quinta-feira, abril 13, 2017

NAIR MORETTI AMARO LOPES


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 de abril de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/




ENTREVISTADA: NAIR MORETTI AMARO LOPES

 

Nair Moretti Amaro Lopes nasceu em Piracicaba a 10 de julho de 1926,  filha de Antonio Amaro e Maria Moretti que tiveram quatro filhos: Romildo, Nair, Ibrahim, e um quarto filho que faleceu ainda muito jovem.

O que faz com que a senhora do alto da sua experiência tenha essa disposição admirável?

Eu sempre tive uma vida calma, regrada, sou vegetariana, nunca fumei, raramente eu tomava um copo de cerveja com o meu marido. Depois que ele faleceu, eu não tomei mais cerveja.

Qual era a profissão do seu pai?

Ele era seleiro, fabricava selas para cavalos. Quando eu era criança, até meus cinco anos, morava em Piracicaba, depois meu pai foi morar em Saltinho onde permanecemos por uns cinco anos. Voltamos para Piracicaba, meu pai logo faleceu, aos 42 anos. Na época morávamos na Rua Joaquim André entre a Rua Governador Pedro de Toledo e a Rua Boa Morte. Minha avó morava nesse local, em sua casa, e anexa havia outra casa onde passamos a residir. Na esquina da Rua Joaquim André com a Rua Governador Pedro de Toledo havia uma loja de calçados do Joanim Fustaino. O Sbravatti tinha um bar na esquina da Rua Boa Morte com a Rua Joaquim André (Onde hoje é a padaria Assagio), no lado o oposto, na esquina, onde hoje é um terreno vazio ficava o Hotel Paulista.  




A família Angeli morava nas imediações?

A família Angeli eu conheci desde Saltinho, eles fabricavam fumo de corda. Meu tio Lázaro, irmão do meu pai, morava em Bairrinho, fabricava fumo de corda, era pai de 21 filhos.

Os seus estudos foram feitos em que escola?

Estudei em Saltinho. Meu desejo era ser enfermeira. Com o falecimento prematuro do meu pai, aos 14 anos precisei trabalhar para sustentar a família.

Foi trabalhar em que setor?

Eu aprendi a costurar com a Dona Hermínia Zagatto casada com Vitório Zagatto.Ela era excelente, até hoje tem noites que sonho com ela e olha que vou fazer 91 anos agora em julho! Ela me queria muito bem, minha primeira máquina de costura foi uma da marca Singer. Após alguns anos saí do ateliê de costura da Dona Hermínia, havia a necessidade de aumentar a minha renda para arcar com as despesas. Não foi fácil, mas sempre fiz com amor e satisfação, até hoje faço tudo com amor e satisfação. Trabalhei, minha mãe me ajudou muito, ela foi uma excelente mãe. Até me emociono quando falo dela.

Lembra-se do trem da Companhia Paulista de Estrada de Ferro?

Nossa! Viajei muito de trem!Ia muito para São Paulo, ia à casa do meu tio Lázaro que depois foi morar em São Paulo. Ia sozinha. Senti muito quando acabou o trem.

E o bonde?

Eu tomava muito o bonde para ir trabalhar no ateliê da Dona Hermínia Zagatto. A Farmácia Raya situava-se a Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua Moraes Barros, ao lado na Rua Moraes Barros ficava a Dona Hermínia.

O ateliê da Dona Hermínia Zagatto era voltado a alta costura?

Ela costurava para as moças e senhoras da alta sociedade, como por exemplo, as da Família Morgantti, só costura feminina.

Quantas funcionárias havia trabalhando com a Dona Hermínia?

Não posso afirmar com certeza, mas acredito que tinha umas vinte moças que costuravam com ela.

Lá a senhora aprendeu a cortar?

Aprendi a cortar, ela dava a roupa para fazermos e dava os moldes. Aprendi olhando nos moldes. Eu tirava as medidas do corpo da cliente. Eu não trabalho mais, mas até hoje tenho freguesas que insistem, querem que eu faça as roupas delas. Vou fazer para a semana que vem um vestido longo, para uma freguesa que vai ser madrinha de um casamento, isso aos meus 91 anos de idade! Posso afirmar que a minha vida foi de batalha mesmo!

Quando surgiu a decisão de montar o seu próprio ateliê?

Após alguns anos trabalhando no ateliê da Dona Hermínia montei o meu próprio ateliê, tive excelentes clientes, pessoas de nível financeiro elevado, isso porque modéstia a parte, eu sou muito caprichosa. Faço bem feito.

O seu primeiro ateliê ficava em que local?

Em todos os lugares em que montei o ateliê foi em minha casa mesmo. O primeiro foi a Rua Joaquim André, mudei para a Rua Boa Morte, entre a Rua Floriano Peixoto e a Rua Riachuelo, a seguir mudei para a Rua Floriano Peixoto no meio do quarteirão, lá eu já tinha umas moças que me ajudavam. Mudei-me para a Rua Governador Pedro de Toledo, em frente a um posto de gasolina de propriedade de Sebastião Dias, o Tião, na esquina com a Rua Riachuelo. Eu morava em um sobradinho que existe até hoje. Fui para a Cidade Alta onde permaneci morando por um ano. De lá fui para a Rua São João onde permaneci por cinco anos. Sempre costurando. Sempre tinha uma edícula, era onde eu trabalhava. Adquiri a minha casa, nas proximidades do Fórum, onde tenho a minha edícula. Meu marido reformou-a E ainda continuo lá trabalhando!

A senhora usa óculos?

Não! Tenho óculos, mas não uso! Leio os jornais de Piracicaba todos os dias. Antes eu levantava de madrugada, agora levanto mais tarde. Todo serviço que eu faço, faço com amor e carinho. Desde mocinha, quando morava no bairro da Paulista, trabalhei na Igreja dos Frades. Fazia roupas para a igreja. Conheci Frei Liberato, Frei Evaristo, Frei Guilherme, naquela época conhecia todos. Trabalhávamos em uma sala, os frades iam todos lá para conversar com as pessoas. Havia outras moças e senhoras que trabalhávamos  juntas. Eu era voluntária, sempre fui voluntária. Fui muito amiga de uma senhora chamada Isabel Nassif, conheci também sua irmã Georgina, além de um irmão delas, acho que se chamava Jorge. Em dezembro último tive que fazer uma cirurgia para a retirada de cálculos (pedras). Mas nunca fiquei doente. Não sei como agradecer a Deus. Não sei! Trabalhei também por muitos anos no Dispensário dos Pobres, situado a Rua do Rosário, entre a Rua XV de Novembro e Rua Rangel Pestana. Isso foi no tempo da Irmã Maria, eu viajava com ela quando tinha que fazer compras em São Paulo. Íamos de trem. Conheci muita gente, principalmente na Paulista onde morei por muitos anos. Conheci o Del Nero, a Vera Del Nero, depois parece que se mudou para São Paulo. Conheci o Norival Tedesco, sua esposa Dona Tita.   Fui diversas vezes com a minha avó até o Lar Escola Maria Nossa Mãe, conheci muito Madre Cecília, minha avó, Antonia Dalla Libera Moretti, era amiga dela. 

Como a senhora arrumava tempo para fazer isso tudo?

Não sei! Sinceramente, não sei! Até hoje fico pensando, quando eu era moça fazia enxoval. Já bordei uma infinidade de roupas, fico pensando, como eu tinha tempo de fazer todas essas coisas? Pano de prato era tudo bordado, com crochê, e modéstia a parte: fui e sou caprichosa! Eu não sei onde eu encontrava o tempo para fazer isso! Fui voluntária no Centro Espírita próximo ao Correio, no inicio da Rua Benjamin Constant. Trabalhei anos nessa entidade, até que a chefe de lá saiu e me convidou para ir servir como voluntária no Lar dos Velhinhos, onde atuo até hoje como voluntária. Já são 13 anos que estou nessa instituição como voluntária, resido na minha casa, e venho dirigindo o meu carro, acompanhada do meu fiel companheiro o Pitico (Um amável cãozinho). Eu não gosto de ficar pedindo favor à outras pessoas, como por exemplo que alguém me leve até o Lar. Todas as pessoas têm os seus compromissos. Todas!

A senhora casou-se?

Casei-me com Mário Puga Lopes. Conheci-o através do seu irmão Francisco Puga que era padeiro, entregou pão a vida toda, ele chegava em casa para entregar pão, tomava café ficava batendo papo conosco, com a minha mãe. Meu marido foi uma pessoa excelente.

Qual era a profissão dele?

Ele era viajante da Bosch. Vendia máquinas Bosch. Foi um excelente profissional, todo ano ganhava prêmios como melhor vendedor. Como marido sempre foi muito correto, honesto. Faz seis anos que ele faleceu.

Qual é a sua religião?

Sou católica, rezo terço todos os dias, as vezes duas vezes, outras três, quatro vezes ao dia.

O que significa para a senhora rezar o terço?

Pode até ser que não acredite, mas às vezes tenho insônia, não consigo dormir, fico virando na cama de um lado para outro, rezo o terço, viro, durmo! Minha avó era católica assim como a minha mãe. Meu  marido era espírita.

A senhora conheceu o médico Oswaldo Cambiaghi?

Conheci! Era quase meu vizinho. Ele morava na Rua Governador Pedro de Toledo, em um sobradinho. Eu morava na Rua Floriano Peixoto. Conheci o advogado Dr. João Basílio, a sua esposa era minha cliente. As moças da família Salles eram todas minhas amigas. Passeavamos juntas, íamos ao cinema, época do Broadway, São José. Eu cheguei a assistir filmes no Cine Plaza, que ficava junto ao prédio COMURBA que mais tarde caiu, Conheci bem a família Coury, o Raul casado com a Anita costurava para ela e outras mulheres da família.

E vestidos de noivas?

Fiz uma infinidade! Eu ia até a igreja para arrumar a noiva.

Qual era a sua sensação em ver a sua obra de arte sendo desfilada e admirada pelo povo?

A sensação era muito grande!

Os tecidos eram adquiridos aqui ou em São Paulo?

Alguns eram adquiridos em Piracicaba outros tecidos era comprados em São Paulo. As vezes a própria cliente trazia o corte de tecido.

E os adereços utilizados nos vestidos de noiva?

Eu fazia tudo: colocava canutilho, vidrilho, miçanga. Houve um vestido que fiz e preguei 15.000 pérolas (artificiais).  Na semana seguinte fiz outro vestido e preguei mais quinze mil pérolas no vestido. Então em duas semanas distintas preguei 30.000  pérolas em dois vestidos.

Não fica pesado o vestido?

Não fica. Até ajuda a queda do vestido.

Era utilizada uma armação sob o vestido? Era composta do que?

Usava-se uma armação, eu fazia. Era um tecido apropriado, meio duro. Fazia a saia de babados. Bem ajustadinha na cintura., até a cadeira. Depois eram os babados para armar o vestido.

As noivas de alguns anos não eram tão magras, o vestido assentava melhor?

Eu fazia o vestido, a noiva experimentava uma vez, assentava o vestido no corpo, depois eu acertava, fazia tudo o que tinha que fazer, quando estava quase pronto eu tornava a experimentar, para ver se tinha alguns detalhes que tinha que mudar. Esta semana mesmo eu experimentei um vestido longo, a freguesa vai ser madrinha, é um vestido moderno, eu até tenho pensado a noite como fazer para resolver, trata-se de um vestido moderno, com um decote bem acentuado, tem uma ampla área desnuda nas costas, estou imaginando como vou fazer para segurá-lo sem que possa cair e criar um vexame!

Faz algumas décadas que o padre que estava celebrando o casamento não aceitava determinadas roupas “avançadas” para a época?

Quando tinha alguma moça que estava fora dos padrões por eles concebidos, eles traziam uma capa que usavam quando fazia muito frio e colocavam sobre as convidadas que exageravam ultrapassando os costumes da época. Hoje algumas moças vão vestidas de forma não apropriada para o local. Eu faço a roupa conforme me pedem.

O glamour está no saber vestir e não no exagero?

Lógico! Quando morávamos perto da igreja íamos assistir os casamentos para termos novas idéias, tipos de materiais utilizados, formas. Íamos e observávamos. Eu sou muito observadora. A Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades era a igreja que mais fazia casamentos. Eu assinava revistas especializadas, inclusive a Vogue.

Quantas costureiras trabalhavam para a senhora?

Umas seis ou sete. Todas já faleceram.

Como é a história da Praça Mário Puga Lopes?

Meu marido tinha um amigo que morava em Rio Claro e tinha ido combater na Segunda Guerra, eles tinham muita amizade, nós sempre íamos até Rio Claro na casa desse amigo. Ele pintava. Meu marido comprou uma porção de quadros desse amigo. Quando meu marido faleceu, eu pensei qual seria o destino que ia dar àqueles quadros. Doei para a Pinacoteca Municipal, em reconhecimento eles denominaram uma praça com o nome do meu marido.

Qual é a importância do vestido de noiva para a noiva?

A satisfação dela é inexplicável!  Elas querem o mais bonito! Eu me esforçava tudo que elas achavam que era bonito, eu fazia. Elas davam uma pequena idéia do que queriam, eu fazia e ficava bonito! Eu fiz vestido de noiva para uma moça que foi morar nos Estados Unidos, quando ela vinha a Piracicaba, trazia os cortes de tecido de lá, ficava um mês aqui e eu fazia a roupa. Fiz muitos vestidos para baile, carnaval, tenho até hoje panos brilhantes que sobraram, fiz muitos vestidos para desfile de miss, debutante.

Quem fica mais nervosa quando está sendo feito o vestido, a noiva ou a mãe da noiva?

Eu acho que é a mãe da noiva, a noiva é sempre muito novinha, a mãe da noiva já tem experiência.





Tem noiva que deseja que a cauda do vestido seja longa?

Algumas queriam dois metros arrastando pelo chão. Eu sempre acompanhei as noivas até a porta da igreja. Eu segurava a cauda para não arrastar no chão e sujar. Sempre fiz as coisas com amor e carinho, então eu não sofri.

Quanto tempo a senhora  demora para fazer um vestido?

Depende do modelo! Quando eu era moça usava-se o modelo “tubinho”. Era um vestido certinho no corpo, abaixo do joelho. Não tinha muitos detalhes. Cheguei a fazer cinco vestidos por dia. Levantava de manhã, sentava junto a maquina de costura e levantava só a tarde. Quantas noites e mais noites passei a noite inteira trabalhando? Isso acontecia aos sábados, no dia seguinte, de manhã tinha a missa na Igreja dos Frades, as cinco e meia da manhã, eu levantava da máquina, ia a  missa e depois voltava trabalhando na máquina de costura domingo o dia inteiro. Fui uma pessoa dedicadíssima ao trabalho. E sou dedicada até hoje.

A senhora passeava também?

Conheci quase o Brasil inteiro. Só não conheci o Rio Grande do Sul quando nós íamos indo para o Rio Grande do Sul faleceu um irmão do meu marido, fomos avisados, precisamos voltar.

Em que ano a senhora tirou a carteira de motorista?

Foi em 1970, na época comprei um automóvel Volkswagen. Até hoje tenho saudade do Volks, foi um carro não dava nenhum problema.






















REZAR - NIZAN GUANAES‏ (FOLHA DE S.PAULO 23/12)
Publicado em 23 de dezembro de 2015 PAULO TEIXEIRA JUNIOR

 

Inspirado por Abílio Diniz e pelo meu personal trainer, que é presbiteriano, comecei a rezar todas as manhãs. Leio os jornais e depois rezo.

No início, foi como começar a correr e fazer exercícios, uma decisão intelectual, um gesto de disciplina, que você faz por obrigação e pouco prazer.

Mas, aos poucos, aquilo foi virando um oásis neste momento atribulado que, como qualquer empresário brasileiro, eu vivo.

Esta é uma crise braba, em que você tem que fazer sacrifícios para salvar o todo e vencer a crise. Um momento duro, de decisões duras, mas decisões necessárias e inadiáveis.

Neste momento, é preciso pedir a sabedoria que o jovem Salomão pediu a Deus. A sabedoria que David, o estadista, pediu tanto a Deus.

Só mesmo Deus vai nos dar, por meio de seu Espírito Santo, as virtudes que não temos. No meu caso, por exemplo: paciência, sabedoria, parcimônia.

David diz nos seus lindos Salmos que o Senhor salva o homem e a besta. Tem uma besta no homem. E, se deixar a besta solta numa crise como essa, a besta desembesta.

Não rezo para ser santo. Rezo para ser homem, para ser humano. No sentido divino desta palavra: ser um líder humano, um profissional humano, um marido humano, um pai humano.

Humano como Francisco, o papa, que ao escolher seu nome já apontou o caminho. Que em dois anos tirou a Igreja Católica do intramuros do Vaticano e a trouxe de volta para os homens e as mulheres do mundo todo e de todas as fés.

Minha amiga Arianna Huffington, uma das empresárias e mulheres mais interessantes destes tempos modernos, me ensinou a prestar mais atenção em meditação em seu novo livro, "A Terceira Métrica", publicado no Brasil pela editora Sextante.

Nos Estados Unidos, só se fala em "mindfulness", em meditação. Até no Massachusetts Institute of Technology, o famoso MIT, Meca mundial da tecnologia, se fala disso. Roberto Zeballos, que é um dos médicos mais modernos do Brasil, fala muito em meditação.

Rezar é meditar. E fortalece muito o empresário. É bom para quem tem fé, é bom para quem quer ter fé, é bom para quem quer ter paz, é bom para quem quer ter foco e discernimento.

Não importa se você vai rezar para Jesus, Adonai, Alá, meditar sobre o que disse o Buda, rezar para Xangô e Iansã ou conversar com o vento.

Quando você reza ou medita, você foca, concentra, reúne forças, toma o controle da sua vida. Você toma o controle da besta, como a inveja, a usura, o olho gordo, a pequenez, o medo e os instintos animais que existem em cada um de nós.

Sem a oração e a meditação a gente desembesta a fumar, a beber, a tomar Rivotril. Desembesta a sofrer e a passar as noites acordado. Desembesta a pensar com o fígado em vez de pensar com a cabeça, com o coração e com a alma.

A besta é uma má pessoa e um péssimo empresário. Rezar é o meu antídoto contra ela.

Hoje é 22 de dezembro. A oração torna todo dia o dia 25 de dezembro. Por meio da oração nasce a cada dia um menino Jesus em nós. Rezar é um Natal na alma.

Acreditar em Deus é bom inclusive porque evita que a gente se ache Deus. E evita que a gente seja movida pela besta que está no homem.

É por isso que, a cada manhã e a cada noite, eu rezo. Não para ser santo, como disse, mas para não ser besta. Para ser homem.

 

domingo, março 26, 2017

DENISAR LUIZ GUIDOLIN


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 25 de março de 2017

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:  DENISAR LUIZ GUIDOLIN

 



Denisar Luiz Guidolin nasceu a 9 de abril de 1950, na cidade de Rio das Pedras, são seus pais Luiz Antonio Guidolin e Odete Rubinato Guidolin que tiveram os filhos: Denisar, Luiz Antonio, Ivan e Salete. 

Qual era a profissão do seu pai?

Quando se casou trabalhava na Prefeitura Municipal de Rio das Pedras, meu avô era sapateiro, meu pai entrou para o ramo de couro e montou um curtume chamava-se Curtume Riopedrense, ficava na Rua Trajano Alves de Moura, no Bairro Bela Vista. Acredito que fomos os primeiros moradores do bairro. Permanecemos com o curtume até 1994.

Os seus estudos foram feitos em quais escolas?

Estudei no Grupo Escolar Barão de Serra Negra, em Rio das Pedras, onde meu pai e meus avós estudaram também. Após concluir o primário fui estudar no Ginásio Manoel Costa Neves, continuei meus estudos no Colégio Dom Bosco, em Piracicaba, isso foi por volta de 1966 a 1967, tempo em que o Padre Girotto estava naquele colégio. O Mestre Dick ensaiava a famosa fanfarra do Colégio Dom Bosco. Devo muita coisa relativa a música ao Dick. Quando tínhamos fanfarra em Rio das Pedras fomos tocar em São Pedro, nós fomos de ônibus e o Maestro Dick foi de carro. Durante o percurso, o carro em que o Dick estava sofreu uma pane, teve que parar para consertar. Lá o professor Juciê Siqueira, que foi um grande incentivador da fanfarra perguntou se eu não sabia começar a fazer o desfile com a fanfarra. Respondi-lhe que sabia, ele então mandou que eu iniciasse. Quando estava no meio do desfile o Mestre Dick chegou retornei ao meu lugar ele disse-me: “ Fica na frente que eu tomo o lugar que voce ocupa normalmente.”. Fiquei no comando até o final do desfile. Dai nunca mais parei de comandar fanfarra. Isso foi por volta de 1962, eu tinha doze anos, comecei a tocar trompete aos nove anos, é o intrumento que toco até hoje.

Você toca outros instrumentos também?

Tenho noção de quase todos eles.

Além da música, suas atividades profissionais eram voltadas ao curtume?

Dediquei-me sempre a musica, fiz dois anos de faculdade de Ciencias Economicas, não conclui, tinha que me dedicar ao curtume também.

Você chegou a tocar como profissional?

Trabalhei um pouco como músico profissional, tocava em conjunto, orquestra. Formamos conjuntos. O primeiro conjunto que participei chamava-se “Os Bárbaros”. Isso foi por volta de 1966, eu tinha que ter a autorização do meu pai, por escrito, para poder fazer o baile. Toquei no famoso Jequibau, ficava ao lado do Clube Treze de Maio. Por sinal também toquei no Clube Treze de Maio que considero um dos melhores lugares para tocar. Montávamos o conjunto e os casais já estavam em posição de dança. Sempre gostei dali. Toquei em várias orquestras.

O senhor casou-se?

Casei em 13 de janeiro de 1974, em Torrinha, com a filha do maestro da banda de lá, Eliane Silva Guidolin. A família da minha esposa é toda formada por músicos, tem escola de música em Bauru. Tivemos duas filhas: Sabrina e Samanta. Uma toca saxofone e violão e a outra toca clarineta. E as duas cantam também. Já tiveram um conjunto em Piracicaba, chamava-se “Porcelana Brasileira”.

Quando a família se reúne é uma verdadeira festa?

Como todos estão ligados a música, de fato fica uma reunião muito animada, a noite não tem término.

Qual é o ritmo que vocês mais executam?

Tocamos todos, mas o que mais é executado são músicas do ritmo MPB.

Quando a música começou em sua vida?

Ainda no ginásio, tive um professor, José Pompeu, mais conhecido como Seu Zico, morava em Rio das Pedras, comecei a ter aulas com ele, por causa da banda, que tinha uns 20 músicos. Eu admirava muito o Antenor Cortelazzi tocando trompete. Todos eles foram meus professores. Eu tinha nove anos, tocava lendo as pautas da música. Tinha que conhecer música, fazer aulas de solfejo.

Você teve contato com a Escola de Música Dr. Ernst Mahle?

Fizemos apresentações lá. Tivemos alunos que freqüentavam a Escola de Música em Piracicaba. Toquei com Olenio Veiga. Os irmãos Gobett e eu estudamos juntos no Colégio Dom Bosco. Tenho muita amizade com Marco Abreu.

Em Rio das Pedras quando se fala em Maestro Denisar imediatamente ouve-se elogios ao seu trabalho para o desenvolvimento da música.

Em 1982 um repórter de Tatui considerou a nossa banda de Rio das Pedras, como a maior banda da América Latina. Tinha 450 componentes.




Pode-se dizer que a maior parte das famílias tinha um representante na banda?

Já passaram pela banda 5.000 crianças, a partir de 7, 8 anos até 12 anos, hoje os próprios pais participam da banda. Atualmente o musico mais jovem tem 6 anos e o com idade mais avançada tem menos de 50 anos. Há também os chamados veteranos, uns 100 que iniciaram muito jovens e tocam até hoje, estão na faixa entre trinta a quarenta anos.




Vocês tocam em que local?

A banda tem aula todas às noites, na sua sede, próxima a Prefeitura Municipal. A banda tem a sede própria situada a Rua Dr. Mário Tavares, 313. Esse terreno foi doado por Vitório Castelani quando foi prefeito de Rio das Pedras, ele foi um grande incentivador da banda.


A banda foi fundada em que ano?

Consta que essa banda nossa chamava-se Corporação Musical Santa Cecília, e que existe desde 1907. A atual banda, de nome Antenor Cortelazzi fez a sua primeira apresentação em 1982. Da Corporação Musical Santa Cecília não temos nada além do que a história oral que um músico foi passando para outro.


Para uma cidade do porte de Rio das Pedras é bastante significativo ter uma banda com esse tamanho.

Eu acho que sim. Toquei tempo na Corporação Musical União Operária, que tinha como maestro João Petermann. Fui muito seresteiro também, tocava com o Coimbra, Cobrinha, Bolão, lá na Rua do Porto. São esses valores que motivam a gente. Sempre considerei Antenor Cortelazzi um pai musical para mim. Quando ele adoeceu, eu ia visitá-lo diariamente. Às vezes quando eu viajava a trabalho, telefonava para ele, todos os dias. Um dia fui visitá-lo, ele disse-me: “-Feche a porta. Precisamos conversar hoje.”. Ele disse-me: “-Acho que está chegando o meu fim, quero pedir-lhe uma coisa!”. Ele continuou dizendo: “-Estou ensinando música para o meu neto Rogério, quero que você continue a ensiná-lo”. Disse-me ainda, entregando uma partitura e disse-me como queria que fosse seu sepultamento. “-Quero ser velado na sede da banda, compre refrigerantes, cervejas, para quem quiser, quando for ser enterrado você vai tocar a música “Silêncio” e quando estiverem cimentando o túmulo você toca esta música, “Sempre no Meu Coração”, eu tenho a partitura até hoje! E foi feito assim como ele pediu. Antenor está vivo conosco até hoje.

No seu ponto de vista, se tivéssemos mais músicas de bom nível, teríamos mais saúde, menos violência?

Sem dúvida!  Dizem que: “Um povo sem banda é um povo sem alma!” O falecido Avelino Martins, que sempre foi muito participativo e interessado na história de Rio das Pedras, dizia que: “A música faz com que se formem pessoas com personalidade voltada para o bem”. Embora não fosse músico, tinha grande participação na organização da banda, foi secretário da banda. Hoje o presidente é Rafael Severino, por sinal é o primeiro trompetista da banda.

O stress é uma palavra muito comum, o senhor acredita que tocar em uma banda pode reduzir o stress?

Já está provado que sim. A medicina já afirmou que a música é altamente relaxante. Inclusive pode ser uma prevenção ao Mal de Alzheimer. Não tem como ensaiar na banda pensando em outra coisa. Quem está tocando tem que concentrar-se em sua participação.

A banda apresenta-se em ocasiões especiais, solenes, datas cívicas?

Já nos apresentamos em muitas cidades, vários estados. Temos um projeto de apresentarmo-nos uma vez por mês na praça central de Rio das Pedras.

O que é uma banda marcial?

Ela torna-se marcial quando sai em desfiles pelas ruas. Temos nossos uniformes.

O senhor conheceu o Professor Danilo Sancinetti que por muitos anos comandou a garbosa banda do Colégio Industrial de Piracicaba?

Conheci por intermédio do Mestre Dick. Toquei na fanfarra do Industrial, participei de vários concursos que disputamos. Apresentamo-nos em São Paulo, no Vale do Anhangabaú, quando havia as célebres disputas de fanfarras. Da fanfarra do Industrial nasceu muitos bons bateristas. Quando a fanfarra do Colégio Dom Bosco descia a Rua XV de Novembro em Piracicaba era muito emocionante. Havia uma rivalidade sadia entre diversas fanfarras que existiam em Piracicaba. A fanfarra da Escola Estadual Monsenhor Jeronymo Gallo também era muito expressiva. O Colégio Estadual Dr. Jorge Coury montou uma fanfarra bem organizada.

E de carnaval vocês participavam?

Eu realizei 36 carnavais. Em Rio das Pedras, Piracicaba, Capivari. O conjunto de carnaval era muito bom, todo orquestrado.

Músico tem boa remuneração?

Raramente um músico que executa músicas com qualidade tem boa remuneração. Toca por amor a arte. Temos excelentes músicos sem incentivo algum.

A banda aceita convites para inaugurações, festas, eventos?

Aceitamos sim, só pedimos o transporte e alimentação, não cobramos para tocar.

Um aniversariante pode pedir para a banda ir tocar em sua casa?

Iremos com prazer! O pedido tem que ser feito com antecedência para podermos organizar em função dos horários. Já fizemos muitas apresentações em São Paulo, Ouro Preto, Franca. As crianças vão acompanhadas dos seus pais. E está ocorrendo um fenômeno, os filhos acabam trazendo os pais para tocarem na banda. Hoje temos músicos que passaram pela banda e tocam na OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Um deles é Alex Tartalha. Leopoldo Arthuso que tem o conjunto em Tatui. Fiz um curso no Conservatório de Tatui.

Nas datas cívicas a banda se apresenta?

Se formos convidados com certeza nos apresentaremos.

O que é uma alvorada?

É quando a banda sai para tocar de madrugada, umas cinco horas da manhã. Acordamos a todos com dobrados, geralmente fazemos isso no dia do aniversário da cidade, em uma data cívica. A própria cidade já ficava esperando esse dia.

O senhor acredita que as fanfarras voltem às escolas?

Nosso projeto é que cada escola tenha uma fanfarra, por menor que seja, centralizar os melhores em uma grande banda. Fiquei muito contente em saber que no Norte do país ainda dão valor às bandinhas.

Uma banda em uma escola pode trazer progressos para o aluno em outras áreas?

Sem duvida! Eu tive um conhecido Vitor Neves Lobo, que tocava muito bem trombone. Ele era ex-presidiário.

A sua esposa canta?

Ela canta muitas músicas, de todos os generos, o nome artistico dela é Eliane Vidal, na internet tem várias musicas que ela canta. “Sonhando Acordada” é uma delas, está no You Tube. Lá você encontrará videos da Banda Antenor Cortelazzi. Inclusive o video “A Cidade Faz o Show” onde estou tocando trompete. Fizemos várias apresentações da banda em televisão.

 

JOSÉ ELPÍDIO MICHELETTI


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de março de 2017

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/







ENTREVISTADO: JOSÉ ELPÍDIO MICHELETTI

José Elpídio Micheletti nasceu a 2 de setembro de 1934, em Piracicaba, no bairro Cidade Alta, a Rua Visconde do Rio Branco entre a Rua Moraes Barros e XV de Novembro, é filho primogênito de José Micheletti e Domingas Volpato Micheletti que tiveram oito filhos: José Elpídio, Maria Ozélia, Sidney, Elza, Roberto, Tarciso, Luiz (Calu) Carlos e Wlademir.

O senhor estudou em que escola?

Naquela época era comum concluir o primário e já ir ajudar a família, estudei no Sud Mennucci até o quarto ano.

Onde localizava o SENAI quando o senhor estudou?

Eu fiz o curso do SENAI, o diretor era o Professor Jordão,  um dos professores era o Professor Barbieri. O profesor de Português era Nélio Ferraz de Arruda Campos, o professor de  desenho era Ernani Margoni, que foi o primeiro diretor da escola nova. O prédio do Senai localizava-se a rua Dr. Otávio Teixeira Mendes, próximo a Escola de Música de Piracicaba, onde havia uns prédios antigos. Ao lado funcionava o Tiro de Guerra.

O senhor trabalhou um período na Retífica Romano?

Trabalhei 10 anos na Retifica Romano, em dois períodos de 5 anos cada um, o proprietário era o Comendador Antonio Romano. Morei na Rua José Pinto de Almeida, 832, vizinho do Luiz Guidotti, do Professor Barbieri. Ali perto nasceram Adilson Maluf, José Luiz Guidotti. Na retífica eu fazia mecânica geral depois passei a mandrilhagem de mancais e bielas. Nesse período casei-me no dia 9 de junho de 1956, com Rosa Maria Zuccollo Micheletti, na Igreja Bom Jesus, casamento celebrado pelo Monsenhor Martinho Salgot. Tivemos três filhos: Sonia, Salete e Marcos.

Qual era a profissão do pai do senhor?

Meu pai era padeiro. Ele começou a trabalhar aos 14 anos em padaria, iniciou aprendendo na Padaria Bom Jesus, na época de propriedade de José Monteiro. Meu pai trabalhou lá por 19 anos. Após esse período foi trabalhar na Padaria Vosso Pão, onde hoje está o Edifício Canadá.

Quem era o proprietário da Padaria Vosso Pão?

Na época era de João Batista Cardinalli e Dona Augusta Maygton, ela foi proprietária da Padaria Inca que ficava na Rua Governador Pedro de Toledo. A padaria Vosso Pão foi a padaria mais refinada de Piracicaba, na época.  Existe uma fotografia antiga do COMURBA de onde pode ser vista a chaminé da padaria. Dona Augusta juntamente com Alcides Azevedo passou a fabricar macarrão. O meu pai, ainda no centro, na padaria Vosso Pão, vendia domingo o macarrão fresco, sem secá-lo. Depois passou a empacotar e ele começou a vender macarrão. Foi um dos pioneiros. Era talharim e depois começou o macarrão comprido, o espaguete. Naquele tempo vendia-se sempre embalagem com um quilo. Era uma embalagem vermelha. A embalagem que tinha estampada a figura de um galo era a Aurora, outra marca. Depois a fábrica de macarrão que se iniciou na padaria Vosso Pão, passou a denominar-se Cacique e mudou-se para a Rua Santa Cruz, próxima a MAUSA. Ali se chegou a desmanchar trinta sacos de farinha de trigo para fazer macarrão. Foi a primeira vez em que vi uma carreta carregada de macarrão em Piracicaba! Nessa época eu trabalhava em uma oficina, tinha 18 anos, tirei a carta de motorista e fui trabalhar com o meu pai: vender macarrão. Vendia em Piracicaba, Rio das Pedras, Mombuca, Capivari.

Em Rio das Pedras o senhor vendia para quem?

Ali tinha muitos fregueses: Piva, Barrichello, Chammas, Calil. Depois meu pai pegou uma freguesia até Itapira, Ouro Fino, naquele tempo nós tínhamos dois furgõeszinhos GMC, um de mil quilos outro de mil e quinhentos quilos. Para Itapira chegamos a viajar com um Ford 1946. Conhecido como “Chorão”, na subida ele ia lentamente e parecia gemer, o famoso “Queixo-Duro”. Nós descíamos a Rua XV de Novembro para ir carregar, para entrar na Rua São João, precisava abrir bem senão a direção não dava para virar e fazer a curva. A fábrica Cacique chegou a fazer bolacha waffer. Meu pai deixou de trabalhar lá, vendeu os veiculos e adquiriu um bar na Vila Nhô Quim., naquela època era denominado “Paieiro”. Onde hoje é a Padaria Pão Quente, nesse bar tinha boche, depois ele vendeu e voltou para o Bairro Alto. Ele adquiriu um terreno na Avenida Independência., esquina com a Rua Dr. Otávio Teixeira Mendes. Ali era tudo chão de terra. Meu pai mudou de ramo, passou a vender aviamentos: agulha, linha, todos artigos do ramo. Até que ele voltou ´para a padaria novamente. Foi trabalhar na Padaria Bom Jesus. A noite trabalhava na padaria e durante o dia vendia aviamentos. Até que ele conheceu duas irmãs, de sobrenome Toledo, moravam na Cidade Jardim. Ele conseguiu penhorar o terreno com uma delas. Ela emprestou 150 a 160 mil cruzeiros. Com esse dinheiro ele adquiriu a padaria situada na Avenida São Paulo de propriedade de: José Rodrigues, o Benzico, padeiro, em sociedde com seu irmão João Rodrigues mais conhecido como João da Rita, a mulher dele chamava-se Rita e um terceiro irmão o Silas da Rocha. Eles compraram uma padariazinha, alugaram um barracão, a Avenida São Paulo já tinha asfalto, um pedaço era calçamento, ao que parece existia uma mina de água. Foi feita uma drenagem, calçamento com asfalto em cima. O meu pai adquiriu a padaria, nessa época já tinha casado, ele ia comprar a Padaria Bon Petit, na Rua Moraes Barros esquina com a Rua José Pinto de Almeida, infelizmete o negócio não deu certo.

Quando o pai do senhor adquiriu a padaria a Paulicéia era um bairro mais periférico?

Nas imediações situava-se o bairro Coréia, entre Avenida São Paulo e Avenida 31 de Março. Era tido como um bairro mais agitado, de vez em quando havia alguma desinteligência. Em junho de 1961 eu vim para a padaria que meu pai havia comprado em 4 de dezembro de 1960.

O que existia quando ele comprou?

Só o barracão e a padaria. Meu irmão Sidney já estava trabalhando na padaria. O Roberto trabalhava na MAUSA estava de férias, aproveitou, veio também, saiu da MAUSA. Meu pai sempre quiz que trabalhassemos todos juntos. A esquina onde hoje está construida era um terreno vazio.



    PORTAL COMEMORATIVO AOS 200 ANOS DE PIRACICABA CONSTRUIDO PELA      PANSA.
NA FOTO LOGO ABAIXO, A MESMA ESQUINA 50 ANOS DEPOIS.


Vocês não esperavam fazer tanto sucesso?

Não esperávamos! Meu pai pegou uma época boa, e ele gostava de caprichar. Os vizinhos tinham mutas crianças em casa: um tinha oito filhos, outro tinha seis e assim por diante. Tinha um na esquina que tinha dezesseis filhos. Só a vizinhança já formava uma boa clientela, Na época deveria ter umas quinze padarias na cidade. A Avenida São Paulo tinha duas mãos, tanto sobia como descia, formava um corredor. Era a entrada e a saída deste lado da cidade, não havia a Avenida 31 de Março, não existia a Avenida Luciano Guidotti.

Os frangueiros pegavam pães para levar à zona rural?

Eu tinha freguêses que levavam pães para a àrea rural, um dos antigos Wolff que trabalha com ovos pegava pães conosco. Nós começamos entregando pães com carrinho de tração animal, quando meu pai comprou a padaria, tinha uma perua Kombi velha, estava bem comprometida. Meu irmão morava no Bairro Alto, um dia vinha vindo com a perua, descendo a D.Pedro I, naquele tempo descia, parou em cima da linha da Estrada de Ferro Sorocabana, o trem estava fazendo manobra, pegou a perua. Adquirimos um Perfect, furgãozinho, os quatro pneus cada um tinha um tamanho! Tinha porta trazeira para carga e descarga. Depois compramos uma perua em boas condições. Naquela época “desmanchava” dois a três sacos de farinha. Nós comprávamos a farinha do Paco Munhoz. Era conhecido do meu pai, ele ia buscar quatro a cinco sacos. Era o dinheiro que dava para comprar. Naquele tempo na Estação da Sorocabana havia carrinhos de tração animal que faziam carretos. Colocava os sacos de farinha de trigo e trazia até a padaria. Com esse trigo trabalhava uns dois dias, depois ia buscar mais. O Paco Munhoz disse ao meu pai: “-Vou mandar um caminhão de farinha para você!”. Meu pai não quiz aceitar.  O Paco disse que ia tirar uma nota fiscal, e depois meu pai ia pagando. Com isso vinha a farinha para o meu pai, em nome da empresa José Micheletti, com o recibo que o moinho tinha recebido, eram farinhas do Moinho Paulista, Moinho São Jorge. Com isso ganhamos um bom nome junto aos fornecedores. Depois veio a empresa do Falanghe.

A padaria chegou a um ponto que começou a atrair consumidores de outros bairros?

Foi quando construimos o prédio novo. Primeiro compramos o terreno da esquina, o dono morava em São Paulo, meu pai conseguiu achá-lo. Ao lado havia um barracão que no inicio estava dificil a negociação, quando o proprietário soube que tinhamos adquirido o terreno da esquina acabou vendedo o barracão mais barato. Depois compramos uma casinha que existia ao lado.

Qual é a área construida da padaria?

O total dá 1200 metros de terreno, com construção 1.500 metros quadrados.

Quantas peruas chegaram a ter?

Eu, meus irmãs Roberto e Tarcísio, cada um dirigia uma perua. Eu fazia o bairro Alto. Nós só não íamos na Vila Rezende quase.

Entregava pães a domicílio?

Entregava! Deixava o pão na porta. Ficava na verdade na janela. Ali permaneciam o pão e o leite. Batia e dizia: “-Padeiro!”.O leiteiro deixava o valinho de leite junto ao litro de leite. Nós não entregávamos leite.
      FURGÃO DA MARCA PERFECT QUE A PANSA UTILIZAVA PARA ENTREGA DE PAÃES. O VEÍCULO ESTÁ ESTACIONADO NO LADO OPOSTO DA PADARIA, A AVENIDA SÃO PAULO ERA UMA VIA DE DUAS MÃOS.


Tinha o pessoal que saia dos bailes, ao amanhecer, e degustavam o pão alheio, quentinho?

Tinha alguns que pegavam, mas eram casos isolados. Teve um bar que reclamou que todo dia faltava um filão. O proprietário ficou na espreita e descobriu que um senhor passava com uma cestinha e tirava um filão. O dono do bar ficou penalizado. Disse-me: “-Deixe um pão a mais!”. Eu respodi-lhe que passaria a deixar um filão a mais sem custo para ele.

Vocês trabalharam muito para empresas?

Trabalhamos! Fornecia para a Prefeitura Municipal de Piracicaba, para a merenda escolar, para 18 centros comunitários. Passei a fornecer para a Caterpillar, Phillips, Usina Santa Helena, Monte Alegre, Lar dos Velhinhos, Dedini, Hotel Beira Rio, Hotel Central, Brasserie, Hotel Beira Rio, Restaurante Mirante. Fiz pão para a inaugução dos Plantadores de Cana de Açucar, foram 3.000 filõezinhos. Fornecia para as festas da Agronomia. Vendia para o Restaurante da Agronomia, na Casa dos Estudantes.

Fornecia muito para “marcar na caderneta”?

Bastante! Tinha um senhor que era turmeiro, chefe da turma que cortava cana-de-açúcar. Paravam uns quatro caminhões, a padaria abria as cinco horas da manhã, fechva as dez horas da noite. O turmeiro chegava logo cedo, o povo entrava, comia pão com mortadela a vontade, o turmeiro dizia:”-Pode fornecer a vontade, só marca o nome de quem está pegando!”.

No auge da PANSA quantos sacos de farinha vocês chegaram a “desmanchar” ?

Por dia 30 sacos! Talvez só padaria indústrial faça esse volume ou mais. Mas uma padaria normal é difícil. Conheci uma em Guarulhos, onde fui comprar uma máquina, que “desmanchava” 80 sacos por noite. Começava as oito horas da noite e ia até as oito horas da manhã.

Quantos fornos existiam na PANSA?

Começou com um forno, depois ficaram três, no fim desmontamos os três e colocamos um só que fazia por quatro fornos. Era forno elétrico. Eu imagino que esse foi um fator que contribuiu muito para aumentar os nossos custos, a energia elétrica passou a ser caríssima. Existe diferença entre o pão feito em forno a lenha e o pão feito com energia elétrica.

Como surgiu o famoso biscoito de polvilho da PANSA?

Tivemos a felicidade de ter bons funcionários. Ernesto Rampazzo trabalhou na Padaria Brasileira e veio para trabalhar na PANSA. Ele trabalhava a noite, teve uma época em que pensava em sair, estava cansado de trabalhar a noite. Passamos ele para trabalhar durante o dia. Ele disse: “-Eu sei fazer um biscoitinho! Compre um saco de polvilho!”. Começou a pingar, foi em frente, acabei colondo-o só para fazer biscoito, não vencia. Depois ficaram três padeiros só fazendo biscoito de polvilho durante o dia e a noite.

A PANSA chegou a ter quantos funcionários?

Chegamos a ter 50 funcinários. Tinha o balcão, a pizzaria, serviamos almoço, a padaria e o biscoito que tinha que empacotar, entregas.

Em que ano foi inaugurada a PANSA da Vila Rezende?

Foi no final da década de 60. A família começou a crescer, o pensamento era ampliar. Por razões estratégicas e comerciais acabamos vendendo.

Como surgiu o nome PANSA?

São as iniciais de Padaria Nossa Senhora Aparecida. Esse sempre foi o nome fantasia da padaria, desde o tempo do Benzico. Até hoje existe uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que o Benzico trouxe de Aparecida do Norte. Assim como eu tinha visto que a MAUSA havia transformado seu nome pelas suas iniciais decidi fazer o mesmo com a PANSA. O nome PANSA foi registrado.

A PANSA  funcionou até que ano?

Até 2004.

A seu ver, as mudanças ocorridas no bairro influenciram para diminuir o movimento?

Acredito que pesou bastante o fato de termos ficado cansados. Meu irmão Sidney e eu no começo trabalhávamos dia e noite. Aposentei-me e continuei trabalhando. Meu irmão e a minha cunhada aposentaram-se. Os filhos formaram-se em faculdades e seguiram suas carreiras. Meu cunhado, Tarcisio, o famoso Katiá, estava com dor nas costas, logo ele faleceu, meu pai e minha mãe faleceram. Assim aos poucos, fomos obrigados a deixar atividades essenciais fora do nosso controle direto.

Qual é o segredo para fazer um bom pão?

É conhecer bem. As quatro horas da tarde o padeiro fazia a massa, tinhamos cocho de madeira, dividido para cada medida de farinha, um saco, dois sacos, três sacos. O padeiro colocava sal, água, farinha e fermento, ficava cinco horas fermentando. O padeiro entrava a noite ia voltando na masseira, colocava açucar, banha, misturava tudo. Depois cilindrava. O segredo está também no cilindrar bem. Para um saco de farinha de 50 quilos, vai um quilo de sal, um quilo de açucar e um quilo de banha suina que conserva o pão macio.

A parte de doces era muito famosa?

Tinha um confeiteiro bom, veio da Padaria Brasileira, ela e a Vosso Pão sempre tiveram fama na cidade. O Lauro, funcionário do João Cardinalli, da Padaria Brasileira, foi para São Paulo aprender a fazer doces. Nós conseguimos traze-lo para a PANSA. Meu irmão Tarciso aprendeu com ele.

O Luis Acs o senhor conheceu?

Conheci, esse era confeiteiro da Dona Augusta. Ele trabalhou para o Fasano em São Paulo. Depois ele teve o Rancho Alegre. Eu acredito que o Lauro aprendeu também com o Luis Acs.

Uma característica em épocas natalinas era a famosa leitoa que o cliente trazia pronta e temperada para assar no forno da padaria.

Nessa época eu tinha três fornos, pegava um, dois, três, padeiros e dizia: “-Vocês querem pegar para assar, eu não cobro nada do freguês. Quando perguntavam se eu assava, dizia que sim, não cobraria nada, só que não tinha como ficar olhando, pedia ao cliente que combinasse com o padeiro.  O padeiro cobrava um pouquinho. Eu não cobrava a lenha, só pedia para deixar tudo limpo. Quando passava a época o padeiro vinha e dizia: “-Eu não quero nem saber do cheiro de leitoa! Quero ficar uns dois meses sem ver leitoa!” O cheiro penetra. No fim começou a dar problemas, fizeram alguma troca de leitoa de um dono para outro. Cada uma tinha uma identificação, mas alguma coisa saiu errada. Depois disso o padeiro não queria mais assar.

A PANSA teve máquinas de assar frangos?

Teve duas máquinas. É bastante trabalhoso. A padaria em si era muito trabalhosa, hoje está mais fácil. Já vem tudo pronto tem que tirar umas gordurinhas, lavar e temperar o frango. Antigamente tinha que fazer tudo, a ave vinha inteira, com pé, cabeça. Lombo de porco eu comprva direto da Chapecó, quem vendia era um ex-jogador do XV de Novembro, Drace genro de Ernesto Viliotti que tinha um armazém a Rua Tiradentes. Compravamos deles, presunto , presunto gordo, presuntada, lombo, calabresa, comprava 30, 40 caixas de 20 quilos de banha. Tinha uma câmara fria do tamanho de um cômodo grande.

A parte de lanches e refeições da PANSA era frequentada por famílias e pessoas conhecidas em Piracicaba?

Vinham muitas famílias, um frequentador assíduo era: Romeuzinho, o Romeu Gomes de Oliveira. O Marino Mantoni. O Romeu Italo Ripoli, o João Hermann, o Zica quando fechava a Brasserie vinha comer quindim. A padaria já estava com a porta abaixada, eu abria ele dzia: “-Tem quindim ai?”. Servia-se depois dizia: “-Comi cinco quindins!” Por três vezes recebi a visita do Ary Toledo, o humorista. Houve uma época em que fiz uns cartões desejando Feliz Aniversário, aproveitei e escrevi Paz,Amor,No,Seu,Aniversário formando com as letras iniciais a palavra PANSA. Na vertical escrevia em letra maiúscula PANSA e na horizontal completava com as palavras acima. Eu mandava o cartão ao freguês que estava aniversariando, ele lembrava e vinha adquirir os nossos salgadinhos! A balconista anotava o nome dos clientes com seus dados. Ela nem sabia quem era Ary Toledo, e coincidiu, quando peguei a ficha olhei e vi seus dados. Ele faz aniversário no mesmo dia que a minha esposa faz: 27 de setembro. Coincidiu que Alcindo Manesco, da Banda Lira Guarany tinha amizade com Ary Toledo. O Alcindo fazia essas varas balanceadas de cenério para trocar cortinas, ele conheceu o Ary quando foi reformar um teatro. Toda vez que o Ary vinha ia ao Beira Rio, Ary Toledo gostava de comer pão de torresmo. Eu fazia pão de torresmo, para o Ary fazia um bem caprichado. Antes do show ele vinha para tomar uma cerveja e comer pão de torresmo. Fiori Gigliotti também vinha, Ary Pedroso estava sempre conosco. No final do ano fazia batante roscas e mandava para o Jornal de Piracicaba, para a PRD-6 Rádio Difusora, Rotary, Lions.

O senhor foi rotariano?

Meu pai é um dos fundadores do Rotary Paulista, da Associação dos Panificadores de Piracicaba Em sua homenagem o ex-vereador Wanderley Dionisio colocou o nome de José Micheletti em uma avenida. Fui Presidente do Rotary Paulista , fui rotariano por 18 anos, recebi o Prêmio Paul Harris, fui presidente da Associação dos Panificadores de Piracicaba. Meu pai sempre foi simpatizante de Luiz Carlos Prestes, quando ele esteve em Piracicaba meu pai tirou uuma fotografia ao seu lado.

Como o senhor arrumava tempo de fazer tudo isso?

Há um ditado que diz que quando você quiser que alguém faça alguma coisa procure aquele que tem bastante serviço que ele faz.

O Rotary Club Paulista iniciou em que local?

Começou no Clube de Campo de Piracicaba. Depois veio para a Casa da Amizade. Começou pequena, tomei posse quando aind não tinha o prédio redondo. Participei também do Centro Social Cáritas Piracicaba, tinha 180 crianças que ficavam o dia todo lá.

O senhor chegou a conhecer uma sede da polícia aqui na Paulicéia?

Conheci, era a cadeinha, ficava na Rua Dona Hilda. Era conhecida como “Cadeinha da Paulicéia” Era da Polícia Militar. Eles detinham o elemento depois o camburão passava para pegar.

O senhor conheceu o Bento Dias Gonzaga?

Conheci no Rotary o seu filho Luiz Gonzaga Dias Neto. Um dia desses faleceu um conhecido, fui ao velório e encontrei a esposa do João Rossi, a Dona Dirce, eles foram proprietários da Padaria São João, que ficava na Rua Alferes José Cetano, quase esquina com a Avenida Dr. Paulo de Moraes. Lá estava também Antonio Pereira, o Suspiro, da Padaria Riviera. Ele também é fundador da Associação dos Panificadores.junto com o meu pai.

O senhor lembra-se da Padaria Cruzeiro, que ficava na Avenida Dr.Paulo de Moraes próxima onde o bonde passava?

Ali era do Umberto Secondo Sachs, ele fazia a  freguesia dele no Campestre, Chicó. O ultimo que permaneceu lá foi seu filho Guido. Na Vila Rezende havia a Padaria do Sol, ficava na Avenida Rui Barbosa, funcionou por uns setenta anos, quando ele fechou passou a freguesia para nós.

E o bolo de Santo Antonio?

O primeiro foi eu quem fez, saiu com a ajuda do Dr. Antonio Altafin. Em uma reunião do Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba, eu representava o Centro Social Caritas conversando com Dr. Altafin comentei que tinha visto uma noticia de um padeiro que fez um bolo de 200 quilos. Dei a sugestão de fazer um bolo de Sano Antonio,  o Dr.  Altafin conseguiria os ingridiente, fazer e assar eu não cobrava nada. Ele conseguiu no moinho farinha, no Martini a goiabada, ovos, fizemos um bolo de 500 quilos. O último que nós fizemos deu 8.000 quilos.

E para montar?

Começava 15 dias antes a fazer a massa, colocava na câmara. Os padeiros começavam a montar no dia 12 pela manhã, oito a dez confeiteiros e iam até a manhã do dia seguinte.

A Igreja São José o senhor ajudou?

Meu pai ajudou muito. E ajudou também o Clube do Saudosista. Foi um dos fundadores do Clube Italo Brasileiro. No  Lar dos Velhinhos ele fez um forno de lenha. Tinha uns três padeiros que eram abrigados lá. Tinha uma época em que através da Legião Brasileira de Assistência, vinha sacos de farinha de 25 quilos para o Lar dos Velhinhos de Piracicaba. O primeiro pão de hamburger lançado na cidade foi na PANSA da Vila Rezende. Tinha sábados e domingos em que fazíamos mais de mil hamburguers.Enchia o salão e a calçada também. O Décio Carnevale do Bar do Décio, consumia nosso pão de hamburguer.  Lembro-me de que O Bistecão queria um filãozinho sem corte em cima. Passei a fazer o filãozinho sem corte, vendia muito. O lancheiro que trabalhou conosco por 32 anos, o Mauro Fernandes, tem um trailler na Balbo.

Como faz para fazer aquele corte?

Era usado um bambuzinho com um pedacinho de gillete. A lamina ficava presa no bambu e cortava no meio. Hoje a vigilância sanitária exige bisturi.

A família Faganello é muito ligada ao ramo também?

A Panibrás era uma padaria do Supermercados Brasil, e o José Faganello é genro do Lellio Ferrari, que foi proprietário do Supermercados Brasil. A Panibrás funcionava onde é a Padaria Bom Jesus. O Faganello voltou ao nome anterior: Padaria Bom Jesus.

Voltando ao biscoito de polvilho o senhor vendia em muitas cidades?

Fornecia até em Araraquara. Campinas. Levava toda semana uma perua cheia ao Frango Assado na Via Anhanguera. Depois eles começaram a produzir e pararam de comprar conosco. Depois começou a aparecer fabriquetas de biscoitos de polvilho de todos os lados. Em Itu tinha uma fábrica com três fornos, também parou. Em Guarulhos, a Guarupão tem uma esteira com dois padeiros em cada ponta, os dois primeiros colocam o pão, os outros dois pegam o pão assado e pronto. O forno tem uns 20 metros de comprimento. O pão vai passando pela esteira devagarinho, ao lado tem um visor aonde o padeiro acompaha o movimento. O forno é um tunel com esteira. Ele tinha uma máquina que cortava o filãozinho pela metade, era para fornecer para a merenda escolar. de Guarulhos, São Bernardo do Campo, fornecia toda rede do Bradesco.

No inicio o filãozinho era cortado mais pela prática do que a pesagem um a um?

Pesávamos por amostragem, sempre dava peso acima. Até brincávamos que tinhamos que arrumar um padeiro com mão pequena!

O senhor recebeu e tem recebido diversas homenagens dos orgão de classe?

Fui homenageado pela Apapir- (Associação da Indústria de Panificação e Confeitaria de Piracicaba e Região), pela Aipesp (Associação da Indústria da Panificação e Confeitaria do Estado de São Paulo).

Postagem em destaque

      TÉO AZEVEDO E THAIS DE ALMEIDA DIAS     TÉO AZEVEDO E THAIS DE ALMEIDA DIAS       TÉO AZEVEDO E THAIS DE ALMEIDA DIAS             ...