domingo, julho 19, 2009











PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista joaonassif@gmail.com
Sábado 18 de julho de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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http://www.teleresponde.com.br/ http://blognassif.blogspot.com/

ENTREVISTADO: JOSÉ CARLOS DE OLIVEIRA

O empresário, diretor da Acipi, vicentino, José Carlos de Oliveira ainda muito novo passou a freqüentar a Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades. Isso no tempo em que os coroinhas eram os acólitos na celebração da missa. Quando assistimos a uma cerimônia litúrgica, percebemos que o sacerdote utiliza, durante a cerimônia, uma série de objetos, e usa diversas vestes particulares, às vezes muito ricas e bonitas. Para a maioria das pessoas, estas coisas passam despercebidas, e elas nunca se perguntam qual o significado de tantos objetos diferentes. O cálice é o vaso sagrado. A patena, o nome vem do latim e significa prato. Ela acompanha sempre o cálice, e serve para receber a Hóstia consagrada durante a Santa Missa. Já no ofertório, o padre a utiliza para oferecer o pão, deixando-a de lado até o Pai Nosso, quando a toma novamente para realizar sobre ela a fração, ou seja, para partir a hóstia e retirar dela o pedacinho que será jogado no cálice. Depois da comunhão o padre deve purificá-la muito bem, ou seja, deixar cair no cálice todas as minúsculas partículas da hóstia. As galhetas são recipientes onde se colocam a água e o vinho que serão usados para a consagração. O turíbulo é um pequeno fogareiro suspenso por correntes no qual se queima o incenso utilizado nas cerimônias religiosas. O incenso já era utilizado pelos judeus como símbolo da oração que se eleva à Deus com suave odor. É usado na bênção e nas orações que o padre reza enquanto incensa o altar. Usa-se também o incenso como gesto de honra às pessoas. Por isso o padre e os fiéis são incensados durante a missa. A naveta é a caixinha de metal, em forma de nau, onde se guarda o incenso que será utilizado no turíbulo. A caldeirinha é o vaso onde se leva a água benta utilizada nas cerimônias. Panos litúrgicos ou panos de altar são panos confeccionados com linho ou cambraia de linho utilizados nas celebrações litúrgicas. São três as toalhas que devem cobrir o altar, sendo que a última deve cair até o chão nas laterais. Todas devem ser de linho e bentas antes de serem usadas. Genuflexão é o ato de dobrar o joelho, ajoelhar-se. Presbitério é o lugar da igreja onde ficam os celebrantes e auxiliares. Sacristia é a sala anexa à igreja, onde são guardados os paramentos e objetos religiosos. Sacrário é o lugar em que se guardam as hóstias consagradas ou as relíquias dos santos. Deve estar num local de destaque na igreja e, perto dele, uma lâmpada acesa: sinal de presença de Cristo Eucarístico ali. Em alguns lugares é chamado tabernáculo. Foi nesse ambiente, rico de tradições religiosas, composto por frades com notável sabedoria, que José Carlos cresceu e viveu até a sua juventude. Nascido em Piracicaba em 17 de junho de 1952, é filho de Leonardo de Oliveira e Ercília Lourdes de Oliveira.
Quantos filhos seus pais tiveram?
Foram nove filhos, eu sou o quinto na ordem de nascimento. Os fomos nascidos e criados na Paulicéia, na Avenida São Paulo, cem metros abaixo da então Padaria Pansa, que nessa época ainda era uma pequena padaria, um bar que vendia pão e foi crescendo. Ainda não era da família Micheletti. Na época a Avenida São Paulo não era asfaltada, era terra nua, não havia mão única, subia-se e descia-se pela avenida. As casas construídas ficavam bem acima do nível da rua. Onde hoje existe a Fábrica de Balas Atlante era uma chácara. A Rua Fernando Lopes terminava uns trezentos metros antes da Rua Dona Lica. Morava no final da Rua Fernando Lopes o motorneiro do bonde, o Bortoletto. Os nove filhos nasceram em casa a, parteira vinha até a nossa casa. Lembro-me do posto existente na época, hoje denominado Posto São Jorge, onde íamos buscar querosene a granel. Não havia energia elétrica nas casas. Nós fizemos a preparação para a Primeira Comunhão na casa da família Pompermayer. Minha irmã que foi freira era empregada doméstica da família Pompermayer, da Dona Ivone, Seu Heitor. O filho dele é médico e foi quem cuidou da minha mãe até ela falecer.
Qual era a atividade do seu pai?
Inicialmente ele trabalhou em Saltinho, com algodão, com a família Maluf. Depois ele veio para Piracicaba trabalhar com calcáreo, próximo ao Senai também de propriedade da família Maluf. Minha mãe trabalhava como doméstica. Quando meus pais saiam para trabalhar ficava um irmão tomando conta do outro. Minha irmã mais velha foi para o convento, tornou-se freira. Infelizmente ela faleceu há uns oito anos.
Essa vocação religiosa da família tem sua origem onde?
É difícil dizer. Meus pais não era assíduos freqüentadores de igreja. Eles estimulavam a nossa ida á igreja. Meus pais sempre foram muito rígidos.
Você lembra-se do bonde?
Eu ia á Igreja dos Frades, só que não tinha dinheiro para pagar o bonde, as cinco e meia da manhã pegávamos o bonde, que sai da garagem, ia até a Igreja dependurado no estribo. Passava pela Padaria Cruzeiro, havia na Avenida Dr. Paulo de Moraes um bebedouro de água para os cavalos utilizados na tração de carrinhos, havia um cano, com um furinho em cima, tampava-se a ponta do cano de água e ela saia pelo furinho onde bebíamos a água. Nessa época eu entregava marmita na Itelpa, que ficava na Rua Moraes Barros, próximo á Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há uma loja de artigos para cama.
As marmitas de quantas pessoas você levava?
Para doze pessoas. Levava as marmitas de pessoas que morava na Paulicéia Pegava a marmita na casa de cada um deles. Nós não podíamos mudar o caminho, senão ficávamos perdidos. Descíamos a Rua da Glória, não era ainda aberta a passagem pela rua, então subíamos, atravessávamos a linha do trem, descíamos, e seguíamos pela Rua José Pinto de Almeida até a Avenida Armando Salles. Onde é hoje o Teatro Municipal era tudo pasto. O SAMDU, Serviço Médico de Urgência ficava no mesmo prédio da rodoviária.
Alguma vez você fez com que disparasse o sinal de aviso da passagem do trem?(Risos). Alguma vez fiz isso! Pegávamos o papel laminado que vinha dentro das embalagens de cigarros, nas emendas próximas ao sinal colocava-se aquele papel com uma pedra em cima, disparava o sinal. Os veículos paravam e ficavam esperando a passagem do trem que não existia. Fomos mais de uma vez dispersados pelo juizado de menores, tempo do Ludovico Trevisam, do Rubinho, Mário.
Lembra-se do Bar Maravilha?
Ficava na Rua XV de Novembro, quase esquina com a Avenida Armando Salles de Oliveira, onde hoje há um ponto de táxi.
Você estudou em que escola?
Estudei na Escola Antonio de Mello Cotrin. Estudava na volta da entrega das marmitas. Nós éramos tão pobres que pertencíamos ao que se denominava nas escolas de “caixa”. Recebíamos material escolar, lanches, tudo doado pela escola. Depois passei a estudar na parte da manhã e a trabalhar na casa da Dona Aracy Cunha Lara.
Qual era o seu trabalho na casa da Dona Aracy?
(Risos) Eu era empregado doméstico! Arrumava cozinha, varria a casa, cuidava de uma horta, tomava conta das galinhas. Eu era um “faz-de-tudo”. Depois dos meus pais devo tudo a ela. Foi ela quem me ensinou a escrever, foi com ela a minha primeira leitura, meu primeiro trabalho.
Como você chegou á Igreja dos Frades?
A minha irmã estimulou a minha ida para a igreja. Na época não existia coroinha negro dentro da Igreja dos Frades. As missas eram celebradas em latin. (José Carlos passa a relembrar um pouco da missa em latin). Eu usava calças curtas, suspensórios, calçava alpargatas. Existiam as alpargatas de cores azul e marrom, sendo que se convencionou que as azuis era mais usadas pelas mulheres.
Quando você ajudou pela primeira vez, a celebrar uma missa?
Foi um ano depois. Frei Reinaldo é quem dava as instruções, e só depois de muito bem preparados é que íamos ajudar na celebração. No lado direito da sacristia havia uma porta onde em uma pequena sala ficavam as batinas dos coroinhas. Havia batinas de três cores, a vermelha para dias festivos, marrom era o tradicional durante a semana e a batina azul que era para ajudar a celebrar casamentos. Por cima da batina colocávamos o chamado roquete.
Na realização de uma solenidade, havendo um maior número de coroinhas, eram escolhidos aqueles que iriam ajudar diretamente na celebração. Isso ocasionava uma disputa pela função principal?
Tudo era importante. Na hora da consagração se toca o sino, na Igreja dos Frades o sino era composto por quatro campainhas. Era uma briga entre os coroinhas, tirava-se o par ou impar para tocar o sino. O turíbulo era preparado pelo Frei Clemente, girava-se cerca de 360 graus para que ficasse aceso mais rapidamente. Houve acidentes, no girar bater-se na parede e virar tudo no chão. Isso bem na hora em que o padre estava aguardando. Dava-se o desespero, pegar mais brasa.
Quando havia casamento na igreja era preparado um tapete?
Era um tapete vermelho, colocado sobre ma máquina manual, um grande carretel, onde era desenrolado e enrolado o enorme tapete, que ia da porta até o altar, cobrindo o chão por onde o casal iria passar. Eu gostava muito de mexer com isso.
Durante a comunhão o coroinha segurava a patena?
O uso da patena permanece até hoje, alguém um pouco distraído poderá deixar cair á hóstia. Hoje o próprio povo pode tocar na hóstia, antigamente não, só o padre tinha essa autoridade.
Algumas vezes o vinho que era utilizado durante a missa não era consumido totalmente?
Toda criança é curiosa, muitas vezes quando sobrava um pouco de vinho, no caminho para guardar acabávamos experimentando. Em determinada época o vinho consumido na Igreja dos Frades era confeccionado lá mesmo.
Os coroinhas jogavam o denominado pingue-pongue?
Dentro do próprio convento, tínhamos uma sala que funcionava como sede dos coroinhas. Lá tínhamos uma mesa onde eram disputadas as partidas de tênis de mesa, ou como chamávamos na época, de pingue-pongue. O patrono era São Tarcísio. Após ajudar a missa, tomávamos café com leite, comíamos pão com manteiga e jogávamos. Frei Basílio era muito bom em pingue-pongue.
Havia dois cachorros no convento?
Tinha o Bob um vira lata de estimação e o Lobo que era um pastor alemão.
Em frente a Igreja dos Frades há uma construção onde eram projetados filmes?
É o salão da Ordem Terceira.
Após permanecer como funcionário do convento por três anos você foi trabalhar onde?
Em 1966 a Ótica e Relojoaria Rubi abriu uma segunda loja, o Jorginho que trabalhava lá, me convidou. Era uma loja situada na Rua Governador Pedro de Toledo, ao lado da Porta Larga.
Ao lado da Igreja dos Frades, há um local onde eram realizadas festas juninas?
Existe sim. Lá tínhamos muita diversão, as latinhas que formavam uma pirâmide e era derrubadas por bolas lançadas pelos jogadores, espingardinhas de pressão, o famoso coelhinho, que era o carro chefe, tinha comes e bebes. Ao lado tem o prédio da Assistência Social Mariana.
Você chegou a ver a artista Clemência Pizzigatti, quando pintou no muro do convento, cenas com motivos franciscanos?
Diga-se de passagem, eu fui modelo em uma das pinturas. Bem no meio do muro, pelo lado interno existe o que chamamos de capelinhas, que são oratórios, em uma dessas capelas, pelo lado externo, a Dona Clemência perguntou-me se eu queria ser modelo da pintura, ficar parado em uma posição. Eu fiquei. Ela pintou um negro, meio inclinado, segurando uma enxada. Isso foi no tempo em que o Colégio Jorge Coury era na Rua Alferes José Caetano.
Havia missas fúnebres?
Era costume celebrar missa de corpo presente. A urna mortuária com o corpo do falecido permanecia no corredor, próximo ao altar. Em determinado momento da cerimônia tínhamos que nos dirigir até próximo ao corpo do falecido. O coroinha tinha que segurar um pequeno balde que continha água benta, eu fazia de tudo para não olhar para o finado.
De que local vinham as hóstias?
Eram feitas pelas freiras do Lar Escola Maria Nossa Mãe. Constantemente eu ia buscar. Era um trabalho que eu gostava de fazer, as irmãs tinham os retalhos de hóstia que davam para nós comermos.
O cargo de coroinha era revestido de certa importância?
Aos olhos dos fiéis era visto quase como um segundo padre. Era respeitado.
Você foi seminarista?
Fui por oito meses, no Seminário Seráfico São Fidelis. Mais uma vez a influência da minha irmã, que era freira, fez com que eu tomasse essa decisão. Só que eu percebi que não era essa a minha vocação.
Lembra-se dos nomes de alguns frades da Igreja Sagrado Coração de Jesus?
Lembro-me de alguns, Honório, Clemente, Reinaldo, Flaviano, Augusto, Paulo, Evaristo, Liberato, Basílio.
Os coroinhas gostavam de ajudar as missas do Frei Crispim?
Gostavam! Era uma missa muito rápida, cerca de quinze minutos! Nenhum coroinha podia jogar pingue-pongue, jogo de dama, se não tivesse ajudado a celebrar uma missa. Todos queriam ajudar a missa do Frei Crispim para sobrar tempo para brincar!
Havia passeios que os frades proporcionavam?
Eles levavam os coroinhas em uma perua para passear até a Rua do Porto, levavam doces para nós. Lembro-me das missas que ajudávamos nas capelas e igrejas dos sítios. Nós, coroinhas, éramos recebidos com muita cortesia.








Brasileiro faz piada com português, por não entender que os dois povos têm lógicas diferentes. O português mais literal cultiva um preciosismo de sintaxe. Vejam só:

Uma conhecida dirigia por Portugal, quando viu um carro com a porta de trás aberta. Solidária, conseguiu emparelhar e avisou:
- A porta está aberta!
A mulher que dirigia conferiu o problema e respondeu irritada:
- Não, senhora. Ela está mal fechada!

Outro brasileiro, conhecido nosso, estava em Lisboa e numa sexta-feira perguntou a um comerciante se ele fechava no sábado. O vendedor disse que não. No sábado o brasileiro voltou e deu com a cara na porta. Na segunda-feira, cobrou irritado do português:
- O senhor disse que não fechava!
O homem respondeu:
- Mas como vamos fechar se não abrimos?

Trata-se realmente de um povo admirável, que tem mais cuidado com a língua pátria do que com a lógica das piadas.

Um amigo jornalista hospedou-se há um mês num hotel em Évora. Na hora de abrir a água da pia se atrapalhou, pois na torneira azul estava escrito "F" e na outra, preta, também "F". Confuso, quis saber da camareira o porque dos dois "efes".
A moça olhou-o com cara de espanto e respondeu, como quem fala com uma criança:
- Ora pois, Fria e Fervente.

Acrescento o acontecido com o meu amigo Pompilho.

Em Lisboa, a passeio, resolveu comprar uma gravata. Entrou numa loja do Chiado (bairro de lojas finas) e, além da gravata, comprou ainda um par de meias, duas camisas sociais, uma pólo esporte, um par de luvas e um cinto. Chorou um descontinho e pediu para fechar a conta. Viu então que o vendedor pegou um lápis e papel e se pos a fazer contas, multiplicando, somando, tirando porcentagem de desconto, e ele, intrigado, perguntou:
- O senhor não tem máquina de calcular?
- Infelizmente não trabalhamos com electrônicos, mas o senhor pode encontrar na loja justamente aqui ao lado...

Meu irmão morou por um ano em Estoril e contou-me que lá, num certo dia, meio perdido na cidade perguntou ao português:
- Será que posso entrar nesta rua para ir ao aeroporto?
- Poder o senhor pode, mas de jeito algum vai chegar ao aeroporto...

E ainda tem aquela, famosa, do escritor Luiz Fernando Veríssimo. Chegando em Lisboa bem no final da tarde, pegou um táxi e, indo para o hotel, travou o seguinte diálogo com o motorista:
-"A que horas escurece em Lisboa?" E o motorista respondeu:
-"Em Lisboa não escurece!" E o Veríssimo, curioso:
-"Não? Por que?" E o luso:
-"Porque ao escurecer acendemos as luzes..."


by Jayme


Um alemão, um francês, um inglês e um brasileiro apreciam um quadro de Adão e Eva no Paraíso.
O alemão comenta:

- Olhem que perfeição de corpos: ela, esbelta e espigada; ele, com este corpo atlético, os músculos perfilados... Devem ser alemães.
Imediatamente, o francês contesta:

- Não acredito. É evidente o erotismo que se desprende de ambas as figuras... Ela, tão feminina... Ele, tão masculino... Sabem que em breve chegará a tentação... Devem ser franceses.
Movendo negativamente a cabeça, o inglês comenta:

- Que nada! Notem a serenidade dos seus rostos, a delicadeza da pose, a sobriedade do gesto. Só podem ser ingleses.
Depois de alguns segundos mais, de contemplação silenciosa, o brasileiro declara:
- Não concordo. Olhem bem: não têm roupa, não têm sapatos, não têm casa, tão na m... Só tem uma única maçã para comer. Mas não protestam, ainda estão pensando em sacanagem e pior, acreditam que estão no Paraíso.
Só podem ser brasileiros!


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