sexta-feira, julho 29, 2016

ROGÉRIO LEME

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 30 de julho de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 


ENTREVISTADO: ROGÉRIO LEME 

Rogério Leme nasceu em Piracicaba a 9 de outubro de 1976, filho de Paulo Leme e Doralice Vinagre Leme. Seu pai é Primeiro Tenente, militar da reserva, foi bombeiro, teve como uma das suas funções ministrar aulas de Segurança no Trabalho junto a empresas de Piracicaba. Foi muito conhecido como Sargento Leme, em função do cargo que ocupava. Os pais de Rogério Leme tiveram quatro filhos: Paulo, Eduardo, Andrea e Rogério.
Você é casado?
Sou com Juliana Leite Leme. Tenho dois filhos, Gabriel e Giovana.
Você é religioso?
Sou, pertenço a Igreja do Evangelho Quadrangular, e já faz 10 anos que vi uma nova realidade na minha vida. Temos uma mídia na Igreja, onde transmito o culto ao vivo, pode ser sintonizado através da internet no endereço https://www.youtube.com/user/marcaoieqpira.com
Seus primeiros estudos foram em que escola?
Estudei no SESI 164 na Paulicéia até a quinta série. Costumo afirmar que sou um dos primeiros da geração Y. (A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet. Essa geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica, facilidade material, e efetivamente, em ambiente altamente urbanizado, imediatamente após a instauração do domínio da virtualidade como sistema de interação social e midiática, e em parte, no nível das relações de trabalho). Não gostava do estudo formal, porém sou muito autodidata. Iniciei trabalhando como Office-boy em um escritório de contabilidade, era nosso vizinho, o Salvador, foi quem me deu a primeira oportunidade de trabalho. Também foi o meu primeiro contato com a informática, com a qual tenho uma forte ligação, quando tive que trabalhar com computador identifiquei-me muito. Isso na época em que o monitor era integrado a CPU, era uma peça só, a tela em fósforo verde, monocromática.Era o que tinha de moderno na época.
Você ficou até que idade no escritório de contabilidade?
 Após algum tempo, já com 18 anos, trabalhei como Inspetor da Zona Azul, isso na época em que se anotavam os papeizinhos colocados nos para brisas dos veículos. Lembro-me que a empresa era a Provac Drim. Com o meu salário passei a pagar um curso de informática, se não me engano era o Office-95. Era mexer no Word, Power Point a escola chamava-se Bit Company, do Marcelo. Infelizmente não via nenhuma perspectiva na empresa em que trabalhava na Zona Azul. Eu gostava mesmo era de informática, conversei com o Marcelo, diretor da empresa. Disse-lhe: “-Quero um serviço na área de informática”, Isso foi em 1997. Uma área com a qual me identificava e tinha muita facilidade em aprender. Ele me trouxe até a Rádio Educadora de Piracicaba e me apresentou ao diretor da rádio na época, o Celso Melotto.O antigo operador que trabalhava na rádio era o Adalberto (Dal) Yamanaka, ele estava mudando para o Japão. Ele ia ficar trabalhando só mais uma semana, eu tinha apenas uma semana para aprender. Nessa semana eu aprendi tudo que foi possível, com o passar do tempo fui me aperfeiçoando. Assim tornei-me Operador de Gravação. Já passei por estúdio, como experiência, mas iniciei trabalhando na gravação. Há diversas formas de denominar o meu trabalho, cada um determina o termo que preferir: Operador de Gravação, Produtor de Áudio. Sou o responsável pela parte técnica, toda parte de gravação da rádio. Entrei para trabalhar na Rádio Educadora de Piracicaba em 5 de março de 1997.



Quando você começou a trabalhar na rádio, a informática estava dando os seus primeiros passos no Brasil?
Na realidade ela estava iniciando. A rádio já possuía computadores, já estava informatizada. Em 1997 já existiam alguns softwares que gerenciavam os comerciais, eram baseados no sistema DOS (Disk Operating System ou sistema operacional em disco). A captação dos comerciais antes de 1997 era feitas em cartucheiras de som, quando entrei estavam começando a eliminá-las, eu estava passando tudo para o computador.
Você chegou a utilizar fitas em rolo?
Usei rolo! Gravei muitos programas em rolo. Marcava o ponto certo de inicio de gravação com um papelzinho, isso era uma pratica comum a todas as rádios do Brasil. Eu só não editei programas em fitas de rolo, alguns diziam que até “giletavam”: passa a gilete, tira o pedaço que não interessa e cola geralmente com fita adesiva. Eu não peguei essa época, já entrei no período novo.
O uso da informática no seu trabalho proporciona um uso quase ilimitado?
Tanto os recursos da informática como a chegada da internet facilitou muito. Como eu peguei o inicio da informatização da rádio, lembro-me que precisávamos passar as musicas, temos uma discoteca muito grande na Rádio Educadora. Muitas vezes precisava de uma música tinha que ir correndo até a discoteca. Procurar o disco, a faixa que continha a música, colocava no toca-discos, gravava em tempo real no computador, dava uma editada, alguns softwares conseguem tirar ruídos, chiados, é o que chamamos de remasterização, digitilizava a musica e passava para o computador. Hoje através do computador você entra no YouTube e encontra a musica que desejar. Muitos artistas já colocaram suas musicas na internet, com isso formou-se um acervo muito grande. Lembro-me que nosso diretor ia para Las Vegas em feiras voltadas á área de rádio, e ele trazia CDs com efeitos especiais, trilhas sonoras. Eu ficava ouvindo horas e horas, pesquisando, vendo o que ele tinha trazido de novo para utilizar nas propagandas. Hoje com a internet é feita uma pesquisa, encontrado o som procurado ele está disponível. Existem sites especializados em trilhas sonoras.



Como é a convivência da internet e o rádio?
A meu ver, se complementam. Se você mora em uma zona rural, onde às vezes não tem nem eletricidade, e isso ocorre no Brasil, o que irá chegar ao ouvinte do rádio de pilha é o rádio. Em uma cidade grande, com a facilidade da internet, do smartphone, você consegue ouvir a sua rádio preferida através do smartphone.
Ainda é utilizado rádio de pilha?
Conheço diversas localidades rurais, inclusive em outros Estados, aonde eles ouvem muito o radinho de pilho. É algo muito interessante. O rádio tem ainda uma penetração muito grande.
Aqui você opera para a rádio em AM e em FM?   
Sou produtor das duas, faço tanto a produção para a Rádio Educadora de Piracicaba como para a Jovem Pan FM. No caso da Jovem Pan FM, como é uma rádio via satélite, nós não realizamos uma programação local, toda programação vem de São Paulo. Temos um horário comercial local, cuja produção eu que faço. O Departamento Comercial vende a propaganda e eu faço a produção do comercial vendido. Já a Rádio Educadora, como é uma rádio local, não só as propagandas como as vinhetas, toda a plástica da Educadora é feita por mim.
Há casos do anunciante que deseja fazer uma propaganda, mas não tem a mínima noção de que forma poderá fazer?
Isso é muito comum acontecer. A pessoa quer anunciar, mas não entende de que forma poderá fazer isso para ter o sucesso esperado. Nesse caso damos toda infra-estrutura, ao conversar com a pessoa já se capta a mensagem que ela quer transmitir. Consigo fazer todo acompanhamento desde a venda, criação e finalização. Só não faço a programação porque não é responsabilidade minha, tem uma pessoa responsável por fazer a programação.
O oposto também ocorre? Onde o cliente conhece o assunto e exige muito da produção?
Temos que entender que a rádio é uma retransmissora de comercial e não uma produtora. O que é comum acontecer, por exemplo, o cliente quer que coloque a voz de uma criança, nós não temos estrutura para isso. Conseguimos fazer muitas coisas, mas no limite. A propaganda cantada, que denominamos jingle, não há uma estrutura á disposição, isso por vários motivos. Para se criar uma musica tem que ser um maestro. Há a necessidade de entender de musica. Já fui músico, mas não sou maestro e nem realizei estudos para fazer composições musicais com finalidade comercial.
Você teve uma banda?
Tive uma dupla sertaneja. Cresci ouvindo musica sertaneja, minha mãe sempre gostou desse estilo de música. Na época eu tinha uns treze a quatorze anos, mudou-se em frente de casa um vizinho, devia ter uns sete anos. Quando foi inaugurado o Shopping Piracicaba veio uma dupla cantar, eram Clayton e Cristiano. Esse meu vizinho foi cantar. Ele sempre gostou de musica, começou a cantar, e por brincadeira começamos a cantar juntos musicas sertaneja. Fui aprendendo a cantar a segunda voz. Interessei-me cada vez mais, a medida que ia crescendo ia me informando mais. O tempo passou, eu passei a trabalhar na rádio onde tínhamos um programa com o Maestro Cidão. Ele tinha um programa aos domingos em que tocava musicas de banda de corinho. Ee tinha uma escola de música. Um dia perguntei-lhe se conhecia alguém que estava precisando de uma segunda voz. Coincidiu que um rapaz chamado Alex, com quem formamos uma dupla, era aluno do Cidão. E o Alex estava precisando de uma segunda voz. Assim montamos uma dupla sertaneja: Alex e Marcos. Cantamos de 2000 a 2006, fizemos muitos shows, em Piracicaba, cidades vizinhas até em outros Estados. Cantamos em diversos eventos da cidade de Piracicaba, como a Festa de São João em Tupi. Fizemos a abertura para muitas duplas. Eu fazia vocal e tocava vilão, tínhamos bandas que nos acompanhavam.
Qual foi o motivo de não continuarem?
Talvez a principal causa tenha sido que para dedicar-se a esse mundo artístico tem que abrir mão da família. Em 2006 houve uma grande transformação em minha vida, na forma de ver o mundo. Decidi que estava no momento de parar. Conversei com o meu parceiro, decidimos juntos, sem nenhum problema. A meu ver foi a melhor escolha da minha vida.
Você continuou na rádio?
Sempre na rádio! Coloco o meu serviço na rádio em primeiro lugar, honro meu trabalho.
Ai surgiu outra paixão, que é a fotografia?
Já estou a quatro anos fazendo fotografia. Tudo começou com uma conversa com um amigo onde despertou a minha curiosidade e o meu interesse. Sou amigo de um professor que tem uma escola de fotografia na cidade, o Jefferson Palladino, fiz o curso com ele, comecei a me aperfeiçoar, me identifiquei muito com a fotografia como com a pós-produção. Fotografia digital não é apenas tirar a foto, tem a pós-produção. Na própria escola fiz outro curso com o Ricardo Moraes, sobre filmagem e edição de vídeo. Como conheço um pouco de áudio penso que posso juntar o áudio com o vídeo. Tem um pessoal que trabalha com filmagem que diz que cinqüenta por cento da qualidade é o áudio, se o áudio não estiver bom o vídeo perde muito sua qualidade. Hoje faço filmagem e edição de vídeo também.
O que é pós- produção?
É editar as fotos, colocar os efeitos, realizar fotos artísticas. Fazer o álbum.
E o famoso “Book” que algumas modelos gostam de fazer?
É o ensaio, já fiz book para lojas.
Você algumas vezes tem que tirar as imperfeições naturais da modelo?
Isso faz parte da pós-produção! Eu mesmo que faço.
Qual é o maior problema comum nas modelos?
Não existe um problema em comum. Cada foto é tratada de uma maneira, cada modelo de uma maneira,
Ombros caídos, por exemplo?
Isso na realidade na hora de fazer a foto tem que ter um olho meio clínico e já acertar na hora, porque depois a pose errada você não tem como consertar. Uma gordurinha a mais no Photoshop dá para tirar. Algumas vezes uma imperfeição na pele dá uma tratadinha. Existem casos e casos. Se você vai fazer fotografias para uma loja de roupas e tem uma agência por trás, é a agência que irá fazer as exigências. No caso de fazer um ensaio para uma pessoa comum, você pede para ela contratar uma boa maquiadora, acerta o cabelo, escolhe umas roupas bonitas e faz a foto no momento.
O ideal é fazer fotos coloridas ou pretas e brancas?
Não existe uma regra. Algumas vezes após tirar a foto descobrimos que ela fica ótima em preta e branca. Coloca-se em preta e branca.
Isso significa que foto em preta e branca não está defasada?
Não! Muito pelo contrário! Sebastião Salgado só faz fotos em preto e branco.
Como funciona a revelação?
Hoje como a fotografia é digital, existem softwares de edição de fotografia, basta pegar o cartão de memória da máquina fotográfica e colocar no computador. Ali que você irá colocar contraste, luz, tirar sombra, colocar sombra, por um efeito, faz a produção toda no computador. Para revelar existe um grande numero de empresas que revelam. As fotos são enviadas por e-mail.
Como fotografo você realiza fotos de casamentos, qual é a maior dificuldade em fotografar um casamento?
Um fato me incomoda muito. Com o avançar da tecnologia, principalmente com o advento do smartphone, é fácil todo o mundo fazer fotografias. O pior fato é quando o fotografo vai fotografar a entrada da noiva a igreja, e todos os convidados entrarem com o celular na mão. Imagine o corredor, a noiva vindo, com o pai, e todos os convidados que estão no corredor, colocarem o braço para tirar fotos da noiva! Isso atrapalha o fotografo! Tem uma cláusula no meu contrato em que coloco que a foto do bolo dos noivos com os padrinhos, só após o fotografo contratado tirar as fotos iniciais, fica após isso livre para quem quiser tirar suas respectivas fotografias. Se eu for tirar foto e tiver pessoas ao lado fotografando, eu paro de fotografar. Isso porque aparece o pessoal fotografando, os noivos não olham para o fotografo, olham para quem está com um celular de um lado ou um tablet do outro lado. Faço fotos de aniversário, aniversário de criança também.
Aniversário de criança é trabalhoso?
É! Isso também depende da criança, da faixa etária, criança com um ano de idade fica no colo da mãe o tempo todo. Já fiz fotografias de crianças na faixa de uns sete anos, onde corri muito. A criança não para e você tem que correr atrás dela. Você pode imaginar uma criança com sete anos e eu com quarenta anos correndo atrás da criança!
Há também casos de jovens, que aos quinze anos em média, fazem festas grandiosas, e algumas podem achar que a fotografia foi inferior a sua beleza?
Toda mulher é vaidosa! Cada caso é um caso, pelo fato de ser muito comunicativo. Quando me procuram para fazer fotos, como de casamento, por exemplo, acima de tudo sou o mais profissional possível, no entanto procuro me aproximar como amigo deles. A foto quanto mais espontânea será melhor. Procuro não causar tensão, constrangimento, nos noivos, na debutante. Deixo que eles se sintam a vontade. Por isso quando realizo um contrato para fotografar um casamento faço o que denominamos de pré-wedding (do inglês wedding, que significa casamento). Ou seja, um ou dois meses antes da data oficial do evento, o casal realiza fotos mais despojadas, em locais que os identifiquem. Com roupa habitual, nesse pré-wedding cria-se um vinculo entre o fotografo e os noivos, para no dia do casamento eles ficarem a vontade. Isso pode ocorrer também com debutantes.
Quem é mais vaidoso, o homem ou a mulher?
A mulher é mais vaidosa!
O que é ensaio de gestante?
Esse final de semana eu fiz um ensaio de gestante, é a fotografia da mulher grávida. A mulher tem a vaidade de estar segurando uma vida ali. No ensaio que fiz, a gestante foi com uma roupa adequada, onde aparece a barriga saliente, fiz um ensaio dela e de seu marido, como se os dois estivessem namorando, porém tem o terceiro elemento que é a barriga. Na fotografia consigo dar um destaque na barriga. O inusitado é que pedi para que ela levasse umas roupinhas de bebe e fiz uma composição, coloquei as roupinhas de bebe em uma árvore e pedi que ela sentisse o odor das roupas. No que ela fez esse gesto, apareceram espontaneamente oito sagüis, eu não sabia que na ESALQ tinha sagüis. Acabou por tornar-se uma foto artística.
Quantos profissionais são necessários para fotografar um casamento?
Cada caso é um caso. Há casamentos onde um único fotógrafo faz o trabalho, assim como grandes casamentos que exigem uma equipe.
Você é o profissional que realiza o programa “Pulsares”, um programa realizado pelo Lar dos Velhinhos de Piracicaba e levado ao ar pela Rádio Educadora, 1060 khertz aos domingos ao meio dia. Qual é a sua visão a respeito de um programa feito por idosos?

Esse é um dos melhores programas que já fiz em minha vida. É um programa tão bom de ouvir, traz uma paz tão grande, tenho uma grande satisfação em produzir Pulsares. 

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