sábado, dezembro 05, 2009

HUGO PEREIRA DE LIMA







HUGO PEREIRA DE LIMA




PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de dezembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: HUGO PEREIRA DE LIMA
A frase "O sertanejo é, antes de tudo, um forte" foi escrita por Euclides da Cunha, que se tornou famoso com a publicação do livro Os Sertões, em 1902. O mestre Hugo Pereira de Lima é uma forma viva dessa frase. Sua vida é um retrato do migrante nordestino, com as cores mais marcantes que a realidade nua e crua pode oferecer. A determinação, a luta pela sobrevivência, a incansável maratona para avançar passo a passo, sem renegar seus princípios. Realizou trabalho rude, pesado, suas mãos foram embrutecidas pelo esforço físico. A sua fome por cultura o levou a tornar-se um respeitado poliglota, é reconhecido pelo seu saber, e muito requisitado por pessoas que cursam mestrado, doutorado. Sua marcante simplicidade é natural dos verdadeiros sábios. Mestre Hugo Pereira de Lima é, antes de tudo, um forte!
O senhor nasceu em que cidade?

Sou natural de Maraial, na Zona da Mata de Pernambuco, nasci no dia 30 de novembro de 1940. Meus pais são José Manuel de Lima e Maria Pereira de Lima. Fui criado em Garanhuns, que é uma cidade aonde a temperatura chega até os cinco graus centígrados. Muitas pessoas pensam que no nordeste do país todo lugar é quente, há lugares frios. O nome Maraial originou-se de uma palmeira espinhosa que existia em grande quantidade quando a cidade foi fundada. Embora eu tenha morado lá por três anos e meio nunca vi uma dessas palmeiras. Há muito tempo elas já tinham sido extintas. As pessoas que moram lá sabem a origem do nome da cidade, mas não conhecem a palmeira.
De Maraial o senhor foi morar onde?

Aos dois anos e meio de idade fui levado para Miracica, que faz parte de Garanhuns. Lá eu morava com meus avôs maternos Joaquim Pereira de Araujo e Laura Pereira de Araujo. O meu avô era carpinteiro, marceneiro, ferreiro e tanoeiro. Até hoje o seu nome é famoso na localidade. Era conhecido como Mestre Joaquim, além da sua habilidade, inteligência, era muito afável. Ele era muito respeitado pelos moradores de Miracica.
O senhor herdou um pouco do caráter dele?

Eu creio que herdei quase tudo que sou praticamente! Por mais nefasto que fosse um fato ele não ficava triste. Na época em Miracica não havia funerária, ele fazia muitos ataúdes. Ás vezes ele era acordado por alguém dizendo: “Tem que fazer um ataúde, fulano morreu!”. Ele levantava, me chamava, eu ia junto.
O senhor ajudou a fabricar ataúdes?

Ajudei muito! Era feito com tábuas e revestido com tecido na cor correspondente ao perfil do falecido. Se a pessoa era viúva usava-se pano roxo, se fosse uma pessoa de idade avançada usava-se tecido preto. No caso de crianças, o caixão era revestido na cor azul clara. Quando era feito um caixão para uma criança, dizia-se que era caixão para anjo. Havia uns enfeites prateados, na forma de cruz, de anjo com asa, anjo sem asa. Ficava até bonito!. Como ali era uma região pobre, havia um caixão na Igreja São José, era preto, grande, recebia a denominação de “Caixão de Caridade”. Quando a pessoa muito pobre morria, a igreja emprestava aquele caixão. Era colocada uma mortalha (um pano que cobria a pessoa morta), o caixão era conduzido até aonde a pessoa seria enterrada, era então retirado o corpo, sepultado, e o caixão voltava para a igreja. Esse costume não existe mais nos dias atuais. Na época havia muito o enterro de rede, o corpo era conduzido e sepultado envolto em uma rede. Meu avô se sabia que a pessoa não tinha condições financeiras ele não cobrava pelo caixão. No período em que ele estava fazendo o caixão, isso poderia ocorrer durante o dia ou á noite, era um habito dele contar piadas, rir, para amenizar o ambiente de tristeza da família.
Durante o velório, onde era apoiado o caixão?
Sobre dois cavaletes. As pessoas ficavam cantando as ladainhas, os Bem-Ditos, as excelências, hábitos do folclore, acendiam velas, lá não havia carpideiras. (Mulheres que recebem dinheiro para rezar e chorar por mortos desconhecidos). Minha avó era “tiradeira de excelência”, as pessoas cantavam aquelas excelências. Lá não se chama velório, é Sentinela. Uma característica era o repique do sino da igreja. Quando falecia uma criança havia uma seqüencia de toques. Se a falecida era uma moça solteira era outra seqüencia de toques. Conforme tocava o sino sabia-se as características da pessoa falecida.
O senhor mudou-se de Miracica quando?

Aos quatorze anos de idade voltei a morar em Maraial, onde permaneci até dezessete anos e meio. Não nutria por lá a satisfação que tinha quando morava em Miracica. Resolvi ir sozinho para Maceió.
O senhor já conhecia Maceió?

Não conhecia nada! Fui de trem, era a Rede Ferroviária do Nordeste, antiga Great Western. A Great Western do Brasil Railway Co., empresa inglesa, tinha sido encampada pelo Governo da União. Só que as pessoas mantinham o nome original quando se referiam ao trem. Cheguei a Maceió, fiquei andando pelas ruas da cidade, acabou o meu dinheiro, não tinha como voltar para casa. Eu tinha fraturado a clavícula durante o percurso da viagem de trem Quando já fazia cinqüenta horas que eu não tinha comido nada, fui até uma pensão, subi uma escada, e disse para a dona da pensão: “- Faz 50 horas que eu não como, estou muito faminto, não tenho dinheiro para ir embora, não tenho nada!”. Ela respondeu-me: “-Certo!”. Não me deu comida, não me deu nada. Desci a escada, fraco de fome, segui por uma rua chamada Dias Cabral, quando cheguei ao número, 217 não conseguia andar mais. Só que não era por estar fraco, embora não seja espírita, sentia alguma coisa que me impedia de prosseguir caminhando. Coloquei a mala no chão e sentei sobre ela. Algumas portas têm uma pequena janela, que lá é chamada de postigo, uma jovem senhora abriu essa janelinha e falou: “-Moço! O que você deseja!”. Contei a história. Ela fez um bom prato de comida. Após eu ter me alimentado, ela disse-me: “Meu marido é do Exército Brasileiro, ele está trabalhando. Guarde a mala aqui.”. Ela então me deu algum dinheiro para pagar ônibus e recomendou-me que andasse pela cidade, e quando fosse 4 horas da tarde o seu marido retornaria para casa e eu falaria com ele. Voltei no horário que ela disse, ele havia chegado. Recebeu-me como se fosse uma pessoa conhecida há muitos anos. Ele era Primeiro-Sargento do Vigésimo Batalhão de Maceió. Isso foi em junho de 1958, havia a Copa do Mundo, ia ter um jogo Brasil e França. Ele tinha um rádio que estava sem funcionar. Eu disse-lhe que entendia um pouco de rádio, como eu estava com a mão imobilizada por causa da clavícula, fui orientando como ele deveria desmontar e proceder para consertar. Era rádio á válvula. Consegui consertar o rádio, e ele pode ouvir o jogo. Permaneci oito dias sendo hospedado pelo casal. Voltei para Pernambuco, até a minha casa, onde morava com minha mãe e padrasto. Disse á minha mãe que iria até Miracica, onde morava meu avô. Tomei o trem e fui para Lourenço de Albuquerque, em seguida fui para Propriá, que é na divisa de Alagoas com Sergipe. De lá atravessei o Rio São Francisco em um barco, tomei um trem até Muribé e ai acabou o dinheiro. Naquele tempo guarda-chuva não era como hoje, um bom guarda-chuva tinha valor. Eu tinha um guarda-chuva bom. Vendi esse guarda-chuva e com o dinheiro consegui chegar até Aracaju. Fiquei andando pela cidade, com uma mala na mão. Era de madeira. Permaneci por 3 dias em um albergue de um centro espírita. Fui orientado para que procurasse o Departamento de Migração. Eu não tinha completado 18 anos ainda, e a diretora da instituição por esse motivo não me concedeu a passagem. Permanecei mais algum tempo na cidade, dormindo na beira do mar, no aeroporto.
E como o senhor fazia para alimentar-se?

Conheci um amigo que era gago, chamava-se Gabriel. Saiamos juntos e ele pedia o alimento ás pessoas. Eu não pedia. Fomos para São Cristóvão, que é uma cidade histórica, fomos para Salgado, em seguida para Estância. Sentados em um banco na Praça Rio Branco, decidi que devíamos ir á delegacia como ultimo recurso. Na época o cargo de delegado de policia no Nordeste era ocupado por militares. Um sargento nos acolheu, alimentou e arrumou emprego para nós dois. Fui trabalhar em uma padaria, onde também iria morar. O Gabriel foi trabalhar em uma serraria, brigou com o dono pegou o ônibus, que lá chamavam de marinete e saiu da cidade. Permaneci em Estância por quase dois anos. Fui para Salvador, onde trabalhei em tudo, até pegar caranguejo na loca.
De Salvador o senhor dirigiu-se para onde?

Na época a Irmã Dulce deu uma autorização de passe, que era para retirar a passagem na prefeitura. Fui para Minas Gerais, onde permaneci algum tempo trabalhando no campo. Em seguida passei pelo Rio de Janeiro, São Paulo e fui morar no meio da selva no Mato Grosso. Trabalhei seis meses, o dia inteiro cortando madeira com o machado. Voltei para São Paulo e fui trabalhar em uma empresa cuja sede era em Piracicaba. Chamava-se Sobar, Sociedade Bandeirante de Reflorestamento. Fui trabalhar como braçal, carpindo. Um rapaz que hoje mora próximo á minha casa, chamado Irineu Camargo Peixoto, era meu supervisor, na época era chamado feitor. Nós morávamos em pequenos barracos. Eu ficava ali com muita saudade do Nordeste. Escrevia cartas que jamais mandei, eu as dependurava em um prego. Um dia o administrador, Álvaro Wingeter entrou para fiscalizar o barraco. Ele viu as cartas, leu uma a uma, perguntou quem tinha escrito. Apresentei-me, ele então disse: “-A partir de amanhã você será inspetor!”. Deu-me o material necessário para fazer as anotações. Recebi diversas promoções até passar a administrador.
O senhor fez seus estudos onde?

Até o terceiro ano do curso primário estudei em Miracica. O quarto ano, eu estudei na Usina Água Branca. Voltei para Marial, quando sai de casa tinha o quarto ano primário. O curso de rádio eu fiz por correspondência no Instituto Monitor.
O senhor está concluindo um livro?

O nome do livro é “Histórias Que A Vida Me Contou”. Relata histórias verídicas. Mantenho o nome real das pessoas quando o fato é positivo para a personagem. Quando o fato é negativo dou um nome fictício. As histórias são fatos acontecidos em Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. Cada lugar tem um capítulo, gerando cem histórias.
Quantos idiomas o senhor domina?

Falo o inglês, italiano e espanhol, fluentes, e tenho boas noções de francês. Estudei esperanto com a professora Nair Barbosa.
Como o senhor chegou a Piracicaba?

Pelo fato da empresa ser de Piracicaba, vim para fazer o acerto de contas aqui. Fiquei hospedado em uma pensão. Quando cheguei á Piracicaba tive muito problema com uma palavra: unspardela. Diziam: pegue unspardela! Ou seja: Pegue uns pares dela!
Lembra-se do dia em que o senhor chegou á Piracicaba?

Foi no dia 15 de fevereiro de 1963, entrei na pensão umas três horas da tarde. Essa pensão hospedava muitas pessoas que trabalhavam nessa empresa de reflorestamento.A partir dessa fase eu iniciei uma nova etapa na minha vida. Nessa pensão aconteceram fatos típicos, um deles foi com um mineiro, funcionário da Dedini que ganhou por cinco vezes na loteria esportiva, era uma quantia de dinheiro muito expressiva. Ele acabou torrando tudo e morreu como indigente.
Qual foi o seu primeiro trabalho em Piracicaba?

Fui trabalhar na Usina Monte Alegre, trabalhar no guincho. No meu emprego anterior eu era administrador da fazenda, tinha secretária, era uma estrutura bem montada, onde chefiava 120 pessoas. Todo meu conhecimento na empresa de reflorestamento de nada valia nas atividades da usina. Trabalhei o período da safra por seis meses. Fui trabalhar com raspagem de taco, aprendi com a necessidade! Um dia comprei o Jornal de Piracicaba e vi que a Eneo, que era uma empresa de contratação de mão de obra, estava oferecendo vagas para trabalhar na Dedini. Eu tinha 23 anos. Fui contratado para trabalhar na Dedini, entrei pintando peças. Logo eles perceberam que eu sabia ler e escrever bem, passei a ser apontador, Em 1963 houve um período muito conturbado na nossa história. Com isso muitos funcionários foram dispensados da Dedini. Após algum tempo, esse meu amigo que tinha ganhado na loteria tinha perdido tudo e voltado a trabalhar na Dedini. Ele falou com o chefe e me levou de volta para trabalhar na Dedini. Ao analisarem a minha ficha fui designado para ser inspetor de qualidade, fui promovido a programador de produção, supervisor de programação e depois fui transferido outro departamento como tradutor. Nessa época eu já acompanhava os estrangeiros em visita á empresa.
O senhor conheceu Armando Dedini?

Conheci. Era uma pessoa de um coração maravilhoso, muito humano.
Como o senhor, migrante nordestino falava inglês fluente?

Quando eu morava com meu avô ele dizia: “-Quando esse menino crescer, eu quero que ele fale três idiomas, como Rui Barbosa”. Eu estava fazendo o Tiro de Guerra em Sergipe, havia na cidade um rapaz tido como intelectual. Ele soube que eu havia feito o curso de taquigrafia. Apresentou-me a um professor de inglês, que tinha sido marinheiro e me ensinou conversação. Em minhas andanças, nos períodos de folga eu lia muito. Já em Piracicaba, passando pela Livraria Brasil vi um cartaz: “Aulas de inglês grátis, ministradas por professores americanos”. Era da Igreja Mórmon. Eu já tinha um vocabulário grande. No dia 25 de agosto de 1965 fiz um discurso em inglês, sobre Luiz Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias. Fui muito aplaudido. Permaneci por quatro anos estudando.
E italiano como o senhor aprendeu?

Li no Jornal de Piracicaba um anúncio: “Aulas de italiano grátis”. Inscrevi-me, a professora era Dona Ada Cavioli. Aprendi muito bem o idioma. Na Dedini tive um chefe argentino, José Luiz Castelioni. Combinamos que eu ensinaria inglês para ele e sua esposa e eles me ensinariam o espanhol. Foram dois anos, três horas por semana, dedicados ás aulas. Depois Estudei na Aliança Francesa, com Dona Janine estudei francês. Estudei alemão por dois anos com Dona Briguitte. Simultaneamente dava aula no Lessa, Inglês para brasileiros. No Instituto Piracicabano lecionei inglês em 1978.




























ELIZEU DAMASCENO GOIS


                                                    ELIZEU DAMASCENO GOIS


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 28 de novembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: ELIZEU DAMASCENO GOIS
O Presidente da Câmara Municipal de Rio das Pedras, Elizeu Damasceno Gois é natural da cidade de Marcionílio Souza, na Chapada Diamantina, próxima a Itaberaba, Estado da Bahia. Nascido em 25 de julho de 1970 é filho de Antonio Pereira Gois e Regina Damasceno Gois. Elizeu é um dos 8 filhos do casal, seu pai exerceu a atividade agrícola onde criou boa parte dos filhos, com o tempo mudou-se para um centro urbano, acabando por entrar no meio político, fez parte da administração pública, colaborou na eleição de um sobrinho como prefeito, isso no município de Marcionílio Souza.
Quem nasce em Marcionílio de Souza recebe qual denominação?
O natural de Marcionílio de Souza é marcionilense!
Esse gosto pela política demonstrado pelo pai do senhor o contagiou?
Eu acredito que sim. O político tem uma atuação social muito importante. Sou contra o assistencialismo, acredito que o bom administrador dará á população uma condição de vida melhor, a qualidade de vida depende muito da atuação de quem administra. Acompanhando a atuação do meu pai, pude ver a criação de novos projetos, desde o seu início até o seu desenvolvimento.
O senhor mudou-se para São Paulo em que ano?

Foi em 1989, eu estava já com 18 para 19 anos de idade. Trabalhei em uma empresa de terraplanagem, na área de construção civil, fazia sondagem de solo, com isso viajei muito pelo Estado de São Paulo. Eu sentia a necessidade de me fixar em algum lugar. Não me adapto em cidade muito grande, foi por isso que ao chegar á Rio das Pedras decidi que aqui deveria permanecer. Eu casei-me na Bahia, tenho dois filhos nascidos em Marcionílio de Souza e aqui em Rio das Pedras tivemos mais um filho. Vim para Rio das Pedras em 1993, tinha o desejo de fazer parte da administração pública. Em 2004 participei do pleito como candidato a vereador, tendo recebido 152 votos, não consegui ser eleito, mas fui convocado pelo prefeito Marcos Buzetto para assumir a pasta da Secretaria de Esportes. No dia 2 de janeiro de 2005 assumi a função de Secretário de Esportes. Até então eu tinha concluído apenas o ensino médio, fiz o vestibular na UNIMEP para a carreira de Gestão Pública, com o propósito de exercer a função de fato. Eu sabia que precisava me qualificar para exercer a atividade. Sabia que se fosse eleito no pleito seguinte deveria ter conhecimento técnico e prático. Em 2007 o prefeito sentiu a necessidade de que eu realizasse meu trabalho na Secretaria da Comunicação. Permanecei como Secretário da Comunicação até meados de 2008, quando me afastei do cargo para participar das eleições.
Quais são as atribuições do Secretário de Comunicação de Rio das Pedras?

Os atos administrativos têm que ser divulgados. O Prefeito Marcos Buzetto construiu muitas obras, que foram divulgadas pela Secretaria da Comunicação. Eu consegui acompanhar no período em que estive ocupando a função de secretário, foram 91 obras. Uma administração, mantidas as proporções de cada município, quase igual a do prefeito de Piracicaba, Barjas Negri.
Rio das Pedras construiu um portal monumental em uma de suas entradas, a função desse portal simboliza o que para a cidade?

Trata-se de um portal receptivo para quem chega á cidade. A primeira impressão é sempre a que permanece. Nós tínhamos uma entrada que não era tão bonita, pela SP-127, que vinha no sentido da Usina Santa Helena para Rio das Pedras, e tem outra entrada pela Rodovia Julio Bassa, que vem do sentido da Usina São José para a cidade. São as duas entradas principais da cidade. Nesta segunda entrada temos o problema de uma pequena comunidade morando á beira da pista, em habitações precárias. Foi feita a opção de construir o portal Pilé Degaspari na SP-127. Ao que consta Pilé é um apelido de origem italiana, que significa doçura, coincide com o cognome de Rio das Pedras de Cidade Doçura.
A situação dos moradores dessa comunidade está sendo estudada?

Pedi ao prefeito, inclusive mandei a minuta do projeto, para que se crie um auxilio moradia para as quinze famílias ali residentes. É um desejo meu, que essas famílias possam passar o natal em melhores condições. Hoje eles vivem em situações subumanas, correm risco de contraírem doenças, sofrerem atropelamentos. O prefeito já está remetendo o projeto de lei e estaremos aprovando esse ano ainda. A sobrevivência deles vem da reciclagem, atualmente existe o espaço onde eles moram e o local onde depositam os materiais. Vamos deixar uma área especifica para que eles façam essa armazenagem.
O senhor considera que todo político deve se qualificar tecnicamente antes de candidatar-se á um cargo?

Independente do tamanho da cidade, o legislador, o administrador público, tem que ter qualificação técnica.
O senhor foi eleito vereador em que ano?

Fui eleito em 2008.
Quantos vereadores compõem a Câmara Municipal de Rio das Pedras?
É constituída por nove vereadores.
O senhor foi eleito Presidente da Câmara já em seu primeiro mandato?

Fui eleito por unanimidade. A composição da Câmara foi praticamente reformada nas ultimas eleições. Da gestão anterior só permaneceram dois vereadores. Como faço parte dos sete novos eleitos, pelo fato de já ter assumido duas secretarias anteriormente, acredito que encontraram condições para que eu possa presidir uma câmara municipal. Não houve resistência contra a indicação de meu nome, e nem houve a necessidade de que eu pedisse algum voto de algum vereador a meu favor. Eu achava que um dos dois vereadores reeleitos deveria assumir a presidência, mas ambos declinaram.
As sessões da câmara municipal ocorrem em que dia?

Todas as quarta feiras a partir das 19 horas são transmitidas ao vivo pelo site www.camarariodaspedras.sp.gov.br Nós temos o auditório com capacidade para 100 pessoas, as sessões são abertas para quem deseje freqüentá-las.
Como é o dia a dia de um vereador em Rio das Pedras?

Pelo fato de ser uma cidade pequena, o cotidiano do vereador não é conturbado. A posição ocupada pelo Presidente da Câmara é pior, por ser responsável pela parte administrativa e legislativa da Câmara e a vereança para qual fui eleito. Com isso tenho que me desdobrar, cumprindo o mandato de vereador, falar e cobrar em nome do povo, e administrar a instituição.
A tradicional burocracia normal aos órgãos públicos envolve muitos papéis?

Em todos os setores a burocracia é grande, fato que não é privilégio da nossa cidade, mas de toda a nação. Pretendemos nas novas instalações evitar ao máximo o volume de papéis, usando os recursos da informatização. Vamos evitar a tramitação desnecessária de papéis.



No imaginário popular a figura do vereador é quem resolve todo e qualquer tipo de problema. Se a atividade própria á um assistente social garante votação eleitoral, traz também uma carga de atividades e problemas alheios a função?

A função do vereador é a mesma de um trabalhador. É uma forma de trabalho. Para a população não basta que o vereador fiscalize e cobre a aplicação dos investimentos da melhor forma possível, de tal forma que reverta em beneficio da própria população. O vereador é pago pela população para acompanhar a administração publica do executivo, para saber se realmente estão sendo aplicados os recursos naquilo que foi projetado. É um fiscal do povo. Não é um assistente social! Em Rio das Pedras a cultura assistencialista está mudando. É feito um rastreamento por uma assistente social, onde é verificada a necessidade de quem precisa participar dos programas do governo. Os que realmente necessitem serão beneficiados. Há um impulso natural do vereador em querer fazer esse papel, movido por simplicidade ou até por falta de conhecimento. Quando ele passa a atender e a contribuir com as exigências dos pedidos de alguns eleitores, ele passa a ter problemas pessoais de ordem financeira. Ele descobre que o seu salário não é suficiente para atender as solicitações.
O senhor acredita que a Câmara dos Vereadores de Rio das Pedras não dá espaço para o assistencialismo?

Não dá! Todas as pessoas que chegam com suas necessidades, nós encaminhamos para a assistência social. Lá é feita a triagem e verificada a real necessidade do solicitante.
Rio das Pedras cresceu nos últimos anos?

Cresceu bastante, em população e em orçamento municipal. A migração em si é um problema existente no Estado de São Paulo. A mudança ainda está muito lenta em outros estados. Em um passado mais remoto, Rio das Pedras teve um período em que ocorreu o incentivo de migrantes, com isso uma nova onda de possíveis eleitores, só que a justiça eleitoral se fez presente barrando as ilegalidades, principalmente quanto a domicilio eleitoral.
Como anda o orçamento da cidade?
Dobrou e está quase triplicando. Não só em função de indústrias, mas da própria administração do prefeito Marcos Buzetto.
Há algum projeto de trazer novas indústrias á Rio das Pedras?

Hoje está bastante difícil recepcionar novas indústrias em função da Lei de Responsabilidade Fiscal. Não se permite mais as doações de áreas, as empresas não se contentam com a concessão de áreas, elas querem receber em doação com escritura definitiva.
A formação básica escolar feita pelo município em Rio das Pedras é tida como modelo?

São escolas com nível das escolas particulares de primeira linha. O sistema municipal de ensino público atraiu as pessoas interessadas em um ensino com qualidade.
Existe alguma perspectiva de instalação de indústrias que necessitem de funcionários especializados em Rio das Pedras?
Acredito que isso irá acontecer de forma natural. A implantação de grandes empresas em Piracicaba irá motivar a busca de novos locais para a instalação de empresas fornecedoras de componentes integrados aos produtos dessas grandes empresas. A própria saturação da cidade de Piracicaba fará essa distribuição, o valor imobiliário é um fator favorável a Rio das Pedras. O ISS, Imposto Sobre Serviços em Piracicaba é 5% em Rio das Pedras é 3%.
Há uma tendência de Piracicaba e Rio das Pedras a exemplo do ABCD paulista tornarem-se cidades sem delimitações aparentes?

Irá chegar essa hora, só que acredito que isso não irá interferir muito na administração de ambas as cidades, a exemplo do que ocorre no ABCD.
O que é o projeto de Moeda Circulante Local?

É criação minha! Fui visitar um projeto semelhante, que já existe a 12 anos no Bairro das Palmeiras, em Fortaleza, Ceará, criaram a moeda circulante local para evitar que a economia migrasse para o centro de Fortaleza. Tentei implantar em Rio das Pedras, porque percebemos que as grandes cidades sugam nossas economias, e o comércio local fica patinando. Lancei o projeto da moeda local. O prefeito atendeu a reivindicação.
Como chama essa moeda adotada por Rio das Pedras?

Lá em Fortaleza chama “Palmas”, tomou o nome do bairro Palmeiras.
Em Rio das Pedras será “Pedras”?

Seria talvez. A solução adotada foi diferente. O município adquiria cesta básica através de concorrência pública e os ganhadores eram sempre de outras cidades. Até então Rio das Pedras adquiria cestas de uma empresa de Corumbataí, quase 1.000 cestas por mês, a R$ 78,00 cada uma. É muito dinheiro! Os tributos eram recolhidos pela prefeitura de Corumbataí. O prefeito decidiu passar as cestas de R$ 78,00 para o vale alimentação no valor de R$ 150,00 praticamente dobrou o valor. Será licitado um cartão vale alimentação onde será credenciado o comércio local. Esse dinheiro será investido em Rio das Pedras. Dentro do período de 3 anos de administração do prefeito Marcos Buzetto ele irá investir no comércio local mais de 4 milhões de reais. Isso passará a vigorar a partir de janeiro. Eu acho que essa medida substituiu o projeto da Moeda Circulante Local.
Rio das Pedras tem um potencial turístico?

Eu acredito que existe. Quem explora o turismo é a iniciativa privada, o poder público contribui para o desenvolvimento inicial. Até hoje na administração municipal ninguém se interessou pela Rua Torta. Tanto é que não existe nenhum processo de tombamento, porque a partir do momento em que é feito um tombamento, a responsabilidade pelo patrimônio tombado é do poder publico. A Rua Torta já está desfigurada, pelo fato das administrações anteriores não terem atentado para isso. O que não impede que possa vir a ser feita alguma ação no sentido de dar o devido valor á Rua Torta. Isso depende não só do poder público, tem que haver a participação da iniciativa privada.































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