sexta-feira, abril 03, 2015

JACOB DAS ARTES

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 4 de abril de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: JACOB PIRES DE TOLEDO


                                (JACOB DAS ARTES)



Jacob Pires de Toledo, mais conhecido como Jacob das Artes, nascido a 23 de junho de 1977 em Piracicaba, é filho de Jonas de Toledo e Iraci da Conceição Pires de Toledo, seu pai era pedreiro, até falecer ele trabalhou muito tempo na Esalq. Seu avô Jacob Gil de Oliveira foi funcionário do Engenho Central até o mesmo encerrar as atividades. No inicio sua mãe trabalhou em casas de família, depois passou a trabalhar apenas em sua casa. Jacob tem dois irmãos: Eliane e Claudio. Casado com Eliana Correr, com quem tem um filho, Marchello.
Em que escola você estudou?
Até os 16 anos morei no Jardim Caxambu, estudei no APAF- Escola Estadual "Dr. Antonio Pinto de Almeida Ferraz", lá fiz desde o pré-escola até a oitava série. Depois mudei para o Tatuapé, no Jardim Itapuã, estudei na Escola Estadual Professor Jethro Vaz de Toledo onde fiz o primeiro e segundo colegial, depois fui estudar na Escola Estadual Sud Mennucci.
Nessa época você já trabalhava?
Trabalhava em loja de decoração. Aos finais de semana ajudava meu pai a construir nossa casa. Meu primeiro trabalho foi em um sítio, sempre gostei de animais, ajudava a tratar dos cavalos. Esse sítio era localizado entre o Parque Primeiro de Maio e o Jardim Caxambu. Era onde terminava a cidade. O proprietário explorava a venda de leite.
Como a arte entrou na sua vida?
Eu sempre vivia na beira do Rio Piracicaba, meu pai tinha bote, pescava. Ele mesmo tinha feito um bote de madeira, semelhante aos de alumínio. Lembro-me que ele fez uma impermeabilização muito bem feita. Ele e meu tio desceram o rio até Ártemis, levaram umas duas horas no percurso, sem motor. Em uma área deserta, a beira do rio, ele fez um ranchinho de madeira e deixou o barco lá. Ele ia até Ártemis de ônibus, eu o acompanhava, descíamos do ônibus e íamos a pé. Passávamos ali o final de semana. Nunca tive muitos brinquedos industrializados. Tinha que fabricar meu próprio brinquedo. Pegava as ferramentas do meu avô, fabricava coisas. Fiz muitos carrinhos para correr na rua. Não gostava de carrinho de rolemã porque fazia muito barulho. Pegava na época o que era chamado de Velotrol, geralmente a roda dianteira estava danificada enquanto as rodas traseiras estavam boas, eu as usava para fazer meus carrinhos. Minha diversão era subir até a esquina e descer a rua com esses carrinhos. Com isso fui desenvolvendo o espírito de criar.
Atualmente você está com um veículo que originalmente é uma Kombi, só que totalmente personalizada, inclusive com quatro rodas na parte traseira. Acho que nem a Volkswagen sabe que existe isso!
Adquiri essa Kombi para poder fazer as coletas, não só por ser uma Kombi, um veiculo que muita gente gosta, quando a adquiri há uns seis ou sete anos, não existia essa febre pela Kombi. Eu a adquiri pela sua mecânica simples, facilitava meu trabalho com meu artesanato. Até então eu estava em um segmento mais comercial, que era fazer móveis, eu fabrico móveis artesanais. A Kombi foi muito útil nessa época.  Depois, para poder chamar a atenção, fazer as pessoas olharem para os meus móveis, meu trabalho de arte, pintei a Kombi toda.






A sua Kombi é uma ferramenta de marketing?
È uma ferramenta de marketing! Toda essa logística para que eu possa sobreviver da arte, eu não tenho a segurança de um salário, não sou funcionário de uma empresa, tenho que sobreviver dos meus meios. A Kombi é um atrativo, as pessoas vêm junto à perua para serem fotografadas junto a ela, é uma forma de estabelecer um contato.
Foi você mesmo que desenvolveu e realizou as mudanças feitas nela?
Na realidade é uma coisa simples. Ela estava com o chassi comprometido, o ano de fabricação dela é de 1969, um veículo com mais de quarenta anos! Eu não conseguia soldar com o equipamento que eu tenho uma máquina de solda elétrica comum. Tirei toda a lataria, isso eu mesmo que fiz, deixei só a estrutura dela. Sem a lataria eu tinha acesso ao chassi. A parte de baixo é o chassi original, coloquei um reforço em cima,  outra chapa que ajuda, ela liga onde vai a suspensão dianteira até passar a suspensão traseira. Foi feito um reforço sobre o chassi. A ferragem eu adquiri onde vende material reciclado.
E a história da Kombi “trucada”, ou seja, com quatro rodas na parte traseira?
A questão do “truck” nada mais é do que quatro parafusos, soldados no final do chassi, nesses parafusos, posicionados de forma correta, eu encaixo o estepe. Ela não tem estepe no local original, que era atrás do banco dianteiro. É interessante porque desperta a imaginação de quem olha: será que essas rodas traseiras rodam? Elas abaixam? Elas são fixas, eu poderia fazer com que movimentassem, mas não teriam utilidade para mim. Na realidade são dois estepes, que estimulam a imaginação de quem olha. Abaixa? Não abaixa? Ela é útil para mim assim.
É movida a álcool ou a gasolina?
Funciona com gasolina.
Como a fiscalização vê essa Kombi tão diferente da original?
Tive que fazer algumas alterações na sua documentação, uma delas é a cor, ela não tem uma cor definida. Consta como “Fantasia”. Gosto muito de viajar com ela, atravessei São Paulo, marginal Tietê, já percorri o litoral paulista até a divisa do estado com ela, fui até Paraty, até Carrancas, Minas Gerais. Viajei pelo sul de Minas com ela.
Apesar de serem decorativas as rodas traseiras pagam pedágio?
Quando não existiam quatro rodas na traseira, era cobrado o pedágio normal. Por praticidade já peço que a pessoa da cabine de pedágio arrecade por três eixos, evita a dúvida, perda de tempo, elimina qualquer questionamento.
Bem na frente, logo acima do para brisas, você colocou o nome Jesus. Alguma razão especial?
Eu sou cristão, acredito que Cristo veio para ensinar a seguir a bíblia, procuro viver a minha vida em cima dos mandamentos que Ele deixou, o principal é “Amar ao seu próximo como a ti mesmo”.
Você fez uma decoração muito interessante em um estabelecimento situado na Rua do Rosário esquina com a Rua Monsenhor Francisco Rosa?
É um restaurante, chama-se “Porto do Norte”, um dos sócios é dono de outro restaurante situado na badalada Avenida Carlos Botelho, o “Manga Rosa”. Tenho obras de decoração interna em diversos estabelecimentos comerciais na área central de Piracicaba.
Como você foi descoberto?
Comecei a espalhar a minha arte, a fazer algumas exposições, eu tinha uma banquinha na Praça da Boyes, permaneci ali por dois anos.









Você tem obras de sua autoria que estão fora de Piracicaba?
Nessas minhas viagens sempre acabo realizando algum tipo de negociação com o meu artesanato. Gosto muito de Ubatuba, tenho muitos trabalhos realizados lá. Uma prima levou uns trabalhos meus para a Espanha, portugueses, canadenses, já adquiriram trabalhos meus em Ilhabela. Atualmente tudo que faço é para poder viajar com a minha esposa, com meu filho. Sinto que a cada dia as pessoas distanciam mais das suas raízes.
Você pensa em conhecer locais fora do país?
Eu gostaria de conhecer alguns lugares dentro do meu país: Amazônia, algumas aldeias indígenas. Sou voltado a essa questão indígena. Tenho o desejo de conhecer o Nordeste do país, sua cultura. Enriquecer meus conhecimentos através da arte. Sempre que vou a alguma cidade de Minas Gerais, procuro conhecer o que aquela determinada região oferece de cultura.
Com qual material que você mais gosta de trabalhar?
O material que eu mais trabalho é a madeira. Para mim o ideal é a madeira que está em condições de uso e encontra-se jogada em alguma caçamba, ontem mesmo encontrei uma janela de peroba. Estava em uma caçamba de entulho. Às vezes o progresso se dá em prejuízo ao meio ambiente, infelizmente uma madeira nobre pode ter como destino servir como lenha para ser queimada. Se parar para pensar na história dessa madeira, ela não pode ser tratada dessa forma. Uma peroba, para ser cortada passou dezenas de anos se desenvolvendo. É diferente de um eucalipto, um pinus, que são madeiras de crescimento rápido, cujo objetivo é atender ao mercado de imediato. A meu ver, o ser humano está tomando um rumo diferente do que deveria ter, parece estar adormecido.
Você realiza trabalhos em casas particulares?
Já fiz em casas situadas em condomínios. Muitas vezes por mais elevado que seja o padrão de vida de uma família, há aqueles que se sentem atraídos pelo rústico. Basta você ver pessoas que residem em apartamento de alto luxo, quando saem passear muitos procuram a praia mais deserta possível, onde há areia, o mar e a mata. Por maior que seja seu poder aquisitivo, dentro dele sentirá uma atração por um local pouco explorado pelo homem. É o contraste. Tenho feito trabalhos que muitos arquitetos gostam.  Procuro fugir do padrão normal, fazer da minha forma. Não tenho medo de fazer uma ousadia.
Um trabalho de Jacob das Artes é caro?
Não sei afirmar se é caro ou barato. Coloco um valor que acho justo. O mais importante para mim é que o futuro proprietário de uma obra minha tenha gostado da mesma. Posso estipular um valor que não agrade ao interessado, essa obra então não será adquirida. Faço isso de forma consciente. Assim como posso estipular um valor bastante razoável pelo prazer que essa obra despertou na pessoa que a vê.  É uma luta diária dos meus pensamentos como artista conflitando com os pensamentos de uma sociedade capitalista que não mede esforços para conseguir suas metas. Se o rio ficar mais ou menos poluído para ela não importa, às vezes para ela ganhar dinheiro implica em poluir.
Quantas exposições individuais você já realizou?
Acredito que foram em torno de uma dezena.
Você tem comunicação com o público através de meios eletrônicos?
Tenho o meu Facebook “Jacob das Artes”. Acredito que o progresso é necessário, só que penso que o caminho que está sendo tomado provoca poluição, destruição da natureza, esse desrespeito provoca conseqüências graves. Já estamos vivendo uma delas, que é essa escassez de água. O planeta está em desequilíbrio.
É muito comum as pessoas procurarem atingir um objetivo financeiro, após um imenso esforço, conseguem e ai usa boa parte dessa conquista para sanear os problemas que provocou nessa corrida pelo seu objetivo.
É aquela velha teoria! Muitas vezes quando estou conversando com uma pessoa ela diz que encontram em mim coisas boas, que traz paz à elas. Sou muito transparente em tudo que faço. Prefiro assumir algum tipo de prejuízo a provocar prejuízo para alguém. Isso reflete através da emoção, é passada a pessoa com quem tenho algum diálogo. Isso exala para o próximo.
Você lê a bíblia?
Pela manhã, quando acordo,procuro buscar a palavra na bíblia. Ando sempre com a bíblia, ela me dá muitas respostas. É onde você consegue ver a mão de Deus trabalhar.
Jacob, a primeira vista, é difícil imaginá-lo lendo a bíblia!
É interessante, às vezes leio algumas passagens pela manhã e vejo que aquilo se concretizou até o final do dia! Faço sempre essa busca e as respostas chegam!
Como artista quais são as técnicas que você usa em seu trabalho?
Uso qualquer coisa, o que tiver ao alcance da mão. Já fiz esculturas com facão. Trabalho com solda, às vezes crio alguma coisa com solda. Trabalho com cimento, mosaico. Faço esculturas em paredes, com detalhes.
Quanto tempo você leva para fazer um trabalho como o que fez no restaurante Porto do Norte?
Lá foi um trabalho de meses. Pode acontecer de ter que mudar uma porta de lugar. Isso envolve o serviço de um pedreiro. Há diversas alterações internas que são às vezes necessárias para se realizar um trabalho de decoração interna.
O que a sua esposa pensa a respeito da sua arte?
Ela participa ativamente. É muito companheira. Meu filho também, ele está com 15 anos. Ele tem como objetivo estudar teologia.  Esta seguindo outro caminho. A orientação que eu dou-lhe é não entrar nessa vida maluca que muitos levam a busca da satisfação material.
Sob o seu ponto de vista falta a humanidade procurar desfrutar mais da vida?
Acho que falta esse espírito. Falta voltar as suas raízes principalmente com relação a questão alimentar. Hoje a máquina planta a semente na terra, a máquina colhe, a máquina processa o alimento, industrializa e embala. A máquina apita no supermercado, avisa que é seu aquele produto. O ser humano perdeu o contato da semente na palma da mão, a cova no chão, o pé no chão amassando a terra que cobre a semente. Às vezes quem planta faz uma oração junto aquele saco de semente pedindo a Deus que venha a chuva. Pedindo à natureza a proteção a lavoura. Quando é feita a colheita ela é celebrada com uma festa. Atualmente as festas tem o sentido comercial, a origem era as festas de agradecimento. Hoje vem alguém, analisa a terra, determina a deficiência de tal elemento, ele não irá fazer uma oração em benefício àquela terra, através de um processo químico ele irá jogar algum nutriente no solo. Planta-se a qualquer custo. O Brasil é um dos países onde mais se usa agrotóxicos e fertilizantes. Não há um estudo conclusivo sobre o que um alimento transgênico pode causar ao ser humano em longo prazo.  Foi estudado e chegou-se a conclusão de que terá uma produção maior, mas a conseqüência que poderá causar ao homem está muito distante de ser definida. Pode ser que alguns pensem que estou ficando louco, mas basta raciocinar e verá que todos com quem converso me dão razão. Poucos pensam em levar uma vida mais saudável.
Qual é a sua visão dos jovens atualmente?
A juventude está descontente com o mundo que ela tem hoje. A internet, a tecnologia, a medicina, tudo isso é bom. Só que estão tomando um rumo que estão se esquecendo das suas raízes. Você já viu uma árvore ficar em pé sem a sua raiz? Atualmente o ser humano abandonou suas raízes, como irá ficar em pé? Dia 19 de abril será o Dia do Índio. Aqui em Piracicaba você não vê um jornal anunciado: “Hoje é Dia do Índio, haverá uma comemoração na margem do Rio Piracicaba ao povo que deu origem ao nome da cidade!”. Todo dia 19 de abril vou para uma aldeia em Bertioga, onde nesse dia há uma comemoração. É a aldeia Rio Silveiras, fica em uma reserva indígena, formada por índios guaranis. Eles fizeram uma pintura em mim, de um camaleão, eu gostei tanto que mandei fazer uma tatuagem desse desenho.  Essa aldeia fica em uma reserva de terra determinada pela Funai, nessa aldeia, o cacique, Adolfo, líder da Funai no Estado de São Paulo, promove o festival indígena, onde cada ano traz etnias de regiões variadas do Brasil. É feita uma concentração, são realizados rituais, gosto de ficar ali.
Você gostaria de deixar uma mensagem aos leitores?
Penso que o ser humano terá que fazer uma reviravolta na sua forma de vida, o tipo de vida que está sendo levado está longe de ser o modelo ideal Esse modelo não existe pronto, tem que ser construído, um modelo correto de vida. O modelo que está aí irá levar a humanidade a sua própria destruição.
Você acredita que o ser humano morre e tudo acaba?
Não consigo ver um final, acho que uma essência permanece. Sigo o que diz a bíblia: a carne vai, seu espírito permanece, e aqui realmente é uma passagem. O que você fez de bom ou ruim terá um resultado. 

MARGARETE ZENERO

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 14 de março de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: MARGARETE ZENERO 
                     (CASA DO POVOADOR)



Margarete Zenero é a diretora da Casa do Povoador, situada em Piracicaba. Nascida em Piracicaba, a 29 de maio de 1960, filha de Pascoal Zenero e Nilva Tedesco Zenero que tiveram também os filhos Tânia e Paulo.
Você iniciou seus estudos em qual escola?
O pré-primário fiz ainda muito nova, em função dos meus desenhos, estudei com a Terezinha Moraes. Estudei no Instituto Sud Mennucci até a quarta série primária. Depois fui estudar no Colégio Dr. Jorge Coury, uma das minhas professoras foi Clemência Pizzigatti. Como não havia o curso colegial no Jorge Coury, voltei para o Instituto Sud Mennucci. Em seguida fiz um ano de cursinho preparatório no Curso Luiz de Queiroz – CLQ fiz o vestibular e passei a cursar Psicologia na Unimep. Fomos a primeira turma do Campus Taquaral. Em torno da universidade era um deserto, não existia nada. Íamos de ônibus fretado pela faculdade. Era uma área considerada fora da cidade, hoje está inserida no meio da cidade.
Em que ano você formou-se em psicologia?
Foi em 1983.
A arte faz parte da sua vida?
Sempre tive uma ligação forte com a arte. Do lado da família do meu pai há o Rudnei Zenero, engenheiro, que gosta de desenho, tem essa veia artística. O irmão da minha mãe, Norival Tedesco, é um artista reconhecido pelo seu talento e perfeição nas peças que realiza como ourives. Posso afirmar que tenho a influência dos desenhos do Rudnei e a influência da arte, cor, beleza por parte do Norival.
Quando você se deu conta de que podia fazer arte?
Sempre tive uma amizade muito próxima com a Leda Cançado, ela e minha mãe sempre me incentivaram muito. Eu trabalhei na arte com cerâmica por muito tempo. Posso afirmar que em minha vida sempre tive atividades que tinha a arte em paralelo. A arte é uma atividade que pratico para mim.



Você atua na área de psicologia?
Atuo, tenho clinica há mais de 30 anos. Mantenho meu ateliê, onde desenvolvo a minha arte.
Por que geralmente quem trabalha na área de psicologia gosta de fazer poesias?
Porque o psicólogo é sensível! Se não for sensível não entra na alma da outra pessoa. Se não puder entrar na vida da pessoa não poderá fazer nada por ele. A arte tem esse ponto em comum, a sensibilidade.
A psicóloga consegue entrar no universo interior do paciente?
Se ele permitir, sim. Caso ele não permita é uma intromissão.
Atualmente somos um dos países que consome antidepressivos em toneladas. A arte pode ajudar a suprir essa ansiedade?
Tudo que cria: arte culinária, violão, dança, jardinagem, joga seu lixo emocional. A arte não resolve a depressão, mas ajuda muito. Troque seu antidepressivo pela arte. Isso funciona em todas as áreas que envolvem criatividade. A atividade física como correr, dançar, fazer teatro, cantar, tudo isso ajuda e muito.



Qual é a técnica que você mais utiliza?
Comecei trabalhando com pintura a óleo. Ganhei medalhas de ouro, prata, em vários salões, em Piracicaba.  Tornei-me presidente da APAP – Associação Piracicabana dos Artistas Plásticos, foi um período em que tinha pouco tempo para pintar, e a tinta a óleo se deixar aberta ela resseca. A aquarela era mais poética, eu podia deixar montada, quando voltava era só molhar. Assim já faz uns seis anos que estou na aquarela. Com aquarela já ganhei medalha de ouro, prata. Fiz muita cerâmica com a Lúcia Portela, a minha professora ainda é a Denise Storer, que é fantástica, como professora, como amiga, como ser humano. Tive bons anjos da guarda, boas almas do meu lado na arte, se fosse pelo que eu faço para trabalhar, não daria para continuar. 
A área de psicologia a cada dia tem uma demanda maior por profissionais?
A psicologia antigamente não atuava na área jurídica, hoje temos psicólogos dentro da área jurídica, como profissão.
Você atua nessa área?
Não. Eu trabalho com crianças, adolescentes, adultos.



Qual é o fator mais trabalhoso nessa função?
São os pais! Quando você trabalha com crianças, há um fator muito relevante que são os pais. No mundo contemporâneo é difícil julgar. Tem  mãe que é mãe, pai, tem que dar conta de tudo e como ela vai ter tempo?
Os pais procuram compensar suas falhas com concessões em excesso para os filhos?
Acho que a culpa é da falta de tempo, isso faz com que aumentem os limites, tenham algumas tolerâncias, por compreenderem não estabelecem regras e aí se perdem. Nesse sentido acho que os pais estão fazendo o que podem. Talvez precisássemos de uma política em que as mães pudessem ficar mais com seus filhos.
O pai ficar mais tempo com os filhos é mais difícil do que a mãe?
Se você pensar que hoje não é necessariamente o homem o provedor, acho que as coisas funcionam para ambos.
Em especial o homem latino não se preza muito a essa função?
Eu não concordo com o Dia da Mulher, trocaria por Direito da Mulher. Quero direitos iguais. Eu trabalho igual a um homem mereço ganhar igual a ele. A mulher tem conquistado seu espaço, há mulheres dirigindo ônibus, exercendo uma série de atividades até então realizadas exclusivamente pelo homem.
Arte e psicologia têm um elo?
Têm! Através da arte consigo trabalhar a parte psicológica, principalmente com a criança. A criança não tem a elaboração do adulto às vezes através de um desenho você vê o que ela está sentindo. Quando você trabalha com a arte, você trabalha com a sua sensibilidade. Já fui júri, quando você analisa uma obra, você analisa o que está por trás daquelas cores, daqueles traços, o que foi transmitido. Na arte muitas vezes o desenho que é feito, a cor que é colocada, a posição em que é posta, não no sentido da beleza, mas no sentido do sentimento, a arte ajuda muito você conseguir ver a outra pessoa.



Como psicóloga qual é a sua opinião sobre o controle da natalidade?
Lamentavelmente há um percentual relativamente alto de mulheres que desejam ter um filho para criar vínculos, não só afetivos, mas principalmente financeiros. Algumas não se limitam a um único relacionamento com esse objetivo, tem filhos de vários pais, é uma fonte de renda! Percebo também que temos que trabalhar mais a dignidade. Porque uma mãe tem que trabalhar tanto e não pode criar seu filho? Acho fantástico que ninguém fique com fome porque se alimentou na escola, mas acho terrível não ter a autonomia de colocar a sua comida na mesa sem ter que ter bolsa família, bolsa isso, bolsa aquilo. Aumente o salário! Dá dignidade ao ser humano! Dá realização do que ele faz! Dá valor para ele! Sou mais da linha do Presidente Fernando Henrique Cardoso, que dá a vara e não o peixe pronto. Não acho que seja dado muito, quero deixar claro que a filosofia deveria ser a favor do ser humano. Enquanto indivíduo capaz, de uma profissão digna. Um salário digno. Se der uma bolsa família controlo o povo em cima daquilo que eu dou. Eu não sou a favor disso. Independente de partido político. Sou a favor de vamos pagar muito bem, porque você trabalha, tem uma família. Vamos fazer redução de horário para quem fica com as crianças, a família necessita disso. Quantos países têm onde a mãe fica cinco anos sem trabalhar porque olha os filhos até eles terem uma independência. Eu amo a vida. Tenho um filho de 21 anos, o Caio.
Mudando o foco do assunto, estamos no interior da Casa do Povoador, afinal o que foi essa edificação?
Para mim a Casa do Povoador é cheia de luz. A primeira exposição que fiz foi nessa casa. O primeiro “não”, “você não é artista”, recebi nesta casa, foi quando vim com uns painéis de mosaico, me disseram que era muito bonito, mas que não era arte. Fiquei muito brava, fui ver o que era arte!  Então para mim esta casa sempre foi um lugar de luz, um lugar de arte, de artista. Para mim a Casa do Povoador é o meu segundo coração. É aonde os artistas podem mostrar quem eles são. Temos aqui os bonecos do Elias, que é o guardião do nosso Rio Piracicaba. Temos a Rute o Laudir que defendem essa casa com a raiz deles. Vejo na Casa do Povoador o ponto de partida da cidade. Ponto de partida do amor, da arte. De dentro da Casa ouvimos o cantar das águas do Rio Piracicaba.
Essa é a sua visão de artista, e a sua visão histórica dela?
Já escutamos as mais diversas versões. Já escutamos que foi Casa de Sal, outras versões diziam que era um ponto de travessia do Rio Piracicaba. A única certeza que temos é de que hoje ela é comunitária. (Acredita-se que a construção do que é hoje conhecida como Casa do Povoador tenha sido feita entre 1850 e 1860. Terá sido a Casa do Povoador residência da família do Capitão Antonio Corrêa Barbosa? É a polêmica que existe entre os historiadores).


Você tem idéia do número de pessoas que visitam a Casa do Povoador?
Passam de 800 a 1600 pessoas.
Qual é a reação das pessoas que visitam a Casa?
Tenho a sensação de que eles acham que a casa é deles. Entram com a maior intimidade, sentem-se em casa, perguntam, às vezes temos que por certos limites, porque a Casa tem regras.
Há quanto tempo você é diretora da Casa do Povoador?
Faz um ano e meio, entrei em setembro de 2014. Realizamos uma exposição por mês.
Qual é o critério para convidar o artista?
Procuramos o coletâneo, dar oportunidade a todos. Algumas são com datas fixas, como as do Fórum, trazemos obras de advogados, assim como alguns funcionários. Sempre convidam um artista como a Carminha do origami, a Carmela Pereira do naif, 
Como surgiu a exposição da caixinha de fósforo?
Começou assim: olhei na internet, vi o trabalho que Oswaldo Pullen, de Brasília, estava fazendo, pensei: “Isso dá uma exposição!”.  Entrei em contato, articulei, tanto que o primeiro cartaz que nós fizemos tem a fotografia dele. Ai veio a G1, pessoal de fora do país, gente de quase todo o Brasil participou o ano passado. Neste ano teremos a 2º Exposição Nacional “Arte Sobre Caixa De Fósforos” coma curadoria de Odfair Jorge Demarchi e Margarete Zenero. A abertura será dia 20 de março de 2015, sexta-feira, às 20 horas, visitação de 21 de março a 26 de abril de 2015, de segunda a sexta-feira das 08 horas às 17:00 horas sábados, domingos e feriados das 8:00 horas às 18:00 horas. Na Casa do Povoador- Galeria “Alberto Thomazi”. Este ano há uma diversidade muito grande. No ano passado tivemos 86 inscrições, este ano são 141 inscritos. Cada inscrito pode participar com até cinco peças. Temos tido muito apoio como da Prefeitura Municipal, da Ação Cultural, Unimed, Grupo Bom Jesus, Simespi,Drogal, Acipi, essa participação valoriza o evento.
Quais são as técnicas utilizadas nessas caixinhas de fósforos?
Temos entalhe em madeira, mosaico, aquarela, acrílica, óleo, patchwork (trabalho com retalho), origami, fuxico. Tem peças incríveis.
Esses trabalhos são enviados de quais localidades?
Recebemos trabalhos de artistas do Rio de Janeiro, Califórnia (Estados Unidos), Curitiba, Itanhaém, São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia.
Tem premiação?
Daremos um certificado de participação.
Há alguma exposição similar a esta no Brasil?
Teve uma em Campinas, inclusive eu participei, com Álvaro, Robson, Paulo Branco, só que é com caixas de qualquer tamanho. Era um trabalho de auto-imagem, você colocava uma imagem sua dentro da caixa, foi feito dentro da Estação Cultural em Campinas, no interior de um vagão de trem. Ficou muito lindo, parece que vão repetir.
Piracicaba é uma cidade rica em artistas?
A meu ver é a melhor do país! Se eu pensar em criação penso em Nordeste. Se pensar em organização, penso no Sul. Dependendo do ângulo em que vejo a arte posso dizer que determinada região é melhor.
Qual é a relação do cidadão piracicabano comum, com relação a arte?
Eu tenho a sensação que em Piracicaba todo mundo tem uma “veiazinha” artística! Temos artistas fantásticos, que com recicláveis fazem arte fantástica!
Na área externa a Casa do Povoador existe uma arena, ali também são realizados eventos?
Fizemos toda festa do XV, da camiseta, a Festa do Divino foi feita lá, temos feito oficinas de origami. Recentemente fizemos uma manifestação do humor que não provoque o ódio e sim o riso, no ano passado tivemos bandas tocando o ano inteiro. São realizadas na arena apresentações de teatro por grupos da cidade. A Casa do Povoador é um dos pólos de irradiação de arte em Piracicaba. Tivemos o lançamento de dois livros aqui dos autores Irineu Volpato e outro de Nelson Rodrigues. 
Margarete, você como diretora da Casa do Povoador tem alguma mensagem ao leitor?

Convido a todos para que venham para a Casa do Povoador, é isso que nos estimula. 

ALCIDES BARBIERI


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 21 fevereiro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:  ALCIDES BARBIERI


Do alto dos seus 87 anos, Alcides Barbieri impressiona pela sua disposição.  Tem uma grande paixão: a música. Com voz possante e afinada, relembra e canta sucessos dos mais afamados cantores e compositores. Com um memória prodigiosa, não erra na letra nem tropeça no tom. Canta com a alma. Ainda se apresenta em shows que são realizados no Lar dos Velhinhos de Piracicaba, onde faz muito sucesso com suas músicas e interpretações.
Alcides Barbieri é filho de Antonio Barbieri e Maria Bossi, nem sempre a esposa assinava o nome do marido, era um habito difundido por alguns responsáveis pelo registro do casamento. A 26 de junho de 1927, Alcides nasceu na Vila Rezende, na primeira casa que existia logo no inicio da Avenida Rui Barbosa, á direita. Essa casa foi demolida recentemente com a construção de mais uma ponte sobre o Rio Piracicaba. Os pais de Alcides tiveram quatro filhos: Fioravante, Ernesto, Alcides e Martinho.
Os pais do senhor casaram-se em que localidade?
Eles casaram-se em um bairro próximo a Artemis que na época era conhecido como Porto João Alfredo. De lá vieram morar em Santa Terezinha, que naquele tempo era chamada de Corumbataí. Depois é que mudaram o nome para Santa Terezinha. De lá mudaram para o bairro Piracicamirim. Mais tarde mudou-se para a Vila Rezende. Meus pais e os pais do meu pai, meus tios, todos moravam em uma mesma residência.
Qual era a atividade profissional deles?
Meu pai era lavrador, passou a trabalhar no Engenho Central, onde se aposentou. Exercia a função que era denominada de feitor, tomava conta de uma turma de trabalhadores.
A linha de trem da Estrada de Ferro Sorocabana passava nos fundos da casa onde o senhor nasceu?
Passava! Quando nós mudamos dessa casa eu era uma criança muito pequena ainda. Mas, da linha da Estrada de Ferro Sorocabana lembro-me muito bem.  Quantas vezes eu embarquei nela. Ia até o bairro Recreio. Quando tinha uma festa em Santa Terezinha, festa da igreja tomava o trem na Vila Rezende, na Estação Barão de Rezende e ia até o Corumbataí. Essa estação ficava próxima aonde funciona hoje um posto de gasolina, no final da Avenida Rui Barbosa. Nessa época morávamos mais abaixo, próximo onde é atualmente o Bairro Nhô Quim que na época não existia ainda. Ali era um brejo. Mudamos para lá, foi onde me criei, onde é a Escola Estadual Monsenhor Jeronymo Gallo era tudo pasto, quanto coelho do mato existia ali! No ano de 1950 mudamos para uma casa que construimos na Avenida Dona Francisca. Na época a rua era de terra.
Onde ficava a Estação Montana?
Pertencia ao Corumbatai, era para cá do Rio Corumbatai. Eu descia do trem ali quando ia à Corumbatai (Hoje Santa Terezinha). Dali ia a pé. Nós brincávamos que a Estação Montana era grande, tinha muito movimento, tem a estação e um pé de mamona na frente!
Tem uuma história, que alguns dizem ser lenda, de que um maquinista morava junto a linha do trem e desceu do trem em movimento sofrendo grave acidente. O senhor ouviu falar a respeito?
Lembro-me desse caso. Aconteceu na linha da Sorocabana. Nós os conheciamos por Zé Magro. Ao que consta a esposa dele estava gravida, ele foi pular, ele deixou o ajudante, foi pular e sofreu um acidente grave. Ele morava um pouco antes da Estação Barão de Serra Negra. Isso foi a noite. Conheci o Valler, que tinha armazém e máquina de beneficiar arroz. O pai dele chamava-se Angelo Valler. Ali na linha do trem do Engenho Central, antes de chegar na Estação de trem da Sorocabana, ele cortava a Avenida Rui Barbosa, a gazolina era tranpostarda em tambores, em um caminhão, ele foi atravessar ali e bateu na máquina do trem do Engenho Central. Pegou fogo. De onde eu morava escutava o barulho da explosão dos tambores de gasolina. O maquinista tentou salvar a locomotiva, perdeu a vida, o nome dele era Vicente Capaldi. Hoje na saída para Limeira tem um viaduto com esse nome.
O engenho tinha locomotivas próprias para trazer a cana-de-açucar para moer no Engenho Central?
Tinha vários trens, eles puxavam cana das fazendas Santa Rosa, São José, Capim Fino, eles usavam a linha da Sorocabana também, que era da mesma bitola, tinham fornecedores de cana proximos ao Porto João Alfredo, Santa Olímpia.
O senhor lembra-se do bonde?
Lembro-me, o ponto final dele era na Estação Barão de Rezende, que nós chamávamos de Sorocabana. A Avenida Rui Barbosa era de terra ainda, pedregulhada. O bonde percorria a Avenida Rui Barbosa nos dois sentidos, assim como o trânsito. O pessoal de sítio passava por ali, com cavalo, carrinho de tração animal. Tinha um carrinho, com um tanque de água que molhava a Avenida Rui Barbosa, para não levantar poeira. Era da Prefeitura.  Lá no bairro São Luiz, que tem a Capela São Luiz, ali nós chamávamos de Bimboca. Tinha um senhor que era funcionário da prefeitura, ele pegava água, com um tanque pequeno sobre uma carroça, para distribuir água. Não tinha luz, não tinha água encanada. Essa água era para beber ou usar em alimentos. A maioria das mulheres trazia as roupas para ser lavada na beira do Rio Piracicaba.
Seus primeiros estudos foram feitos em que escola?
Estudei até o quarto ano primário no Grupo José Romão. Minha primeira professora foi Dona Carmem. O professor do quarto ano era o marido da Dona Carmem, Seu Jarbas de Oliveira Joas. Entrei no grupo escolar em 1935 e sai em 1939.
O pai do senhor nessa época exercia qual atividade?
Ele já trabalhava no Engenho Central,
O senhor começou a trabalhar com quantos anos?
Aos doze anos conclui o grupo escolar. Já arrumaram um serviçinho para mim, tinha uma fábrica de vassouras, na Avenida Rui Barbosa, de propriedade de Giovanni (Joane) Ferrazzo, fabricava as vassouras marca “Elefante”. Quando ele mudou a fábrica para o bairro da Paulista é que passaram as ser vassouras da marca “Canta Galo”.
Em que local da Avenida Rui Barbosa ficava a Fábrica de Vassouras “Elefante”?
A fábrica ficava no lado direito de que ia no sentido centro bairro, ficava após o local onde mais tarde foi a Fábrica Tatuzinho. O Joane morava na casa situada na frente, e nos fundos tinha um barracãozinho, com uma entrada pela lateral da casa. A palha utilizada para fazer vassoura ele adquiria na Argentina.
O senhor fazia o que na fábrica?
Comecei como ajudante, pegar o material para o vassoureiro. No fim aprendia fazer a vassoura, fazia umas cem vassouras por dia, era um moleque ainda.
A vassoura era costurada com arame ou barbante?
Fazíamos a vassoura no arame, em uma máquina. Depois vinha o trabalho do costurador. Vassoura cinco fios. Vassoura de veludo, de latinha, de cinco fios.
Como era uma vassoura de veludo?
A vassoura de veludo, na cabecinha dela era enrolado um paninho de veludo! Só que era uma vassoura maios do que as outras. Era mais luxuosa. Havia uma prensa, onde a palha era prensada, o costurador fazia tudo na mão. Depois co o temo adquiriram uma máquina elétrica. Era uma máquina americana. Permaneci trabalhando nessa fábrica até completar dezoito anos. Com dezessete anos e meio eu fiz o Tiro de Guerra.
Onde ficava o Tiro de Guerra?
Era na Rua do Rosário, onde hoje me parece que é a Escola Industrial. O prédio onde era o quartel do Tiro de Guerra está lá ainda. Após seis meses, tivemos que sair de lá, o Tiro de Guerra passou para junto a Estação Sorocabana, onde permanecemos servindo mais seis meses.
Faziam exercícios, marchas?
Fazíamos marcha de vinte e quatro quilômetros. Fizemos dois acampamentos. Um deles foi adiante de Santa Terezinha, fomos a pé. Permanecemos por duas noites acampados  naquele local. Tínhamos que colocar estacas e ficarmos cobertos com toalha que lavávamos de casa eram amarradas nas estacas. Tínhamos que deitar no chão mesmo. Dormíamos de farda, foi o último ano em que o Tiro de Guerra usou perneira. Não era coturno. Nosso calçado era um sapatão. Era época de guerra, a Segunda Guerra terminou em 1945. Eu servi o Tiro de Guerra de 1944 a 1945.
Havia a preocupação de fossem mandados para combater na guerra?
Havia muito comentário, mas era pouco provável que isso acontecesse, o governo tinha muita gente no Exército.
Quem era o comandante do Tiro de Guerra de Piracicaba naquela época?
O sargento comandante nós chamávamos de Sargento Ayres. O sargento da minha companhia era Júlio Cesar Huffenbaecher.
Como eram as aulas de tiro?
Nós íamos de bonde até a Esalq. Depois descíamos até a beira do rio, onde havia um stand, onde praticávamos tiros com fuzil. Quem não acertasse o alvo tinha que retornar outro dia para repetir a posição. Comigo nunca aconteceu isso, nunca precisei retornar para repetir o tiro. No inicio o alvo ficava a uns 20 metros de distância, gradativamente íamos aumentando a distância entre o atirador e o alvo, até chegar a uma distância de 150 metros, com a arma apoiada. Quando conclui o Tiro de Guerra, sai da fabrica de vassouras e fui trabalhar no Dedini. Entrei no Dedini a 2 de janeiro de 1946. Sai do Dedini aposentado em 1977. Quando fui trabalhar no Dedini já se pagava o INSS, que era denominado na época de IAPI.
Qual era a função do senhor assim que entrou no Dedini?
Entrei como ajudante. Mas depois me tornei mecânico ajustador na seção de moendas. Comecei a ajudar a montar moendas, depois me colocaram na banca para fazer um serviço mais delicado, existia uma bombinha hidráulica que a moenda tinha que ter, trabalhei com embreagem de moenda, enchia os mancais de metal patente ( uma liga metálica que vem em barras).
O senhor conheceu o Comendador Mário Dedini?
Conheci! Assim como seu filho Armando Dedini. Conheci  Leopoldo Dedini.irmão do Comendador Mário.
Quando o senhor entrou na Dedini ela já era uma empresa de grande porte?
Era uma empresa grande. O Dedini depois adquiriu um terreno na saída para São Pedro, local próximo ao hoje Jardim Primavera, ele transferiu a fundição para lá e montou uma laminação. Quando foi instituído o décimo terceiro salário, sendo obrigatório o seu pagamento, o Dedini já fazia isso há muito tempo!
O senhor freqüentava a igreja?
Ia sim! Na época existia a Igreja da Imaculada Conceição, que após muitos anos passou a matriz. Freqüentei muito a igreja que depois foi demolida. Ali eu fiz a minha primeira comunhão. Casei-me com Maria Schiavinatto. Tivemos três filhos: Valter, Lucrécio e a Iria.
O senhor morava na Vila Rezende quando trabalhou no Dedini?
Morava perto, onde hoje é a Travessa Dom Luiz de Bragança.
O senhor chegou a conhecer a plantação de sisal feita por Virgilio Lopes Fagundes?
Não me lembro dos donos, mas me lembro da empresa. Ali onde é o bairro Algodoal, foi feita uma plantação de algodão que deu origem ao nome do bairro. Depois é que foi montada essa indústria de corda de sisal, ali foi planta a pita, tanto que as vezes alguém perguntava para outro: “Aonde você vai?” recebia a resposta: “ Vou lá no pitá!” já usando o sotaque piracicabano!. Quando começaram a construir no Nhô Quim o bairro recebeu esse nome por causa do Esporte Clube XV de Novembro, o dono do terreno insistia em dizer que era Vila Ducatti, mas a população adotou o Nhô Quim.
O senhor conheceu bem o Engenho Central em funcionamento?
Conheci! Quando estava de férias no grupo escolar, eu ia levar almoço para o meu pai lá no Engenho.
O Engenho Central teve uma divisão de bebidas fabricadas por eles, o senhor sabe onde ficava?
A bebida veio depois, mas não era feita dentro Engenho Central, eram feitas nas proximidades de onde está instalado o Shopping Piracicaba.
A Chácara do Dr. Kok ainda existia?
Nós chamávamos de Jardim do Kok. Ficava bem em frente a Igreja Imaculada Conceição e era uma área fechada. Atualmente é a Praça Imaculada Conceição. O Dr. Kok morava mais para baixo, eu não cheguei a conhecê-lo. Ele tinha uma pessoa que tomava conta daquela área. Ele era dinamarquês.
O senhor conheceu o Mário Arias Vitiel, popularmente conhecido como “Mário da Baronesa”?
Conheci muito! Tanto ele como seu filho, seu genro. O Mário era uma pessoa muito boa. Foi dono de praticamente toda aquela região, Jardim Monumento, e imediações, era uma enorme extensão de terras. A Baronesa de Rezende eu não cheguei a conhecer.
O senhor gosta de música desde jovem, como surgiu esse gosto pela música?
Eu escutava uma música pelo rádio, era uma época em que nem rádio as pessoas tinham facilidade em adquirir. Eram feitas festas de igreja por oito dias. Tinha o serviço de alto-falantes que tocavam aquelas músicas, um moço oferecia uma musica a uma moça, uma moça oferecia música a um moço. Havia o “Correio Elegante”, onde se escrevia um bilhetinho e mandava entregar a pessoa que despertava interesse. A diversão nossa era essa.
Quando o senhor começou a cantar?
Eu era um moleque, via alguém tocando violão, chegava lá e como eu tinha uma voz bem elevada, com o tempo fui pegando o tom das músicas. Naquele tempo quem fazia um enorme sucesso eram: Vicente Celestino, Carlos Galhardo, Francisco Alves, Gilberto Alves, Dalva de Oliveira, Linda Batista, Emilinha Borba, Aracy de Almeida.
O senhor fazia serenatas?
Fiz muitas! Eu só cantava.  Às vezes íamos três; outras vezes o violonista Vicente Munhoz e eu. Fazíamos serenata para uma moça, para uma família.
A partir de que hora eram feitas as serenatas?
Depois da meia noite. Estava tudo quietinho. Geralmente na passagem do ano tinha um bandolinista que era vizinho meu, ia junto com o Vicente Munhoz, e eles me convidavam para cantar, na passagem do ano. As famílias abriam-nos a porta, ofereciam algo para beber ou comer. Éramos muito bem recebidos. Havia muito respeito.
Se a moça gostasse da musica ela acendia a luz e abria a janela do quarto. Isso acontecia?
Olha....eu fiz abrir muitas janelas! Algumas vezes eu vinha passear na Praça José Bonifácio, na volta, ao passar pelo Instituto Baronesa de Resende, tinha umas internas do colégio. É um prédio assobradado. Como não tinha acompanhamento, parava ali, cantava uma música sem acompanhamento, sem nada. As internas vinham na janela lá em cima.
As freiras não reclamavam?
Em uma festa na casa de uma pessoa amiga estavam presentes uma freira e a minha mãe. A freira disse à minha mãe: “- Eu soube que tem um filho da senhora que canta. Ele canta sempre embaixo da minha janela!”. Minha mãe disse-lhe: “-È o meu filho que canta!”. Quando parava ali no Colégio Baronesa de Rezende cantava umas duas músicas apenas. E ia embora.
O senhor freqüentava o Mirante?
O passeio da gente era no Mirante, geralmente domingo a tarde, após o meio-dia.
O senhor chegou a nadara no Rio Piracicaba?
Nadei muito ali na Rua do Porto onde havia um trampolim. Lembro-me das Festas do Divino.
E o Restaurante Papini, o senhor conheceu?
Quantas vezes eu fui cantar no Papini! Além do restaurante tinha jogo de boche. Erotides de Campos, dizem que ia sempre no Papini. Eu não o conheci.
E o Seresteiro Victório Ângelo Cobra (COBRINHA)?
Fiz o programa do Cobrinha diversas vezes na PRD-6! Estive na casa dele, cantando com ele, com o filho dele. Ele ia viajar, ou queria descansar um pouco, perguntava se eu podia fazer o programa para ele. Eu ia, era aos domingos. Uma meia dúzia de vezes eu fiz o programa dele. Eu cantava, tinha o acompanhamento do regional com Orlandinho no acordeom, Crispim no violão, Zé Moreno no violão, o Tampinha no bongô, era o chamado Regional D-6. Aos sábados tinha um programa com o patrocínio do Café Morro Grande, a gente cantava também. Era com um auditório. Cheguei a cantar no Clube Coronel Barbosa.
Se alguém o convidar para fazer uma serenata o senhor aceita?
Se vierem me convidar, ainda sou capaz de atender ao pedido.
A música tem  muito a ver com a sua disposição, sua saúde?
Acho que se não fosse a música eu já estava morto!






JURANDYR (JUCA) CHAVES

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 28 de fevereiro de 2015.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: JURANDYR (JUCA) CHAVES

O Teatro Juca Chaves fica no bairro Itaim Bibi em São Paulo dentro do enorme prédio onde anteriormente funcionou o Mappin Itaim e hoje funciona nos moldes de um shopping, sendo a rede Extra a loja ancora. Após alguns acertos de agenda o Menestrel Juca Chaves assentiu em conceder uma entrevista. O artista que nos palcos sempre teve um brilho intenso, com seu humor refinado, entra caminhando de forma simples, quase despercebida, cumprimenta de forma afável, pede licença por uns minutos e vai tomar algumas providências muito rapidamente. Sua história e trajetória são vibrantes. Conheceu todos os políticos de alto escalão. Inserido no meio artístico sempre foi uma das grandes estrelas de uma imensa constelação de artistas. O que impressiona positivamente são a simplicidade e humildade de Juca Chaves. Extremamente preocupado com seus compromissos, obedece rigidamente sua agenda, respeitando com rigor o horário pré-determinado. Uma qualidade rara entre o meio artístico. Uma conversa com Juca Chaves pode levar horas de momentos agradáveis. Além da grande experiência de vida, ele nunca perde a oportunidade de inserir em seus comentários uma frase sutil, de extrema inteligência, que às vezes requer do interlocutor um raciocínio rápido para acompanhá-lo. Teve sólida formação musical. Estudou com Guerra-Peixe (harmonia, contraponto e fuga), Oswaldo Lacerda (teoria musical e solfejo), Lurdinha Amaral (violão e canto), Scupinari (violão clássico), Bernardo Federowsky (regência), Fausto Antão Fernandes (canto orfeônico), Nair Medeiros (piano) e Maynard Araújo (curso de folclore). Fundou o movimento Juventude Musical Brasileira, com o Maestro Eleazar de Carvalho, de quem foi também aluno. Dos 16 aos 19 anos de idade, teve intensa produção poética. Nessa época, sua composição "Nas águas de Saquarema" chegou a ser interpretada por Leny Eversong na Rádio Nacional. Foi um dos organizadores, em 1955, da revista "Rua Augusta Chic", onde publicava suas poesias e crônicas
Juca Chaves em tom de humor diz lembrar-se do dia em que nasceu: “-Lembro-me de 1938, no dia 22 de outubro, às cinco horas da manhã, quando eu nasci, no Rio de Janeiro”. Minha mãe deu-me o nome de Jurandyr porque ela estava lendo o livro Iracema de José de Alencar, e na quinta página, se não me engano está escrito: “-E ai surgiu na floresta o índio Jurandyr, o que veio trazido pela luz do sol, alto, moreno, forte, bonito.” Este cara sou eu! Minha mãe surtou! Ela não tem culpa! E ai nasceu o Jurandir!.

Qual é o seu nome completo?
É Jurandyr Czaczkes Chaves, como o nome Czaczkes é austríaco, quando meu pai naturalizou-se brasileiro, estava fugindo da guerra, ele não queria saber de nada da Europa, do Leste Europeu. Naquele tempo era obrigado ao naturalizado ter um nome simples, eles escolheram o sobrenome Chaves. Czaczkes é o nome do Premio Nobel da Literatura em 1966, Shmuel Yosef Halevi Czaczkes. O nome do meu pai é Josef Czaczkes, aqui  no Brasil passou a ser José C. Chaves. Ele montou a primeira fábrica de plasticos do Brasil a Industria de Baquelite Artepast, no Brás, ele foi um precursor desse produto no Brasil. Fechou em 1945, após a guerra. Tinha 400 operários. Situava-se na Rua Maria Marcolina, outro dia passei por lá, já mudou todo o Brás. Para ir até a fábrica eu passava por duas porteiras de trem, indo daqui do Jardim Europa. Meu pai, como todo europeu, morava no Jardim Europa, na Rua França, ele queria morar na Rua Austria mas já estava toda ocupada. Eu era menino, vi asfaltar oJardim Europa. Sentava no portão de casa e ficava olhando aquelas máquinas trabalhando. Vi nascer o Jardim Europa.

Qual é o nome da sua mãe?
Clarita Wainstein. Sou descendente judaico. Minha esposa Yara diz que sou judeu do Paraguai. Só fui à sinagoga para ver casamento dos outros. Eu casei sem sigagoga sem nada, casei-me em casa, só com registro, completamos agora 40 anos, casamos-nos no dia 2 de fevereiro de 1975, dia de Iemanjá na Bahia. Casei-me no Rio de Janeiro, mas no dia2 de fevereiro em homenagem a Bahia. Conheci Yara em 1974, no dia 15 de julho. Eu sou um heroi e ela também é uma heroina.

Juca você estudou em qual escola?
O primeiro ano foi na Escola Britânica de São Paulo (British School), situada no Jardim Paulistano. Sai por causa do horário que não se ajustava com o da minha irmã , Dra. Marly Chaves.
Você lembra-se do nome da sua primeira professora?
Claro! Dona Nicota! O jardim de infância estudei no Jardim Escola São Paulo, era um jardim de infância pequeno que havia no Jardim Europa. Ai fui estudar no Mackenzie, fiz a Escola Americana no Mackenzie, fiz o ginásio, e um ano e meio de científico, no meio decidi que como não iria ser engenheiro deveria estudar o clássico. Consegui recuperar um ano e meio e formei-me no clássico. Fui fazer faculdade de direito. Fiz o curso do Castelões, aprendi português com ele. Ai estorou a minha carreira. O meu disco começou a ser tocado no Brasil todo.

Quando você descobriu sua veia artística?
Desde garoto! Fazia pidas, cantava modinha no Clube Pinheiros, fazia judo, natação, futebol.
Pessoas do seu circulo mais próximo de amizades conhecem uma história onde você se defendeu de um assalto.
Isso foi ha dois anos, foi no Itaim Bibi, naquele tempo o bandido não matava. Quando vi que o assaltante pegou no meu relógio, como eu faço aikido também, foi fácil eu sair.
Você pratica esportes ainda?
As vezes. Quero voltar a treinar judo. Sou mais judoca.
Sua esposa Yara pratica alguma arte marcial?
Fazia Jiu-Jitsu comigo! Mais ai eu teuma aula a mais do que ela sempre! Escondido! Estou inteligente ou não? Se voce deixar a mulher chegar primeiro meu filho....
Como  é a sua relação com a colonia judaica no Brasil?
Eu adoro a colonia! Gosto de Israel, sou um fã de Israel. Mas não sou fã das religiões, nenhuma,  eu acho que religião é bom para segurar uma parte de uma população que precisa. Sou um livre pensador, não diria nem agnóstico. Um ateu ecumenico. Minha esposa é “criston”. Conheço todas aigrejas de todo lugar do mundo por causa dela. Conheço mais igrejas do que sinagoga. Sinagogas frequento em função dos amigos. Tenho uma mágoa com a colônia, tenho 60 anos de carreira e nunca tive um patrocinador judeu! Sou o único artista brasileiro que fala que é judeu! O Silvio Santos fala hoje. Mas nunca falava antes. A colonia cobra. Eu digo-lhes: “-Por quê vocês não me patrocinam?” Para fazer show na Sociedade Hebraica de São Paulo eu pago! Pago a taxa de teatro. E lota, lota, lota! Eles sempre medando uma driblada, são mais inteligentes do que eu! Eles são judeus praticantes! Eu não, sou um judeu do Paraguai!

Você já foi à Israel?
Já estive em Israel em 1970. Fui para ver uma namorada carioca que morava em Israel. Eu queria conhecer um kibutz. Achava que eram cabaninhas, no meio da floresta. Sabe aquelas idéias? Em 1970 já eram prédios com departamentos de altíssima segurança. Sabendo o que é evolução. Hoje é a quarta potência do mundo! Eles e os japoneses são os maiores cientistas do mundo.Eu vejo um povo que conseguiu tirar água de pedra e areia. Lá não tinha nada, foi um erro de Moshe ou Moisés, era gago, está na bíblia que “era balbuciante”, ele disse: “ Vamos para Ca...Ca...” Todo o mundo entendeu Canaan, não, era Califórnia! São erro que não podem acontecer na religião!
A sua carreira como artista estourou em que ano?
Comecei em 1956, com Juscelino Kubitschek quando fiz a música “Presidente Bossa Nova”. 



 Não havia Bossa Nova ainda. Eu já estava cantando Bossa Nova por ter ouvido essa palavra de Stanislaw Ponte Preta: “Isso que é bossa, é bossa nova!”. A música estourou no Brasil, eu fiquei sendo “Presidente da Bossa Nova”. Eu afirmava: “- Não sou Bossa Nova, odeio Bossa Nova, parece música de impotente, é tudo pequenininho: carrinho, patinho, renatinho, antoninho”. Eu gostava de modinha que é a mais importante música brasileira, ela veio com a corte portuguesa em 1745, como música erudita. A modinha era musica erudita portuguesa. Agora mesmo, graças a cultura do PT, que luta muito pela cultura nacional, acabaram com a Lei Rouanet. Destruíram a Lei Rouanet que ajudei a criar para ajudar artistas. Porque todos são intelectuais do PC, acham que sabem tudo. Então veio um idiota e disse: “–Modinha não é erudita, é popular porque já termina em “inha”, se fosse erudita terminava em “ao”.” Perguntei: “-E ópera? Como fica nessa história? É popular também?”. Modinha é do período clássico, erudita é a forma, a cultura da música, da arte. Isso é difícil de fazer entender. Tenho mais de quarenta livros, sobre a história da musica brasileira, que eu conheço, não é dicionário da Editora Abril. Você pega a internet procura Wikipedia, aquilo é feito por garotos de 18 anos. Se procurar o meu nome irá parecer que é outra pessoa. Eles não sabem nada, são garotos que ouviram dizer, puxam o Google, e é cultura feita de pesquisa imediata. Se você quiser saber quem descobriu o Brasil está lá: “Pedro Álvares Cabral”. “O nome correto dele é Pedro Álvares de Gouvêa Cabral”. Gouvêa porque ele era o décimo terceiro filho não podia ter o nome da família Cabral. Mas quando ele descobriu, ou melhor, foi descoberto pelos índios, o Brasil foi dos índios, os grandes protetores da terra, o índio diz que a terra não tem dono, a terra é nossa dona. Eles têm uma cultura maior do que a do povo religioso em qualquer lugar do mundo.



O índio tem mais cultura do que o branco?
Muito mais, que é a cultura da natureza. Eles vivem com o que a natureza tem e respeitam a natureza. O índio só mata para comer. O animal também só mata para comer. O branco não, mata para roubar, é o posseiro, é o sem-terra, estes não gostam da terra. O índio respeita. Onde encostam os sem-terras, ligas desses movimentos, primeiro eles não gostam de terra, pouquíssimos conseguiram tocar uma fazenda que já é dada. Deveriam fazer um exame ante: “-Você gosta de terra? Você sabe trabalhar na terra?”. O Brasil não gosta de estudar, o governo não investe no estudo, não interessa, porque se o povo tiver cultura, souber ler e escrever, já irá ter problemas menores na saúde e na educação e cultura. O Brasil não tem educação nem cultura. E cada vez está piorando, nunca piorou tanto como nos últimos 18 a 20 anos. Eles sabem disso. O Brasil de Juscelino Kubitschek  era bom porque tudo foi promovido para 50 milhões de habitantes. Que já é muito! Hoje tem 210 milhões de débeis mentais e analfabetos. Como salvar o Brasil? O cientista Dr. Elsimar Metzker Coutinho procurou fazer o que foi negado pela igreja: controlar a natalidade! Como fez a China, a India e todos os países da Europa. O Papa que tem dogmas, como toda religião, a judaica, protestante, católica, muçulmana, ele, o Papa, sabe que a biblia católica diz que você deve ter filhos. Ele afirmou que apesar de sermos feitos para termos muitos filhos não precisamos faze-los como coelhos: dois filhos está bom! Ele é muito inteligente. Eu falo que ele é da linha judeu-comunista-argentina. Porém é onde ele está salvando a igreja católica.
Como foi a reação da população com relação a sua musica “Presidente Bossa Nova”?
Foi total! Primeira sátira-política-musical. O disco foi gravado em 78 rotações. Fui na cidade, na Rua Boa Vista, e tinha uma lojinha com os dizeres: “Fazemos Discos”. Você dava vinte cruzeiros e ele fazia o disco. Com aquele disquinho fui até as rádios para mostrar. Ninguém deu bola. Ai eu fiz um programa com Aracy de Almeida, que depois ficou muito minha amiga. A Aracy começou a me apresentar a todo mundo na Rádio Bandeirantes, minha carreira estourou, fui o maior vendedor de discos na época.  Conheço tudo de Noel Rosa, Caymi, Luiz Gonzaga, Lamartine Babo, desses eu conheço a obra toda. Para mim são os máximos da musica brasileira. Os que faziam modinha como Catulo, Pixinguinha, Donga. Tenho uma foto de 1960 onde estão: eu sentado no chão, toda a verdadeira MPB: Pixinguinha, Donga, Bide, é uma turma da verdadeira Musica Popular Brasileira. A modinha brasileira começou antes, quando Carlos Gomes fez modinha, as óperas dele são trechos de modinhas, ai vem um idiota e diz que modinha não é erudita! Eles não sabem nada, vão ser criticosa porque não conhecem música. Pergunte se tocam algum instrumento? A arte é subjetiva. O que eu sei de pintura? Não, porque o pintor quiz dizer, ele não quiz dizer coisa nenhuma, as vezes ele pintou alguma figura feminina que o atraiu. Um dia eu estava vendo um programa de dois pintores famosos, atuais, dois homens cultos da pintura, criticos de pintura, eles criticando um quadro dubio, se seria uma falsificação ou não. Um deles disse: “-Aqui eu acho que o pintor quiz dizer isso!” O outro critico disse: “Não! É um quadro cristão, em que Cristo carregava uma mulher nas costas!”. O brasileiro é um preconceituoso nato. Um dia alguém disse-me que eu era homofóbico, ela tinha ouvido dizer e nem sabia o que significava. Disse-lhe: “É difícil! Tenho duas filhas negras! Na minha família tem dois gays morando comigo!”
Quantas filhas você tem?
Quando estavamos na Bahia adotamos duas: Maria Clara que está com 16 anos e Maria Morena, porque ela é mais clara do que Maria Clara. Elas moram conosco. Para onde vamos elas estão sempre conosco. Elas foram adotadas como filhas. Aliás é uma história bonita, quem fez a Lei da Adoção foi Juscelino Kubitschek  em 1950. A primeira menina adotada no Brasil chamava-se Maria Estela Kubitschek . Até então dizia-se “-Peguei para criar”. Ou então diziam, “aquelas moreninhas”, não são morenas, são negras! Uma é negra outra é mulata, que são as glórias das raças brasileiras. Acho que o branco( entre os quais me incluo) veio para estragar o mundo. Você que o negro na Africa, tudo que ele faz é puro. E foi jogado para baixo. Ele sofre um preconceito maior do que o judeu sofre até hoje. O judeu se defendeu porque tinha um raciocínio mais lógico, não era europeu. Mas o negro foi escravizado sempre. Os melhores musicos do mundo são negros. Sem negros não haveria futebol. Ai vem um idiota e diz : “Negro não pode entra no trem!”. Já estão sendo pegos na Inglaterra. Aqui não acontece nada, mas lá quem afirma isso vai para forca. O maior jornalista sobre esportes do mundo, deu uma entrevista, se não me engano no programa “Roda Viva”. Quando o tema foi corrupção no esporte ele jogou o Brasil no fundo do poço. O Brasil é o país mais corrupto no mundo do esporte, comprou cinco copas! A custa do João Havelange, eu gostava do João Havelange, achei que ele ajudou o futebol brasileiro. Sem ele a Inglaterra ficaria com todos os juizes ingleses. Perguntaram: “Na Inglaterra não tem essa corrupção?”. Ele respondeu: “ –Corrupção não, tem estupidez!”. Segundo ele, o inglês é estupido, mas não é corrupto. Se for corrupto, politicamente ele é crucificado, ele vai para a forca! Não tem brincadeira, aliás isso acontece em qualquer país civilizado do mundo. Nos Estados Unidos se um individuo der um tiroem um policial ele já é preso. Sem direito a defesa. Fica oito anos preso. Após oito anos irá ser julgado por ter atirado em um policial, se matou o guarda já é cadeira elétrica. Igual aqui, o individuo mata a mãe, duas crianças, se apresenta a autoridade policial como réu confesso, e sai pela porta da frente.O delegado com a maior cara de pau afirma que não houve um motivo para o crime! No Japão que é um país mais digno eles pegam a espada e se matam sozinhos, não precisa pedir para ele se matar. Eles tem vergonha da palavra “roubar”. Um dia um jornalista brasileiro estava no Japão e perguntou: “ Voces tem tudo limpinho aqui, vocês tem leis?” A japonesa respondeu-lhe: “Não. Aprendemos com nossos pais!”. Eu pergunto, como um pai, semi analfabeto, que mal ganha para o sustento, mora na favela mixa, não é a boa favela que existia quando eu nasci, tinha uma baba que morava na favela, tinha um pessoal que tocava violão. Hoje a favela é o reduto final, a única alegria deles é o carnaval, que é bonito, muito criativo. A única festa bonita do Brasil é o carnaval.

Juca você iniciou no mundo musical muito jovem?
Quando fiz a música tinha dezesseis anos, eu tenho um programa na Rádio Gazeta, que deixei gravado, foi a primeira vez em que apareci em rádio e televisão. A Regina de Moraes, que lia, disse: “-Vamos apresentar pela primeira vez no rádio, o mais moço e promissor talento da música popular brasileira, trata-se de Jurandyr Chaves, um jovem de 16 anos e muitos sonhos pela frente. Canção de Jurandyr Chaves  "Nas águas de Saquarema" canta Leny Eversong acompanhada da Orquestra Sinfônica da Rádio Nacional, maestro Guerra-Pexe que era meu professor. Eu comecei na rádio, quando fui ao Rio de Janeiro, fui para ser criticado, queria me mostrar, aí recebi um apoio muito bom de Lamartine Babo, Vinicius de Moraes e Jobim. Eu era garoto, achei formidável aquilo tudo.
Outra música sua que marcou época foi “Por Quem Sonha Ana Maria”
Aquilo  marcou porque houve uma musa verdadeira. Perguntavam-me se ela existia, eu respondia que sim, era do Colégio Des Oiseaux. Todo mundo do colégio a conhecia. Eu ia a porta do colégio a freira vinha, a madre superiora vinha. Ana Maria era uma moça linda que nunca deu bola para mim não. Eu era muito pequenininho para ela, ela era mais alta, bonita, Ela dançava comigo, eu punha um tamanco e ela tirava o sapato. Ela era gentil. Fiz umas seisa oito modinhas para ela, muito importantes. Mas fiz mais modinhas para Yara, umas doze ou quatorze modinhas. Para mim as melhores.
A Yara é a mulher da sua vida?
Foi e continua sendo! Até então todas passavam rapidamente. Eu gostava de namorar. Sem maldade, gostava de namorar. Falavam que eu só namorava modelos e mulheres altas. Namorava modelos porque era mais fácil de entrar e de sair e altas porque todas eram mais altas do que eu. E namorava meninas bonitas porque de feio chega eu. Se eu tenho charme , como Jorginho Guinle, mais baixinho do que eu! Nunca tive complexo. Juca poe-se a cantarolar: Eu sou baixinho, feio e narigudo/dizem que eu sirvo só pra dar recado/mas na verdade eu sirvo para tudo/até chifrudo eu sou sem ser casado!/eu tenho chifre mas não tenho queixa/ se bem que a testa fique bem maior/até que é bom quando a mulher nos deixa, agente sempre arruma outra melhor. Essa é a vida que eu sempre quiz,/ eu sou cornudo mais eu sou feliz,/ essa é a vida que eu sempre quiz,/ eu sou cornudo mas eu sou feliz. Peguei essa música e gravei na Itália, como a do Nazo: Nariz, ai, meu nariz,/Como falam mal deste nasal que é tão normal,/Ouço diariamente muita gente infeliz
Você em seus shows, contando piadas ou cantando, faz seu público raciocinar?
Faço sim. Humor não é para gargalhar, gargalhar é uma forma de rir grosseira. Como a mulher que grita durante a relação sexual, grita tanto que o vizinho processa. Como fiz uma vez que processei uma vizinha quando minha filha disse-me: “-Pai estão matando um gato!”. Ainda fui processado por ela! E o juiz deu ganho de causa para ela! O grande problema do Brasil é que o poder mais corrupto do Brasil é a justiça. A justiça é injusta, imbecil. Essa mulher morava no andar acima do meu. Por isso hoje só moro em cobertura, quando subo a escada eu respeito. Se o meu cachorro está fazendo barulho, põe um chinelinho de tecido no cachorro.
Como se  chama o seu cachorro?
João! Outros que tive antes tinham nomes judaicos: Josef, Salomão. Tive dois jegues na Bahia, comprei por R$50,00 cada um. Um colecionador de cavalos raros, disse-me: “-Eu soube que você tem um haras Juca!”. Disse-lhe: “Tenho duas crias! Paguei cinqüenta!”. Ele disse-me: “- Cinqüenta mil! Eu também comprei um árabe agora, cinqüenta mil o cavalo!” Um dia a Tônia Carreiro foi jantar em casa, o jegue encosta nela, na mesa, ela olhou o jegue ao lado. Deu um grito. Disse-lhe: “-É o garçom!”. Muita gente me telefonava dizendo: “quero ver suas crias!”. Coloquei escrito assim: “Haras Duas Marias. Lentas, velhas e sem dentes, aqui estão as nossas crias, independentes. Abaixo assino humilde Mimosa Van Rothschild”. Quando nasceu o filho dela dei o nome judaico: Davids Jacob Salomon Van Rothschild II. Quando eu chegava de viagem eles gritavam durante meia hora. O jegue é um animal muito fiel, é um animal puro. Ele não tem mistura. Não é como a raça brasileira. Só se faz jegue com outros jegues. Usou-se o jegue em todo o Oriente, como meio de transporte. Cristo andava de jegue, é o que tinha na época. A humildade não é virtude, a virtude é você ser bom. Você não é bom pelo que se faz notar, você é bom quando falta e sentem a sua falta. Ninguém morre quando deixa uma saudade. Se você deixa saudade você não morreu! Quando penso em Mozart em Tchaikovsky, penso em amigos meus!
Você é conhecido como “Menestrel”, como surgiu esse cognome?
Quem me deu esse nome foi Flávio Alcaraz Gomes, era o maior repórter do Brasil, da Rádio Guaíba, que fez a revolução de Jango Goulart. Eu ganhei um revólver do Brizola. Ajudei a acabar com o parlamentarismo. Juca canta a música; Constituição ,constituição/acabou-se que tormento/já temos o parlamento falta o rei que papelão./Que papelão, que papelão/o canhão foi superado, pois Brizola, com Machado foi fazer revolução./Revolução, revolução/foi as armas, o gaúcho/o Lacerda deu o repuxo e o Dennis ficou na mão/Ficou na mão, ficou na mão/pois prendia todo mundo/o regime foi pro fundo,/marechal foi pra prisão./Foi pra prisão, foi pra prisão/e o Brizola nem deu bola,/o Jango botou cartola/e acabou a revolução.
Você era amigo do Jango?
Eu gostava do Jango, ele era o Vice-Presidente, igual aos outros vives, igual ao Itamar Franco.
Há uma composição sua dedicada à Primeira Dama, esposa do Jango?
Juca Canta a modinha:
Dona Maria Tereza,/diga a seu Jango Goulart,/que a vida está uma tristeza, que a fome está de amargar,/E o povo necessitado, /precisa um salário novo,/mais baixo pro deputado, /mais alto pro nosso povo./Dona Maria Tereza,/assim o Brasil vai pra trás,
quem deve falar, fala pouco,/Lacerda já fala demais./Enquanto feijão dá sumiço,
e o dólar se perde de vista,/o Globo diz que tudo isso,/é culpa de comunista./Dona Maria Tereza,/diga a seu Jango porque,/o povo vê quase tudo,/só o parlamento não vê,/Dona Maria Tereza,/diga a seu Jango Goulart,/lugar de feijão é na mesa,/Lacerda é noutro lugar háháhá!




Aos dezessete anos comecei a trabalhar como jornalista e fui entrevistar o Carlos Lacerda, cheguei à redação do jornal Última Hora, de Samuel Wainer, ela dizia de mim: “ O Juca é uma quadrilha sozinho”. Ele mandou entrevistar o Lacerda. Perguntei-lhe: “- Quem é esse burguês?”. Samuel então me disse: “-Aprenda garoto, antes de falar burguês, como esse pessoalzinho que começou na UNE, um autêntico burguês que falsifica carteira de estudante, Lacerda é um cara importante, já derrubou cinco governos! Fui falar com Carlos Lacerda. Apresentei-me: “Dr. Carlos, sou jornalista, foca, estou começando, eu queria que o senhor me ajudasse porque estou começando agora. Ele respondeu-me: “-Vou te ajudar na entrevista!” Deu-me uma tremenda entrevista. O jornalista tem que ser humilde, hoje a nova geração é mais simpática, mas houve um tempo que era terrível. O jornalista vinha, o fotografo vinha por traz sem educação nenhuma tirava sua fotografia. E achava que devia atrapalhar tudo, que ele tem o direito da Lei de Imprensa. Não é assim. Todos têm o seu limite, para isso que existe a Lei de Imprensa. É o que falo sempre: “Imprensa é coisa séria, por dinheiro são capazes de publicar até a verdade.”. Isso ocorre no mundo todo.
A imprensa é o quarto poder?       
É o quarto. Mas tem um poder maior que o da imprensa que é o terceiro, que é o gay. Hoje metade dos gays já estão na imprensa, então já uniu, ficou uma força maior. Porém é um poder instantâneo, eles deixam-se sentirem-se poderosos. É um comunicador, assim como nós somos artistas. Qual é o dever da imprensa? É falar a verdade! A verdade doa a quem “doar”.
Você generaliza que a imprensa é constituída por um grande numero de gays?
A maioria! No Brasil gay evoluiu. É uma escolha sexual que é justíssima, até entre os animais existem os gays, eu, por exemplo, seria um caracol, tem os dois sexos. Mas não tenho, nem um! Eu gosto de um sexo só porque sou preguiçoso, já lutei com a minha mulher por quarenta anos seguidos, está ótimo! E ter satisfação! Já é maravilhoso! Eu quero ver pela frente, mas é um gosto. Gay faz o que ele quer. Só que tem uma coisa, o gay é sofisticado, alegre. Geralmente cineastas, intelectuais. Geralmente! O viado é histérico! Faz aqueles gestos, aquelas coisas, desnecessárias. Eu não entendo porque. Por que um homem, que nasceu homem, tem que fazer assim com a mão? Ele se acha chique fazendo assim? Pelo contrário! Parece uma mulher vulgar da sociedade. Uma imitação vulgar das coisas.  Assim como uma menina que quer ser lésbica porque ela gosta, não precisa ficar coçando embaixo. Não precisa ser macho! As lésbicas não gostam de macho. Elas gostam de mulheres. Assim como homem gosta de homem. São direitos e deveres que eles têm. Eu acho uma coisa tão simples, e tem gente publicando e matando. Você sabe que as religiões mataram gays no mundo todo. Tchaikovsky foi um. Está provado hoje que ele morreu não porque tinha cólera, ele morreu porque o Czar mandou matar. Era uma vergonha ter um gay como o maior músico do país! Do mundo! Acho Tchaikovsky acima de todos.
Quantos Presidentes da República do Brasil você conheceu?
Sobre Getulio Vargas eu ouvia falar. Na época eu era menino. Eu era garoto de colégio, quando ele morreu deu aquela alegria: “Hoje não tem aula porque Getúlio morreu!”. Getúlio era o Pai da Pátria e a Mãe do Rico. Após Getulio veio Dutra, fui preso por causa disso. Eu tinha uma coruja a quem dei o nome de Maria Gaspar Dutra. Fui chamado no DOPS, o capitão muito simpático, me recebeu, perguntou-me; “Ô Seu Menestrel, você sabe por que tem o nome de Maria Gaspar Dutra no seu animal?” Disse-lhe, que não era um animal, mas sim uma ave e assim se chamava porque era a cara do Dutra. A coruja tem a cara do Dutra! O capitão perguntou-me: “Só por isso?”. Respondi-lhe: “ O que mais teria?”. O capitão retrucou: “–O senhor sabe quem é a Maria Gaspar Dutra?”.  Respondi-lhe: “– Claro! Minha coruja!”. O coronel perguntou e quem eu me inspirei para dar esse nome. Respondi-lhe que foi no Dutra. Ele perguntou-me: “-Tem certeza?”. Respondi-lhe: “-Absoluta!” Ao que ele me disse: “- Então o senhor está livre!”. Foi a minha vez de perguntar do que era acusado. Ele disse-me então: “ –Maria Gaspar Dutra é a mãe do Marechal Dutra!”. Anos depois encontrei-me com esse capitão, já promovido a uma patente mais alta, ele me perguntou em tom de brincadeira: “-Como está a Maria?”.



Juca você fez uma música de grande sucesso sobre a compra de um porta aviões feita pelo Brasil.
 Juca, poe-se a cantar:

Brasil já vai a guerra, comprou um porta-avioes/Um viva pra inglaterra de oitenta e dois bilhões/Ahhhh! Mas que ladrões/Comenta o zé povinho,/Governo varonil,/Coitado coitadinho,/Do Banco do Brasil/Há há, quase faliu/A classe proletária/Na certa comeria
Com a verba gasta diaria/Em tal quinquilharia/Sem serventia./Alguns bons idiotas,/Aplaudem a medida,/E o povo sem comida,/Escuta as tais lorotas/Dos patriotas.
Porém há uma peninha/De quem é o porta avião/É meu diz a marinha,/É meu diz a aviação/Ahhhh! Revolução!/Brasil, terra adorada/Comprou um porta aviões/Oitenta e dois bilhões/Brasil, oh pátria amada,/Que palhaçada.

Juca Chaves prosegue: A música deu um escândalo, proibiram, a censura de época proibiu, era uma censura religiosa acima de tudo. Eu ganhei o precesso, atraves de um juiz do Rio de Janeiro, a acusação dizia que esse garoto de dezoito anos quer desmoralizar, afundar o porta-aviões! O juiz disse que se um garoto de dezesseis anos pode afundar um vaso de guerra que vocês compraram, então não precisa do vaso de guerra!  No tempo da Revolução de 1964, que poderia ter dado certo, não fosse pelas piguices religiosas, a censura era religiosa, uma mulher definia a censura do Brasil, era a censura do artista. Sou o artista que tem o maior numero de músicas proibidas: 68 músicas. A primeira vez que usou-se a palavra tesão na música brasileira fui eu: Tesão odara/ um beijo santo, se amar é tanto/ Eu te amo Yara/ ... Era uma modinha, a censura proibiu naquela época. Isso foi em 1976 ou 1977. Porém, a censura dizia que a mulher brasileira não estava preparada socialmente e sexualmente para ouvir a palavra “tesão”.  Eu não entendi o que ele quiz dizer com isso, e o irmõa dela que era um intelecual e fez o julgamento, era o sub-chefe da censura, concordou. Nós brasileiros vivemos em função de pieguices, de caipirismos. Tipico de D.Pedro I, que não era o bom, bom era D.Pedri II, mais habil, mais inteligente. D.Pedro I passou sifilis para muitas negras brasileiras, deu um ponta pé no ventre da sua mulher grávida, que causoua morte da criança. D.Pedro II era bom, queria saber o que estava acontecendo no mundo, da Exposição de Paris em 1890 ele trouxe tudo que havia de bom no mundo: cineminha, balão, avião, o próprio telefone ele trouxe dos Estados Unidos. D.Pedri II era Uma pessoa exclarecida. Durou pouco, tudo que é bom dura pouco, veio o Marechal Deodoro e quebrou a Monarquia. Não era para quebrar naquela hora, durasse mais seis anos. O primeiro grande governante brasileiro foi Mauricio de Nassau, que todos diziam ser judeu-holandês, era na verdade judeu-alemão. Fugindo da Inquisição. Ele expos o nome de Nassau por que se escondeu em Nassau, seu pai era um milionário holandês. Tempo das tulipas. Como se sabe que ele era judeu? Porque quando foram redescobrir uma igrejinha em Recife, cavaram, acabaram descobrindo uma sinagoga. Viram que a sinagoga estava embaixode uma igreja. Com isso soube-se que quem chegou primeiro era judeu. Mauricio de Nassau foi o maior governate da História do Brasil. Em seis anos ele fez de Recife a capital das Américas. Ele e mais alguns brasileiros compraram a Ilha de Manhattan (Estados Unidos) dos indios Algonquin. Manhattan (Em 1610, o nome da ilha era Manahat designando em homenagem ao Rio Maurício e ao Rio Hudson) foi adquirida por Mauricio de Nassau e um grupo de brasileiros e holandeses. Essa história está escrita no Blue Bar do The Algonquin Hotel, onde o Lula ( Luis Inácio Lula da Silva) se hospeda, portanto é bom. Ele sabe o que é bom. Ele não é um sem-champagne, ele tem bom gosto! Sabe o que é caviar! Pergunte ao Lula que ele sabe bem, muito bem. Existe uma música que eu respondi ao maior sambista brasileiro hoje, o Zeca Pagodinho,, ele é ótimo, ele fez a música do caviar: Você sabe o que é caviar?/Nunca vi, nem comi/Eu só ouço falar/Você sabe o que é caviar?/Nunca vi, nem comi/Eu só ouço falar...Ele fez para mim essa música, soe eu falava em caviar nesse país! Ele fez por brincadeira. Eu sempre dei aquela idéia de querer vender a ilusão. Mulheres, caviar, champanhe. Eu nem bebo...
Juca, você veiculou pela mídia uma propaganda onde mencionava caviar e o automóvel Jaguar?
As propagandas diziam: “Ajude o Juquinha a comer caviar” e “Ajude o Juquinha a comprar seu Jaguar”. Isso é uma ação de publicidade, que, aliás, deu certo. Foi muito divertido ver como o Zeca Pagodinho fez a música, e eu fiz uma resposta, pena que ainda não conseguimos cantar juntos. Eu tenho a resposta: “ Você que nunca viu, nem ouviu, ô meu/ nem comeu o tal de caviar/ caviar não é coisa só para rico, eu explico/ basta ser pobre e ter bom paladar e aproveitar/ caviar são ovas de esturjão então/ vá para o Mar Cáspio/ Lá esse peixe tem/ Se não souber onde fica eu explico, dou uma dica/ Pergunte ao Lula que ele sabe bem/ e muito bem! ( Essa modinha foi cantada apenas duas ou três vezes em shows, é semi-inédita!).
Você é um ícone nacional, qual é a reação dos seus fãs?
Tem gente que diz: “Juquinha! Eu te adoro quando te vejo na TV!” Mas não paga né? Na TV não é fã, é admirador! Fã é o que vai ao teatro e paga! E não meia! Estudante paga meia entrada no Brasil por culpa do governo. O governo que impõe essa lei. Ensina o estudante a lesar uma profissão que é o artista. Se ele paga meia, vale meia pessoa. Se a culpa é do governo, porque não fica valendo meio voto? Deveria ter uma lei, estudante paga meia, às nossas custas, que o voto dele tenha metade do valor. Eles fazem isso para comprar o estudante. O governo brasileiro compra o estudante brasileiro, e acredita que está dando cultura. Querem formar 4800 em não sei o que, só que são apenas 200 vagas. Por quê? O governo não quer gastar dinheiro nem em cultura, nem em prisão. Preso custa muito caro. O preso só irá dar valor à sua prisão quando ele pagar pelo estrago que cometeu, se ele quebra seu carro, arrebenta você, ele deveria pegar quatro penas, sendo que a mais importante é: pagar o prejuízo. Só sai da prisão se pagar o prejuízo! Pagar como? Ai meu filho, tem várias maneiras na prisão que você pode conseguir dinheiro. Um delas é a mais comum, como existe na s cadeias muita gente, e o governo não tem inteligência para pegar esse pessoal toda e colocar para trabalhar na lavoura, quem trabalha na terra fica com a cabeça boa.  Por que o governo não resolve? Não interessa resolver! Deixa todo mundo junto, fazendo assim, quando saírem de lá, vão entrar inclusive nas grandes manifestações. Para quebrar as boas manifestações. Sou contra essas manifestações em que o povo sai calado na rua e vem a outra para quebrar.
Você conheceu Jânio Quadros?
Muito! O Jânio era muito inteligente e muito culto. Tinha as respostas maravilhosas, sabia tudo. Só que ele era ligado por um problema, a mulher dele era muito religiosa, ela mandava, por exemplo, proibir o biquíni, ela que mandou proibir biquíni, não foi o Jânio! Ela disse: “É uma imoralidade o biquíni!”. Ela não dizia por maldade, é que ela achava imoral. Era aquela geração que não evolui. Como hoje vejo minha filha se shortinho de u palmo, eu morro, mas ela é de uma geração que todas as suas amigas usam isso. Quero dar uma bronca na minha filha, mas como posso fazer isso se aparecem oito meninas amigas dela, adoro receber pessoas amigas, e vejo que que todas as amigas da s minhas filhas pensam da mesma forma. Todas falam através de um aparelhinho odioso chamado celular! Até o garoto que vai tentar conquistar a menina não a toca, ele escreve no Whatsapp . Ai como é bom! Ai fica rápido! Tudo errado! É uma lingua diferente. São estudantes que se orgulham da carteirinha para pagar meia. E ai um milhão foram reprovados, todos, 100% de reprovação na prova do ENEM! Ninguém sabe escrever no Brasil! Uma vez coloquei um anuncio: “Quero uma secretária que saiba ler, escrever e falar português”.
Quantos livros você já lançou?
O primeiro livri foi “Eu - Baixo Retrato”, o segundo livro nasceu depois, “O Incrível Juca Chaves”, saiu junto com um disco. Um terceiro livro pequenininho feito pela Editora Maltese, chamado: “A Culpa é do Governo”, é a história do Brasil liberado pelo Vice-Presidente da Republica do Brasil, como livro didático com humor contando a história de todos os presidentes, ficou entre os cinco primeiros livros mais vendidos nas duas primeiras semanas após seu lançamento. Eu quero editar o final, fui a uma editora, eles querem me dar oito por cento e ficar com noventa e dois por cento. Eu disse-lhes: “Que tal inverter?” “-Vamos brincar, eu sou o judeu e vocês são os palestinos. Eu fico com noventa e dois por cento e vocês ficam com oito por cento.” Jorge Amado era muito amigo meu lá na Bahia, tinha um grupo maravilhoso, nós tivemos grandes momentos na Bahia nós tínhamos reuniões todas as semanas, um dia estava Fernando Sabino, Calazans Neto, o artista plástico Carybé, e outros, quando chegou lá o editor e disse entusiasmado: “Jorge! Tenho uma novidade ótima para você! Não precisa mais numerar o livro! Eu disse: “-Ótima para quem?” Ficou um silêncio na mesa! É ótimo para o editor! Não numerando ele pode dizer o numero de livros que vendeu. Como gravações, eu vendia um milhão de fitas cassetes e recebeia só sobre cem mil. Não havia numeração. Quando protestei todo mundo riu, o primeiro disco numerado no Brasil foi o meu, o garoto que fez a edição numerada, a noite, eu paguei, ele foi mandado embora da Polygram. O presidente da gravadora, inclusive em um programada Hebe Camargo disse: “-Não existe máquina para numerar disco”. Eu disse: “-Existe! Ela se chama honestidade!”.
Qual é a importância da memória para o ser humano?
A memória é mais importante que o coração! O coração eu já antei em uma das musicas”...o coração é um músculo apenas...” A verdade é o que você aprendeu quando era criança: se aprendeu que dois mais dois são quatro e meio, irá repetir isso a sua vida inteira. Como repete os dogmas da sua vida. Você repete o que você aprendeu.
Quantas músicas você tem gravadas?
Trezentas e pucas. Todas compostas por mim. Umas 10 ou 20 também entram outros compositores. Tenho parceria com Olavo Bilac, Guilherme de Almeida, Castro Alves, só de gente bacaninha! Não tenho parceria com mais ninguém, tudo que fiz é meu, eu erro sozinho! Gosto de fazer errando, gosto de compor. Atualmente o Brasil não tem música, são meninos que tocam teclado com duas notas,: sol e dó. Eram três notas antes. Com isso nãoexiste melodia nem harmonia, somente o dedilhar. E tem que dançar com a perna de um lado e a perna de um lado e perna de outro lado. Mais ou menos como indio! Eu danço como indio, aprendi com o índio a dança da chuva, essas chuvas que estão caindo nestes dias é porque eu rezo toda manhã! (risos). Danço a dança do ídio, bato um pé para um lado, outro pé para outro. Estou tentando ajudar a Cantareira! Aliás o desperdício de água é muito maior em função dos erros do homem. Israel já esteve aqui no Brasil para com seus técnicos para ensinar como se faz, não adianta, eles não aprendem que é com gotejamento. Israel tira água do deserto. No Brasil, o nosso lençol freático na beira do mar vai de Fortaleza a Espírito Santo. É o maior lençol freático do mundo! Senão não teria coqueiros! O brasileiro só precisa cavar um metro! Nem precisa pedir autorização. Não pode pedir autorização no Brasil senão o departamaneto de água como da Bahia te rouba. Roubam! A eletricidade te rouba. Passou a se particular, era melhor quando era do governo. Olha que ponto chegamos! É o único país do mundo que quando tem algo privatizado piora. O Brasil diminuiu a sua potencia de honestidade, crriatividade. Faltam tres idades no Brasil: Honestidade, Pontualidade e como dizem os portugueses: Capacidade! Se nós tivermos esssas três coisas, é diferente. O pessoal não bebe cerveja no Brasil, entorna. O brasileiro não diz: tomei uma e sim tomei umas! É ua questão de educação! Pessoas dirigindo bebados e não é preso! Nos Estados Unidos se o individuo estiver bebado e causar um acidente ele está perdido, não tem defesa. Se não causar acidente mas estiver bebado ele já é preso. Vai até o juiz, que bate o martelinho e estipula a fiança em 5.000 dólares. Se o individuo não tiver fica preso. É tão simples!
Juca, qual é sua opinião sobre o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco?
Ele foi o primeiro idealista da parte deles. Ele cometeu um erro, muito crasso, ele era muito sério, era um militar pensando como pensavam os militares antigamente. Ele era duro. Sua morte , ao meu ver não foi casual. Um jatozinho vai e bate logo no avião do presidente! Não se chegapróximo ao avião do presidente, se chega é para matar. Foi de uma super honestidade. Conheci o Castelo. Depois conheci o Presidente Costa e Silva que era um bonachão, simpático, mas fez uma lei muitodura que foi o AI-5 Ato Institucional número 5, o AI -5 foi feito em um momento em que o Brasil estava quase igual a hoje, não tão ruim! O Brasil naquele tempo por muito menos fez uma revolução.
Porque o país tornou-se mais passivo?
O problema mais grave é a justiça. O maior poder corrupto brasileiro é a justiça. Por erros judiciarios passei por maus momentos, quem me salvou foi um dos raros honestos chamado Peluso. Este homem chegou para me salvar, na hora em que eu já estava devendo ua casa que eu vendi, não recebi, e fiquei devendo 10 anos depois três vezes o valor da casa. Dentro da casa tinha toda a minha coleção de quadros: Portinari, 11 Di Cavalcanti, tantos Volpis e outras obras do mesmo nível. Eu era colecionador. No entanto, a pessoa com quem eu estava demandando ganhava sempre, tinha três juízes do lado, dois eu consegui colocar na cadeia. Eles esatavam envolvidos em grandes coisas, o meu caso chocou, a própria revista Veja transportou o individuo que armou isso tudo, me vendeu a casa, ele se diz arquiteto mas é um decorador muito bom, ele construiu a casa com alvará de demolição. Quando fui vender, o comprador que sabia disso, sem que eu tivesse conhecimento dessa situaçção toda, entrou.  A revista Veja deu toda a força que ele se transformou noEmpresário do Ano de 1976. Com isso ele conseguiu ser preso muito tempo depois no Rio Grande do Sul, quando ele comprou a Rio Guaiba, usando a mesma tática que usou comigo. Na época ele deu um golpe de 30 milhões. O golpe que ele deu em mim foi pequeno, mas era tudo que eu tinha. Ha dois anos ele foi assassinado no Paraguai, pelas costas. Se entrase no Brasil seria morto. E era apoiado por revistas, jormais. Essa é a diferença entre Brasil e Estados Unidos, lá tem poucas leis e boas, aqui tem muitas leis e más. Aqui cada lei tem outras cinquenta leis para defender o bandido dessa lei.Claro que um individuo que é bandido hoje e tem um partido que aprova é claro que ele vai querer leis que o proteja.
Você foi candidato a deputado?
Fui uma vez na Bahia, fui o terceiro candidato, só entravam dois senadores, eu tinha só 20 dias para fazer a campanha. Só falei quatro vezes, nunca fui andar na rua. Mas eu falei: quero três coisas para o Brasil: Controle de natalidade, planificação familiar para diminuir a população, obrigatoriedade de aulas de musica nos colégios, o brasileiro nãosabe cantar, não sabe música também não sabe matemática, a música é ligada a matemática. Isso pouca gente sabe, mas deveria saber! O terceiro ponto é a saúde, sem saúde não adianta nem ter educação.Para que tudo isso aconteça, temos que ter um governo culto, e não irá ter isso com os líderes que nós temos. Ai vem a diferença, quando você tem um governo um pouco melhor, Fernando Henrique era um homem cultíssimo, no entanto ele virou as costas para o Brasil na sua segunda gestão. Quando encontrocom ele falo isso! É um homem cultíssimo mas não usou acultura, no final ele já estava bonitão!
Você disse isso à ele?
Falei! Falei e cantei no Programa  do Jô que ficava por trás acenando negativamente! E o público aplaudindo! O Jô é uma pessoa muito inteligente, sabe fazer as coisas.
O que você achava do presidente  Emílio Garrastazu Médici ?
No final ele já estava calmo! Foi o melhor momento do Brasil economicamente, politicamente. Foi o grande momento brasileiro da Copa do Mundo em 1970.
E as frases como “Ame-o ou deixe-o”
Isso é aquele famoso exagero, nacionalismo falso. Nacionalismo é você saber cantar o Hino Nacional, não gritando, mas cantando. Não precisa colocar a mão no coração, isso é besteira! Você vê que os americanos não ficam clocando a mão no coração, eles ficam duros, parados, não falam, não gritam, não comentam. E cantam afinado. Acho um desrespeito a música desafinar. Quando vejo brasileiros cantando “Parabéns a Você” eu fico nervoso! Nas festinhas de família todos cantam: “Parabéns à você, nesta data querida” (Juca canta propositadamente desafinado). Não sabem cantar Parabéns! O brasileiro não canta nada, é um povo sem música! Hoje qual é a música nacional? É o Funk, são dois acordes.
E a grande musicalidade brasileira tão falada?
Já foi! O Brasil teve coisas maravilhosas. Tinha letras maravilhosas, não esse negocinho de “inho”, “ai”,”ão”. Eu procuro fazer rias ricas. Tanto queu dia uma jornalista gaúcha perguntou-me: “Juca, tchê, Menestrel, porque tu fazes rimas ricas?” Respondi-lhe: “-Porque as musas são pobres!” Aprendi com Guilherme de Almeida, cujas rimas foramas mais bonitas e complexas do Brasil, ele rimava monsilaboscom ditongos, sabia usar a poesia e o sneto. Que é uma arte. Poesia para mim, tem que ser rimada e metrificada. Soneto. Porque senão não é poesia! Mulher que fala: “Sou poeta!” já me irrita. Poetisa! A Dilma diz que é presidenta. Isso criou um problema nacional. O próximo presidente tem que ser ou um homosexual ou mulher, Não pode ser homem, teria que ser “presidento”. Ela estraçalhou a sintaxe brasileira! Simplesmente isso! Não pode ser presidenta! Isso é ua vaidade pessoal, eu achei que lógico, ela com aquela cara de inteligente, ela estava gozando todo mundo! Eu sou cantanta! Não cantante! Ela dá enfase para presidenta! Antes de ser operado fui jogar na loteria, para ganhar 240 milhões, estava precisando realmente. Eu devia 240 mil reais. Mas eu queria 240 milhões porque acho que resolveria meu problema “ ad eternum” (para sempre). A Yara quando casei foi Miss Campinas, primeira bailarinha clássica, foi professora da Claudia Raya.
Você foi comunista?
Picasso e toda uma turma eram todos do “partidão”. Quando fui comunista tinha um grande prestígio. Eu tinha uns 20anos, não tinha nada para dividir com os outros. Quando comprei meu primeiro Jaguar, vieram buscar, eu disse: “-Não! Esse eu não dou!”.
Mas você não era comunista?
Claro, mas ai eu não queria mais dividir com ninguém! Era um Jaguar, não era um livro! Em Portugal logo após a revolução do cravo vermelho, tirando Portugal da maior ditadura que já vi na minha vida, de Salazar, 80 anos, vinha a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) e jogava os estudantes no Rio Tejo, o estudante amanhecia morto. Naquele tempo era terrível, eu morei um tempinho em Coimbra, os estudantes eram maravilhosos, jogaram as capas pretas para eu passar por cima! Foi a mior homenagem que recebi na minha vida!
Quantos automóveis Jaguar você teve?
Dezoito! Tenho um amigo jaguarista, que perguntou-me: “-Como você vê o óleo do carro?”. Respondi-lhe: “ Vejo em um dos aparelhos que tem, são aparelhos ingleses, que marcam o óleo.”. Ele disse-me: “ –Eu olho para o chão!”. O carroé baixinho e bate nas belas ruas de São Paulo! Não são rua, são córregos! O bairro mais caro de São Paulo, que é hoje o Itaim Bibi,  o pessoal é louco! Até veio uma mulher em casa para comprar meu apartamento, achei interessante ela perguntar: “-Aqui é o Itaim nobre?”. Respondi-lhe: “- Não senhora, é o Itaim pobre! Nobreza não há no Brasil minha senhora! Aqui não é um pais de nobreza, era um pais de imperadores, não tinha reis!” Disse-lhe: “-Posso recomendar um lugar onde tem nobreza!”. Ela disse: “-Aonde? Aonde?”. “- Em Versailles ! A senhora vai a França no Palácio de Versalhes a senhora procura o Luis, no caso ele é o XIV, a senhora o procura, ele é nobre, fala em meu nome, o Juca me mandou, o Menestrel mandou um abraço Luis! Aí lá tem nobreza que não acaba mais! Tenho até sátiras a nobreza em Portugal, todo mundo era nobre em Portugal! Nobreza não tem valor algum, é o chamado sangue azul, mais importante é o meu sangue! Que é o roxo! Menestrel tem sangue roxo!
Por quê?
Não sei, dizem! Os reis se vão e os menestréis ficam! Aqui já foram muitos! Todos os presidentes que já rodaram já foram! Eu continuo! Já vieram para mim para ceder o orgão. Respondi: “- O orgão eu não doou! Eu doou o piano!”.
Com relação a Piracicaba, voce tem algo a dizer?
Eu me lembro de muita coisa de Piracicaba. A famosa música da pamonha. Piracicaba tem seu rio famoso. Acho aquilo uma delicia. Gosto de fazer teatro lá. É um público maravilhoso. O grande problema do teatro atualmente é o preço do teatro, se eu cobrar R$ 30,00, com a história de pagar meio ingresso, vira R$15,00, não dá! Você paga teatro, paga despesas, paga hotel, sobra quanto?
Quantos patrocinadores você precisa para realizar um show?
As vezes um só!  Uma vez tive uma reunião com uma gerenta de marketing do Banco do Brasil. Disse-lhe: “-Estou com vontade de ir fazer shows no Japão!”. Ela perguntou-me: “-Quanto vai custar para o Banco do Brasil?”. Repondi-lhe: “-Nada!” O Banco Itaú está com mais clientes brasileiros no Japão do que o Banco do Brasil. São 240.000 Dekassegui no Japão (Descendentes de Japonêses). Tive uma idéia. Uma boa idéia. Que é vocês não cobrarem para assistir o show do Juca Chaves que vai para lá, a colonia japonesa gosta de mim, para assistir o show de graça, basta ter o cartão do Banco do Brasil. O Banco do Brasil paga o valor do meu ingresso. Vocês não estão pagando meu ingresso, estão ganhando um cliente que paga por 100 ingressos vendidos.
Você fez curso de publicidade?
Não, eu gostava de fazer publicidade dos meus shows. Criei muita coisa que hoje é marca. A começar do meu boneco, o Juquinha, quem desenhou foi Ciro Del Nero, que foi o maior decor de teatros do Brasil. Era a pessoa que mais sabia sobre Grécia no Brasil. Sou o único artista no Brasil que tem uma marca registrada.
Quando sairá sua biografia autorizada?
Será minha biografia autorizada que eu desautorizei e agora liberei. Assim que eu tiver um tempinho de sentar em cinco dias escrevo isso.
Você vai lançar aqui na terra ou de avião?
Quando eu lanço, faço grandes lançamentos. Por exemplo, quando lancei o meu primeiro disco de ouro lancei do Corcovado, falei: “- É o lançamento mais elevado da história brasileira!”. Quando fiz meu lançamento de carreira fiz no quinto degrau do lado esquerdo de quem sobe no Viadutodo Chá. Por causa da música: “Ultimamente o meu viver tem sido escuro/O vil metal fez de meu bolso um inimigo/O meu sapato é uma manchete, só tem furo/E ando mais duro que o filé que mal mastigo/Tal um foguete americano eu sou um fracasso/Tento subir, porém, só desço neste mundo/Estou mais pobre que cultura de ricaço/Já nem no banco onde adormeço tenho fundo//
Minha família deserdou-me, fim do amor/Me abandonou a interesseira namorada/Até foi bom, só que fiquei "na fina flor"/Bem mais de fora do que quarto de empregada/Hoje o meu lar é o viaduto Dona Sônia,/Aonde insone um boêmio fez-me ser por hobby/E alí vegeto sem ter luxo ou cerimônia/Quinto degrau do lado esquerdo
de quem sobe/Como se vê, não sou esnobe”. Fiz o lançamento lá, dando água com açucar para os jornalistas. Perguntaram-me: “Mas àgua com açúcar Juca?” Respondi: Tá bom! Para quem não ganha nada está ótimo!”. Lotou de jornalistas, que acharam original. Isso que o publicitário brasileiro não tem. Ele não é original. Poucas publicidades você vê com originalidade. Tem sempre exceções, algumas até bonitas,
escrevo, cumprimento. Emílio de Menezes fazia coisas maravilhosas por volta de 1920.
Juca lembra-se do famoso jingle: “Veja ilustre passageiro,/ o belo tipo faceiro/ que o senhor tem a seu lado/E no entanto, acredite,/ quase morreu de bronquite/ salvou-o Rhum Creosotado.” Essa publicidade marcou o Brasil, foi feita em versos. Emílio de Menezes foi poeta, sonetista maravilhoso, só fazia trocadilhos maravilhosos. Ele era amigo de Olavo Bilac, um dia, na Confeitaria Colombo, perguntaram-lhe como estava o Olavo, que tinha ficado doente. Emilio respondeu: “Em casa fazendo um tratado de versificação” (Olavo estava se tratando para ver se ficava são). Emílio era genial! Essa genialidade acabou no Brasil! Uma ou outra pessoa surge com uma frase genial, como a do Joãozinho Trinta: “ Pobre gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual”. Intelectual adora miséria. Filmes brasileiros agora estão imitando filmes americanos, de morte, crime, ganhamuma fortuna  esses cineastas, para não falar nada! Não fazer nada! Ganham valores absurdos para produzirem aqueles cineminhas baratos, onde você ove a voz diferente do moimento da boca.  Contrate um bom artista! Tanto assim quejá aparece um ou outro já melhor. Mesmo assim o texto é fraco. O cinema brasileiro tem que melhorar muito. Querem fazer cinema porque acham chique! A televisão é bem feita.  A Globo faz uma boa novela, só que acho um absurdo o brasileiro ficar 50 capitulos assistimdo bobagem. Não aprendendo nada.  Poderiam colocar um teatro de vanguarda. Você liga a televisão italiana, que é quadradinha, mas lá tem Cyrano de Bergerac, Victor Hugo,  você vê grandes obras do mundo inteiro. Mas em seriados. Aqui tem muita coisa clássica, José de Alencar, poderia ter tanta coisa bonita no Brasil. Os clássicos brasileiros. Mas não, ficam fazendo 50 capítulos para a mulher chegar e falar: sabe! Falando italianado, como o paulista fala, roubando o nosso “s”, o italianoveio roubar nosso “s” no Brasil. Eles não têm plural, é difícil para eles falarem nós fomos. É muito divertido ver cada colônia falar, com sotaque, nós brasileiros dizemos que os portugueses têm sotaque, nós é que temos sotaques.  A língua portuguesa é de Portugal. Que é a correta. Nós não falamos “vou ir”. “Vou ir” é um pecado para a língua brasileira! O pessoal aqui põe dois verbos juntos, usam de “tu” para “você”. A língua acabou no Brasil. Com o advento da internet parece que você esta escrevendo em hieróglifos. Quando alguém manda uma mensagem para mim, muitas vezes fico pensando: “O que quer dizer isso?”. Como vou saber que “td” é tarde? Antes que o show acaba, vamos para Piracicaba! Tinha uma música que eu gostava de cantar: “ Vamos Marica vamos, vamos para Jundiaí/ com tudo você vai, só comigo não quer ir”. Essa é uma modinha tradicional que a minha mãe cantava para mim.
Nesses anos todos, tivemos grandes programas de humor, pode citar alguns?
A “Escolinha do Professor Raimundo” foi uma das melhore coisas da televisão brasileira, de humor simples, fino, puro, igual ao mexicano Chaves. Acho que podiamos ter humor bom, como tinhamos naqueles programas de rádio: PRK-30, no Rio de Janeiro tinha o “Balança Mas Não Cai”. Eu acompanhava tudo isso. Meu pai trazia o jornal “O Governador”. Como jornalista entrevistei o Barão de Itararé, Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, também conhecido por Apporelly ( E pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé). Fiz a entrevista em um apartamento pequenininho, próximo a Avenida São João, cheio de jornais empilhados, e um formigueiro do tamanho do apartamento, ele montou o formigueiro para ele ver como as formigas vivem. Ele ficava estudando o trabalho das formigas. Ele tinha piadas maravilhosas. Quando a polícia entrou batendo nele, gritou: “Viva a Revolução”, quando a polícia entrou dando cacetada ele gritou “De 30, de 30 !”. Outra grande dele foi que a polícia entrou batendo nele, ele colocou um cartaz escrito na porta: “ Entre sem bater”. Quando estive na última vez com Millor Fernandes, estava a Fafá de Belem, havia um grupo bom de caricaturistas, Millor disse: “Estamos acabando, Juca!”. Nunca mais me esqueci disso.
Você esteve com Nelson Rodrigues?
O vi uma vez, não gostava da maneira como ele se expressava na redação. Mas ele tinha coisas ótimas. Inteligentíssimas. Tinha umas coisas machistas como: “ Nem toda mulher gosta de apanhar, só a normal!”. Não é bem assim! Pelo contrário, acho que a mulher não gosta de apanhar! Mulher gosta de apanhar a carteira do homem!
Como solucionar a situação política, economica e cultural do Brasil?
Fácil. Pintar 120 milhões de brasileiros e jogar na floresta! Uma segunda porssibilidade é mandar cem milhões de brasileiros para o Japão, e eles mandam cem japoneses com alta tecnologia de construção para cá. Ai mandamos outros cem milhões de brasileiros para lá e eles mandam mais japoneses com alta tecnologia para cá. Com isso vamos encher o Japão de brasileiros, vai afundar a ilha! Para alegria dos chineses! Ai vamos para a China e fazemos um negócio da China! Com alta tecnologia japonesa, que é a melhor do mundo!
Há a possibilidade de lançar a chapa Juca Chaves para Presidente do Brasil?
Quero ser Vive-Presidente! Muito melhor! Vice-Presidente faz o que quiser e ninguém está sabendo o que o nosso está faendo. Já percebeu? Já o Presidente todo mundo cai de pau. Essa culpa toda não é da Dilma. É de toda uma equipe de maus administradores, maus economistas, que raciocinaram como pobre, ai vem aquela frase: “Conversa de sapateiro se fala de sola!”, uma frase judaica, pobreza vem do pobre, pobre julgando como pode ficar rico, só pode dar pobreza. Quando Karl Marx e Friedrich Engels previram economia livre, foi para um povo culto, para a Inglaterra ou para a Alemanha, nunca para a União Soviética ou para a China. A China na época era um bando de imbecis em que estudante batia em professor na rua.A União Soviética eram aqueles camponeses todos coitados, e uma elite, que tudo que tem de bom ainda na Rússia, é como o que tem de bom no Brasil do período de Mauricio de Nassau. É o passado, tempo dos czares. Você vai à França, a França de hoje não é a França de Luis XIV, Luis XV, Luis XVI.   Georges-Eugène Haussmann, o Barão Haussmann, entre 1853 e 1870. foi responsável pela reforma urbana de Paris. Ele fez a arquitetura da única cidade do mundo que é toda de quatro andares. Igual a São Paulo, quatro andares acima do possível e imaginável! São Paulo é toda ilegal, completamente. Esse prefeitinho, que já se esperava que não ia fazer nada, fez uma coisa boa, apesar de ser do “partidão”. Ele proibiu novos apartamentos, só agora, mas saiu a lei. No Itaim já iam construir um prédio de 30 andares, colado ao meu prédio que tenho uma vista para a Avenida Paulista. Eu ia morrer. Não deixaram, ele falou, só quatro andares, reposição.Acho já muito. Quando Oscar Niemeyer e Lucio Costa fizeram a Barra da Tijuca era permitido quatro andares no inicio. É o único lugar civilizado do Rio!  A Bahia estava ótima, ai entrou esse petezão e colocou prédio em todo quanto é lugar. Na orla! Todos com aquela cara de prédio de pobre. Pior do que a favela, porque a favela tem mato! Tem verde!Os prédios são favelas sem verde! Eles colocam no anuncio: “Você de frente para o verde”, colocam um coqueiro.
Você gosta de futebol?
Sou torcedor do São Paulo. Fiz até uma música afirmando isso:
 Miau, boa pedida,eu sou um gato,/gato miando nos telhados lá da Augusta./Gato que assusta, gatas que tem,um bom telhado, pois enfim sou um gato bem,/um gato bem, um gato bem, um gato bem./A exemplo do Ricardo Amaral,/sou um gato social,/um bichano disputado/No telhado, porémsendo um gato bem lançado/à velha Novacap/já ouviram o meu miado//Meu nome sai aí a três por dois,/até a rua Augusta, esporte, sociedade pois,/bom São Paulino, fino felino,/não há gata que resista a esse meu miar de artista,/muito em vista,/Na órbita, nos telhados onde eu vou,/fazer a serenata para minha gata do dezoazor,/embora, a plus ultra muito grossa/não entenda a minha bossa/vou miar em teto quente na tangente do conveniente./Miau, miau,/miau miau/sou um gato/social,/miau, miau/miau, miau,/sou um gato social. Sou do tempo de Leônidas, que para mim foi maior do que Pelé. Eu não tenho duvidas, perguntei a vários europeus que conheceram. Ele é para nós é um gênio, um Deus, em 1954 a Hungria teve o melhor futebol do mundo. Ganhava de 7, 8. Perdeu o último jogo para a Alemanha porque a Alemanha conhecia o doping. Um dos aspectos é para quem entra mais dinheiro, futebol tem esse negócio. Futebol sem dinheiro não é futebol. Perde o encanto daquilo tudo. Mas não precisava exagerar fazer um estádio daquele jeito! O Estádio do Corinthians foi uma vergonha! Foi uma doação minha, que sou são-paulino, não temos nada da simpatia do presidente que elege a ele. Um presidente tem que ser neutro. Ele deu três trilhões, ele jogou fora, quantos hospitais se fariam com três trilhões? O que é mais importante?  Política quando entra no esporte acontece o que aconteceu. Sabe lá o jornalista inglês, aquele profissional é bom.
Quais são as novidades que você estará apresentando em breve?
Eu estou aguardando os acontecimentos brasileiros. Vou viajar. Pretendo voltar para a Europa, não quero voltar à América, lá já estive por bastante tempo. América é boa para quem quer consumir. Eu quero ver arte. Itamar Franco foi mandado para Itália. Foi adido cultural. Algo que eu gostaria de ser, para ajudar a levantar mais ainda o nome do Brasil. Perguntaram ao Itamar que ele achou de Roma, morando na praça mais bonita do mundo, que é a Piazza Navona, dentro da Embaixada do Brasil, que é a embaixada mais bonita do mundo. Itamar deu seu parecer sobre Roma: Tem muita estátua!
Qual é a sua visão sobre o grande número de partidos políticos existentes no Brasil?
Sou a favor de dois partidos apenas. Na Suécia existe isso, todo candidato tem que fazer um concurso para entrar. Você quer ser vereador em Piracicaba, tem que prestar um exame. Quantos ônibus, ambulâncias, hospitais, delegacias, a cidade tem. Você tem que saber para ser vereador. Mandar um Tiririca pare ser deputado federal! Não sabia nem escrever, aprendeu no dia! Não que ele seja mau, talvez ele tenha o principio democrático melhor do que muitos. Mas não pode ter, ele nunca leu nada. Ele era divertido. Mais um palhaço no Brasil! Quando fiz a musica “Fim do Mundo Vem Aí” eu canto:“ O mês de dezembro, 21 esse é o seu dia, já em outubro se me lembro, a eleição virá, sorria! Candidato Tiririca, filósofo tão profundo, declarou pior não fica, e ficou, é o fim do mundo! Nem Àfrica, nem Europa, nem tão quente, nem tão frio, teremos a nossa copa, para o Galvão gritar Brasil nos estádios sem escolas, quem paga as obras em agosto, nunca o governo, ora bolas, somos nós pagando imposto. Agredimos um suiço, boa coisa ele não é, Dona Dilma ouvindo isso, revidou o pontapé, seu atraso é que aborrece, presidenta não confunda, politico é que merece um solene pé na bunda.”
Juca você canta descalço, qual é o motivo?
Virou habito. Quiano comecei a cantar, no Clube Pinheiros eu cantava descalço, em um caramanchão, ai comecei a fazer televisão, ficava descalço. Cantei para o Juscelino Kubitschek fiquei descalço, ele tirou o sapato, ficou de meia, posso ficar descalço, agora é um problema quandoé inverno, peguei quase pneumonia, ponho um aquecedorzinho no pé. Mas eu quero ficar descalço. Ai tenho que colocar bota. Ai eu digo: “-Um homem inteligente calça as botas e bota as calças. Muita gente diz: “Vejo você na rua calçado!”. Claro. Eu durmo descalço, na minha intimidade estou descalço, canto descalço, mas não ando descalço na rua!
Isso é só divertido?
Só divertido, mais nada. O Brasil é um país divertido hoje, é carnaval! É o que disse aquele jorrnalista inglês, enquanto vocês ficam “samba, samba”, o Brasil está sendo espoliado, roubado e ninguém pode fazer nada. Porque o próprio governo está roubando. Em uma casa, se o pai roubar, a mãe roubar, o filho irá roubar! É uma questão de educação! Um dia perguntaram-me, qual era o livro qeu eu teria o orgulho de ter a assinatura do autor. Falei: a Bíblia!
Juca Chaves, gostaria de deixaruma mensagem aos leitores e ouvintes?

Tenho uma teoria muito importante que gostaria de torná-la publica: “ Depois da tempestade vem o tsunami” (muitos risos). 

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