sábado, outubro 21, 2017

ROGÉRIO GONÇALVES DE FARIA.


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 02 de setembro de 2017

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO:
ROGÉRIO GONÇALVES DE FARIA.





 


Rogério Gonçalves de Faria nasceu a 1 de abril de 1980 na cidade de Votuporanga, sendo que até os 14 anos residiu em um sítio pertencente ao município. È filho de Ireni Gabriel Gonçalves de Faria e Djair Diogo de Faria, sempre foram do campo, ruralistas, sua mãe é do lar, trabalhou na roça. Tiveram três filhos: Grazielle, Ricardo e Rogério.

Que tipo de cultura vocês praticavam?

Até os 14 anos eu trabalhava também com eles na roça, quando eu tinha uns 5 ou 6 anos morávamos em uma fazenda muito grande, lá o meu pai tirava leite, de 200 a 300 vacas. Apartávamos as vacas ao meio dia para esse leite descer e no outro dia termos o leite disponível. O leite era colocado em latões e levado até o ponto onde o caminhão do laticínio passava recolhendo. Meu pai foi mudando de sítio, alguns era roça: milho, algodão, arroz, feijão. Tinha que plantar, cuidar, colher. O mais chato era limpar pé de café.

Você é um artista, como surgiu essa vocação?

Deve ter sido a fantasia da própria televisão. Quando moramos no sítio tínhamos uma televisão preta e branco eu ficava assistido e queria estar dentro dela. Não tinha como entrar. Como toda criança curiosa ficava olhando por traz do aparelho, pegava no fio. Imaginava: “Meu Deus! Como essas pessoas entram!” Nessa época eu freqüentava a escola do sítio. Não era tão próxima, acordávamos às cinco horas da manhã, íamos caminhando para a escola, atravessava riachos, éramos crianças, tudo era brincadeira. Quando chovia íamos com capas, minha mãe prezava muito pelo nosso estudo. Essa escola do sítio era em uma mesma sala primeira, segunda, terceira e quarta série juntos, a mesma professora dava aula para todos os alunos. Ela dividia a lousa e ia escrevendo para cada um. Eram aquelas carteiras antigas em que sentavam dois alunos, um pouco antes do intervalo dois alunos iam buscar o balde de comida. Era uma cozinheira que morava próximo que fazia.

Depois passei a estudar em uma cidadezinha próxima íamos caminhando também até o ponto de ônibus, morávamos próximos a Andeara, Álvares Florence, Valentim Gentil.

Como você veio para a região de Piracicaba?

Quando eu tinha 14 anos minha avó materna, Nair veio para Americana. Ela trouxe-nos juntos, três anos após ela faleceu. Fui trabalhar no supermercado como pacoteiro, fiquei nessa função por um ano, Até que passou um senhor no caixa e perguntou-me se queria trabalhar em um hotel. No dia seguinte fui com a minha avó nesse hotel. Era o maior hotel da cidade, o Hotel Florença Palace. Fui ser mensageiro, era quem levava as bagagens, Office Boy. Foi incrível porque passei a ter contato com os artistas, muitos artistas de passagem pela cidade hospedavam-se ali. A Festa do Peão trazia muitos artistas do teatro, eu começava a abordá-los questionando, permaneci por cinco anos no hotel. Foi lá que expandi meus pensamentos.

Nesse período você estudava?

Estudava! Estudei na EE Heitor Penteado, meus pais tinham ido morar em Americana. Ganhei bolsas de estudo no curso do Grupo de Teatro Téspis de Campinas, do Conservatório Carlos Gomes, depois descobri a Incenna Escola de Teatro e Televisão em São Paulo, eu pegava  o meu salário e investia nesse sonho. Até que completei 18 anos. Fui ser “Amigo da Escola”, um projeto que era da Rede Globo, o garoto propaganda era o Tony Ramos. Como Amigo da Escola trabalhava na secretaria, biblioteca, e criei um grupo de teatro lá. Fazia malabaraes, teatro. Foi para o início do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (PROERD). A primeira vez em que me maquiei de palhaço e coloquei o nome de Palhaço Sossego. De sossego ele não tinha nada, sou hiperativo. Nunca fiz curso para ser palhaço, mas foi muito bom. Começamos a fazer shows nas escolas, creches. Até que folheando uma revista vi uma matéria sobre um curso de rádio e televisão. Só que não tinha dinheiro para fazer o vestibular, a faculdade. A professora viu a minha vontade , perguntou-me por que não ia fazer. Quando disse-lhe que não tinha dinheiro, na hora ela fez um cheque de 60 reais, fui correndo fazer a minha inscrição no vestibular da UNIMEP. Passei no vestibular. Pensei: E agora?. Tinha que pagar R$ 500,00 de matrícula e a mensalidade era de R$ 500,00.

O que você fez?

Minha mãe trabalhava na Justiça do Trabalho como faxineira, os colegas dela viam essa minha vontade de ser artista, deram à ela os R$ 500,00 de presente, disseram que teria muitas alegrias com o filho dela, viemos correndo para a UNIMEP fazer a minha matrícula, quando entrei no campus e vi aquele campus lindo da UNIMEP pensei: “Meu Deus! É aqui mesmo que eu tenho que estar!”. Não tinha dinheiro para pagar a faculdade, entrei com um pedido de bolsa para carente, só que fiz uma radionovela no primeiro semestre e inscrevi no Expocom que é um congresso de comunicação que reune os trabalhos de todas as partes do Brasil e eu fiquei em segundo lugar. Com uma rádio novela.  Isso agilizou e eu consegui 80% de bolsa que abateu nas mensalidades. Meu pedido anterior de bolsaa também já tinha sido aprovado, com isso tive 90% de bolsa. No segundo semestre, pagando R$ 60,00 de mensalidade, decidi morar em Piracicaba, criei uma república, a “Rep Circus”, dividi com seis colegas, alunos de psicologia, rádio tv, ficava próxima a Avenidada Independência, em freste ao Restaurate Casaretto. Fazíamos festas que rendiam o suficiente para pagarmos todas s nossas contas, fui fazer Teatro-Empresa. Durante os quatro anos fui presidente do Centro Acadêmico de Comunicação, criei um programa que se chama R.A. Registro Acadêmico. Esse programa tem  a função de mostrar a rotina dos universitários dentro e fora da faculdade.Eu queria promover a universidade para que as pessoas se apaixonassem e viessam a fazer uma faculdade, porque é um divisor de águas em nossas vidas. Passei a ter amizades que me influenciaram e influenciam até hoje. Os meu melhores amigos são da época da faculdade. Isso mudou muito aminha vida, como presidente do Centro Acadêmico tinha diálogos com o Reitor Gustavo Alvim.

Como era a postura do Reitor Gustavo Alvim com relação às suas propostas?

Ele foi muito receptivo com a minha idéia do programa, liberou o acessoa ao laboratório de comunicação, montamos uma equipe muito grande, tinha pessoas para fazer de tudo em nossa equipe: Assessoria de Imprensa, Produtor, Câmera, e os alunos foram, achando aquilo incrível, Muitos estavam fazendo Curso de Comunicação mas sem um objetivo específico. Quando você é apaixonado vai descobrindo as possibilidades. Muitos alunos foram se descobrindo nesse programa. Tanto que muitas pessoas hoje trabalham nas funções que descobriram no R.A. Prduzimos mais de 40 programas, fiz parcerias com todos os canais locais, promovia muito a universidade. Entrei na faculdade em 2002, o programa foi em 2002 me formei no final de 2004. Meu TCC Trabalho de Conclusão de Curso foi sobre a programação para o jovem no Brasil, eu gostava muito de discutir esse tema. Nunca se tratou o jovem em nivel de igualdade. Sempre querendo ter uma opinião sobre o universo do jovem, fui atrás de quem trabalhava com jovem em São Paulo, Conversei com o Zico Góes diretor de programação da MTV, com a Soninha que estava trabalhando na TV Cultura, o Casé que fazia muito sucesso, ligava para essas pessoas, mandava e-mail e elas iam me recebendo. Eu ia para São Paulo, Na ápoca o Rene da Mr. Dandy foi um grande parceiro do R.A. Eu estava entrevistando o Zico, mostrei o R.A. para ele, ele gostou muito de mim. Me indicou para um teste para um programa que ia estrear.era o projeto piloto. Esse projeto tinha como objetivo selecionar 10 estudantes de comunicação, recém-formados, para participar de um reality show em que tinhamos que colocar no ar toda semana um programa ao vivo e inédito. Ao mesmo tempo em que as pessoas iam sendo eliminadas pela audiência. Cada semana eu exercia uma função: produtor, assistente de direção, apresentei dois programas, passava por todas as àreas. Fui até o final.




Isso foi em qual canal de televisão?

Na MTV. Na época O Dr. Gustavo Alvim e eu estávamos conversando para eu continuar fazendo alguma coisa na TV UNIMEP, que fosse um esquema de estágio para os estudantes. No interior doEstado de São Paulo não esxiste uma televisão que você consiga ocupar todos os cargos e desenvolver todas as àreas. Optei por ir para São Paulo, telefonaram em uma sexta-feira dizendo que havia passado no teste e deveria estar na segunda feira para fazer o programa. Fiquei com o meu rosto exposto bastante tempo na MTV, ela era bem assistida inclusive por agências de atores que tem os produtores que ficam assistindo tudo. Nesssa época eu morava na Vila Madalena, dividi um quarto com um estudante de odontologia, quando recebi o convite, uns amigos me levaram até São Paulo: O  Hermas Amaral Germek Junior e a Rebeca. Morei duas semanas com esse estudante, era muito educado. Ai reencontrei um colega da UNIMEP que estabva morando na Bela Vista, fui morar com ele. Meu rosto ficou no ar na MTV por uns seis meses. Começaram a me chamar para testes de publicidade. Só que eu sempre estava querendo fazer televisão, estar dentro da televisão. Teste para publicidade é muito díficil de realizar. A pessoa é chamada para o teste, faz o teste,  concorre com no mínimo 100 atores, o diretor escolhe 10, para levar para o cliente, esse cliente escolhe o ator que vai fazer o filme. Sempre é assim, a não ser quando convidam uma celebridade. Chegou a um ponto em que tive que trabalhar na Vivo de madrugada para poder fazer teste durante o dia. Sempre acreditei muito que iria dar certo. Na Vivo fui trabalhar de Back office, também chamado de retaguarda. Eu resolvia os problemas das pessoas. Nessa mesma época apareceu o teste para fazer o Patati-Patatá. Um amigo, Frederico Reder proprietário do Theatro NET São Paulo, dise-me se queria fazer o teste, estavam selecionando uma dupla de palhaços. Fui fazer o teste, fiquei uma semana. Me selecionaram para ser o Patatá. Comecei a gravar os DVDs, a gravar as aparições na TV, encontrei com o Silvio Santos no cabeleireiro José Jacenildo dos Santos, o Jassa, mais de uma vez, eu como Patatá, esperávamos o Silvio chegar, assim que ele chegava saia o Patatí e o Patatá, o Silvio gosta muito de palhaços, íamos ao aniversário do SBT, ficávamos no estacionamento, a Hebe Camargo era viva ainda, até que o dono da marca, que é o Rinaldi, conseguiu levar a dupla para o SBT.

Era você e quem?

Eu e o Flávio Barollo. Acabamos rompendo com o dono da marca, tínhamos muito amor no que fazíamos, só que infelizmente por uma série de fatores de ordem prática não estavamos em sintonia. Desistimos dessa história toda e ele levou uma dupla para substituir-nos que são os atuais Patati e Patatá. Hoje no Brasil são várias duplas, mais de 50 duplas. Sempre teve muitas duplas, Ele queria essa dupla profissional para poder chegar onde tem que chegar. Com isso tinha um grande mercado., tendo um retorno comercial maior do que muitos nomes consagrados nacionalmente. Essa profusão de duplas Patati Patatá sempre foi algo muito pouco divulgado, objeto de grande sigilo. Para você ter idéia cada DVD que eu gravei vendeu mais de três milhões de cópias, tanto eu como o Patati não ganhamos absolutamente nada disso. Uma dupla de palhaços que tinha marcado época e estava esquecida, do nada, meu parceiro e eu demos muito suor para revitalizar-los. Infelizmente não fomos reconhecidos financeiramente.




E os comerciais como ator como estavam?

Paralelo a isso fiz comerciais em TV, sou bem sucedido como ator, como Rogério. Hoje estou no ar com a campanha da Itaipava, Ponto Frio, o I Food. Estou no ar com essas três campanhas nacionais. Sempre me chamam, hoje já me convidam. Sempre tive esa coisa de trabalhar com crianças por ser o futuro e também essa questão de trablhar com idoso, de ser o presente. São os nossos mestres, aos quais precisamos ter acesso. Para continuarmos o que eles estão construindo, o que já construiram. Vivemos em um pais em que as pessoas estão toda hora recomeçãndo. Penso que a política é um pouco culpada disso, troca-se um partido, tracam-se todos os projetos, trocam-se todas as idéias. Pouco se aproveita daquilo que é bom. Sou um artista do povo, gosto muito de interagir com o povo.

Atualmente  em que cidade você reside?

Estou morando em São Paulo a quase 15 anos, já fiz mais de 20 comerciais, 90% dos comerciais que fiz sou protagonista, tenho uma imagem que chama muito a atenção. Fiz participação em novela, Amigas e Rivais, no SBT, interpretei o dono do bar, sempre vou atrás das minhas idéias, exercitar o meu dom com as ferramentas que estão disponíveis.

Como deu-se essa sua incursão junto ao público da terceira idade?

Ha cinco anos, mais ou menos, o Portal da Terceira Idade me procurou, a Priscila Skaff me indicou, para fazer uma personagem na Avenida Paulista, se eu consegueria fazer um velho? Criei o Joaquim Dim. Fui para a Avenida Paulista com eles no Dia do Idoso. Fiz essa intervenção, gostei, comecei a trabalhar o Joaquim Dim. Não gosto de fazer mais do mesmo e também não estou a fim de criar um roda nova, mas quero criar uma roda diferente. Quero experimentar novas possibilidades. O idoso envelhece e é simplesmente esquecido, desvalorizado demais. Vivemos em um país capitalista que preocupa-se só com a produção. Essas pessoas passam a ser um custo. Aposentam-se, muitas vão para asilos, ficam esquecidas pelas suas famílias. Temos nos idosos muito conteúdo, muitas pessoas inteligentes, precisamos ter acesso a isso. Quero fazer uma experiência no Lar dos Velhinhos de Piracicaba, a Primeira Cidade Geriátrica do Brasil. Entrei em contato com as pessoas responsáveis, fiz a minha proposta de registrar a memória de pessoas com a idade acima de 60 anos. Tenho a intenção de criaar um canal de comunicação com o idoso do Brasil. Fiz um processo de imersão total no cotidiano do idoso. É um trabalho sem ônus para o Lar. Tenho um projeto bem estruturado, com uma grade de programação definida, irá envolver 25 profissionais, com patrocínio externo, sendo que uma parcela será doada ao Lar como fonte de recursos. Esses número estão tabulados e dimensionados para que o projeto torne-se realidade. Os patrocinadores a um custo bastante acessivel irão ganhar visibilidade no Lar, cidades vizinhas e até mesmo a nível Brasil. Esse canal terá inicialmente uma programação de quatro a cinco horas, sendo que iremos trabalhar com looping (repetição automática) até que  a medida em que houver uma evoluçaõ a produção passe a ser maior. O Lar dos Velhinhos de Piracicaba é uma cidade cenográfica, tenho conteúdo aqui que repercute no Brasil todo. Tudo que eu falar daqui dará para ser consumido pelo país todo. Tenho conhecimento técnico, gosto de fazer isso e sou apaixonado por isso. O projeto chama-se: “ Envelhecer. Quem vive envelhece”.

Você utiliza uma linguagem do jovem para tratar de assuntos pertinentes a idosos?

Além dos idosos terem entendimento por estarem vivenciando o momento, a liguagem voltada ao jovem é moderna. Não trato o idoso como um coitadinho ou uma coisa. O idoso é um ser humano, experiente, com uma bagagem incrível, precisa ser respeitado e valorizado. As familias não visitam os idosos. As pessoas esquecem que irão morrer com isso se matam antes, elas só pensam no próprio umbigo. Em ganhar, ganhar e ganhar! Ligam suas vidas no automático e esquecem que a cada amanhecer há uma nova oportunidade de sermos melhor. Uma nova oportunidade para abraçar o outro, ajudar o outro. Ningém quer saber de ajudar ninguém. O materialismo gera no ser humano a ambição, a vaidade, o egoismo. O carro mais novo, o poder. Tem pessoas que tem muito dinheiro, só que ela esquece que para isso acontecer muitos tiveram um salário insignificante, trabalharam para ela tornar-se detentora de muitos recursos. Temos de uma vez por todas tomar consciência de que vamos morrer. Sou católico praticante. Vamos encontrar com Deus? Quem sabe? Ou com o Diabo? Quem sabe? Mas estamos vivos! Deus está no coração, é energia. É representado pelas nossas atitudes. Respeitar o outro como ele é. Usamos muito o nome de Deus para praticar racismo, desigualdade, preconceito. Guerras em prol da paz! Sou uma pessoa apaixonada pelo que faz, produzir conteúdo para conscientizar o outro.

O que você encontrou no Lar dos Velhinhos que marcou bastante?

É esse abandono das famílias, as famílias desses idosos passam a ser os funcionários, que vem aqui todos os dias trabalhar, a relação dos cuidadores com os idosos é muito bonita, eles são dedicados. Outra coisa que me marcou muito é esse idoso que hoje vive no asilo muitas vezes ele está debilitado e eu fico questionando que tipo de vida ele teve. Isso é muito interessante para o jovem refletir. Vou envelhecer? Que tipo de velho vou ser? Os abusos da juventude tem um preço a pagar. Ainda sou jovem e quero envelhecer bem. Preciso me exercitar, respeitar o meu corpo hoje para que ele possa amanhã estar bem. Pretendo ser uma pessoa muito bem sucedida para poder ajudar outras pessoas. Trabalho nesse sentido.

Você canta?

Encanto mais do que canto! Gosto de cantar músicas infantis, acho que tenho uma facilidade para vozes.

Maquiagem você mesmo é quem faz?

Eu mesmo faço. Tanto o Joaquim Dim como o Palhaço Sossego.

Quando você começou a circular no Lar dos Velhinhos como Joaquim Dim qul foi a reação dos idosos? Acharam que tinha um novo abrigado?

Mutos confundem. Em determinadas situações eles dizem”-Seu Joaquim, o senhor precisa de ajuda?”. Joaquim Dim é um velho muito palhaço, que acredito que será um idoso como serei. Alegre, feliz, grato. Ele tem um jargão próprio. Alguns vêm conversar comigo achando que sou de fato um idoso.

Alguma idosa olhou Joaquim Dim com mais simpatia?

Já ouvi sim, algumas idosas dizendo: “Olha que véiao!”  “Bonitão esse velho!”

A população de idosos tende a crescer.

Tende sim, hoje estamos com aproximadamente vinte milhões de idosos no Brasil, até 2050 seremos 50 milhões de idosos no Brasil, os políticos precisam começar a falar sobre isso, precisa começar a ter política voltada aos idosos. A política existente é muito tímida. Há muitas empresas querendo dar recursos aos idosos, por saber que ele tem uma renda fixa. Temos que ser mais honestos, não existe político corrupto em uma nação que não é corrupta. É o tal do “jeitinho” ! Temos que acordar para a vida e assumir as consequências daquilo que fazemos. É a fila que passa na frente, a pressa ! Chega! Basta! Se você não permitir a corrupção ela não irá existir. Estão sambando na cara da sociedade hoje porque nós devemos, e nem sabemos. Não temos essa consciência. O brasileiro não tem a consciência de que ele é corrupto. Ele acha que está certo. Ele é esperto! É a escola do bairro que coloca a filha do funcionario na frente, ocupando a vaga que seria de outra criança, é o hospital: “Eu conheço o cara então eu consigo!”. Nomeação do parente, do amigo, para um cargo público. Não sou contra a nomeação de um parente ou de um amigo, desde que seja competente! Infelizmente percebemos que vivemos em uma nação completamente amarrada com a corrrupção.

Isso é também decorrencia da formação histórica do nosso país?

Desde quando os portugueses chegaram aqui e os indios se venderam. Continuam, se vendendo até hoje. Hoje temos uma placa no país escrito: “Vende-se”. O Brasil está sendo vendido! O que vejo são doenças e mortes antecipadas. Viajo pelo Brasil a trabalho. Há uma grande falta de saneamento básico, ninguém fala sobre isso. Há falta de educação, isso vira discurso, só palanque. Tem dinheiro, tem como resolver  so que precisamos de políticos com brios que digam: “ Eu estou ganhando muito, não preciso disso tudo! “ Quem tem coragem? Está tudo corrompido. O miserável está trabalhando para pagar as contas dele, andar certinho.

O jovem vem com esse espírito novo?

A principio sim, mas acaba se entregando também. O pensamento corrente é : “È assim mesmo! Nada vai mudar!”. Fica em uma zona de conforto. Sou ator, apresentador de conteúdo, palhaço, apaixonado pelo que eu faço, gosto de tratar das causas que me deixam sensibilizado: a criança do amanhã, o idoso de hoje, quero buscar patrocínio, empresas que sejam solidárias, as pessoas podem ligar para mim pelo Whats App 011 98195 8821. 

 

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