domingo, novembro 09, 2014

AUREA PAVAN


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 08 novembro de 2014.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
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ENTREVISTADA: AUREA  PAVAN

 

Aurea Pavan nasceu a 22 de abril de 1930, no Bairro dos Godinhos, a oito quilômetros da Vila Rezende. Filha de Santo Pavan e Amélia Rossi Pavan, que tiveram mais uma filha Hermira Pavan. Ela diz: “Quando eu nasci o meu pai trabalhava na zona rural, no sítio de propriedade do meu avô. Depois ele ingressou na Escola de Agronomia, foi trabalhar como prático de laboratório, seu chefe era Dr. Jairo Ribeiro de Mattos”.

A senhora estudou no Bairro dos Godinhos?

Não. Comecei no Grupo Escolar Prudente de Moraes que funcionava onde hoje é o Museu Prudente de Moraes. Ali funcionava uma escola, onde fiz o curso primário. Minha primeira professora foi Julieta Araujo, depois no segundo ano foi Dona Bene, esposa do diretor da escola. Dona Mariana foi minha professora nos dois anos seguintes. Chamava-se Grupo Escolar Dr. Prudente, éramos chamadas de “galinhas carijós”, por causa da saia xadrezinha de branco e preto, e a blusa branca.

Quantas alunas estudavam nessa escola?

Cada classe devia ter de trinta a quarenta alunas. Era uma classe de cada série. Acredito que havia aulas no período da manhã e da tarde. Brincávamos no páteo, no fundo havia o Centro de Cooperação, ali tinha muitos livros, esses livros que as pessoas compravam e não queriam mais, eram doados. Nós líamos todos aqueles livros, quem quisesse poderia tirar, como uma biblioteca. Acredito que o Centro de Cooperação deveria ter outras atividades que no momento não me lembro.

Após concluir o primário no Grupo Escolar Prudente de Moraes a senhora foi para qual escola?

Fui estudar o ginásio no Colégio Assunção, situado na Rua D.Pedro I esquina com a Rua Alferes José Caetano. Ali funcionou o Externato São José. As alunas do Internato São José estudavam também ali, embora estivessem morando onde hoje é o Colégio Dom Bosco Assunção. Elas estudavam em salas separadas, até mesmo na hora do recreio havia a separação de alunas do Internato São José conosco. Elas não se comunicavam conosco, era regra. Ali estudei até a quarta série. Eram só classes femininas. Havia a parte masculina, mas em período diferente das meninas. Uma parte ia à tarde outra ia pela manhã. O Colégio era administrado pelas Irmãs de São José, sendo que algumas davam aulas, lembro-me de Irmã Maria Angélica, Irmã Jesus Crucificada, havia também professores que vinham dar aulas e não seguiam a carreira religiosa. Toda semana tínhamos uma instrução religiosa, reuníamos todas as classes, recebíamos orientação religiosa.

Ali o uniforme já era diferente?

A saia era pregueada, escura, azul marinho, blusa branca de manga comprida e gravata azul marinho! Sapato escolar, fechado, preto. Meias compridas ou três quartos.

A senhora morava em que local da cidade?

Morei em diversas casas, nessa época eu morava na Rua Regente Feijó, bem ao lado onde é hoje o Grupo Prudente de Moraes. Nessa época começaram a construir casas na Agronomia, para os agrônomos e funcionários mais classificados. Passei a morar lá, com meus pais.

Como a senhora fazia para ir até a escola?

Ia de bonde! Naquele tempo todo o mundo andava de bonde. Não havia carro. Quando queria um carro só com motorista de praça, o taxi de hoje, para poder ir a casamentos, festas. Os primeiros carros que apareceram na Escola de Agronomia foram do Dr. Accorsi e do Dr. Felipe Cabral. O Dr. Accorsi nunca morou lá, mas o Dr. Felipe Cabral morou lá. O Dr. Accorsi sempre nos dava carona quando estávamos esperando o bonde no ponto. Os agrônomos eram poucos, conheci todos. E todos me conheciam, meu pai era uma pessoa muito estimada na Escola de Agronomia.

Quando a senhora morou na Agronomia tinha uma visão privilegiada da natureza.

Tinha! Aqueles lagos, as pessoas iam fazer turismo, visitar.

Após concluir o ginásio no Colégio Assunção a senhora foi estudar em que escola?

Fui estudar no Instituto Sud Mennucci. Ia de bonde. Muitas vezes ia a pé, íamos a pé a todos os lugares, mesmo quando íamos a bailes, voltávamos dos bailes de madrugada, a pé, e os guardas municipais com suas bicicletas acompanhavam-nos, protegendo-nos. Éramos um grupo de moças e rapazes.

No Sud Mennucci a senhora fez a escola normal?

Quando eu entrei já tinha esse nome, Escola Normal Sud Mennucci. Quando fiz o exame para entrar na primeira série Erotides de Campos foi o professor que me examinou, fez o exame oral. Conheci o professor Jethro Vaz de Toledo, professor Arruda, que dava aulas de psicologia, para mim foram muito importantes os professores Benedito Dutra e João Dutra professores de musica e desenho. A orquestra do Professor Benedito Dutra foi maravilhosa. Na minha formatura a sua orquestra é que se apresentou, foi no Teatro São José. Eu me formei professora aos 18 anos.

Até os 18 anos a senhora tinha uma vida social em Piracicaba?

Um grande amiga era a Nely de Oliveira Camponês do Brasil, o pai dela era diretor de escola e a sua mãe era professora. Ela tinha um irmão cinco anos mais velho do que ela e uma uma irmã cinco anos mais nova, que ainda mora na mesma casa que era dos pais dela e eu frequentava, na Rua Tiradentes esquina com a Rua Rgente Feijó.

Vocês iam ao cinema?

As quinta feiras havia a Sessão das Moças, em todos os cinemas. Naquela época todos os filmes eram românticos. Todo enredo de filme tinha: sonho,romance e poesia! As famílias iam, os pais, filhos, todos gostavam.

Tinha algum ator que chamava em especial a atenção da senhora?

Dependia do desempenho. Bonito tinha o Tyrone Power. Jà era o tempo do cinema falado. O meu avô paterno, Napoleão Pavan chegou a tocar em cinema mudo. Nossa família sempre gostou de musica, meu pai tocava clarinete, meus tios tocavam bateria. Eu comecei a tocar piano, percebi que não iria dedicar minha vida inteira ao piano, se não me dedicasse não seria uma boa pianista. Vendi o piano.

A senhora é uma pessoa muito determinada?

Eu sabia o que eu não queria, o que eu queria eu não sabia, só que Deus sabia. Fui encaminhada para o lado certo e tive uma vida muito feliz.

A senhora é religiosa?

Sou católica, até hoje, pelo fato de morar na Escola de Agronomia ia muito a Igreja São Judas Tadeu, que é a mais próxima. Quando chovia, ali era tudo terra, ficava um lamaçal. Só com a administração de Luciano Guidotti que muitas ruas foram asfaltadas, inclusive ali. Eu pegava o bonde e ia até a Igreja da Catedral, mas eu gostava muito de ir até a Igreja Sagrado Coração de Jesus conhecida como Igreja dos Frades. Descia do bonde da Escola Agricola e embarcava no bonde da Paulista, ia até a Igreja dos Frades. Muitas vezes ia a pé mesmo, para nós tudo era perto. Naquela época era comum andar muito.

Como eram os bailes do Clube Coronel Barbosa?

Eu frequentava o Clube Coronel Barbosa, que era considerado o clube da elite na época. Em 1948, quando me formei, havia muitos bailes de formaturas de escolas. Depois começaram as brincadeira dançantes com musicas tocadas em discos. Íamos ao cinema na primeira sessão, mulher não podia ficar na rua após as dez horas da noite, ficava comentada. Os homens podiam ficar, as  mulheres não.

Mesmo as mulheres acompanhadas?

Só se você fosse a determinado lugar, mas ir ao cinema e ficar pela rua só era admitido na época de Natal. As famílias iam para a igreja, os filhos ficavam pelas ruas, tomando algo nos cafézinhos.

A senhora saía em turma?

Nessa época saíamos em quatro, era a Nely de Oliveira Camponês do Brasil, a Elzinha, que depois casou-se e saiu de Piracicaba, Abigail Frota Andrade, eramos colegas que estudávamos juntas no ginásio.

A senhora formou-se professora e foi lecionar?

Seis meses fiquei por aqui na Escola Honorato Faustino, que existe até hoje, na época era na vilinha da Vila Boyes. Depois fui lecionar na zona rural onde nasci, eu tinha parentes que moravam junto a escola. Naquela época não havia ônibus que ia para lá. Na zona rural ganhava-se mais ponto para poder ingressar mais rápido. Eu morava lá e voltava para casa aos finais de semana. Tinha um onibus que só servia o bairro era da família Angeli. Eles traziam o pessoal do bairro para Piracicaba pela manhã e voltavam a tarde. Quem tinha que ir para lá pela manhã não tinha condução. Eu ficava na casa dos meus tios, e a minha prima ficava na minha casa em Piracicaba. No ano seguinte peguei uma classe como substituta eu ia com os professores que pagavam o aluguel de um carro, que nos levava e trazia todos os dias. Fiquei um ano lá, no ano seguinte ingressei e fui para Rancharia. Ia até Botucatu, pegava um trem , andava horas e horas, Rancharia estava subordinada a delegacia de ensino de Presidente Prudente. Econtrava com muitos piracicabanos desde o começo até o fim da linha. Vinhamos à Piracicaba nos feriados, férias.

Em Rancharia a senhora morava onde?

Eu morava em casa de família, Lecionava 55 quilômetros distante de Rancharia. Ìamos duas vezes ao mês até Rancharia, uma para assistir a reunião e outra para receber o ordenado. Ali fazíamos amizades, naquela época professor era considerado uma autoridade, Logo que cheguei nessa vilinha, foram convidados missionários católicos para virem, ficarem durante a semana, para pregar os ensinamentos católicos. Foram convidados para almoçar e os professores também foram convidados para ficarem almoçando junto com eles, èramos considerados autoridades.

Quanto tempo a senhora permaneceu em Rancharia?

Fiquei dois anos e pouco, de lá vim para Elias Fausto, em uma estaçãozinha para frente chamada Cardeal. Lá permaneci um ano, depois vim fazer um ano de aperfeiçoamento comissionada, algo que tinha sido criado no Sud Mennucci naquele ano. Tinha cinco vagas, prestei o exame e passei.Isso foi em 1954. Em 1955 voltei para Cardeal. Em 1956 fui para Americana. No começo eu ia de ônibus,como de Piracicaba à Americana não havia estrada asfaltada naquela época no barro o onibus encalhava. Eu perdia a hora para lecionar. Fui morar na casa de uma amiga que era professora na mesma escola em que eu lecionava, meu pai tinha falecido, minha mãe abriu uma pensão para poder tocar a vida. Fiquei morando em Americana mais um ano. Depois disso eu vim trabalhar na Delegacia de Ensino em Piracicaba. Era onde atualmente é o Museu Prudente de Moraes. Ali eu estudei no primário e no mesmo local trabalhei já como funcionária da Delegacia de Ensino. As dependências ficaram quase todas tomadas pela Delegacia de Ensino. Restou um comodo ou dois para os pertences do Museu de Prudente de Moraes. Ali tinha sido a casa de Prudente de Moraes. A Delegacia de Ensino é que teve que sair, na época o Delegado era Benedito Ferreira da Costa. Por 29 anos permaneci na Delegacia de Ensino.

Nas brincadeiras dançandtes do Clube Coronel Barbosa que tipo de música era tocada?

Era na maior parte bolero. Tínhamos um bloquinho de amizades, principalmente no Clube Coronel Barbosa quem não tivesse amizades não dançava.

E a famosa “tábua” que era a recusa para dançar?

No inicio eram as mulheres que davam, depois as mulheres passaram a ser mais atrevidas e convidar os rapazes, e havia alguns que davam tábua. Formávamos grupos de amigos, às vezes uma mulher estranha vinha tirar algum rapaz para dançar ele não aceitava.

Se o rapaz excedesse na ingestão de bebida nenhuma moça queria dançar com ele?

Já havia aqueles famosos que a família até proibia a moça de dançar com ele. Eram rapazes que já tinham criado uma fama negativa.

A senhora conheceu o Teatro Santo Estevão?

Conheci e freqüentei também. Assisti a diversas peças. Era um teatro simples, mas era no centrinho da cidade. A frente do Teatro Santo Estevão ficava voltada para a catedral, o fundo ficava voltado para a Rua Prudente de Moraes.

No térreo do Edifício Luiz de Queiroz (Comurba) havia o Cine Plaza, a senhora chegou a assistir algum filme naquele cinema?

Assisti, era interessante que às vezes ouvíamos estalos de madeira, muitos diziam que eram gatos andando no andar superior.Vinha escrito no jornal que eram gatos que andavam por lá. Durante a sessão de cinema uma ou duas vezes ouvi estalos. Era um cinema luxuoso. No que o prédio caiu, eu estava trabalhando onde hoje é o Museu Prudente de Moraes. Estava com a janela aberta, naquele exato momento eu saí da minha sala, outra funcionária, Saluá Simão, irmã do Dr. Salim Simão, estava trabalhando comigo, ela viu a queda do prédio, ficou paralisada, sem palavras. Imediatamente levantou uma poeira danada, tivemos que fechar as janelas para não sermos asfixiados, eu saí na Rua Santo Antonio, vi o João Chiarini que ia passando em frente a Delegacia de Ensino. Disse-me: “- Ruiu o prédio, mas não aconteceu nada, foi caindo por partes!”.  Ele morava na Rua Santo Antonio esquina com a Rua Voluntários da Pátria. Minha amiga Janete Bassinello trabalhava no Banco da Bahia, localizado bem na esquina da Rua São José com a Praça José Bonifácio, em frente ao Clube Coronel Barbosa. Ela estava dentro do carro, ia dar partida para rodear o jardim, iria passar por lá naquela hora, ela viu o prédio cair, instintivamente deu marcha a ré, sorte que não havia ninguém atrás dela. Estávamos bem pertinho no momento em que aconteceu tudo isso. Depois fomos acompanhando pelo jornal o que estava acontecendo. Eu tinha uma costureira que ia trabalhar nas casas particulares, ela trabalhava por dia, ela tinha o pai e o irmão trabalhando no prédio nessa hora. O pai estava de um lado e o filho do outro. O pai resolveu sair para tomar um cafezinho, convidou o filho que estava no outro lado. O filho não aceitou nesse momento o prédio ruiu do lado em que estava o filho. Ele faleceu e o pai foi salvo.

Na opinião da senhora nada acontece por acaso?

Eu acredito que não. É você que plantou anteriormente. Com seu pensamento errado. Quem nos comanda é o subconsciente. Ele pode ser mudado.

Como o ser humano muda o subconsciente?

Eu mudei o meu e tento mudar tudo que vou percebendo. Faço isso através da Seicho-No-Ie.

Uma pessoa que não conheça a Seicho-No-Ie pode mudar o comportamento mental?

Pode! A pessoa pode mudar sua maneira de pensar, então ela muda também o seu destino. É uma palavra bíblica: “Seja-te feito conforme crestes”. A sua vida é como você crê. Se você acreditar que é uma pessoa infeliz, desgraçada, irá cada vez mais para o fundo do poço. A nossa função é essa, acreditar que só existe o bem. Deus é amor, você tem que agir com amor, não julgar, se você julgar também irá ser julgado. O que pensar dos outros irá voltar para você. Deus fez todo mundo a sua imagem e semelhança, perfeita. Somos todos perfeitos, só que alguns não estão se manifestando em Deus.

Da forma como a senhora diz, parece que estamos vivendo em outro país, sem os problemas que temos no nosso.

Em todos os lugares existem problemas, só que você tem que procurar enfrentar esses problemas e procurar manter sempre a mente alegre, manifestar o amor e o que é certo. Se começar a resmungar e reclamar as coisas vão para o fundo do poço.

Se em um país não existir um governo que agrade a todos como a senhora encara o fato?

Eu encaro assim: “- Cada um tem o governo que merece!”.

A senhora acredita que se a pessoa se arrepender do mal praticado Deus ajuda?

Ai elimina tudo.

Isso não cria um circulo vicioso: “- Vou fazer uma coisa ruim, depois peço perdão e fica tudo certo?”.

Pedir perdão não é arrepender-se. Pedir perdão não significa nada. Você tem que sentir mesmo que estava errado e que nunca mais irá fazer aquilo. Então você se identifica com Deus. Cada um nasce com uma missão, quando a pessoa descobre a sua ela é bem sucedida. Tem o apoio de Deus. A vida não morre, é eterna. O corpo é uma vestimenta, que você usa como o escafandrista usa para ir ao fundo do mar. Em nosso subconsciente existe toda a história da nossa vida. Somos um prolongamento da vida de Deus. Tudo que Deus tem você tem também. A vida foi feita com capacidade infinita, amor infinito, tudo que tem de bom no infinito. O homem vê muito as coisas materiais, não fica ligado com Deus pedindo à Ele. Quando você se ligar com Deus pedindo orientação, você recebe. Se você desliga e só fica olhando as tragédias, fica gravando essas coisas em seu subconsciente. Você está pensando naquilo que Deus não criou isso é ilusão. Você tem força muito mais poderosa do que qualquer dificuldade, só que você precisa saber disso! Quando começar a vir pensamentos errados use pensamentos contrários, você muda a situação. É um esforço que você tem que usar no seu dia-a-dia para que não caia. As coisas estão ai para derrubar-nos. É necessário oração. Oração é você pensar só positivamente.

Como a senhora desenvolveu essa forma de pensar?

Comecei lendo dois livros de um pastor protestante que escreveu só sobre o valor do pensamento positivo. Eu só lia. Não praticava nada. Toda noite antes de dormir abria em uma página qualquer, escolhi dois livros de cabeceira: “O Valor do Pensamento Positivo” e “O Poder do Pensamento Positivo”. Por dois anos fiz isso, abria em qualquer página e lia um trecho. Fui com duas amigas para São Paulo, um final de semana, no tempo em que não havia metrô. Andávamos em São Paulo de taxi. Minhas amigas ficaram lá e na segunda feira eu voltei. Fiquei sozinha, esperando um taxi. Passavam e não paravam. Estavam com passageiros. Mudei de lado da avenida. Não adiantou nada. Achei que iria perder o horário de embarque no ônibus. Nessa hora é que veio o pensamento da leitura desses livros. Decidi por em prática para ver se funcionava. Primeiro: Idéia Certa. Voltei ao lado da avenida em que estava anteriormente. Segundo passo: Conversar com Deus como se fosse seu melhor amigo. Para mim era Deus lá nas alturas e eu no fundo do poço. Pense, se tivesse um amigo chamado Deus, a conversa seria essa: “ Olha aqui, Deus! Você pode tudo, eu preciso de um taxi, necessito tomar o ônibus tal hora, você vai mandar um taxi para mim e ele vai parar aqui.” . Imaginei o lugar em que eu queria que ele parasse. Passo seguinte: esquecer o problema, entregar na mão de Deus e ele resolva. Não passaram dois minutos, uma senhora vinha de taxi e parou justamente ali! Onde imaginei originalmente. Quase cai de costas! Passei a aplicar essas regras no meu serviço. Os resultados foram imediatos.

domingo, novembro 02, 2014

Temple Square | Salt Lake City, Utah


The Salt Lake City Utah Temple LDS-Mormon Temple HD


Handel: Messiah, Hallelujah Chorus( Mormon Tabernacle Choir )


IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS – ALA 5


 PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 novembro de 2014.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
 

ENTREVISTADO: IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS – ALA 5


 



 


Integrante do Sumo Conselho da Estaca Pedro Cesar Gianotti e
Bispo Vanderlei de Andrade Lira
 
 

Em Piracicaba a Igreja de Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias dispõem de cinco prédios físicos. Existem ao todo oito, se considerarmos as sub-divisões determinadas administrativamente. Piracicaba é o que é denominada de Estaca, ela congrega as unidades. A Estaca tem uma presidência, primeiro e segundo conselheiro-secretário e doze homens que compõem a Estaca, o Sumo Conselho. Esses homens cuidam das unidades, supervisionam as unidades. Acima do Bispo está o Presidente de Estaca, Piracicaba tem as subunidades que a compõem em um espaço demográfico. O que sair dessa linha pertence à outra Estaca.  Para melhor compreensão, temos o Bispo, Presidente de Estaca, Presidência de Área, Quórum dos Setenta, Presidência dos Setenta, Quórum dos Doze Apóstolos, Primeira Presidência. Em entrevista concedida por autoridades e membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, cujos fiéis são conhecidos por mórmons, realizamos uma conversa descontraída, onde os princípios básicos foram expostos, no limite do tempo e espaço de que dispomos, para melhor entendimento dos que não integram essa crença. Presentes o Bispo Vanderlei de Andrade Lira, o integrante do Sumo Conselho da Estaca Pedro Cesar Gianotti, Elder Sullivan, Elder Gabriel. Os missionários recebem um nome, Elder, acompanhado do sobrenome da família. Elder é para os mórmons um sinônimo de missionário.

                                                                              
Bispo Vanderlei de Andrade Lira
 
 
Ao centro Bispo Vanderlei de Andrade Lira com seus auxiliares diretos
 
Qual é a função dos missionários?
Elder (Missionário) Gabriel responde: “- Nossa função é pregar o evangelho”. Seguimos a orientação que Cristo nos deixou em Marcos 16 : “-Ide e pregai o evangelho a toda criatura”.

 

Da esquerda para a direita: Pedro Cesar Gianotti, Elder Sullivan, Elder Gabriel e Bispo Vanderlei de Andrade Lira

 

 
Da esquerda para a direita: Elder Sullivan, Paulo Cesar Gianotti, Bispo Vanderlei de Andrade Lira e Elder Gabriel
 
 
 

Elder Gabriel, você é de Piracicaba?
 Sou de Aracruz, Espírito Santo.
Você nasceu em que dia?
Dia 26 de março de 1991.
Elder Sullivan você natural de qual localidade?
Nasci em St. George, Utah, Estados Unidos. Nasci a 26 de abril de 1996.


Da esquerda para a direita Elder Sullivan, Bispo Vanderlei de Andrade Lira, Paulo Cesar Gianotti e Elder Gabriel

 
Bispo Lira o senhor é natural de Piracicaba?
Nasci em São José de Piranhas, Paraíba, a 1 de junho de 1970, filho de José Tavares de Lira e Tereza Tavares Lira. Vim para São Paulo com 19 anos, fui morar no Parque Bristol, em um domingo fui visitar uma tia minha, ela convidou-me para ir até a igreja, foi assim que conheci a conheci a igreja com 22 anos. Em 1992 eu me batizei.

   
Elder Sullivan e Elder Gabriel


Como é esse batismo?
É como Jesus Cristo ensinou, por imersão. É realizado por uma pessoa que possua a autoridade de sacerdócio. É a mesma autoridade que Cristo possuiu quando estabeleceu seu Reino aqui na Terra. O sacerdócio hoje está entre os homens dignos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Henry B. Eyring - Primeiro Conselheiro (E.U.A.)

Thomas S. Monson - Presidente (E.U.A.)
 
Dieter F. Uchtdorf - Segundo Conselheiro (E.U.A.)
 
O senhor fez esse trabalho missionário?
Fui para a missão como eles, com 23 anos. Fiz no Rio de Janeiro, minha primeira área foi Nova Iguaçu, depois fui para Realengo, Madureira, Bangu e terminei a missão em Petrópolis. Para nós o trabalho missionário é extremamente importante. Hoje é um dia muito especial para nós, um jovem da Ala 5 deu entrada no CTM, que é o Centro de Treinamento Missionário, que fica em São Paulo. Ele está indo para a missão onde ficará por dois anos e depois retorna. É praxe que os rapazes permaneçam em missão por volta de dois anos e as moças em torno de um ano e meio.

Os alimentos são armazenados em grandes quantidades(suficiente para um ano) com técnicas especiais de armazenamento. Aqui vemos o aproveitamento de embalagem descartável.
Há um controle rigoroso de qualidade e validade

Pedro Cesar Gianotti o senhor é natural de que localidade?
Nasci em Laranjal Paulista a 31 de agosto de 1954. Sou filho de João Demétrio Gianotti e Dalila Rodrigues Gianotti. Quando conheci a igreja eu tinha 27 anos, já era casado. Ser missionário é um privilégio de jovens que tenham de 18 até 25 anos. É uma questão de prioridade, nesse momento a prioridade deles é fazer a missão, não existe nada mais importante. Eles deixam tudo, estudos, relacionamentos, dedicam-se à missão. Após os 25 anos a prioridade passa a ser casamento, constituir uma família.
Elder Sullivan há quanto tempo você está no Brasil?
Estou a cerca de cinco meses aqui no Brasil.
Você que escolheu o país ou foi determinado que viesse?
É o chamado.

                                Igreja Mormon Avenida ProfessorFranciscoMorato, 2390 - Caxingui - São Paulo

Bispo Lira explica como é esse chamado.
Tenho cerca de dez rapazes que estão sendo preparados para a missão. Tudo é feito on-line.
Essa é uma característica fantástica da igreja, que em termos de tecnologia é extremamente avançada.
Com certeza. Como Bispo o primeiro passo eu libero uma ficha, cria-se uma conta e uma senha para o jovem que irá preenchendo por conta própria. Depois que eu faço esse primeiro passo, não consigo mais mexer no chamado dele, está nas mãos dele para ele preencher. É um formulário extenso, quando ele termina de preencher, ele me encaminha, ele já não terá mais acesso ao formulário, como Bispo faço minhas considerações, avalio diversos fatores pré-estabelecidos, após minhas considerações envio para o Presidente da Estaca, ele faz as mesmas observações e mais algumas, e envia para Salt Lake, em Utah, onde é a sede da igreja. Lá vai para o Profeta, o Quórum dos Doze, que são os responsáveis para designar esses jovens para o campo missionário. Todo missionário tem seu nome e dados avaliados pelo Profeta. Hoje temos mais de 85.000 missionários no mundo pregando o evangelho. Chegando o chamado, a ficha, o quórum dos Doze se reúne e faz a designação para esses jovens. Cada jovem que é designado é feita uma oração: “Senhor, para onde mando Elder Gabriel?”. Esses homens irão sentir no coração onde estão precisando de Elder Gabriel. Eu sei que os jovens que foram designados para o campo missionário foram assim designados por vontade do Senhor, não por desejo ou escolha do Bispo. O Presidente Thomas S. Monson assina o chamado, o missionário recebe esse chamado, abre e lê: “- Caro Elder Gabriel, você foi chamado para servir na missão Brasil, Piracicaba e servirá por um período de dois anos”.
Quantos fiéis da Igreja de Jesus Cristo Dos Santos dos Últimos Dias existem no mundo?
A Igreja já ultrapassou 15 milhões de membros. Só não estamos presentes em três ou quatro países: Coréia do Norte, China e na área de Jerusalém.
Elder Sullivan, quando você recebeu o seu chamado para Piracicaba, já tinha ouvido falar nesta cidade?
Foi uma grande surpresa, não tinha sequer ouvido falar no Brasil. Não tinha a menor idéia do que iria encontrar. Procurei me informar a respeito do Brasil. Quando se recebe o chamado é dito quando será a data de saída, já no primeiro dia vamos para um lugar chamado CTM, Centro de Treinamento de Missionários. Lá fiquei por seis semanas aprendendo a língua portuguesa.
Elder Gabriel, quando você veio à Piracicaba já conhecia a cidade?
Eu só conhecia a música “Rio de Lágrimas”! Eu queria atender ao chamado, mas tinha a intenção de ir para o nordeste brasileiro. Essas coisas não acontecem por minha vontade, e sim pela vontade do Senhor, através do Profeta Thomas S. Monson, ele jejua, consulta apóstolos. Ele não toma a decisão sozinho. Para mim foi um baque, quando abri o mapa e vi a área em que ia servir, todos os nomes eram diferentes, novos para mim: Pirassununga, Piracicaba, Jaú. É uma cultura de um povo diferente, de um povo humilde, muito receptivo. Acolhem-nos, querem nos receber. Claro que na vida de missionário existem momentos difíceis.
Vocês freqüentam muito não só a área abastada da cidade como também a periferia?
O Bispo Lira responde: “Não existe classificação em função da classe social, Piracicaba é coberta integralmente por duplas de missionários. Temos os Elderes e temos as Sisteres, que são as moças que pregam o evangelho, são chamadas de Sister. Minha esposa serviu missão também.
Os missionários andam em dupla, qual é o sentido desse comportamento?
Tem vários sentidos, um deles é que nas escrituras afirma-se que um irá testificar o outro. O próprio Senhor disse: “–Ide de dois em dois pregando o meu evangelho para que um testifique para o outro.”. É uma forma de proteção, segurança, evitar calunia. Eles não podem ficar longe um do outro. Não podem ficar só com uma moça ou mulher. O principio de andar em dupla é para segurança deles mesmos.
Piracicaba recebeu os mórmons em que ano?
A gênese foi na Rua Moraes Barros, entre as Ruas Governador Pedro de Toledo e Rua Benjamin Constant, em uma casa alugada. Isso na década de 60.
Uma das características da Igreja Mórmon é que ela proporciona aos interessados o curso de inglês.
Hoje mesmo aqui é oferecido o curso de inglês, a qualquer um, a igreja é aberta à comunidade. Sem custo nenhum.  A Igreja tem uma preocupação muito importante para com a sociedade. No dia 8 de novembro das 8 às 16 horas acontecerá um programa chamado “Mãos Que Ajudam” na Rua Humberto Venturini, 620, Santa Terezinha, nessa data acontecerá palestras, oficinas de armazenamento, é um programa aberto à comunidade, a Igreja tem parceria com o Centro Paula Souza, Corpo de Bombeiros, organizações que apóiam a igreja nesse serviço “Mãos Que Ajudam”. Nesse mesmo dia já são 140.000 voluntários em mais de 160 cidades brasileiras. Nesse dia especificamente estaremos realizado gratuitamente: corte de cabelo, emissão de carteira de trabalho, aferição de pressão arterial, orientação jurídica, teste de diabetes, genealogia (pesquisa de antepassados). Palestras, a própria OAB estará lá para dar orientação jurídica às pessoas. Oficinas, técnicas de Armazenamento de Alimentos. Prevenção de acidentes, ministrado pelo Corpo de Bombeiros. “Mãos Que Ajudam” é um projeto que começou no Brasil e hoje está sendo realizado no mundo.
Com relação ao armazenamento de alimentos qual é o fundamento disso?
É muito claro. O Senhor sempre orientou seu povo a ser um povo precavido.  Um líder da igreja disse o seguinte: “- Use até acabar. Conserte. Ou viva sem”.  O principio do armazenamento é de que em dias difíceis não iremos depender de terceiros. A igreja ensina o princípio da auto-suficiência, em todos os sentidos, auto-suficiência temporal e auto-suficiência espiritual. Os membros da igreja são incentivados a trabalharem, a serem industriosos, criativos, a armazenarem seus alimentos, no Velho Testamento já havia a orientação da necessidade de armazenar alimentos para dias difíceis. Uma experiência muito grande foi quando José do Egito interpretou o sonho onde as vacas feias e magras comeram as sete vacas belas e gordas. O principio do armazenamento já vem daquele tempo. A Igreja é muito forte em termos de armazenamento.
Quantos membro a Igreja tem em Piracicaba?
São mais de dois mil membros. Percebemos que está acontecendo uma expansão. De julho do ano passado para este ano, foi criada a missão Brasil-Piracicaba. Diminuiu-se a àrea geográfica e aumentou a quantidade de missionários.
No total quantos missionários trabalham em Piracicaba?
Na missão Brasil-Piracicaba são 191 missionários, sendo que na cidade de Piracicaba são em torno de 46 missionários. Existem zonas, há uma hierarquia: Presidente, Assistente, Lider de Zona (LZ), Líder de Distrito (LD), Sênior e Junior. Gabriel é LD, Sullivan é Junior. Em Piracicaba tem um Presidente de Missão, ele preside não só os missionários que estão em Piracicaba, mas abrange esses 191 missionários. Dia 25 de novembro está para chegar mais 30 missionários. Piracicaba é o escritório, abrange cidades como: Piracicaba, São Pedro, Capivari, Botucatu, Sumaré, Limeira, Americana, São Carlos, Pirassununga, Rio Claro.
O Bispo afirma que sabe que é o Senhor que dirige o trabalho de distribuição do campo missionário.
Isso envolve uma logística, alguém que vai ver a casa onde os missionários irão morar, quem irá pagar o aluguel, qual é a mesada que irão receber para viajar, para transportes de ônibus dentro da cidade. Existe um grupo onde todos trabalham para dar esse conforto à eles.
Quantos missionários moram em uma casa?
Na Ala 5 temos quatro missionários, eles residem em uma casa.
Quem cuida dessa casa?
Eles mesmos! Fazem a faxina, cozinham, cuidam das próprias roupas. Eles almoçam na casa de membros, existe um programa local na ala que é de servir almoço aos missionários. Imagine dois jovens, deixarem suas famílias e ficarem permanentemente isolados? Eles têm um calendário onde sabem em que local irão almoçar todos os dias.
Bispo, o senhor disse que são armazenados alimentos, qual é a quantidade que cada membro tem que armazenar em casa?
É uma boa pergunta! Não existe uma quantidade pré-estabelecida. Não há uma regra ou norma. Eu, Bispo Lira, armazeno um ano de mantimentos para minha casa. A igreja estipula que você deve ter no mínimo um ano de reserva.
Quais são os produtos que vocês armazenam?
Tudo que você imaginar que possa ser armazenado. Existem técnicas que foram aprimoradas nos transcorrer dos anos. São armazenados grãos, cereais, carnes.
A carne é armazenada em geladeira?
Não! O principio do armazenamento é de não depender de algo. Para armazenar a carne na geladeira eu dependo de energia, se houver corte de energia eu fico sem a carne. Tudo que você possa imaginar a igreja tem técnicas para armazenar.
No caso de situação anormal para preparar um alimento qual é o procedimento?
Nem todos fazem da maneira que eu faço, mas em caso de emergência, tenho fogão a lenha, um dos propósitos é se houver necessidade eu utilizo.
Essa possibilidade de ter que recorrer aos alimentos armazenados, sob o ponto de vista do mórmon, está prevista nas escrituras?
As escrituras afirmam que haverá tempos difíceis. Além das escrituras, Thomas S. Monson para nós é um profeta que recebe revelações nos dias de hoje, ele pode falar que teremos dificuldades. Ele está falando: “-Pessoal, armazene!”. Ao lembrarmos-nos de Noé, lembramos também que por muito tempo ele disse: “- Vocês se preparem porque virá o dilúvio!”. As pessoas riam de Noé. O armazenamento é um procedimento que remonta muitos anos, desde suas origens. A Primeira Visão foi em 1820, do Profeta Joseph Smith, porém em 1829 a igreja foi restaurada oficialmente na Terra.
Há uma referência às placas de ouro, o que significam na verdade?
Hoje nós temos O Livro de Mormon, as placas são genealogia de povos que viveram antes aqui, foram chamados por Deus como Profetas nas Américas. Antigamente a Bíblia era escrita em pergaminhos, o Livro de Mormon foi escrito em placas de ouro, latão. Nesses registros consta a descendência das doze tribos, nós acreditamos que a tribo que está aqui é a tribo da vara de José do Egito. Lei recebeu uma ordem do senhor para que construíssem embarcações, atravessasse os oceanos e vieram aqui nas Américas. Isso há 600 anos antes de Cristo. Um fato interessante é quando Pedro Álvares Cabral chegou à Bahia, em Ilhéus, a terra já estava habitada. A mesma coisa aconteceu com Colombo na América Central. Os índios fazem parte desse povo de Lei, que era da tribo de José, aquele que tinha sido vendido ao Egito. O Livro De Mormon é um relato dos homens que saíram do Velho Mundo e vieram habitar as Américas. O relato começa com Lei, Jesus Cristo falava isso quando se reunia com os apóstolos: “- Eu tenho ovelhas que não são deste aprisco, com quem irei congregar”. Naquele momento ele estava falando que existiam povos em outra parte do mundo, que naquele momento não tinham comunicação.
A Igreja Mormon tem um banco de dados genealógico que é o mais completo do mundo, qual é o motivo?
Fica em Utah, nas Montanhas Rochosas. A genealogia cumpre uma profecia de Malaquias, no Velho Testamento, o profeta Elias viria nos últimos dias, iria fazer com que o coração dos pais voltasse aos filhos e o coração dos filhos voltasse aos pais. Se isso não acontecesse nos últimos dias a Terra seria destruída. Como o meu coração pode se voltar ao meu filho e o meu coração pode se voltar ao meu pai? Essa corrente é feita através da genealogia, para unir as gerações.
Qual é a origem dos recursos financeiros da igreja?
A igreja sobrevive da auto-suficiência. A igreja não cobra dos membros nenhuma publicação. Não cobra por cerimônias realizadas.
Vocês celebram casamentos?
Dia 13 de dezembro farei um casamento, civil com efeito religioso, e é interessante que não é de um membro da igreja, a irmã dela disse-me: “Bispo! Minha irmã vai casar e a pessoa quer cobrar quatrocentos reais pelo casamento! Será que o senhor não pode fazer o casamento?”. Disse-lhe: “ – Claro que eu posso!”.
Mesmo que a pessoa não seja mórmon pode casar na Igreja Mormon?
Pode! Com certeza! Eu mando o documento preenchido aqui e ele é lavrado no cartório.
Quanto custa um casamento em uma Igreja Mormon?
Nada!

sexta-feira, outubro 24, 2014

O resgate da locomotiva 18 da Estrada de Ferro Perus Pirapora.


Romi-Isetta em Santa Bárbara d'Oeste - 1955-1960


CYRILLO BALESTERO


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 25 outubro de 2014.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/





ENTREVISTADO: CYRILLO BALESTERO

 

Cyrillo Balestero nasceu a 9 de setembro de 1929, no Bairro Monte Alegre, filho de Miguel Balestero e Alzira Della Valle Balestero que tiveram quatro filhos: Inês, Pedro, Cyrillo e  Ernesto.

A atividade do pai do senhor qual era?

Ele trabalhava na seção de mecânica , na Usina Monte Alegre, na época de propriedade de Pedro Morganti.

O senhor estudou inicialmente em que escola?

Estudei no Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre.Lá estudei do primeiro ao quarto ano, minha primeira professora foi Da. Lavínia Tricânico, com ela estudei o primeiro ano os outros três anos tive como professora Dona Rafaelina. No Bairro Monte Alegre tinha vários núcleos de moradores, o nome do lugar em que eu morava era Córrego da Onça, era uma colônia, com umas dez casas, existe até hoje só que com o nome de Colônia Marco Ometto. Terminei o quarto ano de grupo escolar com onze anos. Naquele tempo não era como  hoje que é proibido trabalhar com essa idade. Tinha que trabalhar para conseguir comer. Os pais eram pobres. Com 11 anos fui cortar cana-de-açucar, era um ganho irrisório mas ajudava, nesse serviço trabalhei até os quatorze anos, idade em que entrei na seção de mecânica. 

A que horas começava o corte de cana?

Lá pelas sete horas da manhã, levava o almoço em uma marmita, ia sempre a pé, eu ia cortar sempre por perto, quando era muito distante o proprietário da cana levava-nos na carroça. Naquela época usava-se muito a alpargatas roda, um calçado feito de lona com solado em corda. A minha mãe costurava todas as nossas roupas, ela era costureira de mão cheia, dava aulas de costura em casa. Voltava lá pelas quatro e meia, cinco horas da tarde. Tomava um banho, na época não havia chuveiro, era banho de bacia, colocava a bacia no quarto e tomava banho lá.  A água nós íamos buscar em um tanque que ficava em frente de casa, distante uns cinqüenta metros, tinha uma lagoa, ia buscar água lá. Bebíamos aquela água só que antes era filtrada em um pote de barro. As brincadeiras de criança na época era jogar pião, jogava bola, com uma bola feita de meia. A noite ficava embaixo do poste brincando de esconde-esconde, eram brincadeiras inocentes.



 


                                                         ALPARGATAS RODA


12 MILHÕES DE PARES EM 1951 

O senhor lembra-se quantas pessoas trabalhavam na usina?

Não posso afirmar com absoluta certeza, mas ouvia dizer que era de 400 a 450 pessoas.

A Usina Monte Alegre tinha uma linha de trem própria?

O trenzinho da usina puxava cana, trazia das fazendas onde era plantada. Naquele tempo era Fazenda Santa Rita, hoje Bairro Santa Rita, Fazenda Taquaral, que é o atual Bairro Taquaral, Fazenda Varginha, onde hoje é a UNIMEP, Fazenda Santa Isabel, na estrada velha de quem vai para Tupi.  Todas essas áreas eram onde se plantava cana-de-açúcar. O transporte era feito pelo trenzinho. 

A missa era realizada na capela?

Todos os domingos havia missa às oito horas da manhã, eu fui coroinha. Batia o sino da Capela São Pedro, Alfredo Volpi já tinha pintado o interior da capela. O pároco da Igreja Bom Jesus, Monsenhor Martinho Salgot ia celebrar as missas. Quando ele não podia ir era substituído por um dos três frades que geralmente iam. A missa era em latim, o celebrante e os coroinhas ficavam de costas para o povo, olhando para o altar que ficava em frente. Como coroinha usava batina de cor cinza em dias normais e em dias de festa era usada batina vermelha, sempre com roquete branco. No dia de São Pedro, nosso patrono, tinha festa o dia todo. A tarde havia procissão.

A missa era celebrada com o celebrante e os coroinhas dando as costas para os fiéis.
 

Havia a pratica de esportes?

Cheguei a jogar no União Monte Alegre Futebol Clube, eu não era titular, tempo do Baltazar que depois jogou pelo Jabaquara e pelo Corinthians.

Qual sua função ao entrar no setor de mecânica?

Completei 14 anos dia 9 de setembro, no dia 13 de setembro entrei na mecânica com carteira de trabalho assinada. Minha função era ajudante de torneiro. Limpava o torno para o oficial, varria o chão, arrumava as peças, de vez em quando dava uma mexidinha na máquina, era um torno alemão. O torneiro com quem eu trabalhava era um senhor muito bom, chamava-se Bernardo Trevisor, mais tarde ele foi chefe da mecânica da Mausa. Ele fazia questão que eu aprendesse, com isso aprendi mesmo! Na oficina era feita a manutenção da usina. Tinha muito serviço. O chefe da oficina era  João Bottene, era um “crânio”, muito inteligente. Foi pioneiro do uso do álcool combustível no Brasil. Em 1945 nem se falava em motor a alcool, João Bottene transformou lá no Monte Alegre, três ou quatro motores da gasolina para o alcool. Do caminhão que regava as ruas, e no trilho tinha uma peruinha que inspecionava as linhas, o motor era a gasolina ele transformou para usar alcool. O João Bottene morava no Monte Alegre na época.
 

Ele que construía as locomotivas utilizadas pela usina?

Uma das que ele construiu eu trabalhei junto, na fabricação da locomotiva. No dia em que foi colocada em uso a máquina, todo pessoal da oficina ficou em frente, em cima, da locomotiva. Tenho até hoje a fotografia desse momento histórico. Era a locomotiva número 5, foi batizada de “Joaninha Morganti”. Meu irmão, mais velho do que eu, gostava muito de locomotiva, ele viu essa locomotiva em Perus, localidade próxima a São Paulo, isso foi a uns 7 ou 8 anos, ela estava puxando cimento.

Locomotiva a vapor número 5, "Joaninha Morganti", construída por João Bottene, na fotografia estão todos os funcionários da oficina em cima e em volta dela
 

Qual era a bitola dela?

A distância entre os dois trilhos era de 60 centímetros. Era movida a vapor e alimentada por lenha.

Após iniciar como ajudante na oficina, quantos anos o senhor permaneceu na Usina Monte Alegre?

Fiquei quatro anos, com 18 anos me aventurei em São Paulo. Minha irmã já morava lá. Um amigo que tinha trabalhado comigo na oficina já tinha ido para lá. Uma das vezes em que ele esteve em Monte Alegre, visitando a família, perguntou-me se eu queria ir para lá. E explicou-me como eram as coisas por lá. Ele acertou tudo para mim, fui  trabalhar na Vila Leopoldina, era na manutenção de uma tecelagem. Passei a morar na Vila Leopoldina, em um prédio em que tinha um restaurante embaixo e alugava quartos na parte superior. Quando eu vinha para Piracicaba vinha de trem pela Companhia Paulista. Após algum tempo, minha irmã e meu cunhado insistiram para ir morar com eles, tinha serviço bem próximo ao local onde eles moravam, nos Campos Elíseos, ao lado do convento Coração de Jesus, na Alameda Dino Bueno. Meu cunhado trabalhava em uma retífica que ficava embaixo do sobrado em que ele morava. Eu passei a trabalhar em outra retífica que se situava mais ou menos a uns seis quarteirões dali, era a Retífica Delgado. Naquele tempo ali havia uma estação de bondes, na Rua Vitorino Camilo.

Quais motores eram retificados na época?

Retificavam-se muito motores de automóveis Dodge, Ford, Chevrolet. Todos de carros importados. Motores de ferro fundido e pistão de alumínio. Lá também eram fabricadas algumas peças para diferencial, que eram as peças mais difíceis de serem encontradas. Era uma retífica com 50 a 60 funcionários. No Monte Alegre eu ganhava dois mil réis por hora, lá entrei ganhando seis mil réis por hora. Eu não estava acostumado a ganhar tanto dinheiro assim, cada vez que vinha para casa deixava um dinheirinho com meus pais. Passado um tempo, um irmão veio trabalhar em Piracicaba, perguntou-me por que eu não voltava agora a cidade já tinha locais que ofereciam emprego. Acabei vindo à Piracicaba. Fui trabalhar na Mecânica Irval, era uma oficina de recuperação de tratores, situava-se na Rua Alferes José Caetano, a meia quadra abaixo da Estação da Paulista. Não trabalhei ali por muito tempo, fui trabalhar na Mausa situada na Rua Santa Cruz, junto com João Bottene, o Bernardo que era o meu professor lá no Monte Alegre era o chefe da oficina na Mausa. Os proprietários da Mausa eram João Bottene e Dr. Rubens de Souza Carvalho. Quando entrei ali existia só o barracão do lado debaixo da Rua Santa Cruz, depois foi aumentando, compraram na frente, ao lado.

Piracicaba era bem menor nessa época.

As indústrias daqui aram muito limitadas, havia uma restrição de funcionários de uma empresa não ser bem aceito em outra empresa, em termo vulgar, as famosas “panelinhas”, grupos fechados. Quem trabalhava na Mausa não podia entrar no Dedini, quem trabalhava no Dedini não podia entra na Mausa. Quem trabalhava no Monte Alegre não podia trabalhar na Mausa. Tinha que trabalhar em outro lugar para depois ser aceito em uma dessas empresas. Com a expansão das indústrias isso tudo acabou.

Na Mausa em que setor o senhor trabalhava?

Trabalhava em torno mecânico. A Mausa fabricava maquinas e peças para usina de açúcar. Turbinas, filtros rotativos, João Bottene projetava tudo. Ele residia na Rua D.Pedro II a 50 metros da Mausa. Eu entrei na Mausa em 1950 e permaneci lá até 1962. Em 1955 eu me casei com Oralda Orlandim, naquela época havia o costume de quadrar o jardim, lá que nos conhecemos, casamos no dia 8 de maio de 1955, na Catedral de Santo Antônio, estava ainda em construção a catedral nova, mas já estava funcionando. O padre celebrante foi um primo da minha esposa, Padre Otales Schimidt, era de Rio Claro, pertencia a ordem dos claretianos. 

O senhor sempre foi religioso?

Sempre. Fui vicentino a partir de 1966 quando passei a trabalhar na Paróquia do Bom Jesus. O trabalho do vicentino é um trabalho no anonimato, fazemos o trabalho, as campanhas, distribui gêneros alimentícios para as famílias necessitadas. Antes de a família receber ajuda é feita uma sindicância. Trabalhávamos para elevar o nível da família necessitada, mas exigia que estivessem trabalhando. Não era para receber a cesta de alimentos e ficar em casa sem fazer nada. No inicio distribuíamos um vale íamos a um armazém, uma venda, próxima a casa da família assistida, acertava com o proprietário, o socorrido iria com o nosso vale, e ele fornecia as mercadorias até o limite daquele vale. E dava só gêneros de primeira necessidade.

Quantos socorridos eram atendidos?

Os vicentinos formam grupos, cada grupo é chamado de conferência. Na Paróquia do Bom Jesus tinha seis conferências, seis grupos de vicentinos. Cada conferência recebia o nome de um santo. A minha era a Conferência São Francisco de Sales. Chegamos a ter 11 membros, assistindo 8 famílias.

De onde surgiam os recursos para essa ação?

Colaborávamos na medida do possível. Também pedíamos. No natal fazíamos uma lista e pedíamos dinheiro mesmo para comprar uma cesta de natal para os pobres. Depois acabou essa ação de fazer lista e pedíamos os alimentos mesmo.

Quantas unidades de vicentinos havia em Piracicaba?

Até quando eu estava na ativa eram 33 conferências. Até hoje em todas as paróquias os vicentinos atuam ativamente. Ainda na Paróquia Bom Jesus fui Ministro da Eucaristia, por onze anos, o padre Reinaldo Zaniboni era o pároco. No inicio éramos onze ministros, depois passamos para quatorze.  Isso foi de 1995 até 2005.

Até 1962 o senhor trabalhou na Mausa, de lá o senhor foi trabalhar onde?

No SENAI. Prestei concurso no fim de 1961, fiz os exames teóricos e práticos em São Paulo. Chamaram-me para trabalhar em São Paulo, eu já era casado, tinha três filhos: Rosany, Miguel e Maria do Carmo. Depois que veio o André. Não aceitei ir para São Paulo, iria modificar muito a vida da minha família. Aí ofereceram para trabalhar em Santa Bárbara D`Oeste. Naquele tempo era Fundação Romi-SENAI. Os funcionários eram do SENAI e as instalações do Romi. Aceitei. Ia às segundas feiras e voltava as sexta feiras a noite. Lá eu fazia minhas refeições no Restaurante do Bacchim e morava em uma espécie de república, tinha mais uns três ou quatro funcionários que eram de Piracicaba e trabalhavam lá no SENAI de Santa Bárbara. Conheci os filhos do Comendador Emílio Romi. Isso foi de 1962 a 1965.

Foi na época em que a Romi fabricava a Romisetta?

Eu vi lá! Não cheguei a dirigir. Eu trabalhava no prédio onde até hoje é a Fundação Romi, a fábrica da Romisetta era abaixo, atrás da estação de trem. Um funcionário da Romi fazia o contato Romi-Escola, ele usava uma Romisetta.


Romisetta
 

                                                                              
                                                                               
 
 

Qual era a função do senhor no SENAI?

Fui instrutor de torneiro mecânico. Em maio de 1965 fui transferido para o SENAI de Piracicaba. O Jordão era o diretor. Conheci João Pires da Rosa, Luiz Alberto Gonçalves Rosa, Clemente Nelson. Mesmo após ter saído do SENAI dei uns cursos extras lá.

O SENAI era motivo de orgulho para os piracicabanos?

Era uma escola diferenciada. O aluno entrava para aprender a trabalhar. O curso durava um ano e meio. Tinha aulas teóricas e práticas. Naquele tempo o aluno não pagava nada. As indústrias é que mandavam os alunos para lá, ele já ia empregado.

Em média uma turma tinha quantos alunos?

Na oficina, na minha seção, tinha dez tornos cada um com um aluno.

No SENAI só havia alunos do sexo masculino?

Em Santa Bárbara D`Oeste eu vi uma aluna, no curso noturno. Ela fez um semestre comigo. Foi a única que vi até hoje. E era uma boa aluna.

Qual era a carga horária do aluno?

Entrava as sete e meia, saia as onze e meia, voltava a uma hora da tarde até as cinco horas. De manhã ficava na sala de aula, a tarde na oficina. Passava o dia inteiro na escola. No começo não havia cantina, o aluno trazia o almoço de casa, ou ia almoçar na sua casa. Depois colocaram cantina.

Quantos professores lecionavam no SENAI em Piracicaba?

Na seção de torno éramos três, na seção de ajustagem eram quatro, na seção de mecânica de auto eram dois. Depois tinha os professores que lecionavam matemática, português, ciência. desenho.

O senhor chegou a projetar diversos produtos, um deles é uma chocadeira?

A história da chocadeira é interessante. O professor Salatti um dia apareceu na escola com uma caixinha, ele sabia que eu era muito interessado no assunto. Antes de entrar no SENAI, ainda trabalhava na Mausa, conheci o instrutor do SENAI, Seu Ozias, ele morava perto de casa. Sempre tive uma queda para criação. Ele me disse: “-Cyrillo! Quer fazer uma chocadeira? Eu ensino!”. Fiz, uma até grande, cabia 220 ovos. O Salatti devia saber do caso, quando apareceu com aquela chocadeirinha me chamou. Conversamos. Fiz uma idêntica. Era para 30 ovos.

Como funciona uma chocadeira?

Os ovos são colocados em bandejas, tem que serem virados três vezes ao do dia, tem que estar com a temperatura de 38 a 39 graus, umidade controlada de 70 a 80 por cento. Para chocar um ovo é o mesmo tempo que leva a galinha, 21 dias. Eles nascem sozinhos, são colocados em uma caixinha com água e ração eles se viram sozinhos. Naquele tempo meu pai era vivo, ele fazia a caixa, eu fazia a instalação. Já fiz mais de 200 chocadeiras. Até hoje faço, mais para me distrair. Já fiz chocadeira para 480 ovos. Já levaram chocadeiras que fabriquei para o Paraná, Minas Gerais, até em Tocantins.

O senhor aposentou-se quando?

Em 1 de fevereiro de 1978, aos 49 anos. Tinha 35 anos de carteira de trabalho assinada. Meu irmão e eu abrimos uma oficina, “Retifica de Carcaças Pedrinho”, carcaças são os blocos do motor. A empresa existe até hoje, meu filho que assumiu. Trabalhei 20 anos junto com meu irmão. Trabalhávamos para as retificas Consentino, Rezende, São Cristóvão. Em 2007 eu fiz cirurgias nos joelhos, parei de trabalhar na retífica.

Qual é o segredo de estar com tão boa disposição como o senhor têm?

Não consigo ficar parado. Tenho que fazer alguma coisa. Entrei na Conferência Vicentina em 1966, parei no ano passado. Fiz parte do Conselho da Creche dos Vicentinos, na Rua D.Pedro com a Rua Visconde de Rio Branco. Fiz parte do grupo que cozinhava nas promoções. Fazíamos feijoada para 600 marmitex, puchero e de vez em quando jantares. Quando fazia bingo era galinhada. Eu fiz o cursilho em 1970, em 1978 fui trabalhar no cursilho. Em dois cursilhos eu trabalhei na sala de aula. Depois fui para a cozinha. Comecei como ajudante, lavava pratos. Depois passei para fazer o café, já estava no fogão junto com os cozinheiros. Passei para ajudante de cozinheiro, em seguida cozinheiro, fui coordenador da cozinha, fazia o cardápio, calculava quantidades, fazia as compras. Tudo na chácara da diocese no bairro Nova Suissa. Trabalhei no cursilho por 27 anos. No cursilho tinha o Hércio Cortozi e o Elpídio Roberti, formamos uma equipe e fomos trabalhar na Festa das Nações, na barraca italiana. Desde a primeira festa, que foi realizada no Lar Franciscano de Menores, e lá permaneceu até a décima segunda. Trabalhei até a décima quarta Festa das Nações. No Engenho trabalhei apenas em duas festas. Trabalhava para a Creche São Vicente de Paula e para a Creche Ada Dedini Ometto. Alguns cozinheiros da creche Ada Dedini Ometto assumiram e nós paramos. Era gostoso, cansativo, mas gostoso.

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