens que participam dos nossos eventos, assim como pessoas das mais diversas classes sociais.
Qualquer pessoa interessada pode participar?
Basta adquirir o ingresso para os chás que promovemos na ultima quarta feira de cada mês a partir das duas horas da tarde.
É permitida a participação masculina no evento do Clube da Lady?
Atualmente é permitida a participação de lordes também! Muitas senhoras levam seus maridos, assim como jovens casais de namorados. Essa participação de pessoas mais jovens é muito importante. O Clube da Lady tem como grande patrimônio a confiabilidade adquirida junto a nossa cidade. Uma entidade que permanece funcionando por mais de cinco décadas adquire uma respeitabilidade notável. A historia do Clube da Lady é muito rica, já ganhamos muitos atestados de reconhecimento, até pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Trouxemos artistas de projeção nacional para se apresentarem em nossos eventos: Sérgio Reis, Dick Farney, Elizeth Cardoso, Altemar Dutra, Antonio Marcos, Roberto Carlos que veio por três vezes, gratuitamente, quando fizemos bailes denominados “A Noite do Rei”, fui muito amiga da Nice sua esposa já falecida. Roberto Carlos tinha um rancho na beira do Rio Piracicaba, quando estavam em Piracicaba passavam pela minha casa com suas crianças. Até a Dercy Gonçalves participou de um dos nossos chás. Em determinada época a Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba estava em uma situação financeira muito penosa, precisamos nos mobilizar para socorrê-la. Realizamos um jantar de gala no Grande Hotel de Águas de São Pedro.
O Clube da Lady movimenta o lado feminino das forças vivas de Piracicaba?
Já movimentamos muito, atualmente muitas representantes das forças vivas podem até não freqüentar os nossos chás, mas colaboram muito conosco. Não temos subvenção de nenhum órgão oficial. Não temos vinculo com nenhuma entidade religiosa ou política, temos sim a nossa postura de exercer os nossos direitos de cidadãs. O Clube da Lady é apolítico, mas eu sou uma cidadã.
O Clube da Lady acompanha de perto o trabalho das entidades beneficiadas por ele?
Destinamos recursos para 22 entidades assistenciais de Piracicaba, acompanhamos o desenvolvimento das atuações de cada uma delas, as assistentes sociais nos fornecem os subsídios necessários, acompanhamos o trabalho de cada entidade com muita atenção. Um dos trabalhos mais recentes que conta com o envolvimento do Clube da Lady é o Restaurante Fome Um, que passou por um processo de reestruturação e hoje desenvolve um trabalho muito importante É voltado para assistir aos andarilhos, eles encaminham-se para lá, tomam um banho, recebem novas roupas e almoçam. Esse trabalho visa restaurar a dignidade da pessoa que vagueia pelas ruas.
Bons samaritanos dotados da maior boa vontade, adotam ações isoladas junto á pessoas carentes, como a distribuição de alimentação em logradouros públicos isso pode acarretar mais prejuízo do que benefício?
Alimentamo-nos diariamente, o fato de distribuir uma sopa uma vez por semana não irá atender plenamente a pessoa necessitada. Da mesma forma que ao oferecer um jantar especial na véspera de Natal, é uma ação isolada de impacto pouco representativo no apoio efetivo ao individuo. É necessária uma ação planejada, dentro de um contexto, com uma abordagem feita sob a supervisão de pessoas especializadas. Ao centralizarmos nossos esforços no apoio ao Restaurante Fome Um foi em decorrência do nosso acompanhamento já por mais de cinco anos dessa iniciativa. Acompanhamos passo a passo a trajetória desse trabalho assistencial, no momento apropriado demos o apoio necessário. O resultado tem sido muito gratificante, diariamente são atendidas de 160 a 200 pessoas. Andarilhos que passaram a se alimentar lá estão com outra aparência, um dos que conheço de ver pelas ruas da nossa cidade, é um senhor idoso, que se mostra recuperado fisicamente, simplesmente pelo fato de ter pelo menos uma boa alimentação diária. Às vezes ao encontrá-lo questiono se ele tem ido se alimentar no restaurante Fome Um, ele responde que vai todos os dias. São pessoas que não tem nenhuma perspectiva futura, a não ser esperar pela morte, por isso permanecem jogados nas sarjetas. É só dar um pouco de dignidade á essa pessoa, ela poder sentar á mesa para comer com roupinha limpa.
Isso não é uma obrigação do Estado?
Como o Estado não faz, nós fazemos. Pelo menos com a nossa parte nós contribuímos.
Quais são os propósito das senhoras que participam do Clube da Lady?
A credibilidade que adquirimos no decorrer dessas décadas todas é um fator que atrai as pessoas munidas de bons propósitos. Há o aspecto da interação social durante as realizações dos nossos eventos, outro fator é o desejo de realizar sua colaboração social.
Para quem não conhece as atividades desenvolvidas pelo Clube da Lady ao deparar com esse nome pode cair na tentação de imaginar que se trata de uma entidade de madames?
Se existia essa imagem ela foi extinta. Tive muito trabalho para conscientizar quem nos conhecia de que se o Clube da Lady carrega esse nome é pelo fato de ter sido assim denominado em sua origem, nos Estados Unidos, onde se deu o inicio dessa entidade.
A imprensa de Piracicaba apóia o Clube da Lady?
Ajudam-nos muito, temos o apoio das rádios e jornais de Piracicaba.
Como é a sua relação com informática?
Eu gosto muito, participo do facebook, sou “orkuteira” e “twiteira”! Senti a necessidade de me integrar ás novas tecnologias a partir do momento em que nas reuniões de fim de semana da minha família composta por 15 a 20 pessoas, muitas vezes a conversa girava em tornos desses meios de comunicação digital. Percebi que se não me inteirasse a respeito estaria ficando a margem do assunto em pauta. Senti que poderia ficar analfabeta digital. Já faz um cinco ou seis anos que tenho uma professora particular de informática que está sempre me inteirando das novidades tecnológicas. Coloquei várias musicas no Youtube. Não uso e nem gosto dos sites de bate papo No inicio eu achava que teria muitas dificuldades com a internet, principalmente pela minha idade, sempre digo que o meu passado é grande, mas meu futuro é curto. Hoje qualquer duvida que eu tenha recorro à internet. O Google é o meu santo salvador!






domingo, abril 03, 2011

Uma dedicação de mais de 50 anos.


Em 1957 o presidente do Lar dos Velhinhos era o Comendador Luciano Guidotti, foi nessa época que o funcionário do Acordo Florestal do Estado de São Paulo, vinculado ao Ministério da Agricultura Dr. Jairo Ribeiro de Mattos passou a conhecer melhor o Lar dos Velhinhos. Com o objetivo de colaborar com a entidade o engenheiro agrônomo propôs que se fizesse um posto de produção de mudas na beira do rio, nas dependências do Lar dos Velhinhos. Vendo na iniciativa uma fonte de renda a mais para o Lar dos Velhinhos, sem que implicasse em investimentos o hábil administrador Luciano Guidotti aprovou a idéia de imediato. Essa iniciativa proporcionou que jovens e crianças aprendessem a formar mudas,  com a participação dos idosos nos canteiros das mesmas, comercializadas elas renderam bons lucros ao caixa da instituição, algumas teses defendidas na ESALQ foram alicerçadas em trabalhos desenvolvidos com essas mudas, como testemunha dessa época restou um gigantesco eucalipto na área próxima á Avenida Centenário. Jairo Mattos sempre teve a proteção e simpatia de pessoas idosas, como o velho João Batista Germano que fora proprietário de uma casa de artigos para pintura e deu ao jovem Jairo algumas aquarelas para que o mesmo as utilizasse, estimulando as habilidades potenciais do futuro artista plástico. No inicio de 1971 Jairo Mattos foi convidado por Aristides Giusti a ser presidente do Lar dos Velhinhos. Tendo como vice-presidente Jorge Cesar Vargas e a participação entre outros dos diretores Waldir Martins Ferreira, Humberto de Campos, Orlando Veneziano, Ciro Otávio Gatti de Toledo, Alfredo de Castro Neves, Valencio Clefes, Rui Azevedo, Alcides Boscariol. Na época no Lar dos Velhinhos havia três pavilhões: Pedro Alexandrino de Almeida, Antonio Correia Ferraz e Luciano Guidotti, um barracão construído por iniciativa do Lions Club, além de algumas pequenas construções precárias, totalizando menos de três mil quadrados de construção, abrigando pouco mais de 100 pessoas. Atualmente residem no Lar dos Velhinhos aproximadamente 500 habitantes que têm 185 funcionários capacitados para atendê-los. Em 1972 foi criada uma nova forma de viver no Lar dos Velhinhos, os chalés, atingindo um público que até então não tinha essa inovadora opção. Idealizado por Jairo Ribeiro de Mattos e construído com seus recursos pessoais, o chalé número 1 mudou o conceito de vida em um lar voltado aos idosos. O conceito básico é de quem habita os chalés proporcionar renda á instituição para subsidiar os abrigados nos pavilhões, cujos recursos pessoais nem sempre atendem suas necessidades básicas de saúde, higiene e alimentação. (Pela Constituição Federal uma obrigação do Estado). Hoje existem 250 chalés e 18 pavilhões, sendo 13 deles construídos na gestão Jairo Mattos. Muitas obras realizadas dentro do Lar dos Velhinhos proporcionam uma qualidade de vida acima das existentes em entidades congêneres, inclusive as reputadas como de alto padrão. O Lar tem até uma Colônia de Férias em Praia Grande com 12 apartamentos e seis casinhas. Atualmente Jairo Mattos dedica muitas horas do seu dia ao Lar dos Velhinhos, dinâmico, de personalidade marcante, impõe seu ritmo de trabalho, líder nato, arrasta voluntários dedicados, de forma democrática recebe as criticas naturais á quem administra uma verdadeira cidade: a Primeira Cidade Geriátrica do Brasil. O Lar dos Velhinhos de Piracicaba já recebeu delegações de outros países interessados no modelo criado em Piracicaba, de uma dessas visitas resultou em uma instituição similar implantada no Japão. Jairo Ribeiro de Mattos mostra claramente que instituições filantrópicas que não forem dinâmicas estão fadadas a encerrar suas atividades. O amor de Jairo Ribeiro de Mattos pelo Lar dos Velhinhos é uma relação que perdura por mais de 50 anos.


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