sábado, outubro 21, 2017

CÉSAR GUIMARÃES – CIRCO FIESTA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 26  de agosto de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/                     


http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: CÉSAR GUIMARÃES – CIRCO FIESTA

 

César Guimarães pertence à quinta geração de uma família de artistas de circo. Nasceu a 5 de julho de 1962 em São Paulo, no bairro Tatuapé, nessa época o circo do seu avô materno apresentava-se nos bairros paulistanos. É filho de Orestes Guimarães e Haimee Del Duque Guimarães que tiveram quatro filhos: César, Celso, Célia e Cintia.  Conforme uma das características de circo na época os filhos nasciam dentro de uma barraca, com a parteira acompanhando. César teve o que ele chama de privilégio, de nascer na Maternidade do Tatuapé, que já nem existe mais.  É presidente da Cooperativa Brasileira de Circos com sede em São Paulo.

Sua família trabalha no Circo Fiesta também?

Trabalha, a minha esposa Jaqueline Pepino Guimarães, assim como nossos filhos. Artur, que é o Palhaço Bombinha, ele acabou adotando o nome do bisavô por ouvir várias histórias, e a Bruna.

O seu pai já trabalhava em circo?

Meu pai não. Ele morava em Lins e conheceu a minha mãe apresentando-se no circo. Ela trazia a tradição familiar do circo. Como a maioria de casais circenses as paixões acabam ficando restrita ao pessoal do circo, principalmente na década de 60 era bem difícil uma pessoa de circo casar-se com alguém da “cidade”.  Acredito que entra como um dos fatores o tempo, antigamente as pessoas levavam um bom tempo conhecendo-se, um tempo para se apaixonar, e o circo não permitia isso. O circo está sempre andando. Até por questões econômicas, alguém que se apaixonou por alguém do circo, principalmente no caso do meu pai, que se apaixonou pela menina do circo, tinha esse cuidado sempre, para ele ir até a cidade onde o circo estava não custava pouco. Minha mãe tinha uns 18 anos na ocasião. Ele se apaixonou pela artista do circo e ia seguindo-a. Isso faz parte dessa coisa maravilhosa de circo, lúdica. Atualmente nem tanto, tudo está mais ágil. As pessoas casam de um dia para outro. Ou nem casam. E às vezes casam, mas não se apaixonam!

Seus avôs maternos eram também de circo?

Meu avô materno chamava-se Liberto Del Duque foi o famoso palhaço Bombinha. Ele era oriundo do teatro de variedades do Rio de Janeiro. Era uma família de artistas de teatro e comerciantes, eles tinham padaria no Rio de Janeiro. Com ele aconteceu a mesma coisa, foi atrás da bailarina, da princesa, a acrobata do circo: Amaíde Alves. Ela tinha 11 irmãos que eram uns “trogloditas” fisicamente. Imagine uma família de acrobatas que cuidava de três irmãs! Ele foi valente, desbravador, decidiu deixar o Rio de Janeiro e ir atrás da paixão da vida dele, a minha avó foi quem fez tornar-se circense. A ter um circo, e também o foi o motivo dele se desfazer do circo na década de 70, quando ela faleceu.  A história dele dá um perfeito romance. Ele tinha essa veia artística oriunda do teatro, sempre foi um bom cômico. Ele adquiriu um circo, só que quando entregaram não era o que ele tinha comprado. Ele foi até um subdistrito de São Paulo,

em Guaianazes, onde fez um circo novo, o Circo Teatro Guaianazes. O circo do Palhaço Bombinha.

Como foram os seus estudos?

Estudei por um período em São Paulo, decidi fazer a Escola Pan Americana de Artes, para quem quer trabalhar com artes o desenho é o básico para tudo, até para a arte da representação. Fui atrás disso na época em que o meu avô vendeu o circo e os meus pais ficaram parados em São Paulo. Eles foram trabalhar como funcionários de empresas. Só que eu e meus irmãos não agüentamos muito essa coisa de ficar parados. Cada um foi para um lado em busca da vida de circo. Mais tarde meu irmão e eu resolvemos fazer um circo, que é este circo em que estamos. Já passou por várias transformações.

Pode-se dizer que a magia do circo o fisgou?

Não é que ela me fisgou, eu sou parte disso aqui! Sou da quinta geração da qual meu tataravô era um índio. Havia uma trupe de circo que passou por um ponto do Rio de Janeiro, onde tinha um indiozinho que achavam que tinha qualidades para o que eles queriam e levaram-no. Meus filhos são a sexta geração dessa família dentro do picadeiro.

As instalações do Circo Fiesta são muito boas. Contrasta com o circo improvisado.

O circo de maneira geral evoluiu muito, embora ainda existam algumas autoridades que não pensam dessa forma. Até hoje o acidente de Niterói ainda cobra o seu preço. (No dia 17 de dezembro de 1961, ocorreu, em Niterói, o incêndio que deixou centenas de mortos. Apesar dos mais de três mil espectadores, o Gran Circo Norte-Americano não tinha saídas de emergência. Para piorar, a cobertura do circo havia recebido uma camada de parafina, impermeabilizante que contribuiu para aumentar o fogo). Foi um episódio muito triste, mas em decorrência dele o circo brasileiro evoluiu muito. Atualmente temos lona que não propaga as chamas, saídas de emergia dimensionadas e posicionadas para a capacidade do público presente rapidamente deixar o recinto. O Poder Público não chega até o circo para absorver esse tipo de conhecimento que conseguimos por sermos itinerantes. Estamos sempre trocando idéias, sempre conversando com cabeças, pessoas, etnias diferentes. O circo acaba agregando uma gama de conhecimentos incrível. Ninguém se preocupa ou quer saber disso. Tem tudo isso de bom para quem sabe e quer aproveitar e tem também esse fato da itinerância.

Há quanto tempo existe a Cooperativa Brasileira de Circos?

A Cooperativa existe há 10 anos, eu participo há uns 8 anos, e faz oito meses que sou presidente. Temos 21 circos cooperados, 649 cooperados entre artistas, produtores, construtores.

Atualmente há quantos circos no Brasil?

Entre grandes e pequenos há por volta de 900 circos.

É uma forma acessível de entretenimento à todas as classes?

Além de acessível atingimos o público popular onde o circo oferece mais entendimento. É um entretenimento barato e chega a lugares onde ninguém chega.

Quantas pessoas trabalham no Circo Fiesta?

Nessa temporada em Rio das Pedras nós estamos no picadeiro, como artistas, são 18 pessoas, na parte técnica são mais 5 e montadores mais 6, totalizando 29 pessoas.

É rentável?

A coisa do circo vai além de ser rentável ou não. Aqui temos que fazer ser, sentimos a necessidade de prosseguir com isso. O circo para nós é mais do que uma profissão, é um estilo de vida. Nós moramos aqui. Convivemos. Se eu saio de dentro da minha cerca, lá fora eu não sou nada! Não sou ninguém! Aqui o meu filho Artur é o palhaço, chama a atenção das pessoas, principalmente por ser jovem. Mas quando ele sai da cerca para fora ele não é nada! Aqui é o mundo que dominamos. Lá fora para nós é perigoso. Daquela cerca para fora tenho medo, e não é pouco não, é muito. O mundo está meio esquisito e aqui com essa coisa da tradição, uma família cuida da outra! Somos muito próximos! Às 24 horas do dia convivemos, trabalhamos, participamos dos problemas, dos sucessos.

Qual é a faixa etária que predomina nos integrantes do circo?

No picadeiro há uma faixa etária de 14 anos, que é o malabarista, o Ítalo, até o Chispita que tem em torno de 60 anos.

O circo pode receber até quantos espectadores?

Até 928 pessoas. Dificilmente lota.

O preço do ingresso é padrão ou é variável?

Procuramos adaptar o preço do ingresso ao perfil econômico da cidade. Assim como o espetáculo também de uma cidade para outra é variável.

Há lugares privilegiados, camarotes, que custam mais caro?

No meu circo eu não gosto muito disso! Acho que o circo é o lugar onde tudo converge para uma coisa só.

A sua participação inclui em atuação no espetáculo?

Quando estou com muita saudade entro no picadeiro e me apresento como o palhaço Beijinho. Às vezes atuo como palhaço junto com o meu filho, como ele é bem mais jovem e eu não pude jogar futebol com ele, o que vou dividir com ele é uma brincadeira no picadeiro.

Vocês levam diversão para todo mundo, qual é a forma de lazer que praticam quando estão de folga?

Temos uma vida como todo mundo. Pode ser um cinema em uma segunda feira. Os espetáculos são apresentados de quinta a domingo. Segunda, terça e quarta-feira são reservadas para espetáculos filantrópicos, ou alguma coisa vendida.

A oferta de ingressos gratuitos à escolares é uma ação social?

É uma ação social e de formação de público. Os quase dois mil estudantes que vieram aqui em Rio da Pedras, em sua maioria nunca tinha entrado em um circo. Fazemos uma pesquisa, o jovem hoje está mais voltado a um smartphone, em internet. Pelo que percebemos não vão sentir falta de alguma coisa que nunca viram, mas ao ver um espetáculo ao vivo, reconhecem que o conteúdo de uma telinha de celular ou do computador, existe de verdade. Participam. Acaba virando uma loucura. É emoção a flor da pele. Vir ao circo é diferente de ir ao cinema, teatro. Quando você entra em um circo entra em um universo que tem de tudo. Pessoas diferentes.

Esses espetáculos são criados por quem?

Eu crio, às vezes em parceria com colegas de profissão, do circo, do teatro, com o tempo vai-se adquirindo alguns parceiros ótimos. Há uma interação muito grande. O circo é uma fonte onde todas as linguagens da arte cênica acabaram bebendo. A televisão brasileira não seria como é se não houvesse o circo antes dela. Assim como o teatro. Inicialmente buscaram inspiração no circo, depois criaram coisas. O circo leva ao interior do Brasil aquilo que está nas grandes capitais. Na década de 60 o circo levava o teatro. Na de 70 as duplas caipiras. Na de 80 e meados de 90, os animais, o zoológico. Atualmente temos as brincadeiras inocentes e divertidas. trapezistas, malabaristas, contorcionistas,mágicos. Em 2008 ou 2009 demos um espetáculo chamado Psicodélico, contava a história da década de 70 no Brasil, montamos em uma área nobre de São Paulo, junto ao Memorial da América Latina, por ter essa característica nostálgica, vários artistas da TV Record assistia ao nosso espetáculo, o estúdio é ali ao lado.  

A Escola Picadeiro, anteriormente na Marginal do Pinheiros em São Paulo e hoje em Osasco, formou muitos artistas circenses. Inclusive artistas que foram para a televisão, para o teatro.

O ator Marcos Frota tem uma relação muito forte com o circo?

Ele é um apaixonado pelo circo. Quando começou a dar os primeiros passos no trapézio foi com a nossa trupe, da nossa família. Nessa época estávamos no Rio de Janeiro. É  característica do circo ter que andar. Com o meu circo o local mais distante para o qual fomos foi Vacaria, Rio Grande do Sul. Como artista estive em Valdívia, no Chile, eu era trapezista do Circo Orlando Orfei. Nessa época o Marcos Frota nos conheceu e começou a ensaiar conosco. O trapézio é um desafio, é uma das propostas do circo, o entendimento, a confiança entre os artistas. Você não irá passar pela mão de uma pessoa em quem não confia! Isso nós aprendemos ainda pequenos, temos que confiar em alguém para dar nossos vôos, confiar em alguém para chegar a algum lugar seguro. Infelizmente, por questões econômicas, o circo deixa de formar trupes, esses números com bastantes artistas participando acaba sendo financeiramente inviáveis.

Quantos anos o senhor trabalhou como trapezista?

Uns nove anos. Meu irmão e meus primos eram excelentes trapezistas. Eu me dei bem mesmo na comicidade, como palhaço.

Com essa vida corrida dá tempo para ler?

Cultivo o habito de ler, embora nessa vida circense a troca de experiências é muito abrangente.

A curta permanência em cada cidade leva a um distanciamento da população em seu cotidiano?

Existe certo distanciamento quase que natural de ambas as partes. O circense fica inibido em se apresentar a uma pessoa e dizer que é de circo. Existe preconceito e muito! O filme “O Palhaço” de Selton Mello retrata examente isso. Postos de saúde não atendem o itinerante, do circo, do parque.   Consideram que a prioridade é para quem é da cidade. Não entendem que aquilo é um recurso para brasileiro! Não é para um cidadão específico de cada lugar. Isso provém de um imposto que eu também pago! Não considero essa atitude como falta de cultura mas sim falta de instrução. Não é a pessoa que está balcão recebendo quem quer que seja, essa pessoa não tem culpa se não foi instruido para aquilo.

Qual é o período de permanência em cada cidade?

Depende de cada cidade. Cidades menores ficamos as vezes dois finais de semana, o Circo Circo Stankowich têm uma das suas unidades que está na Radial Leste, em São Paulo, já ha dois anos.

A cidade de São Paulo é a melhor opção financeira para o circo?

Eu acho que não! Gosto mais do interior! As pessoas são mais receptivas, a relação com o poder público é menos burocrática.

O afluxo de público ao espetáculo do circo diminui quando?

As condições meteorológicas: frio, chuva, influenciam muito. Têm certas informações muito valorizadas péla mídia que atemorizam a pessoa: não saia de casa que a inundação pode atingir-lhe, cair em um buraco e morrer afogado. Enchem a pessoa de terror, que é o papel de quem está vendendo esse tipo de coisa. As pessoas acabam ficando assustadas: não vamos sair quando chove, nem quando venta, nem quando faz frio.

O artista de circo é formalmente documentado?

A maioria não. Essa informalidade faz parte do nosso cotidiano. Aqui eu não trabalho, eu vivo! Os valores estão mudando, no mundo inteiro. A maioria das pessoas não trabalha para serem milionárias ou ricas, trabalham para viver bem.

Não passa por sua cabeça fixar-se em um local, ter vizinhos?

Isso para mim é estranho. O fato de permanecer o tempo todo em um lugar só é estranho. Da mesma forma que é estranha, a uma pessoa radicada em algum lugar, ficar viajando sempre.

Essa enormidade de lonas, estruturas, cadeiras, infra-estrutura de energia elétrica, água, quanto tempo demora a ser montada?

O ideal é começar a desmontar em um domingo à noite, após o ultimo espetáculo e estrear em uma sexta-feira em uma cidade distante até 150 quilômetros. A lona de cobertura tem 36 metros de diâmetro, 13 metros de altura, pesa 6 toneladas, sendo que ela pode ser dividida em 4 partes, para erguer e abaixar existe todo um sistema de motores, o circo evoluiu muito nessa parte.   Para desmontar abrimos as costuras das lonas, enrolamos a lona colocando em cima de um caminhão que estacionamos no meio. A lona é fabricada em São Paulo pela empresa Arturito, o proprietário é um mestre em fabricação de lonas, filho de argentinos, começou de forma artesanal e hoje é considerado um dos maiores do mundo nesse ramo.  Esse tempo de montagem e desmontagem varia muito. Depende do tempo que você tem. Cheguei a montar circo em dois dias, um dia e meio. Assim como cheguei a demorar dez, quinze dias. Quando temos muito tempo para montar o circo o ritmo muda, a necessidade é outra, encerra o trabalho mais cedo, vai fazer um churrasco, compartilhar com os colegas. Para montar em dois dias temos que atravessar a noite trabalhando. Temos nosso transporte próprio, quando algum veículo quebra algum colega de outro circo manda um veículo para substituir. Essa união tem que existir, a concorrência é bem saudável. Só quem é de circo sabe o que o circo passa.




E as cadeiras?

A história dessas cadeiras é muito interessante. São as antigas cadeiras do Parque Antártica! De aço. Devem ter ficado no estádio do Palmeiras por uns 50 anos ou mais.

Os filhos dos circenses freqüentam escolas?

Freqüentam a escola, ensaios. Há uma lei criada por Jânio Quadros e melhorada no Governo Sarney, meu filho está estudando em uma escola na cidade em que estamos.

Há cidades que dá vontade de voltar?

Queremos voltar em quase todos os lugares, com exceção daqueles em que não queremos voltar, são poucos e momentâneos, não é de acordo com que o povo proporciona, mas sim de acordo com a administração. Teve cidade em que o Secretário da Cultura afirmou que não permitia circo na cidade dele! Isso pode até provocar uma comoção política dentro da cidade. Se um vereador adversário desse secretário escuta uma afirmação dessas pode até convidá-lo a ir à tribuna da câmara municipal. Em uma situação dessas irei com o maior prazer! Fiz isso várias vezes, é interessante desmascarar esse tipo de pessoa. O fato de ter alcançado um posto político não significa nada, não significa que seja melhor do que ninguém, ele se acha o dono da cidade. Também acontece ao contrário, às vezes aparecem algumas pessoas como o André Sturm  que é o atual Secretário da Cultura do Município de São Paulo, ele é simpazante do circo,  criou o Festival Paulista de Circo, foi criação do André Sturm quando ele trabalhava ainda na Secretaria  da Cultura do Estado de São Paulo, era o responsável pelo fomento da Secretaria, esse festival existe hà 10 anos. Foram quatro anos em Limeira e estamos fazendo o sexto ano que é realizado em Piracicaba.

Quantos circos participam?

De espetáculo serão 12 circos  tradicionais itinerantes, mais de 40 grupos conteporâneos, é uma mescla de circos que vale a pena ir. São três lonas de circo e um galpão de lona. Fora as intervenvões em vias públicas, números aéreos externos. Isso fez o circo paulista dar uma efervescida.Capacita o circo paulista, é ótimo para o circo.

Circo paga imposto?

Pagamos o ISS Imposto Sobre Serviços! Com exceção de São Paulo, a maior cidade do país, que não cobra imposto do circo. O valor é pago com dificuldade e para o municio que recebe é extremamente insignificante perto da sua receita. Acredito que significa mais o tipo de parceria que a Prefeitura de Rio das Pedras fez: o prefeito Carlos Defavari através do seu Secretário da Cultura Mario Antonio Cavicchioli (Marito), permitiram-nos trabalhar em troca de alguns espetáculos para escolas, pessoas carentes. O valor financeiro a ser recolhido é menor do que o valor cultural.

Sua esposa trabalha no circo?

Trabalha na parte administrativa. Tem o olhar dela, crítico, artístico, direção de espetáculo.

Há uma percepção de qual cidade é melhor, a afluência de público é maior?

Já tivemos, hoje com essa crise louca não temos mais percepção alguma.

A crise afetou também o circo?

Quando está chegando uma crise os primeiros a sentir somos nós do circo. Quando a crise está indo embora os primeiros a sentir somos nós. Trabalhamos muito próximos do povo, que é quem faz girar a economia.

Os economistas já descobriram que o circo pode ser um termometro muito afinado com a economia?

É o que eu dise anteriormente, o circo carrega muito conhecimento. Quando o circo começa a ir mal já pensamos: Está vindo uma crise ai, daqui a pouco vai refletir no governo central. Se o circo estiver cheio é porque o povo está em condições financeiras de vir. Quando a economia estava crescendo foi bom para a cultura de uma forma geral. Não só para o circo.

O circo já promoveu apresentação de novos talentos?

Com o Marcos Frota , em Belo Horizonte, ele estava começando uma temporada e precisava incrementar um projeto dele chamado Unicirco Universidade Livre do Circo, tinhamos um programa chamado Picadeiro Aberto, toda segunda e terça-feira abríamos o picadeiro do circo, com entrada grátis, para artistas que quizessem se apresentarem, mostrar o seu talento. O bananinha, do SBT foi um dos que se apresentaram ali. O Marcos Frota vinha para treinar o trapézio conosco no Circo Orlardo Orfei, depois eu trabalhei no circo dele o Marcos Frota Circo Show por três anos.  Nós do circo temos um ditado: “Quem toma banho de água que escorre pela lona do circo nunca mais sai dele”. Essa frase já foi mais extensa, : ...O  perigo é pisar depois na serragem”. Hoje já não se coloca mais serragem no picadeiro. O circo é um lugar simples, é um trabalho da nossa família feito para outras famílias.


É um humor ingenuo?

O circo ainda têm esse cuidado. Pode até parecer um trabalho fora de moda, mas é como desejamos fazer. As vezes é mais fácil provocar o riso com uma palavra chula. O nosso cotidiano é saber do simples tirar o que é bom.

Vocês trabalham com mídia eletronica?

Temos uma página no Facebook: Circo Fiesta, é um canal de cumunicação com o público, e é muito utilizado. È uma possibilidade do circo mostrar para essa nova geração essa coisa maluca que eles acabaram de ver quando vieram assistir a um espetáculo. Talves eles saiam com a mesma sensação que gerações anteriores sairam quando eram mais jovens e iam a um circo. O circo perdeu algumas gerações: a passada, a presente e a futura. Quem não vem ao circo, lá na frente não irá trazer alguém para assistir a uma apresentação. Porisso que temos que ter esse trabalho de formação de público. O circo hoje depende quase total mente da bilheteria. Coisa que outras áreas da cênica já não fazem mais. Todas elas se não tiverem patrocínio simplesmente não fazem. Náo temos a pretensão de educar ninguém para que venha para a cultura, ou chamar a atenção.Para que o governno olhe pela cultura. O Brasil tem necessidaes básicas mais urgentes: a saúde,a educação, a segurança. Temos perfeita consciência disso.

Como vocês trabalham com a segurança?

. O indivíduo respeita a entidade circo. Sendo ele gente boa ou não, em algum momento da sua vida o circo fez parte do seu lúdico

Já fizaeram espetáculos em presídios?

Fizemos! As reações deles são muito boas, há a necessidade deles em ver arte, pessoas, interagir com alguém, sentirem livres, poder ver o espetáculo, aplaudir. O circo vai até eles, é montado como espetáculo. Realizamos apresentações nos presídios do interior de São Paulo, Minas Gerais.

Há diferença de comportamento entre o público de cada região?

Muito! O nordeste prefere mais espetáculo carregados de palhaço, mais picardia, no sul já preferem uma apresentação mais clássica. O interessante é quando conseguimos levar o espetáculo de um para o outro lugar, também é bem aceito. O Circo Bartolo levou para uma temporada um palhaço nordestino. na Praça Onze, Rio de Janeiro, que é um  terreno sagrado para circo. Durante meses ele foi atração cultural da cidade. Se não me engano ele foi por três vezes capa da Veja, edição local, do Rio de Janeiro.No Sul com o público acostumado com o teatro você consegue trazer para dentro do circo e ele se espantar com alguma coisa. Fizemos um projeto que se iniciou em Curitiba, chama-se Picadeiro Solidário, em parceria com o SBT e alguns patrocinadores, a entrada para o circo era um quilo de alimento não perecível. Foi um sucesso. Arrecadamos toneladas de alimentos. O povo quando vê que é uma coisa séria , ele ajuda. Se você pode dar um pouco do que é seu para alguém, sempre é bom. O ser humano acha que não têm tempo e isso ele têm, só que está atras de outros valores. Tenho a convicção de que isto está mudando. O circo permite conhecermos mais as pessoas. Você não consegue conhecer o mundo ou as necessidades dele, o que você pode oferecer ou receber dele se não circular. Você não conhece pessoas e o mundo é feito de pessoas. No simples há muitas cooisas boas. Os adminastradores nossos, de qualquer área, estão distantes do simples, do povo, da vida na verdade. São burocratas, estão atrás de uma mesa na frente de um computador e acham que o mundo é aquilo ali. O contato interpessoal é muito importante.

O senhor fêz curso de teatro?

Fiz...na vida!

Quando e aonde será apresentado o próximoFestival Paulista de Circo?

Será realizado de 1 a 7 de  setembro no Parque Engenho Central de Piracicaba - Av. Maurice Allain, 454 Piracicaba  Nos finais de semana estará funcionando das 13:00 às 22:30 horas, sem intervalo. A entrada é gratuita.

 

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