quinta-feira, outubro 18, 2012

LUIZ ANTONIO LEITE - MADALENA

REPRODUÇÃO DA ENTREVISTA FEITA NOS ESTÚDIOS DA RÁDIO EDUCADORA DE PIRACICABA EM 3 DE MAIO DE 2005
                                                         Foto: João Umberto Nassif

                                                       LUIZ ANTONIO LEITE - MADALENA 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS Produção e Apresentação Jornalista e Radialista JOÃO UMBERTO NASSIF Transmitido pela RÁDIO EDUCADORA DE PIRACICABA AM 1060 KHERTZ Aos Sábados das 10:00 às 11:00 horas da manhã.
Contato com João Umberto Nassif        joaonassif@gmail.com


ENTREVISTADO: LUIZ ANTONIO LEITE - MADALENA, Presidente do Centro Comunitário do Bairro Boa Esperança.


Luiz Antonio Leite é uma figura folclórica de Piracicaba, muitas vezes você absorto em seus pensamentos foi surpreendido, descontraiu-se com as inocentes brincadeiras que Luiz Antonio Leite proporciona aos habitantes de Piracicaba. Hoje vamos conhecer o lado sério, de trabalho humanitário, de luta pela sua comunidade. O cidadão Piracicabano Luiz Antonio Leite é popularmente conhecido pelo nome de Madalena.


Você é cidadão Piracicabano?


Sou nascido em Piracicaba, no dia 27 de dezembro de 1956. Nasci no local denominado Boqueirão, situado no Bairro Alto. Meu pai chama-se Inácio de Moura, que eu não cheguei a conhecer. Minha mãe é Luisa Leite. Somos em 5 irmãos. Estudei no Grupo Escolar Dr. Alfredo Cardoso. Aos 14 anos de idade comecei a trabalhar. Aos 13 anos de idade ainda brincava de casinha. Não gosto de jogar bola. Meu negócio era mais arrumar a casa, fazer a comida. Meu primeiro trabalho foi na casa da Ditinha Penezzi. Ali aprendi a fazer muita coisa que ela me ensinou. Ela era muito exigente. Na casa dela a maioria era composta de advogados, eu lavava uma camisa branca do doutor, quando ela via um amassadinho ela me chamava e dizia: - Você vai passar essa camisa de novo! Está mal passada! Nunca respondi. Eu passava tudo de novo. Eu queria aprender. Ali aprendi muita coisa, a cozinhar, a fazer doces.


Você chegou a queimar alguma comida?


Cheguei a queimar arroz.(risos) A casa era muito grande. Eu tinha que fazer de tudo, lavar, passar, enquanto o arroz ia secando eu ia fazendo outro serviço. Quando percebia o arroz já estava queimado!


Você se considera bom profissional para limpar uma casa?


Sou. Até agora em todas as casas em que trabalhei nunca ninguém reclamou! Eu faço uma faxina das boas! Tiro tudo do lugar. Não tenho hora para sair. Tem empregada que vai trabalhar, quando o relógio marca 4 horas da tarde quer ir embora. Quando eu trabalhava por dia, entrava às 7:00 horas da manhã e saia às 6:00 horas da tarde. E arrumava a cozinha da janta ainda! Para não deixar para a patroa fazer! No tempo em que eu era mais molecão não tinha onde ficar eu ficava até as seis horas da tarde no trabalho, assim eu também jantava!


Você trabalhava cantando?


Cantando, ligava o rádio, sempre na maior animação.


Você é católico?


Sou católico graças a Deus! Quando era garoto morava no Bairro Alto, ia assistir a missa da Igreja Bom Jesus. Após a missa dormia no banco da igreja. No dia seguinte uma mulher vinha abrir a igreja, me via encolhidinho e dizia: - Menino você dormiu aqui! Ela me dava um copo de leite e pão com manteiga.


Você tinha uma relação amistosa com seus irmãos?


Não. Com meu irmão por parte de pai não. Ele era contra tudo que eu fazia. Não podia ir um colega meu lá em casa que ele tocava. Ele tinha preconceito. Meu padrasto também não gostava muito do meu jeito de ser. Eu ficava muito triste, meus colegas iam me convidar para sair e ele tocava! Eu dizia para a minha mãe, quando tiver uns 14 ou 15 anos de idade vou sair desta casa. Ela adoeceu, não tinha jeito de eu sair. Eu sozinho que trabalhava para sustentar a todos em casa! Até que um dia sai de casa. O primeiro quartinho em que fui morar foi no Bairro Verde, chamado antigamente de Coréia, fui morar na casa da Dona Irene. O meu quartinho era de tábua. A minha cama era de jornal, com uma cobertinha, e uma corda em forma de varal que eu usava como cabide para por as minhas roupas.


Você foi trabalhar em república de estudantes?


Trabalhei na república Canecão, ficava na Rua Benjamin Constant, era uma república antiga. Lá eu cozinhava, lavava roupa, deixava tudo em ordem. Nessa época eu tinha uns 16 a 17 anos. Até aquela época me chamavam de Luiz. Só que eu não gostava que me chamassem por esse nome. O responsável pela república era o Robertinho, ele era o bom da boca, era o homem que tinha mais dinheiro na república. Ele formou-se Engenheiro Agrônomo. Normalmente eu não trabalhava aos domingos, mas ele disse que eu deveria ir trabalhar no próximo domingo. Foi feita uma votação, meu nome foi escolhido em uma eleição pelos estudantes. Quem sugerisse o nome vencedor ganharia uma caixa de cerveja. Teve muitas sugestões de nomes: Maria, Vanessa, etc... Eu não gostei de nenhum. Foi feita uma nova eleição. Na segunda votação o Carlinhos sugeriu Madalena. Teve então o batizado como Madalena, com diploma, churrasco e tudo! Foi muita gente. Meninas, rapazes. Foi a coisa mais linda! Eu tinha feito um arroz de forno.


Você bebe? Fuma? Joga?


Não bebo, não fumo e não jogo!


Você mesmo se encarregou de divulgar o seu novo nome, Madalena?


Eu mesmo. A coisa pegou de uma tal forma que se me chamarem de Luiz sou capaz de até nem responder. Desde criança sou Madalena! Vou responder por Luiz no cartório, no banco. Na minha conta de água vem escrito Madalena. Vem escrito Luiz Antonio Madalena!


Você adotou o nome Madalena em suas duas candidaturas a vereador?


Na primeira candidatura não pude adotar. Deu uma confusão. Colocaram outra Madalena para concorrer comigo. Hoje meu nome para efeitos eleitorais é Luiz Antonio Madalena. Hoje Madalena é um nome oficial.


Você trabalhou em casa de gente muito importante em Piracicaba?


Trabalhei sim. Trabalhei por um período de um ano mais ou menos, na casa do Deputado Federal João Hermann Neto, ali no bairro Cidade Jardim. Lá eu fazia tudo. Cozinhava, lavava, passava. Ele é uma pessoa simples como nós. Ele não tem luxo na comida. A mistura sim, ele gosta de filé mignon, carne toda de primeira! Eu faço tudo isso. Não tenho preguiça.


Na hora das refeições você come junto a família para a qual trabalha ou em um cantinho separado?


Logo que comecei a trabalhar por dia, eu achava chato sentar a mesa com o patrão. Comia na cozinha. Só que eles ficavam bravos. Diziam: Não! Não! Você é como nós! Pode vir sentar a mesa! Passei a sentar a mesa. Até hoje sento a mesa com qualquer patrão.


O guarda-roupa da sua casa tem mais roupa do Luiz Antonio Leite ou da Madalena?


Para falar a verdade tem mais roupa da Madalena. Ela é mais vaidosa!(risos) Do Luiz tem terno, sapato preto, marrom, cinto, relógio. Já usei terno! Fiquei a tarde inteira atendendo ao telefone no meu serviço. E não era homem que ligava, era só mulher!(risos) Algumas diziam que eu tinha ficado muito bonito de terno, por que eu não passava a usar só terno, outras ligavam para falar abobrinha!(risos).


Você colocou terno e foi paquerado por algumas mulheres?


Exatamente! Só que elas perderam tempo à toa! Encostei o terno rapidinho! (muitos risos)


Você quando era criança sofreu bastante, e isso refletiu muito na sua vida toda, e talvez por isso hoje você atua como presidente do Centro Comunitário do bairro Boa Esperança?


A Boa Esperança é um bairro carente. O Javari ainda é mais carente do que a Boa Esperança! O Javari não tem asfalto, não tem luz, o bairro Monte Rei tem muitos problemas sérios. Dá dó. Eu brigo muito para melhorar essa situação. Cobro atitudes dos vereadores, do prefeito. Todo mundo recolhe seus impostos. No bairro Javari ninguém paga imposto, mas eles querem pagar para terem uma situação melhor no bairro! Pagando os impostos, é melhor para a Prefeitura e para os moradores também.


Você trouxe uma pasta com muitas fotografias das ruas com problemas, praticamente não tem ruas, o leito carroçável são apenas enormes buracos. Isso não é uma situação nova, não é uma crítica a administração atual.


Exatamente. Não é uma crítica contra a administração atual. Muitas vezes no meio da noite sou acordado para ajudar alguém do bairro. Esses dias uma mulher recebeu uma cobrança judicial de impostos que o falecido marido estava devendo. Eu orientei para que buscasse um advogado. Defendo muito a prática de esportes pelos moradores. As crianças não encontram um local com um brinquedo, não tem um lugar para ir. Isso é uma forma de tirar as crianças das ruas. O Clubinho só atende das 8:00 da manhã até às 4:00 horas da tarde. E domingo? Como é que fica? Sábados? Feriados? Essas crianças ficam na rua! Se tivesse uma quadra de basquete, um brinquedo qualquer elas não estariam na rua!


Você promove duas festas anuais?


Promovo uma festa em todo dia 12 de outubro e no Natal. Saio pedindo contribuições pelas lojas, e consigo muita coisa! A Mercedes do supermercado Tutti Frutti me ajuda muito! As pessoas que se vestem de Papai Noel me ajudam muito. Tenho que agradecer a essas pessoas e a Deus que me ajuda.


(Nesse momento a ouvinte Silvia faz a pergunta: Estou ouvindo a entrevista da Madalena, acredito que muitas pessoas vivam um conflito interno muito grande sobre a sua opção de vida. Gostaria de saber com que idade ela percebeu que era uma pessoa diferente, quais foram as suas dificuldades, os problemas que ela enfrentou, se ela procurou algum médico, ajuda psicológica, ou simplesmente assumiu a sua condição).


Eu não fui ao médico. Aos sete anos de idade já gostava de brincar de casinha, com bonecas, meu pai era contra, brigava com a minha mãe. Minha mãe sempre me apoiou. Ela dizia: - Não posso abandonar meu filho porque ele é assim! Ele não é o primeiro! Eu sempre quis ser assim, nunca quis mudar. Após perder a minha mãe sofri muito. Resolvi seguir a minha vida do jeito que eu queria. Passei a usar lenço na cabeça, vestidinho, passeava pela Rua Governador Pedro de Toledo de saia, eu não me arrependo de ser assim, para conseguir a minha casa sofri muito! Tenho que agradecer em primeiro lugar a Deus, quando eu não tinha um lugar para morar eu pedia a Ele: Deus eu sei que um dia vou ter a minha casa! Acho que os pais devem apoiar o filho em sua opção e não simplesmente colocá-lo na rua!


Negro, pobre e homossexual, tem que ser muito macho para assumir uma situação dessas?


Com certeza sim.


A ouvinte Ângela do bairro Primeiro de Maio participa do programa dizendo que Madalena trabalhou com ela por quase dois anos, isso foi quando eu tinha meus dois filhos pequenos, a Madalena é a pessoa mais maravilhosa que eu conheci, de uma humildade, de um ensinamento de vida, nunca teve a liberdade que eu ia dizia para ela ter em minha casa. Eu só queria dizer que se tanta gente fosse como a Madalena o mundo seria bem melhor! Na época em que ela trabalhou em minha casa uma criança minha tinha 8 anos de idade outro uns 5, eles cresceram vendo a Madalena, ela é muito carinhosa, uma pessoa que sabe os limites, na rua, Madalena brinca com todo mundo, dentro da sua casa ela é uma pessoa que não tem nada a ver com aquela Madalena! Faz um serviço que ninguém faz melhor do que ela! Em casa todo mundo era Luiz. Meu marido se chama Luiz, assim como meu filho e também a Madalena! Eu era cercada de Luiz! Sou muito feliz de ter tido um dia a Madalena dentro da minha casa.


Você na verdade curte um grande barato quando está no terminal de ônibus urbano, ou na Rua Governador Pedro de Toledo, centro de Piracicaba, ali é a sua passarela,você encontra aquele machão acompanhado é ai que você deita e rola?


Esse machão que passa com a mulher e dá uma de homem, é ai que eu gosto de mexer! Falo Lindo! Bonito! Você é um gatão!(muitos risos). Ele fica sem jeito, e me cumprimenta!


É verdade que uma vez você arrumou uma confusão na Rua Governador, em uma esquina aonde tinha um pelotão de policiais?


Isso foi na véspera de um Natal. Eu estava brincando gritando: Motoristaaaaaaa! Nesses dias tinha aqueles moleques novos de guarda (aspirantes), todo mundo buzinando, eu gritando, na esquina das Ruas XV de Novembro com a Rua Governador, bem na esquina da farmácia, me cercaram. Disseram: - Você está preso! Comecei a discutir feio com eles! Começou a lotar de gente. Um carro que vinha pela Rua XV de Novembro parou bem próximo a mim. Um senhor de terno desceu, era o delegado! A situação foi esclarecida, e assim eu pude seguir meu caminho em paz!


Você é exímio lutador de caratê e capoeira?


É verdade. Só que acho que não há necessidade de ficar falando isso para todo mundo! Eu guardo isso para mim. Se alguém pensa que vai bater em mim, vai se enganar!


Você fez um forrobodó no Estádio do Morumbi em São Paulo?


Foi uma briga que saiu lá. Foi em um jogo do XV de Novembro contra o São Paulo, fomos de trem! A torcida do São Paulo veio para cima de nós, tivemos que bater neles! Não gosto de briga. Não provoco ninguém. Fico na minha! Mas se provocarem, sai de baixo!


Você fazia bagunça no bonde?


Andei muito no bonde! Saia da escola para vir no terminalzinho do centro. Beijava um, gritava!


Você gosta de novela?


Adoro. Não choro, mas eu gosto. Adoro cinema. Não gosto de filme romântico. Prefiro filme de ação com o Rambo, Arnold Schwarzenegger, filme de terror.


Você foi padrinho de formatura de uma turma de formandos?


Fui. Eu não queria ir, não tinha roupa. Fui à casa de uma amiga minha, ela me emprestou a roupa e eu fui. Usei um blusão, uma calça, saia azul com uns desenhos bonitos, e o tamanco no pé! Foi a coisa mais linda!


Esse tamanco seu tem uma história curiosa?


Na verdade é o outro tamanco que eu tinha. Sou muito religioso. Freqüento a igreja da Catedral e a Igreja do Bom Jesus. Vou à missa aos domingos. Confesso-me. É bom confessar! Há uns quatro ou cinco anos eu tinha um tamanco de mola, era um tamancão com uma mola embaixo, esse tamanco eu ganhei de uma pessoa que trouxe da Itália. Eu ia a missa com o tamanco, ele fazia um barulho, que o padre coitado, parava a missa e todo mundo olhava para traz para ver a Madalena chegar!(muitos risos)


Quando você está dentro de uma igreja prestam mais atenção no padre ou em você?


Os fieis assistem a missa. Mas sempre tem alguém que fica olhando para mim!


Você gosta muito de carnaval?


Eu adoro! Saio na Portela. Eu adoro a ala das baianas! Eu saio todo ano de baiana!


Você foi candidato a vereador em piracicaba por duas vezes. Na primeira vez você teve 1200 votos. Na segunda vez você teve 1620 votos. Você hoje é suplente de vereador?


Exatamente isso. Se o vereador Chico D’Água deixar a cadeira hoje ocupada por ele, eu assumo como vereador.


É verdade que você tem o sonho secreto de ser prefeito de Piracicaba?


É verdade. Se Deus quiser. Tenho muita fé em Deus. Vou trabalhar muito para ajudar a classe pobre. Eu ando em todo lugar. Em todos os bairros. Eu tenho dó de ver aquela gente reclamar da vida. Gente que não tem o que comer. Eu não posso ajudar ninguém porque também passo apertado!


Você se informa muito?


Gosto de ler jornal. Assisto os noticiários de televisão.


No seu ponto de vista porque existem pessoas miseráveis?


As pessoas da alta classe pensam mais neles próprios. Eles pensam no povo na hora do voto. Após as eleições, eles não querem mais saber dos problemas que existem nos bairros. Quem é presidente de associações de bairro sabe o que o povo passa. Nós fizemos um trabalho assistencial junto com a igreja, isso quando eu era jovem, naquele tempo não se passava fome. Visitávamos casa por casa, e levávamos cesta básica para cada família necessitada. Hoje você não vê mais isso!


Você conhece o mar?


Nunca vi e nem quero ver! Se me oferecerem uma passagem para Aparecida do Norte, Pirapora, eu vou! Mas sair da minha casa para ir para Santos, não vai acontecer nada. Eu já sou negro, vou para lá para ficar mais preto ainda?(risos).


Meu santo de devoção é São Benedito, Santo Expedito, Nossa Senhora de Aparecida e Bom Jesus de Pirapora. Sou bastante religioso, Graças a Deus!








domingo, outubro 14, 2012

AMADEU FRACENTESI CASTANHO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 13 de outubro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: AMADEU FRACENTESI CASTANHO
Amadeu Fracentesi Castanho nasceu a 6 de abril de 1928, em Piracicaba, na Rua da Boa Morte número 51, hoje o número é 1479. É filho de Amadeu Castanho nascido em Capivari, e Olympia Fracentesi Castanho nascida em São Paulo. Seu pai atuava na área de direito, foi fazendeiro, loteou boa parte da cidade, formando alguns bairros como Vila Progresso, Bela Vista, Paulicéia. Em 1923 a empresa Antonio Bacchi & Cia. composta por Amadeu Castanho, Antonio Bacchi e Fernando Costa Sobrinho adquiriu 186 alqueires paulista de terras, tinham como vizinhos a ESALQ e seguiam em uma longa extensão de terras até os confins da Paulicéia, da Avenida Independência até o Piracicamirim.

Quantos anos levaram para lotear essa área toda?

Eles conseguiram a Primeira Carta Patente Federal emitida para o Estado de São Paulo com a finalidade de fazer loteamentos. Lotearam a Vila Bela Vista composta por 512 lotes, vendidos em 60 dias. Depois fizeram a Vila Progresso, Vila Independência, Vila Paulicéia e Vila Piracicamirim. Onde hoje é a Shopping Paulistar, era uma caieira, mina de cal, adquirida pelo meu pai para fazer as casas, pertencia ao Ditoca. A cidade de Piracicaba terminava no pontilhão da Rua Benjamin Constant.

Em que local o senhor passou a sua infância?

Casa onde Amadeu Castanho morou quando menino, na Rua da Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, foi derrubada e hoje é um terreno vazio, ao lado fica a casa onde nasceu o ex-governador Adhemar de Barros,onde hoje funciona uma pesnão.
A minha infância passei na Rua Boa Morte esquina com a Rua Ipiranga, era um casarão que foi dividido em duas casas, a da esquina foi derrubada, hoje é um terreno vazio, na outra onde funciona uma pensão, foi onde o ex-governador Adhemar de Barros nasceu. Na década de 40 havia uma placa alusiva ao fato. Na Rua Ipiranga entre a Rua Governador Pedro de Toledo e Boa Morte havia uma sinagoga, que também foi demolida. Naquele trecho já havia o calçamento de paralelepípedo, a Rua Alferes José Caetano era terra, assim como a Rua do Rosário, que era a rua por onde passava a boiada. A Rua do Comércio, atual Rua Governador Pedro de Toledo era calçada com paralelepípedo. Na Rua Ipiranga quando se encontrava com o Ribeirão Itapeva, formava uma espécie de lagoa, La nós nadávamos, pescávamos guaru-guarus para fazer cuscuz. Mamãe falava: “-Vai até o Itapeva e pega um pouco de guaru-guarus para fazer no almoço!” Ou então: “-Vai na Rua do Porto e pega para amanhã”.

Tinha uma sorveteria muito famosa no centro.

A Sorveteria Paris ficava na esquina da Prudente de Moraes com a atual Praça José Bonifácio. Anteriormente existia embaixo do Clube Coronel Barbosa a “Leiteria Brasileira” Era o melhor sorvete da cidade. Com 12 anos aprendi datilografia e fui trabalhar com o meu pai na Praça Sete de Setembro. Quando eu tinha 4 anos de idade faltou um menino da minha idade, ele deveria estar presente em uma festa no Colégio Piracicabano eu o substituí. Fiz todos os meus estudos, até 17 anos. no Colégio Piracicabano. Em seguida estudei na Escola Cristóvão Colombo, onde me formei como contador. Por dois anos estudei economia na Escola Álvares Penteado próxima a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Morava em uma pensão na Avenida Anhangabaú, próximo ao Mercado Municipal de São Paulo. Eu trabalhava como contador na empresa Tecidos Zacharias S/A, na Rua Vinte e Cinco de Março, 1012. O dono principal era Abdalla Belhaus seu sócio Melhem Zacharias. Naquele tempo contador limpava banheiro, balcão, fazia tudo, só após seis meses colocaram um auxiliar para fazer o resto. Fiquei um ano e meio em São Paulo, minha irmã se casou e minha mãe pediu-me para voltar.

O pai do senhor atuou na área jurídica?

Naquele tempo o pretendente podia realizar seus estudos particulares e submeter-se a um exame em São Paulo, na OAB. Meu pai como solicitador tinha a carteira número 30 da Ordem dos Advogados do Brasil. (Os solicitadores são um misto de advogados, procuradores e consultores jurídicos). Ele era sócio do advogado Antonio Eiras, tinham escritório na Praça Sete de Setembro, 7. Era uma pequena praça em frente ao Teatro Santo Estevão, na época unica rua asfaltada de Piracicaba, uma extensão de 100 metros. A Rua São José não era uma via interompida como é atualmente, ela atravessava a praça, criando entre ela e a Rua Prudente de Moraes a Praça Sete de Setembro. A frente do Teatro Santo Estevão era voltada para a Rua São José. O fundo do Teatro Santo Estevão era na Rua Prudente de Moraes.

No seu retorno à Piracicaba onde o senhor foi trabalhar?

Luciano Guidotti tinha uma loja de louças, era o tipo de “Casa de Mil Réis” tinha muita louça, vidro, copo. Ficava na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua São José. Ele morava na parte superior a loja. Isso foi em 1949. Eu tinha duas ofertas de trabalho, ambas como contador: na Rádio PRD-6 e com o Luciano Guidotti, ele estava fazendo o encerramento da loja e a abertura de uma agência de automóveis, achei esta segunda opção como a melhor. Fui convidado para trabalhar lá pelo Alcides Martinelli, que era migo do Luciano.

Qual foi a primeira impressão que o senhor teve ao conhecer Luciano Guidotti?

Muito boa! Era um homem alto, de pele muito clara, muito inteligente Tinha horas em que estava muito alegre, também tinha suas horas de tristeza. Era muito enérgico. Fechamos a loja de louças e abrimos a empresa Guidotti & Cia. O Brasil passava uma grande mudança no setor de veículos, era o início da industria automobilística no Brasil, onde se fabricavam poucas coisas. O governo deu uma autorização aos agentes das grandes montadoras que importassem diretamente os veículos fabricados nos Estados Unidos. Eram importados na modalidade CKD Complete Knock-Down, os veículos vinham desmontados, a General Motors montava aqui no Brasil. O pagamento era feito pela agência revendedora, antecipadamente, em dolar americano. Comprava o dolar na bolsa, mandava para a General Motors, era feito o cálculo de custo peça por peça, motor, câmbio, cabine. Fazia-se o “invoice” que em português é fatura. Eu telefonava para Detroit eles falavam o valor do pêso da mercadoria, e a quantidade de veículos. Fechava o câmbio em São Paulo. O lote mínimo era de 24 veículos. Gerolamo Ometto trabalhava com a Ford. Os Irmãos Petrocelli tinham agência na Rua Prudente de Moraes esquina com a Rua Governador Pedro de Toledo tinham Agência Chevrolet. O Guidotti era concessionário GMC e Oldsmobile.

Em que ano ocorreu a primeira importação feita pelo Guidotti e com a sua participação?

Foi em 1950, de 24 caminhonetes “pick up GMC”, movidas a gasolina. O país foi evoluindo, passou a produzir cabine então não era permitido importar cabine, da mesma forma passou a produzir feixe de molas deixou de importar feixe de molas. As leis foram modificando-se. Em 16 meses Guidotti importou 998 veículos. Foram importados alguns caminhões 4-71, 6-71 também. Abrimos loja na Rua Timbiras, em São Paulo. Funcionava mais como um depósito, um ponto de apoio. Vendíamos para o Brasil todo. O Luciano vendeu as casas que tinha na Rua Santo Antonio e investiu na importação. Os ônibus do Expresso Piracicabano eram vendidos pelo Guidotti. Em 1952 saiu uma lei terminando a importação pelas agências, o fabricante passou a importar e montar usando peças e assessórios fabricados no Brasil. Os caminhões pesados eram adquiridos pelas transportadoras. O Expresso Piracicabano era uma delas. Eram veículos para 10 a 12 mil quilos.

E as peças de reposição?

Nós tínhamos, assim como uma oficina na Rua Treze de Maio esquina com José Pinto de Almeida. Naquele tempo Piracicaba era pequena, tinha pouco trânsito na rua.

O senhor adquiria carro para seu uso na agência?

Ficava com os veículos que eram adquiridos nas trocas. Entrava muito carro Citroen. Tive uma motocicleta Ariel 350, inglesa, outra era uma Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia, eu comprei nova, nós vendíamos essa motocicleta. Viajei muito com a Ariel, ia para Santos, a estrada era toda em terra. Passava por dentro de Tupi, Caiubi, Santa Bárbara D`Òeste, Americana Campinas, asfalto só existia de Jundiaí para frente. Íamos um pequeno grupo com duas ou três motocicletas, às vezes levando mais alguém na garupa.
                                                            Motocicleta inglesa Ariel 350 cc
                                                 Sparta 150 fabricada na Tchecoslováquia

Como o senhor conheceu a sua esposa?

Conheci a minha esposa Maria Iomar Castanho em Ubatuba. Fui passear em uma festa em Ubatuba. Não existia a Via Dutra, nem a Rodovia dos Tamoios. O trajeto era feito por Taubaté, São Sebastião e Ubatuba, levava umas 14 horas de viagem de Piracicaba a Ubatuba, se não chovesse, se chovesse já na subida de Caiubi ninguém conseguia subir. Um acessório indispensável era enxada, isso de caminhonete De moto levava água e capacete que era de couro. Acampamos em uma praia da cidade. Ela estava passando férias na casa do seu avô, isso foi em 1951, nos casamos em 1952. Casamos em Gália e passamos a lua de mel em Ubatuba. De Piracicaba à Gália eram 360 quilômetros em estrada de terra.

Quanto tempo o senhor trabalhou com o Guidotti?
Trabalhei por sete anos. Abrimos uma empresa chamada Auto Importadora Nardin, éramos em três sócios: Luiz Nardin, Luiz Gonzaga e eu. Passei a vender trator Zetor importados da Tchecoslováquia, comprava da Agrobrás Importadora. Era um dos poucos tratores diesel do Brasil. A loja ficava na Rua D. Pedro I, número 817, perto do mercado. Em dois anos e meio vendemos umas trezentas máquinas. Dávamos garantia, manutenção. Tinha um jipe utilizado para fazer as revisões em campo. Fiz um curso de mecanização agrícola realizado na ESALQ, em três meses. Quando o cliente adquiria um trator íamos ensiná-lo a utilizar da melhor forma seus recursos. Tive que aprender a arar, gradear. Em dois ou três dias eram suficientes para ensinar o comprador. Naquele tempo a cana-de-açúcar mais comum era a 3X, tinha uma touceira dura, mas o trator arava bem. Isso foi em 1956, 1957. Até hoje, após 60 anos tem trator vendido por nós e que está rodando.
                                                                CARCARÁ


                                                                        DKW 1956
                                                                        DKW 1959




 Após 5 anos abrimos a União de Veículos, concessionária DKW em sociedade com Maks Weiser. Em 1956 estávamos passando férias em Santos, o Maks perguntou-me se eu conhecia alguém na Vemag. Disse-lhe que conhecia. Foi quando ele me disse que em 1957 a Vemag iria lançar um carrinho DKW. Já conhecia o pessoal através da Studebaker, subimos a serra e fomos até a Vemag. Em um porão, coberto por encerado havia duas peruas Vemaguet, estavamos acostumados com o conforto e luxo dos carros americanos, achei aquela perua horrível, os carros alemães eram diferentes, menores.
                                                      VEMAGUET 1955
O Maks ficou entusiasmado. Conseguimos a concessão da DKW. No primeiro ano fomos os maiores vendedores da DKW, mais do que São Paulo, vendemos duzentos e poucos veículos. Entrava muito carro usado no negócio, o Maks entende muito de carro usado. Como aumentou muito a venda, a Vemag quiz que separassemos a empresa da venda de tratores. Ficou o Luiz Nardin com a parte de tratores e fiquei com o Maks na União de Veículos a concessionária ficava na Rua Dr. Otávio Texeira Mendes. 1186. Onde tinha sido um barracão de recauchutagem. Reformamos o barracão e abrimos a agência lá.
DKW SEM AS "PORTAS SUICÍDAS" QUE ABREIAM AO CONTRÁRIO DE TODOS OS CARROS ATUAIS.
Quem foi o primeiro cliente a comprar um DKW em Piracicaba?

Foi o Willands Guidotti filho do meu ex-patrão. Estouramos de vender.
                                              "JEEP"  DKW CHAMAD DE CANDANGO




RURAL WILLYS



PICK-UP
BERLINETA INTERLAGOS

BERLINETA CONVERSÍVEL

JEEP WILLYS


GORDINE


FÁBRICA WILLYS




COMO NASCEU O PRIMEIRO AUTOMÓVEL BRASILEIRO

 Mais tarde junto com o Maks montamos a V Motors Veículos e Motores S/A vendíamos a linha Willys Overland: Aero Willys, Jeep, caminhonete Willys, e Dauphine e Gordini. Ficava na Avenida Independência esquina coma a Rua Bom Jesus. Hoje funciona a empresa GVT no local. Foi o primeiro prédio em arco construído em Piracicaba e a primeira oficina azulejada. O engenheiro foi Alberto Coury. Saí da concessão da DKW porque a fabricação do carro ia ser extinta, a Auto Union alemã tinha adquirido as ações da DKW. Comprou as ações da Vemag e fechou. Acabou a fabricação de DKW no Brasil. Ai passou para Volkswagen, o Maks ficou com a concessionária Volkswagen enquanto eu permaneci na V Motors com Benedito Perrone, Em 1962 veio uma grave crise no setor, o Aero Willys era um sucesso, nós já tínhamos arrecadado o sinal de compra de mais de cem carros, entregaram apenas um veículo. No segundo mês fechou a fábrica Fechamos a revenda.

Qual foi a próxima atividade do senhor?

Abrimos a retífica de motores Delta, na Rua José Pinto de Almeida, onde tinha sido a oficina do Guidotti. Comprei um terreno e fiz um barracão lá, na Rua Alfredo Guedes, 167. Montei uma retífica com todo material importado da Itália. Era bem moderna, avançada para a época. Foi a primeira fervura a gás do Estado de São Paulo. O grande problema do motor é que é sujo, com óleo incrustado. Tem que desmontar tudo e ferver o motor, antigamente se fervia adicionando soda cáustica, usando óleo queimado para ferver a caldeira. Quando fiz o prédio vi um projeto com a Ultragaz para a fervura a gás, adicionando um produto menos perigoso do que a soda cáustica. Os concorrentes eram três: Romano, Consentino e São Cristóvão. Fiz uma linha de montagem, comprei 300 motores usados e fazia a retífica à base de troca. O ano de 1967 foi ótimo, uma maravilha. Tinha 54 empregados. Em setembro os árabes aumentaram o preço do petróleo, de 4 para 24 dólares o barril. Com essa crise do petróleo os veículos viraram sucata. De 100 motores que retificava por mês caiu para 8. Tive que fechar a retífica, indenizar os funcionários. Tive que vender o barracão, só que não tinha comprador para as máquinas. Walter Hahn era proprietário da concessionária Mercedes Benz em Piracicaba adquiriu o barracão. Em Barra Bonita tinha um proprietário de cinco usinas de açúcar, ele tinha serviço garantido dentro da sua própria empresa, vendi para ele as máquinas da retífica. No negócio do barracão entrou para mim um sítio na estrada de Tupi, tinha 90 metros de frente por 3.000 metros da frente ao fundo. Uma minhoca. Após ir a Campinas onde ficava a sede responsável pela energia elétrica, consegui com a empresa que ela levasse energia até o local. Fiz uma rua de 9 metros da frente ao fundo. Loteei em lotes de 1.000 metros quadrados. Fiz umas 15 casinhas, um pomar, veio uma pessoa interessada e comprou tudo. Isso foi em 1972 a 1974.

Qual foi seu próximo empreendimento?

Dr. Carlos de Toledo e Milton Checoli me convidaram para fazer a Urbanizadora Convívio. Eu estava construindo um hotel, em São Paulo, na região próxima ao Aeroporto de Congonhas, era um hotel horizontal, com terreno de 6600 metros quadrados, hoje é a Avenida Águas Espraiada. A prefeitura desapropriou e até hoje não pagou, estou esperando há mais de 20 anos. A Martha Suplicy fez um acordo para pagar em 10 prestações, pagou três prestações, os outros prefeitos não pagaram mais nada. O hotel tinha 49 apartamentos. Era diretor na Convívio administrei o loteamento Colinas de Piracicaba. Em 1979 compramos em três sócios, três sítios, horríveis, no meio havia um enorme buraco formado pela erosão, perdia-se de 7 a 8 alqueires no local onde havia erosão a área total era de 68 alqueires, loteamos em 665 lotes.(O alqueire paulista. é de 24.200 metros quadrados) Foram feitos nesses locais dois lagos. O volume de água que vem da pista da rodovia de Piracicaba a São Pedro é muito grande quando chove, construímos o primeiro lago, fizemos a escavação, o extravasor. Fui até São Pedro, junto com minha esposa. Na ida passamos não tinha uma gota de água no lago, almoçamos em São Pedro, o céu ficou escuro, deu um “toró”, quando retornamos de São Pedro o lago estava cheio. Encheu em três horas e meia. O segundo lago eu construí três anos depois, a água quando extravasa vai para o Ribeirão Cachoeira, que por sua vez deságua no Rio Piracicaba.

Como surgiu a sede campestre do Clube Coronel Barbosa dentro do condomínio?

Dr. Heitor Werther Stuart Montenegro era diretor do Clube Coronel Barbosa, ele me procurou, foi na época em que o Cristovão Colombo tinha comprado uma área para fazer sua sede campestre. Disse-lhe que tinha una área no fundo do loteamento que não havia sido loteada. São 6 alqueires. Fizemos uma reunião entre os proprietários da área e o clube, chegamos a um acordo. O clube não tinha dispnibilidade financeira para iniciar as obras, a Convívio deu 400 mil cruxeiros que foram pagos em 10 prestações de 40 mil cruzeiros. Assim foram construídas as obras do clube. Só que os associados não se interassaram muito em frequentar e o clube está atualmente sem ser utilizado. A venda de lotes no Colinas foi suspensa após vendermos 60 lotes. Fui operar o hotel em São Paulo, onde permaneci por seis anos, até a prefeitura desapropriar.Eu e meu filho, que fez hotelaria, administramos o hotel. Recebíamos passageiros quando não tinha teto no Aeroporto de Congonhas. Chamava-se Hotel Soleil, tinha 48 funcionários. Voltei à Piracicaba, ajudei na parte administrativa da construção de alguns prédios.

O senhor está escrevendo um livro?

Estou escrevendo sobre a família toda, já tenho 600 páginas escritas, chama-se “Páginas Esparsas”.Desde a época do meu avô Augusto Cesar Castanho, de Capivari, onde foi professor, diretor de grupo. Republicano. Em Itu, no museu, tem pertences do meu avô. Meu pai lutou na Revolta da Armada, fugiu de casa e foi para o Rio de Janeiro. Meu irmão Edésio Castanho morreu na Revolução de 1932. Meu pai perdeu tudo na crise de 1929, ele tinha uma dívida com o Banco do Brasil,de irrigação do cafezal. Quando veio a crise do café, os imóveis cairam em 80% do seu valor, mas as dividas permaneceram em mil réis. Ele tinha 12 casas na Rua XV de Novembro desde a esquina com a Rua Governador. Tinha 500 lotes que eram vendidos a 30 mil réis cada um, chegaram a valer 3 mil réis. Papai vendeu tudo para pagar o Banco do Brasil. O pai dele foi republicano, deu-lhe uma educação muito rígida. Ele faleceu em 1942.

O senhor praticava esportes?

Remei no Clube de Regatas de Piracicaba, participei cinco vezes do Piracicaba a Nado, ia até Artemis a nado. Remava a iole a 4 e a 8 que é banco fixo, com patrão, remava catraia. Joguei bola ao cesto pela Escola Cristóvão Colombo. Sou filatelista. Fui rádio amador por 22 anos. Entrei para o rádio amadorismo em 1959, naquele tempo telefone era um brinquedinho que não funcionava. Para falar de Piracicaba com São Paulo tinha que esperar oito horas para completar a ligação. O rádio amador era o meio de comunicação. A polícia usava o rádio amador como instrumento de trabalho. Quando caiu o Comurba a nossa equipe trabalhou 48 horas sem parar. O edifício que caiu chamava-se Luiz de Queiroz, construído pela empresa Comurba. A notícia que correu o mundo foi que tinha desabado o Luiz de Queiroz, associavam com a ESALQ. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Na época tínhamos mais de uma centena de estudantes sul-americanos estudando na ESALQ. O mundo inteiro queria falar com Piracicaba. Deu pane no sistema telefônico da Telefônica Piracicaba S/A. Montamos no coreto uma estação de rádio amador. Cada um ficava duas horas operando o rádio.

O senhor usa internet?

Bastante, tudo que posso faço pela internet. Já uso computador há uns cinco anos. Todos os dias leio jornais americanos, italianos e brasileiros. Leio o The Miami Herald, o The Times de Londres, Gazzetta Della Sera de Roma, abro o jornal da cidade italiana onde está morando a minha filha.






sábado, outubro 06, 2012

OZARIAS PEQUENO DA SILVA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 06 de outubro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:


ENTREVISTADO: OZARIAS PEQUENO DA SILVA




Carlos Miranda, ator do primeiro seriado produzido especialmente para a televisão em toda a América Latina, com o maior índice de audiência já registrado no Brasil, nasceu em São Paulo, capital, a 29 de julho de 1933.O primeiro episódio da série O Vigilante Rodoviário®, foi ao ar em março de 1961, na Rede Tupi Canal 4 numa (4ª) quarta-feira, às 20:05pm.Após o término da série em 1962, Carlos foi convidado pelo então Comandante Geral da Força Pública General de Exército João Franco Pontes para ingressar na carreira de policial, pois para interpretar o personagem do Vigilante, ele tinha feito a escola de Policiais Rodoviários em Jundiaí. Depois de 25 anos na Polícia, e tendo feito todos os cursos na corporação, em 1998 passou para a reserva como Tenente Coronel PM RES.



Em 1947 o Governo Paulista entregou ao tráfego uma auto-estrada com características arrojadas para a época a Via Anchieta (SP 150). Sendo necessário disciplinar o trânsito, orientar e auxiliar os usuários e policiar de forma mais efetiva as estradas que começavam surgir a partir da Capital, Foi criado o chamado Grupo Especial de Polícia Rodoviária, com um efetivo de 60 homens A Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo é uma modalidade de policiamento da Polícia Militar do Estado de São Paulo. O comandante do Pelotâo de Policia Rodoviária de Piracicaba é o tenente Tarcisio Renato Pierobom, O soldado da Polícia Rodoviária do Estado de São Paulo Ozarias Pequeno da Silva está destacado no Segundo Pelotão da Segunda Companhia do Terceiro Batalhão de Policiamento Rodoviário, com três bases funcionando 24 horas composto por cerca de 50 homens. Ozarias nasceu a 23 de novembro de 1969 em Icó, Ceará, filho de Antonio Pequeno da Silva e Judite Isabel da Conceição. Seu pai era lavrador e sua mãe de predas domésticas. Ele tinha uns tios que moravam em Rio das Pedras, para onde veio com uns treze anos de idade. Tinha estudado até a terceira série. Estudou na Escola Cambará, fez o supletivo, trabalhava na lavoura. Aos 17 anos passou a trabalhar na Miori.


Qual era o serviço do senhor na Industria Miori ?


Limpar os banheiros. Um dia o chefe me viu olhando as máquinas trabalhando, perguntou-me se tinha vontade de trabalhar nessas máquinas. Respondi que tinha. Fiz o teste e passei. Eram máquinas que engarrafavam a famosa pinga Riopedrense. Em 1992 vi um anúncio pela televisão do concurso da Polícia Militar, a inscrição era em Campinas, uma cidade que eu nem conhecia. Eu tinha prometido à minha mãe que iria estudar, queria que ela tivesse orgulho do meu esforço e caráter. Fiz a inscrição, um mês depois, com mais alguns conhecidos de Rio das Pedras que também iam fazer as provas escritas fretamos uma condução e fomos. Após algum tempo fiquei sabendo que eu não tinha sido aprovado. Voltei a trabalhar na Miori. Certo dia telefonaram mandando que fosse com urgência até Campinas. Fui o único a ser aprovado da cidade de Rio das Pedras. Em fevereiro de 1993 entrei para a Polícia Militar


O senhor fez prova de capacidade física?


É uma prova rigorosa, Entre outras coisas correr 3.000 metros em 12 minutos, abdominal, flexão, barra. E a prova de tiro de 50 metros, tem que correr no menor tempo possível 50 metros.


O senhor já tinha algum treinamento anterior?


Eu era praticante de artes marciais, já tinha participado de campeonatos de karate quando ia receber a faixa marrom entrei na Polícia Militar, onde a arte marcial adotada era o Tae Kwon Do.


O policial recebe medalhas pelos seus atos de bravura?


Para cada ato de bravura o policial recebe uma medalha com o grau correspondente. Tenho uma do Terceiro Grau, Prendi um traficante que fornecia drogas para estudantes de uma renomada universidade em Campinas.Outras medalhas ganhei em ocorrências, salvando vidas. A terceira medalha que recebi, foi em uma ocorrência em Capivari, a noite, impedi que uma pessoa fora da sua razão colocasse termo a sua vida saltando de uma ponte sobre o Rio Capivari. Por essa pessoa estar muito alterada tive que usar a força física, o que quase custou a minha vida. Tive contusões em duas costelas, com ele não aconteceu nada, ficamos dependurados na ponte até que consegui dominá-lo. Era um jovem de 20 e poucos anos com esposa e filho.


O que é o projeto “Trânsito Legal”


A Polícia Rodoviária criou esse projeto, damos cursos nas escolas e em empresas. Nas escolas o curso é voltado para as crianças de quarto e quinto ano. A primeira aula inclui a apresentação da Polícia Militar em suas modalidades: o policial militar, o corpo de bombeiros e a polícia rodoviária, são todos integrantes da mesma corporação. Por incrível que pareça muitos não tem essa informação. São apresentadas todas as formas de atuação: Rocam, Policiamento Tático, Policiamento nas Escolas. As funções do Corpo de Bombeiro, do Policiamento Ambiental. A Polícia Rodoviária operando o etilometro, popularmente chamado de bafometro. Aparelhamento de Radar. A Polícia Rodoviária tem o policiamento tático nas rodovias. Apoiamos eventos como a Volta Ciclística.


A Polícia Rodoviária de Piracicaba é subordinada a Araraquara?


O comando é lá, o Estado de São Paulo é dividido em cinco batalhões, antigamente eram três. Ensinamos as crianças o significado de cada item da farda. A importância do acompanhamento de cargas especiais. Os riscos oferecidos por cargas perigosas. Existe uma simbologia visual indicando o tipo de produto que está sendo transportado. Exercemos a fiscalização com relação a excesso de peso transportado por um caminhão. Fiscalizamos ônibus, um fenômeno que ocorre às vezes é a criança imaginar que pelo fato de um policial rodoviário adentrar no veículo algo de grave pode estar acontecendo. Procuramos nesses cursos esclarecer que essas fiscalizações são realizadas para a segurança e bem estar do passageiro.


Há uma educação errônea ao incutir na formação da criança que se ele não fizer algo que a mãe ou pai desejam, a polícia virá prendê-la?


Procuramos mostrar o trabalho comunitário que é feito pela polícia, como por exemplo, a Campanha do Agasalho. Outro aspecto é a monitoração das rodovias, a qualquer necessidade ele irá acionar a base mais próxima para prestar o atendimento.


Quanto tempo dura o curso com as crianças?


São quatro períodos, cada período dura 50 minutos, é dado um certificado às crianças. Há uma parceria entre a Polícia Rodoviária e a Secretaria da Educação. Os cursos são ministrados para escolas públicas e particulares. Em universidades e empresas são ministradas palestras. A preocupação de empresas e universidades hoje é concentrada principalmente na alcoolemia. Outro tema muito solicitado é sobre velocidade


O índice de alcoolemia em nossas estradas ainda é significativo?


Infelizmente sim. O condutor que está com sinais notórios de alcoolemia é convidado a fazer o teste em um de nossos aparelhos. Se ele recusar, solicitamos se podemos fazer o exame hematológico. Se ele novamente se recusar, temos um dispositivo em forma de relatório, com a presença de duas testemunhas, conduzimos o cidadão até a delegacia, o médico é acionado pelo delegado e é feita a perícia médica. Há projetos de modificações na lei, tornando obrigatório o exame quando houver suspeita de que o condutor está alcoolizado. Passamos para as crianças os tipos de placas de sinalização e seus significados. Há muita criança que conduz um veículo: a bicicleta. Educando a criança teremos um adulto consciente. Além das crianças somos muito procurados por empresas para dar palestras a seus colaboradores. Neste ano tivemos a Semana do Trânsito do dia 18 até o dia 25 de setembro.


O senhor é a favor de mostrar fotos de acidentes que possam chocar o público adulto?


Não. Sou contra. A pessoa tem que se conscientizar por si mesma. Não deixo de ilustrar as palestras com fatos ocorridos, mas apenas citando-os. A Polícia Rodoviária acompanha até certo tempo o desfecho dos fatos, com isso vemos o quanto a pessoa sofreu e quais foram as conseqüências.


O pedestre deve conhecer placas de sinalização?


Deve sim, com isso ele estará evitando envolver-se em acidentes. As placas de sinalização não são apenas para veículos, o pedestre também deve observá-las como passarelas sobre pistas, faixas de travessia. Montei um semáforo de pedestres para interagir com as crianças. Passamos para as crianças a dimensão de risco da linha de pipa com cerol. Alguns até argumentam: “Eu não serei preso!”. Pergunto-lhes: E o papai? E a mamãe?” Percebo que param para pensar. Eles sentem que podem gerar um problema para o pai ou para a mãe.


É exigido o uso de cinto de segurança em ônibus escolar?


É obrigatório.


Em caçambas de veículos é permitido o transporte de pessoas ou animais?


É proibido.


Veículo com capacidade para duas pessoas pode levar mais alguém?


Se na documentação consta que é para levar apenas duas pessoas não pode conduzir mais ninguém. O veículo é retido, a terceira pessoa tem que arrumar outro transporte. Ai o veículo segue a viagem. Nesses cursos explicamos à criança qual deve ser sua atitude dentro do veículo, não tirar a atenção do condutor, pois isso pode causar acidente. Ao descer do veículo, abrir a porta devagar, olhar se não vem vindo outro veículo, e ai sim abrir a porta com total segurança. Procurar sempre embarcar e desembarcar do lado onde existe a calçada. Conscientizar a criança que em coletivos os bancos destinados à idosos e gestantes é prioridade para os mesmos. A importância de usar capacete. Os riscos de andar de bicicleta em locais destinados apenas a pedestres


Ciclista pode andar na contramão?


Não. Infelizmente não existe instrumento legal para punição de quem comete esse delito. Quando encontramos uma situação dessa, paramos, procuramos orientar, explicar os riscos que ele está correndo.


O senhor tem um farto material didático para simular com as crianças situações reais?


Procuramos simular da melhor forma possível o que acontece de fato no trânsito.


Qual é o trecho coberto pelo destacamento de Piracicaba?


Sob o comando do tenente Tarcisio Renato Pierobom temos a base de Piracicaba, São Pedro e Capivari.


No caso de uma ocorrência, um risco como animais na pista, com qual telefone devo me comunicar?


O sistema que usa o número de telefone 190 é muito abrangente e de grande eficiência. O usuário ao acionar o número 190 estará acionando um sistema interligado com as bases, de onde partirá o comando de ação. Orientamos sempre que as pessoas também tenham os telefones das diversas concessionárias em sua posse. Ao sair de Piracicaba para São Paulo, logo no início e ao longo da estrada tem o telefone da concessionária. Da mesma forma ocorre em outras estradas com outras concessionárias. Ao acionar a concessionária ela irá comunicar a Polícia Rodoviária e irá também dar o suporte necessário. Mesmo que seja um cachorro solto na pista. É feito um boletim de ocorrência, tentamos localizar o proprietário, não sendo localizado fazemos contato com a delegacia de polícia do local, em alguns casos o delegado faz a ocorrência para ver se chega até o proprietário desse animal. Animais de grande porte, como cavalos e vacas oferecem graves riscos.


No caso de condutor dirigindo sem habilitação e que arrisca a própria vida assim como a de terceiros o que está faltando?


Está faltando educação de berço! A pessoa tem que saber que não pode dirigir sem habilitação. O condutor deve ter consciência de que o limite de velocidade existe para protegê-lo e não para gerar multas. O excesso de velocidade aumenta muito o risco de acidentes fatais.


Como o policial militar descobre compartimentos muito bem disfarçados, onde são conduzidos produtos ilegais?


Há técnicas apropriadas de verificação. Um fator agravante é um nervosismo indisfarçável por parte do averiguado. È comum algumas pessoas ficarem nervosas, mas de uma determinada forma. Quando envolve algo grave o nervosismo se manifesta de forma peculiar. Percebemos na hora que algo está errado. As multas efetivadas pela polícia rodoviária são muito bem embasadas, constando todos os dados exigidos pela lei.


O famoso “Você sabe com quem está falando?”, onde o infrator tenta impor sua condição de autoridade para não incorrer em multa ainda existe?


Antigamente isso poderia ocorrer. Hoje as pessoas estão mais conscientes do risco que correm ao assumir uma atitude dessa natureza. O que acontece é a pessoa admitir o seu erro e concordar com as sanções legais. A polícia rodoviária tem feito um amplo trabalho em todos os segmentos de usuários: com motociclistas, caminhões que transportam cana-de-açúcar, ônibus fretados


O acidente envolvendo carretas, conhecido como “L” onde a carreta se desloca formando um ângulo de noventa graus com relação ao “cavalo” ocorre em que condições?


Pelo relato dos motoristas envolvidos nesse tipo de acidente ocorre com maior freqüência com o veículo sem carga, tem origem em algum movimento brusco, frenagem, mudança de faixa. Geralmente é motivado por falha humana.


Há uma proposta de lei determinando um período de descanso mínimo nas jornadas de viagens dos motoristas profissionais. Se implantada essa lei pode reduzir o número de acidentes?


Estou torcendo para que isso de fato ocorra. Muitos acidentes ocorrem porque o condutor está com muito sono. O profissional tem que chegar em determinada hora em seu destino, um tempo muito limitado, há o fator de remuneração por maior número de horas trabalhadas, comissões. Isso muitas vezes leva o motorista a persistir além do seu limite físico. É um problema social.


O senhor acredita que se a categoria dos motoristas se recusasse a dirigir além dos seus limites normais, o problema de dirigir com sono, com todos os riscos envolvidos, terminaria?


Creio que com o motorista descansado e sem sono deve diminuir o número de acidentes. Só que acho difícil isso ocorrer. Muitas vezes a pessoa precisa daquele dinheiro, o seu salário não cobre as suas necessidades. As comissões que ele recebe por viagem complementam o seu pagamento.


Qual é a opinião do senhor sobre o transporte misto, rodo-ferroviário, onde as carretas são colocadas sobre vagões de trem, é feito o trajeto a longa distância, e nesse período os motoristas descansam?


Sou formado em logística, acredito que no futuro boa parte do transporte de longa distância usará esse recurso. A ONU lançou a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito de 2011 a 2020. É um problema mundial. Para se ter uma idéia só nas rodovias da região de Piracicaba de janeiro a setembro teve 50 óbitos, ocorridos nas próprias rodovias. Sem contar os que socorridos falecem em hospitais.


Quem dirige melhor, o homem ou a mulher?


Até algum tempo eu poderia afirmar que as mulheres se envolviam muito pouco em acidentes. Hoje temos bastante acidentes envolvendo as motoristas. Já atendemos ocorrência com a condutora embriagada.


O senhor não acha que diante dessa realidade os esforços poderiam ser maiores?


O motorista habilitado, adulto, já tem uma opinião formada. Mudar habitos é muito difícil. Quando iniciamos o trabalho de conscientização com crianças e adolescentes, conseguimos excelentes resultados. Eles tomam ciência das consequências de um acidente, as sequelas que permanecem.


Quais fatores geram maior número de acidentes?


Ultrapassagem em local proibido, alcoolemia, falta de uso de cinto de segurança gera muitas vítimas. Muitos imaginam que pelo fato do seu carro ter air-bag estão tão seguros como quem usa cinto de segurança. Air-bag não substitui cinto de segurança. O artigo 65 do código de transito dispoem que os passageiros, inclusive do banco traseiro, também tem que usar cinto de segurança, não apenas o condutor. A desobediência dos limites de velocidade geram muitos acidentes. Há muitas motocicletas envolvidas em acidentes, com consequencias graves ao condutor. Pedestres que não usam passarelas.


O senhor trabalhou com motocicleta da polícia rodoviária?


Trabalhei no Pelotão de Motociclista, participei de eventos grandes como a vinda do Papa Bento XVI em Aparecida do Norte, pilotando uma motocicleta Yamaha 500. Esse pelotão servia o Estado de São Paulo. Pelo fato de ser habilitado pela Polícia Rodoviária como motociclista, através de ofício era requisitado para servir em eventos que envolvessem um grande número de pessoas, o nosso trabalho era na parte tática, os motociclistas do exército é que acompanhavam o deslocamento do carro que conduzia o Papa Bento XVI.


Em pistas, vemos as vezes soldados avançando a pé sobre a pista para que o condutor de um veículo pare, nesse momento há risco de vida para o policial ?


Faz parte do nosso trabalho, temos que entrar na rodovia e dar o sinal ao motorista de que ele deve parar. A noite usamos um colete refletivo. Nos locais em que estamos fazendo a fiscalização geralmente o giroflex da viatura está funcionando.


Ao ocorrer um acidente quem atrapalha mais?


São os curiosos, que as vezes provocam outro acidente em decorrência de ter sua atenção desviada para o que está acontecendo. Há ainda elementos que param para subtrair os pertences do veículo acidentado, antes da chegada da polícia. A incidência é maior com veículos de carga, mas ocorrem também em outras situações.







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