domingo, agosto 30, 2009

BRASILEIROS VÃO ACESSAR INTERNET PELA TOMADA


BRASILEIROS VÃO ACESSAR INTERNET PELA TOMADA
Os brasileiros poderão acessar a rede mundial de computadores pela tomada. A medida foi aprovada pela diretoria colegiada da Aneel na última terça-feira (25), e criou as regras. A decisão vai beneficiar 63,9 milhões de unidades consumidoras de energia elétrica, interligadas por mais de 90 mil quilômetros de transmissão e distribuição, com as regras para o uso da tecnologia Power Line Communications (PLC). A efetiva implantação do sistema agora depende das empresas e distribuidores de energia, que devem apresentar os projetos. Assim que implementado, o serviço de acesso à internet e a TV por assinatura será realizado por meio da rede elétrica - já presente em quase 100% das residências do Brasil. O prestador do serviço de PLC deverá seguir os padrões técnicos da distribuidora, o disposto em Resolução da Aneel e na regulamentação de serviços de telecomunicações e de uso de radiofrequências da Anatel. A implantação e exploração do PLC não poderão comprometer a qualidade do fornecimento de energia elétrica para os consumidores e se houver necessidade de investimento na rede, o custo será de responsabilidade da empresa de telecomunicações.O regulamento determina as condições para a utilização da infraestrutura das empresas distribuidoras de energia elétrica para implantação do sistema que permite a transmissão de dados por meio da rede de distribuição. A norma delimita o uso das redes elétricas de distribuição para fins de telecomunicações, garantindo a qualidade, confiabilidade e adequada prestação dos serviços de energia elétrica, gerando incentivos econômicos ao compartilhamento do sistema e zelando pela modicidade tarifária.Economia - O emprego da tecnologia possibilita novos usos para as redes de distribuição de energia elétrica, sem que haja necessidade de expansão ou adequação da infraestrutura já existente. A economia representa a redução de custos aos consumidores, que serão beneficiados com a apropriação de parte dos lucros adicionais obtidos por meio da cessão das instalações de distribuição, o que poderá baixar as tarifas.A Agência prevê que a apuração da receita obtida pelas concessionárias de energia com o aluguel dos fios para as empresas de internet será revertida para a redução de tarifas de eletricidade, nos termos de legislação específica estabelecida pela Aneel. Esse critério já é utilizado no aluguel de postes para passagem dos cabos da telefonia. Embora seja utilizado o mesmo meio físico (as redes de distribuição de energia elétrica), a tecnologia permite o uso independente dos serviços e, portanto, a concessionária poderá também utilizar a infraestrutura do prestador de serviço de PLC para atender às suas necessidades e interesses.Ao disponibilizar a sua rede de distribuição, a concessionária deverá dar ampla publicidade por um prazo mínimo de 60 dias para a manifestação dos interessados. A escolha do prestador do serviço deverá ser divulgada em até 90 dias após o pedido.
E-mail :
emquestao@secom.planalto.gov.br

sábado, agosto 29, 2009

MUSEU DO LAR DOS VELHINHOS - PIRACICABA















































































MÁRIO ANDRÉ

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com

Sábado 29 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/
http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO : MÁRIO ANDRÉ


Segundo estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, as pessoas otimistas são as que vivem mais e melhor. O que a ciência explica com dados estatísticos, a sabedoria popular já ensina faz tempo: rir é o melhor remédio. Os sentimentos positivos e o bom humor, além de fazerem bem à saúde, facilitam e melhoram os relacionamentos entre as pessoas. Afinal, ninguém agüenta por mais de alguns minutos aquele sujeito de cara feia, cuspindo fogo pelas ventas e incapaz de rir de si mesmo. Otimismo, alegria e bom humor são justamente os antídotos contra o câncer e problemas infecciosos graves, contra a temida aterosclerose que pode provocar um acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio. Procurar viver com alegria, evitar o mau humor, buscar contornar os conflitos sem muito desgaste, ter uma atitude positiva diante dos desafios da vida, e cultivar boas relações com a família e os amigos é o caminho para as emoções saudáveis. È impossível permanecer mais do que alguns instantes com Mário André sem perceber o seu bom humor contagiante. A vida é um palco onde ele atua com raro brilho. Nascido na cidade de São Manoel em 20 de agosto de 1920, filho de Mansueto Andrello e Lúcia Bertoncin Andrello imigrantes italianos, Mário surpreende a todo instante. Raciocínio e memória perfeitos. Desloca-se com facilidade inclusive em escadas.
Como seus pais vindos da Itália foram morar em São Manoel?As famílias dos meus pais conheceram-se ainda no navio que os trouxe para o porto de Santos. Na ocasião meu pai veio com 10 ou 12 anos de idade e a minha mãe com 9 ou 10 anos de idade. Após o desembarque, seguiram para São Paulo, e depois rumaram para São Manoel. Casaram-se e tiveram oito filhos, cinco mulheres e três homens.
Qual era a atividade do seu pai?Era agricultor. Em 1940 a família veio para São Paulo, fomos morar no bairro da Mooca. Meu pai faleceu pouco tempo depois. Estudei em São Manoel no Grupo Escolar Dr. Augusto Reis, a minha primeira professora chamava-se Margarida, a segunda foi a Isabel, a terceira foi Dona Odete César Calvinet, com quem tive aulas no terceiro e quarto ano. Foi uma professora que foi uma mãe para mim, eu a ajudava na conferência de lições de casa dos alunos. Ela tinha muita consideração por mim. No final do quarto ano ela me presenteou com o pagamento das fotos e do diploma de grupo, na época mesmo em escola estadual o diploma era pago e custava cada um, sete mil e quinhentos réis. Comecei a trabalhar muito novo, aos cinco anos de idade eu levava a cabrita para pastar, cortava capim, rasgava palha.
O que é rasgar palha?Vinha só o cartucho da palha de milho, sem o sabugo, tínhamos que desmanchar aquilo tudo e tirar o nó, para depois desfiar e fazer o colchão de palha. Ficava um colchão muito bom. No calor não esquentava e no frio não se sentia tanto frio. Era um colchão bem alto, para se fazer um colchão eram rasgados quatro sacos de palha. A cada dois ou três meses, minha mãe fazia uma revisão nos colchões, os mais gastos eram jogados no lixo.
Não ia nenhum inseto junto com a palha de milho?Nós tínhamos que tirar todo tipo de elemento estranho. Isso era feito folha por folha de palha.
Quando foi o seu primeiro emprego?Primeiro trabalhei em uma loja de música e discos da minha professora, passava o dia todo tocando música. Lembro-me de várias músicas (Mario passa a cantarolar algumas), a mais antiga que eu conheci foi (ele canta): “Tu não te lembras da casinha pequenina/Onde o nosso amor nasceu/Tu não te lembras da casinha pequenina/Onde o nosso amor nasceu/Tinha um coqueiro do lado/Que coitado de saudade já morreu”. Depois fui trabalhar como aprendiz em uma fábrica de calçados. Aprendi a fazer sapatões, botina de futebol, sapatinhos de criança. No meu tempo os pregos de madeira utilizados para fazer sapatões estavam sendo extintos. Primeiro era feito o furo, depois fixado o prego de madeira. A prefeitura comprava muitos sapatões com pregos de madeira, o prego de metal enferrujava e estragava logo. Não era usada graxa, eram feitos de um tipo de camurça grossa. Os números mais vendidos eram de 40 para cima. Trabalhei na Fábrica de Calçados Melilo, dos irmãos José e Rafael Melilo, ambos italianos. Eles gostaram muito de mim, e da fábrica fui trabalhar na loja deles.
O senhor saiu dessa loja com que idade?Tinha uns doze anos, andava ainda de calça curta, logo passei a usar calça comprida. Fui trabalhar na Casa União, maior casa de São Manoel, um verdadeiro shopping, ali tinha desde alfinetes, guarda-roupa, cereais. Os sitiantes compravam lá, no dia de pagarem as compras eles vinham de caminhão, jardineira. Com as famílias de imigrantes italianos, eu tinha que procurar falar em italiano. No sábado seguinte vinham famílias de outras fazendas que tinham recebido imigrantes espanhóis, eu tinha que aprender a falar o espanhol.
O que eles mais consumiam?Os imigrantes praticamente compravam no armazém açúcar, trigo e sal. O resto eles mesmo produziam. Plantavam, criavam porcos, frangos, faziam o vinho. Houve um tempo em que os fazendeiros tiveram suas lavouras tomadas por pragas. Os pés de café morriam em pé. Em três anos os imigrantes mudaram em grande número para São Paulo. São Manuel diminuiu a sua população.
Por quanto tempo o senhor permaneceu trabalhando na Casa União?Entrei com doze anos e saí com vinte anos de idade, permaneci lá por oito anos. Prestei o serviço militar, no dia 7 de setembro de 1939 jurei á bandeira. No dia 15 de setembro fui para o encontro da minha família que já estava em São Paulo. No dia seguinte meu pai faleceu. Naquele tempo a viagem era feita pela Estrada de Ferro Sorocabana, de São Manoel á São Paulo a viagem durava 8, 9 até 10 horas. Eram trens com 15 a 20 vagões, havia um movimento bem grande de trens naquela época. A locomotiva era a vapor. Na época eu usava terno de brim, fui usar linho depois, linho era roupa de gente de posses.
No período em que o senhor ainda solteiro permaneceu em São Manuel quais eram as suas formas de lazer?Eu gostava de dançar. Cheguei a participar da diretoria do Grêmio Recreativo Sete de Julho. Era um teatro famoso com frisa, camarote. Antes de trabalhar no comércio, na Casa União eu gostava de jogar uma bolinha. Também fui coroinha um bom tempo, na Igreja Matriz de São Manoel. Teve um caso pitoresco que ocorreu nesse período. O padroeiro da cidade era São Manoel. Por uns 10 anos foi feita a veneração á imagem do santo que ficava no altar, até então para todos simbolizava São Manoel. Com a vinda de uns padres italianos, eles imediatamente perceberam que a imagem venerada não era a de São Manoel e sim de São Sebastião! Imediatamente foi trocada a imagem!
O senhor conheceu a família Mellão em São Manoel?Eles foram fazendeiros fortes! Meu pai trabalhou para eles. Era uma gente muito boa. Havia a família Barros também de São Manoel. Tive amizade com Adhemar Pereira de Barros, ele foi interventor de São Manoel, isso no governo Getulio Vargas. Eu freqüentava a casa dos pais do Dr. Adhemar.
Indo morar em São Paulo, por quantos anos o senhor morou lá?Morei uns 20 anos em São Paulo. Logo que mudei fui trabalhar em uma loja de calçados na Rua Piratininga. Quando fui trabalhar na Rua Piratininga, em 1940, estava começando a se transformar em uma rua com uma grande concentração de lojas de peças para veículos. Até pouco tempo antes tinha sido uma rua com muitas lojas de roupas. Um conhecido convidou-me para ir trabalhar em um chalé de jogo do bicho, na época era uma atividade legal. O governador Lucas Nogueira Garcez foi quem colocou a atividade do jogo de bicho na ilegalidade. Fui trabalhar em uma casa de frios na Rua Paula Souza, eu tinha conhecimentos de contabilidade, e qualificações para trabalhar no escritório da empresa. Fui trabalhar como faturista. Eu ia trabalhar de bonde.
O senhor conheceu Gino Amleto Meneghetti ?Foi o maior ladrão do mundo! Não conseguiam prende-lo. Cheguei a vê-lo pessoalmente. Era um sujeito alto, forte, sempre com um sorriso. Ele fugia de qualquer cadeia, os populares gostavam dele, Meneghetti virou notícia e ganhou grandes espaços nas páginas policiais tinha a fama de tirar dos ricos para dar aos pobres.
Da casa de frios da Paula Souza aonde o senhor foi trabalhar?Fui trabalhar na Serraria Maluf, que ficava na Rua da Mooca quase esquina com a Rua Piratininga, de propriedade de Nagib Maluf. Usando uma máquina de calcular manual, aquelas de manivela, fiz o cálculo cúbico de madeira para ser embarcada em um navio, com essa máquina. A história do Nagib Maluf é bastante curiosa, ele morava no Rio de Janeiro, por alguma razão ele mudou-se para São Paulo, ele então abriu várias barbearias, sete ou oito, sendo que ele não sabia fazer barba, mas contratava e pagava muito bem os barbeiros. Com isso conseguiu comprar essa serraria. Ensinei o filho dele, o Ivan, a calcular preços de madeira conforme a medida. Sai de lá e fui trabalhar com os irmãos De Lorenzzi, na venda de máquinas agrícolas, baterias, diversos tipos de máquinas. De lá eu fui trabalhar na Fabrica de Cofres Nascimento, que era a maior fábrica de cofres da América do Sul, ficava na Rua Siqueira Bueno. O Seu Nascimento era o chefão da firma. Havia na empresa um piloto de automóveis que fazia parte de uma equipe de corridas. Quem sempre aparecia por lá era o famoso corredor de automóveis (piloto) Carlo Pintacuda. O Nascimento passou a fazer equipamentos de gasogênio para veículos. Chegaram a fabricar até 500 unidades em um mês. O motor tinha força, não tinha velocidade, os caminhões à gasogênio subiam a serra de Santos, carregados. Nesse tempo até carro de corrida foi feito para correr usando gasogênio.
Da fábrica de cofres o senhor foi trabalhar aonde?Montei uma sociedade com meu irmão para fabricarmos móveis provençal, na Rua Siqueira Bueno. Chegamos a fabricar 40 conjuntos de dormitórios por mês, a nossa fábrica chamava-se Indústria de Móveis Lumar Ltda, a origem do nome Lumar era Lu de Luiz e Mar de Mario. Fazíamos colchões com capim, existiam os fornecedores de capim. Depois passamos a fabricar os colchões de algodão. Permaneci na fábrica por uns 10 anos. Morei na Vila Formosa, na Avenida Dedo de Deus.
Quem comprava esses móveis?Os nossos maiores clientes era lojistas, geralmente judeus. Vendi para Benjamin Lafer, Benjamin Kaufman. Os móveis eram feitos com a madeira canela-sassafráz.
O senhor foi mariano em São Paulo?Fui mariano na Igreja Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro Água Rasa. Cheguei a ser presidente da congregação mariana. Entrei como aspirante, passei a ser mestre de noviço. Uma vez por mês, no segundo domingo do mês havia a hora de guarda, hora santa, com o Santíssimo exposto, das duas horas ás três horas da tarde. O padre dava a benção do Santíssimo e ia embora. Uma vez por mês havia também a missa da Congregação Mariana. A Irmandade do Santíssimo era quem carregava as tochas nas procissões, e o pálio. Quem puxava a procissão era a Irmandade de São Benedito. Ocorreu um fato interessante, houve uma mudança de padre, e o que assumiu resolveu quebrar uma tradição de 50 anos, colocou outra irmandade com outro santo para puxar a procissão. A Irmandade de São Benedito foi deslocada para o fim da procissão. Ás cinco horas da tarde choveu bastante. Foi adiada para outro domingo a procissão. No domingo seguinte choveu outra vez. Novamente foi adiada a procissão. Só depois da terceira vez que foi adiada, é que o padre decidiu manter a tradição de São Benedito retornar á frente da procissão, e assim foi realizada sem uma gota de chuva. Estou vivo para contar a verdade.
Como o senhor conheceu a sua esposa?Ela foi para São Paulo para tratar-se do estomago, e ficou hospedada na casa da sua irmã. O cunhado dela era congregado mariano, e um dia me convidou para ir até a sua casa. Ele então me apresentou para ela: “Mario, esta é a Maria, irmã da Natividade!”. Na hora de voltar para casa, perguntei á Maria se poderia voltar a vê-la no dia seguinte. Ela consentiu, eu voltei. E assim foi um mês. Uma noite o meu sogro que tinha viajado de Piracicaba para lá, viu que estávamos conversando. O meu sogro chamava-se Silvio Assalin e a minha sogra Adélia Micheletti. A minha esposa chama-se Maria Assalin André, ela é família Micheletti, que foi proprietária da Padaria Pansa.
O senhor e sua esposa casaram-se em que ano?Foi no dia 5 de junho de 1948, na Igreja São Benedito, a catedral de Piracicaba estava em reforma. Continuei trabalhando em São Paulo. Depois meu irmão Luiz e eu montamos uma padaria no Arraial de São Bento.
Quantos filhos o senhor tem?São três: Mario José, Mansueto Antonio, Martha Aparecida.
Quando o senhor veio definitivamente para Piracicaba?Foi em 1967, mudamos para a Rua Prudente de Moraes, próximo a linha da Sorocabana. Passei a fazer a contabilidade da padaria Pansa, que na ocasião estava em franco desenvolvimento. A razão social da Pansa era José Micheleti e Filhos Ltda.
O bolo de Santo Antonio foi feito pela primeira vez na Pansa?O meu filho Mario José e o Sr. Altafin fizeram o primeiro Bolo de Santo Antonio.
O senhor é poeta?Sou poeta! Tenho uns sessenta trabalhos entre poesias, contos, histórias, sonetos, crônicas.
Onde o senhor busca inspiração?
Desde os meus 12 anos de idade, ainda morando em São Manuel, já estava escrevendo. Sou um dos sócios fundadores do Clube do Escritor de Piracicaba.
Entre seus muitos poemas, o das Moedas Escurecidas é muito curioso.
Em São Manoel existiam os hansenianos, eles pediam esmolas, montados em um cavalo e com uma canequinha. Os negociantes que adquiriam essas moedas colocavam-nas em um braseiro, para fazer a assepsia das mesmas. Elas ficavam escuras por passarem pelo calor. As moedas voltavam a circular, porém escurecidas. Por minha mão passaram muitas delas. É importante saber que a hanseníase tem cura hoje.

Comentários:
Caros amigos.
Estou tentando contato com Sr. Mário André ou familiares pois tenho site do bairro da água rasa e o Sr. Mario faz parte da história do bairro.
estou coletanto fotos para o site do bairro sobre a história do comercio, industria, escolas etc. desde as decadas de 40 até os dias atuais.
quem puder me colocar em contato com o Sr. Mário para que possa receber fotos do bairro no tempo em que ele tinha uma fabrica de móveis eu agradeço a colaboração.
Site: www. boleirosdaaguarasa.com
Meu e-mail: waldevir@gmail.com
Este siteé do bairro e não tem nenhum vinculo comercial, politico e religioso com nanhuma empresa ou instituição.
Ele só conta a historia do bairro da água rasa - são paulo .
Agradeço no que puderem colaborar.
Waldevir;
# postado por waldevir : 11:36 AM  


Por uma feliz coincidência caiu em minhas mãos o blog do Nassif que contou coisas interessantes sobre Mário André e seu famoso bom humor e otimismo.
De fato, rir é o melhor remédio para enfrentar os reveses da vida.
Mas não é por isso que estou escrevendo. É que Mário André nasceu em São Manuel e morou aqui por muitos anos, estudou no Grupo Escolar Augusto Reis, aprendeu a fazer sapatões na fábrica de calçados Melillo. Acontece que fui casada com um dos Melillos, o Mário, cujo apelido era Babeche, não sei por quê.
Hoje sou viúva e sou um ano mais velha que o Mário André, pois nasci em 1919 em Pederneiras onde, meu pai lecionou por alguns anos, deixou a carreira e comprou um armazém de secos e molhados em Paranhos e mais tarde em Rodrigues Alves.
Meu pai era filho de sérvios, estudou em Piracicaba onde se formou professor e conheceu minha mãe, filha de portugueses.
Tive um tio, Inocêncio Pedreira que viveu muito tempo em Piracicaba. Até hoje tenho um sofá austríaco que pertenceu aos tios.
Meu pai teve uma irmã, casada com o José Francês, cujo o filho engenheiro morreu cedo, mas o irmão João se foi no ano passado.
Eu não nasci em São Manuel, mas a vida toda foi passada aqui, onde há tempos recebi o título de cidadã sãomanoelense.
Meus filhos são netos de Rafael Melillo e Giusepina.Palumbo, que tiveram oito filhos.
Meu filho Mario Antonio se forma advogada este anoe já é avô. Meu segundo filho, Ézio Rahal Melillo já é advogado e trabalha em Botucatu e a caçula Tais Rahal Melillo trabalha em Nova York numa empresa de marketing.
Fui professora de inglês por 30 anos aqui em São Manuel, Botucatu e Avaré. Depois que me aposentei, dediquei-me à pintura, mas agora tive que parar pois a visão está péssima e a leitura de jornal se resume as manchetes.
Também não posso me queixar muito da vida, pois viajei bastante, vi muitas maravilhas do mundo e não posso me queixar, apesar de tudo ter sido tarde – analfabeta até os 9 anos, formada professora aos 20, casada aos 32, mãe aos 33, 37 e 42 e viúva aos 74 anos!
E a vida vai continuando aos trancos e barrancos.
Parabéns ao Nassif e muitas felicidades à Mário André.
São Manuel, 4 de abril de 2010.
Ednea Lage Rahal Melillo
# postado por Roberta : 7:51 AM

quinta-feira, agosto 27, 2009

RUAS DE PIRACICABA











Senador Inácio Arruda elogia PEC que restitui diploma no Jornalismo
O senador Inácio Arruda (PcdoB-CE) elogiou, na última terça-feira (25), a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), criada pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que restitui a exigência do diploma no Jornalismo. Segundo ele, a iniciativa do parlamentar sergipano irá reverter uma "decisão equivocada do Supremo Tribunal Federal".
Arruda - que é relator da PEC no Senado - ressaltou que a proposta de Valadares servirá para "reparar uma decisão equivocada do Supremo ao decidir que para produzir e transmitir a informação não se precisa de um profissional adequadamente formado, preparado para conduzir o processo de transporte das informações ao povo brasileiro".
A iniciativa de Valadares também foi elogiada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que pediu a realização de uma audiência pública no Rio Grande do Sul para debater o tema. Na última segunda-feira (24), Inácio Arruda e Valadares estiveram presentes em encontro na Universidade Federal do Ceará (UFC) para debater os caminhos ao retorno da obrigatoriedade do diploma no exercício do Jornalismo. A informação é da Agência Senado.

quarta-feira, agosto 26, 2009

O Prédio do Banespa e sua torre
Neuza Guerreiro de Carvalho

Na década de 30 a rua João Brícola sofreu grandes alterações com a chegada do edifício sede do Banco do Estado de São Paulo S/A (Banespa, como é conhecido). O banco, em grande expansão na época procurava um edifício mais de acordo com sua situação de então. Adquiriu um terreno na Praça Ramos de Azevedo, em frente ao Teatro Municipal (onde foi o Mappin) e aí construiu seu edifício sede. Mas, longe do centro bancário que se concentrava no triângulo central, encontrou dificuldades e entrou em entendimentos com a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, que era possuidora do de três edificios na rua João Brícola: o Edifício João Brícola que sediava a Companhia Brasileira de Seguros, a famosa Confeitaria Castelões desde 1893 e a Chapelaria Alberto. Feita a troca dos edificios da João Brícola com o edificio da Praça Ramos de Azevedo, e comprados mais prédios ao redor daqueles da rua João Brícola, começou-se a construção da nova sede do Banco do Estado de São Paulo nas proximidades da rua Boa Vista, 15 de Novembro, Praça Antonio Prado, dentro do coração financeiro da cidade.

O Prédio foi projetado por Plínio Botelho do Amaral e construído pela firma Camargo e Mesquita. Levou oito anos para se construído e foi inaugurado em junho de 1947. É todo em concreto armado, 17.951 metros quadrados constuido, tem 161,22 metros de altura, 35 andares, 14 elevadores, 900 degraus e 1119 janelas. Durante 20 anos foi o prédio mais alto da cidade. Recebeu o nome de Edifício Altino Arantes em homenagem ao primeiro presidente brasileiro do banco.

Depois da privatização em 2000 quando passou para o grupo Santander - Banespa, deixou de ser sede bancária. Ao seu lado hoje há o banco Santander em uma construção super moderna, toda em vidros pretos com heliporto dotado de sistemas de seguran

Agora é ponto turístico e instituição cultural.
Seu saguão principal tem quase 400 metros quadrados, paredes de mármore de 16 metros de altura e piso de granito decorado com brasões de bronze. Muito belo é o seu grande lustre de cristal nacional em estilo "decô-eclético" com 13 metros de altura, 2 metros de diâmetro e dez mil peças de cristal pesando uma tonelada e meia.
O edifício abriga ainda um Museu, que preserva a memória de instituição, uma Biblioteca.

Ponto turístico obrigatório é a visita à sua torre, de onde se pode observar grande parte da cidade. E identificar muitos dos lugares. Numa última visita à torre do Banespa neste 2004, pude observar esses pontos, fazendo uma "viagem" rotacional de 360 graus em sentido horário e identificando: logo à saída da porta, em direção Oeste, pode-se ver: a descida da Av. São João partindo da Praça Antonio Prado; os altos do Edifício Martinelli com a casa que pertenceu e onde morou o Comendador Martinelli; um pedacinho
do Vale do Anhangabaú com o chafariz decorativo; a Avenida São João e uma pequena parte do Correio.
Ainda para o lado direito vê-se o Viaduto Santa Ifigênia, com seu belíssimo piso decorado recentemente; a continuação do Vale do Anhangabaú com a passagem subterrânea (vulgo buraco do Ademar) em direção ao Norte.

Continuando à direita dá para ver o Mercado Central, o Edifício São Vito, o Parque Dom Pedro com os viadutos que compõe o sistema viário da região; o Palácio das Industrias que até o começo de 2004 abrigou a Prefeitura; a Casa das Retortas que no fim do século XIX pertencia à The São Paulo Gás Company e onde o carvão era queimado em altíssimas temperaturas para desprendimento de gás usado entre outras coisas na iluminação pública; o complexo para a Av. Rangel Pestana com a Secretaria da Fazenda, e mais longe a rua da Figueira (antiga chácara da Marquesa de Santos) com o antigo hospital Dom Pedro II

Continuando à direita vê-se o Páteo do Colégio, a rampa que leva a uma rua de ligação, as atuais Secretarias de Justiça, o Primeiro Tribunal de Alçada; toda a Praça da Sé, com o Palácio da Justiça à esquerda sobressaindo atrás dele o Fórum novo, já na Praça João Mendes; A bela Catedral em todo seu esplendor; o principal Corpo de Bombeiros da cidade.

Continuando à direita está o Edifício Joelma, em um ponto "fantasmagórico" da cidade: cenário de um crime famoso em 1948, anos depois quando no terreno já existia o prédio foi sede de um grande incêndio onde morreram mais de 300 pessoas. Na frente o "Banespinha" antigo Prédio dos Condes Matarazzo, depois sede do Banespa e atualmente sede da Prefeitura Municipal da cidade de São Paulo. No seu topo um jardim, em pleno centro que ocupa uma área aproximada de 300 metros quadrados com vegetação exuberante.
O edifício do Banco do Brasil, bastante alto, fecha o círculo.
Infelizmente não se vê o Teatro Municipal e só se vislumbra pare final do viaduto do Chá.

terça-feira, agosto 25, 2009

Tambor de Crioula e Grupo Gualajo animam hoje o aniversário da PalmaresMúsicos do Maranhão e da Colômbia encontram-se para celebrar a FCP
Hoje, quarta-feira, 19/08, a partir das 18h, a apresentação de Tambor de Crioula, grupo vindo do Estado do Maranhão, e do Gualajo, da Colômbia, abrilhantam a festa dos 21 anos da Fundação Cultural Palmares.
Manifestação cultural de raiz africana, o Tambor de Crioula é uma das mais fortes expressões culturais afro no Brasil. Praticada principalmente no Maranhão desde a época da escravidão, a manifestação foi inscrita pelo IPHAN como patrimônio imaterial da cultura brasileira, em novembro de 2007. Salvaguardar o Tambor de Crioula faz parte do projeto do governo federal de reconhecimento das formas de expressão que compõem o amplo e diversificado legado das tradições culturais de matriz africana no país.
Considerada uma das mais belas expressões culturais da dança dos descendentes de escravos, o Tambor de Crioula envolve dança circular, canto e percussão de três tambores e tem como seu santo padroeiro São Benedito - protetor dos negros.
Os tocadores e cantadores são conduzidos pelo ritmo dos tambores e das toadas, acompanhados da punga (ou umbigada): movimento coreográfico no qual as dançarinas, num gesto entendido como saudação e convite, tocam o ventre umas das outras. Cada cântico se inicia com um solista que canta toadas de improviso ou conhecidas, repetidas ou respondidas pelo coro, composto por homens que se substituem nos toques e por mulheres dançantes. Os cânticos possuem temas líricos relacionados ao trabalho, devoção, apresentação, desafio, recordações amorosas e outros. Para saber mais, só vindo até a sede da Fundação Cultural Palmares e assistir de perto a tradição do Tambor de Crioula.
O Grupo Gualajo traz da Colômbia ritmos da marimba.A marimba é um instrumento musical criado há séculos por tribos africanas e é fonte de inspiração de instrumentos de teclado, como o piano, o acordeon e o vibrafone.
O maestro José Antônio Torres Gualajo dedica-se à marimba há mais de 50 anos, estudando os mais variados ritmos que o instrumento pode ecoar. Conta a lenda, que ao nascer, a parteira de José Gualajo colocou-o em cima de uma marimba para cortar o cordão umbilical. Assim, ao ouvir a ressonância do instrumento logo ao nascer, somado à herança musical que seus pais lhe proporcionaram, Gualajo predestinou-se a ser um guardião da preservação de Marimba e de todos os ritmos que ela pode ressoar, como: currulos, aguabajos; jugas; andareles. Além de tocar, o maestro tornou-se um mestre no ofício de construir cada um dos componentes que constituem a marimba.
A iniciativa de trazer o grupo colombiano ao Brasil foi do Programa Regional de Apoio às Populações Rurais de Ascendência Africana da América Latina - ACUA.

“ESALQ realiza II Palestra e Prática sobre Poda”

A Casa do Produtor Rural, em parceria com o Grupo de Práticas em Fruticultura (GPF), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ) promovem, no dia 29/08, das 08h00 às 17h00, a “II Palestra e Prática sobre Poda”. O evento, que será realizado no Anfiteatro Heitor Montenegro, tem o objetivo orientar o público sobre os conceitos básicos da poda e os procedimentos em plantas arbustivas e arbóreas, utilizando como exemplo árvores frutíferas.

A poda compreende um conjunto de operações que se efetuam na planta e que consistem na supressão parcial do sistema vegetativo lenhoso (sarmentos, cordões e, excepcionalmente, tronco) ou herbáceo (brotos, inflorescências, cachos, bagas, folhas, gavinhas). Os objetivos da poda são, entre outros, limitar o número de gemas para regularizar e harmonizar a produção e o vigor, uniformizar a distribuição da seiva elaborada para os diferentes órgãos da planta e proporcionar uma forma determinada que se mantenha por muito tempo e que facilite a execução dos tratos culturais. Na jardinagem, poda é o ato de se retirar parte das plantas, arbustos, árvores cortando-se folhas, ramos e galhos com o objetivo de modificar sua aparência estética, o que pode ser periódico e que favorece o seu crescimento, renovando a mesma.

Informações sobre inscrições pelos telefones (19) 3429-4433 e 3429-4178 (falar com Maria de Fátima ou Marcela) ou pelo e-mail cprural@esalq.usp.br .

Programação
08h00 – Inscrições
09h00- Palestra: Conceitos objetivos e época da Poda - professor João Alexio Scarpare Filho (USP/ESALQ)
10h30 – Café da manhã
11h00 – Palestra: Operações e tipos de Poda - professor João Alexio Scarpare Filho
12h00 – Almoço
14h00 – Prática: Poda em Uva, Goiaba, Caqui e Figo - professora Simone Rodrigues da Silva, GPF e Casa do Produtor Rural
17h00 - Encerramento

segunda-feira, agosto 24, 2009

PIRACICABANO BRILHA NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Prof.Dr. Jayme Antonio Cardoso e sua esposa Profa.Dra.Suely

O piracicabano Prof.Dr. Jayme Antonio Cardoso brilha na Universidade Federal do Paraná.

A Universidade Federal do Paraná, criada em 1912, é sua casa há 51 anos; mesmo aposentado, voluntariamente ele continua dando cursos que são solicitados. Recebeu do Conselho Universitário o título de Professor Emérito. A sessão solene e pública foi realizada no dia 21 de agosto e nela também recebeu o título de Doutor Honoris Causa um americano amigo do Brasil , o importante cientista Doutor Stuart Schwartz. Além de colegas e amigos, sua família(Luiz Henrique, Walter e Quéia, e sua esposa Suely, sua filha Cristina, Antonio e Lucas, além de sua cunhada Rose) esteve lá, representando também os que moram fora: Clóvis; Ricardo que também é membro do Conselho Universitário enquanto diretor do Setor de Ciências Jurídicas.

sábado, agosto 22, 2009

NORIVAL TEDESCO
PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADO: NORIVAL TEDESCO

Norival Tedesco é uma pessoa muito conhecida em Piracicaba, tanto pela sua atividade profissional como pela sua atuação social. Acometido por uma doença crônica e progressiva, conseguiu com sucesso o domínio da mesma. Há muitos anos ele realiza o trabalho de auxílio na recuperação de pessoas que são dependentes químicos (álcool, drogas), uma atividade voluntária e sem nenhuma remuneração. É idealizador e o fundador da irmandade dos Narcóticos Anônimos em Piracicaba, que na época foi criado de forma intuitiva para atender a necessidade de tratamento de uma pessoa que Norival conhecia. Carismático, com uma franqueza própria daqueles que dizem aquilo que o coração manda, aos poucos ele envolve desde um ouvinte até uma enorme platéia, situações corriqueiras em sua vida. Defensor ferrenho do livre arbítrio, nunca critica qualquer ser humano. Sob o seu conceito, as pessoas é que devem escolher o que acham ser o melhor da vida. Norival é respeitado por todos que o conhecem. Por muitos até admirado. Nascido em Torrinha, no dia 15 de dezembro de 1931, é um dos doze filhos de João Tedesco e Maria Sapia Tedesco. Norival é casado com Da. Maria Lina dos Santos Tedesco.
Qual era a atividade do seu pai em Torrinha?
Ele tinha uma linha de ônibus, o percurso era feito com a então chamada jardineira. A princípio ele fazia o percurso Piracicaba a Torrinha. Resolveu vender parte da linha, que fazia o trecho de São Pedro até Piracicaba, ficando com a parte da linha que ia de São Pedro até Torrinha.
Antes dessa linha de ônibus de Piracicaba á Torrinha ele teve uma outra linha?
Meu pai e meu tio Miguel Tedesco foram sócios em um ônibus que ia de Piracicaba até Rio Claro. Havia uma outra pessoa que fazia a mesma linha. Houve um acordo entre eles para estabelecer um preço único da passagem, 15 unidades da moeda da época. Logo depois, o concorrente do meu pai abaixou a passagem para 13 unidades, pois um passageiro disse que pagou 14 unidades (afirmação incorreta), ao fazer o trajeto com o ônibus do meu pai. E assim ambos os ônibus foram abaixando as tarifas, a ponto de levarem o passageiro de graça e ainda pagavam o almoço para o então feliz passageiro! Chegaram ao extremo: a viagem era de graça e incluía gratuitamente um almoço e uma cerveja! Quando acabou o dinheiro, meu pai e meu tio pararam de fazer o transporte de passageiros. Só então ficaram sabendo que o concorrente tinha recursos para trabalhar mais uma semana e deveria parar. Esse concorrente tornou-se dono do Expresso de Prata. Muito tempo depois, meu pai estava em condições financeiras desfavoráveis, o dono dessa empresa ofereceu um ônibus de presente para o meu pai, que talvez por brio, não aceitou.
Qual era a marca do ônibus utilizado pelo seu pai nessa época?
Era um Ford, acredito que levava uns 15 passageiros, já era o modelo fechado. Ele teve um ônibus aberto, que fazia o percurso de São Pedro á Brotas, a estrada era muito ruim. Nós a chamávamos de “Gateada”, o motivo desse nome também não sei.
A viagem de São Pedro á Torrinha era feita diariamente?
Era feita uma viagem de ida e volta todos os dias, a estrada era de terra, na serra era bem apedregulhada.
Quando a sua família mudou-se para Piracicaba?
Acredito ser em 1937, eu tinha seis anos na época, viemos morar na Rua Regente Feijó, em frente ao campo do XV de Novembro. Sou quinzista daquele tempo, sempre arrumava um jeitinho de entrar, por ser menor, estando acompanhado eu não pagava e meu pai sempre assistia aos jogos.
Aconteceu uma fatalidade com seu pai em um desses jogos?
Meu pai morreu no campo do XV de Novembro. O jogo era XV de Piracicaba que fez 2 gols e Guarani que marcou 1 gol, o XV ganhou o jogo. Naquele ano, 1978, o Guarani foi campeão brasileiro, no domingo seguinte, dia 3 de setembro de 1978 veio jogar contra o XV em Piracicaba, no término do jogo, meu pai levantou e tornou a sentar-se, morreu naquele instante. Havia um médico presente, que fez tudo que pode, mas não tinha mais como devolver-lhe a vida. A primeira bandeira do XV, meu pai ajudou a comprar e seu caixão foi coberto com ela. Aquele dia eu não estava no campo.
Como quinzista, você guarda muitas lembranças daquela época?
Tenho uma grande saudade daqueles tempos. Lembro-me do goleiro do XV, Eduardo Farah, ficou na memória. Um time muito bom tinha em seu quadro o trio final: Índio, Raul e Renato.
O senhor estudou em que escola?
Estudei no Grupo Escolar Moraes Barros, havia um respeito muito grande pelo professor. O mais importante, e que hoje acredito existirem bem poucos, eram os professores que nos ensinavam a aprender. Ensinaram que a leitura iria ser importante na minha vida. Sempre gostei de ler. O primeiro livro que li foi Idéias de Jeca Tatu de Monteiro Lobato. Fiquei tão entusiasmado com aquelas histórias, nesse tempo a biblioteca pública ficava na Rua Governador esquina com Rua Prudente de Moraes, onde hoje está o prédio do Cristóvão Colombo, ela passou a emprestar livros para crianças, eu ficava por dois dias com o livro emprestado.
Com quantos anos você começou a trabalhar em uma livraria?
Faltavam dois dias para que eu completasse onze anos. A Livraria Brasil ficava aonde mais tarde veio a ser o Banco do Estado de São Paulo, hoje Santander, quase em frente ao Jornal de Piracicaba. Um fato curioso aconteceu nesse prédio da livraria, eu já não trabalhava mais lá quando isso aconteceu. Durante a construção do prédio do Banco do Estado, o prédio da livraria, que ficava ao lado, caiu. Deu tempo de quem estava dentro da livraria sair correndo. A livraria passou para a Rua Governador. O Hotel Central ficava ao lado da Catedral de Piracicaba. Pegado ao Hotel Central existia o Bar Comercial, era um sobrado muito antigo, na parte superior foi sede da UDN. Tinha baile de carnaval. Naquela época dançávamos ali e no Teatro Santo Estevão, onde no tempo de carnaval havia a Boca do Diabo.
Muitos já falaram a respeito desse baile da Boca do Diabo, mas ninguém contou os detalhes.
As músicas eram executadas por uma orquestra. Quando ia começar o baile de carnaval, o responsável pelo baile dirigia-se ao público dizendo: “-Por favor, se tiver presente aqui alguma moça de família, pedimos que se retire, porque nós não nos responsabilizamos pelo que possa ocorrer.” A coisa era brava! Eu era “freguesão”! . Na verdade, as moças que permaneciam eram moças mais modernas para a época. Se o rapaz começasse com muita graça, tinha alguém que vinha adverti-lo. Era um baile avançado para aqueles tempos. Hoje seria encarado de forma diferente.
Onde hoje existe a Galeria Gianetti, era o que antes?
Era o quintal do Hotel Central. Ainda ao lado da Catedral, do lado esquerdo para quem a vê de frente, hoje existe um barzinho que vende pastel, foi a primeira sede da Viação Piracicabana, começou a trabalhar com os carros Ford 1929. A corrida de um carro de praça, hoje chamado táxi, era coisa de 5 cruzeiros, dentro da cidade. Atílio Gianetti colocou o Ford 1929 cobrando 3 cruzeiros. Foi assim que apareceram o Fordinho número 1, depois o número 2, o número 3. Em seguida ele colocou um carro melhor para levar as noivas ao casamento.
Existia uma fábrica de bebidas chamada Andrade, você a conheceu?
Quanto tempo que eu perdia nessa fábrica! Eu ia entregar encomendas da livraria, quando passava pelo Andrade, situada em frente ao Grupo Moraes Barros, eu ficava contando ás garrafas que estouravam, o sistema de pressão era muito forte, ao ser enchidas muitas das garrafas não agüentavam. E assim eu permanecia pensando: “-Vou esperar estourar mais uma!”.
Quem eram os proprietários da Livraria Brasil?
Eram Francisco Brasil, Paulo Brasil e Ary Brasil. Devo muito a eles, me ensinaram o valor da honestidade. Sempre diziam para mim: “-Se você caminhar pelo caminho da honestidade, ele será longo, mas você nunca irá chegar cansado”. Conheci Thales Castanho de Andrade, era um senhor baixinho, gordinho, muito simpático. Algumas vezes cheguei a atendê-lo na livraria. Um dia eles me deram 5 cruzeiros para abrir uma caderneta na Caixa Econômica. Tive orgulho em ver o meu nome na caderneta! Passei a economizar, juntar papel que a livraria descartava, era na época da guerra, papel dava um bom dinheirinho. Eu morava pegado onde hoje existe a Padaria Assagio. Eu vendia balas no Cinema São José, as balas eram feitas pela Dona Rosa do Amaral. Vendia também amendoim. Isso tudo em um tabuleiro que era dependurado no pescoço por uma correia de couro.
Com isso você aproveitava para ver os filmes?
Eu assistia vinte e poucos filmes por semana! Com os outros baleiros, apostávamos quem lia de trás para frente á legenda, de tanta prática que adquirimos em ver as legendas. Éramos quatro baleiros: Geraldo Pinto Pereira, Antonio de Barros, eu e mais outro, que no momento não me lembro do seu nome. Nós tínhamos o Cine São José voltado ao público popular e o Broadway, que era o cinema dos “granfinos”. Foi no Broadway que alguns estudantes da agronomia soltaram um urubu em plena sessão de cinema, causando grande alvoroço.
Você conheceu uma ex-escrava?
Conheci, era a Nhá Izabé, ela morava bem na esquina das Ruas do Rosário com a Rua XV de Novembro, ao lado do Dispensário dos Pobres. Ela era uma figura muito popular, conhecida na cidade inteira, todos gostavam muito dela. Se não me engano ela ganhou aquela esquina do pai ou do próprio Luiz Dias Gonzaga. Uma das filhas dela, a Conceição, foi empregada do meu avô.
Das muitas lembranças do centro de Piracicaba, algumas são muito marcantes?
A Leiteria Brasileira ficava embaixo do Clube Coronel Barbosa, bem na esquina. Eu passava para ir ali para ir até o correio que ficava na Rua Alferes José Caetano, esquina com a Rua Treze de Maio, onde hoje está instalada a Pizza do Bira. Um dia entrei na Leiteria Brasileira e pedi um café, que custava trinta centavos. Um senhor deve ter achado inusitado para aquela época, um menino tomando café. Disse-me: “-Deixe que eu pago para você!”. Eu gostei da idéia. Quando via o homem lá eu entrava para tomar um café. Ele pagava. Um dia iam servir o meu café quando ele chegou. Perguntei-lhe: “-O senhor quer tomar um café comigo?”. Ao que ele respondeu: “-Hoje vou aceitar o cafézinho seu”. Passei-lhe os 30 centavos e disse-lhe: “-Então o senhor toma o meu porque eu só tenho 30 centavos!”. Aí ele pagou tudo. Do outro lado, onde foi o prédio Comurba, da Rua São José para a Rua Prudente de Moraes, na esquina da Rua São José havia a Garaparia Seleta, logo em seguida era o Chalé do Losso, mais á frente era o depósito Maluf, não sei para qual dos membros da família Maluf pertencia. Era depósito de açúcar preto, o açúcar mascavo, nós pegávamos aquele açúcar de sacos que ás vezes estava furado. O que comíamos de açúcar mascavo! Mais a frente, havia a farmácia que mais tarde passou a chamar-se Farmácia São Paulo. Na Rua Prudente de Moraes esquina coma a Rua Alferes José Caetano havia a Loja da Lua. Em frente á mesma, havia a Farmácia Popular. Eu passava lá, ele me dava uma caixa de Cafiaspirina, que passava a ser a minha bolsa, onde punha meus caderninhos. Quando estava muito velha a caixa, eu pegava outra nova.
Há uma passagem marcante de um natal em sua família?
Eu tinha nove anos de idade. Era véspera de natal. Dois dos meus irmãos, já um pouco maiores do que os demais, já tinham conhecimento da existência de Papai Noel. Fui com eles até uma loja, era um irmão e uma irmã. A minha missão era induzi-los a gostar e querer ganhar o presente mais barato que pudesse encontrar. A nossa situação financeira era muito difícil. Minha mãe havia me incumbido de levá-los até lá, consegui convencer a minha irmãzinha a ganhar uma boneca de pano e para meu irmão um carrinho de madeira. Á noite, umas nove horas, os dois irmãozinhos foram dormir contentes porque iriam ganhar o presente de Papai Noel. Meu pai naquela época tinha caminhão de transportes, ele não havia chegado ainda. Quando ele não conseguia serviço, voltava bravo e sem dinheiro. Aquela noite, com certeza ele deveria chegar bem tarde e as crianças não teriam o presente de Papai Noel. Minha mãe começou a chorar. Ao vê-la assim, sai, fui até a loja, a dona era brava, disse-lhe que a minha mãe estava doente, se ela não poderia dar aquela boneca de pano e o caminhãozinho, para a minha mãe ver, se ela gostasse lhe traria o dinheiro. A loja estava com muitos clientes, preocupada com as vendas a dona embrulhou os dois presentes. Eu cheguei com ele na nossa casa. Minha mãe ficou admirada, perguntou de onde era. Eu disse-lhe que era da francesa. Era a Loja do Francez, ficava quase na esquina da Rua Alferes José Caetano com a Rua Prudente de Moraes, onde mais tarde funcionou o Fórum. Nós morávamos na esquina da Rua São José com a Rua do Rosário, no dia seguinte meu irmãozinho queria brincar com o caminhãozinho, a um quarteirão da loja. Ele ia à direção á loja, eu ficava o dia inteiro tomando conta dele com medo que a dona confiscasse o seu caminhãozinho. Para ir estudar no Moraes Barros eu ia pela Rua Tiradentes, para não passar próximo da loja. Meus coleguinhas me perguntavam por que eu dava aquela volta. Respondia: “É porque eu gosto de andar!”. Sempre me lembrava dessa dívida para com a loja, quando eu tive condições de pagar a loja não existia mais.
Você conheceu a Relojoaria Muller?
Tinha as portas de madeira! O Muller gostava muito de ler, ao entrar na relojoaria, com todas aquelas jóias, relógios expostos, precisava bater palmas para que ele viesse atender. Eu ia entregar encomendas, tinha que bater palmas. Naquela época o ladrão que existia era conhecido de todos, roubava galinhas, ele era conhecido como Peru. Na Paulista eu me lembro quando a partir de onde hoje é a Avenida do Café era plantação de Algodão. Na época do carnaval não era permitida a venda de bebida alcoólica. Um soldado prendeu um homem do sítio, porque ele estava bêbado em cima do cavalo. Isso foi na Rua do Rosário. O soldado vinha puxando o cavalo, para conduzir á cadeia na Rua São José, e o homem em cima do cavalo. Quando chegou à esquina da minha casa o homem tirou o freio do cavalo, o soldado ficou só com a rédea na mão e ele subiu a Rua do Rosário levantando uma poeira só! E a criançada dando vaia no soldado.
O senhor conheceu o Comendador Mário Dedini?
Conheci. Era um homem de uma simpatia muito grande. Na época em que casou a filha dele Dona Anita Dedini com o Ricciardi, fui entregar os convites de casamento que tinham sido feitos em São Paulo. Na Livraria Brasil eu ganhava 60 cruzeiros por mês. Quando entreguei o pacote com os convites, na residência do Comendador Mário Dedini, na Rua Santo Antonio, recebi 60 cruzeiros de gorjeta, quase morri de susto.
Na Livraria Brasil o senhor trabalho por quanto tempo?
Trabalhei por seis anos. Aos dezessete anos de idade pedi a conta, o Brasil me deu mais 500 contos de presente, passei a trabalhar com o meu irmão que já tinha conhecimento na área após 10 anos de trabalho no ramo relojoeiro e de confecções de peças sob encomenda. O dinheiro que nós tínhamos disponíveis era suficiente para comprar as ferramentas essenciais, ou adquiria o laminador, onde é colocado o metal para ser laminado. Compramos na Casa Camargo, que ficava na Rua Governador com a Rua XV de Novembro, mais tarde foi a Casa Siqueira. As primeiras peças que nós fizemos nós conversamos com o motorneiro do bonde para que ele passasse bem devagar, o peso do bonde sobre o trilho laminava o ouro. Um dia 4 gramas de ouro baixo (ouro mais barato) ficaram grudadas na roda do bonde! Ficamos subindo descendo, ia até o Assunção lá em baixo, procurando, Tinha sumido. Quase quebrou a firma naquele dia. Meu tio Miguel Tedesco soube do caso e nos chamou. Disse que comprássemos o laminador, ele emprestaria o dinheiro para nós e devagar nós iríamos pagá-lo.
Na Rua do Rosário, na altura do número 2547 havia uma bomba de gasolina da bandeira Texaco, o senhor lembra-se dela?
Lembro-me sim. Ficava junto á calçada. Lembro-me até da cor, era vermelha. Ficava bem na esquina com a Rua Edgar Conceição. Era de propriedade de José Nassif.
O senhor conheceu Frei Paulo?
Eu tinha de 9 a 10 anos de idade, e os meus coleguinhas iam aprender desenho e pintura, com Frei Paulo de Sorocaba. Pedi que eles conversassem com o frei se eu poderia ir. No outro dia, eles disseram que Frei Paulo tinha dito que eu poderia ir. Fiquei todo feliz porque iria aprender. Quando eles passaram para me chamar, estavam todos de sapato. Eu não tinha sapato, fiquei com vergonha de ir, se eu tivesse ido acho que o Frei Paulo iria cuidar mais de mim do que dos outros.


domingo, agosto 16, 2009

RECORTES DE JORNAIS DE PIRACICABA- 1960/1970







MUSEU PRUDENTE DE MORAES - FACHADA












PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADA: RENATA GAVA

Em 9 de novembro de 1.869, bem antes de tornar-se o primeiro presidente civil do Brasil, Prudente José de Moraes Barros, decidiu morar com a família na casa da rua Santo Antonio, esquina com a rua Treze de Maio. Durante 32 anos a casa pertenceu ao presidente, morto em 1902. Nesse endereço, o republicano promoveu inúmeras reuniões de onde saíram diretrizes políticas que fizeram à história do País. A planta original do prédio tombado é delineada em "L", contemplando duas casas em só corpo e um chalé que era utilizado por Prudente de Moraes como escritório de advocacia. A construção, em estilo colonial e imperial, é típica das residências urbanas da segunda metade do século 19. Antes de pertencer ao ilustre republicano, o imóvel pertenceu a José Lobo Albertini e foi adquirido por 10 mil réis. Dezessete anos após a morte do republicano, a casa tornou-se sede da antiga Faculdade de Odontologia "Washington Luiz", que teve seu nome mudado em 1932 para "Prudente de Moraes". Foi também escola de Farmácia. Em 1935, a faculdade encerrou suas atividades. Cedida pela família ao governo do Estado, o imóvel foi sede do Grupo Escolar Prudente de Moraes e da Delegacia de Ensino. Somente em 13 de agosto de 1956, seria fundado o Museu Histórico e Pedagógico, que, até 1968, ocupava somente uma sala do prédio. Em 35 anos de atuação, a Sampm (Sociedade Amigos do Museu Prudente de Moraes) empenhou-se pela restauração do prédio da Casa do Presidente e pela conservação do acervo, e para recuperar elementos originais da casa do primeiro presidente civil, tendo á frente a incansável Maria da Glória Silveira Mello, bisneta de Prudente de Moraes. A Secretaria Estadual de Cultura, o Prefeito Barjas Negri, a Secretária de Cultura Rosângela Camolesi além do restauro do prédio e acervo, trazem um conceito inovador para os mais diversos segmentos da população que devem visitar o Museu Prudente de Moraes.
Renata Gava é especialista em Patrimônio Histórico e atualmente Coordenadora Geral do Museu Prudente de Moraes. Renata nasceu em Piracicaba, em 29 de maio de 1978, realizou o curso de História na Unimep, trabalhou no acervo de João Chiarini, no acervo do Museu Profª. Jair Araújo. O Museu Prudente de Moraes é administrado por uma OS (Organização Social), a Candido Portinari, que é um novo sistema do governo estadual na abordagem da cultura. Estruturado em duas áreas distintas e complementares: a administrativa e financeira e a área técnica. Estabelece uma visão atualizada e dinâmica para tratar a cultura, com a participação efetiva dos mais diversos setores da sociedade.
Renata, o acervo do Museu Prudente de Moraes estará á disposição para consultas?
Vamos disponibilizar o nosso acervo para consultas, sob um controle efetivo, que será mais rigoroso se assim for necessário, visando a preservação do mesmo. O acesso é voltado para áreas afins. Através do nosso banco de dados, o interessado a irá escolher o objeto da consulta, realizará a sua pesquisa da maneira adequada, tratando a obra com os cuidados técnicos necessários (uso de luvas, máscaras), haverá uma supervisão técnica presente para ajudá-lo. É interessante observar que os procedimentos para essas consultas são diferentes daqueles adotados em uma biblioteca comum.
Alguns livros do acervo pertenceram a pessoas ilustres?
Alguns livros da área de direito pertenceram ao Dr. João Sampaio, genro de Prudente de Moraes. O Dr. João Sampaio iniciou sua atuação, como advogado, por intermédio de Prudente de Moraes, trabalharam juntos.
Durante o período da reforma do prédio o acervo permaneceu no prédio?
O acervo foi levado para um local permanentemente monitorado e que oferecia segurança para preservar a integridade do mesmo. Houve um grande trabalho de catalogação, organizado por tipologia, envolvendo uma equipe especializada de restauradores, museólogos, fizemos o arvoramento do nosso acervo, a higienização e a pesquisa histórica. Foram cinco frentes de trabalho que estavam coordenando, com grandes profissionais da área. A Organização e Higienização dirigida pela restauradora e conservadora Daisy Stra, na equipe de Catalogação e Arrolamento, tivemos grandes museólogos na supervisão. A Museografia, que implica no espaço expositivo, na cenografia, iluminação, como o acervo será tratado, como será exposto, na contextualização do objeto junto com o texto, nas ilustrações, tudo é feito para pensar no conjunto. Ambiente por ambiente é projetado. A forma de exposição, iluminação, qual o propósito. Foi feito o aforamento, conferida peça por peça, o Estado tem a listagem. Essa relação está em um banco de dados. Sou a coordenadora do Museu Prudente de Moraes, mas é importante destacar que a museóloga Angélica Fabri é a responsável pela direção de todo esse trabalho.
Atualmente qual é o horário de funcionamento do Museu Prudente de Moraes?
Funciona de terça-feira a domingo, no horário das 9:00 ás 17:00 horas, seguindo padrão internacional. A visitação é fechada ao público ás segundas feiras. É quando nós realizamos os trabalhos necessários para a reabertura na terça-feira.
Quanto custa o ingresso para visitar o Museu?
Nada! É curioso, mas algumas pessoas fazem essa mesma pergunta.
O Museu Prudente de Moraes tem projetos voltados á comunidade?
São projetos que vamos desenvolver com a sociedade. São vários níveis de atuação, abrangendo diversas faixas etárias.
Renata, como é “morar” durante o seu período de trabalho na casa em que Prudente de Moraes morou?
Fiz parte da equipe de elaboração do projeto museográfico, coordenado pela Cecília Machado, o Moacir Corsi que tratou a museografia (cenografia, iluminação), e três pesquisadores: Marcelo Cachioni, que tratou a evolução urbana de Piracicaba, a Maira Grigoleto cuidou do lado político de Prudente, e eu cuidei do aspecto político e privado de Prudente. Sou defensora nata de Prudente, a gente sente a energia, há um envolvimento pessoal. Aqui trabalho como coordenadora, participando de tudo, mas na minha casa, no meu final de semana, é estritamente direcionado á pesquisa. Você se envolve, vive ás 24 horas do dia isso tudo.
O que a impressionou em Prudente de Moraes?
O que direcionou o meu foco de pesquisa foi a sua fala dita ao ser eleito presidente da república: “Sou Prudente no nome, Prudente por princípios e Prudente por hábito, sou também Prudente procurando evitar questões pessoais odiosas.” Isso me chamou bastante a atenção, ele mesmo se auto-definia. O seu perfil como pessoa, pai de família e como político. Ele foi sempre muito meticuloso e articulado. Foi um grande propagandista. Sair de um sistema monárquico e passar para um sistema republicano, pode-se imaginar o que isso significou e como foi trabalhar toda uma nação. Teve que ser construída uma imagem, uma identidade. O sentimento de nação teve que ser construído. Essa gigantesca obra não foi só de Prudente, mas ele foi um dos principais articuladores dessa construção, da propaganda do ideal republicano.
A pesquisa sobre Prudente de Moraes foi realizada em que locais?
Ela foi realizada em nível nacional, foi feito um levantamento histórico! Encontramos no Rio de Janeiro muitas informações, em São Paulo, Itu, Presidente Prudente.
Quais são as diferenças de atuação do museu antes e depois da reforma e reestruturação?
Hoje é mais interativo. Ao mesmo tempo em que a pessoa está lendo um texto ela está vendo o objeto exposto, e a tecnologia (vídeo) interage. São informações oferecidas por várias maneiras. Era esse o nosso propósito. Hoje os museus trabalham com essa metodologia.
Qual foi a reação dos visitantes ao encontrarem o museu em sua nova fase?
As pessoas nos procuram para fazer elogios. Procuramos trabalhar com várias frentes de informações, isso não está explicito. Só que as pessoas percebem, elas não fazem uma análise técnica como nós, mas elogiaram muito o trabalho em si. Isso é muito gratificante.
Qual é a importância do Museu Prudente de Moraes para Piracicaba e para o Brasil?
Prudente de Moraes foi o primeiro presidente civil eleito pelo povo. Essa é uma grande importância. No contexto em que vivemos hoje, a República, existe graças também a ele. Temos que passar essa conscientização para a população. Se hoje somos cidadãos com direitos é uma conseqüência da própria República.
Como era Prudente de Moraes como pessoa?
Em relatos, cartas pessoais o que se nota é que era muito amável com os seus filhos. A sua preocupação era de ser uma pessoa correta, uma pessoa exemplar para seus filhos. Isso eu pude perceber nas suas cartas. Sem contestação, era uma pessoa regrada. Temos expostos cadernos de anotações dele. Ele era muito sistemático. Ao mesmo tempo era amável, procurava ajudar as pessoas, ele era uma pessoa justa. Honestíssimo, e não era rico. Eu o considero um grande propagandista da República. Ele acreditou, sonhou e lutou por isso.
Prudente de Moraes faleceu acometido por qual doença?
Pela tuberculose. Ele era uma pessoa sistemática, tinha um autocontrole de saúde imenso. No seu caderno de anotações marcava o seu peso, o peso da sua esposa. Era um homem alto e magro. Afastou-se por um período da vida publica para fazer uma cirurgia de extração de calculo renal. Isso em uma época em que o risco de morrer em uma operação dessa natureza era bastante alto.
Ele tinha alguma fruta preferida?
A jabuticaba! Ele tinha verdadeira paixão por jabuticaba. Nós plantamos simbolicamente, aqui no museu dois pés de jabuticaba, nossa idéia é usá-los para trabalharmos nas ações educativas a serem realizadas pelo museu.
O foco de trabalho do Museu é voltado para quais faixas etárias?
Vamos trabalhar com alunos do curso primário, do ensino médio, pessoas da terceira idade. Dentro de cada projeto iremos desenvolver as atividades pertinentes.
Qual são as reações das diversas faixas etárias em visita ao museu?
As reações mais engraçadas sempre são das crianças. Quando entram no museu elas vêm tudo diferente, observam de forma diferente, tanto os objetos, os textos como as imagens. Ao mesmo tempo em que falam da barba usada por Prudente de Moraes, hoje não é habito o uso de barba. Para uma pessoa de meia idade era usual!
Prudente de Moraes era uma pessoa reservada?
Era bem reservado. Mesmo sendo um homem que foi vereador, deputado provincial, deputado geral, governador, senador e presidente da república. Um dos seus apelidos era “Caipira de Piracicaba”, e isso é que traz admiração, como ele conseguiu chegar a tão grande nível. Deve se considerar que na época Piracicaba era uma cidade com bastante expressão no cenário nacional. Havia um grande número de escravos, isso significava que também havia um grupo maior de pessoas de elite, e a elite era política.
A reestruturação e reforma física do Museu Prudente de Moraes deve despertar maior interesse do público com relação à importância histórica de Prudente de Moraes?
O museu foi feito para a sociedade. Queremos trazê-la para dentro do museu. Estaremos desenvolvendo projetos e programas para que isso ocorra.
Como historiadora, para você, qual é a importância dessa nova fase do Museu Prudente de Moraes?
Eu cursei história focando a minha profissionalização na área da preservação, a minha especialização é em patrimônio histórico. Isso me faz muito feliz em poder estar trabalhando no Museu Prudente de Moraes. E acreditar nessas frentes de trabalho que serão desenvolvidas. Como coordenadora não fico restrita a cuidar apenas do museu, o museu é uma interação, não é apenas uma informação. Ao mesmo tempo em que há uma exposição, existe uma equipe cuidando da preservação. Isso é também uma frente de trabalho. Quando trazemos as crianças ao museu, é outra frente de trabalho, são ações educativas. A criança tem uma visão diferente do adulto. A pessoa de mais idade está focada no objeto, algo que a remete a um tempo que ela viveu. Ela não se atenta á informação. A criança tem o objeto, as ilustrações e faz a ligação desse todo com o texto.
A reserva técnica do museu já está organizada?
Quando falo em reserva técnica, me refiro a guarda de objetos. Ela já está montada, seguindo padrões internacionais.

Museu Prudente de Moraes. Entrada gratuita ao público. Rua Santo Antônio, 641. Informações: 3422-3069.

terça-feira, agosto 11, 2009

MARIA JOSETE LATORRE BRAGION



PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

JOÃO UMBERTO NASSIF

Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 08 de agosto de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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ENTREVISTADA : MARIA JOSETE LATORRE BRAGION

O Lar dos Velhinhos de Piracicaba foi fundado em 26 de agosto de 1906 por Pedro Alexandrino dos Santos. A princípio denominado como Asylo de Velhice e Mendicidade de Piracicaba, sempre contando com inúmeros colaboradores e beneméritos, muitos dos quais, anônimos. Sob a direção de Jairo Ribeiro de Mattos, transformou-se na Primeira Cidade Geriátrica do Brasil. O Lar não é um lugar de abrigo e esquecimento, um depósito, é uma cidade com habitantes que tem cada um sua moradia, entram e saem conforme a vontade e disposição de cada um. A beleza do lugar aquece os corações dos seus moradores e dos que ali passam. O desafio é diário para a existência desse complexo, que abriga também bom número de idosos quase sem recursos. Hoje é de fato uma cidade dentro da cidade de Piracicaba. Jairo Ribeiro de Mattos é o símbolo vivo do Lar dos Velhinhos. Aqueles que o acompanham de forma mais próxima sabem da sua luta, sua obstinação. Dr. Jairo fez do Lar a sua causa, e como é de seu caráter, resoluto, deixou muitas pessoas, inclusive autoridades de respeito em nosso país, simplesmente de boca aberta ao verem suas realizações. Com longo histórico de falta de recursos, graças á fé inabalável de Jairo, que transmite para todos que o rodeiam, Deus tem provido os mesmos. A Primeira Cidade Geriátrica de Piracicaba é uma das maravilhas da Noiva da Colina.
Professora Josete, como foi que a senhora escolheu o Lar para residir?
Pertenço a Instituição Vicentina, e nessa condição por muitas vezes vim procurar abrigo para as pessoas que atendemos. Vinha muito também para passear, olhar, ver as pessoas residentes aqui. Comecei a perceber que é um lugar muito bom. Em 2006 conversei com Dr. Jairo Ribeiro de Mattos e adquiri a casa onde hoje moro. Fiz uma reforma, adaptando-a conforme desejava. Passei a morar aqui em 2008.
Quando a senhora anunciou que mudaria para o Lar houve alguma reação por parte de alguns de seus amigos?
Alguns acharam que eu era demente! Não conseguiam entender o porquê da minha decisão de vir morar aqui. Chegaram a passar e-mails.
A senhora gosta de viajar?
Gosto! Acho que temos que viver. Não adianta se enclausurar. Faço parte do Friendship, já estive nos Estados Unidos, México, Alemanha, França, Holanda, Colômbia. Também já viajei pelo Brasil. Estou planejando uma vigem para a Rússia. Recebo regularmente correspondência dos amigos que fiz nesses países.
Em qual língua a senhora comunica-se?
Mímica! É divertido.
A senhora faz ginástica?
Faço hidroterapia na piscina térmica, aqui no Lar, quase no quintal da minha casa. Realizamos atividades de acordo com a idade da gente, sob a orientação de uma professora.
Qual foi a sua sensação no primeiro dia em passou a morar aqui?
Foi ótima, maravilhosa. Eu chamo o Lar de “Porta do Céu”! É tanta paz! Quando passamos pelo portão de entrada sentimos uma tranqüilidade, uma paz que é difícil explicar o porquê sentimos isso. Todas as pessoas que passam pela portaria falam a mesma coisa. Aqui temos os recursos que são necessários, além de convivermos com pessoas da mesma faixa etária. Nos dias atuais, temos que ter a consciência de que uma família tem suas obrigações diárias, filhos, faculdade. Uma pessoa com mais idade, exige cuidados especiais. Aqui temos as irmãs, as enfermeiras, médicos, ambulância, ônibus, perua, motorista. É um paraíso!
A convivência com pessoas de faixa etária semelhante é importante?
Eu acho! Todo mundo é alegre, todo mundo é feliz, um ajuda ao outro. É uma família. Existe muita amizade, muito respeito. Existe uma privacidade, mas também uma grande amizade, sem a intromissão. Minhas vizinhas vêm até a minha casa, jogamos cartas, damos risada, fazemos uma comidinha, uma sopa.
Quando a senhora entrou para a instituição dos Vicentinos?
Quando Geraldo faleceu, (o advogado Dr. Geraldo Bragion) fiquei por cerca de dois anos deprimida. Decidi que deveria voltar a fazer algo, sempre eu trabalhei bastante. Fui até a Igreja do Bom Jesus, conheci o grupo e entrei.
A senhora nasceu em Piracicaba?
Nasci em Itatiba, em 8 de janeiro de 1938, sou filha de Mariano Latorre e Noemia Pupo Latorre. Meu pai veio da Itália, de Tito, próxima a Nápoles. Minha mãe era itatibense. Meu pai veio como imigrante, os navios vinham para o Brasil ou para a Argentina, ás vezes fechava a imigração no Brasil eles iam para a Argentina. Existem irmãos do meu pai que moram na Argentina. Fui para a Itália, conheci a casa onde meu pai morou aonde ele dormia, a carreta em que o meu avô transportava as coisas com o boi.
Quando a senhora conheceu o seu marido Dr. Geraldo Bragion?
Conheci meu marido Geraldo Bragion, filho de Pedro Silvestre Bragion e Amália Túlio Bragion em Campinas. Fazíamos a Faculdade de Canto Orfeônico juntos. Ele estudava Direito de manhã e Canto Orfeônico á noite. Eu estudava como interna no Colégio Coração de Jesus. Eu tinha feito o curso de piano, o meu curso era dentro do colégio mais era o Conservatório de Campinas que vinha realizar os exames das alunas. O diploma tinha validade.
O primário a senhora estudou em qual cidade?
O primário eu estudei no Grupo Conde Parnaíba em Jundiaí. O ginásio eu fiz no colégio interno Coração de Jesus das freiras da ordem Nossa Senhora do Calvário. Permaneci interna por oito anos. Na minha família, quando nascia mulher ia para o Colégio Coração de Jesus. Meus pais tiveram quatro filhas.
Foi lá que a senhora aprendeu a pintar?
Fazíamos pinturas em quadros, bordados, crochet, tricot.
A que horas as alunas levantavam-se?
Ás cinco horas da manhã, todos os dias. Ás seis e meia ia para a missa na capela, o café era ás sete e meia, as aulas ás oito horas. Ao meio dia almoçava, tinha o recreio. Cada um tinha a sua carteira, aquelas de levantar a tampa. Levávamos o tinteiro em uma caixinha de pó de arroz, tínhamos as penas, mata-borrão. A caneta era composta por um cabinho de madeira e a pena na ponta. Trocávamos as penas.
Quais idiomas eram ensinados no colégio?
Latin, francês e inglês. A missa era celebrada em latin.
Como era o uniforme?
Era um vexame! Tínhamos vários uniformes. Para o dia-a-dia era uma saia azul marinho, uma blusa branca, de manga comprida. Por cima um avental xadrez quadriculado, quatro dedos acima da saia. O comprimento da saia ia quase até a canela, com as meias grossas e um sapato fechado. O uniforme para sair consistia em tirar o avental, trocar a blusa, que era de algodão e púnhamos uma blusa de seda. A saia era a mesma. O uniforme de gala consistia no uso de boina, havia um emblema na boina, usávamos luvas azul-marinho combinando com a saia. Sapato de verniz preto, meia de nylon. Nesse caso a saia era trocada por uma saia pregueada.
Havia algum dia de folga do colégio?
Se tivesse boa nota e disciplina, uma vez por vez saíamos para irmos até a casa dos pais. Usávamos o trem da Companhia Paulista. Nessa época o colégio tinha comprado uma chácara, onde hoje é o Colégio Coração de Jesus. Íamos a pé do colégio até essa chácara, atravessávamos pelo centro. Todas andando em fila! Passávamos o dia na chácara.
Vocês eram jovens, quais eram as peraltices que vocês faziam?
A parte mais difícil para nós era a hora do banho. Era tudo na base do sino. Sino para tirar roupa. Sino para abrir a água. Sino para se ensaboar. Ainda tinha que tomar banho com camisolão! Cada moça tinha um box individual, fechado, com porta.
Tomar banho com camisola não é anti-higiênico?
É! Havia um estrado de madeira, colocávamos a camisola sobre esse estrado e pisávamos em cima. Com isso podíamos tomar um banho de verdade. A freira responsável mandou cortar um palmo da porta na parte inferior da mesma. Eu achava um abuso. Isso fazia com que aprontássemos algumas artes para com as freiras. Trocávamos as roupas delas de lugar.
Quantas alunas havia no total?
Eram 120. Os ambientes eram separados por faixa etária. As pequenas era da ala “Anjo da Guarda”, a turma do ginásio era a “Nossa Senhora do Carmo”, a das mais velhas era a “Nossa Senhora Auxiliadora”. Em cada dormitório dormiam duas freiras, elas ficavam no que era chamado de “cela” eram fechadas por cortinas. Deitavam depois que nós dormíamos e levantavam antes.
Ao concluir o período do internato qual foi o passo seguinte?
Sai como professora e fui trabalhar no Sesi em Jundiaí. Isso foi em 1958. Em 22 de janeiro de 1959 eu casei-me e vim morar em Piracicaba. Meu sogro reformou uma casa para nós na Rua Boa Morte, ficava bem em frente ao Colégio Assunção, ao lado do Tola. Depois me mudei na casa vizinha a Padaria Jacareí, do Sartini, ainda na Rua Boa Morte. Nosso vizinho era o Julio Dihel. Eu gostava muito da grande amizade que existia entre os vinhos, o pessoal colocava as cadeiras nas frentes das casas ficávamos vendo o bonde passar. Lá pelas nove, nove e meia da noite entravamos em casa. Era muito bom.
Um familiar da senhora foi frade capuchinho?
Frei Estevão Maria de Piracicaba, irmão do meu sogro, o nome civil dele era Miguel Bragion, foi guardião da Igreja dos Frades, foi ele quem celebrou o meu casamento.
A senhora morou uma época na Rua do Rosário?
Morei 28 anos ali, em frente a atual biblioteca.
O tilintar do bonde permanece ainda em seu ouvido?
Está. Quando morei ao lado da Padaria Jacareí a nossa empregada levava os três meninos para passear de bonde. O motorneiro para fazer folia com as crianças ao passar em frente de casa, fazia barulho com a sineta do bonde. As crianças davam várias voltas de bonde, iam e voltavam por diversas vezes.
As primeiras aulas do Sesi em Piracicaba foram ministradas onde?
Comecei na Escola Assunção, as salas eram alugadas para o Sesi. Isso foi em 1962. Em 1964 fomos ocupar o prédio vazio que o Grupo Escolar Dr. João Conceição havia desocupado, ele havia mudado para o prédio novo. Veio então o Ginásio Estadual Dr. Jorge Coury, com aulas no período da tarde e período da noite. Depois o Colégio Jorge Coury quis o período da manhã. O Sesi foi então para á Rua Antonio Bacchi, 1030, onde funciona até hoje. A primeira coordenadora do Sesi 164, que é o número da escola, foi a Leonora Januzzi, depois foi Maria do Carmo Dias de Souza. Nós mudamos de prédio em 1965, a Avenida São Paulo ainda não era asfaltada, a torre da Igreja da Paulicéia ainda estava em construção.
Qual era o meio de transporte que a senhora usava para ir até a escola?
Era o “Fusca”, ás vezes nós revezamos de carro, outras subíamos de ônibus.
Quantos alunos existiam na época?
Mais ou menos 300 alunos. Naquele tempo não havia pré-escolar, a criança vinha “nua e crua”. Começávamos com treino ortográfico. Em agosto, setembro nós estávamos dando o primeiro livro.
Eram mais disciplinados?
Criança é criança. O método de ensino era muito eficiente. Quem sabe a tabuada faz qualquer conta. Hoje se você tirar a pilha da máquina de somar acabou o aluno.
Havia merenda na época?
O prefeito era Luciano Guidotti, foi quando começou a ter merenda na escola.
Havia um trabalho com os alunos no sentido de desenvolver o amor a Pátria?
Recebi ontem a visita de um ex-aluno que frisou bem essa parte. Eram incentivados a amar o Estado, a Família, tinha uma fanfarra, toda semana havia apresentação de teatro, hasteávamos a bandeira, cantava-se o hino nacional.

A senhora gosta de pescar?
Gosto muito. Acho que pesco desde quando nasci! O Geraldo, meu marido tinha uma tendência maior para a leitura, adorava literatura. Quando me aposentei, com o fundo de garantia adquiri um rancho, tenho que fazer uma reforma completa, está bem acabado.
Todo pescador um dia pegou um grande peixe, qual foi o maior peixe que a senhora já pescou?
Eu não pego peixe muito grande não! Meu filho Pedro está fazendo uma ceva, disse que um amigo dele foi pescar naquele local e pegou um peixe de 10 quilos. Eu tenho as minhas dúvidas, porque os peixes que eu pego não chegam a nem a 1 quilo. A graça da pescaria está em ficar na barranca, sentada, vendo o rio correr. É a paz!




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