sábado, dezembro 05, 2015

FRANCISCO AJUDARTE LOPES ( LELO)



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 28 de novembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:FRANCISCO AJUDARTE LOPES ( LELO)
Francisco Ajudarte Lopes é mais conhecido como Lelo, um apelido que recebeu ainda na infância. Nascido a 16 de fevereiro de 1948,em Piracicaba, filho de Antonio Ajudarte Lopes e Maria Encarnação Baiestero, são brasileiros de ascendência espanhola. Tiveram oito filhos: João, Pedro, Antonio, José, Benedito, Terezinha, Francisco e Domingos. Seu pai trabalhava na lavoura no bairro rural Pau Queimado. Plantava cebola, alho, vassoura. Francisco Ajudarte Lopes casou-se em 1994 na Igreja dos Frades, dessa união nasceu seu filho Francisco Ajudarte Lopes Junior. Acometido de deficiência visual total, em decorrência da diabetes, Lelo é uma pessoa de bem com a vida, muito estimado por todos que o conhece, tem como fiel companheiro o seu rádio. Ouve televisão, mas dá preferência ao rádio.
Quando sua família mudou-se para a cidade qual era a sua idade?
Eu deveria ter uns três a quatro anos. Moramos inicialmente na Rua Baroneza de Rezende, travessa da Avenida Madre Maria Teodora, depois fomos para a Rua Botucatu, em seguida fomos morar na Avenida Edgar Conceição, entre as Ruas Santos e Rua Campinas, em uma casa onde mais tarde foi construído nos fundos um boche, conhecido como “Boche do Espanhol”, nós moramos na casa que mais tarde veio a ser a residência desse espanhol, dono do boche. Em seguida fomos residir na Rua da Palma, em uma casa aonde mais tarde vieram a residir a família da Maria José, casada com Zico Detoni, fundadores da Loja Detoni. Um dos rapazes, o Paulo, irmão da Mazé (Maria José), na época foi cadete da Academia de Agulhas Negras, seguindo a carreira militar com grande êxito. Mudamos novamente, para a Rua Conselheiro Costa Pinto. Em seguida fomos residir próximo ao barracão da MAUSA, no bairro Higienópolis.
Quando vocês foram residir no bairro Higienópolis não havia ainda a Avenida 31 de Março?
Era tudo chão de terra, tempo da nascente Olho da Nhá Rita, íamos pegar guaruzinho no Ribeirão Itapeva. Passávamos pela linha do trem, por cima do pontilhão. Lembro-me da Bica do Morlet, que ficava junto a linha do trem.
Naquele tempo era comum existir na Paulista água de poço?
Era comum a água de poço no bairro da Paulista. Enchia o reservatório de água usando uma bomba no poço e uma mangueira. As ruas eram todas de terra.
Você estudou em qual escola?
Estudei até o quarto ano primário no Grupo Escolar Dr. João Conceição, na Rua Alferes José Caetano, ao lado da Igreja dos Frades. Era escola mista. Entravamos em fila. Em 1959 conclui o quarto ano. Lembro-me que na Rua São Francisco de Assis, esquina com a Rua Alferes José Caetano, havia um prédio pequeno antes de construírem o prédio de vários andares onde funciona a Assistência Social Mariana. Em frente a Igreja dos Frades existe uma praça, do lado esquerdo há um salão onde eram projetados filmes. Fui cordigero. Uma vez por mês tinha uma procissão que dava a volta no quarteirão. Tinha a procissão de Santo Antonio, a banda ia tocando. Cheguei a conhecer Frei Liberato, Frei Crispin. Ao lado da Igreja dos Frades,havia um local onde eram realizadas as quermesses. Havia o campo dos cordigeros, a trave ficava próxima ao muro da Rua Alferes José Caetano. Havia um bambuzeiro no fundo. Na Avenida Dr. João Conceição existia a Madeireira do Galesi, que pegou fogo.  O Morro do Enxofre (Atual Avenida Madre Maria Teodora) era terra, demorou em asfaltarem. Ali subiam os caminhões carregados de cana-de-açúcar, a molecada fazia uma festa. Onde hoje é a Avenida Nove de Julho também subiam caminhões carregados com cana. Subia pelo campo do Jaraguá Futebol Clube, passavam pela casa do Lovadini, lembro-me bem de um Ford 1946 que sempre fazia esse caminho. De vez em quando o motorista parava e saia correndo atrás da criançada, mas não conseguia pegá-los. Ele voltava ao caminhão. Para sair era difícil. Nós corríamos atrás do caminhão, chegávamos até a subir sobre a carga para tirar feixes de cana. Era fácil tirar a cana, ela escorregava, nós íamos tirando e jogando, quando o caminhão chegava à Rua da Palma nós descíamos do caminhão e íamos coletando as canas. Lembro-me dos irmãos Alcides, Hélio e José Saipp. A família Saipp até hoje é proprietária da tradicional Casa dos Presentes, na Rua do Rosário, entre a Avenida Dr. Edgar Conceição e Avenida do Café. O Hélio Saipp iniciou suas atividades comerciais com uma casa de ferragens na Rua do Rosário esquina com a Avenida Edgard Conceição. Na esquina oposta havia a beneficiadora de arroz de propriedade de Augusto Grella e João Sabino Barbosa. Na esquina da Rua do Rosário com a Avenida do Café havia o armazém do Gasparotti, atravessando a rua havia o moinho de fubá e beneficiamento de arroz, era de propriedade de Ernesto e Antonio Grella. Onde hoje é a Loja do Italiano era um comércio de propriedade do Vecchini que faleceu de forma trágica sob as rodas de um caminhão. Na esquina da Avenida do Café com a Rua do Rosário existia o açougue do Rubens Zillio, pais do Tite, da Rosinha, Valmir e um filho mais novo. Na Paulista tinha tanta figura! Lembro-me do Geep, dono de um bar, fabricava sorvetes. Na esquina da Avenida Dona Jane Conceição, esquina com a Rua do Rosário, havia um terreno, onde mais tarde foi a Angemar, hoje é uma série de lojas. Naquele local era colocado o pau de sebo com o Judas na ponta. Era uma tradição no bairro. Era também onde se armavam os circos e parques que vinham para o bairro.  Na esquina oposta, onde hoje é a farmácia Drogal havia o Bar Serenata, de propriedade de Miguel Fernandes. Antes o bar dele era no sobrado que fica em frente a Estação da Paulista, existe até hoje, é uma escola de inglês.Uma quadra abaixo na esquina da Rua Boa Morte com Rua Joaquim André havia o Hotel Paulista. O Miguel havia sido motorista de jardineira. Entre as figuras folclóricas do bairro, havia o mecânico Miltinho Novello. Ele teve um acidente, perdeu quatro dedos de uma das mãos. Havia um japonês que tinha uma quitanda onde atualmente é a Padaria Takaki. Era muito cuidadoso com o produtos que vendia, tinham que ter uma excelente qualidade. O Miltinho colocou a mão que tinha os dedos amputados sobre um mamão e disse ao proprietário: “ Eh Seu João! Este mamão está podre!”. O japonês ficou muito bravo com ele, imaginou que o mesmo havia enfiado os dedos dentro do mamão. Foi quando o Miltinho mostrou-lhe a mão sem os dedos, acompanhado de uma sonora gargalhada. O Miltinho era um tremendo brincalhão. Na Rua do Rosário, quase em frente a atual Original Calçados, havia a Farmácia Nossa Senhora da Penha. O proprietário era Miguel Victória Sobrinho, que tinha um pequeno problema de audição. Era um homem alto, magro, ágil. O Miltinho arrumou uma boneca grande, do tamanho de um bebê. Vestiu a boneca, colocou um xale na mesma, tinha todas as características de um recém-nascido. O Miltinho disse ao farmacêutico: “Miguel! Miguel! A criança está com febre!”. A princípio pelo tom de voz de Miltinho, falando baixo, o farmacêutico estava tentando entender o que se passava com a criança. Aproximou-se da mesma para poder vê-la melhor. Miltinho propositalmente soltou a boneca dos braços. Em um salto olímpico Miguel tentou segurar a “criança” que foi ao chão. Desesperado, achou que a “criança” poderia sofrer danos irreversíveis. Miltinho ria a não poder mais da cena inusitada. São fatos que os moradores mais antigos do bairro até hoje lembram.
Com que idade você começou a trabalhar?
Comecei a trabalhar em 1960, aos doze anos. Trabalhei um pouquinho também na fábrica de doces do Natalin Stenico. Lembro-me dele, dos seus irmãos: Aurélio, Agapito, Sabino. Lá eu fazia doces como paçoquinha, pé-de-moleque, doce de leite, fazia umas chupetinhas de açúcar, O Natalin inventou e fez uma máquina de descascar amendoim, era um rolete com aqueles pregos de prender arame, jogava o amendoim em casca e ia girando uma manivela. A casca ia quebrando, depois passava em uma peneira. Para moer o amendoim e fazer paçoquinha era socado no pilão. Mais tarde é que apareceu uma maquininha de moer. Eles faziam muitos tipos de doces, um deles eram as “velas” de doce. Toda colorida. Dali fui trabalhar em um armazém em frente ao Colégio Assunção, ao lado do Bazar do Tola, era uma espécie de filial da Casa Munhoz. Ali fiquei uns três meses. Na Avenida Dr. Paulo de Moraes, em frente a casa onde morou o advogado Dr. Jacob Dhiel Neto, havia uma enorme bebedouro de água, próprio para cavalos, com um cano curvo jorrando água continuamente. Havia um furo na parte superior desse cano, de tal forma que se tampando com a mão a saída da água pelo cano a mesma saia pelo furo, permitindo que as pessoas matassem sua sede. Ao lado passava o bonde. Nós esperávamos o bonde passar, apertavamos a ponta do cano e a água saia pelo furo molhando os passageiros. Fazíamos isso e saiamos correndo. Coisas de moleque. A criançada passava pelo pontilhão do trem sobre a Rua Benjamin Constant, bem mais na frente havia outro pontilhão, perto da hoje Avenida 31 de Março, embaixo passava a Estrada de Ferro Sorocabana.
Você andou muito de bonde?
Andei muito! Andava no estribo, subia ali próximo a Igreja dos Frades, quando chegava próximo ao centro pulava do bonde. Tive um tio, o Zuza Morato que trabalhava no bonde. Era vizinho do Neco Cardoso, pedreiro famoso.
Após o armazém você foi trabalhar com o que?
Fui trabalhar em uma serralheria de propriedade de Alfredo Matiussi e Rodolfo Hoff. Isso foi em 1960. Lembro-me que o primeiro serviço que eu fiz foi um vitrô pequeno. Com o tempo fui aprendendo. Quando ia soldar usava a mascara de proteção. Naquela época não havia a policorte, cortava com um tesourão, eu mesmo ia cortar um ferro redondo de 5 e 1/8 nem conseguia balançar. Tinha que fazer muita força.
Em que local ficava a serralheria?
Onde hoje existe a Casa de Calçados Annabella, o Hélio Saipp tinha a oficina, ele vendeu para o Hoff e para o Alfredinho, dividiu o prédio pela metade e montou a casa de ferragens em uma das metades do prédio. Posteriormente essa oficina mudou para o Aliberti, na esquina da Rua do Rosário com a Avenida Madre Maria Teodora. Ali era o armazém do Silvio e do Domingos Aliberti, tinha um boche. Eles pararam com o boche, acertaram o piso e alugaram para o Alfredinho.
Ao lado havia uma sorveteria?
Era o Bar da China. O proprietário era o Seu Zico. Era o melhor sorvete da Paulista, em muitos lugares da cidade não achava um sorvete como aquele. O sorvete de coco branco era feito com leite.
Trabalhei em serralheria com o Jacob Forti e o outro parceiro dele, o Romanini. O Antonio Forti trabalhava na ESALQ, era irmão do Jacob.A sobrinha do Jacob casou-se com o Nazareno Filizolla, mais conhecido como “Sonrisal”.  Lá fiquei de 1967 até 1974, de lá fui trabalhar com Antonio Capputo, conhecido como “Italiano”. O Alfredo Matiussi era meio sócio. O Italiano fazia peças mais elaboradas, tudo martelado, eram peças artísticas. Permaneci por uns quatro ou cinco anos trabalhando lá. Voltei a trabalhar com o Jacob que tinha mudado para o bairro Caxambu. Sai de lá e fui trabalhar com o filho do Augusto Grella, o José Augusto Grella.   
O ramo de serralheria mudou?
Hoje está mais pesada, antigamente faziam grades baixas. Hoje fazem portões enormes, basculantes. Há mais ferramentas, quem tiver a prensa faz muitos tipos de serviço, uma porta de aço, por exemplo, basta levar a medida que fornecem tudo cortado.
Dentro da sua realidade, quando teve a noticia da deficiência visual total, foi um choque muito intenso?
Foi tudo muito rápido. No inicio encarei com muita coragem, depois que a poeira abaixou, senti bem. Busquei todos os recursos possíveis, aqui e em outras cidades. Quando recebi a noticia de que a minha doença era irreversível já fazia algum tempo que não enxergava mais nada.
Você conseguiu ter forças para superar?
Não tive nenhuma reação de revolta. É obvio que gostaria de voltar a enxergar.
Em algum momento você pensou em alguma medida extrema?
Jamais isso passou pela minha cabeça. Continuei a ser a mesma pessoa que sempre fui. Tive muito apoio da minha família.
Você sonha quando dorme?
Sonho! E geralmente comigo mesmo trabalhando na oficina! Tem tanta coisa boa para sonhar eu só sonho com serralheria!
Você era bom de futebol?
Não! Quando jogava no juvenil era meio-esquerda. O uniforme do Jaraguá Futebol Clube era verde e branco. Nosso maior adversário era o Atlético da Vila Rezende. O Palmeirinha era um time bom também. O Náutico. Tinha time bom, a bola era de capotão, um peso danado. Meu pai não deixou fazer duas coisas: subir em pau de sebo para tirar o Judas e nem deixou que eu engraxasse sapatos, mesmo eu tendo feito uma caixa.
Você conheceu a família Canale?
O João Canele era meu padrinho de batismo.
Você freqüentou  Cine Paulistinha, situado na Rua Benjamin Constant, aonde hoje funciona a Freio Tec?
Quantas vezes fui ao Paulistinha! Teve um dia que passou o filme “Marcelino Pão e Vinho”, teve uma hora em que o barco pegava fogo, nesse exato momento, o aviso de saída de emergência do cinema deu um curto circuito, foi uma correria naquele cinema! Do lado do Cine Broadway havia uma casa, na esquina, nós abríamos o portão e pulávamos o muro saindo no banheiro do cinema. Entrava no cinema sem pagar ingresso.
Você conheceu a Padaria Cruzeiro na Avenida Dr.Paulo de Moraes?
Quando morei no bairro Higienópolis continuava a sair com a minha turminha da Praça Takaki. Ia para o centro, para o cinema, depois voltava, eu ia para casa sozinho, para ir até o bairro Higienópolis atravessava o pontilhão. Passava na Padaria Cruzeiro, comprava uma bengala, duas bengalas e ia comendo. A Avenida Dr. Paulo de Moraes terminava na Rua do Rosário, onde havia dois barracões, um era sede do Jaraguá, com mesa de snooker, e no outro havia um salão grande, eles mexiam com café ali.  Onde hoje está tudo construído tinha mangueiras, pés de abacate manteiga, aqueles abacatinhos pequenos. Tinha um tal de “Segundinho” que arrendava a parte que tinha frutas.
Você desfilou em carnaval alguma vez?
Não. Mas tem uma música “Quando Eu Me Chamar Saudade” retrata bem a realidade. Gosto dessa música.

JOAO BUENO DE OLIVEIRA FILHO



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 de novembro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADA: JOAO BUENO DE OLIVEIRA FILHO

Nascido a 10 de janeiro de 1924, na cidade de Piracicaba. “Nasci no prédio que mais tarde veio a ser a Loja do Zequita, esquina com a Rua Moraes Barros”. Filho de João de Oliveira Bueno e Francisca Vaz de Melo Castanho Bueno. Ela era natural de Jaú. Tiveram doze filhos, sendo que cinco faleceram ainda muito novos. Entre os sete que cresceram estão: João, Nelson, Ilka, Themis, Cecília, Ceres e Celso.
Qual era a atividade profissional do pai do senhor?
Meu pai era comerciante. Trabalhou com diversas mercadorias, tendo se especializado
em ferragens.
O primário o senhor estudou em qual grupo escolar?
Fiz o primário no Grupo Escolar Moraes Barros. Ia de manhã, à  pé, algumas ruas eram calçadas com paralelepípedo, a maior parte era de ruas de terra. Minha primeira professora foi Dona Mimi. Ela era idosa, aposentou-se. Entrou sua filha em seu lugar: Dona Odila, que não ficou muito tempo. Veio Dona Helena Elias, que permaneceu menos tempo ainda. A seguir veio Dona Antonieta, que permaneceu bastante tempo.  Ela era esposa do Sr. José de Assis que era proprietário da Livraria Americana, situada na Rua Moraes Barros próxima a Rua Governador Pedro de Toledo, ao lado do Jornal de Piracicaba.
O ginásio em qual escola o senhor estudou?
Fui estudar na Escola Normal Oficial de Piracicaba, que mais tarde recebeu o nome de Instituto Sud Mennucci. Na época o diretor era Fausto Lex. Lá tive aulas com Thales Castanho de Andrade, que não só deu aulas, como foi o diretor da escola. Erotides de Campos foi meu professor de química, eu gostava muito dele. Fui aluno dos irmãos Dutra: Benedito, João e Arquimedes. Lamartine Coimbra foi diretor da escola após Thales Castanho de Andrade.
Qual era o uniforme utilizado pelos alunos na época?
Só as meninas utilizavam uniforme, saia azul e blusa branca, os meninos iam de roupa normal. A Escola Normal foi uma referência no ensino do Estado de São Paulo, para ingressar havia um exame seletivo que era prestado pelo aluno. Era o chamado “Exame de Admissão”. Havia na cidade diversos cursos preparatórios para fazer esse exame. Eu não fiz curso preparatório, a situação econômica familiar estava difícil. Meu pai conseguiu um livro de nome “Exame de Admissão”, Estudei pelo livro. O exame de admissão, na época, era composto por prova escrita e oral. O primeiro ano ginasial tinha onze matérias, inclusive francês e latim. Inglês era na segunda série. O curso ginasial era composto por cinco anos de estudo. Ai poderia escolher se queria fazer o Curso Normal ou seguir os estudo e prestar o vestibular, nesse caso tinha que fazer o curso preparatório fora de Piracicaba. Eu tinha o desejo de estudar Engenharia Mecânica. Só que as nossas condições estavam difíceis financeiramente. Fiquei um ano sem estudar, ajudando o meu pai. No ano seguinte decidi fazer o Curso Normal, saia com o título de professor primário.  E Fiz. Foram dois anos.
Após concluir o curso o senhor foi lecionar?
Não. O professor primário ganhava muito pouco. Acho que na época era o tempo do cruzeiro, um professor primário ganhava 380 cruzeiros. Eu ficava no balcão com o meu pai. Lá era vendido material agrícola especialmente, arados, ferramentas.
Essa loja ficava em que local?
Ficava na Rua Governador Pedro de Toledo, 1.195. Chamava-se Casa Bueno.
Os clientes compravam e pagavam a vista ou deixavam para pagar na época da safra?
Não havia fiado! A maior parte da clientela era da zona rural, eles vinham com a carrocinha, comprava enxada, machado, arame farpado, peças de arado, tintas, material para construção.
Esse material era adquirido pela loja de que forma?
Comprava-se em São Paulo, vinha transportado por trem, pela Companhia Paulista ou pela Estrada de Ferro Sorocabana. Mais pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Os carroceiros que ficavam fazendo o ponto na estação traziam até a loja. Na Estação Sorocabana havia vários carroceiros, pediam para retirar, eles retiravam. Os carroceiros ficavam mais na Estação Sorocabana, as compras que meu pai fazia vinham mais pela Companhia Paulista. Eles iam até lá, carregavam e traziam. Eram aquelas carroças com raios de madeira e aro de ferro em volta. Quando era um volume pequeno, que dava para trazer na mão eu mesmo ia buscar, ia e voltava a pé. Vendia-se de tudo, inclusive navalha, havia a navalha Solingen, era uma navalha alemã muito conceituada. Havia que dissesse que a navalha feita com aço sueco era superior. Nessa época eu tinha uns dezessete a dezoito anos. Eu nem pensava em dar aula para o curso primário. Sempre fui muito bom aluno de física, tinha sido aluno do “Dudu” de Almeida Prado. O professor catedrático de física era o Hélio Penteado de Castro, só que ele estava comissionado ocupando altos cargos na capital. O “Dudu” era o professor assistente. Apareceu um piracicabano, morador de Penápolis, ele tinha vindo à Piracicaba para visitar alguém da família, veio também com a missão de encontrar um professor de física, que estava faltando em Penápolis. Falou com um amigo nosso, um farmacêutico, perguntou-lhe se conhecia alguém que poderia dar aulas de física. Ele foi falar com o meu pai que me perguntou se queria dar aulas de física. Disse-lhe que queria. Veja a diferença, o professor primário ganhava 380 cruzeiros, o professor secundário ganhava 2.200 cruzeiros. Logo depois passou para 2.600 cruzeiros. Era um salário bom.
Qual condução o senhor usava para ir à Penápolis?
Fui residir lá. Ia de trem pela Companhia Paulista até Bauru, lá embarcava na Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. Era mais ou menos 16 horas de viagem.
Lá o senhor foi morar em pensão?
Fiquei morando em um hotelzinho. Tinha outro professor, Luciano, que estava em um hotel mais caro, disse-lhe que eu iria ficar no hotel que era mais barato. Eu queria guardar dinheiro para casar. No dia seguinte o Luciano veio falar comigo, disse-me: “- João, eu acho que você tem razão!” Falei com o dono do hotel, não tinha mais quarto disponível, Ele fez um desconto, ficamos os dois no mesmo quarto.
Quanto tempo o senhor ficou lecionando lá?
Fiquei uns quatro anos. Até hoje me envaideço, sempre fui um bom professor, recebi e recebo muitas visitas de ex-alunos. Eu os motivava a gostarem de estudar física. Se o aluno gostar da matéria ele aprende.
Qual é o segredo para aprender física?
Não tem nenhum segredo. Tem que gostar da matéria e estudar. A física envolve muita matemática. Até hoje eu gosto! As quatro operações eu faço através de calculo mental, não preciso escrever. Os cálculos pequenos eu faço rapidamente. Após quatro anos em Penápolis fiz o concurso para lecionar física e passei. Fui dar aulas em Tietê, na Escola Estadual Plínio Rodrigues de Morais, fiquei alguns anos lá. Eu ia de ônibus,  diariamente para Tietê, meu pai estava precisando de mim aqui em Piracicaba, por comodidade me transferi para Capivari, ia e voltava todos os dias pela Estrada de Ferro Sorocabana. Prestei concurso e vim dar aulas em Piracicaba, no Sud Mennucci. Isso foi pro volta de 1960. Fui aluno, professor e diretor do Sud Mennucci. Muitos daqueles que haviam sido meus professores ainda estavam lá.  Erotides de Campos ainda estava lecionando. Antonio Maria Sampaio o “Atonello”. Arlindo Ruffatto era o diretor. Quando ele tirou férias me indicou e o substitui por 30 dias. Achei que precisava melhorar meu salário, e em Capivari havia sobra de aulas de matemática, eu poderia assim ter um salário maior. Nessa época eu já tinha três filhos: João, Marilia e Célia. Eu me casei no dia 12 de fevereiro de 1946 com Marília Zita Pedroso. Em Piracicaba morei um bom tempo na Rua São João perto da Rua D.Pedro I.
O senhor prestou mais algum concurso no Estado?
Fiz três concursos para diretor, fui aprovado nos três. O que achei mais interessante foi em Matinópolis. Fui para lá com a família. Permaneci uns cinco ou seis anos. Fui me removendo, queria voltar à Piracicaba. Não me lembro mais a ordem, mas entre as cidades em que fui diretor, uma delas foi São Sebastião, no litoral. Muito marcante foi uma escola que dirigi em uma cidade denominada São Bento do Sapucaí. Permaneci lá uns sete ou oito meses. Gostei muito de lá. Fui para Martinópolis. Fiz concurso para supervisor de ensino.  Fui Supervisor de Ensino em Mogi das Cruzes. Depois me removi para Guarulhos. Em Guarulhos tornei-me Delegado de Ensino. Permaneci por vários anos lá. Guarulhos já era uma cidade importante. Em 1980 aposentei-me, como Supervisor, Delegado de Ensino era um cargo feito por nomeação. O secretário da educação era José Bonifácio Coutinho Nogueira.
O senhor conheceu algum Governador de Estado?
Conheci quando era menino. Meu pai não era político, mas tinha boas relações, houve um banquete no Clube Coronel Barbosa, em homenagem a Armando Salles de Oliveira, meu pai disse-me: “Vou levá-lo para você ver o governador!” . Fui.  Vi o homem entrar, ele me abraçou, era alto, magro.
Em 1980 o senhor aposentou-se, qual foi sua próxima iniciativa?
Quando faltavam quatro anos para me aposentar, pesei: “- O que vou fazer quando aposentar-me?”. Fui fazer a Faculdade de Direito em Mogi das Cruzes, na Faculdade Brás Cubas. Aposentei-me e fui advogar, atuei na área civil, publiquei três livros na área de direito. Advoguei por quase 20 anos.
O senhor deve ter muitos casos curiosos que ocorreram em sua atuação como advogado.
Tive uns três ou quatro casos em que fiz a conciliação do casal apenas aconselhando-s a refletir um pouco mais sobro o que de fato desejavam. Se deixei de perceber honorários ganhei em ver que meus conselhos foram proveitosos.
Qual é a maior dificuldade encontrada no direito?
É o português! A redação. Algumas vezes o juiz não sabe exatamente o que a pessoa quer, a redação é feita de forma incompreensível.
Os artigos que o advogado cita em uma petição ele tem que saber de memória?
O advogado não precisa decorar todos os artigos e parágrafos. Sempre tive boa memória e guardava o número do artigo e a que ele se referia. Eu tinha uma boa biblioteca. E lia.
Em que ano o senhor parou de advogar?
Mais ou menos em 2000.
Os clientes dão preferência aos jovens advogados?
Já pensei dessa forma, hoje já não penso mais assim. O advogado com mais tempo de experiência pode levar vantagens.
O senhor também é luthier?
Eu faço. Às vezes sai muito bom.
Que instrumentos musicais os senhor fabrica?
Instrumentos de corda: viola, violão. Pego a madeira crua, trabalho, corto.
Que madeira o senhor usa?
A que aparece, não dá para escolher. Não se acha mais cedro, jacarandá. Compro a tábua, grossa, tem que ir afinando.
Quanto tempo o senhor leva para fazer uma viola?
É difícil responder, posso levar uma semana ou um mês. Depende de uma série de fatores, da minha disposição, do que eu tenho pronto, do estado da madeira. 
Som de viola é como impressão digital, nenhum som é igual ao de outra viola?
É exatamente isso. Eu tinha duas harpas, o restaurante “Coisas di Buteco” que fica na Rua Alferes José Caetano, 1232 ficou sabendo, interessou-se por uma delas e adquiriu uma harpa mais para efeito decorativo. Fui muito amigo do Sebastião Rodrigues Pinto, proprietário da Casa Edson, eu tinha conhecimento técnico de rádio, às vezes dava uma mão para ele quando algum técnico, daí surgiu uma grande amizade, ele é pai da Cidinha Mahle. Perguntei-lhe: “Será que o seu marido quer uma harpa de presente?”. Ela disse que sim.
Quantas cordas tem uma harpa?
A que eu fiz tem 36.
Como o senhor aprendeu a fazer instrumentos musicais?
Não aprendi, fui vendo.
O que senhor sente quando termina um instrumento musical?
Sempre gostei de mexer com ferramentas. Para se fazer uma idéia, quando fui completar cinco anos meu pai perguntou-me qual era o presente que eu desejava. Disse-lhe: “-Um martelo!” Meu pai sugeriu que eu pedisse um brinquedo, eu respondi-lhe que com o martelo eu poderia fazer meus próprios brinquedos. No dia do meu aniversário ele trouxe um martelo, eu recusei. Não era um martelo de sérico, era um enfeite, não era um martelo de orelha daqueles que se tira o prego. Passado um tempo ele disse-me: “-Troquei o martelo para você!”
Qual é o segredo para ter a sua disposição física e mental?
É ter uma vida com frugalidade!

sexta-feira, novembro 13, 2015

ARACY DUARTE FERRARI

Entrevista realizada a 10 de novembro de 2015
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de outubro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: ARACY DUARTE FERRARI

Aracy Duarte Ferrari nasceu a 12 de julho, em Presidente Alves, é filha de Anselmo Duarte Filho e Maria da Conceição Rodrigues Duarte que tiveram os filhos: Alice, Ayres, Aurora e Aracy. A atividade principal do seu pai era comerciante, tinha um restaurante em Presidente Alves. O trevo de Presidente Alves tem o nome do seu pai: Anselmo Duarte Filho. A Sociedade de Beneficência Portuguesa de Bauru tem o nome do seu avô: Anselmo Duarte.
O grande ator Anselmo Duarte tem algum grau de parentesco com sua família?
Eu conversei com ele em uma das reuniões do Clube dos Escritores, ele disse-me na época que sua mãe tinha o sobrenome Duarte e que ele mantinha o nome de sua mãe. A irmã dele chama-se Aurora Duarte o mesmo nome da minha irmã! Quem passa pelo trevo da Rodovia Marechal Rondon imagina que o nome Anselmo Duarte é uma homenagem ao artista, muitos não sabem que esse nome foi dado em homenagem a meu pai.
O grupo escolar você estudou em que localidade?
O grupo escolar estudei em Presidente Alves, no Grupo Escolar Coronel José Garcia, minha primeira professora foi Da. Maria dos Santos. Sou da primeira turma formada nesse grupo escolar. Como não havia ginásio na cidade a prefeitura mantinha um serviço de transporte de escolares entre Presidente Alves e Pirajui. Ainda era estrada de terra. Estudava no Instituto de Educação Alfredo Pujol. Lá fiz o ginásio, magistério e fiz especialização para cursar a faculdade. Fui fazer a faculdade em Bauru, sou da segunda turma da FAFIL, da Universidade Sagrado Coração de Jesus – USC. Quando fui morar em Bauru já estava casada com Aldo Ferrari, que era gerente do Bradesco. Fomos morar na Rua Adolfo Lutz.  Casamo-nos na Igreja Matriz de Santa Cecília em Presidente Alves, a 16 de julho de 1961. Quando o meu marido faleceu, eu tinha 59 anos, ficamos casados por 35 anos e meio. Contrai segundas núpcias com José de Arruda Ribeiro, agente administrativo da ESALQ. Formei-me como Pedagoga especializada em Psicologia. Eu comecei a lecionar a 2 de julho de 1960. Meu pai faleceu quando eu tinha onze anos. Minha avó Rosa Tereza de Souza tinha muita cultura, meu tio-avô foi governador do Acre. Em Ourinhos tem uma rua chamada Souza Soltelo, é o nome do irmão da minha avó.
Você além de lecionar passou a ocupar outros cargos?
Depois fui coordenadora pedagógica, diretora, na Escola Coronel José Garcia e depois em Bauru na Escola Estadual Professora Ana Rosa Zucker D'Annunziata, lá permaneci como diretora uns oito anos. Dei aulas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em São Manoel. Trabalhei por 17 anos na Escola Professor Jose Aparecido Guedes de Azevedo, em Bauru.
Quantos filhos vocês tiveram?
São quatro: Cristiane, Aldo José, Marcio Anselmo e Patrícia.
Além de Bauru, você trabalhou em alguma outra cidade após essa etapa?
Fui coordenadora de matemática em São Paulo, trabalhei na Divisão Regional de Ensino, conheci Thales Castanho de Andrade, tenho um livro dele “Caminhos da Roça”, ele foi supervisor na Região de Bauru e Presidente Alves também. Sempre gostei de saber por que determinada rua tem determinado nome, qual é o significado. As cores nacionais não têm nada a ver com as cores simbólicas da bandeira. Elas advêm dos imperadores: o verde é da família de Bragança de Portugal a qual D. Pedro pertencia. O amarelo é da família de  Habsburgo da Imperatriz Leopoldina.
Existe uma versão de que a cor verde da bandeira brasileira significa as extensas matas e florestas de todo o Brasil. O amarelo representa popularmente o ouro e a riqueza do país.
A meu ver é uma forma de apresentação das cores verde e amarelo de uma visão romântica.
Como pesquisadora, você pode afirmar que a história tem várias facetas?
Infelizmente, algumas vezes o conhecimento dado ao aluno é falho mais por responsabilidade do professor que desconhece certos fatos. Falta-lhe conhecimento da matéria que propõe a ensinar.  Ele tem um conhecimento livresco, ele limita-se a um programa a ser cumprido, ele está apoiado em um livro pedagógico, apoiado pela Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas (CENP). Há pouco tempo discutimos em reunião o conteúdo de alguns livros, eles foram excluídos. Não critico o professor que segue as diretrizes, ele está baseado em um contexto onde há a programação que ele deve cumprir. Portanto, o professor muitas vezes não vai além por falta de conhecimento e também porque tem que cumprir a programação pré-estabelecida. O conteúdo programático.
Aracy, dentro da sua trajetória, pode-se dizer que atingiu um cargo relevante com qual denominação?
Foi o de Supervisora de Ensino, isso dentro de uma unidade escolar. Na CENP situada na Rua João Ramalho, eu também fui uma das coordenadoras do Projeto Geometria Experimental, nas quatro Delegacias de Ensino: Bauru, Lins, Jaú e Botucatu.
Sob seu ponto de vista, o que piorou o nível dos professores ou o nível dos alunos?
Honestamente acredito que ambos sofreram um desnível. Os alunos desenvolveram-se na área de informática desde muito jovens, a escola não tem essa estrutura de informática para acompanhar essa nova metodologia. Nosso ensino está totalmente retrógrado.
O Brasil não investe em tecnologia?
Acho que em nível superior sim. Mas no ensino fundamental os investimentos em tecnologia são parcos.
Você aposentou-se em que ano?
Aposentei-me duas vezes. Trabalhei 35 anos no Estado. Aposentei-me em 1987 e em 1995.
Ao aposentar-se, sua intenção foi de não se dedicar a mais nada?
Muito pelo contrário, sempre tive essa ansiedade de realizar outras atividades. Ao chegar a Piracicaba, em 1996, o meu genro trabalha em uma empresa em Piracicaba, sabia que poderia ser útil à minha filha, meus netos ainda eram pequenos. Além do que, os outros filhos estavam na região e outra filha já morava aqui.
No período em que você trabalhou em São Paulo, continuava morando em Bauru?
Eu ia e voltava todos os dias de ônibus, pelo Expresso de Prata. Dei aulas em Araçatuba também. Íamos em um grupo as sextas-feiras a noite dar aulas na faculdade. Foi um período áureo para os professores, eram valorizados e respeitados.
Quando você mudou de Bauru para Piracicaba onde foi morar?
Fui morar na Rua Ipiranga. Eu estava procurando o que fazer. Através dos periódicos acompanhava todos os lançamentos, reuniões abertas, eu ia a todas. Vi um artigo escrito no Jornal de Piracicaba, “Amar, amar Piracicaba”. Escrevi um artigo sobre o tema. O Carlos de Moraes Júnior do Clube dos Escritores leu e teve sua atenção despertada. Concomitantemente tive contato com o Clip - Centro Literário de Piracicaba e com o  Golp - Grupo Oficina Literária de Piracicaba. Na gestão da Maria Helena Corazza fui convidada pela Rosaly Aparecida Curiacos de Almeida Leme para participar como integrante da Academia Piracicabana de Letras. Agora na gestão do professor Gustavo Jacques Dias Alvim fui convidada como bibliotecária para preservar o acervo.
Além da literatura você participa de alguma outra manifestação cultural?
Comecei a participar das artes plásticas, pintura em óleo e pastel. Estudei com a Luiza Libardi, com o Gil, Denise Storer.
Quantos livros você tem publicados?
Estou preparando o quinto livro. O primeiro deles é “Presenteando o Passado”, “Memórias em Galhos Floridos”, “Mergulho Interior” e “Tardes de Prosa”. O quinto ainda estou pensando em um nome. Em Piracicaba além de outras pessoas tive inicialmente o apoio decisivo de Lino Vitti, Cecília Bonachela e Carlos Moraes Júnior.

Quando você fala em coletâneas como podemos explicitar o seu significado?
Por exemplo, a coletânea Fênix de São Paulo, você participa de um movimento literário, resolvem ter a produção de um livro e todos participam do livro. Outras coletâneas passam por um processo de seleção. Com uma dessas coletâneas ganhei um prêmio em Pirajuí. Falo realmente da Estação da Estrada de Ferro Noroeste.








A sua forma de expressão mais utilizada é a crônica ou a poesia?
Segundo Lino Vitti e o professor Hildebrando Afonso de André, o meu forte são crônicas.
Como surge a inspiração para escrever essas crônicas?
O que me ajuda muito são as músicas. Ao ouvi-las fico sensibilizada, quem lê os meus livros diz: “Aracy! Eu li você!”. Eu me coloco muito nos livros. Gosto muito de músicas clássicas, mas ouço até forró universitário. Ouço o Padre Fábio de Mello. Gosto muito das musicas de José Augusto.
Você gosta de dançar?
Danço demais! Sempre dancei! Tenho até um texto a respeito. “Quem sou explico: Mãe e avó super protetora, corintiana pé de valsa, danço bolero, samba e salsa”.
Escrever funciona como uma terapia?
Acho que sim! Uma coisa curiosa é que meu marido Aldo Ferrari foi meu aluno de magistério, ele era contador! Havia 105 alunos na sala de aula, já éramos casados, por seis meses ninguém soube, até que um dia ele colocou a mão em meu ombro e todos ficaram sabendo.
Você viajou para vários países?
Viajei pelo  Friendship Force International, fiz viagens por conta própria também. Recebo muitas pessoas de outros países através do Frienship, geralmente são casais. Quando perdi meu esposo fiquei noventa dias na Europa, eu tenho uma filha que morava na Alemanha. O pessoal em Presidente Alves achava que meu marido e eu éramos professores de dança. Quando ele faleceu passei a freqüentar grupos de orações, festas beneficentes. Até que um dia uma das minhas filhas percebeu que eu sentia falta de dançar, era uma atividade constante na minha vida e na vida do meu marido. Sempre tive meu único namorado que depois foi meu marido. Não me imaginava com outra pessoa.
Atualmente além de bibliotecária na Academia Piracicabana de Letras você é secretária no Clube dos Escritores?
Participo do CLIP, do GOLP, e da APAP- Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos. Já estou há 19 amos em Piracicaba, já me sinto piracicabana. Uma das atividades que pratico é a corrida, a última corrida que participei foram, 10 quilômetros. Faço hidroginástica. Procuro sempre uma conversa saudável, sem falar de remédios, receitas e assuntos pertinentes.




Você é religiosa?
Sou. Participei de movimentos religiosos. Participei do Movimento Familiar Cristão com o Frei Augusto Giroto. Trabalhei com catequese durante nove anos.
A biblioteca da Academia Piracicabana de Letras é restrita aos associados?

Ela não é uma biblioteca aberta, como a Biblioteca Pública Municipal. É utilizada apenas para consulta da própria diretoria e acadêmicos. 

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