domingo, outubro 14, 2012

AMADEU FRACENTESI CASTANHO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 13 de outubro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: AMADEU FRACENTESI CASTANHO
Amadeu Fracentesi Castanho nasceu a 6 de abril de 1928, em Piracicaba, na Rua da Boa Morte número 51, hoje o número é 1479. É filho de Amadeu Castanho nascido em Capivari, e Olympia Fracentesi Castanho nascida em São Paulo. Seu pai atuava na área de direito, foi fazendeiro, loteou boa parte da cidade, formando alguns bairros como Vila Progresso, Bela Vista, Paulicéia. Em 1923 a empresa Antonio Bacchi & Cia. composta por Amadeu Castanho, Antonio Bacchi e Fernando Costa Sobrinho adquiriu 186 alqueires paulista de terras, tinham como vizinhos a ESALQ e seguiam em uma longa extensão de terras até os confins da Paulicéia, da Avenida Independência até o Piracicamirim.

Quantos anos levaram para lotear essa área toda?

Eles conseguiram a Primeira Carta Patente Federal emitida para o Estado de São Paulo com a finalidade de fazer loteamentos. Lotearam a Vila Bela Vista composta por 512 lotes, vendidos em 60 dias. Depois fizeram a Vila Progresso, Vila Independência, Vila Paulicéia e Vila Piracicamirim. Onde hoje é a Shopping Paulistar, era uma caieira, mina de cal, adquirida pelo meu pai para fazer as casas, pertencia ao Ditoca. A cidade de Piracicaba terminava no pontilhão da Rua Benjamin Constant.

Em que local o senhor passou a sua infância?

Casa onde Amadeu Castanho morou quando menino, na Rua da Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, foi derrubada e hoje é um terreno vazio, ao lado fica a casa onde nasceu o ex-governador Adhemar de Barros,onde hoje funciona uma pesnão.
A minha infância passei na Rua Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, era um casarão que foi dividido em duas casas, a da esquina foi derrubada, hoje é um terreno vazio, na outra onde funciona uma pensão, foi onde o ex-governador Adhemar de Barros nasceu. Na década de 40 havia uma placa alusiva ao fato. Na Rua Ipiranga entre a Rua Governador Pedro de Toledo e Boa Morte havia uma sinagoga, que também foi demolida. Naquele trecho já havia o calçamento de paralelepípedo, a Rua Alferes José Caetano era terra, assim como a Rua do Rosário, que era a rua por onde passava a boiada. A Rua do Comércio, atual Rua Governador Pedro de Toledo era calçada com paralelepípedo. Na Rua Ipiranga quando se encontrava com o Ribeirão Itapeva, formava uma espécie de lagoa, La nós nadávamos, pescávamos guaru-guarus para fazer cuscuz. Mamãe falava: “-Vai até o Itapeva e pega um pouco de guaru-guarus para fazer no almoço!” Ou então: “-Vai na Rua do Porto e pega para amanhã”.

Tinha uma sorveteria muito famosa no centro.

A Sorveteria Paris ficava na esquina da Prudente de Moraes com a atual Praça José Bonifácio. Anteriormente existia embaixo do Clube Coronel Barbosa a “Leiteria Brasileira” Era o melhor sorvete da cidade. Com 12 anos aprendi datilografia e fui trabalhar com o meu pai na Praça Sete de Setembro. Quando eu tinha 4 anos de idade faltou um menino da minha idade, ele deveria estar presente em uma festa no Colégio Piracicabano eu o substituí. Fiz todos os meus estudos, até 17 anos. no Colégio Piracicabano. Em seguida estudei na Escola Cristóvão Colombo, onde me formei como contador. Por dois anos estudei economia na Escola Álvares Penteado próxima a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Morava em uma pensão na Avenida Anhangabaú, próximo ao Mercado Municipal de São Paulo. Eu trabalhava como contador na empresa Tecidos Zacharias S/A, na Rua Vinte e Cinco de Março, 1012. O dono principal era Abdalla Belhaus seu sócio Melhem Zacharias. Naquele tempo contador limpava banheiro, balcão, fazia tudo, só após seis meses colocaram um auxiliar para fazer o resto. Fiquei um ano e meio em São Paulo, minha irmã se casou e minha mãe pediu-me para voltar.

O pai do senhor atuou na área jurídica?

Naquele tempo o pretendente podia realizar seus estudos particulares e submeter-se a um exame em São Paulo, na OAB. Meu pai como solicitador tinha a carteira número 30 da Ordem dos Advogados do Brasil. (Os solicitadores são um misto de advogados, procuradores e consultores jurídicos). Ele era sócio do advogado Antonio Eiras, tinham escritório na Praça Sete de Setembro, 7. Era uma pequena praça em frente ao Teatro Santo Estevão, na época unica rua asfaltada de Piracicaba, uma extensão de 100 metros. A Rua São José não era uma via interompida como é atualmente, ela atravessava a praça, criando entre ela e a Rua Prudente de Moraes a Praça Sete de Setembro. A frente do Teatro Santo Estevão era voltada para a Rua São José. O fundo do Teatro Santo Estevão era na Rua Prudente de Moraes.

No seu retorno à Piracicaba onde o senhor foi trabalhar?

Luciano Guidotti tinha uma loja de louças, era o tipo de “Casa de Mil Réis” tinha muita louça, vidro, copo. Ficava na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua São José. Ele morava na parte superior a loja. Isso foi em 1949. Eu tinha duas ofertas de trabalho, ambas como contador: na Rádio PRD-6 e com o Luciano Guidotti, ele estava fazendo o encerramento da loja e a abertura de uma agência de automóveis, achei esta segunda opção como a melhor. Fui convidado para trabalhar lá pelo Alcides Martinelli, que era migo do Luciano.

Qual foi a primeira impressão que o senhor teve ao conhecer Luciano Guidotti?

Muito boa! Era um homem alto, de pele muito clara, muito inteligente Tinha horas em que estava muito alegre, também tinha suas horas de tristeza. Era muito enérgico. Fechamos a loja de louças e abrimos a empresa Guidotti & Cia. O Brasil passava uma grande mudança no setor de veículos, era o início da industria automobilística no Brasil, onde se fabricavam poucas coisas. O governo deu uma autorização aos agentes das grandes montadoras que importassem diretamente os veículos fabricados nos Estados Unidos. Eram importados na modalidade CKD Complete Knock-Down, os veículos vinham desmontados, a General Motors montava aqui no Brasil. O pagamento era feito pela agência revendedora, antecipadamente, em dolar americano. Comprava o dolar na bolsa, mandava para a General Motors, era feito o cálculo de custo peça por peça, motor, câmbio, cabine. Fazia-se o “invoice” que em português é fatura. Eu telefonava para Detroit eles falavam o valor do pêso da mercadoria, e a quantidade de veículos. Fechava o câmbio em São Paulo. O lote mínimo era de 24 veículos. Gerolamo Ometto trabalhava com a Ford. Os Irmãos Petrocelli tinham agência na Rua Prudente de Moraes esquina com a Rua Governador Pedro de Toledo tinham Agência Chevrolet. O Guidotti era concessionário GMC e Oldsmobile.

Em que ano ocorreu a primeira importação feita pelo Guidotti e com a sua participação?

Foi em 1950, de 24 caminhonetes “pick up GMC”, movidas a gasolina. O país foi evoluindo, passou a produzir cabine então não era permitido importar cabine, da mesma forma passou a produzir feixe de molas deixou de importar feixe de molas. As leis foram modificando-se. Em 16 meses Guidotti importou 998 veículos. Foram importados alguns caminhões 4-71, 6-71 também. Abrimos loja na Rua Timbiras, em São Paulo. Funcionava mais como um depósito, um ponto de apoio. Vendíamos para o Brasil todo. O Luciano vendeu as casas que tinha na Rua Santo Antonio e investiu na importação. Os ônibus do Expresso Piracicabano eram vendidos pelo Guidotti. Em 1952 saiu uma lei terminando a importação pelas agências, o fabricante passou a importar e montar usando peças e assessórios fabricados no Brasil. Os caminhões pesados eram adquiridos pelas transportadoras. O Expresso Piracicabano era uma delas. Eram veículos para 10 a 12 mil quilos.

E as peças de reposição?

Nós tínhamos, assim como uma oficina na Rua Treze de Maio esquina com José Pinto de Almeida. Naquele tempo Piracicaba era pequena, tinha pouco trânsito na rua.

O senhor adquiria carro para seu uso na agência?

Ficava com os veículos que eram adquiridos nas trocas. Entrava muito carro Citroen. Tive uma motocicleta Ariel 350, inglesa, outra era uma Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia, eu comprei nova, nós vendíamos essa motocicleta. Viajei muito com a Ariel, ia para Santos, a estrada era toda em terra. Passava por dentro de Tupi, Caiubi, Santa Bárbara D`Òeste, Americana Campinas, asfalto só existia de Jundiaí para frente. Íamos um pequeno grupo com duas ou três motocicletas, às vezes levando mais alguém na garupa.
                                                            Motocicleta inglesa Ariel 350 cc
                                                 Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia

Como o senhor conheceu a sua esposa?

Conheci a minha esposa Maria Iomar Castanho em Ubatuba. Fui passear em uma festa em Ubatuba. Não existia a Via Dutra, nem a Rodovia dos Tamoios. O trajeto era feito por Taubaté, São Sebastião e Ubatuba, levava umas 14 horas de viagem de Piracicaba a Ubatuba, se não chovesse, se chovesse já na subida de Caiubi ninguém conseguia subir. Um acessório indispensável era enxada, isso de caminhonete De moto levava água e capacete que era de couro. Acampamos em uma praia da cidade. Ela estava passando férias na casa do seu avô, isso foi em 1951, nos casamos em 1952. Casamos em Gália e passamos a lua de mel em Ubatuba. De Piracicaba à Gália eram 360 quilômetros em estrada de terra.

Quanto tempo o senhor trabalhou com o Guidotti?
Trabalhei por sete anos. Abrimos uma empresa chamada Auto Importadora Nardin, éramos em três sócios: Luiz Nardin, Luiz Gonzaga e eu. Passei a vender trator Zetor importados da Tchecoslováquia, comprava da Agrobrás Importadora. Era um dos poucos tratores diesel do Brasil. A loja ficava na Rua D. Pedro I, número 817, perto do mercado. Em dois anos e meio vendemos umas trezentas máquinas. Dávamos garantia, manutenção. Tinha um jipe utilizado para fazer as revisões em campo. Fiz um curso de mecanização agrícola realizado na ESALQ, em três meses. Quando o cliente adquiria um trator íamos ensiná-lo a utilizar da melhor forma seus recursos. Tive que aprender a arar, gradear. Em dois ou três dias eram suficientes para ensinar o comprador. Naquele tempo a cana-de-açúcar mais comum era a 3X, tinha uma touceira dura, mas o trator arava bem. Isso foi em 1956, 1957. Até hoje, após 60 anos tem trator vendido por nós e que está rodando.
                                                                CARCARÁ


                                                                        DKW 1956
                                                                        DKW 1959




 Após 5 anos abrimos a União de Veículos, concessionária DKW em sociedade com Maks Weiser. Em 1956 estávamos passando férias em Santos, o Maks perguntou-me se eu conhecia alguém na Vemag. Disse-lhe que conhecia. Foi quando ele me disse que em 1957 a Vemag iria lançar um carrinho DKW. Já conhecia o pessoal através da Studebaker, subimos a serra e fomos até a Vemag. Em um porão, coberto por encerado havia duas peruas Vemaguet, estavamos acostumados com o conforto e luxo dos carros americanos, achei aquela perua horrível, os carros alemães eram diferentes, menores.
                                                      VEMAGUET 1955
O Maks ficou entusiasmado. Conseguimos a concessão da DKW. No primeiro ano fomos os maiores vendedores da DKW, mais do que São Paulo, vendemos duzentos e poucos veículos. Entrava muito carro usado no negócio, o Maks entende muito de carro usado. Como aumentou muito a venda, a Vemag quiz que separassemos a empresa da venda de tratores. Ficou o Luiz Nardin com a parte de tratores e fiquei com o Maks na União de Veículos a concessionária ficava na Rua Dr. Otávio Texeira Mendes. 1186. Onde tinha sido um barracão de recauchutagem. Reformamos o barracão e abrimos a agência lá.
DKW SEM AS "PORTAS SUICÍDAS" QUE ABREIAM AO CONTRÁRIO DE TODOS OS CARROS ATUAIS.
Quem foi o primeiro cliente a comprar um DKW em Piracicaba?

Foi o Willands Guidotti filho do meu ex-patrão. Estouramos de vender.
                                              "JEEP"  DKW CHAMAD DE CANDANGO




RURAL WILLYS



PICK-UP
BERLINETA INTERLAGOS

BERLINETA CONVERSÍVEL

JEEP WILLYS


GORDINE


FÁBRICA WILLYS




COMO NASCEU O PRIMEIRO AUTOMÓVEL BRASILEIRO

 Mais tarde junto com o Maks montamos a V Motors Veículos e Motores S/A vendíamos a linha Willys Overland: Aero Willys, Jeep, caminhonete Willys, e Dauphine e Gordini. Ficava na Avenida Independência esquina coma a Rua Bom Jesus. Hoje funciona a empresa GVT no local. Foi o primeiro prédio em arco construído em Piracicaba e a primeira oficina azulejada. O engenheiro foi Alberto Coury. Saí da concessão da DKW porque a fabricação do carro ia ser extinta, a Auto Union alemã tinha adquirido as ações da DKW. Comprou as ações da Vemag e fechou. Acabou a fabricação de DKW no Brasil. Ai passou para Volkswagen, o Maks ficou com a concessionária Volkswagen enquanto eu permaneci na V Motors com Benedito Perrone, Em 1962 veio uma grave crise no setor, o Aero Willys era um sucesso, nós já tínhamos arrecadado o sinal de compra de mais de cem carros, entregaram apenas um veículo. No segundo mês fechou a fábrica Fechamos a revenda.

Qual foi a próxima atividade do senhor?

Abrimos a retífica de motores Delta, na Rua José Pinto de Almeida, onde tinha sido a oficina do Guidotti. Comprei um terreno e fiz um barracão lá, na Rua Alfredo Guedes, 167. Montei uma retífica com todo material importado da Itália. Era bem moderna, avançada para a época. Foi a primeira fervura a gás do Estado de São Paulo. O grande problema do motor é que é sujo, com óleo incrustado. Tem que desmontar tudo e ferver o motor, antigamente se fervia adicionando soda cáustica, usando óleo queimado para ferver a caldeira. Quando fiz o prédio vi um projeto com a Ultragaz para a fervura a gás, adicionando um produto menos perigoso do que a soda cáustica. Os concorrentes eram três: Romano, Consentino e São Cristóvão. Fiz uma linha de montagem, comprei 300 motores usados e fazia a retífica à base de troca. O ano de 1967 foi ótimo, uma maravilha. Tinha 54 empregados. Em setembro os árabes aumentaram o preço do petróleo, de 4 para 24 dólares o barril. Com essa crise do petróleo os veículos viraram sucata. De 100 motores que retificava por mês caiu para 8. Tive que fechar a retífica, indenizar os funcionários. Tive que vender o barracão, só que não tinha comprador para as máquinas. Walter Hahn era proprietário da concessionária Mercedes Benz em Piracicaba adquiriu o barracão. Em Barra Bonita tinha um proprietário de cinco usinas de açúcar, ele tinha serviço garantido dentro da sua própria empresa, vendi para ele as máquinas da retífica. No negócio do barracão entrou para mim um sítio na estrada de Tupi, tinha 90 metros de frente por 3.000 metros da frente ao fundo. Uma minhoca. Após ir a Campinas onde ficava a sede responsável pela energia elétrica, consegui com a empresa que ela levasse energia até o local. Fiz uma rua de 9 metros da frente ao fundo. Loteei em lotes de 1.000 metros quadrados. Fiz umas 15 casinhas, um pomar, veio uma pessoa interessada e comprou tudo. Isso foi em 1972 a 1974.

Qual foi seu próximo empreendimento?

Dr. Carlos de Toledo e Milton Checoli me convidaram para fazer a Urbanizadora Convívio. Eu estava construindo um hotel, em São Paulo, na região próxima ao Aeroporto de Congonhas, era um hotel horizontal, com terreno de 6600 metros quadrados, hoje é a Avenida Águas Espraiada. A prefeitura desapropriou e até hoje não pagou, estou esperando há mais de 20 anos. A Martha Suplicy fez um acordo para pagar em 10 prestações, pagou três prestações, os outros prefeitos não pagaram mais nada. O hotel tinha 49 apartamentos. Era diretor na Convívio administrei o loteamento Colinas de Piracicaba. Em 1979 compramos em três sócios, três sítios, horríveis, no meio havia um enorme buraco formado pela erosão, perdia-se de 7 a 8 alqueires no local onde havia erosão a área total era de 68 alqueires, loteamos em 665 lotes.(O alqueire paulista. é de 24.200 metros quadrados) Foram feitos nesses locais dois lagos. O volume de água que vem da pista da rodovia de Piracicaba a São Pedro é muito grande quando chove, construímos o primeiro lago, fizemos a escavação, o extravasor. Fui até São Pedro, junto com minha esposa. Na ida passamos não tinha uma gota de água no lago, almoçamos em São Pedro, o céu ficou escuro, deu um “toró”, quando retornamos de São Pedro o lago estava cheio. Encheu em três horas e meia. O segundo lago eu construí três anos depois, a água quando extravasa vai para o Ribeirão Cachoeira, que por sua vez deságua no Rio Piracicaba.

Como surgiu a sede campestre do Clube Coronel Barbosa dentro do condomínio?

Dr. Heitor Werther Stuart Montenegro era diretor do Clube Coronel Barbosa, ele me procurou, foi na época em que o Cristovão Colombo tinha comprado uma área para fazer sua sede campestre. Disse-lhe que tinha una área no fundo do loteamento que não havia sido loteada. São 6 alqueires. Fizemos uma reunião entre os proprietários da área e o clube, chegamos a um acordo. O clube não tinha dispnibilidade financeira para iniciar as obras, a Convívio deu 400 mil cruxeiros que foram pagos em 10 prestações de 40 mil cruzeiros. Assim foram construídas as obras do clube. Só que os associados não se interassaram muito em frequentar e o clube está atualmente sem ser utilizado. A venda de lotes no Colinas foi suspensa após vendermos 60 lotes. Fui operar o hotel em São Paulo, onde permaneci por seis anos, até a prefeitura desapropriar.Eu e meu filho, que fez hotelaria, administramos o hotel. Recebíamos passageiros quando não tinha teto no Aeroporto de Congonhas. Chamava-se Hotel Soleil, tinha 48 funcionários. Voltei à Piracicaba, ajudei na parte administrativa da construção de alguns prédios.

O senhor está escrevendo um livro?

Estou escrevendo sobre a família toda, já tenho 600 páginas escritas, chama-se “Páginas Esparsas”.Desde a época do meu avô Augusto Cesar Castanho, de Capivari, onde foi professor, diretor de grupo. Republicano. Em Itu, no museu, tem pertences do meu avô. Meu pai lutou na Revolta da Armada, fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro. Meu irmão Edésio Castanho morreu na Revolução de 1932. Meu pai perdeu tudo na crise de 1929, ele tinha uma dívida com o Banco do Brasil,de irrigação do cafezal. Quando veio a crise do café, os imóveis cairam em 80% do seu valor, mas as dividas permaneceram em mil réis. Ele tinha 12 casas na Rua XV de Novembro desde a esquina com a Rua Governador. Tinha 500 lotes que eram vendidos a 30 mil réis cada um, chegaram a valer 3 mil réis. Papai vendeu tudo para pagar o Banco do Brasil. O pai dele foi republicano, deu-lhe uma educação muito rígida. Ele faleceu em 1942.

O senhor praticava esportes?

Remei no Clube de Regatas de Piracicaba, participei cinco vezes do Piracicaba a Nado, ia até Artemis a nado. Remava a iole a 4 e a 8 que é banco fixo, com patrão, remava catraia. Joguei bola ao cesto pela Escola Cristóvão Colombo. Sou filatelista. Fui rádio amador por 22 anos. Entrei para o rádio amadorismo em 1959, naquele tempo telefone era um brinquedinho que não funcionava. Para falar de Piracicaba com São Paulo tinha que esperar oito horas para completar a ligação. O rádio amador era o meio de comunicação. A polícia usava o rádio amador como instrumento de trabalho. Quando caiu o Comurba a nossa equipe trabalhou 48 horas sem parar. O edifício que caiu chamava-se Luiz de Queiroz, construído pela empresa Comurba. A notícia que correu o mundo foi que tinha desabado o Luiz de Queiroz, associavam com a ESALQ. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Na época tínhamos mais de uma centena de estudantes sul-americanos estudando na ESALQ. O mundo inteiro queria falar com Piracicaba. Deu pane no sistema telefônico da Telefônica Piracicaba S/A. Montamos no coreto uma estação de rádio amador. Cada um ficava duas horas operando o rádio.

O senhor usa internet?

Bastante, tudo que posso faço pela internet. Já uso computador há uns cinco anos. Todos os dias leio jornais americanos, italianos e brasileiros. Leio o The Miami Herald, o The Times de Londres, Gazzetta Della Sera de Roma, abro o jornal da cidade italiana onde está morando a minha filha.






sábado, outubro 06, 2012

OZARIAS PEQUENO DA SILVA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 06 de outubro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:


ENTREVISTADO: OZARIAS PEQUENO DA SILVA




Carlos Miranda, ator do primeiro seriado produzido especialmente para a televisão em toda a América Latina, com o maior índice de audiência já registrado no Brasil, nasceu em São Paulo, capital, a 29 de julho de 1933.O primeiro episódio da série O Vigilante Rodoviário®, foi ao ar em março de 1961, na Rede Tupi Canal 4 numa (4ª) quarta-feira, às 20:05pm.Após o término da série em 1962, Carlos foi convidado pelo então Comandante Geral da Força Pública General de Exército João Franco Pontes para ingressar na carreira de policial, pois para interpretar o personagem do Vigilante, ele tinha feito a escola de Policiais Rodoviários em Jundiaí. Depois de 25 anos na Polícia, e tendo feito todos os cursos na corporação, em 1998 passou para a reserva como Tenente Coronel PM RES.



Em 1947 o Governo Paulista entregou ao tráfego uma auto-estrada com características arrojadas para a época a Via Anchieta (SP 150). Sendo necessário disciplinar o trânsito, orientar e auxiliar os usuários e policiar de forma mais efetiva as estradas que começavam surgir a partir da Capital, Foi criado o chamado Grupo Especial de Polícia Rodoviária, com um efetivo de 60 homens A Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo é uma modalidade de policiamento da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O comandante do Pelotâo de Policia Rodoviária de Piracicaba é o tenente Tarcisio Renato Pierobom, O soldado da Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo Ozarias Pequeno da Silva está destacado no Segundo Pelotão da Segunda Companhia do Terceiro Batalhão de Policiamento Rodoviário, com três bases funcionando 24 horas composto por cerca de 50 homens. Ozarias nasceu a 23 de novembro de 1969 em Icó, Ceará, filho de Antonio Pequeno da Silva e Judite Isabel da Conceição. Seu pai era lavrador e sua mãe de predas domésticas. Ele tinha uns tios que moravam em Rio das Pedras, para onde veio com uns treze anos de idade. Tinha estudado até a terceira série. Estudou na Escola Cambará, fez o supletivo, trabalhava na lavoura. Aos 17 anos passou a trabalhar na Miori.


Qual era o serviço do senhor na Industria Miori ?


Limpar os banheiros. Um dia o chefe me viu olhando as máquinas trabalhando, perguntou-me se tinha vontade de trabalhar nessas máquinas. Respondi que tinha. Fiz o teste e passei. Eram máquinas que engarrafavam a famosa pinga Riopedrense. Em 1992 vi um anúncio pela televisão do concurso da Polícia Militar, a inscrição era em Campinas, uma cidade que eu nem conhecia. Eu tinha prometido à minha mãe que iria estudar, queria que ela tivesse orgulho do meu esforço e caráter. Fiz a inscrição, um mês depois, com mais alguns conhecidos de Rio das Pedras que também iam fazer as provas escritas fretamos uma condução e fomos. Após algum tempo fiquei sabendo que eu não tinha sido aprovado. Voltei a trabalhar na Miori. Certo dia telefonaram mandando que fosse com urgência até Campinas. Fui o único a ser aprovado da cidade de Rio das Pedras. Em fevereiro de 1993 entrei para a Polícia Militar


O senhor fez prova de capacidade física?


É uma prova rigorosa, Entre outras coisas correr 3.000 metros em 12 minutos, abdominal, flexão, barra. E a prova de tiro de 50 metros, tem que correr no menor tempo possível 50 metros.


O senhor já tinha algum treinamento anterior?


Eu era praticante de artes marciais, já tinha participado de campeonatos de karate quando ia receber a faixa marrom entrei na Polícia Militar, onde a arte marcial adotada era o Tae Kwon Do.


O policial recebe medalhas pelos seus atos de bravura?


Para cada ato de bravura o policial recebe uma medalha com o grau correspondente. Tenho uma do Terceiro Grau, Prendi um traficante que fornecia drogas para estudantes de uma renomada universidade em Campinas.Outras medalhas ganhei em ocorrências, salvando vidas. A terceira medalha que recebi, foi em uma ocorrência em Capivari, a noite, impedi que uma pessoa fora da sua razão colocasse termo a sua vida saltando de uma ponte sobre o Rio Capivari. Por essa pessoa estar muito alterada tive que usar a força física, o que quase custou a minha vida. Tive contusões em duas costelas, com ele não aconteceu nada, ficamos dependurados na ponte até que consegui dominá-lo. Era um jovem de 20 e poucos anos com esposa e filho.


O que é o projeto “Trânsito Legal”


A Polícia Rodoviária criou esse projeto, damos cursos nas escolas e em empresas. Nas escolas o curso é voltado para as crianças de quarto e quinto ano. A primeira aula inclui a apresentação da Polícia Militar em suas modalidades: o policial militar, o corpo de bombeiros e a polícia rodoviária, são todos integrantes da mesma corporação. Por incrível que pareça muitos não tem essa informação. São apresentadas todas as formas de atuação: Rocam, Policiamento Tático, Policiamento nas Escolas. As funções do Corpo de Bombeiro, do Policiamento Ambiental. A Polícia Rodoviária operando o etilometro, popularmente chamado de bafometro. Aparelhamento de Radar. A Polícia Rodoviária tem o policiamento tático nas rodovias. Apoiamos eventos como a Volta Ciclística.


A Polícia Rodoviária de Piracicaba é subordinada a Araraquara?


O comando é lá, o Estado de São Paulo é dividido em cinco batalhões, antigamente eram três. Ensinamos as crianças o significado de cada item da farda. A importância do acompanhamento de cargas especiais. Os riscos oferecidos por cargas perigosas. Existe uma simbologia visual indicando o tipo de produto que está sendo transportado. Exercemos a fiscalização com relação a excesso de peso transportado por um caminhão. Fiscalizamos ônibus, um fenômeno que ocorre às vezes é a criança imaginar que pelo fato de um policial rodoviário adentrar no veículo algo de grave pode estar acontecendo. Procuramos nesses cursos esclarecer que essas fiscalizações são realizadas para a segurança e bem estar do passageiro.


Há uma educação errônea ao incutir na formação da criança que se ele não fizer algo que a mãe ou pai desejam, a polícia virá prendê-la?


Procuramos mostrar o trabalho comunitário que é feito pela polícia, como por exemplo, a Campanha do Agasalho. Outro aspecto é a monitoração das rodovias, a qualquer necessidade ele irá acionar a base mais próxima para prestar o atendimento.


Quanto tempo dura o curso com as crianças?


São quatro períodos, cada período dura 50 minutos, é dado um certificado às crianças. Há uma parceria entre a Polícia Rodoviária e a Secretaria da Educação. Os cursos são ministrados para escolas públicas e particulares. Em universidades e empresas são ministradas palestras. A preocupação de empresas e universidades hoje é concentrada principalmente na alcoolemia. Outro tema muito solicitado é sobre velocidade


O índice de alcoolemia em nossas estradas ainda é significativo?


Infelizmente sim. O condutor que está com sinais notórios de alcoolemia é convidado a fazer o teste em um de nossos aparelhos. Se ele recusar, solicitamos se podemos fazer o exame hematológico. Se ele novamente se recusar, temos um dispositivo em forma de relatório, com a presença de duas testemunhas, conduzimos o cidadão até a delegacia, o médico é acionado pelo delegado e é feita a perícia médica. Há projetos de modificações na lei, tornando obrigatório o exame quando houver suspeita de que o condutor está alcoolizado. Passamos para as crianças os tipos de placas de sinalização e seus significados. Há muita criança que conduz um veículo: a bicicleta. Educando a criança teremos um adulto consciente. Além das crianças somos muito procurados por empresas para dar palestras a seus colaboradores. Neste ano tivemos a Semana do Trânsito do dia 18 até o dia 25 de setembro.


O senhor é a favor de mostrar fotos de acidentes que possam chocar o público adulto?


Não. Sou contra. A pessoa tem que se conscientizar por si mesma. Não deixo de ilustrar as palestras com fatos ocorridos, mas apenas citando-os. A Polícia Rodoviária acompanha até certo tempo o desfecho dos fatos, com isso vemos o quanto a pessoa sofreu e quais foram as conseqüências.


O pedestre deve conhecer placas de sinalização?


Deve sim, com isso ele estará evitando envolver-se em acidentes. As placas de sinalização não são apenas para veículos, o pedestre também deve observá-las como passarelas sobre pistas, faixas de travessia. Montei um semáforo de pedestres para interagir com as crianças. Passamos para as crianças a dimensão de risco da linha de pipa com cerol. Alguns até argumentam: “Eu não serei preso!”. Pergunto-lhes: E o papai? E a mamãe?” Percebo que param para pensar. Eles sentem que podem gerar um problema para o pai ou para a mãe.


É exigido o uso de cinto de segurança em ônibus escolar?


É obrigatório.


Em caçambas de veículos é permitido o transporte de pessoas ou animais?


É proibido.


Veículo com capacidade para duas pessoas pode levar mais alguém?


Se na documentação consta que é para levar apenas duas pessoas não pode conduzir mais ninguém. O veículo é retido, a terceira pessoa tem que arrumar outro transporte. Ai o veículo segue a viagem. Nesses cursos explicamos à criança qual deve ser sua atitude dentro do veículo, não tirar a atenção do condutor, pois isso pode causar acidente. Ao descer do veículo, abrir a porta devagar, olhar se não vem vindo outro veículo, e ai sim abrir a porta com total segurança. Procurar sempre embarcar e desembarcar do lado onde existe a calçada. Conscientizar a criança que em coletivos os bancos destinados à idosos e gestantes é prioridade para os mesmos. A importância de usar capacete. Os riscos de andar de bicicleta em locais destinados apenas a pedestres


Ciclista pode andar na contramão?


Não. Infelizmente não existe instrumento legal para punição de quem comete esse delito. Quando encontramos uma situação dessa, paramos, procuramos orientar, explicar os riscos que ele está correndo.


O senhor tem um farto material didático para simular com as crianças situações reais?


Procuramos simular da melhor forma possível o que acontece de fato no trânsito.


Qual é o trecho coberto pelo destacamento de Piracicaba?


Sob o comando do tenente Tarcisio Renato Pierobom temos a base de Piracicaba, São Pedro e Capivari.


No caso de uma ocorrência, um risco como animais na pista, com qual telefone devo me comunicar?


O sistema que usa o número de telefone 190 é muito abrangente e de grande eficiência. O usuário ao acionar o número 190 estará acionando um sistema interligado com as bases, de onde partirá o comando de ação. Orientamos sempre que as pessoas também tenham os telefones das diversas concessionárias em sua posse. Ao sair de Piracicaba para São Paulo, logo no início e ao longo da estrada tem o telefone da concessionária. Da mesma forma ocorre em outras estradas com outras concessionárias. Ao acionar a concessionária ela irá comunicar a Polícia Rodoviária e irá também dar o suporte necessário. Mesmo que seja um cachorro solto na pista. É feito um boletim de ocorrência, tentamos localizar o proprietário, não sendo localizado fazemos contato com a delegacia de polícia do local, em alguns casos o delegado faz a ocorrência para ver se chega até o proprietário desse animal. Animais de grande porte, como cavalos e vacas oferecem graves riscos.


No caso de condutor dirigindo sem habilitação e que arrisca a própria vida assim como a de terceiros o que está faltando?


Está faltando educação de berço! A pessoa tem que saber que não pode dirigir sem habilitação. O condutor deve ter consciência de que o limite de velocidade existe para protegê-lo e não para gerar multas. O excesso de velocidade aumenta muito o risco de acidentes fatais.


Como o policial militar descobre compartimentos muito bem disfarçados, onde são conduzidos produtos ilegais?


Há técnicas apropriadas de verificação. Um fator agravante é um nervosismo indisfarçável por parte do averiguado. È comum algumas pessoas ficarem nervosas, mas de uma determinada forma. Quando envolve algo grave o nervosismo se manifesta de forma peculiar. Percebemos na hora que algo está errado. As multas efetivadas pela polícia rodoviária são muito bem embasadas, constando todos os dados exigidos pela lei.


O famoso “Você sabe com quem está falando?”, onde o infrator tenta impor sua condição de autoridade para não incorrer em multa ainda existe?


Antigamente isso poderia ocorrer. Hoje as pessoas estão mais conscientes do risco que correm ao assumir uma atitude dessa natureza. O que acontece é a pessoa admitir o seu erro e concordar com as sanções legais. A polícia rodoviária tem feito um amplo trabalho em todos os segmentos de usuários: com motociclistas, caminhões que transportam cana-de-açúcar, ônibus fretados


O acidente envolvendo carretas, conhecido como “L” onde a carreta se desloca formando um ângulo de noventa graus com relação ao “cavalo” ocorre em que condições?


Pelo relato dos motoristas envolvidos nesse tipo de acidente ocorre com maior freqüência com o veículo sem carga, tem origem em algum movimento brusco, frenagem, mudança de faixa. Geralmente é motivado por falha humana.


Há uma proposta de lei determinando um período de descanso mínimo nas jornadas de viagens dos motoristas profissionais. Se implantada essa lei pode reduzir o número de acidentes?


Estou torcendo para que isso de fato ocorra. Muitos acidentes ocorrem porque o condutor está com muito sono. O profissional tem que chegar em determinada hora em seu destino, um tempo muito limitado, há o fator de remuneração por maior número de horas trabalhadas, comissões. Isso muitas vezes leva o motorista a persistir além do seu limite físico. É um problema social.


O senhor acredita que se a categoria dos motoristas se recusasse a dirigir além dos seus limites normais, o problema de dirigir com sono, com todos os riscos envolvidos, terminaria?


Creio que com o motorista descansado e sem sono deve diminuir o número de acidentes. Só que acho difícil isso ocorrer. Muitas vezes a pessoa precisa daquele dinheiro, o seu salário não cobre as suas necessidades. As comissões que ele recebe por viagem complementam o seu pagamento.


Qual é a opinião do senhor sobre o transporte misto, rodo-ferroviário, onde as carretas são colocadas sobre vagões de trem, é feito o trajeto a longa distância, e nesse período os motoristas descansam?


Sou formado em logística, acredito que no futuro boa parte do transporte de longa distância usará esse recurso. A ONU lançou a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito de 2011 a 2020. É um problema mundial. Para se ter uma idéia só nas rodovias da região de Piracicaba de janeiro a setembro teve 50 óbitos, ocorridos nas próprias rodovias. Sem contar os que socorridos falecem em hospitais.


Quem dirige melhor, o homem ou a mulher?


Até algum tempo eu poderia afirmar que as mulheres se envolviam muito pouco em acidentes. Hoje temos bastante acidentes envolvendo as motoristas. Já atendemos ocorrência com a condutora embriagada.


O senhor não acha que diante dessa realidade os esforços poderiam ser maiores?


O motorista habilitado, adulto, já tem uma opinião formada. Mudar habitos é muito difícil. Quando iniciamos o trabalho de conscientização com crianças e adolescentes, conseguimos excelentes resultados. Eles tomam ciência das consequências de um acidente, as sequelas que permanecem.


Quais fatores geram maior número de acidentes?


Ultrapassagem em local proibido, alcoolemia, falta de uso de cinto de segurança gera muitas vítimas. Muitos imaginam que pelo fato do seu carro ter air-bag estão tão seguros como quem usa cinto de segurança. Air-bag não substitui cinto de segurança. O artigo 65 do código de transito dispoem que os passageiros, inclusive do banco traseiro, também tem que usar cinto de segurança, não apenas o condutor. A desobediência dos limites de velocidade geram muitos acidentes. Há muitas motocicletas envolvidas em acidentes, com consequencias graves ao condutor. Pedestres que não usam passarelas.


O senhor trabalhou com motocicleta da polícia rodoviária?


Trabalhei no Pelotão de Motociclista, participei de eventos grandes como a vinda do Papa Bento XVI em Aparecida do Norte, pilotando uma motocicleta Yamaha 500. Esse pelotão servia o Estado de São Paulo. Pelo fato de ser habilitado pela Polícia Rodoviária como motociclista, através de ofício era requisitado para servir em eventos que envolvessem um grande número de pessoas, o nosso trabalho era na parte tática, os motociclistas do exército é que acompanhavam o deslocamento do carro que conduzia o Papa Bento XVI.


Em pistas, vemos as vezes soldados avançando a pé sobre a pista para que o condutor de um veículo pare, nesse momento há risco de vida para o policial ?


Faz parte do nosso trabalho, temos que entrar na rodovia e dar o sinal ao motorista de que ele deve parar. A noite usamos um colete refletivo. Nos locais em que estamos fazendo a fiscalização geralmente o giroflex da viatura está funcionando.


Ao ocorrer um acidente quem atrapalha mais?


São os curiosos, que as vezes provocam outro acidente em decorrência de ter sua atenção desviada para o que está acontecendo. Há ainda elementos que param para subtrair os pertences do veículo acidentado, antes da chegada da polícia. A incidência é maior com veículos de carga, mas ocorrem também em outras situações.







sábado, setembro 29, 2012

VANDA MARIA VICENTIN DEFAVARI

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de setembro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:



ENTREVISTADA: VANDA MARIA VICENTIN DEFAVARI


A mobucana Vanda nasceu no dia 23 de março de 1958, foi registrada no distrito de Capivari, uma vez que em Mombuca, sua terra natal, não dispunha de cartório de registro civil. Seus pais Antonio Vicentin e Mathildes (Rute) Belanga Vicentin tiveram quatro filhos: Maria Rute, Vanda, Antonio Vinsentin Filho e José Fernando, já falecido. Antonio Vinsentin comercializava batatas no atacado. Sua mãe, além dos serviços domésticos tinha seu próprio negócio no setor de vestuário.


O fato de seus pais serem comerciantes influenciou em sua aptidão para o comércio?


Minha mãe tinha uma loja era dentro de casa, desde pequena eu estava sempre em contato com o comércio. Meu pai ia buscar batatas na roça e as levava para o Ceasa em São Paulo, nós sempre acompanhamos meu pai em tudo. Muitas vezes meus irmãos e eu levantávamos as duas horas da manhã e íamos todos lavar batatas.


Esse processo como funcionava?


A batata vinha da roça, era lavada e ensacada. Era tudo mecanizado, selecionadas as batatas miúdas das graúdas, A melhor batata é a binge.


Seus primeiros estudos foram em que localidade?


Estudei na Escola Estadual Bispo Dom Mateus, fiz o curso para admissão e o ginásio em Capivari. Estudei química no Colégio Dom Bosco, em Piracicaba, sou bacharel em Admiistração de Empresas pela Unimep. Trabalhava com meus pais, e por dois anos trabalhei na Assistência Social em Mombuca na administração do prefeito Abrão José. Na época eu tinha 22 anos de idade.


Quais eram os maiores problemas sociais encontrados pela senhora em seu trabalho de assistente social?


Havia muitas pessoas dependendo de doações. O importante é elevar a auto-estima dessas pessoas, para que sejam capacitadas e, saibam que podem conquistar o seu lugar sem depender de favores. É dar dignidade á seres humanos.


Quando a senhora conheceu seu marido?


Conheci meu marido Carlos Defavari há 38 anos. Ele era magrinho e cabeludo. Em Mombuca existe até hoje uma festa religiosa, em louvor a Santo Antonio, foi a primeira vez em que vi o Carlos em Mombuca. Eu tinha uns 17 anos de idade, namoramos por uns oito anos. Ele fazia faculdade especializando-se em Desenho Técnico, fazíamos a faculdade na mesma universidade, a Unimep. O Carlos ia com um pessoal de Rio das Pedras e eu ia com uma turma que era transportada por uma perua de Mombuca.


Vocês casaram-se onde?


Nosso casamento foi na Igreja Matriz de Mombuca, Paróquia de São Pedro. Em 25 de setembro de 1982. Viemos morar em Rio das Pedras na Avenida José Augusto da Fonseca, por sete anos. Tivemos dois filhos: o Junior e a Lays.


A senhora tem um ar de pessoas que seguem a linha dura, no seu ponto de vista é uma característica de alguém da sua família?


Minha mãe era mais durona, meu pai era mais flexível no trato.


As mulheres dominam o mundo?


Acredito que sim. Muitas pessoas dizem que eu tenho características de autoritária, severa, eu penso que sou acima de tudo muito justa, No restaurante Texas somos em 18 funcionários, todos sabem que se for necessário lavar copos, panelas eu estarei fazendo isso. É uma equipe que trabalha com harmonia, se precisar estaremos sempre juntos. Eu mando, mas também sei fazer, isso foi uma coisa que a minha mãe sempre ensinou. Quando era solteira tinha a empregada que fazia tudo na nossa casa. Só que quando a empregada não vinha, minha mãe dizia: “- Hoje a empregada não veio! Quem vai fazer são vocês!” Nunca nenhum de nós reclamou.


Qual era a atividade profissional do Carlos quando vocês se casaram?


Tínhamos um supermercado bem pequeno situado lá embaixo da Rua Prudente de Moraes, foi derrubada uma parede e o supermercado foi até o fundo. Lembro-me que isso foi no dia do aniversário da avó dele. Após isso foi derrubada a casa da minha sogra ampliando o mercado. Na época quando o supermercado fechava, nós mesmos que limpávamos tudo, não havia funcionários para ficar limpando. Quando foi derrubada a casa da minha sogra e ampliado o supermercado, fechávamos às 18 horas, só eu e o Carlos éramos casados, acabávamos de jantar e íamos preparar para aumentar o mercado, havia apenas um plástico separando a parte existente da parte a ser ampliada. O Carlos trabalhava como açougueiro no supermercado nessa época. Eu comecei lavando verdura, fazendo maionese, junto com a minha sogra que sempre foi uma mulher de muita fibra Casei, nossa lua de mel foi no sul do país, Gramado, Canela, até a Argentina, fomos com uma Caravan marrom. Quando voltei da lua de mel comecei a ajudar a minha sogra: lavando verduras, temperando carne, fazendo maionese, trabalhava no açougue como balconista, isso foi em 1982. Após algum tempo depois me colocaram no caixa. Algum tempo depois fui pra o escritório. Fomos para Piracicaba, nessa época, já tinha os nossos dois filhos. Morávamos em Rio das Pedras, levantava as quatro horas da manhã, ás quatro e meia passava para pegar uma menina que morava perto da Arcor, era babá das nossas crianças. Eu com o Carlos íamos abrir a padaria às cinco horas em Piracicaba. Isso foi por vários anos. Na época nós tínhamos comprado a Padaria do Vovô na Vila Rezende, em sociedade com o tio do Carlos, o Carmelindo. A Pão & Cia. foi construída pelo Carlos e pelo Altair onde anteriormente era um barracão de uma escola de samba, na Avenida Armando Salles de Oliveira. Por muitos anos mantiveram a franquia Pão & Cia. Deixaram de ser franqueados para montarem a Di Pappi. Em outubro voltamos para Rio das Pedras.


A Pão & Cia assim como a Di Pappi, ambas sob o seu comando inovaram o conceito de padaria em Piracicaba?


O Carlos buscou um conceito de padaria que havia em Belo Horizonte, lá as padarias são muito diferentes, foi um marco na história de Piracicaba a instalação da Pão & Cia.


A clientela que freqüentava a padaria era de alto poder aquisitivo?


Era freqüentada por pessoas de bom gosto e alto nível. O que pesava no orçamento da Pão & Cia. é que ela não usava aditivo químico, com as mudanças de postura do consumidor a respeito disso, hoje seria um estrondo em Piracicaba. Na época o pão francês não era muito aceito. Sua aparência era diferente, só que era uma delícia. A baguete da Pão & Cia era maravilhosa. A franquia ficava muito onerosa, porque não incidia só nos pães, mas também nos produtos de terceiros. A padaria de Piracicaba da Pão & Cia.era o segundo faturamento do Brasil inteiro. Só perdíamos para Maceió, isso em um universo, na época, de 33 padarias franqueadas pela Pão & Cia. Por razões comerciais o Carlos teve que voltar a trabalhar em Rio das Pedras, eu permaneci com a padaria, tive que arrumar alguém que pudesse trabalhar comigo, das seis da manhã até nove horas da noite de segunda a segunda, sozinha é praticamente impossível manter esse ritmo. A Bete da Padaria Takaki tornou-se minha sócia. Após permanecer por três anos na Di Pappi, por motivos logísticos decidi vender minha participação na padaria. A família tinha adquirido o Restaurante Texas em Rio das Pedras, com a condição de que eu deveria administrá-lo. Gosto muito do ramo de restaurante, assemelha-se muito ao ramo de padaria. Onde se fabrica o produto o cuidado tem que ser redobrado. Digo que: “Comida que não é feita com amor dá dor de barriga nos outros”.Não é assim? Temos que por amor no que fazemos. Dedico-me de corpo e alma, faço de tudo para atender meus clientes.


A que horas a senhora chega ao restaurante?


Hoje cheguei era 6:30 da manhã. Às 11:00 horas o restaurante é aberto para servir aos clientes. De segunda a sexta feira fecha as 14:00 horas. Aos sábados e domingos fecha às 15 horas. Vou chegar em casa em torno de 17:00 horas. Isso sem contar que sempre tenho que providenciar algo para o restaurante. Adoro trabalhar aqui no Restaurante Texas.


Rio das Pedras não é uma cidade de grande porte, seu conhecimento com os moradores da cidade é muito grande, como é a sua relação com eles?


Acho que é uma relação boa, tanto pelas pessoas que conheço no restaurante como as que conheço no supermercado. Eu gosto de estar no meio do povo, quem está em um comércio da nossa natureza tem que ser visto, ouvir o cliente, saber de suas necessidades e preferências, escutar reclamações. Não é só o funcionário que deve ouvir os reclamos do cliente, eu tenho que estar presente, ouvir, sentir o desabafo do cliente. Adoro escutar quando alguém vem e diz: “Vanda está errada nisto!” A pessoa está falando para mim mesmo. Recolho carrinhos de compra, pego cestinhas. Tenho funcionários que dizem: “Que dó em ver você pegando cestinhas e carrinhos!” Só que estou fazendo com amor. Adoro o que eu faço. Passo perto de alguém e escuto: “Vanda, não estou achando tal produto, onde tem?” Não é gostoso ouvir isso? Traz satisfação para mim. No trajeto até o produto que a pessoa necessita pode ocorrer de eu perguntar: “Você já experimentou este produto? E tem este outro também!”. Cria-se uma relação forte de proprietário com cliente.


Vanda, o que você produz no restaurante com a absoluta certeza de que não irá sobrar nada?


Isso é relativo, depende do dia. Aos domingos tenho colocado muito salmão no bufê. No último domingo uma cliente disse-me: “Vanda, vim buscar salmão e hoje não tem:”
Disse-lhe que tinha substituído por camarão, mas que no próximo domingo vou fazer salmão. Nas segundas feiras as pessoas têm a mania de fazer regime. É dia de entrar com pratos leves. Filé grelhado. Não pode colocar uma carne pesada na segunda feira. Um fato interessante é que acostumaram com feijoada, mesmo com o calor muitos pedem feijoada.


Quem administra bem um restaurante administra bem uma casa?


Acredito que sim.


E quem administra bem uma casa administra bem uma cidade?


Também acredito! Tenho a certeza disso! Absoluta! Na minha casa é apenas uma funcionária. No restaurante são 18. Tenho um encarregado que é o meu braço direito, o Luizinho, faz vinte anos que trabalha conosco. Acho que esse negócio de ditadura não funciona. Acabou o tempo da escravidão. O que eu exijo deles, eu cobro. Tem que haver uma boa relação com os funcionários. Imagine se eu brigar o tempo todo com os funcionários da cozinha, eles estão fazendo comida. Imagine o perigo que isso representa.


Você é brava?


Fico brava na hora, se virar as costas acabou. Não fico me martirizando por algo que aconteceu errado. Muitas vezes eles me entendem sem que haja a necessidade de falar nada. Sempre digo que temos que tratar os nossos clientes da mesma forma que gostaríamos de sermos tratados.


A senhora tem muita experiência bem sucedida na administração privada e que pode ser aplicada na administração pública?


Eu digo que se dependesse de mim o Carlos jamais se meteria em política. Em nossas atividades já temos serviço de sobra para fazer. Só que ele idealizou esse sonho durante trinta anos. O Carlos soube entender quando deveria ser o seu momento, soube deixar seu sonho para o momento certo. Sou cada vez mais apaixonada por ele por ser um homem justo, leal, correto.


A senhora é religiosa?


Sou católica, praticante.


A senhora passa a imagem de uma pessoa realizada.


Sou com certeza! Sou amada, bem resolvida, muito feliz, amo tudo que eu faço e tudo que eu tenho.


Qual sua opinião sobre a internet?


Acesso a internet, acho que há muitas coisas boas, mas também tem muito lixo, a semelhança de jornal, onde se vê muita coisa ruim. Rio das Pedras poderia ter uma “nuvem” de acesso público e gratuito à internet, cada um aproveita o que quiser. Já dispomos gratuitamente dessa praticidade no restaurante, é muito comum clientes usarem seus computadores durante as refeições.


No seu conceito Rio das Pedras deve crescer?


Tem que crescer faltam várias coisas para a cidade. Daqui a pouco não precisaremos mais correr à Piracicaba em busca do que hoje ainda não temos aqui.


Rio das Pedras merece um espaço público, com infra-estrutura definitiva para realização de eventos, sem que interfira no sossego da população?


Sei que existe um projeto nesse sentido.


Cavalo é um animal que a senhora gosta?


Tenho que gostar, meu filho é veterinário de animais de grande porte. Não cavalgo, apenas ando de charrete com o meu marido. Dia 8 de outubro um grupo irá até Aparecida do Norte. O Carlos irá compor esse grupo, a viagem demora uns 10 dias. Minha mãe e eu vamos até lá para encontrá-lo.


Você tem algum animal de estimação?


Tenho um cachorro da raça pincher, o Tião, ele está obeso, em fase de dieta.


Qual é o seu passatempo preferido?


Ir à chácara, deitar em uma rede e ler um livro. Gosto muito de pessoas ao nosso lado, na chácara sem gente não tem graça. Eu gosto de gente.


Seu marido Carlos Defavari ganhando a eleição, qual será a primeira coisa que a
senhora irá fazer?


Dormir com o prefeito!


A eventual possibilidade de vir a ser a primeira dama do município, com todas as tarefas inerentes ao cargo a assusta?


Nem um pouco! É um novo desafio para o qual estou preparada. Gosto de novos desafios. O Rotary de Rio das Pedras por 43 anos só teve homens como presidente, fui a primeira mulher a presidir o Rotary de Rio das Peras. Foi um grande aprendizado. Em três anos conseguimos comprar 50.000 vacinas contra poliomielite. Se no Brasil a incidência da doença é baixíssima, no mundo há lugares onde essa doença representa grave ameaça. Quem banca a vacina é o Rotary, o nosso Rotary conseguiu 50.000 doses da vacina.


E esse esgoto a céu aberto, cruzando a cidade, chamado Tijuco Preto?


Acho que esse deve ser um trabalho a ser desenvolvido pelo futuro prefeito. Em 1958 Piracicaba canalizou o Ribeirão Itapeva.


Como cidadã a seu ver qual é um dos grandes problemas da cidade de Rio das Pedras?


A nossa praça central que poderia ser um lugar de encontro das famílias rio-pedrenses, tornou-se um local impróprio para freqüência de famílias. Há uma guarita, mas não tem nenhum policial. Um banheiro fétido.


Em Rio das Pedras em governos anteriores, foram criados bairros inteiros com fins eleitorais, o objetivo era trazer pessoas de localidades distantes unicamente para formar “um curral eleitoral”, sem infra-estrutura adequada, o reflexo está sendo agora?


Os possíveis políticos responsáveis por essa manobra não se beneficiaram da mesma.


Atrás de um grande homem há uma grande mulher?


Eu digo que há uma mulher ao lado de um grande homem, não atrás.


sexta-feira, setembro 21, 2012

ARI JONES

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 22 desetembro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/


ENTREVISTADO: ARI JONES


Ariovaldo Flávio Dilio e Ari Jones são nomes distintos da mesma pessoa. Ariovaldo é pouco conhecido enquanto Ari Jones faz sucesso nos meios de comunicação, principalmente no rádio piracicabano.


Como surgiu o nome Ari Jones?


Surgiu na época em que o filme Indiana Jones estava sendo lançado. Um tanto quanto arteiro eu usava um boné e um colete muito utilizado por fotógrafos. Um grande amigo deu-me essa denominação, ele achava que para ingressar no rádio eu deveria ter um nome artístico. Assim surgiu Ari como abreviatura de Ariovaldo, e Jones em função do chapéu e do colete. Na ocasião achei meio esquisito, esdrúxulo, mas acabei aceitando e permanece por 25 anos.


Você nasceu onde?


Nasci em Piracicaba, na Santa Casa de Misericórdia, no dia 22 de julho de 1963. Sou filho de Plínio Dilio, falecido, e de Aparecida da Conceição Cerignoni Dilio. Hoje com 75 anos. Sou primo em segundo grau de Francisco (Pirata) Cerignoni.


Seus primeiros estudos foram feito em que escola?


O primeiro e segundo ano, estudei no SESI, que funcionava no Colégio Dom Bosco Assunção. Estudei no Grupo Escolar Alfredo Cardoso, no Sud Mennucci na Escola Estadual Antonio Pinto de Almeida Ferraz (APAF). Aos 18 nos de idade me casei com Tania Regina Tomazella tivemos dois filhos Flávia, que infelizmente faleceu, e Felipe.. Mais tarde casei-me em segundas nupcias com Andrea Sassi, tivemos o noso filho Enrico. Hoje sou casado com a arquiteta Silvana Bordenale, mãe de Bruna e Victória.


Qual foi seu primeiro emprego?


Fui auxiliar de eletricista e ajundante geral em uma empresa de um amigo, Celso Bigelli, Em 1976 quando meu pai faleceu eu tinha de 11 para 12 amos. Eu trabalhava drante o dia e estudava a noite. Tenho os irmãos Adilson e o Rogério. Nasci na Rua São Francisco de Assis mudei para o bairro Nova América onde permaneço até hoje. Após permnecer pouco mais do que um ano trabalhando com o Bigelli fui trabalhar na fábrica de balas Atlante.de propriedade de Hermínio Petrin Júnior, de Paulo Cesar Petrin, da família Petrin. Essa indústria existe até hoje só que ela produz pastilhas para a garganta.


Você entrou para a fábrica de balas com uns quatorze anos?


Eu tinha 13 para 14 anos, a legislação permitia que o menor nessa idade trabalhasse. Logo que entrei o que mastiguei de chicletes e balas foi uma coisa de louco. Tive a grande satisfação de saber como eram feitas, é um processo muito interessante. Hoje junto com os amigos que trabalharam conosco temos o prazer em saber que adoçamos a vida de muitas pessoas. A fábrica ficava na Rua Dona Rosália. Permaneci nessa fábrica por uns uatroa anos


Após a fábrica de balas qual foi sua próxima atividade?


Fui ser vigilante bancário, permaneci quase dois anos como viglante bancário, no antigo Banco Sudameirs, localzado na esquina da Rua Moraes Barros esquina coma Praça da Catedral.


Você passa a imagem de uma pessoa extremamente ativa, sendo que o vigilante bancário tem uma função mais de observação e permaneçe em seu posto por várias horas. Como foi dessempenhar essa função?


Acho que as coisas acontecem por obra de Deus. Acredito que nada nessa vida é por acaso. Por indicação de uma pessoa fui trabalhar no banco. Na época o Banco Sudameris precisava de um contínuo. Me candidatei ao cargo, fiz uma prova, uns testes, fui aprovado, 15 dias depois passava de vigilante bancário para contínuo do banco. De 1983 a 1986 passei por todos os setores do banco. De contínuo a quase sub-gerente. Era o tesoureiro do banco e o caxa responsável pela movimentação da agência. Nessas coincidencias da vida passei a ter uma amizade muito estreita com Hide Maluf Júnior. Insistentemente me convidava para trabalhar com ele na sua empresa Maluf Comercial. Saí do Banco Sudameris e fui trabalhar com ele, na época a empresa funcionava na Rua Cristiano Cleophat, posteriormente mudou-se para a Avenida 31 de Março. Permaneci lá por alguns anos. Tanto no período em que trabalhei no Sudameris como no que trabalhei na empresa Maluf Comercial, eu já fazia rádio.


Como o rádio passou a fazer parte da sua vida?


Tudo começou com o Roberto Moraes em 1985 para 1986. Ele fazia reportagem de campo eu jogava no campeonato amador, como lateral esquerdo pelo Santos do Bairro Nova América. Nessa amizade toda com o Roberto, dando entrevistas em campeonato, um dia ele me perguntou se eu não queria tentar uma carreira no rádio. Disse-lhe: “- Roberto, não tenho o mínimo talento para isso”. O meu sonho era ser médico, em decorrência dos eventos ocorridos, como o falecimento do meu pai, tudo mudou. Como disse-lhe, acredito que nada acontece por acaso. O Roberto me fez essa oferta, quando a Rádio Difusora de Piracicaba tinha o seu departamento de jornalismo no sub-solo, eu fui para conhecer. De imediato ele me deu uma caneta e algumas folhas de sulfite e pediu que eu fosse até a Delegacia de Polícia tirar os boletins de ocorrências na mão. Eu trouxe um texto enorme para ele. Ele deu risada, até colheu algumas notícias. Por uns dois ou três meses permaneci fazendo isso. Roberto de Moraes era apenas radialista, ainda não tinha nenhuma participação política. O Roberto deu-me como tarefa escrever á maquina as noticias, eu “catava milho”. Fui fazer um curso de datilografia. Quando eu estava pegando a noção ele disse-me: “Agora você vai começar a gravar as notícias”. Achei que não era para mim, voltei a trabalhar em outra atividade. Nesse interim, o Luciano Júnior foi convidaddo para ser o diretor da rádio, ele me convidou para trabalhar com ele para vendas. Pelos contatos que eu tinha quando trabalhava com a Maluf Comercial, tinha os compradores de cimento, que eram as grandes lojas da cidade. Angariei uns cinco ou seis contratos para, na época ele ficou deslumbrado. Foi quando ele me convidou, me deu um programa de domingo. Chamava-se “Domingo Máximo”.Era só aos domingos, das 9:00 às 10:00 horas, depois passei das 10:00 às 12:00 horas. Ficou no ar por muito tempo esse programa “Domingo Máximo”. O formato era conversar com o ouvinte, colocar musicas no ar. Eu não me via como radialista, me via mais como vendedor. A coisa foi ganhando rumo, fui ganhando experiência, o Luciano foi me dando uns toques. Fui me aprimorando e comecei a pegar gosto pela coisa. A hora que eu vi já estava envolvido. Isso foi em 1987. A venda do cimento deu uma queda. De setembro de 1987 comecei a fincar o pé no rádio onde estou até hoje. Fiquei dois ou três anos na Rádio Alvorada, tenho eterna gratidão ao Roberto de Moraes, Luciano Júnior, Titio Luiz, que sempre me deram uma força. Antonio Sérgio Piton foi quem me incentivou de forma decisiva para que eu permanecesse no rádio. Piton ´um grande radialista, uma dos maiores narradores de futebol reside em Rio Claro. Em 1988 ou 1989 ele tinha uma rádio no Acre, denominada Rádio Alvorada do Acre. Ele veio pasar uma temporada em Rio Claro e ouvindo a Rádio Alvorada aqui, gostou da minha voz, falou com o Luciano Júnior, em uma semana eu estava em Rio Branco, no Acre. Fui para lá no finalzinho de 1989, comecei o pograma no rádio em fevereiro ou março de 1990 permanecendo até outubro de 1992 quando vim passar férias em Piracicaba. Minha passsagem de volta para Rio Branco estava marcada para dia 6 de novembro de 1992, no dia 5 minha filha faleceu. Mandei um telegrama para o Piton que ficou desolado, eu tinha a maior audiência do Acre. Era um programa tipo “pastelão”, brincando, conversando com o ouvinte, mais ou menos o que faço aqui hoje, só que com 4 horas de programa. Começava as 7:30 e terminava as 11:30.


Essas brincadeiras que você faz não ultrapassam nenhum limite?


Sempre mantenho uma linha. As vezes acho que exagero um pouco, acaba saindo uma palavrinha de duplo sentido sem ofender ningém. Eu acho qua a minha missão no rádio é transmitir alegria e fazer novas amizades. Tanto que tenho meu bordão: “Meus amores no rádio”. Acho que temos uma grande responsabilidade em transmitir a alegria para quem está do outro lado, levar a emoção, uma palavra amiga. Ser realmente o companheiro de todos os dias que a pessoa precisa. Percebo que aqui na rádio além de rádio, tenho um consultório sentimental. Muitas pessoas me ligam para desabafar, contar uma história, falar das dificuldades, fazer um pedido. São homens, mulheres, avós.


Voce já passou algum tipo de “saia justa” no rádio?


Tive pessoas depressivas, que diziam ter vontade de largar tudo e sumir pelo mundo afora. De vez em quando o que denominamos de “pingaiada” ligam dizendo: “ Tamo te ouvindo aqui, manda aquele abraço!”Mas não passa disso.


E as eternas apaixonadas pela “voz de travesseiro” do locutor?


Tem bastante! Guardo em minha casa, desde o tempo da Rádio Alvorada, cartas em que a pessoa vai colando folhas sulfites uma na outra, deve dar uns 100 metros de comprimento. Dizendo: “ Eu te amo, você é o meu melhor amigo!” “Você é o radialista que eu sempre sonhei”.


Isso não desperta ciumes doméstico?


É natural uma ponta de ciúmes. O Ari do rádio é uma coisa, o Ari fora do rádio é outra. O Ari do rádio é extrovertido, alegre, vibrante, dinâmico. O Ari fora do rádio é um ser que tem problemas, dores, muito tímido. As pessoas não acreditam, mas sou tímido.


Você fala em público, enfrenta uma platéia?


Se for necessário sim. Se tiver um microfone falo com facilidade. Sem microfne eu fico meio travado. Se eu sentir que estou tendo plena liberdade, falo com tranquilidade. As pessoas que não me conhecem fora do rádio dizem: “ Nossa Ari! Você é uma pessoa muito séria! Sisudo, não sorri.” É a minha timidez que me deixa assim. Depois que a pessoa vai ganhando a minha amizade, vai me conhecendo, ela diz que não tem nada a ver com a primeira impressão que passei. Tenho um grande amigo que esses dias me disse que tinha que me pedir desculpas. Estranhei. Então ele me disse: “- Eu achava você tão pedante, de nariz empinado. Eu tinha raiva de você.!. Com isso ele me deixou emocionado. Ele então me disse: “ Você é um cara sensacional! Gosto demais de você!”.


Atualmente você atua como profissional em quais veículos de comunicação?


Hoje tenho três programas aqui na Rádio Difusora: “Manhã Total”, “Jornalismo Verdade” onde a apresentação é minha, do Gersom Mendes ,Luiz Antonio, do Vladimir Catarino e os repórteres de rua Vanderlei Albuquerque e Haroldo Faria. Aos sábados na Radio Difusora FM tenho o programa SindFlash apresentado por mim e pelo Hugo.Liva. Tenho a minha produtora de televisão, onde produzo programas independentes, filmes independentes. Aos domingos tenho o programa “ Ponto de Vista Regional”, que é exibido aos domingos pela TV Opinião. E assessoro na medida do possível a parte política, me especilizei em marketing político. Fui aluno de Adolpho Queiroz no marketing político. E Limeira estudei Rádio e Televisão, Jornalismo fiz no Senac em Limeira.


Qual é a sua visão sobre o rádio atualmente?


O profissional de rádio está em extinção. Vemos pouquíssimos radialistas dedicados.


Você sobrevive trabalhando só em rádio?


Fica difícil! Sobrevivo de rádio e TV,


A maior dificuldade de quem trabalha em rádio é o aspecto comercial?


O rádio do interior não se aperfeiçoou como o rádio das grandes capitais. O rádio das grandes metrópoles tem um departamento comercial. O radialista não se preocupa em vender a publicidade. O interior não acompanhou essa evolução. Convivo o cotidiano com a diretoria da Rádio Difusora, busco incansavelmente vendedores para o núcleo do departamento de vendas. Nãos se acha vendedores! Não existe! Alguns permanecem por uma semana, quinze dias no máximo e vão embora. Cada cliente tem a sua necessidade, eu adequo a necessidade do cliente ao meu texto. Faço o texto que acredito que o cliente irá gostar. Para cada cliente tenho uma música, como se fosse um jingle. Quando aquela música é tocada a pessoa associa ao produto do anunciante. Com isso tenho clientes de quinze anos.


Há certos clientes que criam a espectativa de realizarem uma propaganda e obterem resultados imediatos. Qual sua visão a respeito?


Isso não existe, não somos mágicos! O cliente tem que ver propaganda como investimento e não como despesa. O nome da empresa tem que ser lembrado. Ser ouvido. A partir daí é um trabalho de formiguinha. Eu não posso garantir que em três meses ele venda uma enormidade de produtos, que é o seu desejo. Se publicidade não fosse bom as grandes empresas não investiriam de forma maciça nela. O primeiro ponto é conscientizar meu cliente de que ele precisa colocar seu nome em evidência. O segundo ponto é fazer com que meu ouvinte acredite que aquele produto irá ser satisfatório para ele.


Você algum dia se viu obrigado a fazer propaganda de um produto de qualidades duvidosas?


Não faço isso! Eu só anuncio produto em que acredito! Se eu não acreditar no produto, não anúncio. Preciso conhecer, ver sua aplicação ou benefício para estar consciente dos benefícios e anunciar.


Você recebe visitas no estúdio?


Tenho! Tem pessoas que vem tirar fotografia comigo.


Há aquelas pessoas que realizam visitas constantes, muitas vezes permanecendo o programa todo sentado ao seu lado?


Eu filtro para não atrapalhar o andamento. Quando você etá fazendo rádio tem que dar atenção àquilo que está fazendo. Consequentemente você não consegue dar atenção a pessoa que está ao seu lado. Já tive isso, é o sangue-suga, e ele quer que você fale o nome dele no ar.


O que é sucesso para você?


Sucesso é me manter no dia a dia e sustentar a família!


Quantos anos de rádio você irá completar neste mês?


No dia 22 de setembro estarei completando 25 anos de rádio.


Você faz televisão em que dias e horários?


Apresento na televisão aberta, Canal 40 UHF, aos domingos das 11:30 às 12:00 horas reprisado âs terças-feira. O programa chama-se “Ponto de Vista Regional”, onde abordo tudo, eventos, lançamentos, inaugurações, política, clip musical, bastidores de artistas. Em televisão relizar um programa com tomadas externas é muito caro. Já fiz muito isso, para promover o programa, já fiz muita entrevista onde o onus era totalmente meu, as pessoas julgam que podem aparecer sem que a estrutura envolvida seja remunerada, é a famosa auto-promoção sem respeitar o trabalho dos profissionais envolvidos. Preciso pagar meu cinegrafista, meu editor, preciso pagar a gasolina do carro. As vezes até vou buscar o entrevistado para ele vir ao estúdio no meu carro.


O seu sucesso se dá também pelo seu olhar profissional em todos os aspectos, inclusive financeiro?


Sou muito crítico, não gasto dinheiro a toa. Tenho tudo controlado, o que gasto, o que faço, (Ari tira de uma pasta um livro-caixa, onde todas as suas entradas e saídas são registradas; Anexa uma pasta com os documentos a serem pagos ou recebidos.)


Ari, essa meticulosidade financeira de quem trabalha no meio de comunicação é uma raridade!


Eu tenho medo de ficar devendo! Isso aprendi com meu pai e com a minha mãe. Você não pode perder a rédea, se perder a rédea você se perde.









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