sábado, junho 20, 2009

HOMENAGEM A ERNESTO PATERNIANI


"Pode existir quem acredite na seleção genética tanto quanto eu. Mais, não!”

A frase sintetiza a obra de Ernesto Paterniani, engenheiro agrônomo formado pela ESALQ, e um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros na área de seleção e melhoramento genético em milho. “Hoje, nem mesmo os geneticistas têm uma adequada percepção do real potencial da seleção para modificar, geneticamente, plantas e animais”, afirmou o cientista que participou ativamente dos debates sobre organismos geneticamente modificados, em entrevista concedida para o ESALQnotícias / Projeto Memória, edição de número 12, publicado em dezembro de 2007.

Paulistano, nascido em 1928, filho de italianos oriundos de uma leva de imigrantes que desembarcou no Brasil para trabalhar nas lavouras de café, Paterniani chegou cedo à Piracicaba, quando os pais vieram à cidade para assumir o comando de um armazém de secos e molhados da família.

Inclinado a estudar engenharia civil, optou pela engenharia agronômica pela situação familiar da época. Embora tivesse facilidade em Matemática e Álgebra, ao ingressar na ESALQ, em 1947, se interessou por Genética. Ao final do curso, foi contemplado com uma bolsa concedida pela Fundação Rockfeller para agrônomos recém formados estagiarem no Programa Agrícola Mexicano.

Trabalhou toda sua vida em instituição pública, desenvolvendo uma carreira pontilhada de sucessos acadêmicos e científicos. Iniciou sua pesquisa com melhoramento do milho, em 1951, no México. Organizou, a partir de 1952, já no departamento de Genética (LGN) da ESALQ, onde lecionava Genética, Melhoramento de Plantas e Experimentação Agrícola, um banco de germoplasma de milho, mantido por ele durante 17 anos, coletando amostras de milhos locais, indígenas no Paraguai e em vários estados brasileiros. Com a criação da Embrapa, em Brasília, esse banco foi enviado ao Centro Nacional de Recursos Genéticos.

Dedicou-se ao melhoramento genético do milho, desenvolvendo novas variedades para os agricultores brasileiros e sempre associou informações básicas ao melhoramento, em especial à genética quantitativa. Desenvolveu novos métodos de seleção do milho e foi responsável pela pesquisa básica “Seleção para isolamento reprodutivo entre duas populações de milho”, leitura obrigatória em vários cursos internacionais de evolução.

Foi um dos mais importantes nomes do agronegócio do nosso país exercendo, inclusive, papel importante na aprovação da Lei Nacional de Biossegurança, como membro da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).

Na ESALQ, exerceu a presidência da Comissão de Pós-graduação, chefia do departamento de Genética (LGN), direção do Instituto de Genética, coordenação do programa de pós-graduação em Genética e Melhoramento de Plantas, além de ter sido ouvidor do Campus “Luiz de Queiroz”.


No decorrer de sua carreira foi agraciado com diversos prêmios e distinções, entre eles: “Anfiteatro Professor Ernesto Paterniani”, local que leva seu nome no departamento de Genética; contratado pelo Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas (IICA) como consultor da Embrapa em melhoramento de plantas para o Norte e Nordeste do Brasil; “Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico”, da Presidência da República (1995); membro titular da Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS); membro da CTNBio-Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (1996-2001); Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, da Presidência da República (2000).
As últimas e importantes homenagens recebidas pelo geneticista foram o Prêmio da Fundação Bunge 2005, na área de Agronegócio, categoria Vida e Obra, o mais respeitado estímulo àqueles que estão construindo um Brasil melhor. Neste mês de junho, não pode comparecer, em São Paulo, para o receber o Prêmio Conrado Wessel, concedido à personalidade ou entidade de reconhecimento nacional nos campos da Arte, Ciência, Cultura e Medicina, pela Fundação que leva o mesmo nome. Ainda assim, Paterniani deixou registrado o orgulho em receber mais uma homenagem: “Tudo que sei e aprendi foi às custas da sociedade e as palestras que dou são uma forma de devolver a ela todo o conhecimento que obtive ao longo dos anos. É gratificante ser merecedor desse prêmio porque são muitos cientistas merecedores. O Brasil tem hoje uma tecnologia de maior eficiência, mesmo comparada com países do primeiro mundo e esse patamar existe em função das pesquisas realizadas por esses cientistas”, disse o genetecista à equipe da Assessoria de Comunicação (ACOM) da ESALQ.
“Seu trabalho desenvolvido intra-muros, nas dependências acadêmicas da ESALQ, transborda para todo o mundo, produzindo os efeitos multiplicadores que sua descoberta possibilita”, assim se referiu o diretor da ESALQ, Antonio Roque Dechen, ao homenageado.


***Ernesto Paterniani faleceu quinta-feira, 18 de junho. Seu corpo foi velado no Saguão do Salão Nobre, no Prédio Central da ESALQ. Seu sepultamento aconteceu às 10h00, de sexta-feira, 19 de junho, no Cemitério da Saudade.***

A decisão do STF de pôr fim à obrigatoriedade do diploma para exercício da profissão.

Não é o diploma que forma o jornalista. A profissão é de arte. Não dá para exigir diploma de artes cênicas para Glória Pires, não se pode exigir diploma de publicidade para Washington Olivetto. Isso não quer dizer, por outro lado, que a faculdade de jornalismo não ensine. Se a pessoa tem dom, tem vocação para a coisa, e ainda assim cursou a faculdade, tanto melhor. Muitos estão por mérito, e não pelo diploma.
É bom lembrar que nem para ser presidente da República é preciso tê-lo. O aperfeiçoamento do jornalismo praticado no Brasil não depende de tutelas legais e autoritárias, mas, ao contrário, da contribuição dos talentos e das vocações de todos os que sejam capazes de trazer à sociedade informações, análises e opiniões mais aprofundadas, mais claras e mais abrangentes.

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