sexta-feira, setembro 18, 2015

ANA MARLY DE OLIVEIRA JACOBINO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 19 de setembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 


ENTREVISTADA: ANA MARLY DE OLIVEIRA JACOBINO

Ana Marly de Oliveira Jacobino nasceu em Piracicaba a 30 de novembro, casada com Durval Jacobino com quem tem o filho Guilherme de Oliveira Jacobino. Ana Marly é filha de Celso de Oliveira, natural de Santa Cruz das Palmeiras e Horocinda da Costa Oliveira nascida em Limeira que tiveram as filhas Ana Marly e Marisa. Sua avó materna é de origem italiana, e seu avô paterno de origem portuguesa. Seu avô, Caetano de Oliveira, veio como chefe do primeiro trem da Companhia Paulista que chegou a Piracicaba. Ele foi morar em uma daquelas casas da “Colônia da Companhia Paulista”, que existem até hoje. Depois construiu uma casa na Rua da Palma.  “Ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os livros de autoajuda, segundo um estudo da Universidade de Liverpool. Especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa da universidade monitoraram a atividade cerebral de 30 voluntários que leram primeiro trechos de textos clássicos de Henry Vaughan, John Donne, Elizabeth Barrett Browning e Philip Larkin e depois essas mesmas passagens traduzidas para a “linguagem coloquial”. Os resultados da pesquisa mostraram que a atividade do cérebro “acelera” quando o leitor encontra palavras incomuns ou frases com uma estrutura semântica complexa, mas não reage quando esse mesmo conteúdo se expressa com fórmulas de uso cotidiano. Os especialistas descobriram que a poesia é mais útil que os livros de autoajuda porque afeta o lado direito do cérebro, onde são armazenadas as lembranças autobiográficas, e ajuda a refletir sobre eles e entendê-los desde outra perspectiva. Os especialistas buscam agora compreender como afetaram a atividade cerebral as contínuas revisões de alguns clássicos da literatura para adaptá-los à linguagem atual, caso das obras de Charles Dickens” É o que está escrito na Agenda Cultural Piracicabana, uma das áreas de atuação de Ana Marly de Oliveira Jacobino.
                                                  Ana Marly de Oliveira Jacobino

O seu avô, Celso de Oliveira, veio com o primeiro trem da Companhia Paulista que chegou a Piracicaba?
Foi o primeiro Chefe do Trem, aquele que passava picotando, eu adorava vê-lo bater nas rodas do trem, conforme o ruído ele sabia se havia alguma fissura em alguma delas.
Qual era a profissão do seu pai?
Meu pai era torneiro mecânico, ele trabalhou na Morlet, de propriedade de um francês visionário cujo sobrenome era Morlet.
Você morava ali perto?
Moramos sempre no Bairro Alto, na Rua Riachuelo. Mas meus avós, pais do meu pai, meus tios, moraram sempre na Rua da Palma, a casa existe até hoje, fica a dois quarteirões antes de acabar a Rua da Palma. Meu primo Marcos reside lá.
Você conheceu a famosa “Bica do Morlet”?
Conheci, meu avô trabalhava no Morlet também, ele caiu naquela bica, quebrou a clavícula, ele era muito forte, não chegou a ficar três dias internado no hospital, saiu por conta própria. Meu pai trabalhava na Romi em Santa Bárbara D`Oeste, foi trazendo para cá meu avô, meus tios que também trabalharam na Romi.
O curso primário você estudou em que escola?
Fiz no SESI 164 que na época funcionava no Lar Escola Coração de Maria, depois foi transferido para o Colégio Piracicabano. Atualmente acredito que ele funcione na Paulicéia, no Jardim Esplanada. Minha diretora era a Dona Salete. Ela foi buscar-nos, minha irmã e eu, na catequese, eu tinha cinco anos, ela tinha que abrir a unidade do SESI em Piracicaba, minha mãe tinha nos ensinado a escrever e a ler. Entramos e fomos sempre as primeiras alunas da classe. Minha irmã é 11 meses mais nova, mas somos como gêmeas, minha mãe bordava nossos vestidos iguais, Dona Salete que nos levava.
Sua mãe tinha  prendas domésticas ou trabalhava em outra atividade?
Além das atividades domésticas também bordava enxovais para pessoas que levavam até a nossa casa. Ela não cobrava quase nada, era mais um lazer para ela.
No Lar Escola Maria Nossa Mãe funcionava um internato de meninas, como era a relação de vocês com elas? 
Havia um entrosamento muito bom com elas. Três vezes por semana vinha uma listinha onde levávamos pertences para fazer uma comida comunitária. Havia uma cozinheira que fazia e todas nós comíamos juntas. Não havia merenda nos moldes que temos hoje, nós levávamos a merenda. Minha mãe fazia um bornal para cada filha e as meninas que ficavam conosco sempre acabavam comendo algo. A manteiga era caseira, feita pela minha mãe. Tínhamos um quintal com galinhas. Na Rua da Palma meu avô,Caetano de Oliveira e minha avó Ana de Oliveira, criavam muitas cabras. Nós íamos a pé até a casa da minha avó, dávamos a mãozinha à minha mãe e íamos. Todo  filho que a minha tia ia ter além da parteira minha mãe fazia questão de estar junto. Lembro-me da Chácara Nazareth, dos barracões que existiam. Lembro-me do trem, da carregadeira e descarregadeira de gado, o gado era embarcado e desembarcado do trem ali. Hoje é um terreno ao lado entre a Farmácia Raya e o restaurante Frios Paulista. Lembro-me que íamos à casa do meu avô, em São Paulo, de trem. O pai da minha mãe, que trabalhou na Morlet, quando se aposentou foi morar com a filha mais nova que era casada com o Maestro Marconi Campos da Silva do Trio Marayá. Ele faleceu aqui em Piracicaba, amava o Rio Piracicaba. No período de férias escolares minha irmã e eu íamos para São Paulo, meu avô vinha nos buscar. Minha mãe fazia um bornal com lanches, lembro-me que uma vez minha mãe fez cinqüenta coxinhas, que era para todos comerem. O trem saia da estação, quando ele chegava ao pontilhão da Rua Benjamim Constant ele voltava, para engatar os vagões. Eu já estava comendo! Minha mãe dizia: Espera até chegar a Nova Odessa! Quando o trem fazia uma parada em Nova Odessa o que passavam vendendo eu comprava: biscoito, pastel, comprava! Vendiam diversas revistas, eu amava Pato Donald, Zé Carioca!
Após fazer o primário no SESI, o ensino fundamental e o médio, nós fizemos no Colégio Industrial Fernando Febeliano da Costa. Tínhamos passado nos exames de admissão do Colégio Jorge Coury e no Instituto de Educação Sud Mennucci. Mas preferimos fazer no Industrial porque tinha aulas de costura, culinária, passávamos o dia todo na escola, era uma delícia. No ginásio o horário de entrada era às sete horas da manhã e saia à uma hora da tarde. No Colégio Técnico, fizemos eletrotécnica, saiamos cinco horas da tarde. Após concluir o colégio fui fazer Engenharia Civil na Escola de Engenharia de Piracicaba. Não conclui o curso, meu pai teve um problema sério de saúde, tive que parar, fui trabalhar na Philips. Tive que fazer magistério no Sud Mennucci. Depois fiz Pedagogia na Unisal, em Americana, fui fazer a Faculdade de Letras, fiz especialização na Unicamp, vim terminar na Unimep. Sou especialista em Letras, Literatura, Texto e Ensino. Lecionei no Dom Bosco, Dom Bosco Assunção, Anglo, Anglo-Cerquilho, Atlântico, Colégio Evolução, Colégio Santa Clara em Rio das Pedras. Fiz o curso de especialista em Filosofia e Teologia, História da Arte na Unicamp.
Você aposentou-se em que ano?
Aposentei-me em 2005.
O que é Sarau Literário e como se iniciou?
Quando eu lecionava literatura no ensino médio, encontrava muita dificuldade. Eu os levava ao teatro, tirava da sala de aula à noite. Passei por muitas dificuldades, principalmente com os alunos. Eu lia muito sobre os saraus.
                               Cai sereno cai_ Elpidio dos Santos

                   Hino Ao Amor (Hymne À L'amour) - Edith Piaf e Marguerite Monnot



De mais ninguém- Arnaldo Antunes/Marisa Monte com arranjo de C.A. Wuensche


Dança Oriental


                                         Flor Amorosa _ Catulo da Paixão Cearense


Qual é o significado da palavra sarau?
No século XIX era feito em uma casa, alguém tocava, e os escritores da época faziam leituras, declamavam, dançavam, mostravam sua arte. Mais eram declamações e cantos. Era um encontro intelectualizado, na época da escravidão. O Sarau Piracicabano começou em 2004, embora a idéia já tenha se iniciado em sala de aula por volta de 1997, 1998 quando eu lecionava literatura. Aquela idéia de levar os alunos ao teatro continha muitos riscos. Passei a levar bolos, salgados, consegui de certa forma atraí-los pelo estomago. Descobri uma aluna que tocava piano, outra que gostava de escrever. Outra tocava violão.



                                       Dança do Ventre





                                             Dança da espada com Isadora Neves




                       Se Todos Fossem Iguais A Você _ Tom Jobim

          Apresentação da professora de dança, dançarina, coreógrafa Josiany Longatto


                                 Poeira da Idade - João Nogueira



                                            O Baile da Saudade _ Francisco Petrônio


De onde você tirou essa idéia?
Das leituras que fiz. Nunca tinha visto ninguém fazer isso. Agora tem sarau em todo quanto é lado. Eu acho ótimo. Tem o Sarau das Rosas, que dizem que sempre existiu, eu nunca fui, nem sabia que existia. Acontece em São Paulo na Casa das Rosas. Em 1928 o escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo já era tido como o mais famoso e reputado da área na América Latina. Projetou e executou a construção de diversos prédios de importância histórica hoje, tais como a Pinacoteca do Estado, o Teatro Municipal, o Prédio da Light e o Mercado Público de São Paulo. Projetou também a Casa das Rosas, uma mansão em estilo clássico francês com trinta cômodos, edícula, jardins, quadras e pomar na Avenida Paulista, local que reunia a maioria dos milionários barões do café. A mansão foi concluída em 1935. Lá, os herdeiros de Ramos de Azevedo viveram até meados dos anos 1980. Essa é a famosa Casa das Rosas, em plena Avenida Paulista. Hoje tombada pelo Patrimônio Histórico.


            Segue o Teu Destino- Ricardo Reis (Fernando Pessoa)- Sueli Costa



            Romaria - Renato Teixeira Orquestra de Viola Caipira "As Piracicabanas" 


                                             Ave Maria Erotides de Campos


                                      Dança Folclorica- said moderno com bastão


Na verdade todo mundo tem alguma qualidade para mostrar, o que falta é incentivo. De certa forma você conseguiu quebrar essa barreira?
Agora após o Sarau reunimos os voluntários em algum lugar, vai quem quiser ir, cada um arca com suas despesas. Em Poços de Caldas já é o décimo segundo Sarau que vamos fazer juntos. Providencio a van que nos leva, faço a reserva do hotel.
Vão homens e mulheres?
Vão alguns homens, mas a maioria são as mulheres.
O homem sofre algum tipo de preconceito?
Acho que o homem age muito pela razão, é um elemento difícil.  Vejo isso pelo meu marido, é muito racional. Ele me ajuda, filma. Mas ele nem pensa em apresentar algum trabalho. Há uma barreira imposta pelo próprio homem. Eu deixo abertas as possibilidades. Vem um senhor de Tanquinho, ele declama na linguagem popular. A forma de expressão pode não estar na linguagem culta. A mensagem é que pode ser muito valiosa. Existe em alguns eventos, promovidos por outras instituições, as restrições à linguagem popular. Embora não seja psicanalista, fui estudar psicanálise. A Heloisa Guerrine tinha uma filha que trabalhava no Café das Artes na Rua do Porto. Éramos poucos, 9, 10. Começou a aumentar o numero de pessoas, já não cabia mais lá. Fizemos em vários restaurantes, lanchonetes, mas não deu muito certo. Há uma dispersão de atenção. Fizemos até em um prédio de uma amiga. No fim fomos para a livraria Nobel. Ficamos um ano na Nobel. Começou a aparecer tanta gente.  Famílias passaram a freqüentar o Sarau. Meninos do bairro Novo Horizonte começaram a freqüentar.


                                         É com esse que eu vou_ Pedro Caetano




                                                         Samba de Lenço

                            Piracicaba de Newton de Almeida Mello

Hoje quantas pessoas frequentam o Sarau Literário?
No último tinha 100 pessoas. Já tivemos a presença de 140 pessoas, no auditório do Museu Prudente de Moraes. O Sarau de Poços de Caldas nós dividimos em dois tempos: o religioso e o profano. No primeiro tempo são apresentados os trabalhos. Na segunda etapa temos a confraternização que envolve uma quase festa de casamento, tamanha a fartura de alimentos finamente elaborados. Primeiro fazemos a apresentação do sarau em si, com música, dança, declamação. O profano é quando passamos a parte de gastronomia. Não dá certo sarau com gastronomia simultaneamente. 


                             De papo pro ar (Joubert de Carvalho/Olegário Mariano)


                                    Tocando em frente (Almir Sater / Renato Teixeira)

                                 Concertino sobre um tema espanhol_ Ernest Mahle



                                        Aos Pés Da Cruz- Marino Pinto / Zé da Zilda


                Só danço samba – Tom Jobim e Vinícius de Moraes com a cantora                                                                                   Thereza Ales Herler

                              Pupurri Ernest Mahle Orquestra de Câmara Piracicabana



                             Hi-Lili, Hi Lo - Leslie Caron


Não sabia que havia essa denominação de religioso e profano.
Essa é uma denominação que eu coloquei!
 Já fizemos Sarau em Rio das Pedras, por dois anos. Só não conseguimos mais local, tivemos que deixar de realizá-los. No Sarau de Rio das Pedras, quem era artista podia levar até seus quadros. Em Rio das Pedras fizemos exposições lindas.
O que é CLIP? E GOLP?
O GOLP – Gruo Oficina Literária de Piracicaba é só de textos, crônicas e contos. O CLIP – Centro Literário de Piracicaba já envolve poesia.
Vemos que há uma profusão enorme dos chamados “Bailes Funk”, principalmente nos grandes centros, como você vê essas manifestações?
Penso que também é uma forma de expressão, que vem da raiz da pessoa. As batidas rítmicas. A meu ver é uma volta ao primitivo, não necessariamente ao primitivo original. Se for fazer uma análise só da parte musical, das danças a visão é essa.
Você já fez um paralelo entre as manifestações indígenas e esses bailes funk?
Eu acredito que são manifestações coletivas que expressam o sentimento do grupo.
Grande parte das drogas alucinógenas utilizadas pelos indígenas é proveniente de plantas. Tem o significado religioso. Seu uso é basicamente ritual ou de cura. Não são drogas pesadas.
Você participou dos famosos festivais da TV Record, ainda no Teatro Record, na Avenida da Consolação?
Não participei de todos, mas participei. Eu ia no “Circo do Arrelia”. Minha tia nos levava, minha irmã e eu. O meu tio cantava. Quando o Caetano Veloso passou a cantar com aquelas roupas diferente, a Rita Lee foi cantar vestida de noiva, era algo assustador, ninguém esperava. Foram buscar as músicas de Carmem Miranda, com todas as frutas, a Tropicália. Foi uma cisão que eles fizeram. Meu tio conta que o Caetano Veloso precisou emprestar um paletó, senão não poderia cantar. Quando o sucesso chegou, eles já se apresentavam como queriam. O interessante é que esse pessoal ia até a casa dos meus tios. Lembro-me de Vinicius de Moraes na sala, eu não sabia que era Vinicius. Na época minha irmã e eu éramos muito pequenas. Jair Rodrigues freqüentava a casa deles.
O Sarau Piracicabano existe há quanto tempo?
 São 11 anos, é realizado mensalmente, na terceira terça-feira de cada mês. Temos o blog Agenda Cultural Piracicabana e lá está o Sarau Literário Piracicabano. As apresentações do Sarau este ano estão ocorrendo na ESALQ


Trio Marayá._ A época de ouro!

       O trio foi formado em 1954, contando com Behring Leiros no tantã, Marconi Campos no violão e Hilton Acioli no afoché. Inicialmente adotaram o nome de Marajá e apresentaram-se no programa da Sociedade Artística Estudantil, na Rádio Poti. Em 1956, durante a realização de um congresso da União Nacional dos Estudantes, UNE, em Natal, foram convidados a ir ao Rio de Janeiro, onde alguns estudantes pretendiam criar um programa nos moldes do SAE. Pouco antes de viajar para o Rio de Janeiro, adotaram, por sugestão do professor e folclorista Luís da Câmara Cascudo, o nome de Trio Marayá.

          No Rio de Janeiro, os jovens vocalistas conseguiram participar de diversos programas na Rádio Nacional, entre os quais, “Grande Show Brahma”, “César de Alencar” e “Paulo Gracindo”. Atuaram ainda em diversas casas noturnas, sendo contratados com exclusividade para se apresentar no Restaurante “Cabeça Chata”, de propriedade do conhecido cantor de emboladas Manezinho Araújo. Pouco depois, passaram a atuar na Rádio e na TV Tupi. Por essa época, foram convidados pelo cantor e compositor Luiz Vieira, que assistiu à participação do Trio Marayá na gravação de um disco de um cantor cearense na gravadora Copacabana, acabando por convidá-os a se apresentarem em seu programa de rádio em São Paulo. No programa de Luiz Vieira na Rádio Record, interpretaram o corridinho “Maria Fulô”, de Luiz Vieira e João do Vale, e posteriormente gravado em LP pelo trio. Aprovados em teste, foram contratados pela Rádio e TV Record.  Na Rádio Record, passaram a apresentar o programa semanal “Música e poesia com o Trio Marayá”, produzido por Luiz Vieira, além de participar de outros programas da emissora.

         Em 1966, obtiveram destaque no II Festival de Música Popular Brasileira apresentado na TV Record em São Paulo. Defenderam, juntamente com Jair Rodrigues, a composição "Disparada", de Geraldo Vandré e Teo, e que, com arranjos de Hilton Acioli, tirou o primeiro lugar. Nos festivais internacionais apresentaram-se com Nat King Cole, Sammy Davis Jr., Ella Fitzgerald, Rita Pavone, Sérgio Endrigo e Catherine Valente. Em 1968, retornaram à Europa, defendendo o Brasil no Festival Internacional de Música da Bulgária, realizado na cidade de Sófia, onde o trio recebeu Medalha de Ouro", tirando o 1º lugar com a composição "Che", de Marconi Campos da Silva e Geraldo Vandré.

        Em 1981 o maestro Marconi colocou os arranjos em várias músicas de Luis Gonzaga e ao ouvir Asa Branca, ele perguntou ao Marconi:
_Ô, meu filho, a sua mãe sabe que você faz essas coisas?
Então, o maestro Marconi respondeu:
_ Sabe sim, seu Lua.
_ Que bom! Finalmente as minhas musicas vão tocas nas FMs.

        O Trio (Marayá) que há mais tempo cantava junto no Brasil acabou com a morte do Maestro Marconi em 24 de Julho de 2003, no lugar que ele escolheu para viver as suas horas de lazer, pescando no seu rio que tanto amava na cidade de Piracicaba.
                                                                                   

Quer ouvir a voz afinada do Trio Marayà?Clique nos endereços abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=EGyb11knYYo&NR=1      Aroeira: Trio Marayá e Geraldo Vandré

Ana Marly de Oliveira Jacobino




                 TRIO MARAYÁ - PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES  


                                                         TRIO MARAYÁ - MARIA FILÓ

 

Behring de Campos Leiros (tantã) - Y Sobral, CE, 31/5/1935
Marconi Campos da Silva (violão) - Y Natal, RN, 18/7/1937
Hilton Acioli (afoxé) - Y Nísia Floresta, RN, 4/10/1939

Trio Vocal e Instrumental

Acervo: 23 GRAVAÇÕES

Código - Título da música - (Autores) - Intérprete - Ano da gravação/lançamento - Gênero

TMy001 Amor verdadeiro (Luiz Bandeira e Sivuca) Trio Marayá 1956 Baião
TMy002 Bamboleio de iaiá [J. Oliveira (Rubi)] Trio Marayá 1957 Samba
TMy003 Choveu no Ceará (Catulo da Paula) Trio Marayá 1957 Baião
TMy004 Descansa coração (Arquimedes Messina) Trio Marayá 1961 Bolero
TMy005 Gauchinha bem querer (Tito Madi) Trio Marayá 1957 Samba-canção
TMy020 Lembranças de Ipacaraí (Recuerdos de Ipacaraí) (Zulema de Mirkin, Demetrio Ortiz e Juraci Rago) Trio Marayá 1959 Guarânia
TMy021 Meu primeiro amor (Lejania) (Hermínio Gimenez, José Fortuna e Pinheirinho Jr.) Trio Marayá 1959 Guarânia
TMy006 Meu tio (Mon oncle) (Barcellini, Contet, J. C. Carriere e Fred Jorge) Trio Marayá 1959 Foxtrote  Meu tio com Trio Marayá (AO CHIADO BRASILEIRO) YouTube
TMy007 Mi dicha lejana (Porquê deixarei de amar-te) (E. Ayala Bâez e Júlio Nagib) Trio Marayá - Guarânia
TMy008 Nena Nenita (Joaquim Prieto e Juvenal Fernandes) Trio Marayá 1962 Balada
TMy009 O matador (El matador) (Jane Bowers, Irving Burguess e Fred Jorge) Trio Marayá 1960 Canção
TMy010 O rei do samba (Hervê Cordovil e Vicente Leporace) Trio Marayá 1958 Samba
AiR02 O vapor de cachoeira (David Nasser e Clemente Neto) Airton Rocha e Trio Marayá 1956 Baião
TMy011 Onde estará minha vida (Donde estará mi vida) (Segovia, F. Naranjo, I. Roman e Fred Jorge) Trio Marayá 1959 Bolero
TMy012 Patrícia (Damazo Perez Prado e A. Bourget) Trio Marayá 1958 Bolero
TMy013 Pede (Pide) (A. Alguero, A. Guijarro e Teixeira Filho) Trio Marayá 1962 Bolero
TMy014 Por pecadora (Leopoldo Diaz Velez) Trio Marayá 1960 Bolero
TMy015 Prova de carinho (Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil) Trio Marayá 1960 Samba
TMy016 Pé do lajêro (João do Vale, José Cândido e Paulo Bangú) Trio Marayá 1956 Rojão
TMy017 Quero beijar-te as mãos (Arcênio de Carvalho e Lourival Faissal) Trio Marayá 1959 Guarânia
TMy018 Sambinha quadrado (Marcone Campos da Silva e Hilton Acioli) Trio Marayá 1961 Sambinha
TMy022 Tijuca (Victor Simon) Trio Marayá 1961 Samba
TMy019 Um telegrama (Un telegrama) (Hnos. Gracia Segura e Nadir Perez) Trio Marayá 1960 Foxtrote

 

sexta-feira, setembro 11, 2015

MARIA BARBOSA MELLEGA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS 

JOÃO UMBERTO NASSIF 

Jornalista e Radialista 

joaonassif@gmail.com 

Sábado 12 de setembro de 2015.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana 

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 



ENTREVISTADA: MARIA BARBOSA MELLEGA


Maria Barbosa Mellega nasceu a 13 de dezembro de 1937 em uma fazenda próxima a Artemis, quando tinha dois anos a sua família mudou-se para Piracicaba. É filha de José Barbosa Galvão e Rosalina Clemente Barbosa que tiveram seis filhos: Lázaro, Pedro, Benedito, Antonio, Maria e Manoel Luiz. Seu pai trabalhava na Fazenda São Pedro, quando se mudou para Piracicaba passou a ser empreiteiro com uma turma que realizava serviços na agricultura. Maria Barbosa Mellega, a Dona Maria da Biblioteca do Colégio, quando tinha 12 anos ajudava a sua tia que tinha uma cantina no Colégio Piracicabano. Torrava café, buscava doces, carregava gelo em uma bolsa de pano que pingava pelo caminho. A cantina ficava perto do muro que separava as áreas femininas e masculinas. Haviam janelas separadas para servir aos meninos e as meninas. Antonio Mellega nasceu a 28 de maio de 1932, em Rio das Pedras, filho de Luiz Mellega e Teresa Perboni. Realizou seus estudos em Piracicaba no Instituto Cultural do Trabalho, curso de Sindicalismo e Cooperativismo nos Estados Unidos. Realizou viagens referentes ao sindicalismo ao México e Canadá.
Em que escola a senhora iniciou seus estudos?
Estudei na escola que ficava ao lado da Igreja dos Frades, o prédio existe até hoje.
Em que bairro a família veio morar?
No bairro da Paulista, na Avenida Madre Maria Teodora, dois quarteirões abaixo da Praça Takaki, na época era conhecido como Morro do Enxofre, chão de terra onde passava boiada, caminhão carregado com cana-de-açúcar. Em frente à Igreja dos Frades, onde hoje é um jardim eram realizadas as quermesses. Nos fundos havia um salão de festas, após celebrar o casamento na igreja iam comemorar no salão. Havia o trem da Companhia Paulista, todo o domingo ia esperar a chegada do trem. Durante a semana não dava para ir. Minhas amigas e eu íamos esperar o trem do meio dia. Nos arrumávamos para irmos. Eu tinha 11 anos. Tinha um mocinho que vendia revistas no trem, nós íamos só para vê-lo chegar, nem conversávamos com ele. Ele chamava-se Ariovaldo. Dali a pouco todos iam embora, o trem fazia a manobra para voltar. Era trem a vapor. Em frente a estação havia a sorveteria do Amstalden, nas imediações morava a dupla de cantores Cachoeira e Diamante. Fui fazer o curso preparatório para ingressar no ginásio. Só que na época ocorreu uma crise financeira. Tive que ir trabalhar.  

Em que lugar a senhora foi trabalhar?
Fui trabalhar na Sapataria Santo André, de propriedade de João (Joanin) Fustaino, situada na Rua Joaquim André, na época eu tinha por volta de 14 anos. Em frente havia uma casa muito bonita, de propriedade de Agostinho Scalise, fazendeiro. Tinha uma escada majestosa, uns desenhos alusivos a gado. Na outra esquina era o Perina, acredito que trabalhava com material elétrico. A Regina Perina é filha do proprietário na época. Permaneci na loja de calçados Santo André por volta de um ano e meio, Quando casei, eles foram meus padrinhos.
Com quantos anos a senhora casou-se?
Tinha dezesseis anos quando casei-me com Antonio Mellega. Ele tinha trabalhado com o Giovanni (Joanne) Ferrazzo na Fábrica de “Vassouras Canta Galo”. Depois ele trabalhou na Vila Rezende, com o Gianetti na “Fábrica de Vassouras Elefante”. Até que depois ele abriu a própria fábrica, chamava-se “Nossa Senhora Auxiliadora” ficava onde naquele tempo era camada de Bimboca, na Rua Manoel Conceição, entre a Travessa Luis de Bragança e Avenida Lourenço Ducatti. Moramos muito tempo na Rua Dona Santina. Dona Santina era tia do meu marido. O meu sogro, Luiz Mellega, que tem seu nome em uma das ruas do bairro, tinha um bar na esquina da Rua Dona Santina com a Rua Dr.Eulálio, antes o bar era do Osvaldão, depois meu sogro comprou. Ali em volta era brejo, meu sogro é que tomava conta. Quando eu fui para lá, só tinha o Hospital dos Fornecedores de Cana, era pequeno, do lado do hospital havia uma cerca de arame, dessas que se estica e prende-se em um arame no mourão, muito comum em áreas rurais. Do outro lado só tinha o Mário da Baronesa (Mario Areas Witier), minha tio, tio, primos, por parte do meu marido eram funcionários do Mario. Nós íamos muito lá. Conheci o Mario, a sua esposa Da. Mercedes, lembro-me da Da. Vitalina, que era cozinheira. O Mario teve os filhos, Ana, Nice, Marinho e outra filha, se não me engano Luisa. Nesse tempo eu já era casada.
A senhora casou-se em que igreja?
Casei-me na Catedral de Santo Antonio no dia 15 de maio de 1954.

          (09-06-2013) Ernst Mahle - Catedral de Piracicaba

Como foi o namoro da senhora e o seu marido?
Naquela época existia muita rixa de um bairro com outro bairro. Eu morava na Paulista e ele na Vila Rezende. Cada vez que ele ia namorar passava um aperto, o pessoal esperava ele descer do bonde. Do ponto de bonde onde ele descia até a minha casa tinha bastante bar, meu irmão às vezes esperava ele descer do bonde para acompanhá-lo até a nossa casa. . Depois ele começou a ir de carro com os famosos “biribas” (automóveis Mercedes-Benz, diesel, que eram utilizados por taxistas). O problema era na hora dele voltar, os pontos de biribas não tinham telefone. Namoramos só nove meses. Em casa eram cinco homens, só eu de mulher. Meu marido disse: “-Vamos casar, está muito difícil!”.
Ele continuou com a fábrica?
Ele parou com a fábrica de vassouras e interessou-se pela vida sindicalista, isso foi em 1964. Fez curso, foi para os Estados Unidos onde fez diversos cursos inclusive de cooperativismo. Nos Estados Unidos ele permaneceu três meses. Quando voltou dedicou-se ao sindicalismo, pertencia ao CNTI- Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria de Brasília. E atuou no setor religioso.
                                ANTONIO MELLEGA HOMENAGEADO "EM QUEM É QUEM"


                                                          ANTONIO MELLEGA
Ele representava o sindicato de qual categoria?
O sindicato do papel, hoje denominado Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Papel, Papelão e Cortiça,cujo presidente hoje é Francisco Pinto Filho, o Chico. Meu marido que fundou o sindicato. Ele fundava sindicatos. Em Campinas, Santa Bárbara   D `Oeste, Capivari, Piracicaba, Americana. Meu marido trabalhou com o Lula, com a Dilma, com o Fernando Henrique, Ruth Cardoso, isso foi em 1964. Ele ficava mais em São Paulo do que em Piracicaba. Foi um período em que meu marido passou por muito aperto devido a situação política daquele momento. E eu sofria muito com isso tudo. Ele trabalhava em um sindicato em Americana, tinha que descer do ônibus um ponto antes ou um ponto depois. No ponto correto em que ele deveria descer tinha alguém esperando.  Ele fundou também o Sindicato dos Motoristas de Ônibus em Americana.
Ao fundar um sindicato o objetivo era oferecer as melhores condições ao trabalhador agindo sempre com lisura. Meu marido, Toninho, conheceu o deputado Rubens Paiva,

Quantos filhos vocês tiveram?
Tivemos seis filhos: Rosani, Antonio Celso, Marli Terezinha, Elide Regina, Eliana Cristina e Andrea Cristiani.
Ele atuou até aposentar-se no Sindicato em Americana?
Ele ia trabalhar de ônibus. No final, quase aposentando conseguiu adquirir um carro. Mas vida inteira ia de ônibus, levava marmita, o objetivo dele era defender o trabalhador. Lá ele atuava no Sindicato dos Empregados em Empresas de Ônibus. Tinha muitas reivindicações junto a AVA – Auto Viação Americana e a Auto Viação Ouro Verde.
Com seis filhos a senhora não tinha outra atividade a não ser cuidar das crianças?
Eu ainda costurava, de madrugada às vezes, levantava da máquina não agüentava nem andar. Cortava, costurava roupas femininas. A nossa família é grande, sempre costurei para eles. Além dos filhos tinha meu marido, meu pai e minha mãe em casa. Por duas vezes fiz a matricula para estudar inglês, não consegui, não tinha tempo para estudar.

Como a senhora foi trabalhar na biblioteca do Instituto Piracicabano?
Fiquei sabendo que estavam ampliando a escola e contratando funcionários, em minha carteira consta como início 1º de Maio de 1977 como meu primeiro dia de trabalho. Fui, passei pelo teste com Levi Cachioni, fiz uma entrevista com a Marisete, no dia seguinte comecei a trabalhar na secretaria. Após dois anos fui para o Campus Taquaral, trabalhava das 14:00 ás 18:00 horas e das 19:00 ás 22:30 horas. Eu mudei na Rua do Rosário esquina com a Rua XV de Novembro, a dois quarteirões do Colégio. Pedi para ser transferida para o Campus Centro. Aposentei-me em 1997, mas continuei trabalhando até 2004. Eu trabalhava na biblioteca. Sempre tive amor pelos livros. Se eu fechar os olhos lembro-me perfeitamente das seções principais onde se encontravam os livros respectivos aos assuntos. Tínhamos na biblioteca do Campus Centro em torno de 13.000 livros. A medida que os cursos foram sendo transferidos para o Campus Taquaral os respectivos livros iam sendo levados. Calculo que devem existir mais de 30.000 livros na biblioteca do Campus Taquaral. Sem contar o Campus de Santa Bárbara D`Oeste e o Campus de Lins. A biblioteca que pertenceu ao folclorista João Chiarini inicialmente foi para um depósito para ser cadastrada. Nesse mesmo deposito tinha muitos livros bem antigos. O pátio do prédio na Rua Boa Morte, a noite tinha que andar de lado de tanta gente. Depois que inauguraram Taquaral, Santa Bárbara.
                                          LANÇAMENTO DO COMPLEXO TAQUARAL
A senhora leu muito?
Li e leio bastante. Comecei lendo filosofia. Adorei. Conforme ia chegando os livros, ia lendo. Tive a oportunidade de fazer muitos cursos que eram oferecidos pela universidade, todos voltados para o trabalho com os livros, inclusive Marketing Bibliotecário, Psicologia, com isso ia me aprofundando cada vez mais.
A qual a leitura que a senhora está se dedicando mais agora?
Estou lendo muito sobre religião por estar fazendo um curso a respeito. Sou católica, catequista e agora vou iniciar aulas de catequese para adultos. Há muitas pessoas que sequer são batizadas! Apesar de não ter podido estudar formalmente a vida foi uma escola que me ensinou.
Até hoje a senhora gosta de ler?
Gosto muito! Leio de tudo! Depois separo o joio do trigo.
Há muita técnica envolvida na manutenção de livros?
São necessárias uma série de procedimentos. Cada livro exige um tipo de cuidado em sua manutenção. Quando há traça tem ser passado o veneno próprio. O ideal é a dedetização. Na prateleira não se põe ela inteira cheia de livros, uma vez por semana, a cada quinze dias, você pega o livro e limpa, muda de lugar na estante. Vai limpando o lugar e o livro. Isso evita que a traça venha. Os livros muito antigos são mais delicados. Temos lá na biblioteca uma bíblia do século XIX. Ela fica quebradiça, é mandada para especialistas arrumarem, dá para ler, não fica muito bonito, mas recupera.
A senhora usa internet?
Uso! Acho que o livro digital não vai substituir o livro em papel. Hoje temos inúmeras obras na internet.
Por que dizem que o brasileiro não lê?
Há o fator custo, mas também não há interesse em ler. O pouco que lêem é em sua maioria leitura de consumo.
Qual é a melhor forma de incentivar a leitura?
Se o custo do livro for menor já ajuda muito. Na escola eles pegavam muitos livros na biblioteca. Às vezes a criança ainda não sabia ler, mas a mãe lia para eles. Os pais são responsáveis em incentivar a leitura. Pelo fato de que eu gosto de leitura, todos os meus filhos gostam de ler. A família deve motivar, com o passar do tempo a própria criança irá mostrar sua vocação para leitura.
Sob o ponto de vista da senhora qual é a importância do livro para a humanidade?
É uma estrada interminável. Uma casa sem livros é uma casa meio morta.
O Estado deveria ter uma política voltada para incentivar a leitura?

Acho sim. Lembro-me que em Piracicaba chegaram a fazer um ônibus que estacionava em determinados pontos e oferecia livros emprestados. (Atualmente no Parque da Rua do Porto, aos domingos pela manhã, são colocados livros para doação, assim como os jornais do dia para leitura no local). Eu tenho uma passagem bastante curiosa que aconteceu comigo e com o meu neto Ricardo, ele morava com a minha filha e sua família em São Paulo. Ele telefonou-me dizendo que não ia para a escola porque não sabia fazer a lição. Disse-lhe que pegasse o caderno, eu ia ditar e ele iria escrever. Disse que após escrever deveria ler umas dez vezes, porque se a professora perguntar ele saberia o que tinha escrito. Fui ditando, ele foi escrevendo. No outro dia ele foi para a escola. Na volta a mãe perguntou-lhe como tinha ido, ele disse que ia telefonar para a avó. Ele ligou todo eufórico dizendo: “- Vó! Tomamos dez!”. Hoje ele é adulto, tem um conhecimento geral muito grande, já morou em vários países. 

sexta-feira, setembro 04, 2015

CLAUDINEI POLLESEL

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de setembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:
CLAUDINEI POLLESEL


Qual é o seu nome completo?
Cladinei Pollesel isso porque requeri a cidadania italiana, tive que adaptar meu sobrenome que era com “l” e “z” para dois “l” e “s” ara ficar igual ao original do meu bisavô. Naquele tempo ainda se exigia essa adaptação.

Você nasceu em que localidade?
Nasci em Piracicaba, no bairro do Rolador. Exatamente onde eu nasci hoje se chama Jardim Itamaracá. Ao lado do bairro Sol Nascente e do bairro Alvorada. Ali eram sítios, chácaras. É um mistério até hoje porque o bairro tinha esse nome: Rolador. Eu tenho a tese de que tem a ver com “rolo”, em Piracicaba quando se faz uma permuta diz-se que foi feito um “rolo”. É um bairro antigo, existem registros com esse nome Rolador, antiqüíssimos. O escritor, jornalista e historiador Cecílio Elias Netto já localizou até uma capela naquele bairro, a Capela do Rolador. Foi naquele bairro que nasci a 30 de setembro de 1968. Hoje ali virou uma série de bairros. O meu nome é Claudinei por causa do goleiro do Esporte Clube XV de Novembro, meu pai é fanático até hoje. O goleiro do XV em 1968 era o Claudinei. E eu nunca gostei muito de futebol!
Qual é o nome dos seus pais?
José Alberto Polezel e Rosa Caetano Polezel. Existe uma grande família em Piracicaba, inclusive mora aqui perto o luthier piracicabano Nelson Polizel, é outra família. Meus filhos já foram registrados da forma nova. Meus pais antes de eu nascer trabalhavam como oleiros, na época em que nasci meu pai já era agricultor, era meeiro, trabalhava com o cultivo de arroz.
Tendo a Praça da Catedral como referência, até lá dá qual distância?
Uns 10 quilômetros. Nós fazíamos esse caminho, do sítio onde morávamos até o Piracicamirim. Íamos a pé, a cavalo ou de carroça. Era comum fazer esse caminho do sítio onde morávamos até o Piracicamirim, a nossa referência de “cidade” não era bem o centro, era o “Pisca”, corruptela de Piracicamirim. É ali que vínhamos na venda, adquirir bens, a nossa igreja era a Capela Nossa Senhora Aparecida, que pertencia a paróquia do Bom Jesus. Naquela época monsenhor Rubens já estava lá, era muito conhecido dos meus pais. Meus pais se casaram na igreja do Bom Jesus, e nós, cinco irmãos: Maria Cecília, José Carlos, Ana Aparecida, João Luiz e eu Claudinei, fomos batizados na igreja do Bom Jesus, todos pelo monsenhor Martinho Salgot. Foi ele quem fez o casamento dos meus pais.  



Com que idade você começou a estudar?
Meu primeiro ano foi em 1976, na Escola do Taquaral. De onde morávamos até o Taquaral, eram praticamente três quilômetros, que percorríamos a pé. Minha mãe era a merendeira da Escola do Taquaral. Meus irmãos e eu, todos estudamos na Escola Mista da Fazenda Taquaral. Fiz todo o curso primário na Fazenda Taquaral. Minha primeira professora foi Dona Gilda Lavorenti que deu aulas no primeiro e segundo anos, e no terceiro e no quarto ano minha professora foi Gislene Maria Macluf Medinilha, casada com José Medinilha. Atualmente com quase 50 anos ainda lembro-me do primeiro dia de aula, não sabia fazer quase nada, não sabia escrever, lembro-me das mãos de Dona Gilda, ela pegando na minha mão para fazer as primeiras escritas, essa imagem ficou gravada, aquela mão dela, com as suas unhas pintadas em vermelho, bem feitas. Segurando na minha mão para que eu aprendesse a escrever! A cartilha era Caminho Suave. Ia para escola pela manhã, a pé. 
De quem era a propriedade?
A Fazenda Taquaral estava sob o controle da Usina Monte Alegre. Naquela época existia a igreja, o patrono era São José, a escola, a sede, a colônia, o campo de futebol, o gabinete dentário.
Para localizarmos com mais precisão ficava exatamente em que lugar?
Seguindo pela Avenida Rio das Pedras, sentido Centro-Unimep, lembrando que a Unimep está a esquerda da Avenida Rio das Pedras, e a Fazenda Taquaral estava a direita. Ainda existe remanescente o campo de futebol da Fazenda Taquaral, que entrou em litígio porque se não me engano a Associação Piracicabana de Futebol ou entidade semelhante tinha a posse desse campo. Na época o Padre Joaquim que era pároco do Piracicamirim tentou conter a demolição, mas a capela era particular, não era da Diocese e não era tombada. Assim como também a escola foi demolida, era um prédio enorme, com dois andares, biblioteca, também foi destruída porque não estava doada ao Estado. Era uma coisa interessante que a escola oferecia no inicio do ano um quite que tinha os materiais da escola, além de um tênis, uma blusa e um jaleco, um guarda pó. A escola era da Usina Monte Alegre, nós não éramos funcionários da Usina, mas tínhamos acesso a essas regalias. Após terminar o quarto ano nessa escola estudei por dois anos na escola Pedro Moraes Cavalcante, que fica no bairro Dois Córregos. Ai já era levado pelo ônibus. Lucio Ferraz, que depois se tornou prefeito de Saltinho, foi diretor dessa escola. Depois meu pai mudou-se dali, foi morar no Campestre, exatamente atrás da Usina Santa Helena, na Fazenda Canadá. De propriedade da família Filipini: Milos, Nilton, Benito. Nesse período estudei em Rio das Pedras, fiz a sétima e oitava série, na Escola Estadual Professor Manoel da Costa Neves "Macone", ia de ônibus. O prefeito de Rio das Pedras era Álvaro Bianchim. Após concluir a oitava série fui para Saltinho, para concluir o colegial no Colégio Manoel Dias de Almeida. Sou formado em História pela UNIMEP.
Nesse período você trabalhava?
Trabalhei com o meu pai, nessa época ele cuidava de uma cerâmica em Saltinho. Nesse período do colegial eu já estava no Seminário Xaveriano da Paulicéia, onde hoje é a Casa Paroquial, na Rua Antonio Bachi, 1065 Ali foi a casa do Padre João Echevarria, ele foi o construtor. Lá era um seminário que não tinha um curso colegial interno. As pessoas estudavam fora, uns estudavam no Dom Bosco, outros estudavam na escola do bairro. Fiz o seminário morando naquela casa, deixei a casa dos meus pais e vim morar no bairro Paulicéia, no Seminário Xaveriano, nessa época eu tinha uns 15 a 16 anos.
Na época era uma região diferente do que é hoje?
Era um bairro de periferia.
Qual era o seu lazer?
O meu lazer sempre esteve ligado a leitura, a igreja, amizades. Sempre gostei de freqüentar a vida social da cidade, os museus, os eventos culturais. Após concluir os estudos em Saltinho fui estudar Filosofia na PUC de Campinas.
O que o atraiu para o Seminário Xaveriano?
Em 1982 mudei para o bairro Campestre, lá há uma capela da Paulicéia, cuidada pelos Xaverianos. Conheci os padres Giuseppe Chiarelli, (Pe Zezinho) e Padre José Ibanez Serna que eram os padres tanto do bairro Chicó, cujo padroeiro é São José, como no bairro Campestre. O Chicó não é mais capela da Paróquia da Paulicéia, é capela da nova Paróquia que foi criada na Água Branca, que se chama Capela São João Batista Precursor. Eram as duas capelas em que eu ia com a minha família a missa e as duas eram administradas pelos Xaveriamos. Eu me encantei por eles.
Você é uma das pessoas mais bem informadas a respeito da estrutura religiosa católica de Piracicaba?
Eu gosto da igreja católica, da sua história, sou um estudioso. Tive o privilégio de trocar correspondência com Dom Ernesto de Paula, que foi o primeiro bispo, fundador da Diocese, quando eu era seminarista tive o prazer de escrever para Dom Ernesto, e ele escrevia para mim. Considero relíquias os escritos de Dom Ernesto. Conservo essas cartas comigo até hoje.
Você continuou no Seminário Xaveriano?
Saí do seminário, caso continuasse deveria ir para Curitiba, estudar filosofia. Como eu não tinha tanta certeza conversei com o bispo na época, Dom Eduardo Miled Koaik e pedi para ingressar no seminário da Diocese que fica em Santa Barbara D`Oeste. O reitor na época era o Padre Salvador Paruzzo que hoje é o bispo de Ourinhos. Permaneci um ano fazendo Filosofia na PUC de Campinas, e morando em Santa Bárbara DÒeste, no seminário da diocese. Aí resolvi sair e não quis continuar mais com a vida religiosa.
Você deve ter sentido muito em deixar a vida religiosa?
Senti muito, sinto falta até hoje. Existe um ditado entre os seminaristas que diz: “Você deixa o seminário, mas o seminário não deixa você.”
Pode-se dizer que você é um exemplo típico de quem a Igreja Católica poderia aproveitar toda a vivência e vocação de um padre que seja casado?
Na verdade, o celibato não é teológico, não é um dogma fechado. A Igreja Católica pode mudar isso a qualquer instante. Existe uma possibilidade de essa mudança acontecer. Mas, não será pelo que parece, com o papa atual, Francisco. Ele já declarou que não irá mudar isso.
Existe uma resistência muito forte?
E existe também o receio de que se é realmente bom que isso aconteça. A Igreja não tem certeza de que terminar com o celibato seja bom. Talvez o meio termo seja bom. Como a Igreja do Oriente, que tem padres solteiros e padres casados. Seria opcional. O padre solteiro, sempre será melhor para a Igreja. Ele pode ser missionário, tem disponibilidade, pode ser transferido, não precisa se prender a questões domésticas. Ele está cem por cento disponíveis. O padre casado tem a função de ser um exemplo interessante. Há um numero altíssimo de padres que estão casados e são mal aproveitados. Piracicaba que o diga, quantos padres que estão casados? E continuam padres. Não são padres atuantes porque a Igreja não permite. Padre é padre sempre! Esses homens que estão casados e tem a ordem, deveriam ser os primeiros a serem aproveitados. O padre que se casou, deveria ser mais bem aproveitado. Quantos existem em Piracicaba! Assim como aquelas pessoas que tem condições de serem padres e são casados. Deveriam também ser aproveitados. A Igreja não deu esse passo ainda. E nem sei se dará esse passo logo, porque passou a crise das vocações. Tem muita vocação!

As vocações aumentaram?
Aumentaram, Existem congregações que passam por dificuldades e outras não. É um fator que alguém deveria estudar os porquês. Na década de 80 quando fui seminarista, imperava a Teologia da Libertação. Ela foi boa, é boa até hoje em muitos aspectos, mas não para vocação. Ela não favoreceu as vocações. Ela não favoreceu a espiritualidade específica e perderam-se vocações. São as vitimas da Teologia da Libertação. Ela foi mais para o social, foi bom, foi útil. E, produziu santos. Que o diga D. Aniger, D. Eduardo, Prof. Almir de Souza Maia, Elias Boaventura. São pessoas dessa época que produziram frutos espirituais e materiais ao mesmo tempo. No âmbito nacional, D.; Helder Câmara, D. Paulo Evaristo Arns, D. Luciano Mendes, D. Thomaz Balduino. Agora, para vocações não foi bom. Passada essa época da Teologia, entrou a época em que eu chamo de Renovação Carismática. Essa época da espiritualidade maior foi boa para a vocação. Os jovens que querem ser freiras ou padres procuram congregações tradicionais. Que usam habito, tem um carisma definido.
Existem igrejas ou santuários que atraem multidões, e há o inverso também. É o carisma de quem conduz que atrai multidões?
Na verdade, a primeira coisa que existe é o carisma de quem está liderando. As pessoas querem ser lideradas por um líder com a o qual se identificam. Deveria haver por parte do católico uma mudança de mentalidade, não se deveria ir atrás de um líder e sim de Jesus.
Em sua concepção o que significa Deus?
Eu nunca tive dúvidas da presença de Deus! Na minha vida, Deus sempre foi uma figura muito presente, real. Eu consigo ver Deus no meu dia a dia. Sinto a presença de Deus como alguém que está próximo. Nunca tive dúvidas se existe ou não existe.
Você é casado?
Sou casado com Dalva Severo Pollesel, temos dois filhos: Ezequiel e Vitória, com 21 e 18 anos. Casamo-nos na Catedral de Santo Antonio, o casamento foi celebrado pelo padre Claudio, dos claretianos. Foi em 8 de fevereiro de 1982.
Como vocês se conheceram?
Desde que sai do seminário fui administrador de restaurantes. O primeiro restaurante que administrei quando sai do seminário foi a churrascaria Beira Rio, tanto eu como a Dalva trabalhávamos lá. A Dalva é de Jacupiranga, uma cidade do Vale do Ribeira, onde também nasceu a dona d a churrascaria Beira Rio, a Luisa Laude.
Para o católico o que é a confissão?
Confissão é um ato de humildade maravilhosa. Você admitir diante de Deus, diante do padre, que você tem falhas. E, admitir diante de uma pessoa que também tem falhas! Isso é um aspecto muito bonito da confissão. O fato de confessar é uma limpeza da alma. Não existe pecado que não seja perdoado.
É uma energia renovada no confessionário?
Por isso que a Igreja pede que pelo menos uma vez por ano a pessoa faça a confissão. Hoje as pessoas não valorizam o que tem de mais simples e sem nenhum custo, preferem buscar outras alternativas.
O fato de a pessoa ter fé influencia em sua saúde física e mental?
Não tenho duvida disso! Tendo fé ela consegue vencer inclusive os males atuais, que é a depressão, tendo fé ele irá compreender a vida com mais energia, naturalidade. Entenderá que o que existe de ruim também passa. Ela não irá se ater nem ao negativo demais nem ao positivo demais.
Claudinei, como você vê a vida depois da morte?
Alguém já disse assim: “Se morrer é estar com meus pais, com meus antepassados, bom! Se morrer é estar com as pessoas que eu gosto, é bom! Se morrer é estar com Deus é isso!” A fé é a certeza de estar com Deus. Você não perde nada tendo fé. Imagine que não existe nada, você não irá descobrir! Qual é a perda? Vamos ter fé! Você não terá aquele momento de pensar ou dizer: “-Meu Deus não tem nada aqui!”. Você não terá esse momento. O que vai existir é que você irá retornar para Deus. Santo Agostinho dizia que somos uma gota no oceano. A minha fé diz: “-Eu vim de Deus e volto para Deus!”. A humanidade está cada vez mais triste, cada vez mais distante do sagrado, toda vez que você se distancia do sagrado , quando acha que você é tudo, pode tudo, você quer tornar-se maior do que Deus. E isso causa tristeza.  
Ao concluir o curso de História na UNIMEP você realizou um trabalho muito interessante de pesquisa?
Foi sobre a minha família, fiz a pesquisa e publiquei o centenário da família Pollesel no Brasil. É um censo de todos os descendentes dos meus bisavós, Fortunato Pollesel e Regina Gobbo, vieram da Itália em 30 de outubro de 1897 pelo vapor Manila, foram até Itatiba e de lá para Campinas. Esse casal teve 12 filhos, 62 netos, 134 bisnetos, 174 tetranetos e doze quintonetos. Um casal só em 100 anos gerou 394 pessoas. Eu relacionei as 329 famílias que vieram juntas com ele no mesmo navio, são 1597 pessoas.
                                           FOTOGRAFIA DO VAPOR MANILA

A seguir você escreveu outro livro?
Eu gosto muito de biografia, escrevi a biografia do Padre Drumond, que morava atrás da Igreja São Judas Tadeu, ele é o fundador da Congregação das Irmãs do Cenáculo. Primo de Carlos Drumond de Andrade, jesuíta, veio para Piracicaba, na década de 50 fundou uma congregação de freiras que existe até hoje, ele faleceu na década de 90 com mais de 90 anos. Era um poeta exímio, eu escrevi a biografia dele e anexei alguns versos inéditos, escritos a mão pelo padre (Roberto) Drumond. O prefácio é de Cecílio Elias Netto. O terceiro livro escrevi sobre a biografia da companheira dele na fundação das irmãs do Cenáculo, que é a Madre Maria do Cenáculo (Zulmira Soares), essa religiosa teve a inspiração de fundar uma congregação, por volta de 1956, e convidou o Padre Drumond. Elas foram acolhidas por Dom Ernesto de Paula, primeiro bispo de Piracicaba. Depois disso fui para São Paulo e encontrei meu antigo reitor do Seminário Xaveriano, que é o Padre Giovanni Murazzo, tínhamos o habito de caminhar no Parque da Aclimação rezando o terço. Planejamos alguns livros caminhando: “Os Jovens e a Civilização do Amor”, um livro dirigido aos jovens, edição bilíngüe, português e italiano, “Memórias do Padre Luigi Médici” também em português e italiano. Logo depois surgiu “Diário de Um Homem Feliz”, que é a biografia do Padre Luigi Médici. Quando Padre Giovanni Murazzo completou 50 anos de padre, planejei uma entrevista com ele, que se tornou esse livro aqui. “Missionário, Ternura da Família Trinitad”, já na terceira edição, foram feitos mais de três mil livros. Português e italiano também. Pra comemorar os 60 anos da Paulicéia, publiquei “Paróquia Imaculado Coração de Maria – 60 Anos de Vida e Missão”. Desde quando eu era seminarista na Paulicéia, eu sonhava em publicar os escritos do Padre João Echevarria, esse livro é cópia do livro tombo número um. Depois veio a “Biografia da Madre Celina”. Dom Ernesto trouxe para Piracicaba dois conventos de clausura: as carmelitas e as concepcionistas. A Madre Celina é uma das cinco primeiras, uma das fundadoras, faleceu no ano passado. No total, até o momento são 10 títulos de livros publicados.





                                                                             





                PINTURAS REFERENTES AO AVÔ E AVÓ PATERNO DE CLAUDINEI
                                     NO CENTRO BRASÃO DA FAMÍLIA POLLESEL

História da Igreja Senhor Bom Jesus do Monte

Tudo começou no dia 08 de outubro de 1857, data em que o terreno na qual se localiza a Igreja Senhor Bom Jesus do Monte, foi doado por João Antonio de Siqueira, onde já existia uma capela, mas o bispo Conde Dom Barreto, da diocese de Campinas, à qual Piracicaba pertencia, entendeu que a cidade estava crescendo e necessitava criar urgentemente uma paróquia.
Para a consecução desse objetivo, concorreram com valiosa ajuda e muito trabalho.
Dados os primeiros passos para a construção, ocorreu o lançamento da primeira pedra no dia 6 de agosto de 1918. Consegue erigir a capela-mor, na qual foram entronizados um grande crucifixo e as imagens de Nossa Senhora e de São João Evangelista. A mesma foi benzida e inaugurada em 6 de agosto de 1919.
Em 4 de dezembro de 1922, por decreto do bispo Dom Francisco de Campos Barreto, foi criada a paróquia do Bom Jesus e seu primeiro padre foi Lázaro de Sampaio Mattos, nomeado no início de 1923, empossado pelo cônego Manoel Rosa, em missa no dia 11 de fevereiro do mesmo ano.
Após alguns meses, o padre Lázaro foi transferido e quem assumiu a paróquia foi o padre Henrique Nicoletti, também por pouco tempo. Sem pároco para serviços religiosos e com a construção da igreja paralisada, a autoridade diocesana determinou ao cônego Manoel Rosa, em 30 de janeiro de 1924, que a igreja fosse fechada para quaisquer atos religiosos e que a chave da mesma ficasse sob sua guarda.
Em 23 de janeiro de 1925, foi nomeado novo padre, Mário Montefeltro, que tomou posse em 2 de fevereiro do mesmo ano, data em que a igreja foi reaberta. Ele consegue através de donativos e quermesses angariar fundos para erguer as paredes e dar início às outras obras da igreja.
Para dar continuidade à construção, foi contratado o construtor Napoleão Belluco.
Em 25 de abril de 1926, o padre Mário foi transferido para Rio das Pedras, e o novo vigário da paróquia foi o padre Francisco Borja do Amaral.
No início de janeiro de 1927, as paredes externas estavam levantadas e as paredes centrais da nave já respaldadas; após o término do madeiramento, iniciado em 5 de maio, deu-se a cobertura da nave central. No dia 20 de maio, chegam às peças de mármore do altar mor. Em 5 de agosto, com a presença do bispo diocesano, houve a inauguração do altar mor.
Segue-se um período de progresso na paróquia. No começo de 1928, a paróquia já contava com 11 associações religiosas e o forro de estuque começava a ser feito.
No ano seguinte, chegam mais bancos, o carrilhão. Este foi o primeiro carrilhão a existir em toda diocese de Campinas.
Em agosto, nos dias 28 e 29, respectivamente, foram inauguradas a pintura da capela mor e a decoração do forro de estuque, trabalho realizado pelo grande artista Mario Thomazzi.
Em 1929, foi aprovada a ideia de substituir a cruz, que seria colocada no alto da torre, pela imagem do Senhor Bom Jesus. Era preciso que a torre fosse terminada, uma vez que após a instalação do carrilhão, as obras ficaram quase paralisadas.
Entre as várias propostas dos interessados em construir a imagem do Senhor Bom Jesus, foi aceita a de Agostinho Odisio. Com a torre levantada e o carrilhão coberto, as peças da imagem foram transportadas da cidade de Limeira para Piracicaba no dia 11 de abril de 1932.
No dia 19, a imagem começou a ser montada e, no dia 22, com o badalar dos sinos e içada a bandeira papal, foi anunciado o término dos trabalhos.
As festas de inauguração do monumento do Senhor Bom Jesus foram marcadas para o período de 30 de julho a 15 de agosto de 1932, no entanto, em virtude do movimento constitucionalista, iniciado no dia 9 de julho, as festas programadas para o mês de agosto foram adiadas para os dias 5 a 15 de novembro.
Finalmente, no dia 13 de novembro de 1932, domingo, tendo como convidado especial o bispo Dom Francisco de Campos Barreto, deu-se a tão esperada inauguração de grandiosa imagem. Ainda foram necessários mais 5 anos para o magnífico templo ficar totalmente concluído, inaugurado em 1 de maio de 1938.
Depois do padre Francisco Borja Amaral, passaram pela paróquia os padres: Vicente Rizzo, Francisco Machado, João Batista Martins, Martinho Salgot e José Nardin. Após a paróquia ser confiada aos Salesianos de Dom Bosco no ano de 1972, passaram pela paróquia os seguintes padres: Otorino Fantin – SDB, Antonio Corso – SDB, Reynaldo Zaniboni Neto – SDB, Hugo Guarnieri – SDB, Aramis Francisco Biaggi – SDB, José Cipriano Filho – SDB, Essetino Andreazza – SDB e o atual Pároco, Antonio Célio Costa Francisco – SDB.
(Fonte de Pesquisa: Luiz Nascimento) IHGP


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