quinta-feira, maio 09, 2024

 

WALTER JOSÉ RODRIGUES

 

                         Johannes Gensfleisch zur Laden zum Gutenberg, mais conhecido como  Johannes Gutenberg, desenvolveu um sistema mecânico de tipos móveis que deu início à Revolução da Imprensa, por volta de 1.440, e que é amplamente considerado o invento mais importante do milênio. Através da imprensa a Humanidade mudou hábitos e costumes. Mudanças de regimes políticos.  Os livros foram de suma importância para o desenvolvimento do conhecimento humano. Vieram outras formas de comunicação, muito importantes. Atualmente, vivemos um período que ainda não conhecemos seu alcance pleno.  Fala-se muito em Inteligência Artificial. As conquistas realizadas até o momento, possivelmente tomem rumos aprimorados, mas ao que parece deve permanecer, com outra roupagem.

Enquanto assistimos e participamos voluntariamente ou não, dessas mudanças, nos deleitamos com livros de papel, jornais que além das notícias aprimoradas, trazem artigos que analisam mais a fundo, aspectos importantes da vida humana. Como entrevistador, tomei a liberdade de chamar de “Teoria da Prateleira”, onde o jornal tradicional, o rádio, a televisão, a informática em suas diversas e múltiplas funcionalidades, cada um ocupa um nicho. Seu espaço. O jornal, o rádio, as televisões utilizam a informática. A questão básica está no cérebro dos que produzem conteúdo e alimentam essas fontes de informação.

O convidado de hoje é um veterano, daqueles que começaram montando letra por letra para formar uma palavra, e o detalhe é que tinha que ser montado de forma invertida, para na hora da impressão sair de forma correta!

Walter José Rodrigues nasceu em Piracicaba, em 20 de agosto de 1965. Vive em Rio das Pedras a maior parte da sua vida. Seus pais são Valdomiro Rodrigues e Yolanda Fabian Rodrigues, que tiveram mais duas filhas. Suas irmãs são Maria e Rosângela. A Rosângela iniciou com ele trabalhando no mesmo ramo de atividade. Com o passar do tempo ,ela passou a exercer outra profissão.

Você estudou em qual escola?

Estudei na Escola Estadual "Professora Jaçanã Altair Pereira Guerrini", em Piracicaba. Inclusive o Sr. João Chiarini foi meu professor.

Como era o João Chiarini como professor?

Era incrível! O homem sabia de tudo! Era historiador e advogado. Lá estudei do curso primário até a 5ª. Série. Naquela época, era relativamente comum os filhos deixarem a escola nessa fase, para ajudarem no sustento familiar. A princípio aprendiam algum ofício, e tornavam-se trabalhadores experientes com o aprendizado prático no exercício da função.

Qual era a atividade profissional do seu pai?

Meu pai era construtor civil. Inclusive trabalhou na construção do COMURBA.

( Edifício Luiz de Queiroz, conhecido popularmente como COMURBA, foi um prédio que começou a ser construído em 1950 e, em 1964, estava em fase de acabamento, época em que desabou. Com 22 mil metros quadrados, ficava na Praça José Bonifácio, no centro da cidade.  A queda do edifício COMURBA é considerada a maior tragédia da história da cidade de Piracicaba e foi o primeiro grande acidente de engenharia civil no Brasil.  O edifício COMURBA estava localizado no centro da cidade de Piracicaba, onde atualmente funciona o Poupa Tempo. O prédio possuía uma arquitetura moderna e era visto como símbolo de desenvolvimento econômico pela cidade. A única parte que não desmoronou foi demolida no ano de 1974. O COMURBA foi um projeto ousado, um edifício com residência, escritórios, lojas comerciais e até mesmo um cinema muito luxuoso, o Cine Plaza. O motivo da sua queda parcial, até hoje não é conclusivo. Além das vidas ceifadas, a construção de edifícios por décadas ficou estagnada. O trauma foi muito grande junto à população.

O seu pai sobreviveu quando desabou praticamente a metade do prédio?

Meu estava trabalhando na parte que não desabou! Deve ter sido o maior susto da vida dele. A mesma sorte não teve o meu tio, que estava trabalhando na parte que desabou, e ele faleceu.

O seu pai é natural de Piracicaba?

Não. Meu pai nasceu na Espanha, veio de Málaga para o Brasil. A minha mãe era brasileira, descendente de italianos. O meu pai é vivo até hoje.

Como um legítimo espanhol, seu pai deve ser bastante enérgico?

Naquela época, o chefe da família era quem ditava as ordens. Por tradição, os espanhóis são pessoas que zelam pelas condutas de seus familiares.

Você aprendeu a falar espanhol com seu pai?

Não! Ele tem o domínio da língua portuguesa.

Quando tinha que chamar a atenção de alguém, era em espanhol?

Na hora de dar bronca, se estivesse muito bravo, era em espanhol! (Risos). Mas ele é um homem muito bom e justo.

Após a queda do COMURBA, o seu pai possivelmente ficou muito abalado?

Ficou. Só que era uma época em que a sobrevivência dependia do trabalho. Ele teve que se refazer e seguir em frente. Foi quando ele foi trabalhar com  o famoso arquiteto Walter Naime. O meu nome é Walter por inspiração do meu pai  no nome Walter Naime!

Com quantos anos de idade você começou a trabalhar?

Comecei a trabalhar com 10 anos de idade.

Nos dias atuais você com essa idade não poderia trabalhar!

Eu ia para a escola na parte da manhã e após o almoço, trabalhava em uma oficina de mecânica e funilaria de veículos.

Eu varria a oficina, lavava peças, era conhecida como Oficina do Castelo, situava-se na Rua Saldanha Marinho, quase no final da rua, próximo ao ribeirão Piracicamirim, afluente do Rio Piracicaba.

Vocês moravam em qual rua?

Morávamos na Rua Francisco França do Amaral, da onde eu morava até a oficina tinha a distância de uns sete quarteirões. A distância da minha casa até a escola era meia quadra. Eu nasci naquela casa. O quintal da nossa casa tinha o fundo próximo ao Ribeirão Piracicamirim. Ficava entre a ponte do Jardim Brasília e a ESALQ.

Ali dava para nadar sossegado?

Era uma água limpa! Tinha uma variedade de peixes.

Você chegou a pegar muito peixe no Ribeirão Piracicamirim?

 

Quando era moleque, por incrível que pareça, com um cabo de vassoura dávamos um golpe em bagre e o pegávamos. O bagre vinha no barranco do Piracicamirim, com o cabo de vassoura abatíamos os peixes! (Digo ao Walter que todo pescador tem uma boa história, rimos bastante!). Descia o ribeirão de bóia (Câmara de ar de pneu de veículos, utilizada para flutuar na água), era uma diversão saudável. Os jovens da época tinham um contato muito próximo com a natureza.

Trabalhando na oficina você passou a gostar de mecânica?

Ganhei conhecimento, tanto que até hoje eu mesmo dou manutenção no meu carro.

Na época o Fusca era o carro mais popular, mas também tinha concorrentes?

Foi a época do Fusquinha, Gordini, DKW, Opala, Maverick com motor V-8, canadense. Dodge Charger, Volkswagen SP2, VW Puma GTE. Foi uma época romântica, só quem viveu esse período sentiu o significado marcante desse período.

Você chegou a assistir as corridas de carros que existiam em Piracicaba?

Na Avenida Independência, logo depois da Igreja São Judas Tadeu, o pessoal fazia “racha”. Havia o  Simca Chambord, o Simca Esplanada e outros. Todos com escapamento aberto; na época a polícia era mais tolerante. Aquelas disputas eram vistas como aceitáveis, até certo ponto. O DKW era um carro que corria bem, para a época. A porta do motorista e do passageiro ao lado abriam no sentido contrário ao das portas de outros carros. Era popularmente chamada de “porta suicida”.

 

 Quanto tempo você trabalhou na oficina?

Foram uns quatro anos. Daí, parti para o ramo da gráfica.

E como você deu essa mudança de atividade?

Eu via panfletos, analisava, e cada vez mais minha curiosidade em saber como eram feitos, foi aumentando. Com isso, fui trabalhar na Gráfica Bandeirantes, situada na Rua 10 de Novembro, no Bairro Alto, próxima a Igreja São Judas Tadeu. O proprietário era Salvio da Silva Penteado.

A gráfica fazia de tudo?

Fazíamos talões de notas fiscais, folhetos, cartões de visitas, impressos em geral. Foi ali que comecei a gostar do ofício. Comecei como tipógrafo, pegava letra por letra e íamos escrevendo de ponta-cabeça, ou seja, as letras eram montadas de tal forma que ao serem impressas sairiam como normalmente lemos. O texto era montado como se fosse colocado um espelho na frente.

Tem que ter muita habilidade para fazer isso?

Tem sim. Não podia cometer nenhuma falha. O cuidado era redobrado quando se tratava de talões de notas fiscais. Não podia ter nenhuma falha. Era um trabalho longo. Não trabalhávamos à noite.

Para fazer a montagem de uma nota fiscal gastava um dia. A tipografia não tinha a opção de fazer as ilustrações artísticas que hoje muitas vezes estão disponíveis a um toque de computador.

No período eleitoral aumentava o serviço?

Em época de eleições trabalhávamos bastante. Era o período de “safra” das tipografias!

Teve algum acontecimento que você jamais tivesse imaginado? 

Eu nunca imaginei que um dia seria um tipógrafo! Quando iniciei, foi necessário colocar um banquinho para que eu subisse e alcançasse o material que necessitava. Eu tinha 14 anos de idade. Eu era um menino franzino.

Quanto tempo você ficou na gráfica?

Foi por aproximadamente 1 ano. Recebi uma proposta para trabalhar na Gráfica Riopedrense, ganhando 5 vezes mais do que eu ganhava lá. Na época, tipógrafo era contado a dedo! Quem tinha um tipógrafo, procurava segurar, quem não tinha, ofertava valores significativos. Era uma função valorizada e o profissional tinha que ser muito habilidoso. Poucos tinham a paciência, atenção, e até mesmo vocação para esse tipo de trabalho.

As máquinas de impressão exigiam muita atenção também?

Na época eram máquinas manuais. A Minerva, era a mais conhecida. Ela abre, o operador coloca o papel, ela fecha, imprime e abre para o operador puxar o papel impresso. Era tudo manual, não era automatizado como é hoje. Ela só tinha um motor para poder abrir e fechar no processo de impressão.

Era um equipamento perigoso?

Era. Naquela época, nem imaginava o risco que existia. Se na hora em que a prensa for acionada pegar a mão ou o braço, possivelmente o dano seria irreversível.

A seu ver, com a autoridade de quem começou a trabalhar muito cedo, o trabalho do menor, em atividades que não ofereçam riscos é importante para a formação do seu caráter?

Sem dúvida! Estudar e trabalhar simultaneamente só fortalece o indivíduo. Infelizmente, o sistema educacional público está em um nível muito ruim. O aluno, com as exceções de regra, não tem a formação necessária. E não tem idade para poder trabalhar. Passa a ter uma vida ociosa, nos anos mais importantes da sua formação. Isso pode comprometer o seu futuro.

Nessa época, você trabalhava, ajudava nas despesas da família, e nos fins de semana qual era a sua diversão predileta?

Naquela época havia muitos parques. Era comum os jovens irem passear lá, e também havia o flerte, tempo em que tinha o correio elegante, o alto falante anunciava “ – O moço de camisa azul e calça branca oferece a próxima música para a moça de vestido azul claro, de cabelos pretos”. Assim como uma moça também oferecia uma música para algum rapaz que ela estivesse paquerando! Geralmente havia pequenos grupos de rapazes e moças, e essa brincadeiras acabavam virando uma torcida. Nossa diversão era simples, às vezes até mesmo ingênua, mas éramos felizes!

A Gráfica Riopedrense existe até hoje?

Existe! Quando vim trabalhar, ela era administrada por Antonio Generoso e Waldir Rizzato. Imprimiam notas fiscais, folhetos, que eram o carro chefe da maioria das gráficas. Fizemos revistas para o Clube Cristóvão Colombo e para a Agrotec. Fizemos livros também, mas a questão é que os livros tinham um custo muito alto.

Quantos anos você trabalhou nessa gráfica?

Em torno de 30 anos! Lá, com o tempo, eu passei a trabalhar com impressão offset. Ela teve também uma máquina de linotipo. Um profissional vinha de Capivari para operá-la. Ela tinha uma caldeira do lado, o linotipista ia digitando, fazia as barras de chumbo, de tempo em tempo ele tomava leite, saía ao ar livre, o vapor de chumbo saía da caldeira, eram necessários esses cuidados. Não trabalhei na digitação da linotipo, trabalhei na digitação quando mudou de fotografia para o fotolito. Eu digitava tudo na máquina, colava tudo na base, fotografava, era uma máquina grande, com um fole enorme, retocava para tirar coisinhas erradas, passava para o filme, para depois passar para a chapa e seguir o processo de impressão. Essa máquina não tinha caldeira, mas tinha os produtos utilizados para revelação, que também são tóxicos.  

Foi bem pioneiro?

Foi! Revolucionário! Porém durou pouco tempo. Logo passou para o sistema Ctp. Ctp é a sigla da expressão inglesa "Computer to Plate". É o processo direto de gravação da chapa de impressão a partir de um arquivo eletrônico, dispensando-se o uso de fotolitos. É feita a separação das cores. É tudo muito rápido.

Após 30 anos na gráfica Riopedrense , você saiu?

Na realidade, nesse período muita coisa mudou. A evolução técnica é inegável. Um processo de trabalho que exigia uma qualificação profissional muito elevada, com novos equipamentos foi simplificando o trabalho do profissional, a tecnologia, após implantada, já poderia ser operada por uma pessoa qualificada, mas sem as exigências necessárias pelos sistemas anteriores. Na busca de redução de custos, a minha qualificação tinha um custo elevado, segundo a empresa. Resumindo, a tecnologia substituindo a habilidade manual e intelectual do ser humano. Fui dispensado!

Você é casado?

Sou, minha esposa é a Leonice. Tenho quatro filhos, sendo que um deles faleceu recentemente em acidente com seu caminhão.

Após deixar a gráfica onde trabalhou em torno de três décadas, o que você fez?

Eu não podia ficar parado. Peguei um currículo e fui até a Tribuna Piracicabana, entreguei ao Sr. Evaldo, fiz um teste, e ele abriu as portas para que eu ingressasse na Família Tribuna. Eu considero uma família. Considero o Sr. Evaldo não um patrão apenas, mas sim um pai. Um dos seus filhos, o Evaldinho, trabalhamos juntos nas oficinas gráficas da Tribuna, considero como um irmão.

Em “A Tribuna Piracicabana” trabalha-se com muita ética profissional e amor pelo trabalho que se está fazendo, e isso gera o conceito elevado e a credibilidade angariados por ela.

Eu costumo falar que temos duas famílias, a que vive em nossa casa e a família Tribuna.

Seus filhos já estão crescidos?

O mais novo está com 16 anos. As outras duas filhas já formaram famílias. O que faleceu em acidente de caminhão tinha 24 anos. Era solteiro, vivia junto comigo aqui.

Há quanto tempo você está na Tribuna?

Estou há 15 anos.

Antes do advento da internet, os jornais se pautavam pelo serviço de rádio escuta, onde havia permanentemente pessoas que só faziam isso. O rádio era o primeiro veículo a informar. Na busca da última notícia, ou uma notícia importante, o chamado “furo de reportagem”, gerou-se o hábito de muitos jornalistas, aqui considerando-se o corpo técnico também, em “virar a noite” trabalhando. Com o avanço da tecnologia isso mudou?

Eu sou o primeiro a chegar na área de impressão. Sou eu que tenho que preparar o material. Quem define o horário é a necessidade de trabalho. Se o meu horário de trabalho normalmente inicia-se às 18 horas, mas a quantidade de trabalho é maior, eu entro às 17 horas.

Atualmente como funciona a impressão de um jornal?

O jornal é montado nos computadores da redação. É transmitido para os computadores do setor de impressão. O jornal vem para mim em PDF (Portable Document Format), é um arquivo que representa na tela do computador páginas de um documento eletrônico. Do PDF passo para o CTP (CTP significa "Computer-to-Plate", que é um processo utilizado na indústria gráfica para a produção de chapas de impressão diretamente a partir de arquivos digitais). A gravação na chapa é feita através de uma máquina a laser. O que é colorido faço a separação das cores, faço ali na máquina, ela entende o que eu pedi e separa uma cor para cada chapa, por exemplo uma cor para a chapa azul, uma do magenta(vermelho), amarelo e o preto. Na máquina de impressão a chapa azul vai onde tem a tinta azul, outra máquina tem a placa magenta, outra tem a cor amarela e outra a cor preta, com as tintas em suas respectivas cores.A cor sobre cor dá o colorido.O jornal passa uma vez em cada unidade de cor, para dar a cor final. Com a mesma matriz ou chapa, posso fazer 20 exemplares de jornal até por exemplo 40.000 exemplares, com a mesma matriz.

É um trabalho bem técnico e que exige um conhecimento razoável?

Sim, alguma falha minha e eu posso comprometer tudo.

Atualmente, quantos exemplares de jornal podem ser produzidos por hora?

Existem máquinas que fazem 20.000 exemplares por hora. Até mais! Depende da tecnologia da máquina. Só que a demanda de mercado não está correspondendo à necessidade de tiragens gigantescas.

A seu ver, o jornal deverá continuar existindo, porém voltado a artigos com qualidade, sem o tratamento superficial e vago como é tratado em alguns meios de comunicação?

Compartilho da mesma opinião. O jornal deverá permanecer, mas não será como era. Apenas ouvindo você não entende uma matéria como se estivesse lendo. Ao ler é como penetrar na matéria exposta. Apenas ouvindo, um pequeno vacilo faz com que perca o contexto.

Você lembra-se de um jornal chamado Notícias Populares?

Lembro-me! Era um jornal que diziam que se expremesse ,sairia sangue! As manchetes eram as notícias mais terríveis possíveis. Era um jornal que vivia da desgraça alheia. Até que acabou. Tudo tem o seu preço.

Qual é a primeira noticia que o leitor procura?

Tem aqueles que desejam ver como será o seu dia, e vão imediatamente para o horóscopo! Só que o dia da gente , somos nós mesmos que o fazemos! Tem outros que querem saber quem morreu! Esses procuram a seção de necrologia! Antigamente, os jornais traziam receitas culinárias, as mulheres gostavam, e geralmente faziam o que a receita indicava. Os pequenos anúncios perderam espaço para a internet, porém quando havia um anúncio de venda por exemplo, o risco de acontecer alguma coisa com quem queria comprar era bem menor. Hoje a pessoa vê um anúncio na internet, tem tal carro para vender, em tal lugar. Pode ser  uma cilada.

Você casou-se em Rio das Pedras?

Não, nós nos casamos em Piracicaba. Minha esposa morava em Rio das Pedras, onde nasceu. Moramos um tempo em Piracicaba e eu trabalhava em Rio das Pedras. Mudamos para Rio das Pedras e agora trabalho em Piracicaba. Eu me considero mais Riopedrense do que Piracicabano. Desde os 15 anos trabalhei aqui, estou com quase 60 anos, a minha relação com Rio das Pedras, entre trabalho e residência são de quase 45 anos. Sou um cidadão Riopedrense!

Mesmo trabalhando em Piracicaba, adotei Rio das Pedras como minha cidade.

Já disseram para você: “Mas você viaja todos os dias?”.

Já! Só que daqui à Piracicaba são de 10 a 15 minutos. O pessoal que mora em Piracicaba, muitas vezes demora mais tempo para  chegar ao trabalho do que eu!

Você tem algum hobby?

Eu gostava muito de jogar bola. Jogava de centro-avante. Só que depois a gente vai pegando uma certa idade, é aquele negócio, vamos poupar o corpo, o espírito é jovem, mas o corpo está na validade correspondente. Tem que aceitar. Envelhecer com alegria!Quem envelhece é o corpo, o espírito é sempre igual! O pessoal às vezes fala: “-Nossa que velho rabugento!”. Não! A pessoa já era assim! Ele só ficou mais, não tem como mudar o espírito de jovem para um espírito idoso! O espírito será sempre jovem, só que a gente tem os limites, o idoso não irá sair correndo até a esquina !

Tem idade para tudo e tem pessoas que não respeitam a idade.

Exatamente! Vive em busca do perigo.

Um jovem que queira trabalhar em gráfica ou em jornal , você aconselha?

Sim, aconselho a trabalhar, a pessoa irá aprender mais do que na própria escola! Através do jornal você conhece a literatura, conhece tudo! O português correto! Jornal não pode ter erro, principalmente ortográfico. O jornal tem que trabalhar com a verdade, não pode trabalhar com narrativas. Não pode criar uma notícia! Algo que não aconteceu. Tem que trabalhar com a realidade, aquilo que se tem certeza. Foi pesquisado, confirmado. O uso das palavras tem que ser cuidadosamente observado. Caso contrário, corre-se o risco de ser processado de forma devastadora por calúnia. Por citar coisas indevidas.

Você frequentava cinemas?

Eu gostava! Frequentei o Politeama, o Rivoli e o Cine Arte, que recebeu o nome do ator Sebastião Bernardes de Souza Prata, o Grande Otelo, e localizava-se na sala instalada no Teatro Municipal de Piracicaba Dr. Losso Netto. Eu gostava muito de assistir os filmes da Sala Grande Otelo. Era mais envolvido com teatro, cultura, tinha um nível muito elevado.

Você chegou a participar de alguma peça de teatro?

Eu e toda a minha família, participamos do teatro aqui de Rio das Pedras “Paixão de Cristo”. Este ano, não participamos, devido ao falecimento do meu filho. O meu filho que faleceu, também participava. O teatro era a vida dele! Ele que dava uma injeção de ânimo para nós participarmos.

Você interpreta qual personagem?

O de soldado romano, assim como os meus filhos. Meu neto e o meu genro também participam. A família inteira se dedica a interpretação da Paixão de Cristo no intuito de evangelizar as pessoas que estão assistindo.

Como você vê a vida?

Tive que primeiro me achar, saber as razões e propósitos da minha existência, para depois encontrar isso nas pessoas. O mal se paga com o bem, a gente nunca paga o mal com o mal. O mal não está em mim, o mal está na pessoa que o faz. É uma filosofia de vida.

Eu diria que é uma filosofia muito acertada.

Mudando um pouco nossa conversa, quando jovem, você chegou a frequentar os carnavais em Rio das Pedras?

Cheguei a frequentar a Sociedade Cultural Riopedrense por um bom tempo. Eu morava em Piracicaba, mas estava sempre em Rio das Pedras, então o meu círculo de amizade era maior por lá. Era um tempo em que a amizade prevalecia. Naquela época, você ia ao carnaval e tocavam as marchinhas. Era uma delícia. Os trajes eram sem nenhuma ousadia. Existia uma disputa de blocos, onde a criatividade era premiada.

Você é um piracicabano que se tornou Riopedrense há 45 anos?

 

Sou Riopedrense, nascido em Piracicaba.

Com seu conhecimento, círculo de amizade, família e residência em Rio das Pedras, já recebeu o título de Cidadão Riopedrense?

Já pensei nisso! Mas ainda não me legitimaram com esse título!

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