domingo, julho 02, 2017

JOSIANY LONGATTO (SHIMLA)


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 de julho de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADA: JOSIANY LONGATTO (SHIMLA)

 
Nascida a 24 de agosto na cidade de Piracicaba, na época moradora do bairro Vila Rezende, Joniany Longatto que tem o nome artístico de Shimla, é filha de Maria Calderan Longatto e Ari Longatto, que tiveram os filhos Josiany e Robson.  Iniciou seus estudos na escola SESI 85 que funcionava nas dependências da Escola Baroneza de Rezende onde cursou da primeira até a oitava série. A seguir estudou no Instituto Sud Mennucci, nessa época estudava em duas escolas, durante o dia no Sud Mennucci e a noite no Colégio Técnico em Contabilidade no Instituto Piracicabano. É formada em Ciências Contábeis pela Unimep.
O que a levou a estudar Ciências Contábeis?
O meu pai sempre foi empreendedor, a sua última empresa era uma mineração de calcário. Era o objetivo dos meus pais que eu ajudasse na administração da empresa. Aos dezessete anos entrei na faculdade de onde saí com vinte e um anos.
Após formar-se como Técnica em Contabilidade e em Ciências contábeis, você dedicou-se a profissão?
Foi uma fase em que senti que a dança começou a me atrair. Tomei consciência da veia artística que existia comigo. Era uma época em que não havia muito incentivo para as artes, eu sempre gostei, desde criança, de cantar, dançar. Cursei Balé Contemporâneo com o professor Ado Ravelli, no Clube Atlético Piracicabano. Era uma atividade que eu gostava, só pude fazer quando já tinha como escolher o que desejava, na época era uma atividade tida como supérflua. Havia a preocupação dos pais de que os filhos tivessem uma profissão que proporcionasse um futuro mais estável financeiramente.
Só que o encanto da dança tomou posse dos seus sentimentos?
A dança sempre esteve presente em minha vida. Até que com uns dezesseis anos fui a Festa das Nações e pude ver uma bailarina de dança do ventre. Ela era de São Paulo. Eu estava com um amigo Wagner Sturion, escritor, poeta. Ele escreveu uma peça de teatro chamada “Sonhando Acordado”, fui convidada por ele para ser a protagonista, em resumo a história era sobre uma menina humilde cujo sonho era realizar a Dança do Ventre. Nessa época eu fazia parte do teatro “Cochixo na Coxia” da Unimep. O diretor era José Antonio da Silva, o Chapéu.
ESQUETE TEATRAL "COCHIXO NA COXIA"

                                                    José Antonio da Silva, o Chapéu.
A dança do ventre atraiu você, pode-se dizer que a hipnotizou?
Passei a estudar dança do ventre com a síria Dona Marie Massuh Nimeh, que foi homenageada pela Câmara Municipal como a pioneira a dar aulas de Dança do Ventre em Piracicaba, ela morava em Piracicaba e me ensinou a dançar, pesquisar, eu ia a sua casa quase todos os dias nós pesquisávamos muito a respeito da dança, esse relacionamento transformou-se em uma grande amizade, tal como uma mãe e filha. Ela ia comigo e ficava até as madrugadas nas Festas das Nações! Me via dançar, apoiava muito. Quando eu comecei a dançar na Festa das Nações, fui convidada em 1994, até então quem dançava era Samira Samia uma das preletoras da dança do ventre no Brasil, um ícone da nossa dança, grande mestra. Fiz muitas aulas com ela. A filha dela está assumindo o Mercado Persa, que tem repercussão mundial, hoje tem a denominação de Congresso Internacional de Dança, Arte e Cultura Árabe. Começou no Clube Kolpinghaus e hoje está no WTC Events Center em São Paulo. Consta no Guiness Book como o maior evento de Dança do Ventre do Mundo. São três dias inenterruptos de danças com até cinco palcos simultâneos. Há competições de todos os tipos. Workshopping, vendas de produtos.




                     Apresentação da professora de dança, dançarina, coreógrafa Josiany Longatto
Você incorporou a cultura árabe?
De certa forma me sinto um pouco árabe. A minha “mãe” árabe que é a Dona Marie Massuh Nimeh, quando ela me acompanhava todo mundo achava que ela era realmente a minha mãe. Tinhamos uma relação de carinho muito grande. Ela era viuva, mãe de três filhos, não era bailarina, embora ela já tenha falecido, mantenho contado com seus filhos e famílias, para mim é como uma família.





Publicado em 23 de jul de 2015
Josiany Longatto e Isadora Neves partilham a beleza e a emoção da dança no Sarau Literário Piracicabano em 14 de Julho de 2015 nas de pendências do Museu da ESALQ- USP Ana Marly de Oliveira Jacobino Jacobino

Publicado em 1 de out de 2015
Apresentação de Dança de Isadora das Neves e Julia Rodrigues (alunas de Josiane Longatto - Shimla) em 22 de Setembro na Semana Cultural da Esalq_ USP no Sarau Literário Piracicabano Ana Marly de Oliveira Jacobino Jacobino

                                       
                                                          Super Noites no Harém





Samira Samia - Uma carreira Ímpar

                                              Shalimar Mattar - espada e véu
^                                                                Véu Fan


Você tem um nome artístico?
O meu nome artístistico é Shimla, quem me deu esse nome foi a Lú Gorelli, ela me chamava para dançar na casa dela, um dia fui dançar na casa da sua irmã, foi uma festa muito importante, tinha diversos estilistas, o jornal Correio Popular de Campínas entrou em contato com ela, queria saber qual era o nome da bailarina, saiu a minha fotografia na coluna social, ela encontrou esse nome em um livro que tinha lido. Na época era chique ter um nome artístico. Acabei adotando esse nome. Na realidade Shimla é o nome de uma cidade da Índia, nem é árabe! A grafia está correta com o “m” antecedendo uma letra consoante, que no nosso idioma antecederia uma vogal. O significado desse fonema é “Botão de Flôr”.
Existe vários tipos de danças árabes?
Existem vários estilos! Costumamos dizer que existem mais de 5,000 ritmos, os mais conhecidos são cerca de 350 ritmos. Nós bailrinas dançamos os básicos. Com vários acessórios, temos a dança do bastão, smujs, do pandeiro, cimbalos,cimitarras (ou espadas).
Quantos anos levou para você atingir esse nível de perfeição na dança?
Este ano estou completando 25 anos de profissionalismo desde a minha primeira dança em 1992.
A dança é a sua profissão?
É a minha profissão! Trabalho só com isso. Vivo de arte!
Quantas dançarinas existem hoje em Piracicaba?
Não sei informar com precisão, mas sei que existem muitas. Formei professoras, elas já montaram suas academias, estão formando suas alunas. Eu me especializei na área, fiz vários cursos, workshops profissionais, tive aulas com professoras renomadas internacionais que vieram ao Brasil, do Egito, dos Estados Unidos, Argentina.
Há alguma alimentação restritiva para manter-se em forma?
Não, eu como muito bem! As minhas aulas são suaves, a pessoa não se cansa muito mas gasta bastante energia.
Tem homem que pratica a dança árabe?
Existe. Hoje temos as danças folclóricas específicas para o homem esse tipo de dança está sendo muito difundida. Em especial a Dança do Ventre é feita para a mulher, em seu benefício, tanto em sua saúde como em sua função energética e sexual da mulher. Facilita a sua parte reprodutiva, parto, existe uma filosofia que está anexada a essa dança. Hoje já existe concursos para danças masculinas folclóricas e para Dança do Ventre masculina.
A Dança do Ventre é uma ginastica eficiente?
Em minha opinião é a melhor ginática para a mulher.
A partir de que idade a mulher pode iniciar a dança?
A Dança do Ventre é uma dança que não tem impacto, qualquer pessoa pode fazer desde que não tenhe nenhuma restrição médica. As que mais estão me procurando estão na faixa de 40 a 50, 60 anos. Já dei aulas para mulheres na casa dos 70 anos. Inclusive tem uma que dançou comigo uma dança egipcia chamada Meleah Laff.
Existe esposas que tomam aulas de danças para apresentarem a seus maridos?
Existe! Nesse caso geralmente elas tomam aulas particulares. Monto uma coreografia, ensino a pessoa a colocar um pouco da sua improvisação pessoal e dou algumas dicas. Geralmente trata-se de uma comemoração muito especial, um aniversário, aniversário de casamento. É uma dança muito especial, para um momento especial. Jamais vulgarizando a dança. Isso tem sido ultimamente divulgado de forma erronea pela mídia, em especial pelas novelas. A origem da Dança do Ventre é uma dança sagrada, era feita apenas pelas sacerdotisas nas pirâmides sagradas. A mulher dançava apenas para o homem que ela tinha escolhido para ser o pai dos seus filhos.
Uma jovem que queira manter a saúde em perfeito estado, sem submeter-se a rotina de aparelhos de academia, ela pode usar a dança como um meio?
A Dança do  Ventre é uma prática prazeirosa, a pessoa gasta energia, fortalece a musculatura, afina a cintura, faz alongamento, melhora apostura, aumenta sua auto estima, podemos trabalhar terapêuticamente para a mulher se ver mais bonita. Através das roupas, maquiagem, das danças de apresentações. As que não queiram apresentarem-se em público fazemos eventos entre nós. Só com mulheres. É um ambiente onde encontra-se uma energia muito boa. A Dança do Ventre promomove uma auto-cura. Ela é terapeutica. Trabalha com respirção e movimentações que você pode liberar mágoas. Liberar couraças musculares, energias travadas.
O fato de ser uma dança milenar não é obra do acaso?
Ela não está voltada apenas para a parte produtiva, mas para o corpo como um todo. Eu trabalho não só como uma dança, mas como um todo. Tenho comigo, que o que faço é uma missão, a principio eu não tinha nada para voltar-me à dança, tornei-me pioneira da Dança do Ventre em Piracicaba, algo que nunca imaginei, sequer planejei. Acredito que isso tenha sido colocado em minha vida, por um poder superior, para resgatar a feminilidade das mulheres, resgatar a dança como dança sagrada, que ela é. Lembro-me que estava na época do Tcham, e as criancinhas dançando o Tcham. Foi quando dedicidi dar aulas para crianças, iniciei dando aulas na Creche Branca Azevedo: ensinava postura, delicadeza, acessórios de véu, coisas para crianças, para tirar a vulgaridade da dança do Tcham, criei um método especial para crianças que é diferenciado do adotado para adultos.
Existe uma simbologia na dança com véus?
Existe a lenda dos sete véus, dos sete portais, sete maravilhas do mundo. Há uma profusão de alusões. É mais lendário do que específico e técnico. Na época em que estudei não existia a internet, a Dona Marie importava vídeos, eu estudava através deles, direto da fonte. Estudava os movimentos das melhores bailarinas, muito renomadas, que estão vivas até hoje. Comecei a dançar como elas. Depois é que fui fazer cursos, até então eu só sabia dançar, com os cursos passei a ter condições de dar aulas. Não imaginava que iria ser a minha profissão.
A bailarina desperta a fantasia masculina?
Esse é um cuidado que sempre zelei em ter. A roupa necessita mostrar partes do corpo para mostrar a dança. Não é para mostrar o corpo de forma vulgar. Há ocasiões em que a dança usa roupas fechadas. Dancei muito para a Sociedade Sírio-Libanesa, fiquei vinte anos lá, dei aulas, A Dona Marie Massuh era de lá. Conheci todas as pessoas da entidade, sinto-me parte dela.
Quando uma dançarina põe-se a dançar modifica o ambiente, qual é a explicação?
A Dança do Ventre tem uma energia diferente, e não é só porque seja sensual. Embora o sensual seja sagrado.
O olhar de uma dançarina é diferente, ele é quase hipnótico.
Você conquista o publico através do olhar, o seu olhar é a sua conexão com o público. O olhar é a janela da alma. Um determinado diretor de um famoso clube social de Piracicaba, em uma ocasião, após apresentar-me dançando, disse-me: “Você sabe onde está sua sensualidade? No olhar! Você pode cobrir-se todinha para dançar!”
Isso para quem já assistiu a diversas apresentações sabe que não é uma característica exclusiva sua.
Na Dança do Ventre, nós incentivamos a mulher ter sua sensualidade natural. Não vamos aguçar a sensualidade. Vamos resgatar a sensualidade natural da mulher. Quando a mulher tem a sensualidade acentuada a Dança do Ventre equilibra os hormônios. Eu sei o que eu faço, sempre danço para reverberar a Luz, a positividade, transformar as energias, deixar o ambiente alegre, essa é a função da bailarina. Animar a festa! Qualquer dança libera a serotonina!
Você sabe aproximadamente quantas apresentações já realizou?
No inicio eu anotava, mas com o passar do tempo, o número de apresentações aumentou muito e eu deixei de anotar. Guardo maços de jornais e revistas onde há fotografias e referências ao meu trabalho. Já dei aulas em todos os clubes de Piracicaba e nas melhores academias. Apresento-me em Piracicaba, região, São Paulo, onde me contratarem. Já dancei na Casa de Chá Khan el Khalili que na época era a melhor casa de chá do Brasil, atualmente já existem outras. Para dançar lá tinha que passar por uma pré-seleção muito grande. Participei da primeira seleção, depois passava por uma segunda seleção e se aprovada era contratada. A banca tinha mais de 12 profissionais, bailarinas renomadas de São Paulo. A Casa de Chá Khan el Khalili tinha como proprietário Jorge Sabongi, onde estudei também. Está escrito na porta que é a Casa da Arte da Dança do Ventre. O público alvo, e quem mais gosta de lá são as mulheres.
Você já teve convite para ir para o exterior?
Fui pré-selecionada para ir para a Espanha e para uma temporada de seis meses em navio cruzeiro. Quando ia assinar o contrato meus pais ficaram preocupados. Achei por bem não aborrece-los. Seria o inicio de uma carreira internacional. Isso foi em 2004, o diretor disse-me: “ Josiany se você for não irá voltar mais, é a melhor bailarina que estará presente”.
Isso é uma demonstração de grande maturidade, de quem põe seus valores acima do sucesso a qualquer preço.
A Dança do Ventre veio em um “boon” mundial, no ano 2000, para a mulher resgatar a sua feminilidade, seu valor em sua essência feminina. Um valor que estava sendo perdido no dia a dia em busca da igualdade entre o homem e a mulher. Eu acredito que devemos ser tratados de forma igualitária, porém temos que respeitar a natureza de cada um. O homem e a mulher tem energias diferentes. Complementam-se. Não são competidores.
Você dá aulas prticulares e para grupos?
Dou aulas particulares, para grupos de pessoas, academias, clubes.
Após você ter tomado a iniciaiva em divulgar a Dança do Ventre em Piracicaba houve mudanças nesse aspepecto?
Em 1999 fui a quarta colocada no Concurso Profissional no Mercado Persa, esse evento que é o maior do mundo. A partir daí a Dança do Ventre em Piracicaba cresceu muito.
Piracicaba reconhece o seu trabalho?
Já fui homenageada na Semana da Cultura Árabe que se deu na Câmara Municipal, o Professor Elias Sallum concedeu-me uma medalha comemorativa de Honra ao Mérito pelos meus trabalhos de dança e promoção da cultura árabe.
Quem quiser saber como se sente pode fazer uma aula experimental?
Pode fazer, basta entrar em contato comigo atravez do telefone (19) 9 9736.5060. A primeira aula é gratuita.
A pessoa que tem uma vida sedentária, coluna travada, pode sentir-se melhor com a dança?
Inicialmente tem que ter o aval de um médico, mas a Dança do Ventre ajuda a articular a coluna vertebral. O movimento de ondulações faz com que as vértebras fiquem mais “soltas”. Qualquer pessoa pode estar fazendo, mesmo que esteja acima do peso. Há algumas pessoas que dizem: “Ah! Não é para a minha idade!”. Isso não é verdade! A Dança do Ventre ajuda e muito!

ARLETE MARIA RODRIGUES NEGRI


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de junho de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ARLETE MARIA RODRIGUES NEGRI


 

Arlet Maria Rodrigues Negri nasceu a 27 de outubro no bairro rural Guamium, em uma fazenda, ali havia um casarão onde moravam, de portas e janelas azuis, junto a Estrada dos Godinhos. Atualmente a região já está urbanizada. Seus pais, Antenor Rodrigues e Angelina Castelucci Rodrigues tiverem três filhos: Arlete Maria, José Adalberto e Antonio Wilson.

Seu pai trabalhava em qual atividade?

Meu pai trabalhava na empresa Tema Terra em Sumaré, ele foi trabalhar nessa empresa que naquele tempo ainda chamava-se Tratores do Brasil quando eu tinha sete anos, Lá ele trabalhou até aposentar-se. Morei em Sumaré por dois anos. Meus avós paternos eram Jorge Rodrigues e Ida Carletti Rodrigues. De Sumaré por dois anos morei na cidade de Três Pontas em Minas Gerais. Depois voltei para Piracicaba, fui morar com meus avós maternos Ephigênia Basso Zambon e Antonio Castelucci , com o meu tio Antonio José Castelucci que morava com seus pais, ou seja, morávamos todos nós meu tio, meus avós e eu, na mesma casa.

Em que bairro de Piracicaba você passou a residir?

Na Avenida Dom João Nery, na Vila Rezende. Eu tinha estudado em Sumaré, em Três Pontas, e aqui fui estudar na Escola Imaculada Conceição (Na época conhecido como “Carequinha”). Era comum dizer que estudava no Carequinha! Fiz o curso de auxiliar de escritório, em seguida o Curso Técnico em Contabilidade., depois fui fazer a faculdade em Tatuí.

Você começou a trabalhar a partir de quantos anos?

Meu avô Antonio Castelucci tinha um açougue, inicialmente situado na Avenida Dona Francisca depois passou a ser na Avenida Dom João Nery. Eu tinha de catorze para quinze anos, ajudava no açougue. Gostava de trabalhar, desossar, picar, fazia lingüiça, codeguim (o cudiguim (ou codeguim ou cotechino) é uma lingüiça fresca elaborada com carne suína, couro cozido e gordura, com boa quantidade de temperos como alho, cheiro verde, noz moscada, pimenta).

A que horas abria o açougue?

As cinco horas manhã abria, lá pelas onze horas fechava, depois do almoço, das duas horas até as cinco abria de novo. O meu tio Antonio José Castelucci fazia faculdade de matemática em Rio Claro. Ele ajudava no açougue na parte da manhã, levantava bem cedinho, deixava todas as encomendas prontas e depois ele ia para a faculdade. Aos sábados um outro tio, Miguel Biscalchim  ajudava também. O meu tio Antonio José Castellucci formou-se em matemática, fez carreira como professor acadêmico e é um dos pioneiros da implantação de cursos da UNIMEP no Campus de Santa Bárbara D`Oeste.

Você concluiu o curso de contabilidade e foi fazer a faculdade?

Fui fazer educação artística em Tatuí, na Faculdade de Ciências e Letras de Tatuí, que era o que eu gostava, aos doze anos, eu morava em Três Pontas, pintava telas com pinturas a óleo, eu tinha muita habilidade com trabalhos manuais. A Faculdade de Tatuí já era famosa, quem estudava lá: João Pedro Godinho, Cecília Neves, Isabel Guardia, Mércia Angeleli, a Cica. O João Chiarini dava aula para mim. Era bem incentivador.
                                                              JOÃO CHIARINI

Como vocês iam para Tatuí?

Íamos de ônibus, saíamos de Piracicaba às seis horas da tarde, o ônibus saía de frente da catedral, e voltava à meia-noite. Na época eu era solteira. Era um pessoal muito animado, valia a viagem. Foram três anos.

Nessa época você já estava namorando seu futuro marido?

O Wilson estudava o curso científico com o meu tio Antonio José Castellucci, em função dessa amizade com o meu tio ele freqüentava a nossa casa. A minha avó era comadre da mãe dele Ângela Alleoni Negri casada com Carlos Negri, meu sogro. Estávamos sempre juntos. Depois de muito tempo começamos a namorar. Ele foi fazer Engenharia Civil na Escola de Engenharia de Piracicaba. Ele gostava muito de eletrônica. Foi um dos pioneiros da informática em Piracicaba. Ele informatizou o SEMAE – Serviço Municipal de Águas e Esgotos; informatizou a Prefeitura Municipal de Piracicaba, o SEMUTRAN -  Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte; foi um dos fundadores do CIAGRI - Centro de Informática da ESALQ, ele trabalhava na Escola de Agronomia Luiz de Queiroz. Ele fez Mestrado em drenagem e irrigação. Quando nos casamos ele dava aulas na UNIMEP, em Piracicaba e em Santa Bárbara D Oeste. Ultimamente lecionava na Escola de Engenharia de Piracicaba.


Em que ano vocês se casaram?

Foi a 19 de julho de 1978, na Matriz da Vila Rezende, o Padre Jorge foi o celebrante. Tivemos duas filhas: Patrícia e Mariana.
                              CENTENÁRIO PARÓQUIA IMACULADA CONCEIÇÃO


Quando vocês vieram morar na casa onde permanece por 37 anos o bairro era bem diferente?

Havia poucas casas, estavam começando, a nossa rua era a que mais tinha casas, mas o bairro em si era composto por poucas casas.
                      ARLETE AO LADO DO PÉ DE MAMÃO NA CALÇADA DA SUA CASA.
                      ELA AFIRMOU TER APENAS JOGADO AS SEMENTES.

                               VISTA PARCIAL DA PRAÇA EM FRENTE A SUA CASA, ONDE PLANTOU MUITAS ÀRVORES FRUTIFERAS. ENTRE AS DUAS ÀRVORES AO FUNDO, SEU MARIDO WILSON ESTIVACAVA UMA REDE PRESA ÀS DUAS ARVORES E FICAVA OLHANDO AS CRIANÇAS BRINCAREM NA PRAÇA.

Além de arte, que você gosta muito, há outras coisas que a atrai?

Gosto muito de móveis antigos. Tenho uma coleção de xícaras, as pessoas sabem e quando vão se desfazer de alguma coisa antiga me consultam se quero. Sabem que eu irei cuidar com carinho. Algumas vezes até restauro. As coisas antigas que possuo são presentes de diversas pessoas, vizinhas, amigas, parentes. Tenho uma peça que ganhei de uma amiga chamada Dona Vilma, ele ganhou da sogra dela. A Dona Vilma faleceu com 85 anos. Imagino que essa peça deve ter mais de cem anos! Tudo que tenho de antigo foi alguém que me deu. Muitas coisas eu restaurei. Uma pessoa de muita cultura, da nossa família, sugeriu que eu fizesse um curso de restauração na Europa, eu tenho uma mão considerada apropriada para a pintura e restauração. É o que chamam na arte de ter a mão “suave ou leve”. Tenho muitas pinturas em porcelana que eu mesma fiz, assim como vitral. Pintura em tecido, bordar, aprendi a fazer tudo isso.

                                  CAIXA COM MACHETARIA FEITA POR ARLETE
CRIADO MUDO ANTIGO, SENDO QUE A CAIXINHA DE MADEIRA EM CIMA DELE DEVE TER MAIS DE 100 ANOS !





                          PEÇAS EM PORCELANA (UMA DAS QUALIDADES DE ARLETE É PINTURA EM PORCELANA)

Você nunca pensou em fazer disso uma profissão?

Gosto muito de fazer, já trabalhei por cinco anos na Casa Campos, hoje loja Além da Lua, minhas filhas estavam estudando fora, meu marido trabalhando, eu para não ficar muito só em casa fui ajudar a minha amiga e no fim acabei ficando o período integral. É uma loja de artesanato. Na faculdade aprendemos a entalhar, fiz machetaria com a Isabel Guardia. (Machetaria é a arte ou técnica de ornamentar as superfícies planas de móveis, painéis, pisos, tetos, através da aplicação de materiais diversos, tais como: madeira, metais, madrepérola, pedras, plásticos, marfim e chifres de animais, tendo como principal suporte a madeira).

Ainda adolescente você trabalhou no açougue mas já estava tentando encontrar outra atividade profissional?

Fui fazer o curso de cabeleireira na Escola de Cabeleireiros Calazans, do Gilson Calazans. Trabalhei uns 20 anos nessa atividade, ainda trabalhando no açougue já fazia um pouco de cabelo. Depois que meu avô fechou o açougue passei a trabalhar como cabeleireira em tempo integral Naquela época não havia muitos cabeleireiros em Piracicaba. Eu era bem famosa aqui na Vila Rezende. Comecei trabalhando sozinha, depois passei a ter alguém que ajudava a fazer unhas. Trabalhava no fundo do quintal da minha avó. Fiz um quartinho, um banheiro, e fazia lá. Comprei o secador, lavatório era muito caro, não tinha. Coloquei duas colunas de concreto que adquiri na Artefatos de Cimento Coimbra, em cima coloquei uma pedra de granito, um espelho, que conservo até hoje, assim passei a trabalhar.
                                         SECADOR DE CABELO ANTIGO COM PEDESTAL


                                                              BOBES NO CABELO

O secador era aquele em que a mulher enfiava a cabeça dentro?

Era esse mesmo! Tinha um babyliss, que era um modelador para ficar enrolado, ao contrário da conhecida “chapinha” que alisa o cabelo. Essa moda de enrolar o cabelo está na moda de novo.

Naquela época era muito comum, as moças enrolarem o cabelo com bob de plástico, passar boa parte do dia com os bobs e um lenço sobre a cabeça para depois irem terminar o penteado?

Às sextas e sábados eu começava a atender às cinco horas da manhã, enrolar os cabelos das meninas. Elas colocavam um lenço cobrindo a cabeça e iam trabalhar. Quando saiam do serviço voltavam para arrumar o cabelo. A moça com bob na cabeça com certeza já sabia que a noite iria passear. Era chique até! Eu tinha clientes que moravam nas proximidades da Santa Casa de Piracicaba, a Neide Krahenbhul fazia unha comigo. As meninas que trabalhavam nas lojas do centro vinham bem cedinho para enrolar o cabelo, tinham que tomar o ônibus e chegar ao local de trabalho às sete horas.

   
O famoso cabeleireiro Nandi era seu vizinho?

Era meu vizinho! Na Vila Rezende era eu, o Nandi e a Alzira (Zaíra) Papini e a Marli Zurck.

Os produtos utilizados para “fazer a cabeça” das moças eram improvisados?

O laquê era fundamental! O cabelo era enrolado com cerveja! Passava cerveja no cabelo para ficar duro!

Não ficava o odor da cerveja?

Ele secava, ficava duro apenas. Tempo de produtos da marca Anaconda.

O salão de cabeleireiro é um local com alguma semelhança a uma sala de psicólogo, onde as pessoas desabafam seus males?

De certa forma sim. É essencial que o profissional mantenha o sigilo de tudo que ouve ou sabe, ou poderá naufragar o seu empreendimento. Há momentos em que a pessoa sente-se a vontade para revelar confidências, suas ou de uma terceira pessoa, e isso não deve virar a chamada fofoca.

Para ir para o centro você utilizava o bonde?

Quanto pegar o bonde! Um pouco antes da cabeceira da ponte sobre o Rio Piracicaba, havia uma porteira que era fechada para dar passagem ao trem particular do Engenho Central.

O local que por muitos anos foi denominado de “Bimboca” situa-se aonde de fato?

Se você for pela Avenida Dona Santina, irá passar por um posto de saúde, descendo a atual Rua Francisco de Souza, tem uma bica de água, ali é que era a Bimboca. Mais adiante tínhamos o famoso bairro do Pitá, assim denominado por ter a plantação de pita ou agave, material que o industrial Virgilio Lopes Fagundes utilizava em sua indústria de cordas. Atualmente essa área está toda urbanizada. Essa descida que temos na Avenida Manoel Conceição é denominada como pertencente ao Bairro São Luiz.

Você freqüentava os cinemas de Piracicaba?

Freqüentava o Politeama, comprava balas, chocolates, na “bombonière” situada entre os bancos Itaú e Bradesco, na Praça José Bonifácio nº 13 de propriedade de José Passarela. Ia a outros cinemas também, na época existiam o Broadway, o São José o Palácio e o Colonial na Rua Benjamim Constant. Eu gostava de ir ao Politeama, é onde a juventude reunia-se. Dizíamos de vez em quando que “íamos fazer a praça”. Tinha uma grande amiga Leila Pizelli, advogada, trabalhava na prefeitura. Íamos até o centro, o seu pai tinha uma caminhonete, dávamos uma volta de caminhonete no centro. Às vezes quadrávamos o jardim da Vila Rezende, era freqüentado mais pelos jovens da Vila Rezende, eles não se misturavam com o pessoal da “cidade”. Na época a Caninha Tatuzinho e a Caninha Cavalinho estavam em atividades intensas. Eu tinha bastante amigas que trabalhavam na Tatuzinho.

Quais eram os cortes e penteados de cabelo femininos mais na moda da época?           

Eram “Joãozinho”, Chanel, Coque, Banana, que era um penteado que ficava na parte posterior um formato parecido com uma banana.
        PENTEADO FEMININO CONHECIDO COMO "BANANA" MUITO USADO NA ÉPOCA

Você teve a oportunidade de conhecer diversos artistas de repercussão nacional, no auge da carreira?

Na década de 60, anos da Jovem Guarda, quando muitos artistas estavam no auge, houve um almoço em Sumaré, do qual eu participei, era composto basicamente por artistas de expressão: Jorge Bem, George Freedman, Martinha, Pedro Paulo Rangel.

E Milton Nascimento?

Ele era de Três Pontas, no período em que morei lá o conheci, na época eu era criança, tinha uns doze anos, ele estava começando a fazer sua carreira. Era praticamente um anônimo. Depois que ele fez sucesso e estourou. Gosto muito de teatro, quando vinham peças com artistas muito famosos, íamos meu marido e eu até o camarim, para conhecê-los, cumprimentá-los. Assisti um show de Roberto Carlos e André Rieu.no Chile.

De maneira geral nós não valorizamos muito a nossa história?

Nada! Vejo o que sobrou, edificações que a especulação imobiliaria ainda não derrubou. Sou conservadora. Em frente a minha casa nasceu um pé de mamão, está carregado. Do outro lado da rua tem uma praça, ali já plantei diversas mudas de àrvores frutiferas, Inclusive duas mangueiras, quando o bairro não era tão habitado, meu marido colocava uma rede entre as duas mangueiras e ali ficava, olhando as crianças que brincavam. Até hoje cuido dessas plantas, faço compostagem, coloco adubo natural, corto grama.

Você gosta de ler?

Devoro livros, prefiro os livros de leitura leve, também chamados de àgua-com-açúcar. Embora as vezes também leio livros utilizados pela minha filha que atua profissionalmente na área de psicologia. Leio jornais, do começo ao fim. Tenho o habito de recortar aquilo que me interessa e às minhas filhas.

Você participa de alguma instituição como voluntária?

Já estou ha 20 anos como voluntária da instituição Associação Viva a Vida - Mulheres Mastectomizadas, mais conhecida como “Viva a Vida” situada a Rua José Pinto de Almeida, 824. A Dona Vilma Almeida de Godoi, foi a primeira pessoa a se preocupar em dar suporte à mulheres com cancer de mama, iniciei fazendo pinturas em tecido e fazendo perucas para as pacientes. Sou a primeira pessoa não acometida pelo mal a ajudar. Um dia Dona Vilma aceitou que eu ajudasse a instituição. Passei a fazer de tudo um pouco. Ajudar a fazer a primeira prótese, para as pessoas que não tem condições de comprar. Fazemos uma de paninho, com os pesos certos, é colocado dentro do sutiam. Fazemos esse trabalho, faço artesanato com as pessoas. Temos psicólogos, fisioterapeutas, contribuímos com cestas básicas, tentamos elevar a auto-estima da pessoa. Ali é freqüentado por mulheres de todos os níveis. Temos o brechó que abre de segunda a quinta do meio dia e meia até as três e meia, às quintas feiras é das duas horas da tarde até as quatro horas. O primeiro bingo feito pela Associação foi organizado por mim, pelo meu marido Wilson e pelo saudoso Didi Cardinalli. Foi lá no Lar dos Velhinhos. Depois o Capitão Gomes passou a nos ajudar, fizemos reuniões beneficentes com jantares. Assim levantamos a Associação. O volume maior de pessoas assistidas por nós é de pessoas carentes.

segunda-feira, junho 26, 2017

DOM IRINEU DANELON


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 10 de junho de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: DOM IRINEU DANELON


 

O Bispo Diocesano de Lins, Dom Irineu Danelon, nasceu no dia 4 de abril de 1940 na cidade de Piracicaba, em uma região da cidade em que na época era considerada zona rural, Bairro São Jorge, ao lado do Terminal de Ônibus Urbano do Bairro São Jorge existe a Capela São Jorge, seus pais foram uns dos construtores. Fundou e acompanha a Pastoral da Sobriedade, que lida com dependências do álcool e outras drogas. É salesiano, tendo sido colega do padre Jonas Abib, fundador da Comunidade Canção Nova, grande expoente da Renovação Carismática Católica  no Brasil. Dom Irineu apresenta o programa Sobriedade Sim, na TV Século XXI, as segundas-feiras, as 20 horas. Também apresenta programas na Rádio Regional Esperança, da Diocese de Lins, Foi diretor da Gráfica Salesiana na Mooca. Irineu em grego significa portador de paz, pacífico.




Qual é o nome dos pais do senhor?

Meu pai Antonio Danelon, minha mãe Antonia Lovadini Danelon, tiveram os filhos: José, Antonio, Tarcísio e Irineu. Meus pais tinham um sítio, eles cultivavam de forma especial a horta, uma plantação que não precisa de muita terra.

O senhor chegou a trabalhar no cultivo de hortaliças?

Principalmente na horta! Eu tinha também os meus canteiros, meu pai ia ao mercado, vendia, o dinheirinho resultante da venda dos produtos dos meus canteiros ele me entregava. Assim ele me estimulava.

Além da Capela São Jorge, o senhor freqüentava qual igreja?

Freqüentava a Igreja dos Frades, isso significava ir até a cidade, eram cinco quilômetros de distância. O meu pai tinha como meio de locomoção carroça com roda de ferro, tracionada por animal.

O senhor ia a pé até a igreja ou escola?

Ia a pé, pisando no barro, tirava o sapato, quando chegava perto da cidade lavava os pés e punha o sapato. Subia o Morro do Enxofre (Avenida Madre Maria Teodora), pegava “rabeira” do caminhão carregado com cana-de-açúcar que subia o Morro do Enxofre. Os motoristas já nos conheciam, fazíamos um sinal, eles paravam. Era meio perigoso, as canas não tinham o mesmo comprimento, uma era mais comprida outra mais curta. Isso foi dos nove anos em diante, o primeiro ano escolar estudei em casa, os meus pais emprestaram parte da casa, que era grande, para fazer uma escolinha rural. O curso primário conclui no Grupo Escolar Dr. João Conceição. A minha primeira professora era Dona Elisa. Depois os Salesianos vieram para Piracicaba, os frades emprestaram para eles a Escola Dr. João Conceição. Ali passaram a lecionar o curso preparatório para ingressar no ginásio. Eles deram-me bolsa de estudos. Meus pais não tinham como pagar um colégio.

O senhor foi coroinha?

Fui, na Igreja dos Frades, lembro-me do Frei Liberato de Gries, Frei Felicíssimo, Frei Fulgêncio, Frei Evaristo. Tornei-me coroinha quando fui aluno dos salesianos, sou da primeira turma do Colégio Salesiano em Piracicaba. Os frades ficaram sabendo que eu era coroinha, quando iam para as celebrações em área rural me levavam. (A religiosidade do fiel da zona rural é muito respeitosa, o coroinha, que é um auxiliar do padre ou frade, é tratado quase como o próprio padre).

Os estudos continuaram em qual escola?

Fiz o ginásio e o curso colegial com os salesianos do Colégio Dom Bosco. Os salesianos construíram o próprio colégio, sob a orientação do Padre Pedro Baron. Inicialmente alugaram dependencias do Colégio Nossa Senhora da Assunção, e aos poucos foram construindo o atual Colégio Salesiano Dom Bosco onde atualmente tem até faculdades. Após concluir o ginásio fui para Lavrinhas, onde conclui o colegial. Fomos de trem, até São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, de São Paulo até Lavrinhas pela Estrada de Ferro Central do Brasil . Fomos em oito rapazes, eu caipira de Piracicaba, nunca tinha saído da cidade. Tem muitos padres salesianos de Piracicaba, acho que são 29. É bonito o trabalho deles com a juventude. Depois eu fui promotor vocacional, buscava vocações, encaminhava, ajudava. Daqueles hoje tem 157 que são padres.




                                                    Seminário Diocesano de Lavrinhas




Em que ano o senhor ordenou-se como padre?

Foi em 1967, na igreja dos salesianos, Nossa Senhora Auxiliadora, no bairro Bom Retiro, em São Paulo. Fiz a Faculdade de Filosofia em Lorena, Teologia estudei no Instituto Pio XI em São Paulo, a minha primeira obediencia, é assim que denominamos quando recebemos a cartinha de obediência, fui trabalhar em Campinas, em um grande internato que havia lá, Liceu Nossa Senhora Auxiliadora, eu era professor e orientador dos meninos. Tinha 450 alunos internos! E 2.000 externos! O colégio é grandioso, ocupa duas quadras. Onde eu era padre novo o que chamam de Coordenador da Pastoral, ou então catequista. Após tres anos de permanência em Campinas, recebi a obediência de trabalhar na formação dos futuros padres. Em Lorena, onde permaneci por três anos. Deram-me obediência de novo, para volatar ao primeiro colégio, Liceu Nossa Senhora Auxiliadora de Campinas. Após algum tempo voltei para Lorena onde lecionei Filosofia.


Qual foi a próxima etapa?

Acharam que eu tinha jeito, mandaram-me estudar em Roma. Fui fazer uma complementação de estudos, permaneci em Roma por quatro anos, na Universidade Salesiana de Roma, eu morava nela mesmo, participava de todos os eventos, com a comunicação fácil   que demonstrei ter era convidado para ir a diversos eventos, não podia deixar de dar a contribuição. Minha tese de doutoramento foi sobre a situação do menor no Brasil. Fundei a Pastoral da Sobriedade, cujo objetivo é espalhar o que eu estudei, sobre a importância da educação de todos os menores, não existe menor de segunda classe. Partilho muito do ideal de vida de São João Bosco, a importancia da educação integral. Para todos.













                                     


















                                                 Monsenhor Jonas Abib e Dom Irineu Danelon


                                                          Como nasceu a RCC



                                                    Dom Danelon e TV SÉCULO XXI

                                          Entrevista com Bispo D Irineu na Radio Regional Esperança Lins-SP.

 Dom Irineu Danelon fala de seus 25 anos de episcopado



                                                         Gráfica Salesiana da Mooca

                     









Em Roma o senhor teve contato com o Papa?

Quase todas as semanas íamos fazer as visitas em que ele recebia o público todo. Era o Papa João Paulo II.

O senhor chegou a ter alguma conversa pessoal com o Papa João Paulo II ?

Por três vezes! No período das férias eu fui para Castel Gandolfo, onde o Papa passa as férias. O Papa João Paulo morava ali, eu também morava em Castel Gandolfo o encontro era quase semanal. Lá tem a comunidade salesiana também.

Como era o Papa João Paulo II ?

Era muito receptivo, Tivemos conversas particulares por três vezes ou até mais. Geralmente falávamos sobre o que a Igreja precisa, sobre os padres novos. Ele deu início ao Concilio, e o resultado é o que vemos hoje.

Chegaram a tomar alguma refeição juntos?

A primeira refeição ele foi até a minha casa, foi almoçar em casa, era em frente uma da outra, Depois ele me convidou para almoçar com ele. Aquele menino caipira do sítio, de Piracicaba, olha onde foi parar!

Quando o Papa João Paulo foi almoçar em sua casa o que foi servido?

O Papa já tinha vindo ao Brasil, sabia que aqui todo mundo come feijão, então tinha feijão e arroz lá também.

O Papa comeu arroz e feijão?

Ué! Estava na mesa não é? Ele sabendo que eu era de origem italiana mandou fazer uma polenta, foi o que ele trouxe. Essa adquação é muito edificante. O Papa João Paulo II manifestava um amor especial aos brasileiros. Quando fui almoçar na casa do Papa também tinha arroz, feijão, macarronada. Na terceira vez ele almoçou na Comunidade Salesiana onde eu morava. Ai já foi um almoço comunitário.

Houve alguma oportunidade de encontrar o Patriarca da Igreja Ortodoxa?

Fui fazer uma visita de quase um mês na Terra Sntaa, tive a oportunidade de almoçar com o Patriarca  da Igreja Ortodoxa, isso em Jerusalem. Foi um almoço informal.

Qual era o idioma utilizado para conversarem?

Era o italiano.

O senhor fala quantos idiomas?

Nem português como deveria falar! Caipiracicabano acredito!

O senhor tem como característica marcante a humildade.

Não tenho que me prevalecer em nada porque tudo foi Graça de Deus.

Após ter permanecido em Roma, de volta ao Brasil, para que local o senhor foi solicitado?

Voltando de Roma fui nomeado diretor do Liceu Nossa Senhora Auxiliadora em Campinas onde permaneci por cinco anos. O Padre Inspetor me nomeou diretor do Seminário de Filosofia, em Lorena, tinha uns setenta alunos, seminaristas. Após isso fui nomeado promotor vocacional dando apoio aos jovens que queriam ser padres. Fui nomeado Inspetor Vocacional de toda nossa Inspetoria Salesiana em São Paulo e o Estado do Paraná. Me fizeram diretor do Seminário de Filosofia, onde estudei.

O senhor teve a ordenação episcopal em que ano?

Foi em 1988.

Como Bispo de Lins quantas cidades pertencem à diocese?

A diocese abrange 97 cidades, de Lins até Mato Grosso, depois que fizeram a Rodovia Marechal Rondon ficou até fácil, as cidades todas estão ao lado. Quando eu cheguei lá ainda era estrada de terra.

Todo bispo tem um lema, qual é o do senhor?

O meu lema é: “O amor jamais passará” (Caritas Nunquam Excidit) é da Primeira Carta de São Paulo aos Corintios, capítulo 13, versículo 12.

                      QUADRO NA RESIDÊNCIA DE DOM IRINEU DANELON

Há uma diminuição de vocaçoes sacerdotais?

Depende muito da formação que os padres realizam. È necessário buscar, preparar, apoiar, as vezes até economicamente, tudo tem um custo. Não faltam vocações, necessita haver apoio. O padre ao exercer bem o seu ministério atrai o jovem para o sacerdócio.

Nomes de grande projeção nacional, empresários, publicitários, segundo a mídia, dizem que rezam o terço regularmente.

Eu rezo o rosário, que são três terços, todos os dias. Principalmente durante as viagens, quando se tem mais tempo. Não é necessário rezar em voz alta.

O senhor tem algum livro escrito?

Tenho vários. Um deles é Promoção Vocacional, não faltam candidatos ao seminário, o que falta é quem os promova. Quem chame, dê animação. Como bispo eu ordenei 27 padres. Trabalhei no aspirantado, no noviciado, tenho um especial amor a esses jovens que enfrentam muitas dificuldades para poder tomarem essa decisão. A gente compreende, visita a família, apazigua a família, há casos em que os pais estão esperando do filho um apoio econômico.

Como o senhor vê essa profusão de religiões?

Vejo como a falta de uma catequese em profundidade. A simples decoração de algumas perguntas e respostas não tem o conhecimento profundo de Jesus Cristo. As vantagens que tem um discípulo de Jesus. Alguns têm a religião mais por tradição familiar, sem uma formação especial. Como conseqüência a religião tornou-se um costume mais do que uma doutrina.

Há diferença entre religião e fé?

A fé faz parte da verdadeira religião.

O senhor tem devoção especial a algum santo?

Por tradição, Santo Antonio, meu pai é Antonio, minha mãe Antonia, o padroeiro de Piracicaba é Santo Antonio, meu irmão Antonio casou-se com uma moça chamada Antonia, tenho muita fé em São João Bosco. É admirável a sua forma de vida, a maneira educada de tratar as pessoas, pelo empreendimento que ele teve na sua vida. Tanto na cadeia, nas escolas, no colégio que ele fundou, fui o primeiro aluno do Colégio Salesiano Dom Bosco de Piracicaba, então ele é um dos meus santos desde criança.

O senhor praticava esportes?

Nunca fui bom de bola! Mas sempre participei, no sítio em que eu morava tinha um cercado, lá foi transformado em um campo, um gramado bonito, nos fins de semana tinha o joguinho de futebol lá. Eu era mais juiz do que jogador!

Como foi a reação familiar na ordenação episcopal do senhor?

Meu pai já havia falecido, minha mãe participou da missa da minha ordenação episcopal. Ela ficou muito emocionada, chorou durante a missa toda. Quando dei a palavra à ela, em sua simplicidade ela afirmou que valeu a pena todo sacrifício. Foi sacrificada, uma formação de longo período. Ela ia de vez em quando de Piracicaba para Lavrinhas, tinha que tomar dois trens. Parar em São Paulo. Tudo desconhecido para ela. E também porque eu era um dos filhos já estudados, que talvez levasse um apoio financeiro à família, mas no fim eu recebia o apoio da família. Eles nunca esperaram que o filho fosse padre, não tinha ninguém com essa formação na família. Muito menos bispo. Ela chorou. Eu chorei. Muitos dos que estavam na missa choraram.




                                                   Filme Dom Bosco – completo



O Sonho de Dom Bosco - Il sogno di Giovanni - Brasil - Italia - Recine 2011


Brasília - sonho de Dom Bosco

Relíquias de Dom Bosco

A urna com as relíquias de Dom Bosco em Piracicaba,SP
 




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