sábado, abril 02, 2011

Erich Vallim Vicente - Banda MCC (Mazzaropi Contra o Crime)

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 02 de abril de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO: Erich Vallim Vicente - Banda MCC (Mazzaropi Contra o Crime)
A banda “Mazzaropi Contra o Crime”, também identificada pelas iniciais “MCC”, é uma banda de rock formada em Piracicaba. Seus integrantes são Erich Vallim Vicente (Baixista e Vocalista), Evaldo Augusto Vicente Filho (Guitarrista e Vocalista) e Giuliano da Costa Maestro (Baterista e Vocalista). Ela surgiu em agosto de 1998, os amigos Evaldo (guitarra) e Rafael (bateria) eram integrantes de um grupo que tinha encerrado suas atividades musicais, determinados a continuar a dedicar-se a musica, convidaram Erich, irmão do Evado, para assumir o baixo, nascendo o trio que executou em 8 de agosto de 1998 o primeiro show com a denominação “Mazzaropi Contra o Crime”, ou simplesmente MCC. A apresentação foi no Fest Einstein realizado no Liceu Albert Einstein. No ano 2000 Giuliano da Costa Maestro (Baterista e Vocalista) integrou-se ao grupo que gravou no mês de janeiro do mesmo ano a primeira demo ( CD de apresentação) denominada de “O Jornaleiro”, com seis musicas gravadas. Essa iniciativa alavancou alguns shows onde o grupo se apresentou principalmente em Piracicaba. O grupo encerrou suas apresentações no ano 2000 com um show na Universidade de São Paulo – USP realizado na cidade de São Paulo. Em 2001 a banda gravou seu segundo CD com o título “Deu Branco” colocado a venda a partir do evento realizado no The Garage. Logo a seguir Rafael deixa o grupo, que passou a ser o trio que perdura até hoje. Em 2004 a perfeita integração do grupo proporcionou o lançamento do álbum musical do MCC. A evolução musical da banda juntamente com composições próprias produziu um rock com identidade própria, refletindo as idéias e propostas dos integrantes do grupo. Em 2007 graças a atuação do produtor musical paulistano João Lima com quem juntos delineiam a profissionalização definitiva do grupo, novos rumos foram dados ao trabalho Sem ser exclusivista, a banda executa composições que extasiam os entusiastas do rock, obras de nomes consagrados como Ramones, Bob Marley, Raul Seixas, The Beatles, Jimmy Cliff, Elvis Presley, Johnny Cash, Ozzy Osbourne e uma vasta galeria de outros artistas ou bandas com os quais o grupo se identifica. Essa diversidade de estilos e ritmos imprime um clima contagiante nos shows da banda, oferecendo ao público um ambiente interativo com rock da melhor qualidade.
O jornalista Erich Vallim Vicente nasceu em 6 de junho de 1981, é o filho mais novo do casal de jornalistas Evaldo Augusto Vicente e Astir Vallim Vicente. O casal tem outros dois filhos. Evaldo Augusto Vicente Filho nascido em 27 de abril 1979 e Erika Valim Vicente Maestro nascida em 12 de janeiro de 1978.
Erich como surgiu à inspiração para formar uma banda?
Minha mãe é entusiasta de música, a minha irmã Érica dedicou-se á música clássica, por 11 anos estudou piano. Sua dedicação aos estudos musicais despertou o interesse do meu irmão em tocar guitarra, em especial o rock. Acredito que foi até por sempre me identificar com as iniciativas de ambos passei a tocar contrabaixo, voltado ao rock. Considero que tanto a minha irmã como meu irmão tem um ouvido musical muito superior ao meu.
Seu irmão Evaldo despertou o seu interesse para o rock e jazz?
Desde a minha infância já alimentava o interesse pelas atividades musicais do Evaldo, que juntamente com seus amigos tinham montado a banda “Jeeps in Kombi”, com a qual fizeram alguns shows. Os ensaios eram feitos em casa, eu acompanhava tudo aquilo com muita curiosidade e atenção, pelo fato de ser ainda um menino não havia a menor possibilidade de participar efetivamente do grupo. Passei a estudar no Studio Musical Alexandre Bortoletto (SMAB) com o professor Marcos, o Manguinha, tive aulas de música e contrabaixo, para aprender as técnicas de como cantar, os recursos de respiração, tive aulas com o professor Antonio do mesmo instituto.
Por que escolheu o contrabaixo como instrumento?
Gosto muito de uma banda de rock chamada Rancid, digo que é a minha “banda de cabeceira”, produzem bons discos, boas musicas. Ao contrário de outras bandas de rock punk o baixista do Rancid é um excelente músico. Admiro o seu desempenho musical, isso me estimulou a estudar baixo. Para mim foi uma referência musical.
Onde eram os ensaios da banda?
A primeira banda, onde o meu irmão tocava a, “Jeeps in Kombi” realizava os ensaios em um quartinho no fundo da nossa casa, nessa época havia cinco integrantes. Morávamos na Rua Dr. Alvim esquina coma a Padre Galvão, na divisa entre os bairros Jardim Europa e São Dimas. Nosso vizinho era o senhor Alexandre Alves, ex-vice-prefeito de Piracicaba, ex-secretário de governo, pai de quatro filhos com idades próximas as nossas: Pedro, Ivan, Vitor e Ana, que muitas vezes iam assistir os nossos ensaios, com isso nunca tivemos problemas, mesmo considerando que tocávamos sem isolamento acústico! Tivemos ótimos vizinhos! Os ensaios eram realizados aos sábados e domingos á tarde.
A partir de que período você passou a tocar na banda?
Meu irmão montou uma banda que teve um breve período de existência, ao que consta nem chegaram a dar nome á mesma, dessa iniciativa permaneceu o Rafael (Rafão) Rosolen, para poderem tocar faltava um baixista, era a minha oportunidade, que a principio não foi vista com muita simpatia! Isso foi em 1995, a partir dessa época passamos a tocar formando o grupo que por uma breve etapa chamou-se “De Sarto Arto” e que mais tarde se tornaria a banda MCC - Mazzaropi Contra o Crime,. Ensaiávamos bastante, todos os finais de semana. Tive que me desdobrar para poder acompanhar o Evaldo e o Rafão.
Quem criava esses nomes de bandas?
O Rafão foi quem criou os nomes “De Sarto Arto” e “Mazzaropi Contra o Crime”. São dele essas idéias criativas! (Risos). Em 8 de agosto de 1998 fomos tocar no Fest Einstein, ao chamarem a nossa banda fui surpreendido pelo nome que o Rafão tinha colocado para fazer a inscrição no festival: “Mazzaropi Contra o Crime”.
Que musicas foram gravadas no primeiro CD Demo do grupo?
A nossa demo foi gravada em 2000 no Estúdio Apache com o Celso Rocha, era denominada “O Jornaleiro” consistia em seis musicas de nossa autoria: “Pamonhas de Piracicaba”; “Bem-Te-Vi”; “Tifo – Um Herói Piracicabano”; “Capitães do Piracicaba”; “Terra Natal”. Tínhamos como principio trabalhar com temas referentes a Piracicaba, é um disco regionalista. O nome Mazzaropi acabou por nortear o nosso trabalho de tal forma que uniu o rock que ouvíamos desde garotos com aspectos locais da cidade de Piracicaba, como a música caipira, o peixe na barranca do Rio Piracicaba, pamonha, tudo enfim que é característico da nossa terra. É interessante analisar que o rock é uma musica com fortes vertentes nos Estados Unidos e Inglaterra, e Mazzaropi é quase um sinônimo de aspectos rurais brasileiro. Uma união quase impensável! Estamos tentando somar as diferentes culturas e criar algo em torno desse resultado. Observamos as diferentes posições ocupadas pelos tradicionalistas, progressistas, provincianos, cosmopolitas, antiquados, futurólogos. Vejo que a questão cultural envolve a soma do passado remoto, assim como do recente. Como individuo sou fruto do rock que sempre gostei, ao mesmo tempo sou produto dos aspectos rurais vivenciados pelos meus avós paterno, e mais cosmopolita influenciado pelos meus avós materno residentes em São Paulo. Sofremos influencias do meio que freqüentamos, desde os laços familiares como os locais que freqüentamos. Gosto muito de passear pela Rua do Porto, pela Praça José Bonifácio, o piracicabano valoriza muito as coisas de Piracicaba, o XV de Novembro é um desses exemplos, embora esteja há muito tempo longe da elite do futebol nacional o piracicabano o valoriza e orgulha-se dele. Em minha opinião não se resgata cultura e sim é algo para ser somado, somam-se culturas. O que seria do Ocidente se não existisse a democracia grega e o direito romano? São duas culturas que se somaram.
O segundo disco da banda saiu quando?
Essa pode ser considerada a nossa estréia, isso foi em 2001. Não é uma gravação que eu possa dizer que gosto, penso ser um trabalho muito pasteurizado, não consigo ver uma identidade nesse trabalho que se chama “Deu Branco”. É um CD com 12 músicas. A composição da banda era Erich no baixo e vocal, Juliano na guitarra e vocal, Juliano na guitarra e vocal e Rafael, o Rafão, na bateria. Em 2001 em função dos estudos e trabalho o Rafão deixou a banda, voltamos a sermos três integrantes, com o Juliano na bateria e vocal. Desde essa época permanecemos com a mesma formação. O Rafão casou, é pai de uma menina e mora nos Estados Unidos.
Em Piracicaba a banda se apresenta onde?
Onde somos convidados a tocar, como no Clube Treze de Maio, no Engenho Central, bares mais tradicionais como Garage, no extinto Taberna, The Cave, em chácaras da região, no festival Pirastock, Chaplin, em cidades como Águas de São Pedro, São Pedro, Limeira, Americana, Santa Bárbara, Nova Odessa, São Paulo, Sorocaba, Votorantin.
O cachê é bom?
Apenas do ano passado para cá é que passamos a receber algum cachê! O que nos move é a vontade de tocar, o amor á musica. Entre nós dizemos em tom de brincadeira que somos muito egocêntricos, pagamos para tocar! É o cumulo do egocentrismo!
No momento em que você está executando uma musica há a sensação de sair da realidade?
Posso afirmar que entro em outra realidade, gosto muito de criar, de ver uma letra sendo cantada, há várias formas de um ser humano criar, a musica é uma delas. A música faz parte do meu cotidiano, gosto do rock, assim como de jazz, samba.
O terceiro disco da banda surgiu quando?
Em 2004 surgiu o CD que leva como título o nome da banda, Mazzaropi Contra o Crime. Considero um período muito especial, uma re-fundação da banda, esse disco eu gosto muito. Conseguimos nesse trabalho juntar toda a idéia do regionalismo com uma apresentação universal, ver a identidade das coisas da nossa cidade com situações nas mais diferentes localidades. A música “Mardita Cachaça” tem uma pegada de rock com vocais do cururu que fazemos dentro do rock, já chamaram essa musica de “rock caipira”, “punk roça” eu continuo dizendo que é rock. Esse disco foi gravado e mixado no Estúdio Spalla em Piracicaba por Renato Napty e Roggero Chiarinelli. Desde 2009 estamos com outro trabalho, com um repertório mais amplo.
Quem é o compositor da banda?
Nós três compomos, talvez pelo fato de estar diretamente ligado a redação de jornal acabo de uma forma natural encontrando um volume maior de noticias e informações, proporcionando matéria prima para compor. Ainda criança eu não sabia tocar nem cantar, acabava escrevendo poesia. Sempre gostei muito de escrever.
Quais são os próximos projetos da banda?
Neste ano pretendemos gravar um clip, estamos literalmente trabalhando para isso, juntando recursos financeiros. Possivelmente o clip será com a música “Mardita Cachaça”. Essa musica é de 2001, aborda uma terceira via entre o socialismo cubano que tem entre seus ícones o charuto, e o capitalismo americano, é a “Mardita Cachaça”! Em nosso repertório há uma música com o título “Tudo Que Tem Por Aqui Vale Menos Do Que Um Dólar”, composta em 1999, foi inspirada na valorização do real, em janeiro de 1999.
As mensagens transmitidas nas letras das músicas sensibilizam quem escuta ou funciona mais como um desabafo de quem as compõem e executa?
Pode até ser um desabafo, não são veiculadas com a pretensão de formar nenhuma opinião em quem as escuta. Há muitas mensagens que foram transmitidas em músicas com letras melhores do que as que eu fiz. Acho que a musica faz com que a pessoa sinta a sua realidade de uma forma mais profunda.
No fundo ao compor você estuda uma realidade sua?
Em minha opinião, não falo pela banda e sim por mim, quando vejo alguém buscando uma religião é porque ele descobriu que é insuficiente para ele o que encontra no mundo material, ocorre a busca do entendimento de uma nova existência após a morte, isso transforma a realidade em uma forma mais clara, abre novas perspectivas diante da realidade imediata. Não quero entrar em nenhuma avaliação ou comparação de fé religiosa. Quem escreve sobre algo está indo a fundo na sua própria realidade.
A música traduz sentimentos que não são expressos por palavras?
A música tornou-se uma grande aliada da palavra. Através da música podemos deixar o sentido da palavra mais forte, uma função bem interessante da musica é realçar o sentimento da palavra, pela forma como é cantada. A palavra ao ser cantada toma uma nova dimensão. É triste ver pessoas que não se importam com o sentido das letras que estão cantando, importam-se apenas com o ritmo da musica, da balada.
Somos um país que escuta muitas letras de músicas em inglês sendo o nosso idioma o português.
Falo por mim, já faz alguns anos que estudo e continuo estudando inglês para poder saber o que significam as letras das músicas que escuto. A relação entre a palavra e a sua expressão através da musica ocorre de forma idêntica a que ocorre na nossa língua. A sonoridade da língua inglesa é diferente da portuguesa.
A música composta para ser cantada em inglês contempla a pronúncia própria do idioma?
Eu não gosto de música que passa pelo processo de tradução. Já ouvi versões terríveis em inglês da música Garota de Ipanema. Estava escutando uma banda chamada “No Te Va Gustar” que canta rock em espanhol, nota-se claramente a influência na sonoridade das características próprias de cada idioma. Isso é perceptível no rock em italiano, francês ou alemão. O próprio rock em inglês o britânico é diferente do americano, por conta do sotaque de cada povo, isso ocorre com as bandas canônicas de cada país de língua inglesa.
Mazzaropi Contra o Crime aceita convites para animar qualquer ocasião festiva?
A pessoa interessada pode entrar no nosso site www.wix.com/mazzaropi/mcc, escolher o repertório e agendar a apresentação!

quinta-feira, março 31, 2011

Faleceu o professor Guido Ranzani



HOMENAGEM AO CATEDRÁTICO GUIDO RANZANI (1915-2011)
Faleceu ontem, 29 de março, no final da tarde, o professor Guido Ranzani, de 96 anos, formado pela ESALQ, em 1941. Seu corpo está sendo velado no Salão Nobre Professor Helly de Campos Melges, da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e será sepultado neste 30 de março, às 16h00, no Cemitério da Saudade.
Em dezembro de 2006, em entrevista ao ESALQ notícias, informativo trimestral elaborado pela Assessoria de Comunicação (ACOM), Guido Ranzani relembrava seus áureos tempos de estudante, depois de docente da Escola e do seu envolvimento com a prática esportiva.
A entrevista na íntegra
“O agrônomo empobrece sorrindo...
...porque é uma profissão dura, mas ela reserva oportunidades que eu não vejo em outras áreas profissionais”. Dessa forma é que o catedrático da ESALQ, Guido Ranzani, faz um balanço de seus muitos anos de trabalho. Ele acredita que todos os profissionais devem, pelo menos uma vez, visitar um outro país para ter um termo de comparação. “Eu fiz isso na minha vida e os meus colegas costumam dizer que eu conheço o Brasil andando”.
Nascido em 1915, Ranzani é natural de Serra Azul (SP), mas foi criado em Santa Rosa do Viterbo (SP), de onde saiu para tentar uma vaga na Politécnica (USP). Não conseguindo, voltou à sua terra, trabalhou na serraria do pai até que um parente sugerisse que ele fizesse o curso de Engenharia Agronômica em Piracicaba. “Eu vim e quem me recebeu foi o professor José de Mello Moraes, diretor da instituição na época. Fiz o coleginho em dois anos e entrei na Agronomia, em 1938”.
Formado em 1941, recorda-se com entusiasmo da época de faculdade. “Minha turma tinha verdadeira adoração pela Escola. Havia realmente motivo para ter muito orgulho, não apenas pela qualidade de professores que nós tínhamos, mas porque possuíamos os melhores atletas disputando campeonatos de vôlei, futebol, remo e outros. Ganhamos uma partida de futebol do XV de Novembro de Piracicaba e fomos carregados até a Praça José Bonifácio”.
Walter Radamés Accorsi, Nicolau Athanassof, Toledo Pizza, Friedrich Gustav Brieger, Mello Moraes foram alguns dos professores de sua turma. Foi a época em que se iniciaram os estudos sobre Genética. “O professor Toledo Pizza dava a entender que o gen não existia, ao passo que Brieger confirmava sua existência e nós, estudantes, colocávamos um contra o outro, mas eles nunca entraram na briga”, relembra o professor.
Santa Rosa, como era seu apelido, iniciou suas atividades profissionais na ESALQ como segundo assistente da Cadeira de Química Agrícola, em 1944. Dois meses depois já era o primeiro assistente da mesma cadeira. Foi substituto do professor Tufi Coury, como assistente de Química Agrícola, em 1956 e, no mesmo ano obteve o título de livre docência em Agricultura Geral. No ano seguinte, tornou-se professor catedrático da 13ª Cadeira de Agricultura Geral.
Ainda na Escola, foi responsável pela criação e direção do Centro de Estudos de Solos da ESALQ (1965 a 1973). Os modelos para análise dos solos foram trazidos por ele, dos E.U.A. . Esse centro tornou-se, então, sede do projeto para caracterização dos solos dos países sul-americanos. Colômbia, Equador, Peru, Chile, Bolívia e Paraguai foram percorridos por uma equipe de pesquisadores para que os estudos pudessem ser desenvolvidos.
Aposentou-se em 1977, mas não parou por aí. No período de 1981 a 2002, foi chefe do departamento de Ciências Agronômicas do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA). Foi assessor do Instituto Interamericano de Ciências Agrárias (IICA). Na Embrapa foi consultor, além de chefe do Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados. Na Universidade do Tocantins foi professor visitante e consultor da Fundação daquela universidade.
Aos 91 anos, o professor que já viajou por este mundão afora participando de congressos, seminários, cursos e realizando pesquisas, continua sorrindo com a profissão. Ele está elaborando um projeto, juntamente com outros três profissionais, para acabar com a devastação da Floresta Amazônica. O projeto gira em torno da criação de núcleos produtivos, os quais extrairão de terras férteis mudas destinadas a cosméticos ou fármacos para serem replantadas em áreas devastadas.
O incansável Guido nos deixa uma lição: quem souber classificar um solo, saberá conservá-lo. É preciso conhecer a história, saber qual a rocha que deu origem a este solo e que tipos de transformações foram observadas nessa passagem. “Quando iniciei minha carreira, a análise era feita‘de ouvido’ ”, finaliza risonho... (Alicia Nascimento Aguiar / MTb 32531 / 06.12.06)



sexta-feira, março 25, 2011

O possível neto de Getúlio Vargas

                      Moisés José Maria da Silva o possível neto piracicabano de Getúlio Vargas
Moisés José Maria da Silva é um neto piracicabano de Getúlio Vargas? Depoimento de Gustavo Augusto da Silva.
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em 19 de abril de 1882 na cidade de São Borja, Rio Grande do Sul, foi o presidente que mais tempo governou o Brasil, durante dois mandatos: o primeiro de 1930 a 1945 (Entre 1937 e 1945 instalou a fase de ditadura, o chamado Estado Novo), o segundo mandato foi de 1951 a 1954. Suicidou-se em meio à crise política, com um tiro no peito, na madrugada de 24 de agosto de 1954, dentro do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro. Criou a Justiça do Trabalho em 1939 instituiu o salário mínimo, a Consolidação das Leis do Trabalho, também conhecida por CLT. Os direitos trabalhistas são frutos de seu governo: carteira profissional, semana de trabalho de 48 horas e as férias remuneradas. Investiu muito na área de infra-estrutura, criando a Companhia Siderúrgica Nacional em 1940, a Vale do Rio Doce em 1942, e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco em 1945. Em 1938, criou o IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Sob seu governo foi promulgada a Constituição de 1934, fechou o Congresso Nacional em 1937, instalou o Estado Novo e passou a governar com poderes ditatoriais. Sua forma de governo foi centralizadora e controladora. Criou o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) para controlar e censurar manifestações contrárias ao seu governo. Criou a campanha "O Petróleo é Nosso" que resultaria na criação da Petrobrás. Getulio casou-se com Darcy Sarmanho Vargas, com quem teve os filhos Lutero (1912), Jandira (1913), Alzira (1914), Manuel Antônio (1916) e Getúlio Filho (1917). Manoel Antonio Sarmanho Vargas nasceu no dia 17 de fevereiro de 1917, em São Borja, foi o último filho do ex-presidente a morrer. Aos 79 anos ele se matou com um tiro no coração, como seu pai, no dia 15 de janeiro de 1997 em Itaqui, Rio Grande do Sul. Manoel Antonio Sarmanho Vargas era conhecido como Maneco, em 1936 formou-se engenheiro agrônomo pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz, tendo entre seus colegas de turma Fernando Penteado Cardoso, João Pacheco Chaves, Romano Coury. Fernando Penteado Cardoso entrou na Esalq em 1933, logo após a Revolução Constitucionalista de 1932, movimento armado que pretendia derrubar o governo de Getúlio Vargas. A respeito de Manoel Antônio Vargas ele afirmou: “Estávamos ressentidos com o governo, Manoel poderia ter sido discriminado, mas ele soube nos cativar.” Em 1934, a turma comemorou o ingresso da Esalq na recém-criada Universidade de São Paulo (USP), motivo de orgulho para alunos e professores. Manoel Antonio Sarmanho Vargas ao longo de sua carreira foi secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, presidente da empresa Campal S.A. e prefeito da cidade de Porto Alegre de 1958 a 1960. Deixou a vida pública para dedicar-se à administração de sua fazenda, a Estância Cerrito, em Itaqui. Moisés José Maria da Silva foi um piracicabano que se dizia neto de Getulio Vargas, sendo seu pai Manoel (Maneco) Antonio Sarmanho Vargas e sua mãe uma funcionária da ESALQ. Para entender um pouco melhor, o possível neto de Maneco e bisneto de Getúlio Vargas, Gustavo Augusto da Silva concedeu a seguinte entrevista.
                          Gustavo Augusto da Silva, possível bisneto de Getulio Vargas
Quem são os seus pais Gustavo Augusto da Silva?
Moisés José Maria da Silva e Ana Maria Vancetto da Silva, eu nasci em Piracicaba no dia 18 de outubro de 1978. Meus avôs paternos são Benedita Bueno de Godói e José Benedito de Godói. O meu pai foi adotado pela minha avó. Há relatos de que Manoel (Maneco) Antonio Sarmanho Vargas teve um romance com uma moça que trabalhava na ESALQ, cujo nome foi mantido em sigilo, desse idílio nasceu o meu pai Moisés José Maria da Silva que só tomou conhecimento dessa história quando a sua mãe adotiva estava para falecer e contou-lhe a verdade. Ele já tinha 52 anos de idade. Pelos fatos narrados, no contexto daquele momento, para Maneco assumir a paternidade teria um alto custo moral e político, ele era filho do homem mais poderoso do país.


          Moisés José Maria da Silva e Ana Maria Vancetto da Silva no saguão do Cine Plaza
Ao saber que era filho adotivo, sendo que o seu possível avô poderia ser ninguém menos do que Getulio Vargas, qual foi a reação do seu pai?
Ficou muito surpreso, foi difícil acreditar, até que reunindo algumas informações concluiu que de fato aquilo poderia ter acontecido.
Em que ano Moisés José Maria da Silva faleceu?
Meu pai nasceu em 24 de maio de 1936 e faleceu em 25 de janeiro de 2004.
Com quantos meses ele foi adotado?
Após quatro meses de vida ele foi deixado dentro de uma cesta, na porta do Lar Escola Maria Nossa Mãe, na Rua da Boa Morte, foi quando Benedita Bueno de Godói deparou com aquela criança e imediatamente o adotou, era filho único do casal, o nome dado a ele, Moisés, é justamente por estar abandonado dentro de um cesto.
Como a sua avó descobriu quem era a mãe que havia abandonado o filho?
Com o passar do tempo alguém que tinha visto comentou com ela quem era a verdadeira mãe, a minha avó e ela se encontraram, sendo que a mãe biológica pediu que guardasse segredo a respeito da origem da criança, segundo consta esse foi um desejo também do pai da criança. Os documentos do meu pai trazem como a filiação sendo dos pais adotivos. Legalmente não nada que comprove outra filiação que não seja essa.
Seu pai José Maria da Silva trabalhou em quais atividades?
Entre outras coisas por 15 anos foi operador de projetores de cinemas de Piracicaba, trabalhou no Politeama, no Plaza que se situava abaixo do Edifício Luiz de Queiroz, mais conhecido como Comurba. Na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, a FOP, ele trabalhou por 25 anos.
Ao saber que Maneco Vargas possivelmente fosse o seu pai, ele trabalhava na FOP?
Exatamente, na época a noticia foi motivo de surpresa geral, inclusive havia um amigo que conhecia toda a história e atestou a veracidade da mesma.
Moisés José Maria da Silva tinha como provar quem era o seu pai?
Só tinha o depoimento oral de quem sabia dos fatos. Uma emissora de televisão, de rede nacional, quis levar o meu pai para realizar os testes de paternidade mais ele não quis. Além do fato de não querer veicular um assunto pessoal em um programa popular, ele tinha um misto de temor e respeito com relação á família Vargas.
Antes de saber que poderia vir a ser neto de Getulio Vargas seu pai se interessava por política?
Ele se interessava muito pelos fatos que envolviam política. Era fã de Getulio Vargas.
Você e seus irmãos têm o desejo de entrar em contato com os familiares de Maneco Vargas?
Gostaríamos de conhecê-los, saber como são, fazer uma aproximação.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Quatro filhos: Alfredo, Mauro, Marcelo e Gustavo.
No seu trabalho como o chamam?
Trabalho no Clube de Campo de Piracicaba, lá a maioria me chama de Getulio, dizem que sou muito parecido com o meu pai, que tinha traços fisionômicos semelhantes á Getulio Vargas.
Quando você tinha 10 anos de idade a sua avó adotiva revelou a possível filiação do seu pai, isso de alguma forma refletiu em você?
Senti um impacto, um orgulho muito grande. Cheguei até a ser assediado para entrar na política!
Houve assédio da imprensa?
O jornal “O Estado de São Paulo” procurou o meu pai, em 1987 publicou uma matéria a respeito. O apresentador de televisão João Kleber queria levar o meu pai ao seu programa. Após a revelação feita pela minha avó em seu leito de morte o meu pai passou ser uma pessoa preocupada com relação a sua paternidade. Ao mesmo tempo em que tinha vontade de conhecer seus possíveis meio-irmãos, tinha receio da reação deles. Ele comentava como seria bom ter conhecido o seu pai biológico, gostaria muito de abraçá-lo! Esse sentimento era mais acentuado principalmente por ocasião do Natal.
No seu local de trabalho, a FOP Faculdade de Odontologia de Piracicaba qual foi a reação das pessoas ao saberem que poderiam estar trabalhando com o neto de Getulio Vargas?
Foi muito interessante, ele sentiu-se valorizado, chegou a ser eleito presidente da Associação dos Funcionários da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (ASFOP) O meu pai queria acrescentar o sobrenome Vargas ao nosso nome, mas foi contido por certo receio.
Vocês pensam em fazer o resgate dessas memórias, estabelecerem laços com possíveis parentes?
Temos esse desejo.
Vocês gostam de chimarrão?
Não! Nem de charuto!
E churrasco?
Adoramos!
Em algum momento o seu pai buscou os meios legais para determinar de fato a paternidade?
Ao que consta um advogado de São Paulo realizou algum tipo de prospecção, parece que até com algum sucesso, mas sem maiores explicações ele deixou meu pai sem nenhuma noticia, tomando paradeiro incerto.
O Maneco foi informado da possível paternidade?
Pelas informações que nos foram dadas ele sabia. Houve algum comentário de que ele poderia ter dado assistência material quando minha avó engravidou dando a luz ao meu pai.
Você sabe se o Maneco poderia ter tido envolvimento com mais alguma jovem na cidade?
Conheço um ilustre cidadão de Piracicaba que diz ter sido contemporâneo do Maneco e que o conheceu de perto, pelo que ele diz o Maneco não teve envolvimento desse nível com mais nenhuma jovem da cidade.
Seu pai procurou ter contato com a mãe biológica?
Na época ele buscou por diversos lugares, até disseram que ela estava no Lar dos Velhinhos, ao chegar lá não mais a encontrou.
Seus avôs adotivos moravam em que bairro de Piracicaba?
Moravam na Rua Fernando Souza Costa, 2399 na Paulista. Isso significa que o possível neto de Getulio Vargas viveu na Paulista, no anonimato, por mais de 50 anos, estudou no Grupo Escolar João Conceição.
Como o jornal “O Estado de São Paulo” soube da existência do seu pai e veio á Piracicaba para entrevistá-lo?
Acredito que tenha sido através de informações passadas pelo advogado que estava procurando realizar contatos com familiares de Maneco Vargas.
Quando algumas emissoras de televisão procuraram o seu pai para mostrar ao Brasil o possível neto de Getulio Vargas a idéia era um pouco sensacionalista?
Ele queria uma aproximação com a família Vargas, mas de uma forma mais natural, sem estardalhaço. Mantemos a mesma postura.
Qual era a altura do seu pai?
Media 1 metro e 69 centímetros, embora não fosse alto jogava como goleiro no time dos funcionários da FOP.
A conclusão que se chega é de que para documentar a possível paternidade bastaria realizar os exames de DNA de Maneco Vargas e Moisés José Maria da Silva sendo que para isso ser feito os corpos teriam que ser exumados. Implica em determinação judicial, concordância familiar. Pode ser um novo capítulo nessa autentica história de amor e poder.

Para assistir o filme da entrevista clique abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=mWuhDkd3whI












segunda-feira, março 21, 2011

ÉRICO SAN JUAN

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 12 de março de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
ENTREVISTADO: ÉRICO SAN JUAN
A riqueza cultural de Piracicaba é uma característica que a destaca no cenário nacional, a ponto de ter sido cognominada de “Ateneu Paulista”. Talvez inspirados nas belezas naturais da cidade um grande número de poetas surgiu na cidade, a ponto de se dizer a boca pequena que é a localidade onde há o maior número de poetas por metro quadrado! Há também um grande número de artistas plásticos. O memorável Edson Rontani tornou-se um guru para muitos cartunistas e ilustradores, pode-se dizer que foi um artista com obras além do seu tempo, introdutor de uma nova forma de comunicação Mais tarde, principalmente com o advento do Salão do Humor em nossa cidade, essa forma de expressão ganhou reconhecimento e valorização. Entre muitos admiradores de Edson Rontani, destaca-se o cartunista Érico San Juan, que aos 10 anos de idade fez um gibi completo. Ele criou o enredo, diagramou, ilustrou e encadernou. Aos 12 anos já colaborava com tirinhas de sua autoria, impressas periodicamente pelo Jornal de Piracicaba. Aos 15 anos já era ilustrador infantil do Jornal de Piracicaba. Dotado de refinada sensibilidade artística ele coloca suas impressões em seus traços, hábil caricaturista, em apenas dois minutos traduz para o papel os traços característicos do retratado, habilidade que exerceu como “caricaturista ao vivo” em eventos promovidos pela Caixa Econômica Federal, CCR Autoban, Caterpillar Brasil e McDonald`s. È autor do projeto gráfico do CD Amanhã do Trio Sá, Rodrix e Guarabyra. Editor do jornal Caricaras. Teve obras selecionadas para os salões de humor de Piracicaba e Paraguaçu Paulista. Premiado em Santos com a tira em quadrinhos denominada “Um Pamonha de Piracicaba”. Jurado de seleção de salões internacionais e universitários. Ministrou oficinas de humor gráfico para o SESC, Senac e Oficina Cultural do Estado de São Paulo. Publicou quadrinhos e textos de humor nas revistas Mad e Monet. Autor das tiras Dito, o Bendito. Compositor e interprete da “Canção do Mensalão” lançada no site My Space e no You Tube. Realizou exposição de caricaturas no projeto SESC Verão 2011 com caricaturas em tamanho natural dos notáveis Oscar e Magic Paula, Gustavo (Guga) Kuerten, João do Pulo, Robert Scheidt, Ayrton Senna, Maguila e outros. Tem caricaturas da MPB – Musica Popular Brasileira no livro “Noel é 100”, editado pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. É um dos 40 caricaturistas brasileiros que tiveram suas obras selecionadas e publicadas em um livro. Foi convidado pelo jornalista João Carlos Rodrigues para realizar caricatura para a o livro sobre Johnny Alf, precursor da bossa nova, impressa pela Imprensa Oficial de São Paulo. Érico San Juan é artista gráfico, piracicabano, nasceu em 3 de janeiro de 1976, é um dos três filhos de Antonio Monteiro de San Juan, funcionário público municipal, e Maria José Gaspar de San Juan funcionária pública federal.
Seus primeiros estudos foram feitos onde?
Estudei no “Honorato Faustino” e no “Colégio Melo Ayres”. Sou radialista certificado pelo SENAC. Fiz cursos voltados à comunicação jornalística.
Em que período da sua vida você se descobriu como artista?
A lembrança que guardo dos meus primeiros “rabiscos” é de quando eu tinha seis anos, estava ainda no pré-primário. Era consumidor de revistas de Walt Disney, como o gibi do Tio Patinhas, Pato Donald, e passava a desenhar na mesa da cozinha da nossa casa, juntamente com o meu irmão Fábio, que também é artista gráfico.
Pode-se dizer que você e seu irmão formam uma “família de cartunistas”?
Pode-se dizer que em nossa cidade, essa atividade exercida como profissão é recente, o Salão de Humor foi um incentivador desde os anos 70. Tivemos o Edson Rontani, cuja persistência nessa atividade foi marcante seu inicio deu-se nos anos 50, a atividade de cartunista até hoje não existe como profissão.
Quais recursos materiais você utilizava em suas primeiras ilustrações?
Ainda criança usava o tradicional lápis de cor, atualmente com os recursos da informática tornou-se muito fácil a reprodução de desenhos em blogs. Eu fazia a reprodução dos desenhos como um legítimo gibi. Um dos meus primeiros gibis caseiros foi com a turma do Lup Lup. A origem é de uma revista Disney. Além dos gibis eu brincava com o meu irmão, era uma brincadeira que envolvia os personagens criados por mim, transportava para o mundo real.
Você colecionou muitos gibis?
Muitos! Infelizmente ao atingir a adolescência acabei descartando-os, como um desligamento da infância, própria da fase adolescente. Nós líamos a Coleção Vagalume, “O Cachorrinho Samba, de autoria da Sra. Leandro Dupret.
Desenhar é uma válvula de escape?
Essa é uma conclusão que só tiramos quando adultos. De uma forma geral o desenhista deixa de realizar atividades próprias da infância e adolescência, como por exemplo, jogar futebol ou outra brincadeira que envolva alguma atividade física para dedicar-se ao desenho. Isso não implica que só desenhe, ele pode praticar esportes, mas faz essas atividades de uma forma menos intensa..
Como seus pais viam a sua vocação para desenhar?
O interessante na criança é que ocupada em desenhar ela permanece quieta., os pais geralmente pesam: “-Que bom, meu filho está desenhando, deixa ele!” Em 1986 a Secretaria da Educação realizou um concurso de desenho, eu fiz um gibi contando a história do XV de Novembro de Piracicaba, baseado nas publicações realizadas pelo Rocha Neto. O meu irmão fez outro trabalho gráfico. Ganhamos o premio: um livro para cada um.
Qual é a diferença entre cartunista e chargista?
O cartunista faz cartun, que é relativo a um fato independente da época. O chargista utiliza o fato do momento, pode ser político, social. A charge dá margem para ser reflexiva. Há situações que ao serem abordadas requerem muito tato por parte do artista.
Os políticos têm espaço garantido em cartuns e charges?
O alvo pode ser o político e a política do dia a dia. Há chargistas que costumam abordar mais os aspectos sociais. Há artistas gráficos que fazem a chamada charge de gabinete, é aquelas que só são entendidas pelo circulo de relações do criticado.
Você foi fã do Edson Rontani?
Quando era criança, as referencias que eu tinha de desenhista piracicabano era do Edson Rontani, que publicava no caderno de “O Diário”, o “Diarinho”, no rodapé havia o “Você sabia?”
Quando você passou a fazer trabalhos por encomenda?
O embrião foram as revistas em quadrinhos que eu tinha criado, de forma espontânea, eu não pensava em fazer uma carreira, embora me dedicasse. Por gostar do que estava fazendo. Usava caneta esferográfica preta para desenhar, fiz uma tira de peixe, sem me tocar que na cidade havia um rio, acho que está no inconsciente, por um ano enviei material para ser publicado. Em 1989 Cecílio Elias Neto transformou a pagina infantil em um suplemento feito por crianças, uma idéia excelente, nesse ano o Salão de Humor fez uma oficina de histórias em quadrinhos com JAL e Gualberto, o GUAL, nessa oportunidade conheci Eduardo Grosso, atualmente diretor do salão de humor. Meu irmão e eu participamos dessa oficina do JAL e do GUAL, éramos muito jovens na época. Foi o primeiro espaço que encontramos, chegamos a fazer um gibi e um núcleo de quadrinhos, o gibi tinha esse nome. Núcleo de Quadrinhos de Piracicaba. Em 1990 passei a publicar as tiras do peixe no Jornal de Piracicaba. Certo dia eu fui até o balcão de anúncios do JP para publicar um anuncio quando a coordenadora do jornalzinho do suplemento infantil, Viviani Laurelli convidou-me para ser o ilustrador, eu tinha 15 anos! Os suplementos infantis eram á semelhança da Folhinha, caderno da Folha de São Paulo, feito por Mauricio de Souza, havia apenas um ilustrador para a publicação toda. Permaneci como funcionário do Jornal de Piracicaba de 1991 a 1997, continuei como colaborador remunerado até o ano passado.
Qual personagem criado por você que se mostrou popular nessa época?
Foi o Leco, que era um peixe.
Como seus colegas o viam nessa época?
Achavam-me o maio chato! Eu era muito tímido, travado. Embora a arte gráfica seja uma forma de expressão ela não trazia popularidade junto aos meus colegas de escola, é um fenômeno que ocorre com boa parte dos desenhistas, são pessoas introvertidas que canalizam para o trabalho. Os professores adoravam, incentivavam.
A sua formação em rádio se deu com a finalidade de se soltar?
Deu para destravar um pouco!
Todo cartunista é irônico?
Depende do cartunista, uns são mais outros menos.
O que é fanzine?
Edson Rontani é o autor do primeiro fanzine brasileiro, isso nos anos 60. É uma revista amadora de fã. Se você gosta do Batman, caso faça uma revista amadora sobre ele, dá suas impressões sobre o herói, troca impressões com outros fãs, é uma publicação feita por amadores sobre o objeto da paixão.
Uma das suas atividades atualmente é caricatura ao vivo, pode falar um pouco mais sobre ela?
Geralmente é feita em eventos, permaneço em uma mesa, em local apropriado e atendo a todas as pessoas que me procuram. Os participantes do evento são comunicados da presença de um desenhista á disposição, a pessoa senta-se a minha frente e eu desenvolvo a sua caricatura.
Grandes artistas do passado ao retratar alguém da nobreza eram induzidos a aperfeiçoar o perfil da pessoa retratada, sob o risco de sofrer pesadas penas se o resultado não agradasse plenamente, o cartunista sofre pressão nesse sentido?
A caricatura não obriga que o chamado alvo seja respeitado, o principio do processo é o exagero. Eu chamo a caricatura de “retrato bem humorado”. A ênfase dada ao exagero depende de cada artista, do seu temperamento. Os leigos acham que as caricaturas só podem ser feitas de pessoas com características muito evidentes, como orelha, nariz avantajados. Só que ao realizar uma sessão de caricaturas em um evento todas as pessoas que se apresentam têm que ser desenhadas, ocorre a necessidade de ter que achar as características que possam resultar em uma boa caricatura. Se a pessoa tem olhos expressivos, na caricatura sairá com os olhos arregalados. É muito importante sentir a razão pela qual a pessoa se dispôs a ser retratada.
Em quanto tempo você faz uma caricatura?
Faço rápido, em dois minutos, essa é uma das minhas características que os colegas ressaltam.
Em um evento, qual foi o maior números de pessoas que você retratou?
Em um evento sob o patrocínio da Autoban, versando sobre a segurança, em dois meses elaborei 1.200 caricaturas, o tempo em que permaneço no espaço da exposição gira em torno de quatro horas, por ser uma freqüência muito variável houve um dia em que devo ter realizado umas 100 caricaturas.
É possível realizar uma caricatura usando apenas a fotografia da pessoa?
Sim é possível, trata-se de um serviço mais elaborado.
Atualmente você tem realizado trabalhos para diversas cidades e até outros estados?
Fiz para um livro de cartuns referentes a telefone celular, feito por uma editora de São Caetano, é realizado por um jornalista que faz livros cooperativos, nele estão cartunistas de diversas regiões do Brasil. Em outro livro coloco Dito, o Bendito, um personagem que criei e por 10 anos esteve presente nas páginas de jornal de Piracicaba. Dito, O Bendito é um Zé Carioca sem o bico de papagaio, eu gostava do estereotipo do malandro carioca, criei o Dito baseado nisso, com o tempo ele virou um aposentado romântico. Ele é um velhinho saliente com um filho conservador. Por um ano fiz texto para a revista MAD.
Qual é a relação do humor com as instituições?
As instituições querem ser levadas a sério, a abordagem feita pelo humor se for mais ou menos ácida depende de quem faz esse humor.
A sua criatividade tem alguma origem definida?
Acredito que é importante não só a visão profissional, mas também a visão do mundo.

sábado, março 12, 2011

GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM, Vice-Reitor da UNIMEP

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 12 de março de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADO: GUSTAVO JACQUES DIAS ALVIM, Vice-Reitor da UNIMEP.
O ensino ministrado por entidades metodistas trouxe enormes benefícios á Piracicaba, além do ensino básico foi criada uma universidade, a UNIMEP, fator decisivo para a implantação de importantes indústrias em Piracicaba, entre elas a Caterpillar. Após essa etapa a cidade teve um progresso vertiginoso proporcionando infra-estrutura para a vinda de novas e importantes indústrias com tecnologia de ponta. Profissionais formados pela UNIMEP contribuíram com a sustentação necessária ao desenvolvimento de Piracicaba. Um dos grandes nomes do ensino metodista, e que sempre realizou muito em benefício de Piracicaba é Gustavo Jacques Dias Alvim, natural de Vera Cruz, estado de São Paulo, filho de Candido de Faria Alvim e Nair Dias Alvim. Cidadão Piracicabano por decreto municipal, Dr. Gustavo é uma pessoa de personalidade marcante. Bacharel em sociologia pela Escola de Sociologia e Política, em 1959, em direito pela Universidade Mackenzie em 1962, em administração pela Universidade São Francisco, em 1975, em Jornalismo pela UNIMEP em 1988, diplomado em Publicidade e Propaganda em 1963 pela escola denominada atualmente de ESPM. Mestre em Filosofia da Educação pela UNIMEP em 1992, Doutor em Comunicação e Semiótica em 1998. Fez especialização em Administração Universitária no Instituto de Gestão e Liderança Universitária com sede no Canadá. Foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Piracicaba, presidente do XV de Novembro de Piracicaba, é membro do Rotary Clube Piracicaba, do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba, da Academia Piracicabana de Letras, da Academia Ferroviária de Letras (Rio de Janeiro). Recebeu a medalha Prudente de Moraes concedida pelo IHGP em 1993. Participou como dirigente do Panathlon Clube de Piracicaba, Sociedade Hípica de Piracicaba, Clube de Campo de Piracicaba, E.C. Rezende, Bela Vista Nauti Clube, Federação Paulista de Basquetebol, Lar dos Velhinhos de Piracicaba, Associação dos Amigos do Basquete de Piracicaba. Autor de dois livros: “Autonomia e Confessionalidade” e “O Diário, a saga de um jornal de causas”. Têm mais de 500 artigos publicados. O que fascina na trajetória de Gustavo Jacques Dias Alvim é a sua visão multidisciplinar. O seu intenso relacionamento profissional, com clubes de serviços e entidades sociais, institutos e academias culturais ou agremiações esportivas, são pautados pela nobreza de atitudes e claro discernimento de objetivos sempre em um dinamismo sereno e constante. Com isso ele acumulou uma vivência riquíssima em todos os setores da sociedade. Bom observador, extremamente organizado, coleciona amigos e um interminável número de fatos acontecidos, que com sua pedagogia se transformam em saborosas narrativas. Dr. Gustavo já atuou como vice-reitor da UNIMEP nas gestões de 1991 a 1994, 1995 a 1998 e de 1999 a 2002. De 2003 a 2006 foi o magnífico reitor da UNIMEP No próximo dia 16 deste mês, 4ª feira, às 19h, no teatro da UNIMEP, Gustavo Jacques Dias Alvim assume novamente a vice-reitoria, ocupando um cargo que oferece não só a pompa do mesmo, mas que exige muito do seu ocupante, principalmente em um momento em que o ensino em nosso país mostra ser o verdadeiro Calcanhar de Aquiles da nação.
Dr. Gustavo quais eram as atividades profissionais dos seus pais?
Meu pai era médico e a minha mãe professora primária, ela foi a minha primeira professora, quem me alfabetizou, um grande privilégio, inclusive porque a primeira professora a gente nunca esquece! Estudei no Grupo Escolar Castro Alves, em Vera Cruz. Quando terminei o primário surgiu um problema, Vera Cruz era uma cidade muito pequena, não havia o curso ginasial, uma opção seria viajar diariamente de trem á Marília, distante uns nove ou dez quilômetros. Meus pais julgaram que para uma criança de 10 a 11 onze anos não era uma situação apropriada. Nessa época a minha mãe já manifestava o desejo de vir morar em Piracicaba, meus avós maternos moravam aqui, assim como outros parentes. Meu avô era professor primário, foi diretor de grupo, seu nome era Benedito Cotrim Dias.
O senhor passou a estudar em que escola?
Vim para o internato do Colégio Piracicabano, que funcionava na Rua do Rosário, naquela região onde hoje é ocupada pelo Hotel Nacional e prédios ali existentes, uma vasta extensão de área circunvizinha era de propriedade do Colégio Piracicabano. O internato feminino funcionava na Rua D.Pedro II. No internato tínhamos a praça esportiva, piscina, quadra de basquete, campo de futebol. Na baixada do bairro está canalizado o Itapevinha, afluente do Itapeva. As aulas eram no prédio da Rua Boa Morte. Eu não conseguia entender porque tendo avós e tios morando em Piracicaba os meus pais haviam me matriculado no internato. No inicio reagia um pouco contra essa decisão. Meus pais disseram que “Avós e tios estragam os filhos dos outros”, preferiam que eu ficasse em internato. Permaneci interno por apenas um semestre. Em julho de 1948 meus pais mudaram para Piracicaba.
Como interno o senhor adquiriu muita disciplina?
Foi uma grande escola, depois os meus pais queriam me tirar do internato e eu não queria sair. Estava tão enturmado, tinha horário para tudo, para esportes, estudos, eu tinha que cuidar da própria roupa arrumava a minha cama. Fiz o Tiro de Guerra e assim como no internato acredito que ambos foram muito úteis em minha vida, bem como o período em que morei em pensão, na cidade de São Paulo. São situações que preparam o individuo para a vida, esse período longe da família serve para valorizá-la, dá uma nova visão.
Houve um período em que o senhor estudou em escola estadual?
Conclui o ginásio e o colégio no Sud Mennucci, minha família morava inicialmente em uma casa situada na Rua Treze de Maio entre a Rua Santo Antonio e Alferes, depois passamos a morar em uma casa na Rua Alferes entre a Rua Treze de Maio e a Rua Voluntários, em frente ao Grupo Escolar Moraes Barros. Um fato interessante é que no período em que eu estudava o Curso Científico no Sud Mennucci, iniciou-se o Curso Normal, com a finalidade de formar professores, as aulas eram dadas inclusive à noite. Passei a fazer esse curso também, assim estudava a tarde e a noite na Escola Sud Mennucci. Acabei por desistir do Curso Normal.
Qual foi a sua opção pela carreira profissional?
Eu tinha uma dúvida muito grande sobre qual carreira seguir. Alguns anos antes eu manifestei a vontade de fazer uma escola militar, propriamente o curso de aeronáutica, a aviação foi uma coisa que sempre gostei, por duas vezes iniciei o curso de pilotagem. Ainda criança eu tinha sofrido algum tipo de influência decorrente do clima militarista que havia no período após a Segunda Guerra Mundial, cheguei a optar em cursar o ITA, que é até hoje um dos melhores cursos de engenharia do Brasil, só que eu tinha um problema muito sério com a disciplina de química, havia um pouco de incompatibilidade da minha parte com a matéria. Nessa época fui convocado para servir o Tiro de Guerra na época situado na área denominada “Isolamento”, onde hoje há uma escola estadual na Rua São João, próximo a ESALQ havia uma plantação grande de eucalipto, fazíamos os exercícios de marcha pelo loteamento do bairro Jardim Europa, o estande de tiro era dentro da ESALQ nas proximidades do local onde hoje é o restaurante da escola. Tive uma forte inclinação para cursar Direito, mas tinha também alguns receios.
Quais receios?
Algumas pessoas passavam a idéia de que advocacia era uma atividade em que o bom advogado tinha que ferir alguns princípios éticos. É um conceito equivocado, mas existe, isso não é inerente a profissão e sim a própria pessoa. O fato de ser advogado não significa que será necessariamente um advogado antiético, você pode ser um advogado ético. Isso ocorre em qualquer profissão. No fundo eu desejava fazer direito para depois cursar diplomacia, no Instituto Rio Branco. Conversando com um diretor do Colégio Piracicabano, Norman Kerr Jorge, ele disse que havia uma escola muito boa, a Escola de Sociologia e Política de São Paulo, era uma fundação ligada a USP e que após concluir o curso eu poderia ingressar no Instituto Rio Branco onde era tido como pré-requisito ter feito um curso superior. Prestei o vestibular, entrei e passei a cursar, quando estava no terceiro ano prestei vestibular para Direito no Mackenzie e entrei. Cursei as duas faculdades. Na época freqüentava a ACM, Associação Cristã de Moços, onde jogava muito basquete. Sempre morei nas proximidades das escolas. Fui um dos primeiros estudantes a morar no prédio recém construído da ACM da Rua Nestor Pestana.
Na época o senhor já tinha carro próprio?
A minha loucura era ter uma lambreta, a muito custo consegui convencer a minha mãe a aceitar a idéia, e que ela fizesse um empréstimo na Caixa Econômica para dar a entrada na compra da lambreta. Logo percebi que os motoristas de ônibus da CMTC não respeitavam muito, vendi a lambreta e comprei um Ford 1934, mais velho do que eu! Era um azul tendendo para roxo, o marcador de gasolina era um cabo de vassoura que enfiava no tanque para ver o nível do combustível. Eu já trabalhava em São Paulo na revista Cruz de Malta com tiragem de 18.000 exemplares, ingressei como revisor e terminei como diretor,. Em 1959 prestei concurso para ingressar no Banco do Brasil, após aprovado passei a trabalhar das 13 horas ás 19 horas e continuava meus estudos na parte da manhã. Era uma vidinha puxada, tinha também que jogar basquete, namorar!
Quando o basquete entrou na sua vida?
Quando fui estudar no Sud Mennucci o professor de educação física Mané Bortolotti resolveu formar uma equipe nova do Grêmio Normalista e selecionou alguns meninos, eu era alto, jogava de pivô. Joguei basquete por muitos anos, com 1,83 metros de altura eu me destacava, atualmente um atleta de qualquer time amador tem mais de 1,90 metros. No basquete não é apenas a altura que influi, a envergadura conta muito. Atualmente ás terças-feiras e quintas-feiras eu participo de um “rachão” com os amigos.
Em que bairro de São Paulo ficava a agencia bancaria que o senhor trabalhou?
Era o Banco do Brasil situado na Lapa, escolhi ali por ser a saída para Piracicaba, o ônibus passava a 100 metros do banco. Com o tempo transferi-me para o Banco do Brasil de Piracicaba.
O senhor criou o sistema de consórcio para carros no Brasil?
Você deve ter ouvido falar que o consórcio foi criado dentro do Banco do Brasil, por funcionários, fui o primeiro gerente do que na época chamávamos de cooperativa. Com mais um ou dois colegas de banco criei o consórcio, sistema que mais tarde proliferou pelo país todo. Tenho a história toda de como ele ocorreu, como foi parar no mundo comercial. O primeiro grupo de consórcio tinha 21 participantes, chamava-se Cooperativa Lapa, a garantia de entrega do carro era dada através da entrega de uma nota promissória. O veículo consorciado era um Volkswagen. Quando os carros começaram a ser entregues ao consorciado, outras pessoas quiseram participar. O segundo consórcio que montamos chamava-se Laluz, era entre funcionários do Banco do Brasil da Lapa e da Luz. O automóvel consorciado era um Gordini. Quando vim á Piracicaba fiz um grupo dentro do Banco do Brasil, depois fui trabalhar no Dedini, fiz um grupo dentro da empresa. Conservo essa documentação até hoje nos meus arquivos.
A sua permanência no Banco do Brasil em São Paulo foi até que ano?
Foi até 1963, ano em que me casei, a minha esposa, Vera, morava no Rio de Janeiro, era nascida em Minas Gerais e nos conhecemos em Porto Alegre em 1956! Eu tinha um envolvimento com o trabalho da Igreja Metodista, fui líder da mocidade metodista da época, liderava uma região, tínhamos congressos regionais, nacionais, onde conhecia pessoas de outros lugares, eu já tinha conhecido irmãs da Vera em outro congresso em que ela não estava presente. Namoramos por seis anos, ela morando no Rio de Janeiro e eu em São Paulo. Trocávamos muitas cartas, que conservamos até hoje. Casamos na Igreja Metodista do Catete, em casamento religioso com validade no casamento civil, uma novidade da época. Eu consegui transferência para trabalhar na agencia do Banco do Brasil de Piracicaba, meu desejo era advogar. Ao chegar à cidade comentei com Jair de Toledo Veiga sobre a minha vontade de atuar na área, na época a cidade deveria ter duas dezenas de advogados. O Jair disse que o Dr. João Fleury estava procurando um advogado para trabalhar com ele, o Luiz Abrahão que tinha trabalhado com ele estava saindo para montar seu próprio escritório. Passei a trabalhar no Banco do Brasil do meio dia até as dezoito horas e de manhã trabalhava no escritório de advocacia. Por volta de 1964 pedi minha demissão do Banco do Brasil. Nessa época surgiu a primeira faculdade montada pelo Instituto Educacional Piracicabano, a Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Empresas, a famosa ECA. Era muito difícil encontrar professores de sociologia, pelo que eu saiba havia três pessoas habilitadas na cidade, eu era uma dessas pessoas. Fui convidado para lecionar, aceitei, assumi também a direção da faculdade, sendo o seu primeiro diretor.
A ECA iniciou-se em plena revolução de 1964?
A história da ECA é muito interessante, o primeiro vestibular dela foi a primeiro de abril de 1964. Havia duvida se deveria ou não se realizar o vestibular, os boatos diziam que os postos de gasolina estavam fechados. Tomamos uma decisão, se não faltasse nenhum dos 200 inscritos realizaríamos o vestibular. Não faltou ninguém. A prova foi realizada no salão nobre do Colégio Piracicabano. Começamos a faculdade com duas turmas de oitenta alunos. Por um determinado período de tempo eu ficava de manhã no escritório de advocacia, à tarde no Banco do Brasil e a noite na faculdade. Em 1966 foi constituída a segunda faculdade, a de pedagogia. Em 1970 foi organizada a terceira faculdade, da qual fui ser o seu diretor, a faculdade de direito. Em todas elas eu também lecionava sociologia.
Como se deu o seu ingresso na empresa Dedini?
Foi através do escritório do Dr. João Fleury que atendia grandes empresas de Piracicaba. Houve um momento em que o Sr. Mario Dedini quis que um advogado desse expediente por umas três horas diárias. Dr. João Fleury em função de uma série de compromissos pediu que eu o substituísse nessa atividade. Um dia o Sr. Mario me chamou e convidou-me para trabalhar em expediente integral. Em 1972 eu estava trabalhando na Dedini, realizando muitas viagens, acabei me afastando das faculdades, permaneci na Dedini até 1982, quando retornei as atividades acadêmicas na UNIMEP, exercendo as funções e atividades já citadas.
Haveria muito mais para contar. O papo com o entrevistado foi longo e agradável, porém, infelizmente, o espaço no jornal é limitado. Quem sabe, em outra oportunidade a gente continua. Parabéns, amigo Gustavo, Desejo-lhe feliz gestão.



REI MOMO E SUA CORTE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 05 de março de 2011
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADO: REI MOMO E SUA CORTE
Carnaval é uma celebração coletiva de alegria, e nesse quesito o brasileiro sai-se muito bem. A magia do nosso carnaval está na contribuição que cada raça formadora da nossa nação insere nesse festejo. O Rio de Janeiro profissionalizou o carnaval, é um dos produtos do pacote turístico da cidade maravilhosa. No início do século passado, São Paulo celebrizou os carnavais na Avenida Paulista, onde renomadas e abastadas famílias desfilavam com seus elegantes carros decorados a caráter. Com confetes, serpentinas e inocentes jatos de lança perfume animados foliões externavam sua alegria. Muitos estudiosos afirmam que o carnaval é uma catarse coletiva. Piracicaba nas décadas de 30, 40 já tinha seus cordões, que eram grupos de foliões com fantasias alusivas a um determinado tema. Na década de 60 surgiram as famosas gincanas, que formaram as escuderias, embrião das grandes apresentações carnavalescas nos anos seguintes. Foi um período de grande envolvimento da população piracicabana com o desfile de carnaval. Das pessoas mais humildes até grandes figurões da sociedade todos participavam ativamente do carnaval de rua. Artistas de renome nacional vinham especialmente para compor a comissão julgadora dos desfiles de carnaval. Os clubes sociais ferviam, o não sócio só podia entrar em um baile de carnaval se como convidado fosse apresentado por um sócio do clube e pagasse o convite, vendido a um preço nem um pouco simbólico. Os mais eloqüentes diziam que o carnaval de Piracicaba era o melhor do interior paulista! Piracicaba mudou muito, cresceu, industrializou, os meios de comunicações deram saltos gigantescos, internet e telefone celular são dois exemplos. A oportunidade de demonstração de alegria coletiva, nos dias de carnaval deixa de ser exclusividade de um pequeno grupo, passa a ser de uma nação com quase duzentos milhões de habitantes. Como manda a tradição, democraticamente foram eleitos o rei, a rainha e as princesas do carnaval de 2011. Atualmente há uma preocupação maior com a saúde, basta vermos as inúmeras academias de ginásticas, as praças onde batalhões de pessoas caminham diariamente, tudo para manter a boa forma. Alinhado a esse pensamento Piracicaba elegeu com 217 votos o Rei Momo Wilson José Berto, 40 anos, representante da escola de samba Estrela de Prata, um Rei Momo “light”! Ele pesa 85 quilos e mede 1,69 metros de altura. A fantástica figura dezenas de quilos acima do peso deu lugar a um saudável monarca, reflexos dos tempos de cirurgias bariátricas! Daniele Sampaio Ferreira, 17 anos, representante da Ekyperalta, foi eleita rainha, recebeu 310 votos dos jurados Foram eleitas princesas Jaqueline Noemi de Oliveira, 22 anos, da Estrela de Prata com 304 votos e Camila Vaz Rocha, 19 anos, da Caxangá com 294 votos. A eleição ocorreu na Associação dos Funcionários Públicos Municipais. Omir Lourenço, secretário Municipal de Turismo e toda a sua equipe, realizam com muito empenho todos os esforços para o grande brilho do carnaval piracicabano cuja programação inclui diversas manifestações como blocos de rua, cordões, escolas de samba, manifestações culturais, carnaval de marchinhas e trio elétrico.
Rei Momo Wilson José Berto, vossa majestade é natural de que cidade?
Nasci no dia 27 de fevereiro de 1970, no Bairro da Freguesia do Ó, em São Paulo, sou o filho mais velho dos sete filhos de Agenor Berto e Maria Benedita Alves. Resido no bairro Mário Dedini.
O que o trouxe á Piracicaba?
Vim á Piracicaba para assistir a um casamento, acabei gostando da cidade, conheci a moça que veio a se tornar a minha esposa e fixei residência aqui, vim de São Paulo para cá com 22 anos.
Qual era a sua atividade em São Paulo?
Era cobrador de ônibus! Fazia a linha do Jardim Guarani ao Largo do Paissandu, pela antiga CMTC- Companhia Municipal de Transportes Coletivos. Iniciava o trabalho ás quatros horas da manhã e trabalhava até as onze horas da manhã.
Naquela época já gostava de carnaval?
Gostava, participava da Rosas de Ouro, quem nasceu na Freguesia, Vila Penteado, é adepto da Rosas de Ouro.
Atualmente qual é sua atividade profissional?
Trabalho na área de segurança.
Tem filhos?
Sou pai de quatro filhos, um de dezenove anos, um de dezessete, um de 14 e outra de 12. A minha esposa é professora, gosta também de carnaval, ela é Vice-Presidente da Estrela de Prata.
Como se deu o seu ingresso no carnaval piracicabano?
Na época em que o desfile era realizado na Avenida São Paulo eu ia para assistir, prestigiar. Comecei a participar do carnaval pela Imperador, desfilei por dois anos pela Caxangá, sai como destaque, fui um dos fundadores da Estela de Prata.
A decisão de participar do concurso para Rei Momo do carnaval de 2011 aconteceu como?
Quem me inscreveu para o concurso de Rei Momo foi a minha esposa, ela me avisou na semana em que iria ocorrer o concurso, argumentei: “-Vou fazer o quê lá? Olha o meu físico!” Ela respondeu: “-Não tem mais essas coisas do passado, de Rei Momo ter que ser gordo!”. Cheguei a pensar em desistir de participar do concurso, mas graças a sua persistência resolvi participar, sem nenhuma esperança de ganhar. Éramos quatro candidatos, sendo que eu era o menor e o mais magro.
O que é necessário para ser um bom Rei Momo?
Além de sambar, saber se comunicar, a simpatia é muito importante. Em minha opinião de todos os requisitos o mais importante é a simpatia. Para agüentar o pique dessas meninas (rainha e princesas) é muito difícil se for obeso.
Para dar uma “aquecida” antes do desfile existe o mito de ingerir algum tipo de bebida alcoólica?
Na companhia da minha família nas festas de natal e ano novo celebro com um copo de vinho, fora essas ocasiões eu não faço a ingestão de nenhuma bebida alcoólica. Nem uso tabaco. Sou apreciador de uma boa lasanha!
Quais são os compromissos assumidos pelo Rei Momo, a Rainha do Carnaval e as Princesas?
Temos visitado os clubes, escolas, faculdades, órgãos de imprensa.
Qual é a reação do público com relação as majestades do samba?
Na tarde de sábado dia 26 de fevereiro participamos do desfile da Banda da Sapucaia, com aproximadamente 20 mil foliões, tivemos uma calorosa acolhida por parte do público presente. Foi muito gratificante.
Rainha Daniele Sampaio Ferreira em que localidade vossa alteza nasceu?
Nasci em Piracicaba, no dia 24 de novembro de 1993, sou filha de Eliana Sampaio e Dermival Luiz Ferreira, tenho duas irmãs uma com 10 e outra com 14 anos. Moro no bairro Alvorada.
Você exerce qual atividade Daniele?
Estudo no Colégio Sud Mennucci. Sou modelo, fui dançarina de grupos de axé, bandas, meu grupo chamava-se “Alta Quebrança”, já dancei por três anos e meio.
Como foi o seu contato com os desfiles de carnaval?
É uma coisa de família, meu tio Rogério Constantino é mestre sala da Caxangá, minha tia Ivania Sampaio já foi porta bandeira, minha mãe Eliana Sampaio já saiu na Ekyperalta. Posso dizer que está no sangue, não tenho como negar a atração pelo carnaval. Desde muito pequena já convivo com o samba, o ano passado realizei o meu primeiro desfile pela escola.
Princesa Jaqueline Noemi de Oliveira é natural de que cidade?
Sou nascida em Piracicaba no dia 29 de janeiro de 1989 meus pais são Ângela Maria Barbosa de Oliveira e Paulo José de Oliveira, sou a mais nova dos cinco filhos do casal. Moro no bairro Mario Dedini.
Qual é a sua atividade profissional?
Sou modelo e tenho meu salão de beleza.
Como foi o seu ingresso no meio carnavalesco?
Entrei no samba meio por acaso! Foi em 2009, quando houve o concurso para escolher rainha e princesas do carnaval, que eu me lembre foi a primeira vez que estava dando premio em dinheiro ás ganhadoras. Minha irmã Miriam me incentivou a participar só que eu não sabia sambar á altura do que era exigido. Passei a treinar, treinei muito em minha casa. Minha irmã tinha um CD do carnaval realizado em 2007, tocava o dia todo o CD no volume máximo, e sambava muito. Os vizinhos tiveram muita paciência comigo. Minha mãe sempre me apoiou muito em tudo que fiz. O meu pai já é mais reservado.
Princesa Camila Vaz Rocha nasceu em que cidade?
Nasci em Piracicaba no dia 17 de janeiro de 1992, sou filha de José Roberto Rocha e Clóris Tereza Vaz Rocha. Moro no centro.
Você exerce qual atividade?
Estudo, eu faço cursinho no Colégio Dom Bosco da Cidade Alta, meu objetivo é cursar Ciência de Alimentos na ESALQ – Escola Superior Luiz de Queiroz.
Como você passou a participar do concurso de carnaval?
Em 2010 fui eleita a Primeira Princesa do Clube Cristovão Colombo.
Omir Lourenço, secretário Municipal de Turismo, como está sendo o trabalho realizado neste carnaval?
É um trabalho grande que está sendo desenvolvido pela secretaria, pelas escolas de samba que tem como presidente o Odivaldo Daragone. Nossa intenção é de iniciar um processo de resgate do carnaval de Piracicaba, vários fatores estão colaborando para que seja um bom carnaval. Teremos cinco dias de carnaval: sexta, sábado, domingo segunda e terça. Sexta e terça a Ação Cultural fará o famoso carnaval da marchinha no Largo dos Pescadores. Sábado e segunda a partir das 19 horas teremos o Trio Elétrico na avenida com arquibancada. O foco principal será no domingo, onde teremos cinco escolas se apresentando. Teremos uma programação paralela ás cinco noites de carnaval, são eventos realizados em diversos horários, durante o dia, em vários pontos turísticos de Piracicaba.
Há uma preocupação por parte da Setur em resgatar os célebres carnavais piracicabanos?
Considero o carnaval uma questão cultural, social, para as comunidades o carnaval não se resume apenas nos dias de carnaval, são feitos eventos no correr do ano todo. O prefeito Barjas Negri disponibilizou os próprios públicos para os eventos dessas comunidades realizados durante o ano: feijoadas, chopadas, tudo visando arrecadar fundos para conseguir realizar um bom carnaval. Os R$ 25.000,00 da subvenção não são suficientes, foi criada uma premiação de R$ 6.000,00; R$ 4.000,00 e R$ 3.000,00 para os vencedores, além da subvenção. Foi criada uma premiação de R$ 1.000, 00 para Rei Momo e para a Rainha; R$ 600,00 para as princesas. Temos um compromisso juntamente com as escolas de fazermos as entradas das mesmas dentro do horário pré-estabelecido, em respeito ao público presente. Se fizermos um bom desfiles teremos condições de além do patrocínio oficial buscarmos o apoio de empresas privadas.
É um carnaval para ser assistido pelas famílias?
Contamos com a colaboração e participação de todas as instituições de saúde e segurança pública que atuam em nossa cidade. Além dos eventos noturnos há uma série de atividades durante o dia, voltadas à todas as faixas etárias e culturais.
Há algum projeto de sambódromo em Piracicaba?
Temos que mostrar serviço para poder exigir! Há três anos que venho trabalhando para que as escolas não regularizadas assim o façam. As ditas exigências por parte da nossa secretaria na realidade são requisitos legais, que serão encaminhados ao Tribunal de Contas. Essas escolas que estão desfilando estão com suas declarações de utilidade pública em ordem.
A participação do folião tem sua origem em quais camadas sociais?
Em sua maioria são de origem nas comunidades, a partir do ano passado tenho percebido que está sendo despertado o interesse e a participação de diversos segmentos da sociedade, elementos de clubes tidos como de elite estarão participando.
Com a implantação de uma fábrica de veículos em Piracicaba deverão chegar pessoas de outros países, nosso carnaval estará preparado para recebê-las?
(Risos) Está muito precoce, a fábrica está vindo ainda, a nossa proposta á eles será de colocar o tema: “Tem coreano no samba!”. Nós temos que assimilar a cultura deles, mas eles devem assimilar em proporção maior a nossa cultura. Tivemos vários segmentos da nossa sociedade desfilando, inclusive o pessoal de Santa Olímpia. Na terça feira nós teremos em um dos eventos paralelos o “Carnaval da Cucagna”, das 10 da manhã até as 18 horas. É um evento muito peculiar e turístico, realizado no bairro rural Santa Olímpia. São culturas diferentes que acabam se adaptando. Acho importante que se preserve a cultura que chega até nós, contribuindo para um equilíbrio com a nossa cultura. Acredito que dentro de uns dois anos isso deverá acontecer com os coreanos que passem a residir em Piracicaba.
Há uma previsão da quantidade de pessoas que estarão presentes aos eventos?
Por amostragem dos anos anteriores devemos ultrapassar 70.000 pessoas, inclusive turistas de outros países. O potencial turístico de Piracicaba é muito grande, estamos implantando gradativamente diversos projetos, dentro do nosso orçamento.

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