PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de Julho de 2020.
Entrevista:
Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços
eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
O entrevistado de hoje pelo
jornalista João Umberto Nassif é Francisco Menegatti. Um dos donos do posto de
combustíveis que foi um dos ícones em Piracicaba, o “Postão” ou Posto
Menegatti.
ENTREVISTADO: FRANCISCO MENEGATTI
Piracicaba cresceu muito nas últimas décadas. Novas indústrias de porte propiciaram desenvolvimento em todas as áreas. Até algumas décadas quando alguém precisava saber um endereço, era muito fácil, bastava ter um ponto de referência. Os edifícios eram conhecidos pelos seus nomes Moro no “Edifício Rio Negro”, ou moro no “Edifício Romano”. No meado da década de 70 tínhamos em torno de 10 edifícios na cidade. Nem se sonhava com GPS. Tínhamos sim, pontos de referências: Catedral, Campo do XV, Escola Agrícola, Lar dos Velhinhos, Mirante. Antes de entrar na Rodovia Cornélio Pires, que passa por Tietê, bem próximo a pista tem o Posto Menegatti, hoje com outra razão social. Por ser o maior posto de combustível da cidade era mais conhecido como “Postão”. Era um ponto de referência de Piracicaba. Aqui cabe um complemento. Um conhecido empresário da cidade, teve um grande sucesso em um loteamento de alto padrão, feito na cidade. A seguir ele adquiriu uma área de terras próxima ao Postão. Construiu casas populares e colocou a venda, houve uma migração forçada das prostitutas, do Bairro Alto (Cano Frio). Sem ter para onde ir elas alugaram ou compraram essas casas formando um reduto. Esse empresário disputava um cargo político com um membro de uma tradicional família de Piracicaba. Seu adversário não perdeu a oportunidade e denominou o bairro onde moravam as moças alegres, com o sobrenome do adversário. Assim a zona de meretrício passou a ser nominada com um derivativo do sobrenome do construtor da mesma. Por muito tempo os interessados nos serviços profissionais dessas senhoras recebiam a indicação: “Vai até o Postão, vira e segue em frente” Os hábitos e costumes foram mudando, até que um prefeito da época decidiu pôr fim naquilo, publicou no Jornal de Piracicaba quem esteve divertindo-se naquele local no dia anterior, publicou por dois dias o nome dos frequentadores. Extinguiu a freguesia. O “ Postão” continuou como referência geográfica até os dias atuais.
Francisco Menegatti nasceu a 23
de maio de 1937, no Bairro Campestre, em Piracicaba, filho de Fioravante
Menegatti e Adelaide Zatarin. Francisco Menegatti casou-se com Maria De Liz
Giuliani, tiveram quatro filhas: Rosangela, Sandra, Claudia e Eliane.
Quando o senhor nasceu os seus pais
trabalhavam na agricultura?
Meu pai comprou o sítio em que
moramos em 1935, em frente passava a estrada que ia para Laranjal Paulista.
Para ir para Tietê tinha que ir até Laranjal Paulista, não havia a Estrada
Cornélio Pires. Eu me lembro quando foi aberta essa estrada. Era tudo sítio: a
fazenda da família Furlan, da família Montebelo, Rasgaram a estrada no meio das
fazendas. Onde é o Postão era de propriedade da família Pupim. O Estado
desapropriava, pagava e fazia a estrada. Antes de criarem a Estrada Cornélio
Pires, quem ia para Tietê tinha que passar por Laranjal Paulista.
O senhor viu abrir a Estrada Cornélio Pires?
Vi! Naquele tempo abriram tudo
com carrocinha e burro. Ali na baixada onde existe a empresa Tolotto os burros descarregavam as carrocinhas cheias de terra, estavam tirando de algum morro,
assim era feita a terraplanagem: com carrocinhas. Era uma fila de carrocinhas
que descia e subia. Carregavam as carrocinhas com a força do braço. Não havia
máquinas. Tudo feito com picareta e pá! Os dois irmãos Tolotto que trabalhavam
no DER Departamento de Estradas de Rodagem, como trabalhavam aqueles homens!
Conheci o Brioschi, ele montou uma olaria de tijolo comum, depois passou a
fazer o tijolo baiano. Agora mudou para a fabricação do bloco.
Que tipo de lavoura era cultivada na região
do Campestre e arredores?
Era de café e eucalipto! O forte
mesmo era lavoura de café. O Valentin, o Palmiro Bortoletto, o Luiz “Gigio”
Bortoletto, a família Augustti, nós, todos tínhamos lavouras de café, era tudo
cuidado pelos próprios donos, o Valentin Furlam tinha meeiro. O Palmiro
Bortoletto também tinha meeiros. O Luiz Bortoletto também tinha meeiro. No
nosso caso era apenas a nossa família que cuidava. Naquele tempo os homens trabalhavam
muito.
Atualmente uma boa parte da
mocidade está viciada em drogas, bebidas, e os que não tem vícios não tem
disposição para trabalhar! Por isso nosso país está desse jeito, tem muita
coisa errada. Uma parte dos empregados não têm interesse que a empresa em que
trabalham se desenvolva. O empregado esquece que quem afunda primeiro é ele
mesmo!
Com que idade o senhor começou a
trabalhar?
Com seis anos comecei a ir para a
roça. Usava Alpargatas Roda, a famosa “enxuga-pocinha” só fui usar sapatos na
minha vida quando era já adulto.
O que o senhor fazia na roça,
quando era ainda criança?
Eu comecei cedo na roça, colocava
a semente de arroz, feijão, de milho que plantava nos riscos, naquele tempo
cobria com terra empurrando com o pé. Carpia, coroava café, apanhava café. O
que tinha que fazer, fazia! Naquele tempo era obrigado a fazer, os pais,
queriam que os filhos ajudassem. Tinha que ajudar o pai, não tinha outro jeito.
O que é coroar o pé de café?
É tirar parte da terra embaixo do
pé de café e embaixo fazer um “cordão” de terra. Depois apanhar e varre, para o
café não esparramar.
O senhor frequentava a escola?
Fui para a escola com sete anos e
meio. O quarto ano estudei no Bairro Chicó, mas propriamente não participei da
aula, Só participei ativamente da aula durante a primeira semana. O diretor era
Antônio do Amaral Mello, uma pessoa maravilhosa. Ele perguntou para a
professora qual era o melhor aluno, ela disse: “-O Francisco! ”. Seu
Antônio disse: “Então, a partir de
segunda feira ele vai comigo na horta!”. Eu já fazia horta em casa, entendia de
tudo! Fiquei o ano inteiro na horta! Não ia para a aula.
A horta era para os alunos?
Era para os alunos da escola.
Plantava de tudo: alface, almeirão, chicória, rabanete, beterraba, cenoura,
agrião.
Os alunos tinham lanche?
Naquele tempo não. Quem levava
lanche de casa tinha lanche, quem não levava não tinha. Os professores almoçavam lá.
Qual era a distância da sua casa
até a escola?
Aproximadamente uns três
quilômetros. Ia a pé e pisando no barro quando chovia. Lembro-me de algumas
professoras: Dona Amélia do Amaral, Dona Nercy, Dona Racy.
O trem parava ali?
Parava! Bem encostado a escola.
As professoras, inspetor, diretor vinham todos de trem. Eles pegavam o trem na
Estação da Sorocabana, onde hoje é o Terminal Urbano,
Quando fizeram a Estrada para
Tietê era asfaltada?
Não! Era chão de terra! Depois de
muito tempo é que foi asfaltada. O ônibus que ia para Rio das Pedras ia pelo
Taquaral. Não havia a Estrada do CEASA, não havia a estrada que sai do anel
viário em frente a Usina Santa Helena e vai para Rio das Pedras. Havia uma
estradinha que passava pelo Bairro Chicó, passava pela fazenda do Furlan, era
mais um “carreador”. Naquele tempo tinha pouca cana-de-açúcar plantada, era
mais eucalipto. Depois que foi montada a Usina Santa Helena é que veio com
força a plantação da cana. Até então, plantava-se arroz, milho, eucalipto,
café, a terra é muito boa, terra vermelha, naquele tempo os italianos diziam
que era terra “massapé”.
Na hoje Avenida Laranjal
Paulista, antiga Estrada Laranjal Paulista, já tinha a “vendinha”?
Adiante da nossa casa, quando conheci
a vendinha eu já estava com os meus cinco ou seis anos. Talvez até existisse já
antes, só que naquele tempo criança não saia de casa. Meu pai não ia na venda, de
jeito nenhum. Meu pai nunca foi de bar. E eu menos ainda, se ele não me levasse
não tinha como ir. Havia o Bar do Antônio Bortoletto lá embaixo, e tinha o
barzinho perto do campo de futebol. Mais
próxima de casa tem a Igreja Santo Antônio, depois é que foi feita uma mais
distante um pouco, que é a Igreja Nossa Senhora Aparecida. Havia missa,
celebrada pelos frades franciscanos. Era uma missa por mês. Não posso afirmar
com certeza, mas acredito que fui batizado na Igreja dos Frades. Quando era
moço frequentava a Igreja dos Frades.
Em frente a Igreja dos Frades
havia um pastinho para os fiéis deixarem os cavalos, carrinhos?
Onde hoje é um jardim, em frente
a Igreja, era comum deixarem os cavalos, carrinhos, enquanto iam à missa. Havia
naquela época, mais união e respeito. Um vizinho que abatia um porco, ele
mandava aos vizinhos um pedaço, e era assim com quase tudo.
Nós tínhamos uma tramela puxada
por um barbante pelo lado de fora da porta da sala, levantava o barbante, a
tramela destravava. Saia, quando voltava estava tudo como havia deixado. Não
havia nenhum problema.
Com a experiência de vida que o
senhor tem, a seu ver, porque as coisas mudaram tanto?
Há uma série de fatores, nós
vivíamos em um mundo de respeito, confiança, seguro. A meu ver o país não
estava preparado para tantas mudanças. Hoje a violência é tolerada, as drogas
invadiram todos os lugares, a impunidade e leis extremamente liberais para com
o menor, uma grande parte dos políticos roubam sem o menor pudor e sem que
sejam penalizados. Para muitos políticos roubar é um fato normal e generalizado
em todos os escalões.
A seu ver, a televisão, hoje
possivelmente o maior meio de diversão de uma faixa da população, é boa ou
ruim?
A televisão tem coisas boas e tem
coisas ruins. Como o telefone celular, a internet. Atualmente está difícil
assistir televisão. Temos que filtrar, analisar, se de fato o que está sendo
mostrado nos interessa. Não nos deixarmos ser levados por coisas ruins,
inúteis. Assisto missa duas vezes por semana pela televisão. Para mim é bom.
Reza-se o terço. Novelas eu não gosto. Filmes também não gosto. Assisto o
programa de sorteio do SBT, onde gira uma roda dando prêmios. Tem músicas que
eu gosto na Rede Vida, TV Aparecida.
No tempo da juventude do senhor
havia muitos bailes nas redondezas?
Havia os bailinhos sim! Tinha no
Bortoleto, no outro barzinho, o pessoal fazia o palizado (cobertura provisória)
no terreiro e íamos dançar lá. Havia muita educação.
O senhor trabalhou muito tempo na
lavoura?
Trabalhei mais de 40 anos.
Lembra-se em que dia se casou?
(Seu Francisco solta uma
gargalhada, ele sabe que isso jamais poderá esquecer).
Eu casei em 21 de dezembro de 1963!
Casamos na Igreja dos Frades, A festa foi em casa. As festas da época eram
muito diferentes das festas atuais. Era comum servir pão recheado com carne e
molho. Doces eram o creme, cocada branca, cocada preta, queijadinha. Era o
tempo em que o Martini fazia. Tempo do Agostinho Martini Neto, o Neguinho.
Na Rua Benjamin Constant esquina com a
Avenida Independência havia um comércio?
Ali era o armazém do Nei Barbosa. Ele
tinha o pátio na frente onde todo mundo amarrava os carrinhos para ir para o
centro da cidade. Ele colocava uns paus em pé, uma trava em cima bem amarrada,
amarrava os carrinhos ali. Bem mais tarde nessa esquina funcionou a Funerária
Libório. O meu pai faleceu com 45 anos eu tinha 8 anos e meio. Conheci muita
gente; José Nassif, Luiz Angeli, Romeu Gomes de Oliveira, Jaime Pereira, Abel
Pereira, pai do Jaime. O Abel Pereira tinha sítio após o Monte Branco, nós
compramos muita lenha dele, Ele teve carvoaria também.
Na época havia muitas olarias na
região?
Tinha muitas olarias: do João
Pupim, Julio Filetti, Bertolini, Francisco Filetti, Buriol, Franhani, nós
tivemos olaria, o Gustinelli. Tinha uma fila de olarias. Acabou tudo, ficou só
o Gustinelli.
O Ditoca era proprietário de sítio também?
Subindo a Avenida São Paulo,
passando a antiga PANSA, do lado direito era tudo do Ditoca, plantava café,
algodão. Na Rua Benjamin Constant onde hoje é o Shopping Paulistar, ali era a
caieira do Felício Tozzi. Do lado esquerdo da Avenida São Paulo, próximo a
Avenida 31 de Março tinha a caieira do Toninho Coelho. A Avenida 31 de Março
era tudo brejo. Ali perto do Bairro Verde existia o Rancho Alegre, faziam
bailes ali,
De quem o senhor adquiriu o
“Postão”?
Adquirimos do Fleury Bottene,
Artêmio Bottene, Leopoldo Dedini e Mario Guerra. Eles tinham adquirido dos
Irmãos Galdi. Adquirimos dia 1º de fevereiro de 1967. Subimos lá com carroça,
pá, enxada, forca, limpamos tudo.
Quem são os irmãos Menegatti que
adquiriram o Postão?
O Luiz, Antônio, Alcides, Ivo e
eu, Francisco. Cinco irmãos. Passamos a trabalhar, tinha quatro bombas de
gasolina e duas de óleo diesel. Era descoberto, nós cobrímos. Quando chovia e
tínhamos que entrar embaixo do caminhão para colocar óleo na bomba injetora era
muito ruim.
Vocês montaram o restaurante lá?
O restaurante era movimentado por
uma pessoa de fora que assumiu, até que o meu irmão Alcides assumiu o
restaurante. Piracicaba inteira conhecia como “Postão do Menegatti”. A bandeira
do posto era “Esso”.
Era mais fácil estabelecer o
preço do combustível?
O governo comandava o preço. Era
tudo muito rigoroso.
Tinha borracharia tambem?
Teve vários borracheiros. O
Alcidinho foi desmontar um pneu, tirar o pneu da tração do caminhão, o interno
estava estourado, Ele não murchou o pneu de fora, no último parafuso, quando
ele foi soltar o pneu saíu, levantou o Alcidinho a uns 15 metros de altura. Ele
morreu sem saber como. Uma pessoa que tocou a borracharia por muito tempo foi o
pai do Delegado Dr. Emerson Gardenal, eu o conheço desde menino. É uma família
de pessoas muito boas.
O senhor lembra-se que era comum
andar com a carteira de trabalho no bolso?
Lembro-me! Se o indivíduo
estivesse andando na rua sem ocupação era preso por vadiagem. E ninguém, mexia
com ninguém porque o outro poderia estar armado. Naquele tempo jogávamos
futebol, tratávamos nossos amigos de preto. Não podia dizer negro. Hoje mudou
tudo, temos que falar negro, não podemos chamar de preto. Sempre tive bons
amigos negros, nunca liguei para a cor da pele da pessoa.
Qual foi o seu primeiro carro?
Foi um fusquinha 1300cc, depois
tive três Brasílias, comprei uma Belina, um Escort importado, tive dois Fiesta,
hoje tenho um Celta.
Para abastecer o posto vocês
tinham caminhão?
A Companhia mandava. Compramos um
caminhão Ford 1978. Depois compramos um Mercedes-Benz, com esse caminhão por
mais de 10 anos “puxei” combustível. Comprei um caminhão Cargo da Companhia,
transportei combustível por mais doze anos.
É uma carga perigosa.
O caminhão tanque é mais perigoso
vazio do que carregado. Vazio se der uma faísca ele explode inteiro. Comecei a
dirigir com 14 anos, faz 69 anos que dirijo, não parei mais. Aos 14 anos
comecei a dirigir o caminhão GMC, o Willadns (Vila), filho do Luciano Guidotti que
trouxe, disse que éramos trabalhadores e pagávamos. Já era câmbio sincronizado.
O Ford 1946 era com câmbio seco, Tinha que trocar a marcha no tempo certo.
Senão não engatava. Luciano Guidotti foi um segundo pai que nós tivemos.
Compramos o GMC dele, fomos pagando, em 1954
o Vila trouxe dois caminhões 350, pagamos.
O senhor nunca foi convidado para
entrar para a política?
Fui convidado para ser vereador,
nunca quis.
Do que o senhor tem mais saudade?
Do tempo em que eu jogava bola!
Eu era bom de bola! Meu pai tinha morrido, eu era o filho caçula, veio um
pessoal de São Paulo, queriam me levar para treinar em times grandes. Eu tinha
entre 13 a 14 anos. Eu jogava de meia-esquerda. Joguei 27 anos com a camisa 10! Comecei no Campestre Futebol Clube. Eu jogava
bem, dominava a bola, corria muito, chutava com os dois pés. Naquele tempo
jogador de futebol tinha ganhos muito limitados. Fui muito amigo do Gatão. Do
Ediarte. Os jogadores naquela época todos trabalhavam em algum ofício. Não
havia dedicação integral ao futebol. O Ediarte era gerente da Caixa Econômica!
Antigamente havia comícios e os
violeiros era uma forma de atrair o público. O senhor lembra-se de alguns
cantadores?
Lembro-me sim de Pedro Chiquito,
João Davi, Parafuso, Nhô Serra, tinha uma turma boa, cantavam muito na Sociedade Beneficente Treze de Maio. Cantavam cururu,
eu ia muito lá.
O senhor
sempre cuidou da sua saúde?
Sempre respeitei a mim mesmo. Uma cerveja já era o bastante. Nunca
fumei, não tive vícios. O fato de ter perdido meu pai muito cedo, a minha mãe
tinha o controle, era uma mulher autêntica, segura, rígida. Gostava de tudo
certinho. Eu tinha que andar na linha, ou iria ser repreendido quando chegasse
em casa. A melhor escola da vida é a vida. Aquele que vive e aprende dá valor à
vida, Aquele que vive e não consegue aprender, a vida para ele não vale nada! A
vida ensina principalmente quem procura o conhecimento da vida em si próprio.
Temos sempre que olhar para trás. Não olhar para frente. Atrás de nós sempre
tem aquele que está pior do que nós. Olhando para trás, valorizamos o que
temos, e valorizamos o que cada um é. Se olharmos para frente não nos damos
valor, porque sempre queremos mais do que temos. Tudo que possuímos nos é
emprestado. Um dia, sem que se saiba quando, levamos a roupa do corpo e mais
nada. Quem pensa em acumular riqueza está muito enganado. A ilusão de “eu sou”
ou “eu tenho”!
O senhor foi
muito amigo de Leopoldo Dedini?
Fui! Ele
gostava muito de mim! Quando negociamos o posto fizemos amizade, Eu sempre tive
livre acesso ao escritório dele na MAUSA. Conversava com ele, com Dorival de
Toledo, Rodolfo da Silva, o Franzoni que tomavam conta. O Leopoldo era meu
amigo, quando chegava cumprimentava, abraçava. Assim como era o Joaquim Mário Peres Ferreira dono da Pirasa. Eu
entrava na Pirasa, ficava a vontade, (Francisco se emociona), essas coisas é o
que conta na vida da gente, saber que transpiramos confiança. Tem certas coisas
que só se acolhe dentro da honestidade da gente. Eu chegava no Banco do Brasil,
o Paulo Mattos, irmão do Jairo Mattos, ele me levava até o cofre, abria e
dizia: “-Menegatti dá uma olhada! ” O Brasil seria o país mais rico do mundo se
tivesse administração e não tivesse roubo, como tem.
Qual é a
solução?
Na nossa bandeira está a resposta: “ORDEM! ”/Na minha casa sempre houve
ordem!
O senhor
liderou a vinda da água e do esgoto no Campestre?
Em conjunto
como SEMAE fizemos uma parceria, sem interferência de nenhum político, alguns
tentaram creditar as benfeitorias em seu nome.
E a
energia elétrica como foi?
A energia
elétrica já faz muitos anos. Naquele tempo tínhamos a força que passava por dentro
do sítio aqui. A Companhia Elétrica pediu para o meu pai se ele pagasse um
pouquinho iam trazer a energia até nós. Só que meu pai não tinha recursos para
isso. Mais tarde, nos conseguimos recursos e trouxemos a energia até nós.