quarta-feira, novembro 06, 2019

ELAINE REGINA CURIACOS MEYER


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 08 de setembro de 2018.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.teleresponde.com.br/

ENTREVISTADA: ELAINE REGINA CURIACOS MEYER

Elaine Regina Curiacos Meyer nasceu a 15 de fevereiro de 1963, em Piracicaba. Filha do Dr. Luiz Curiacos, advogado, corretor do ramo imobiliário, e Santina Pimpinatto Curiacos que tiveram dois filhos: Elaine e Luiz Eduardo. Elaine casou-se na Igreja dos Frades no dia 13 de julho de 1990, com Alfredo Carlos Meyer Júnior, economista.
Seus primeiros estudos foram feitos em qual escola?
Fiz em diversas escolas, na época mudamos diversas vezes de residência. Iniciei na Escola Nossa Senhora da Assunção, minha primeira professora foi Da. Marli, já falecida, onde permaneci por dois anos, depois fui para o Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes, lá estudei por um ano, a seguir fui estudar no Colégio Dr. Jorge Coury, onde terminei o ginásio. A seguir fiz o curso colegial no Colégio Piracicabano. Fiz curso de datilografia no CESAC- Centro Social Assistência Cultura Paróquia São José, eu datilografava profissionalmente, fazia meus “bicos”, sempre tinha alguma atividade que gerava algum dinheiro para minhas despesas pessoais. Acho que devido a minha ascendência árabe. No Colégio Piracicabano concluí o Curso Técnico de Patologia Clínica. Na época eu queria muito estudar no Colégio Piracicabano, ter uma profissão, eu sempre quis trabalhar, me sentir produtiva, sou assim até hoje. Na época eu não escolhi muito bem o curso. Sempre tive a vocação para trabalhar com a saúde. Na época os cursos existentes lá eram eletrônica, computação ou patologia clínica. Nunca trabalhei nessa área. Acabei tendo dificuldades no vestibular, o curso técnico deixa muito a desejar em determinadas matérias. Fiz o cursinho preparatório junto com o curso técnico. Prestei vestibular e fui aprovada para cursar Fisioterapia na Unesp em São Carlos e na Unimep em Piracicaba.  Há 30 anos, era uma matéria nova, pouco conhecida. Eu tinha 17 anos. Na época em que eu estava fazendo o cursinho a minha avó materna, Virginia, ficou doente, eu ficava com ela no hospital. Lá vinha uma fisioterapeuta realizar seu trabalho com a minha avó. Eu ficava encantada com o que ela fazia. Achava lindo o seu trabalho. Meu pai tinha muita dificuldade em deixar os filhos voarem! Com isso acabei ficando na Unimep. Hoje a minha filha mora em São Paulo e faço questão que ela voe, acredito que cresce muito quando mora sozinho.
Quantos filhos vocês têm?
 Temos uma filha só, a Maria Carolina, está com 20 anos. Eu acabei ficando na Unimep, que tem um curso excelente, depois fui descobrir que em nível de estágio é o melhor que existe. Você já sai trabalhando. Me formei em 1984. Na época o curso era integral de três anos. De manhã, a tarde e à noite ficávamos estudando no laboratório. Já no primeiro ano em que entrei fui estagiar no que era o maior centro de fisioterapia na época, existe até hoje. A proprietária, disse-me, que estágio era só a partir do segundo ano. Minha resposta foi: “Eu aprendo! Eu faço!”. Fui várias vezes até lá, até que ela me aceitou. A princípio tinha duas macas, o coordenador disse: “Vou trabalhar com este paciente e você vai vendo para ir aprendendo!”. Me ensinou a trabalhar com os aparelhos. Eu sempre acreditei muito no poder das mãos. Existia um protocolo de atendimento que eu fugia dele. Colocava o pessoal no box e começava a trabalhar com massagem. Era um procedimento mais intuitivo, eu não tinha tido essa disciplina ainda. Só que resolvia! As pessoas melhoravam bastante. Porém demorava muito o procedimento. Fui entendendo qual era o meu caminho, eu tinha resultados naquela massagem. Tinha muita vontade de que o paciente ficasse bem. Estudava bastante, sempre fui uma pessoa que estudei. Eu não estava alienada, estava fazendo a coisa certa mas sem capacidade técnica total. Todos os anos de faculdade eu fiquei lá fazendo estágio, quando terminou o meu curso, a proprietária me deu férias, em seguida me chamou, e em janeiro me disse que eu iria trabalhar como contratada. Agradeci muito, mas não aceitei. Eu não queria continuar fazendo a fisioterapia clássica. Queria outro caminho para mim. Sempre fui muito assim: tenho um propósito, eu acredito, eu vou, minhas intuições costumam funcionar. Não faço nada que a minha intuição indica para não fazer.
Você é religiosa?
Sou católica, sou espiritualista. Durante 10 anos conheci todas as religiões e seitas que você possa imaginar. Acabei voltando para a católica porque descobri que pessoas são pessoas. Em todos os lugares tem briga pelo poder, a força do ego está presente em todos os lugares. Voltei para a religião em que fui formada. Acredito em um Deus único.
A seu ver o ser humano é formado por energia?
Tudo é energia! Esse momento em que estamos aqui, agora, é energia! É o encontro de almas. Não estamos aqui ao acaso. Você tem a sua missão, eu tenho a minha. Dentro da missão de cada um, houve uma conexão. Acredito muito nisso. Tudo tem um porque, para que. Trabalho com pessoas de todas as religiões há mais de 30 anos, aprendo muito. Aprendi na minha vida a não ter intermediário: conecto-me com Deus, Ele fala comigo, falo com Ele. Frequento a igreja católica. Por muitos e muitos anos fui uma filha rebelde com Deus: eu posso, eu consigo, eu vou sozinha! Até que chega momentos da vida em Ele vê a sua situação de cem por cento impotente! Tempestades que chegam em nossa vida com a intensidade necessária à cada um para descobrir que sem a fé em Deus é impossível prosseguir. Acreditar em Deus é sentir a sua presença, e não um Deus distante. Desenvolver a espiritualidade. Há a presença de Deus que depende só de mim; a que depende do outro e a que depende de Deus e das circunstâncias, que nada posso fazer. Isso significa que somos impotentes em dois terços da vida. Percebi isso quando descobri que o um terço que era a minha parte eu não estava fazendo!
Há pessoas egocêntricas, julgam-se o centro do mundo e há pessoas que vivem para todos menos para si mesmo, qual é a sua opinião?
Dizemos que existem três tipos de pessoas: 1-) Aquela só ligada no EU; 2-) A pessoa altruísta que é o OUTRO; 3-) E o terceiro que é o Helicóptero! Só flutua por cima, mas não está presente. Há situações em que o profissional não pode demonstrar seus sentimentos imediatos. Ele não pode se envolver emocionalmente. Há também pessoas que não se envolvem com nada. Há casos em que a pessoa chega a extremos, ela quer a sua segurança e conforto pessoal, as vezes nem mesmo os filhos importam. São extremos. A meu ver o que precisamos é passear pelos três tipos de vez em quando. As vezes temos tendências a sermos um único tipo.
O egocentrismo é uma doença?
Necessariamente não é preciso ser considerada uma doença. Há sim falta de equilíbrio! Há pessoas que buscam o equilíbrio e ficam bem, outras são patológicas. Existem pessoas que tem uma patologia e outras que necessitam de orientação. O mais comum é acharem que não precisam de nada disso. Simplesmente não admitem, não aceitam.
Você saiu do local onde trabalhava como estagiária, já formada foi trabalhar aonde?
Sempre gostei de desafios. Surgiu uma oportunidade de trabalhar com uma amiga e precisava que eu trabalhasse meio período, era um trabalho em uma academia. Descobri um curso em São Paulo, pegava o último ônibus para Piracicaba, as 11:00 da noite. Eram aulas com o Professor Sardá, um argentino, na área de estética para mulheres, há 30 anos não havia as clínicas estéticas que existem hoje. Logo montei a minha primeira clínica junto com essa minha amiga. Foi a primeira clínica de estética da cidade a Pesos e Medidas. Essa clínica existe até hoje com a minha amiga. Funcionava em uma casa na Rua Ipiranga entre a Rua Governador Pedro de Toledo e a Rua Benjamin Constant. Com o tempo percebi que aquilo não me realizava, e eu não gosto de fazer só pelo dinheiro, tenho que me sentir bem. Fiz algumas “loucuras” em deixar lugares onde estava com um ótimo retorno financeiro. E não me arrependo. Sempre precisei do dinheiro, mas nunca o coloquei acima da minha realização. A clínica pelo fato de ser a primeira da cidade, ia muito bem, com atendimento individualizado, voltada às mulheres com bom padrão aquisitivo. Na época eu já fazia medicina chinesa, cursos, sempre dava um toque diferenciado no trabalho. Após dois anos, a minha supervisora da área de postura na Unimep, conversou comigo, estava deixando a cidade, e como eu tinha sido uma das suas melhores alunas, ela disse-me “Você montou a área de gestante, acho que você deve ficar com a área”. Para mim foi uma surpresa, eu nunca havia planejado isso. Ela deu-me sete livros para estudar, eu tinha uma semana para fazer isso. Foi uma semana em que saia do quarto só para tomar banho e me alimentar. Estudei. O tema que eu tinha estudado foi escolhido, fui muito bem. Tinha um concorrente que apareceu de outra universidade, com mais bagagem acadêmica, teoricamente eu teria perdido a vaga, mas fui assim mesmo para a entrevista, quando anunciaram a desistência do concorrente e a minha efetivação. Fiquei na Unimep por 10 anos como supervisora de estágios. Corresponde a professor só que supervisionando os estágios dos alunos do último ano. Eu também era professora. Entrei pela primeira vez como professora em uma sala de aula com 22 anos em uma sala com 87 alunos! Foi a minha primeira experiência em liderança! No início acharam que era trote, eu era alguma aluna! Tive que conquistar o respeito deles. Isso me deu segurança para poder avançar. O Reitor era Almir Maia. Eu tenho uma inquietação, quando cai na zona de conforto perde a graça. Depois de sete anos estava caindo na mesmice, nesse período fiz muitos cursos, uma média de um curso por mês. Passei a ter um bom padrão financeiro, casei. Eu sempre gostei muito de estudar. Pagava os meus cursos. Ia à São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba. Naquela época não tinha mestrado em fisioterapia, comecei a fazer em fisiologia na Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Unicamp. Passei a ser chefe dos meus antigos professores e colegas. Foi a minha segunda liderança desafiadora. Para eles eu era uma menina, eles tinham 40, 50 anos. Fiquei nesse cargo por dois anos. Eu ganhava muito bem. Mas não estava satisfeita. Pedi para sair.
E o que você decidiu fazer?
Montei meu consultório de fisioterapia de coluna. Aluguei uma casa na Rua Alferes José Caetano entre a Rua Ipiranga e Rua Riachuelo. Contratei uma secretária. Comecei a lotar a agenda desde o começo. Este mês me aposentei. Venho fazendo coaching (uma ferramenta de desenvolvimento pessoal e profissional) já há três anos.
Como começou a sua paixão pelo coaching?
Na verdade, há uns 15 anos eu tive um paciente que estava com muita dor no ombro, era diretor de uma grande empresa, ele veio ao meu consultório por indicação. Em uma sessão ele saiu 80% melhor, na segunda sessão já sumiu a dor. Ele ficou encantado, já por dois anos tinha feito diversos tratamentos. Conversávamos bastante, ele viu que eu tinha um conhecimento que era extra terapia, disse que queria que eu fosse dar umas palestras para os seus funcionários. Ele tinha 98 funcionários, hoje tem mais de 1.000. Na empresa dele comecei a ver outras necessidades, oportunidades. Fiz uma especialização e virei consultora em ergonomia. Aumenta muito a produtividade. Comecei também a trabalhar o emocional das pessoas. Como ele é um empresário influente acabou me indicando para seus amigos. De repente montei uma empresa de ergonomia, fisioterapia preventiva. Fiz esse trabalho por 10 anos nas empresas como consultora, em paralelo com o consultório. Tive nove funcionários que trabalhavam para mim, nas empresas. Tive uma grande funcionária que teve uma doença grave e faleceu. Decidi continuar apenas com o consultório e dando palestras nas empresas. 
Atualmente sua atividade é dar palestras e coaching?
Na realidade são ferramentas para potencializar o que o outro tem de melhor, divide-se em três fases: a primeira é o autoconhecimento; reconhecimento e mudança de crenças; missão, visão, valores e metas. Pode ser feito individualmente ou coletivo. Hoje a maioria das empresas tem líderes que não estão preparados para serem líderes. Líder tem que ser educador, servidor. É aquele que ajuda o outro. Trabalho com o líder o seu desenvolvimento pessoal para ele exercer sobre os liderados. As vezes trabalho até com os liderados também. Já dei palestras até para 1.500 pessoas. Vou até a empresa, faço o levantamento das necessidades da empresa e a partir disso crio um projeto.
Você vai moldar um projeto para cada necessidade?
Exato. Até porque para trabalhar com pessoas não existe um padrão. É conhecer a individualidade de cada um.
Quanto tempo dura uma palestra sua?
Em média duas horas. Quando eu trabalhava com a coluna, percebi que somos emoções, aprendi a lidar com isso. Fui buscar psicologia, fiz cursos, para ajudar a pessoa de forma mais integral. As vezes vou trabalhar em uma empresa, percebo que além do meu trabalho a empresa precisa desenvolver processos, ou a área de vendas. Hoje tenho dois parceiros que trabalham comigo. O ser humano é o maior tesouro da empresa, se ele não for cuidado a empresa não evolui. A maioria dos responsáveis pela empresa não tem essa consciência. As vezes dentro da empresa há muito conflito, muita intriga, muito ego. Problemas de relacionamento. Isso é do ser humano em geral. Quando entro na empresa vou ajudando com a inteligência emocional, técnicas de neurolinguísticas. Trabalho em empresas fora de Piracicaba: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Ribeirão Preto. Já trabalhei para o Grupo Siemens, Gatti, entre outras empresas de grande porte. Hoje estou focada em empresas, e não tanto em palestras abertas ao público. Também tenho a minha cota de contribuição social, com palestras à instituições filantrópicas. Em empresas faço o perfil comportamental dos líderes. Avaliar o perfil da pessoa.
O investimento que a empresa faz é alto?
Pelo retorno que ela tem não é.
Uma das suas qualidades é seguir o seu desejo de realização pessoal em tempos em que as pessoas se escravizam pelo dinheiro.
O interessante é que sempre precisei de dinheiro, não tive herança, nem vida tranquila sem ter que prover o lar. Mas sempre acreditei muito no meu propósito de vida. Temos que trabalhar com um propósito. Tudo tem um significado. Se eu trabalhar só para pagar as minhas contas no final do mês vai ser muito chato! Vou entrar em uma zona de conforto e vou ser infeliz. Passar de criatura para criador é entender que você é protagonista da sua história. Se não está bom, faça alguma coisa para mudar.

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