sexta-feira, abril 21, 2017

TOGO EDGARD YEDA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de abril de 2017

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/









ENTREVISTADO: TOGO EDGARD YEDA

Carlos José de Arruda Botelho nasceu em Piracicaba a 14 de maio de 1855, filho do coronel Antonio Carlos de Arruda Botelho, Conde de Pinhal, e de Da. Francisca de Arruda Botelho. Iniciou seus estudos em Piracicaba, terminou no Colégio de Itu. Em 1867 foi para o Rio de Janeiro onde cursou até o segundo ano de medicina, em 1875 viajou para a França, matriculando-se no terceiro ano da Faculdade de Medicina de Paris especializando-se em cirurgia. Dedicou-se ao exercício da medicina ao voltar para o Brasil. Fixou residência no Rio de Janeiro onde se casou com Constança de Brito Souza Figueiras. Carlos Botelho no governo de Jorge Tibiriçá foi Secretário da Agricultura englobando as pastas de Comércio, Obras Públicas, Viação, Navegação e Iluminação. Entre seus muitos feitos, resolveu dar impacto à cultura do algodão. Assim como incentivou a cultura do arroz, importado do Oriente. Carlos Botelho criou a Agencia Oficial de Colonização e Trabalho. Carlos Botelho estabeleceu diversos núcleos coloniais. Trouxe judeu-russos (Nova Odessa), espanhóis, italianos e japoneses. Antes da primeira imigração oficial de japoneses, providenciou a vinda de alguns deles, que foram para a Fazenda Dourados em Iguape.  Ao término de 1899, a armadora britânica Pacific Steam Navigator Company (PSNC) planejou um bom número de vapores destinados a renovar a sua frota. O primeiro foi lançado ao mar em junho de 1900, com o nome de Potosi, de desenho tradicionalmente britânico, com casa de comando separada da superestrutura central, eram navios destinados a ter capacidade mista. Possuía casco de aço, seis porões de carga, três conveses, duas hélices, única chaminé. Quando se encontrava em fase de acabamento, foi visitado por responsáveis da organização denominada Frota de Voluntários Russos (RVF), os quais procuraram na Inglaterra navios para comprar. O Potosi foi um dos escolhidos. Rebatizado Kazan, o vapor saiu, em setembro de 1900, de Newcastle para Odessa. Podia transportar cerca de dois mil homens e logo após a sua chegada ao porto russo foi integrado como navio auxiliar da Frota do Extremo Oriente. Em 1904, com a eclosão do conflito com o Japão, o Kazan foi transformado em navio-hospital. Capturado pelos japoneses passou ao serviço da Marinha Imperial do Japão, como transporte auxiliar, com o nome de Kasato Maru. No ano seguinte, o navio foi fretado à armadora Tokyo Kisen, e por esta, utilizado na inauguração da nova linha entre o Japão e a Costa Oeste da América do Sul. Em 1908, quando a Companhia Kokoku necessitava de um vapor para expedir seus primeiros imigrantes ao Brasil, é o Kasato Maru o navio escolhido.




 Esta leva de imigrantes nipônicos chegando a terras brasileiras era a conseqüência da assinatura, em 1906, de um acordo entre o Japão e o Brasil, estabelecendo um tratado de amizade entre as duas nações. O nome Kasato-Maru não é somente o nome próprio de uma embarcação. Para os japoneses que emigraram para o Brasil e seus descendentes, “Kasato-Maru” é também um símbolo.




A trajetória percorrida pelos japoneses e seus descendentes no Brasil tem seu ponto de partida na viagem do Kasato-Maru. Na tarde de 28 de abril de 1908, o sol se recolhia serenamente no porto da cidade de Kōbe. Debaixo dos fogos de artifício que anunciavam sua partida, o vapor Kasato-Maru pertencente à Companhia de Navegação a Vapor Oriental com capacidade de 6.167 toneladas zarpava em direção ao porto de Santos, levando os primeiros 781 emigrantes japoneses contratados para trabalharem no Brasil. Após mais de cinqüenta dias a bordo, os imigrantes desembarcaram no cais 14 de Santos na manhã de 18 de junho, tendo percorrido quase 12 mil milhas náuticas entre o início e o fim da viagem. Ao lado de Ryō Mizuno, presidente da Companhia Imperial de Colonização responsável pelo recrutamento dos imigrantes.  Esse dia é comemorado no Brasil como o Dia da Imigração Japonesa; no Japão, ele é o Dia da Emigração Ultramarina.  Ao longo dos anos e décadas seguintes à escala pioneira do Kasato Maru, numerosas embarcações do Japão trouxeram cerca de 260 mil imigrantes. Hoje a comunidade de japoneses e descendentes (já na quinta geração) soma aproximadamente 1 milhão e 200 mil pessoas. No dia 28 de junho de 1910, chegou a segunda remessa de imigrantes japoneses: 906 pessoas pelo vapor Royojun Maru. Elas seguiram para as fazendas da Alta Mogiana.




O Kasato Maru partiu para o Brasil uma segunda vez, em dezembro de 1916, aportando em 1917, mas como cargueiro, a serviço da Osaka Sosen Kaisha (OSK) Line. Quando ele retornou, veio para fazer pesquisa de frete, com o objetivo de se instalar uma linha marítima comercial entre os dois países. Anos mais tarde, em1920, a OSK Line começou a receber subsídios do governo japonês para operar na linha para a América do Sul. Na época, a armadora tinha 11 navios mistos (de cargas e de passageiros), que continuaram no tráfego até 1935, quando a companhia adquiriu novas embarcações. A frota da OSK Line contou com navios como Buenos Aires Maru, Montevideo Maru, Santos Maru e Manila Maru, entre outros. Em sua primeira viagem o Kasato Maru  trazia 781 imigrantes lavradores japoneses, sendo 165 famílias mais ou menos e 48 avulsos. Conta-se que, na verdade, o registro de embarque indicava 780 imigrantes, porém durante a viagem foi encontrado mais um indivíduo, escondido no navio e aceito sem maiores problemas.




 A viagem durou por volta de 52 dias e o Kasato Maru passou somente por dois outros portos antes de chegar a Santos – Singapura, na Ásia e Cidade do Cabo, na África do Sul. Não houve mortes durante a viagem, algo incomum para uma estada tão longa em navio no início do século XX. Todos os imigrantes que estavam nesse navio, nessa viagem, passaram pela Hospedaria de Imigrantes do Brás. Passaram a noite do dia 18 a bordo e no dia 19 rumaram de trem à hospedaria. José Yeda um dos primeiros imigrantes japoneses, foi um dos passageiros da primeira viagem do Kasato Maru, na época tinha apenas 15 anos, veio acompanhado do seu tio que não quis ficar no Brasil, no Japão havia um comentário de que havia canibais no Brasil. Ao chegar ao porto de Santos e ver a movimentação de carga e descarga de navios, ficou muito impressionado com a grande quantidade de estivadores negros, uma raça totalmente desconhecida para ele. A neta de José Yeda, filha de Togo Yeda, pesquisando descobriu que o nome do seu avô na verdade era Iida Matagi, ao fazer a naturalização ficou sendo José Yeda Matani.




 De Santos José Yeda foi para São Paulo, ficou hospedado na Hospedaria dos Imigrantes, ao lado da hoje Estação Bresser do Metrô. Na hora de fazer a distribuição das famílias para o local destinado José Yeda acabou se perdendo indo parar em Poços de Caldas.

Togo Edgard Yeda é filho de José Yeda, ele prossegue nesse relato histórico.

O seu pai foi trabalhar em quê quando chegou a Poços de Caldas, totalmente perdido?

Meu pai, José Yeda foi trabalhar no Hotel Central de Poços de Caldas, como carregador de malas, depois ele passou a ser garçom, foi cozinheiro, nas horas vagas ele trabalhava no Cassino Palace Hotel como garçom. Naquela época em Poços de Caldas havia cassino, hotéis luxuosos, era uma cidade freqüentada pela mais alta camada da sociedade brasileira: Conde Francesco Matarazzo, Morganti, Pignatari e outros. O Conde Matarazzo fez a proposta para ele ir trabalhar como mordomo em sua mansão em São Paulo. Meu pai consultou a minha mãe que não quis ir para São Paulo. O Comendador Pedro Morganti fez a mesma proposta para ele, vir para Piracicaba, na mansão da Usina Monte Alegre, iria ser o seu mordomo.

Seu pai conheceu a sua mãe no Brasil?

Em Poços de Caldas meu pai conheceu a minha mãe Aurora Malpaci Yeda ela era italiana, veio com os pais quando tinha três anos de idade, era da cidade de Acerina. Tiveram dez filhos: Paulo, Nelson, Julia, Benedita, Durval, José Yeda Filho(Zézinho) casado com Luci Cardinali, donos da Padaria Brasileira, Silvia que faleceu ainda jovem, nascidos em Poços de Caldas. Em Piracicaba nasceram: Sérgio afilhados de Hélio Morganti, Togo afilhado de João Bottene, Arack afilhado de Marchetti que juntamente com o artista Alfredo Volpi pintou o interior da Igreja de São Pedro, mais conhecida como Capela do Monte Alegre.

O senhor nasceu em que dia e local?

Nasci na Usina Monte Alegre a 22 de fevereiro de 1937, atualmente resido em Pouso Alegre, Minas Gerais. A casa onde morávamos na Usina Monte Alegre, na chamada Vila Joaninha, a de número 1 era do meu pai, a de número dois era onde morava minha irmã Julia, o seu marido Antonio Inácio Pinto Fonseca era motorista de Lino Morganti. A nossa casa tinha no fundo a quadra de basquete do Grupo Escolar . Morei no Monte Alegre até 1950. A minha mãe tinha pensão, eu levava a marmita para o Baltazar, o Cabecinha de Ouro, Baltazar foi um dos grandes artilheiros do Sport Club Corinthians Paulista. Quando ele vinha pegar a marmita trazia um pacotinho com torrões de açúcar que eu ia comendo. Lembro-me da Teixeirada, do Clube de Campo, da biblioteca, do clube velho que tinha o boche, no clube novo não tinha. Meu irmão Nelson jogou futebol no União Monte Alegre, o UMA, isso no tempo do Piccolino estudante da Escola de Agronomia. Conheci Gatão, De Sordi. Helio Morganti era padrinho do meu irmão Sérgio.






O senhor freqüentava a mansão de Monte Alegre?

Quando Dona Bice chegava de São Paulo, logo mandava me chamar. Ela por diversas vezes quis me adotar, pediu à minha mãe. Eu era tratado por ela como um filho. A última vez em que vi as suas filhas Marisa e Cristina foi em 1951. Quando éramos crianças, brincávamos juntos. Anteriormente a piscina era com linhas retas, depois remodelaram. A água que enchia a piscina era de uma mina de água da própria usina. Perto da igreja havia uma caixa de água bem grande que fornecia água para a fazenda.  Havia um tanque que fornecia água para a usina, ali existiam peixes. A água vinha de uma nascente chamada Macabá, era a mina de água que abastecia as caldeiras. Lino Morganti construiu um local para as mulheres poderem lavar as roupas aproveitando a água do tanque, assim como foi feito um espaço grande para secar as roupas, inclusive foi feito um banheiro coletivo com água quente. Fui batizado na Igreja Monte Alegre, ou Igreja São Pedro que é seu nome oficial. Quando Alfredo Volpi veio pintar o interior da Igreja São Pedro, ele tomava as refeições na nossa casa. Ao lado do casarão onde eu morava, havia dois sobradinhos, em um deles ficava hospedado Alfredo Volpi e no outro o Odorico Marchetti. O Lino Morganti mandou trazer a planta Vitória Régia para por no lago que havia na usina. Lembro-me que em 1947 Dona Bice resolveu fazer o Baile da Primavera, o Seu Lino mandou limpar o depósito de açúcar e foi enfeitado com a flor primavera. Foi feito um concurso para Rainha da Primavera as candidatas eram: Isolina (Secretária do Seu Lino), Leonor Sapronha e Esther Zinziler, a disputa foi grande, todas elas eram muito bonitas. Venceu a Isolina. Dona Bice mandou fazer uma capa de veludo vermelho para colocar na rainha. Uma coroa dourada. Tinha que segurar a capa nas pontas eu e meu irmão Arack fomos indicados.  A Dona Bice mandou fazer roupas especiais para nós, toda de renda nos pulsos, meia branca até o joelho, sapato de verniz preto e luvas brancas.






Naquela época havia muitas festas na Usina Monte Alegre?

Aos sábados havia baile com a orquestra da usina. Todos os anos havia carnaval, com confeti e serpentina. Havia dois motoristas que gostavam de fazer serestas: Pretelli no violão e Vinicius como cantor, tinha uma bela voz, era o “crooner” da orquestra.




Quem administrava a Usina Monte Alegre?

Quem administrava era o Comendador Pedro, que era o patriarca. Os diretores eram os filhos e Dr. Alcides Ayrosa pai da Marisa. Meu pai aposentou-se em 1950.

O seu curso primário foi feito em qual escola?











Foi no Grupo Escolar Marquês de Monte Alegre, na Usina Monte Alegre. Naquele tempo havia dois períodos da manhã masculino das 7:00 às 11:00 horas e a tarde as mulheres das 13:00 às 16:00 horas. Os meninos hasteavam a bandeira e cantavam o hino nacional, as meninas arriavam a bandeira e cantavam o hino nacional. Todo material escolar era oferecido pela Usina Monte Alegre, nos cadernos vinham impressos os Hinos Nacional e da Bandeira. Havia dois serventes, um era o Seu José, que morava na usina, e outro era o Seu Maestro que dirigia os ônibus das professoras. O diretor era muito enérgico. Se o aluno fosse mal comportado o seu pai era chamado pelo gerente da usina. Nos finais de ano havia uma festa onde tinha uma sala para mostrar os trabalhos manuais realizados pelos alunos, eu mesmo fiz diversas toalhas bordadas, havia peças de teatro, um conjunto musical chamado “Chorinho da Escola”. Eram seis salas de aula. Os banheiros tinham inclusive chuveiros.



Como era a Festa de São Pedro na Usina Monte Alegre?

Todos os anos no dia 29 de junho havia a Festa de São Pedro (Padroeiro da Usina), um dia antes havia a confissão para os que iam fazer a primeira comunhão, no dia seguinte havia a missa, comunhão e todos iam para a quadra de tênis que ficava na casa do Seu Lino Morganti, tomava-mos chocolate quente, lanche em seguida íamos até a escadaria da casa onde morava o Seu Lino e recebíamos cartuchos de doces distribuídos pela Dona Bice. As missas era celebradas por um frade do Seminário Seráfico São Fidelis, a usina mandava buscá-lo. Após a celebração o frade ia tomar café na mansão, servido pelo meu pai. A tarde havia aulas de catecismo ministradas por freiras do Lar Escola Coração De Maria, após as aulas elas iam tomar café na mansão, servidas pelo meu pai, por ordem da família Morganti.

Havia procissão?

Era feita a tarde, uma procissão com todos os santos, acompanhada pela Banda Marcial da própria usina, o maestro era o Seu Bilo, subiam pela Rua Dona Joaninha. Era a rua onde morávamos. O gerente do armazém que atendia aos moradores da usina era Gino Denucci, a filha dele, Maria Julia, era afilhada do Governador Adhemar de Barros, ela foi a primeira a sair na capa da Revista Mirante, edição número 1. Na usina tínhamos luz, água, saneamento básico, esgoto, ambulatório com dois médicos, dentista, posto de puericultura tudo sem pagar nada. O que adquiríamos no armazém era pago, desde alimentos até tecidos, linha, agulha, botão. Havia uma torrefação de café. Açougue. Recebíamos gratuitamente quatro litros de leite por dia, dois pela manhã e dois a tarde, havia um estábulo com diversas vacas leiteiras. A lenha para cozinhar era gratuita. Foi criada uma farmácia pelo farmacêutico Felix Zaca. Era uma pequena cidade, podia dormir com as portas sem trancá-las Existia guarda que apitavam, tínhamos segurança.

Como foram construídas as casas da usina?

Foram construídas com tijolos e telhas da própria cerâmica da usina, os tijolos tinham três furos, eram difíceis de quebrar. Nossa rua foi a primeira a receber calçamento de paralelepípedos, nessa rua morava o Regitano, lsaltino Rocha Mello, Manoel Enfermeiro, Mariano Bethiol, Família Bouchete, Ronco, Pedro Sapronha, Angelo Picaluga.

Havia campeonato de corte de cana?

Anualmente havia campeonato de melhor cortador de cana-de-açúcar, alguns vinham da Usina Tamoyo para concorrer com os da Usina Monte Alegre. Eram entregues prêmios, troféus, era uma festa sem fim, com churrasco no campo de futebol. Havia um refrão: “Na pelota e no podão, o Monte Alegre é Campeão”. Toda semana recebíamos um jornal editado pela tipografia de Aloísio Fernandes, situada em frente ao Cine Broadway. Era muito comum Lino Morganti fazer festas, churrascos, meu pai era o responsável pelo cardápio. No sábado de aleluia havia a malhação do Judas, escolhiam um eucalipto bem alto para fazer o famoso pau de sebo, tinha prêmios em mercadoria e até em dinheiro, depois da retirada do boneco (Judas) era uma festa a malhação.  Lembro-me quando Dona Bice e as crianças vinham passar as férias na usina, uma das noites após o jantar, as filhas Marisa, Maria Cristina e eu fomos ver o salão de baile onde estavam todos dançando, quando aparecemos na porta pararam de dançar, Dona Bice mandou continuar a dança. Mandou a seguir que eu e a Marisa fossemos dançar naquela época era disco de vinil. Tocou Tico-Tico no Fubá e Aquarela do Brasil. Eu e a Marisa rodopiando no salão. No dia seguinte foi o maior comentário, porque nunca tinha acontecido isso. Havia uma casinha feita nos moldes uma casa, está em pé até hoje, ali brincávamos de fazer comida. Meu pai é que preparava para comermos de fato. Após o almoço íamos andar a cavalo junto com o cocheiro, voltávamos e íamos nadar na piscina. Toda vez que Dona Bice vinha trazia-me um presente, um relógio, uma caneta, roupas. Nas férias vinha o Pedro Sérgio, Pedro Fúlvio, Marcos Fúlvio, Antonio Carlos (Irmão de Marcos Fúlvio), a mãe dele pedia a meu pai que cuidasse da alimentação dele, pois estava acima do peso, Em uma das vezes em que estávamos andando a cavalo fomos parar em uma plantação de cana onde morava uma descendente de escravos. O Marcos Fúlvio viu um porquinho e gostou tanto que a senhora deu-lhe de presente. Enquanto estava na fazenda ia todos os dias ver o porquinho que ficou em nosso quintal. Lembro-me quando o ator Helio Souto começou a flertar com Maria Helena, ela era muito bonita.

Como era o seu lanche na escola?

A nossa casa era vizinha a Escola, na hora do lanche ia até o muro e pegava o lanche. Tinha colegas que traziam as roupas e trocavam após as aulas, já iam cortar cana. Um dia eu fui também para aprender a cortar cana.

Como era transportada a cana-de-açúcar até a usina?

Eram utilizados carroções puxados por seis burros que traziam os feixes de cana cortados no canavial até os vagões. Lino Morganti adquiriu uma frota de caminhões para transportar do canavial até os vagões. Durante a Segunda Guerra Mundial houve problema de fornecimento de gasolina. Através de João Bottene as oficinas da Usina Monte Alegre adaptou os caminhões para utilizarem álcool com combustível. A Usina tinha uma estrada de ferro que transportava da descarregadeira a cana transportada pelos caminhões e levar para a produção. O açúcar er transportado para Santo por via férrea. A usina tinha a Fazenda Taquaral onde fazia conexão com a Estrada de Ferro da Companhia Paulista

Como era comemorado o dia Primeiro de Maio?

Era comemorado com um piquenique em um local com muitas árvores e grama. Era chamado de Guarantã pelas árvores existentes. Íamos de trem, em três vagões fechados,  iam as famílias dos gerentes, as mulheres de outros departamentos, e a banda musical, em cagões abertos iam os homens. Em outro vagão que era transportado o açúcar para Santos transformava-se em um verdadeiro bar, aonde iam as bebidas. Após o lanche havia diversas competições: corridas de saco, ovo na colher; bater no pote dependurado em uma árvore com os olhos vendados e outras brincadeiras.

 

Lembra-se do nome de alguma professora?  

Lembro-me sim! Dona Niobi Tricânico, Dona Alice, Dona Lavínia e sua irmã, Dona Rosália, e mais outras quatro professoras. Diretores nós tivemos: o Seu Oscar, Seu Carlos, Dona Guaraciaba Guerra cujo marido foi médico na usina.










O senhor prosseguiu seus estudos?

 Em seguida fui estudar no Colégio Dom Bosco, que se situava na época ao lado da Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades. Depois é que foram para o Bairro Alto construíram em um terreno que foi doado para eles. Estudei um ano lá, fiz o ginásio no Colégio Piracicabano. Fui estudar na Escola Normal, situada no Instituto de Educação Sud Mennucci. Fiz na Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis e de Administração de Empresas Piracicabana Curso de Liderança e Relações Humanas com o Professor Dr. Mauro Pereira Viana. Sou Bacharel em Direito com Curso de Pós-Graduação pela Faculdade de Direito do Sul de Minas- FDSM- Pouso Alegre- MG. Atuando nas áreas Civis e Criminais desde 1980.

Com que idade o senhor começou a trabalhar?

Com 12 anos fui trabalhar na Loja Cruzeiro do Sul de tecidos, propriedade de Zacharias Salomão, situada na Rua Governador Pedro de Toledo esquina com a Rua Floriano Peixoto,ali permaneci por cinco anos, o Zacharias abriu uma segunda loja na Rua Benjamin Constant, em frente ao Posto do Jacinto Bonachella, hoje tem uma padaria no local, é na esquina com a Avenida Dr. Edgard Conceição. A seguir trabalhei na Mepir – Metalúrgica Piracicabana. Fui trabalhar com os Irmãos Adamoli: Zezé, Zoca, Carlos. Ainda em Piracicaba trabalhei na Refrigeração Guidotti na Rua Governador Pedro de Toledo. Fui para São Paulo, onde trabalhei na Cooperativa Central. Voltei para Piracicaba, para trabalhar na Padaria Brasileira de José Yeda Filho. Montamos o primeiro boliche de Piracicaba, posteriormente meu irmão José Yeda Filho e Pedro Fúlvio Morganti transformaram na Boate Jequibau com a presença de artistas de renome como Juca Chaves, Dekalafe, Wilson Simonal, Cauby Peixoto, e outros nomes importantes. Marcou época em Piracicaba.

Quando a boate encerrou as atividades qual foi seu próximo emprego?

Foi na SABIC- Administração de Serviços de Cobrança, em São Paulo. Depois trabalhei no Mappin, na Acrivideo-Palomar, Beta Indústrias de Jóias e Relógios, Malharia Campos de Jordão, MINAFE- Importadora de Ferramentas. Lembro-me do Viaduto do Chá, quando havia o namoro dos negros, em uma calçada iam as mulheres e em sentido contrario vinham os homens. Assim ficavam passeando, era um local quase demarcado por eles. Da Praça Patriarca até a Praça Ramos. Geralmente se encontravam na Praça Patriarca onde começavam o namoro. Os homens usavam paletó e gravata, as moças iam de vestido longo.

Como se chama a sua esposa?

Em primeiras núpcias casei-me com Maria Doracy Spoladore Yeda, tivemos três filhos: Gracia, Jefferson, Shizue, 5 netos e 3 bisnetos. Um dos netos toca violino na Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Sou casado em segundas núpcias com Maria Nazaria Andrade. 

 


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sexta-feira, abril 14, 2017

SANDRA FERNANDES BANDEIRA


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de abril de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADA: SANDRA FERNANDES BANDEIRA

 

Sandra Fernandes Bandeira nasceu em São Paulo a 24 de novembro de 1970, filha de Reinaldo da Silva Bandeira e Tercília Fernandes Bandeira que tiveram três filhas: Sandra, Cláudia e Márcia. Sua mãe é falecida há mais de 30 anos, sendo que seu pai contraiu novas núpcias. Sua segunda esposa já tinha uma filha, a Natália, que passou a ser a sua quarta filha (civilmente era padrasto), e mais uma nova irmã para Sandra.

Qual é a profissão do seu pai?

Meu pai é desenhista projetista. Atualmente atua como consultor.

Seus primeiros estudos foram feitos em que local?

Quando eu tinha cinco anos mudamos para Americana. Meu pai trabalhava na Philips que já estava com uma unidade em Piracicaba, minha mãe tinha uma tia em Americana, meus decidiram mudarem-se para Americana, que não é tão longe de Piracicaba, ao mesmo tempo em que ela tinha algum suporte da família, não estaria tão sozinha em uma nova cidade. Meu pai fazia essa viagem todos os dias de Americana à Piracicaba. Permanecemos em Americana por nove anos. Quando a minha mãe faleceu, viemos para Piracicaba em 1984. Em Americana estudei no Colégio Dom Bosco até a sétima série, a oitava série eu cursei em um colégio do Estado quase em frente a minha casa.

Você lembra-se do nome da sua primeira professora?

Era a Tia Inês! A segunda era a Tia Maria Aparecida, do terceiro ano era a Tia Leila e do quarto ano era a Tia Amália que há pouco tempo nos reencontramos através  do face book. Passei a estudar no Colégio Dom Bosco Cidade Alta. Fiz o vestibular, passei, estudei um semestre de jornalismo em Campinas, na PUC, eu era muito jovem, por uma série de motivos voltei para Piracicaba. Fiz seis meses de cursinho e entrei na ESALQ no curso de agronomia, isso foi em 1989. No final de 1988 meu pai foi transferido novamente para a Philips de São Paulo, uma parte do setor administrativo ia para São Paulo e outra parte para Manaus.  Esse finalzinho de ano eu fiquei na casa de uma amiga, em Piracicaba. Quando ingressei na Agronomia fui morar em uma república, chamava-se “Casa Verde”. Quando fui morar ela estava no bairro São Judas. Essa república mudou várias vezes de locais, existe até hoje em outro endereço.


Quantas alunas residiam na república?

Chegamos a morar em oito, na média as casas tinham dois banheiros, mas chegamos a morar em uma casa com um banheiro só. Era muito divertido, foi uma época em que república montava com o que tínhamos sobrando, não tínhamos telefone, celular, computador, não tinha dinheiro. A geladeira nós ganhamos de alguém que não queria mais, o sofá que quase não dava para sentar, se tivéssemos sorte tínhamos uma televisão. Fogão, os demais móveis, eram sempre tudo muito usado.




Qual era o seu meio de transporte para a ESALQ?

Ia de bicicleta. No máximo a distância era de dois quilômetros da escola.

Você formou-se em que ano?

Em 1993 formei-me como Engenheira Agrônoma.

Exerceu a profissão?

Ingressei. Comecei a trabalhar em Holambra, em uma empresa de mudas de crisântemo em uma empresa que hoje se chama Van Zanten Schoenmaker, trabalhei também em uma unidade de Artur Nogueira e outra unidade de Santo Antônio de Posse, eu era coordenadora de produção. Estava responsável naquela época por mudas de crisântemo.

Morar em Holambra deve ser muito interessante?

Foi muito gostoso, foi muito bom, naquela época cheguei a morar em Holambra e em Artur Nogueira. Lembro-me que em Holambra a minha casa tinha uma lareira, que era utilizada possívelmente uma vez ao ano, mas era charmoso entrar na sala e ter uma lareira. Nesse período todo eu morava sozinha.







Você chegou a se casar?

Em 1997 eu me casei com um holandês que conheci em Holambra. O casamento civil foi na Holanda, fui para lá. A família do meu primeiro marido era de Groningen, um estado ao norte da Holanda. Casamos em uma pequena cidade desse estado.

Como é o casamento na Holanda, igual ao do Brasil?

Totalmente diferente! Escolhemos uma juíza de paz, que falava inglês, meu pai e minhas irmãs foraram para a cerimônia do casamento civil na Holanda. Queríamos que todos entendessem. A juiza na semana anterior foi até a casa dos meus sogros, conversou conosco, quiz saber sobre os nossos habitos, costumes, como nos conhecemos, como era a nossa história. No dia da cerimônia ela vestiu uma beca, com chapéu de juiz, contou toda nossa história, a cerimonia é realizada na prefeitura. As noivas holandesas vão com vestido de noiva, como eu tinha a minha cultura de não usar vestido de noiva no casamento civil, fui com vestido social. Após ela falar sobre nós, disse-nos umas palavrinhas em português, ela foi estudar o português, descobrir como falar algumas coisas em português. No final ela disse: “-Declaro que vocês estão casados!” pega o martelinho de madeira e bate sobre uma mesa. Assinamos um livro pequeno, que é a certidão de casamento, os padrinhos assinam, é uma cerimonia em que você pode levar alguns convidados, fica em uma sala bonita. Se quisermos podemos sair de lá e ir para uma recepção. O casamento religioso foi no Brasil, em São Paulo. Uma característica própria da Holanda é que eles dão o nome para a pessoa como por exemplo Marinus Cornelis Brunssee, só que eles dão um tipo de apelido, um nome de chamada, como Maarten, são apelidos que não tem nenhuma ligação com o nome.

Você fala holandês?

Muito pouco! Ficamos na Holanda só na época do meu casamento, depois voltamos para o Brasil fomos morar no nordeste, fomos para Alagoas, Maceió. Eu tinha uma irmã que já estava morando lá ha algum tempo, fomos passar uns dias lá, nos encantamos com o lugar  e visualizamos uma oportunidade de negócio. Todo mundo lá só tinha em casa flores de plástico, adquirimos um sitiozinho em Chã do Pilar, a 26 quilômetros de Maceió, montamos uma estufa, e começamos a produzir flores. Em vaso e um pouquinho de flor de corte. Tinhamos um poço e a irrigação. Fizemos um sisteminha de irrigação por espaguete, Ficava um pouco caro porque trazia todo meu material de Holambra: vaso, irrigação, muitas vezes até o adubo, não havia o adubo para a irrigação. Ficamos lá dois anos e meio mais ou menos. Foi muito difícil no começo, eu tinha um estande dentro do supermercado Bompreço, ficava o tempo todo ao lado do estande, mostrando as plantas. Tinha que implantar a cultura de ter plantas naturais dentro de casa. Abasteciamos a rede Bompreço, eram oito lojas, em uma delas tinhamos um estande bem bonito. Tinhamos um quiosque dentro do Shopping, forneciamos flores para outras floriculturas da cidade. No primeiro Dia das Mães que fizemos lá, recebi um rapaz na minha chacara, ele era ali da cidade, e propos vender flores em uma barraquinha na estrada, mediante ua comissão. Na porta da nossa chácara. Ele chamava-se Antonio. Fizemos isso,embora eu tivessse alguma dúvida se alguém iria parar na estrada para comprar flôr. Construi uma barraquinha fixa, tirando o supermercardo ali era o meu maior ponto de venda. Parava muita gente, a chacara era na beira da pista. Os negócios iam bem. Mas eu sentia muita falta da minha avó Helena, do meu pai. Pensei muito e decidi voltar para São Paulo. Eu tinha uma amiga em São José do Rio Preto que tinha uma empresa tambémde produção de mudas, já tinha trabalhado comigo em Holambra e me chamou para vir para cá. Viemos para São José do Rio Preto, ficamos lá mais um ano, foi ai que terminamos nosso casamento. De São José de Rio Preto vim para Campinas, para a casa do meu pai, fiquei com ele uns dois ou tres meses até conseguir um novo trabalho, uma empresa de pesquisa de mercado agrícola a Kleffmann e Partner Assessoria e Mercado Agrícola. Era um trabalho que eu gostava muito de fazer. Permaneci de 199 até 2002.


Quantos idiomas você fala?

Além do português, inglês e espanhol.

Você casou-se de novo?

Casei-me com Sérgio Luis Frias com quem tive duas filhas Júlia e Clara. Voltei para Piracicaba onde fui trabalhar em uma empresa chamada Rigran, eu fazia assistência técnica para ela no Estado de São Paulo. Viajava muito nessa época. Eram produtos de alta tecnologia para agricultura pesada: adubação, melhoradores de solo.

Como foi seu ingresso no CREA?

Eu tinha prestado um concurso, passei e fui chamada. Trabalho no CREA-SP minha lotação hoje é Araraquara, atualmente estou como chefe da unidade de Araraquara abrangendo mais de 30 cidades. Além de Araraquara temos mais seis unidades menores.

O que é o CREA?

O CREA é o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, a Arquitetura saiu já há alguns anos, antigamente ela pertencia ao CREA, atualmente ela tem um conselho só dela que é o CAU -  Conselho de Arquitetura e Urbanismo. O CREA é um regulador da profissão e um fiscalizador também. A nossa base é a fiscalização.

Quais são problemas mais comuns que o CREA encontra?

São obras irregulares e empresas que acham que não precisam de registro no CREA. Não só na área civil, mas também na área elétrica, mecânica, geologia, geografia, uma mineradora tem que ter registro no CREA.

Como o CREA consegue fiscalizar esse universo de obras?

O CREA exerce uma fiscalização administrativa. Buscamos o responsável técnico por toda e qualquer situação. Temos câmaras especializadas, com os nossos conselheiros, são profissionais das áreas respectivas. Quem dita as regras normativas é o CONFEA - Conselho Federal de Engenharia e Agronomia. Fica em Brasília, ele sim dá decisões plenárias, decisões normativas, ele que nos instrui desssa maneira.

Toda construção necessita de um responsável técnico?

Se você for construir uma casa simples, em um bairro simples, precisa ter um engenheiro. É ele quem vai garantir a segurança da sua obra. A pessoa pode até dizer: “Mas o meu pedreiro é bom! Conhece mais do que engenheiro!”. Só que se acontecer algum problema o responsável não é o pedreiro e sim o dono do imóvel. Porque não tem nenhum técnico ali! Isso pode acontecer em bairros mais retirados, ou até mesmo em uma reforma. As pessoas não tem noção do risco que muitas vezes correm e oferecem à terceiros. O engenheiro fica no mínimo 20 anos responsável pela sua casa.

As construtoras de porte maior seguem as regras do CREA em sua totalidade?

As construtoras maiores, são mais preocupadas com toda essa legalização, elas entendem muito bem o que pode oferecer riscos e que ela precisa fazer de maneira regular, legal. Os maiores riscos ocorrem quando você contrata alguém que aparentemente tem conhecimento técnico mas apenas conhece na pratica. Diante de um problema ou situação nova ele irá improvisar uma solução que pode ou não funcionar. Além da ilegalidade. As pessoas não estudam a toa. Não vamos a um consultório médico querendo ser atentido pelo farmacêutico, não que farmacêutico não tenha o seu valor, quando vou a um médico eu quero que um médico me atenda. Hoje a questão ambiental é muito forte, você não pode de maneira alguma sair extraindo areia, pedra, argila, a bel prazer.

Com relação a acidente com funcionário qual é a atuação do CREA?

Assim que ocorre o sinistro o CREA vai ao local e levanta todos os dados, de toda a situação, quem estava como responsável, há o levantamento documental da manutenção do objeto que provocou o sinistro, pelo cenário dos fatos. Tudo é documentado, pode tornar-se um processo dentro do CREA, vai para a Câmara de Ètica, e eles definem a punição ou não do profissional responsável. Nos casos de sinistro, invariavelmente acaba indo para o Ministério Público por outras vias, até mesmo por vias criminais, o Ministério Público sempre requisita o processo do CREA para embasar técnicamente o processo movido por ele.

O profissional pode sofrer punições dentro do CREA?

Ele pode até mesmo perder o próprio diploma, o próprio registro. Hoje nós temos uma gestão dentro do CREA – SP que assumiu em setembro do ano passado, a gestão do Engenheiro de Telecomunicações Vinicius Marchese Marinelli de visão extremamente responsável e transparente. Bastante jovem, tem muita energia, uma pessoa focadíssima, tem uma postura de muita regularidade. Ele dá para nós chefes e gerentes essa força, de estar trabalhando em um orgão muito responsável. Que quer fiscalizar, fazer as coisas funcionarem.

Vemos em muitos setores, como judiciário, legislativo, executivo, órgãos de classe, que aos poucos estamos mudando positivamente graças as novas gerações. Isso é altamente positivo para o país.

Muito positivo! Todos nós estamos sentindo essa diferença muito fortemente. Vemos esse gás novo chegando, isso é ótimo! Prazo é prazo! Tem que cumprir! Ir atrás! O Conselho está andando de uma maneira muito mais dinâmica. Hoje podemos notificar, multar, multar de novo.

E as multas são pesadas?

Depende da infração! Podem variar de R$ 500,00 até R$ 6.000,00, na reincidência o valor é dobrado. Hoje isso é cobrado de uma maneira muito mais eficaz se a pessoa não estiver na linha.

O CREA é um orgão público?

É uma Autarquia Pública Federal. Tem todas as caracteristicas de um órgão público mas não depende dos recursos financeiros da União. A Engenheira Civil Maria Edith Santos, Superintendente de Fiscalização é funcionária de carreira.

Piracicaba tem uma unidade do CREA?

Tem, é o Edson Ricci do Carmo, chefe da Unidade CREA. Ele é técnico, todos os técnicos da área devem se filiar ao CREA. A única exceção é o Técnico de Segurança do Trabalho.

Você casou-se novamente?

Em 2009 eu acabei me divorciando do pai das filhas. Em 2010 eu conheci meu atual marido, José Paulo Simões, na realidade já nos conhecemos desde a adolescência, ele se casou com uma colega de turma do terceiro colegial, teve uma filha, a Amanda, hoje com 19 anos, separou-se, nunca mais o vi não me lembro dele dessa época, acabei reencontrando, eu já estava divorciada, em novembro de 2016 casamos. Tenho uma relação excelente com a ex-mulher dele a Kelly que é uma pessoa incrível. Eu poderia mudar para Araraquara, mas não quero tirar o que as minhas filhas já têm aqui, amigos, escola, avós paternos, mãe e pai do meu ex-marido a Dona Sonia e Seu Hélio, são pessoas maravilhosas. Avós maravilhosos que fazem de tudo para essas netas.







MARIA HELENA PEREIRA DE BARROS MONTEBELLO


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 8 de abril de 2017

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA:






MARIA HELENA PEREIRA DE BARROS MONTEBELLO

 

Maria Helena Pereira de Barros Montebello nasceu no então distrito rural de Saltinho, onde se localiza o chamado Bairrinho, cujo nome transformou-se em sinônimo do fumo de corda de melhor qualidade da região de Piracicaba. Nascida em 19 de dezembro de 1935, filha de Ernesto Pereira de Almeida e Alice de Barros Pereira que tiveram seis filhos: Maria Helena, Benedita, Nadir, Joaquim, Dirce e Ademar. Seu pai era agricultor, cultivava fumo, amendoim, arroz, além de galinha, porcos, vaca de leite.

A senhora estudou em que local?

Estudei em Saltinho no Grupo Escolar Estadual "Professor Manoel Dias de Almeida", minha primeira professora chamava-se Carmen Nardin. Tive aulas também com Dona Maria Flare.

A senhora ajudava nos serviços do sítio?

Ajudava! Levava comida na roça, aos 14 anos eu já cozinhava no fogão a lenha.

Quais eram os alimentos consumidos na época?

Além do tradicional arroz e feijão, não faltava frango caipira, polenta, verdura. Fazia a famosa “polenta brustolada” (O termo brustolado deriva do dialeto dos imigrantes do Norte da Itália que se estabeleceram no Brasil e vem do verbo italiano “abbrustolire”, que significa dourar ou queimar levemente. Antigamente essa polenta era preparada no fogão à lenha, mas é possível obter o mesmo resultado na frigideira untada com um fio de azeite ou na chapa de ferro bem quente.)

Receita da polenta brustolada:

Ingredientes

  1 xícara de chá de fubá amarelo

  2 fatias de queijo mussarela

  2 fatias de lombo defumado

  1 cebola grande

  Sal e pimenta a gosto

Modo de Preparo: Quando a polenta começar a borbulhar baixe um pouco o fogo e em fogo médio cozinhe por cerca de 25 a 30 minutos, sempre mexendo. Tempere com sal e pimenta a gosto. Unte um refratário de 20cm x 20cm e coloque a polenta para esfriar, espalhe a polenta de forma uniforme alisando a parte superior alise bem a parte superior para que quando fritar a polenta fique com os lados bem lisos. O ideal é preparar de um dia para o outro, assim a polenta estará bem fria e firme. Corte a polenta em forma de quadrados, passe um pouco de óleo em um dos lados e leve a uma chapa de ferro bem quente para dourar, pode ser feita em uma frigideira, mas o resultado não será o mesmo. Deixe dourar por 3 a 5 minutos e vire. Quando já estiver dourada dos dois lados coloque as fatias de queijo sobre um pedaço de polenta, deixe na chapa até o queijo derreter. Pode ser feita com queijo parmesão.

Em Saltinho tinha cinema?

Tinha, era do Mário Cassano.

Havia muitas festas em Saltinho?

Tinha muitas festas! O povo saltinhense sempre foi muito animado! Tivemos um padre, carinhosamente chamado de padre Brasinha, a comunidade estava encantada com sua forma de cativar os fiéis e celebrar as missas. Esse padre se apaixonou por uma mulher, e num ato de coragem, deixou a batina e casou-se com ela. Foi na década de 60. A religiosidade de seu povo com suas festas e quermesses na Zona Rural, as procissões, as comemorações de Corpus Cristhi com os tapetes de pó de serra, borra de café, espalhados pelas ruas, na cidade fazem de Saltinho um local diferenciado. Saltinho é praticamente uma família, todos se conhecem, lembro-me de muitas pessoas que sempre moraram lá, como o Seu José Bernardino era proprietário de um bar. Conheci sua  esposa Dona Dalva. Assim como o Moacyr Nazareno Monteiro e seu irmão, a família Hipolito, família Schiavuzzo, família Schiavinatto, família Cassano. O padre Brasinha tomava café todos os dias em casa. Após celebrar a missa ia até a minha casa, onde já estava pronto o café, o leite, manteiga, ovo quente.




A criminalidade praticamente não existia em Saltinho?

Não tinha nada disso! Podia dormir de janela e portas abertas. Criávamos galinhas e porcos em casa. Fazia lingüiça, moía a carne por duas vezes, mamãe cortava um pedaço e colocava no feijão. Eu queria aprender a fazer e não deu tempo da minha mãe me ensinar, é requeijão. Ela fazia saia àqueles fios! O pão eu fiquei com a receita, eu fazia e vendia. Pão de batatinha, de cenoura, sempre fiz bolos. Doce de abóbora com cal. Colocava a abobora e a cal Deixava de molho, no dia seguinte lavava bem lavadinho, colocava uma camada de abóbora outra de açúcar, assim sucessivamente, cozinhava na panela de pressão, dali a cinco minutos podia comer que estava uma delícia! Doce de casca de laranja. Era fogão a lenha. Ferro de passar roupa era aquecido com carvão. Naquele tempo usava-se muito linho, passar linho com ferro a carvão não era fácil. Usávamos sabão feito em casa, sabão de cinzas. Rádio só com bateria, televisão, geladeira não tínhamos no inicio.







Naquela época as moças casavam-se bem novas?

Eu casei-me bem jovem, meu marido chamava-se Nelson Pedro Montebello, tinha uma loja de armarinhos em Saltinho, fui trabalhar com ele, vendíamos tecidos, miudezas, botões linhas, tinha uma boa clientela. Os moradores das fazendas próximas vinham sempre comprar na nossa loja. Tivemos os filhos Geraldo, Claudinei e Nelson. Tenho cinco netos, todos moços! Meu marido tem uma história muito triste, ele ajudava na oficina de Pedro Francisco Montebello, na época ele era ainda solteiro, sofreu um acidente que fez com que perdesse um braço. Nós já namorávamos, casamos.  Ele foi um grande marido, fazia tudo que fosse possível para me agradar. Eu correspondia, fazia para ele tudo que eu podia. Fomos muito felizes, graças a Deus, fizemos Bodas de Prata. (A tradição das festas das bodas de casamento surgiu na Alemanha, quando era costume oferecer aos casais uma coroa de prata quando completassem 25 anos de casados, e uma de ouro quando fizessem 50 anos de matrimônio). Naquele tempo nem saia de casa para namorar, esperava em casa a vinda do namorado. A Avenida Sete de Setembro era ainda chão de terra. Fazia uma poeira danada!

Quanto tempo a senhora permaneceu na loja?

Foram vários anos. A seguir fui trabalhar na Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba. Trabalhei na enfermagem. Estudava de manhã na Santa Casa e a tarde trabalhava. Mudamos para o bairro da Paulista. Na Santa Casa aprendi a fazer de tudo relativo a enfermagem: aplicar sonda, soro, injeção, lembro-me do Dr. Nelson Meirelles. Lembro-me do Dr. Felício de Moraes, um dos seus filhos é médico no Hospital dos Fornecedores de Cana. Trabalhei 12 anos na Santa Casa, saí quando me aposentei em 1993. O Dr. Felício foi meu médico, quando tinha consultório a Rua Governador Pedro de Toledo, a secretária era a Leni.

Como era a Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba?

Era uma maravilha, eu não me esqueço! Eu ia a pé, as refeições eu fazia lá mesmo. Trabalhava a noite e revezava trabalhando outros períodos durante o dia. Conheci os médicos Dr. Ben-Hur Carvalhaes de Paiva, Dr. Antonio Cera Sobrinho, Dr. João José Corrêa que faleceu aos 98 anos. Vinha paciente de muitas cidades vizinhas para serem atendidos na Santa Casa.





Quando a pessoa está hospitalizada o pior é a doença ou o seu pensamento negativo?

Os pensamentos de uma pessoa podem fortalecê-la e muito. Pode mudar radicalmente a pessoa. Transformá-la. A pessoa otimista está colaborando muito para se curar. Tenho muita fé, sou católica, quando trabalhava na Santa Casa freqüentava a capela que existe lá. Em Saltinho eu freqüentava a Igreja Sagrado Coração de Jesus, nosso casamento foi celebrado pelo Monsenhor Nardin. A festa foi lá mesmo, no barracão que existia atrás da igreja. A nossa viagem de lua de mel foi para Bom Jesus de Pirapora. Alugamos um carro que nos levou, era de propriedade de Luiz Bortoletto.

A Santa Casa foi o local onde a população era atendida e tratada?

Por muitos anos tivemos a Santa Casa como praticamente o único e mais completo centro médico de Piracicaba. Para emergências tínhamos em Piracicaba o Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência (SAMDU).


A senhora lembra-se da queda do Edifício COMURBA?

Lembro-me, só que nessa época eu não trabalhava na Santa Casa. Nessa ocasião faleceu sob os escombros do prédio a avó da minha nora, a Dona Dora.

 

O que a levou a trabalhar na área de saúde?

Eu tinha vocação! As freiras sempre foram muito atuantes na Santa Casa de Piracicaba. Muitos pacientes que ficavam internados tornavam-se nossos amigos, o senso humanitário era muito grande.

Como a senhora vê a vida nos dias atuais e a de alguns anos atrás?

Antigamente era muito melhor, não é?

Como é a sua alimentação?

Como de tudo, não gosto muito de verduras. Carne eu gosto desde que seja bem passada, isso é um habito que sempre tivemos, desde quando morava com meus pais.

De Saltinho à Piracicaba qual era a condução mais utilizada?

Era a jardineira! O proprietário era o Pepino Hipólito. Às vezes dizíamos: “Nós não estamos prontos, o senhor espera um pouco” Ele respondia: “-Espero!” E ficava com a jardineira parada, esperando. Era daquelas jardineiras que o bagageiro ficava no teto, pelo lado de fora. Quando chegava a Piracicaba o ponto final era no Largo São Benedito. Os passageiros espalhavam-se pela cidade, o horário para voltar era combinado com o Pepino Hipólito. Não era uma hora pré-determinada e fixa. Ele fazia de duas a três viagens por dia. De Saltinho à Piracicaba era estrada de terra. O Pepino Hipólito foi um herói! Era um homem bom, inteligente. Trabalhava de domingo a domingo, sozinho.

Vocês faziam encomendas para ele, Pepino dá para trazer de Piracicaba tal coisa?

Ele trazia o que pedíamos. Uma vez a minha sogra, Emília, disse-me que estava com vontade de comer dobradinha. Em Saltinho não tinha onde comprar. Encomendei para o Pepino comprar dobradinha em Piracicaba, ele trouxe.

 

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