domingo, setembro 20, 2009

"Não é o tempo que nos falta - é a serenidade para pensar noutra coisa além do alarmante assunto de todos os dias."
Euclides da Cunha
Comentários:
Oi, passei pra conhecer seu blog, e desejar bom fds
bjs
aguardo sua visita :)
# postado por Dri Viaro : 10:07 AM
ORIVALDO TRIMER




PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS


JOÃO UMBERTO NASSIF

Jornalista e Radialista

joaonassif@gmail.com



Sábado 19 de setembro de 2009

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana

As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/

http://blognassif.blogspot.com/



ENTREVISTADO: ORIVALDO TRIMER





Orivaldo Trimer é descendente de russos que imigraram para o Brasil, mantém características físicas típicas, com um metro e oitenta centímetros de altura, conserva o corpo em forma, dono de uma grande força física. Os imigrantes da Letônia, considerados russos eram bons agricultores. A vinda dos primeiros contingentes de Letos para Nova Odessa foi em 24 de junho de 1906, abrangia terras que hoje compõem Nova Odessa e municípios vizinhos. A saga da família Trimer se assemelha a de muitos imigrantes que lutaram contra muitos obstáculos: língua, costumes, clima e a luta infindável pela sobrevivência. Orivaldo é filho de Alfredo Trimer e Paschoa Grivol Trimer. Nascido em Tupi, em 22 de julho de 1939 é casado com a piracicabana Neusa Helena do Amaral Trimer desde 1968, casamento realizado na Matriz da Vila Rezende pelo Monsenhor Jorge.

Seu pai Alfredo Trimer foi proprietário de um estabelecimento em Caiubi?

Meu pai tinha um armazém em Caiubi, Foi lá que ele se tornou um grande amigo de José Nassif. O Seu José transportava açúcar da Usina Furlan e passava diariamente pelo armazém do meu pai. Eu saí de Caiubi com 11 anos de idade e fui para a Fazenda Cachoeira em Artemis. A nossa família toda se mudou para lá, fomos plantar cana de açúcar, a propriedade era do Dr. Freitas. Em 1956 fui campeão de ciclismo em Artemis, com uma bicicleta suíça, marca Nata, acho que foi a única que existiu no Brasil! Nós vínhamos de Artemis até Piracicaba de trem, descíamos na Vila Rezende e apanhávamos o bonde para economizarmos. O preço do trem da Vila Rezende até o centro era mais caro do que o bonde. Essa economia era importante para nós naquela época.

O armazém em Caiubí não prosperou?

No início era um bar, ia indo bem, vendia-se muito bem pão, “frangava” (negociava com os famosos “frangueiros”, comerciantes que percorriam as localidades rurais levando principalmente armarinhos, pães doces, muitas vezes até cortes de tecidos. Uma característica peculiar é que o carrinho de tração animal tinha abaixo do seu piso uma gaiola, onde eram transportados os frangos vivos. As negociações eram feitas por permutas com frangos, ovos, queijos, produtos da roça Seu Alfredo abastecia esses frangueiros). O que definiu o fim do armazém foi quando meu pai decidiu ampliar as instalações e infelizmente o investimento não deu o retorno esperado. Outro fator que pesou muito foi o excesso de confiança que ele tinha na honestidade das pessoas que compravam a crédito. Muitos não corresponderam a essa confiança.

Tem uma passagem pitoresca, que mostra a determinação do seu pai para o trabalho?

Meu pai era muito trabalhador. A lavoura dele era equivalente a lavoura cultivada por uma família com maior número de pessoas. Ela plantava algodão, na época o serviço na terra era feito com a utilização de burros, até ao meio dia ele trabalhava com uma parelha de burros, minha mãe levava o almoço e outra parelha de burros descansada, e quando era tempo de lua cheia ele ia até mais tarde. Meu pai levantava sempre ás quatro horas da madrugada, era ele quem fazia o café e tirava leite. Minha mãe tinha o costume de por uma pitada de sal no leite. Quem bebia dizia: “-Que leite gostoso!”.

Como a família Trimer passou a tomar conta da Chácara Morato?

Meu estava procurando um lugar para morar. Encontrou um conhecido que morou na Fazenda Cachoeira, e que lhe disse: “Estou morando em tal lugar, lá está muito bom, vamos lá você vai ver”. Meu pai veio, encontrou o administrador Antonio Massoca. Ele então disse ao meu pai: “Estou saindo Alfredo, aqui é bom para você que é trabalhador”.

Na época que idade você tinha?

Eu tinha uns 18 anos de idade, mudamos para lá no final da década de 50 e saímos em 1978.

Quem era o proprietário da Chácara Morato?

Era do Dr. Celso Leme, ele era casado com Dona Cenira Leitão, filha do Dr. Francisco Morato.

Qual era a área da Chácara Morato?

Eram 50 alqueires paulistas. (Cada alqueire paulista mede 24.200 metros quadrados). Hoje é cidade! Está ali o Carrefour, o condomínio Terras de Piracicaba.

A Chácara Morato abrangia que região?

Em uma extremidade ficava a uns 100 metros abaixo do Castelinho (Propriedade em forma de castelo, projetada pelo arquiteto Dr. João Chadad, que deu origem ao nome do Bairro Castelinho). Pela antiga Estrada Boiadeira ia até o café da Chácara Nazareth.

Uma das características próprias da Chácara Morato, eram suas frutas, em especial a variedade de tipos de mangas?

Tinha muitas espécies de mangas, não sei dizer quantas, mas chegamos a estimar em trinta espécies diferentes. Tinha pé de manga enorme, que precisava de três a quatro homens para abraçar. Havia uns pinheiros que tinham sido plantados e que naquela época (1970) os registros dos mesmos marcavam 105 anos de existência.

Para chegar á “cidade” qual era o caminho percorrido?

O lugar mais próximo era a Paulista, passávamos pelo pasto, pela invernada, iamos até a Igreja dos Frades. Minhas irmãs e eu íamos assistir a missa bem cedo. Era um trilho, só se passava a pé, Lá em cima havia uma porteira fechada com cadeado, nós passávamos entre os fios de arame da cerca e saíamos no aterro da Estrada de Ferro Paulista, onde hoje existe uma empresa de terraplanagem, próxima a rotatória da Avenida Dr. Paulo de Moraes com Avenida Nove de Julho.

Foram feitos bailes no tempo em que a família Trimer trabalhou na Chácara Morato?

Eram realizados bailes no terreirão, fazíamos o palizado. A Cerâmica tinha uma colônia de trabalhadores cujas casas ficavam onde hoje há uma padaria em frente ao Condomínio Colinas, próximo ao Carrefour.

Quem cuidava do casarão da Chácara Morato?

Era uma funcionária, Dona Nerina. A família do Dr. Celso vinha passar as férias no casarão.

Havia construções remanescentes de uma senzala que existiu no passado?

Nós morávamos na casa que foi habitada pelos escravos. Era uma casa em forma de “Z”, muito comprida mais de cem metros de comprimento, paredes feitas com pedras com a espessura das paredes de quase um metro de largura, os caibros do telhado feitos com coqueiros, telhas feitas nas “coxas” (Telhas fabricadas com barro moldado nas coxas dos escravos). Algumas vezes minhas irmãs iam ver uma novela na televisão do casarão, era preciso que uma pessoa as acompanhasse, quando voltavam, no escuro da noite era muito fácil imaginar vultos ou ruídos assustadores.

Você chegou usar que tipo de condução para entregar algodão que era plantado pela família?

Meu pai, Alfredo, tinha muita experiência no plantio de algodão. Existia uma terra vermelha, em um pedaço da chácara, lá pelos lados da Paulista, o terreno era bem plano. Deu um algodão muito bom, foi à primeira planta que “endireitou a costela nossa”. Foi vendida para o Seu José Nassif, na primeira vez que fiz a entrega, engatei dois burros na carroça e subi para a Paulista, era o trilho da invernada, o administrador da chácara me deu a chave do cadeado e passei pela porteira do Jaraguá. Ali havia uma estrada que chegava até a Rua do Rosário, levei nessa viagem umas 50 arrobas (Cada arroba pesa 15 quilos).

Vocês plantaram cana de açúcar na Chácara Morato, como era carregada essa cana?

O carregamento era manual. A terra sempre foi muito boa, resultando em uma cana bem desenvolvida. Chegamos a colher até 2.000 toneladas de cana que eram entregues no Engenho Central.

Quantos feixes de cana você cortava por dia?

Eu cheguei a cortar e amarrar 411 feixes. Em uma cana boa, a “77-Brasil”, até o meio dia eu tinha 300 feixes amarrados. Depois do meio dia eu ia para 500 feixes. Ninguém nunca conseguiu cortar essa quantidade. O meu podão de cana eu amolava dos dois lados. O administrador Luiz Trevisan dizia que não conhecia alguém que cortasse aquela quantidade. Comia e já ia mastigando trabalhar. Naquele tempo o Engenho Central não aceitava que a cana fosse queimada.



Onde era o local chamado Matão?

Iniciava nas Glebas Califórnia e ia até a Pedreira Equipav.

Você atravessava a estrada em frente á Chácara Morato e já estava no Rio Piracicaba?

Meu pai gostava de pescar. Quando moramos em Artemis não saia do rio. Era bom nadador e mergulhador. Quando o Rio Piracicaba enchia, subia no então trampolim do Clube de Regatas, pulava, e ia até a Barra do Rio Corumbataí nadando, sem bóia, sem nada. O corpo acostumado a trabalhar no pesado desenvolveu uma disposição física impressionante.

Quando a família comprou o primeiro veículo automotor?

Foi uma Kombi. Fomos para Santos, a família toda, oito pessoas, que alegria! Isso foi na década de 62 a 63. Era de segunda mão. O teto era branco, e o resto da pintura na cor café com leite. Deu problema na volta, o relê não funcionou mais, e de Americana á Piracicaba viemos sem luz! Na época o movimento nas estradas era pequeno.

Quando encerrou o período de trabalho na Chácara Morato qual atividade você passou a exercer?

Com meu primo montamos uma pequena empresa de terraplanagem. Fomos para a cidade de Itapeva, aqui havia muita concorrência. Na época o então proprietário da Padaria Jacareí tinha uma fazenda em Itapeva, fomos realizar um serviço para ele, começaram a aparecer serviços bons.

Você tem muita habilidade para o conserto e manutenção de máquinas pesadas?

Ainda aqui na Chácara Morato, trator, caminhão eu mesmo consertava. Em Itapeva eu tinha uma oficina onde eu recondicionava do motor até a parte rodante dos tratores de esteira. Quando descobríamos defeitos de fabricação em uma máquina escrevíamos ao fabricante sobre o assunto. Na máquina Fiat a bomba de embreagem fundia muito pela sua localização. O modelo seguinte já veio com a bomba melhor localizada. Esse é um exemplo, muitos outros aconteceram, inclusive com outros fabricantes de máquinas pesadas. Chegamos a retificar motores em pleno mato fechado. Isso foi uma grande vantagem para a nossa empresa, que ganhava muita agilidade. Tínhamos um veículo que era praticamente uma oficina completa, e sempre mantivemos prontas para o uso reservas de partes e peças mais estratégicas para o funcionamento das máquinas.

No início da cultura de cana na Chácara Morato você transportava a cana de açúcar com qual veículo?

Era um caminhão “toco” á gasolina, F-600 ano 1958.

Os caminheiros ficavam esperando em uma fila, a vez de descarregar a cana na usina. Era comum tomarem um aperitivo antes do almoço?

Existia esse hábito na época. O caminhão F-600, tinha um espaço atrás do banco onde podíamos levar nossos pertences pessoais. Eu costumava levar dois vasilhames. Em um deles tinha o aperitivo para meu consumo. O outro era para aqueles caminhoneiros que vinham “serrar”. No trajeto que fazíamos para ir até o Engenho Central havia um local onde era habito serem feitos os chamados “despachos” com diversas oferendas para as entidades, entre elas aguardente. Eu e meu ajudante abastecíamos com a pinga deixada ali o vasilhame destinado aos colegas que gostavam de filar um aperitivo. Por muitos anos eles se deliciaram com essa cachaça, até que acabei contando á eles a origem do que eles consideravam um produto de sabor excepcional! Na época a fila era enorme, as últimas viagens iam até de madrugada. Cheguei a ficar esperando por oito horas na usina para descarregar a cana de açúcar. Isso no Engenho Central. O caminho que eu fazia seguia pela Rua do Porto, era estrada de terra. Onde foi o Clube Regatas o caminhão não passava, era obrigado a ir por cima, pela Rua do Sabão.

A subida que há na Rua do Porto atrás do Palacete Boyes não existia?

Não havia, era tudo propriedade da Fabrica Boyes. Onde hoje é a Nova Piracicaba era plantação de cana. No bairro Nhô Quim, hoje existe a Avenida Manoel Conceição, foi propriedade do Mário Áreas Witier, conhecido como Mário da Baronesa, por ter sido criado por ela.

Você chegou a transportar cana com o bonde ainda funcionando em Piracicaba?

O caminho para levar a cana para o Engenho Central obrigatoriamente tinha que ser pela Ponte do Mirante, hoje Ponte Irmãos Rebouças. Quando o bonde ia, nós íamos atrás do bonde. Quando ele vinha da Vila Rezende para o centro, na cabeceira da ponte havia um funcionário em cima de um poste, sentado em uma cadeirinha com uma manivela ele apagava o farol de um lado e acendia de outro lado. Tínhamos que esperar, não havia porteira, entravamos pela Avenida Maurice Allain. Descíamos até o local próprio para descarregar e lá o guincho descarregava. O pai da minha esposa, Seu Osvaldo do Amaral, trabalhou muitos anos lá como cosedor de vácuo, que é uma etapa onde passa a garapa para ser processada. Um dos balanceiros era o Seu Joaquim.

No hoje Bairro Jaraguá como era?

A Chácara Nazareth era toda formada por invernada, existia só gado praticamente. Havia muita codorna. O plantio de café era feito só mais para cima, e dava serviço para muita gente, eles apanhavam o café escolhido, selecionado, eu até acredito que era para servir como semente. As mulheres e as crianças quando passavam para fazer a colheita era um número muito grande de pessoas, duzentas a trezentas pessoas. Quando voltavam do trabalho apanhavam do nosso canavial, uma ou duas canas, isso todos os dias, você pode imaginar ao final de um mês quantas toneladas eram apanhadas para consumo deles.

Havia roubo de gado na época?

Existia sim, perdemos um cavalo e uma parelha de mula.

Alguns ciganos eram negociantes de animais?

Houve uma época em que apareceram uns ciganos, com tropa de animal. Meu pai trocou uma égua velha e Seu Clemente que era da Gleba Califórnia, ele tinha um barzinho lá, com jogo de boche, era muito conhecido, também fez uma troca de animal com os ciganos. Os dois foram para a Paulista. Meu pai disse: “Clemente, essa aqui eu comprei do cigano.” O Clemente disse: ”Eu também comprei essa”. Na outra semana deu uma chuva e lavou os animais. Os ciganos passavam algum produto, talvez cinza de fogão nos pontos estratégicos das montarias. Isso porque quando é velho o queixo dos animais fica branco. Eles tinham maquiado os animais! Meu pai e o Clemente deram boas risadas.




sexta-feira, setembro 11, 2009

GASOGÊNIO,


um quebra-galho do tempo da guerra para a falta de gasolina
Muitos ainda se lembram do trabalho exercido pelos automobilistas do tempo da guerra, misto de carvoeiros e mecânicos; às voltas com sacos de carvão, grelhas, filtros, ventoinhas, tudo sob uma densa poeira negra.
Havia gasogênios de todos os tipos: traseiros, tipo reboque; dianteiros, à lá Cirano de Bergerac; enormes, como caldeiras; compactos, tipo apartamento; escondidos no porta-malas. Alguns bons. Outros, deficientes. Demonstrando que seus construtores desconheciam por completo os princípios de seu funcionamento.
A LENHA
O produtor do gás pobre era o carvão vegetal. Sua fabricação era feita primitivamente. A lenha, cortada em pedaços de 50cm de comprimento, aproximadamente, após ter sido amontoada na forma de cupim, é coberta com grossa camada de terra ou barro úmido. O fogo é ateado pelo furo “A” (veja a figura 1) onde foi deixado um espaço vazio.
A Arte do fabricante de carvão reside em deixar queimar somente a quantidade de lenha suficiente para a produção do calor necessário para que a “matéria-prima” carbonize. Obtém-se isto, regulando a tiragem através dos furos “B”, que permitem a entrada de ar. Este processo é uma verdadeira destilação a seco da lenha, durante a qual a quase totalidade da umidade, bem como de ácidos e resinas, evapora. Perdem-se assim grande quantidade de “gases” que não podem ser aproveitados no processo.
Para que se tenha uma idéia do que representa a parte perdida, é bom que se conheça o que um metro cúbico de boa lenha, destilada por um processo mais perfeito pode produzir: 120kg de carvão de primeira; 150 kg de ácidos diluídos; 20 kg de produtos alcatroados e uns 90 metros cúbicos de gases, à pressão atmosférica.
para cima, para baixo e transversal (veja a fig.2). Examinaremos apenas o primeiro (2A), por ser de mais fácil compreensão.

A preliminar é enche-lo de pedacinhos de carvão, de dimensões as mais uniformes possíveis, bem “socados”. Em seguida fecha-se a tampa da grelha pela qual as cinzas serão eliminadas. É necessário, de início, provocar a tiragem com a ventoinha “V”.
Forma-se assim uma zona de queima onda o oxigênio do ar e o carbono do carvão reagem, formando dois gases: o bióxido e o monóxido de carbono. Este último, insaturado, queima facilmente numa bela chama azul, igualzinha à do gás engarrafado ou de rua, que são seus primos ricos.
O bióxido de carbono, por se encontrar próximo ao fogo e em contato com mais carvão, é reduzido, isto é, transforma-se novamente em monóxido. Este fato permite melhorar o rendimento da produção do gás pobre e deve ser levando em conta no projeto dos geradores.
Um dos principais problemas do sistema é a presença do oxigênio, um sujeitinho muito ativo. A única maneira de evitar que faça estrepolias é agir como o fabricante de carvão: regular o fluxo do ar que ativa a zona do fogo. Nos motores de regime constante, como os estacionários, isto é um pouco menos difícil, se bem que as cargas a que estão sujeitos também variam. Nos automóveis, porém, a coisa é bem mais difícil pois além da variação das cargas, varia também, e enormemente, o regime de rotações.
Daí se conclui que, nos motores estacionários, o controle de ar deveria ser feito por um dispositivo automático, ao passo que nos motores de automóveis tal controle somente poderia ser efetuado a “ouvidômetro”.
Os dispositivos que geram o gás pobre, basicamente, podem ser de três tipos: tiragem para cima, para baixo e transversal (veja a fig.2). Examinaremos apenas o primeiro (2A), por ser de mais fácil compreensão
Quando alguém vai descer de um ônibus muito cheio, costuma levar consigo outros passageiros. Assim, o nosso gás pobre, ao sair do gerador, carrega pó de carvão, cinzas e destilados ácidos, além de vapor d’água. Sua temperatura, inclusive, é de cerca de 800º C nessa situação, sendo mister esfria-lo.

Em primeira instância, o gás pobre atravessa um “ciclone”, (veja fig. 3) no qual as impurezas mais pesadas depositam-se pelo efeito da força centrífuga, sofrendo, inclusive, abaixamento de temperatura.
Em seguida, passa por um ou dois filtros, que retêm as impurezas menores, resfriando-o ainda mais.
Na figura 4 vemos o esquema de um filtro, grande saco de algodão ou flanela, que deve ser facilmente acessível para limpeza. Outros tipos existiam, como os de banho de óleo, análogos aos filtros de ar.

Finalmente, o gás pobre, limpo, está pronto para ser aspirado pelo motor, estando a aproximadamente uns 20º C acima da da temperatura ambiente.
peso de ar, para formar a mistura combustível e isto é feito pelos “misturador”, de funcionamento análogo ao carburador. Deve, porém, receber de 1 a 1,5 partes em peso de ar, para formar a mistura combustível e isto é feito pelos “misturador”, de funcionamento análogo ao carburador.


Existiam vários tipos de misturadores, sendo o que aparece na fig. 5, de mistura anular, bastante eficiente. Observemos que o motor a gasolina ao ser adaptado para gasogênio, devia ter seu avanço aumentado, porque o gás pobre queima mais devagar. Inclusive, a taxa de compressão devia ser acrescida. Mesmo assim, o motor a gasogênio produz até pouco mais de 60% de sua potência original.



                                            Veículo andando com gasogênio (São Paulo, década de 40)


                                         Ônibus (Chevrolet Tigre) com gasogênio (Rio, 1944)


Ônibus da Empresa Viação Garcia, utilizando gasogênio (Londrina-PR, década de 40)






quinta-feira, setembro 10, 2009

Banco Central adota medida para elevar a oferta de troco


A distribuição de notas de baixa denominação e de moedas será ampliada para melhorar a qualidade do meio circulante e a disponibilidade de troco
Brasília – Com o objetivo de ampliar o volume e melhorar a qualidade das notas de R$ 2 e R$ 5 em circulação e também facilitar a distribuição de moedas metálicas, o Banco Central, durante o mês de setembro, vai fornecer às instituições financeiras cédulas e moedas por meio de trocas diretamente em suas dependências. Os bancos terão acesso a esse serviço, excepcionalmente sem custo, durante esse mês. As cédulas de R$ 2 e de R$ 5 são as que mais se desgastam, em função da intensa circulação. Em relação às moedas, o hábito de entesouramento da população faz com que, em algumas regiões brasileiras, os comerciantes reclamem da dificuldade para fornecer troco.
Aos comerciantes também será disponibilizado atendimento especial. A partir do dia 14/09, haverá, em todas as capitais do país, guichê de fornecimento de moedas e de notas de R$ 2 e R$ 5 em kits de R$ 100, de modo a facilitar e agilizar o atendimento. Os endereços serão divulgados no site do Banco Central. Essa medida visa a dar acesso a troco aos pequenos comerciantes. Os grandes comerciantes devem recorrer aos bancos comerciais que os atendem.

As solicitações de troca, por parte dos bancos, ao Banco Central devem ser feitas por telefone com, no mínimo, 48 horas de antecedência, quando serão informadas as quantidades de cédulas ou moedas demandadas. Em Porto Alegre e Salvador, onde não é possível realizar as operações diretamente no BC, as trocas serão efetivadas pelo Banco do Brasil. Para os bancos, a unidade mínima para fornecimento de cédulas será o maço, constituído por cem unidades de cédulas de R$ 2 e/ou R$ 5. No caso das moedas, a unidade mínima é o saco, com quinhentas ou mil unidades, dependendo da denominação, de R$ 0,05 a R$ 1,00.

O BC possui estoque suficiente de moedas para esses atendimentos, já que encomendou dois bilhões de moedas a mais para 2009, volume 56% maior que em 2008. O volume de cédulas também é superior ao do ano passado. Em 2009, houve um aumento de 67% na produção de cédulas de R$ 2, passando de 420 milhões para 700 milhões. A produção de cédulas de R$ 5 saltou de 255 milhões em 2008 para 400 milhões em 2009, um aumento de 57%. Mais da metade dessa produção já foi entregue pela Casa da Moeda e se encontra pronta para fornecimento ao público mediante troca.

As medidas adotadas visam não somente aumentar a oferta de troco mas também melhorar a qualidade do meio circulante, em especial das notas de baixa denominação que circulam muito e têm vida útil mais curta. O desgaste nas notas também torna mais difícil o reconhecimento das marcas de segurança.








quarta-feira, setembro 09, 2009

VEÍCULO DIFERENTE


ESTE "VEÍCULO" FOI DE UM PROPRIETÁRIO DE PIRACICABA.

É UM DOS RAROS, SE NÃO FOR O ÚNICO EXEMPLAR QUE CIRCULOU NO BRASIL.

ALGUÉM  SABE  O 

NOME DO "VEÍCULO"  ?




O estagiário justiceiro

Mauro Tavares Cerdeira*
Conhecido como Ricão, era um dos milhares, talvez milhões de estagiários dos cursos de Direito deste Brasil que já se disse varonil. Carreira que serviu a galgar pessoas ilustres à história desse País e do mundo todo, como o célebre Rui Barbosa, o fato é que Ricão, hoje em dia, não se sentia lá com a bola toda, nem com ela pela metade.
Saído do interior para a Capital de São Paulo, tinha em seu peito até então era um bastião de saudades, algumas misérias, umas raivas ou outras, umas pernas já engrossadas de tanto andar de cartório em cartório pra ver e pegar processos, quando não pra tomar broncas e nãos de respostas, e bem na sua lida profissional ficava sempre em dúvida quando lhe perguntavam o que é que fazia lá no escritório e onde iria chegar nessa vida.
A esperança remoçou, no entanto, quando Ricão encontrou uma oportunidade em uma grande empresa, do setor de telefonia móvel, destas que saem a toda hora na televisão e no mundo. Coisa grande, muita gente, salário para mais de duzentos maior; agora a coisa vai que vai!
Contratação imediata, pois que os negócios nestas empresas grandes andam como anda mesmo o mundo todo. Não há tempo para nada. Faz um ano a vida nova começou. Parece que foi mesmo ontem. E não deu tempo de nada. Ao Ricão não apresentaram nem o pessoal da empresa. Aliás, não tinha empresa. Era um escritório mesmo, mais ou menos igual àquele em que trabalhara antes, pois disseram que o jurídico funcionava ali mesmo, e a empresa, lá dentro, ele nunca viu, nem ninguém viu também.
E chegavam pilhas de processos, todos iguais, ou muito parecidos. Parecia que os demandantes combinavam entre si as demandas. E não havia tempo para nada. O Ricão fazia contestações, que eram iguais as outras contestações, e recebia "da central" propostas para acordos, que eram iguais a outras propostas para acordos, e corria para audiências, que eram iguais a outras audiências. E algumas vezes "era preposto", e outras vezes "era advogado", e corria por tribunais de bagatela por toda São Paulo, conhecia cada vagão de metrô e cada ônibus.
Passava o tempo e vez em quando chegavam regras novas. Agora Ricão não era mais preposto ou advogado, mas "preposto e advogado", tudo isso concentrado em um "estagiário", já que a lei agora isso permitia. E o Ricão, vez em quando, passava o dia rodando cartórios na lida de retirar e devolver processos. E vez em quando o dia passava mas parecia que não tinha passado, e por vezes o Ricão chegava à faculdade, à noite, e ficava em dúvida se tinha mesmo ido trabalhar durante o dia. E outro dia, na quinta, se dava conta de que estava no escritório desde segunda sem ter ido para casa ainda, mas não sabia mesmo muito bem se isso era verdade ou não, mas não confiava em ninguém para perguntar se realmente estava acontecendo.
E foi em fevereiro que uma coisa começou a mudar. Não eram só os juízes e cartorários que começaram a repetir. Nem as causas todas. Parecia que os demandantes, irritadiços, cansados, sempre olhando para ele com cara de "saco cheio", começaram a se repetir. Eram sempre os mesmos, todos os dias. E isso era ruim demais, pois passara a ter receio de encontrá-los. Era como se estivessem a cobrar-lhe uma mesma conta todos os dias. A conta do leite ou do pão, ou do telefone, no caso.
Em uma madrugada de março, já bastante esgotado, e depois de assistir umas palestras sobre contabilidade e balanço e economia das empresas, teve a nítida impressão de que todo mundo estava sendo enganado. Ele estava sendo enganado, o judiciário estava sendo enganado, incluindo a cartorária bonitinha que um dia lhe ofereceu um chocolate, o cara do estacionamento em frente ao fórum, o consumidor, os próprios autos, todo mundo! Na verdade, todo aquele seu mundo profissional talvez sequer existisse e fosse apenas a representação de um drama mesquinho para ocupar o cotidiano!
Na realidade, pensara, aquele teatro é apenas uma farsa, como qualquer outra! E sua razão não poderia ser facilmente descartada. A sua cabeça girava com a seguinte equação:
1) a empresa tem como certo, em um País com instituições falhas, a lesão recorrente de consumidores;
2) a empresa tem como certo também, em um País como o Brasil, com excesso de tarifação, mão de obra barata e baixa concorrência – alto grau de monopólio – alto grau de corrupção, uma elevada rentabilidade;
3) as indenizações no País, oriundas do Judiciário, por tradição e jurisprudência, e dada a média de renda da população, e considerando que em geral são oriundas dos tribunais de pequenas causas, são de nível muito baixo, ou muito inferior às de países democráticos desenvolvidos;
4) as despesas com o setor jurídico de massa, defesa – acompanhamento de audiência etc, são baixas e controladas
5) conclusão: a prestação e manutenção, pelas empresas, de um serviço de péssima qualidade, nestas circunstâncias, é altamente compensatório, mesmo com um elevado índice de resultados negativos nos processos de reclamação judicial, bastando para isso manter uma pequena (em relação ao passivo total) provisão de risco no passivo.
E a conclusão final do Ricão : para a companhia em questão, não interessa e nunca interessou o que o juiz vai decidir ou o que eu vou fazer ou se alguém vai reclamar ou se vai processar ou se o prédio da justiça vai terminar de cair. Está tudo contabilizado em uma pequena nota de passivo. Nós, de fato, não existimos. O que existe é um "numerinho" insignificante dentro do passivo. Eu, se existir, sou um pedaço microscópico da perna de um número do passivo escrito no balanço daquela empresa que está me matando.
E foi nessa madrugada que tocou o telefone da casa do Miltão, o único filósofo que o Ricão conhecia, apesar do Miltão ser meio beberrão e meio "amaconhado", e ainda estar, há uns quatro ou cinco anos, no primeiro ou segundo do curso da Unicamp; mas falar o que é, o Miltão sabe um tanto das coisas da vida, e serve a dar uns conselhos, daqueles de se ficar pensando.
O Miltão ainda estava acordado, que de fato dormia melhor durante o dia. E foi escutando toda a história do amigo, não deixando de se impressionar com aquela revolução que se passava na cabeça do Rico. Como é que nunca havia percebido a existência de vida inteligente dentro daquele projeto de engravatado? E o Ricão narrava suas conclusões e se indignava cada vez mais até que, num inesperado, narrou seu plano para o amigo, o plano para o qual precisava da opinião do Miltão, do seu aval, para o qual não sabia muito bem se tinha coragem ou se poderia fazer ou se era certo ou errado. Aquele negócio de linha ética que aprendera na faculdade, ou medo mesmo de ser preso ou coisa parecida, justo neste país que todo mundo faz bem o que quer, e uma raiva danada do danado do Renan, e do Palocci, enfim.
O Miltão ouviu o interlocutor, que amigo que não faz nada é mesmo para estas coisas, localizou a situação no tempo e no espaço, se permitiu uma pergunta, sobre se o amigo estava seguro das consequências do que faria, e sem resposta disse o seguinte :
"Sócrates tomou cicuta sem medo, pois em sua consciência, sabia o que encontraria após sua morte ! Caso você esteja em paz com sua consciência, siga o caminho traçado e você será feliz."
E o porra do Miltão desligou o telefone.
"Grande merda esse Miltão! Deu na mesma e ainda atrapalhou um pouco. E quem é que quer morrer ! Mas quer saber; se tem alguém que tem de resolver a vida da gente é a gente mesmo, e eu tô nessa !"
A partir dali, o plano foi seguido meticulosamente. Ricão esperou o dia em que teria seis audiências no mesmo dia, no Fórum Vergueiro, na mesma Vara, e em que estava escalado para fazer as seis sozinho, e mais, nenhuma audiência mais haveria naquele Fórum naquele dia, ou seja, somente ele, da sua companhia ou escritório, estaria lá. Esse dia demorou uns 40 dias e mais umas quarenta noites para chegar.
Chegou cedo, com seu melhor terno, e também o único, e um bolo no estômago. Ficou lá em pé, pois lugar para sentar pra variar não tinha. Esperou ser chamado. Entrou. Sentaram do outro lado uma moça e seu advogado. A Juíza se virou para ele e perguntou, como sempre: "Tem proposta doutor?" E ele disse: "Sim, Excelência, hoje as propostas são boas, e são por minha conta!". Ela sorriu, mas sem entusiasmo, logicamente pensando que era só uma brincadeira. Ela disse: "De quanto é?" E o Ricão:
"A proposta é de R$ 15.000,00 para a Requerente, e caso aceita, a Companhia estará também doando R$ 15.000,00 à Casa da Criança Feliz, R$ 15.000,00 ao Juizado para aquisição de novos equipamentos de informática, e R$ 15.000,00 para que o Juizado direcione a uma instituição de beneficência de sua preferência."
O susto foi mesmo grande e a Juíza perguntou se o estagiário tinha certeza daquilo antes de confirmar o aceite da requerente, que foi imediato. A ata foi feita e assinada rapidamente, e o estagiário requereu se seria possível adiantar a sua próxima audiência, fazendo todas em sequência, o que foi deferido. A escrevente foi ao toalete e a Juíza somente pediu licença para dar um telefonema. O advogado presente pediu para cumprimentar um colega lá fora antes mesmo da ata ter ficado pronta, tendo voltado após alguns minutos, e a autora da ação passou a fazer algumas ligações no celular, sem que ninguém se importasse. O Ricão ficou lá, conferindo se cortara mesmo as unhas naquela manhã. Naquele momento lhe passou pela cabeça um pensamento engraçado: era a primeira vez que realmente sentia, por alguns momentos, fazer jus ao seu apelido, ainda que com o dinheiro dos outros, sabe-se lá de quem.
A segunda audiência foi apregoada, antes mesmo da escrevente retornar do toalete. Lá fora o movimento já parecia bastante anormal. Pessoas agora se aglomeravam e se acotovelavam. Funcionários de outras varas conversavam em frente aos elevadores e muitas pessoas chegavam a todo momento pelas escadas. Outros demandantes e advogados que teriam audiências naquele dia contra a mesma companhia falavam alto e animados ao celular.
A Juíza, uma jovem de nem trinta anos, bastante simpática, deu sequência à sessão, iniciando a audiência seguinte, indagando animada ao estagiário se havia proposta no caso e se seria tal e qual ousada. O Ricão disse que sim, que aquele era um bom dia na companhia, que passara a rever alguns dos seus conceitos:
"Neste caso estamos sugerindo R$ 25.000,00 para a cliente da companhia, que mesmo em face da demanda não nos abandonou até hoje, continuando fiel, e caso haja concordância mais R$ 20.000,00 para o Lar de Idosos sediado aqui no bairro; R$20.000,00 para uma confraternização dos servidores deste Fórum, e R$ 35.000,00 para "a" ou "as" instituições indicadas pelo Juízo."
A escrevente engasgou com uma barra de cereais que comia, passou a tossir, encheu os olhos de lágrimas, e saiu correndo da sala se desculpando com a Juíza com uma expressão de "não tem outro jeito" e abanando as mãos. A Juíza confirmou o aceite com uma requerente boba-alegre e um advogado nas nuvens, uma funcionária da secretaria entrou para conferir a informação; a Juíza então disse que agora ela que precisaria usar o banheiro, antes pedindo para a mesma funcionária presente indicar outra instituição beneficente diferente da anterior, e umas onze ou doze pessoas que estavam na sala assistindo a audiência saíram e abriram seus celulares. Quem passou a fazer ligações animadas foi também a cliente do advogado, que ganhou um beijo desse e deu também uma beijoca no Ricão.
Nessa altura, em que a Escrevente voltava para fazer a ata, com muita dificuldade para entrar na sala, e a Juíza falava ao celular no meio das escadarias entre os andares, já havia um congestionamento em uma das vias da Av. Vergueiro e uma movimentação incomum de pedestres na calçada, e acabara de chegar um carro de uma TV local. A terceira audiência então foi chamada.
Terminada a quinta audiência, o Ricão já havia gasto da empresa R$ 720.000,00, afora custas e despesas processuais. Não havia mais condições de continuidade das audiências. O tumulto era geral. Os funcionários da companhia enviados para barrar ou matar o Ricão, a qualquer custo, não tinham conseguido chegar até o oitavo andar, onde ele estava. A parte e o advogado da sexta audiência estavam, juntos, para ter um ataque cardíaco. A Av. Vergueiro estava intransitável. Toda a imprensa de São Paulo estava lá. O Ricão pediu para a Juíza para constar, pelo menos, a proposta de acordo da sexta audiência em pauta, mas o corpo de bombeiros ordenou o início da evacuação do prédio, e então nada feito. Três advogados dos que haviam sentado à mesa com o Ricão momentos antes fizeram questão de escoltá-lo na saída, cuidando assim da sua segurança.
Até sair finalmente do Fórum, devidamente escoltado juridicamente, o Ricão demorou mais cerca de 50 minutos. Lá embaixo, a TV, Rádios e Jornais diversos. Ao sair, o herói foi reconhecido e rodeado por repórteres. Queriam saber o que tinha ocorrido, a razão de sua atitude, logicamente não autorizada pela empresa. O que levara um estagiário a agir daquela forma? E até isso o Ricão já tinha em seu plano!
Para cerca de trinta ou quarenta microfones postados em seu redor, naquele final de tarde de quarta feira, o Ricão prestou as seguintes declarações:
"Pessoal, peço sua compreensão e vou ser rápido, pois o dia tem me sido um pouco pesado. Vou falar e depois infelizmente não poderei responder a perguntas no dia de hoje. Simplesmente cansei de tudo isso. Cansei de ver as mesmas pessoas com os mesmos problemas que deveriam ser tratados de forma sistêmica, com uma atitude séria e coordenada, terem de vir aqui individualmente, repetir um a um o drama de todos. Cansei de ver a movimentação diária de todo um sistema por causa de um aparelhinho celular, em uma atitude egoísta, coisa que poderia ser resolvida apenas com um pouco mais de respeito. Cansei de fazer tudo igual todo dia, de nunca criar, de só repetir. Cansei de só pensar, todos os dias, no Charles Chaplin dizendo "não sois máquina, homens é o que sois", e no entanto não poder fazer nada com minha inteligência, além de transformá-la em algo maquinal. Cansei de não ser gente, de viver pelas contas, pelos cálculos, de advogar pelos cartórios, de contar processos. Sou muito novo para tudo isso. Meu mundo ainda é novo. Eu ainda tenho um amanhã. Obrigado por toda atenção e por seu precioso tempo !"
E o estagiário foi andando sozinho ! No caminho foi pensando em quem mesmo teria tomado cicuta, se era o Sócrates ou o Sófocles, ou até o Tales, aquele de Mileto. Não importava mais ! A sua escolta ficou parada meio pensativa, olhando; e depois foi tomar um chope, que ninguém é de ferro.
Não se sabe ao certo do destino do estagiário da nossa história. Uns dizem que andou pela Ana Maria Braga e Hebe Camargo, passando pelo Jô Soares. Outros que teve ele com o Delegado Protógenes dando palestras por aí. Há ainda os que dizem que por trás dele havia interesses transnacionais, da concorrência voraz e até terroristas. Há comentários de que trabalha para escritórios de advocacia do consumidor, nos USA. Alguns dizem que o nosso estagiário nunca existiu, que de fato não existem estagiários famosos. Outros ainda dizem que os processos não existem, são instrumentos de resolução de lides não materializados.
O que eu sei e posso dizer com certeza, é que pelo menos em algum lugar da minha mente, no subconsciente ou inconsciente, ou seja lá onde for, o estagiário justiceiro existe, e talvez eu tenha um pouco dele, ou tenha me parecido um pouco com ele um dia, só um dia, ou todos nós tenhamos.
_________________________

*Advogado do escritório Cerdeira Chohfi Advogados e Consultores Legais




sábado, setembro 05, 2009

SECADOR DE CABELO PORTÁTIL DÉCADA 60


ALBERGUE NOTURNO - PIRACICABA

OSMIR VALLE

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS


JOÃO UMBERTO NASSIF Jornalista e Radialista


joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de setembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.tribunatp.com.br/
http://www.teleresponde.com.br/




ENTREVISTADO: OSMIR VALLE - (ALBERGUE NOTURNO)

Um prédio situado a Rua Prudente de Moraes, 1900 tem escrito sobre a sua entrada: “Albergue Noturno”. A pergunta que vem em seguida é como funciona? Quem dirige? Quem freqüenta? Uma janela com grade, tem escrito bem acima “RECEPEÇÃO”. Exibe um pouco mais acima um aviso em letras bem visíveis: “1ª Noite das 19:00 ás 23:00 hs. 2ª e 3ª noite chegar ás 19:00 hs.” Separado por um traço, o mesmo aviso diz: “A cada 3 meses (90) dias o migrante terá o direito a pousar 3 noites (consecutivas).” Ao lado, na altura da janela outro cartaz adverte: “NÃO RECOLHEMOS PESSOAS ALCOOLIZADAS”. Para que tudo fique bem claro já na entrada do albergado o Núcleo Espírita Vicente de Paula, Albergue Noturno de Piracicaba coloca o seu regulamento, frisando que o mesmo deve ser seguido por todos que o freqüentam: diretores, funcionários, voluntários e colaboradores, visitantes e freqüentadores de trabalhos religiosos. E segue-se uma série de recomendações. O local em si impressiona o visitante pelo seu tamanho, pelo excelente estado de conservação. Em todos os detalhes, são notados muito zelo, higiene e ordem. Os quartos são espaçosos, arejados e compostos por três camas individuais. A cozinha tem seus utensílios muito bem cuidados, o alumínio brilha como novo, embora se perceba que já é bastante utilizado. As alas são distintas, femininas e masculinas, bem como os banheiros. A individualidade dos homens e das mulheres é preservada, sendo o refeitório a única área que pode ser utilizada em comum. A construção foi sendo feita ao longo dos anos com doações. O fundador foi Osmir Valle, que nasceu em Capivari, em 11 de agosto de 1932, hoje com 77 anos de idade, advogado com 33 anos de profissão. Osmir foi criado em Porto Feliz, aos 18 anos de idade mudou-se para Piracicaba. Seu pai João Valle casou-se com sua mãe Sebastiana Herrerias Valle. Eles tinham um sítio, depois montaram uma modesta empresa de artefatos de borracha que funcionou de 1949 até 1996. Sua ultima denominação social foi Irmãos Valle Indústria de Artefatos de Pneus Ltda., aqui em Piracicaba. Osmir Valle é casado com Nadir de Bertolla Antonietti Valle. O Albergue Noturno durante o período de funcionamento tem a necessidade de uma figura chave?
O Albergue sem a presença de um guarda civil não funciona! Recebemos pessoas das mais diversas origens, e só a presença de uma autoridade oficial impõem o respeito no processo de triagem. A Prefeitura Municipal de Piracicaba tem dada a devida atenção, e particularmente o atual prefeito Barjas Negri tem sido muito atencioso conosco. Desde o prefeito Francisco Salgot Castillon nós temos a presença de um guarda durante o expediente aos abrigados. Aqui foi a primeira sede da Guarda Civil em Piracicaba.
Estamos em um salão bastante amplo ele é utilizado para outras atividades?
Entre outras funções, ele é utilizado para um curso sobre educação alimentar. Com o objetivo de levantar recursos alugamos também para ser utilizado como salão de festas. Promovemos chás beneficentes, cujas prendas vão para a nossa Feira da Economia. Tudo é feito para levantarmos os fundos necessários ao funcionamento do Albergue.
Atualmente quem preside a entidade?
A nossa presidente é Teresinha Ott Vale. O marido dela é o engenheiro civil Nelson Valle que se dedicou muito para que o albergue tenha a situação atual de instalações físicas.
Qual é o objetivo principal do Albergue Noturno de Piracicaba?
É assistencial. Em média atende 350 pessoas por mês.
Como foi a origem do Albergue?
Fundado em 1948, tínhamos pensado em construir um sanatório espírita. Começamos a construir um salão com essa finalidade, com a criação do albergue foi afastada a possibilidade de se criar o sanatório. Os quartinhos para os albergados começaram a ser construídos em 1964. Hoje são oito dormitórios masculinos com três camas individuais para cada um e três dormitórios femininos também com camas individuais.
Como esse pessoal chega até o albergue?
O nosso atendimento é voltado só para o migrante. O morador de rua já tem um órgão da prefeitura que o acolhe. O migrante vem á procura de trabalho, muitas vezes não tem recursos para se hospedar em uma pensão.
Quais são os procedimentos para a entrada do albergado?
Eles devem ter os documentos pessoais. Na falta desses a delegacia de polícia emite uma declaração atestando a idoneidade do albergado.
Como é que os interessados descobrem a existência do albergue?
O fato de já existir a muitos anos torna-o conhecido. Também recebem a orientação da Assistência Social da Prefeitura, a própria Guarda Municipal os encaminham.
O albergado passa pela triagem e a seguir quais os procedimentos?
É feito o registro de entrada do albergado, a maioria são homens sozinhos. Há também a vinda de famílias. As crianças menores, e as moças, permanecem com a mãe, os filhos maiores permanecem com o pai. Ao entrar tomam um banho quente, recebem chinelos, um pijama limpo, que é lavado diariamente, a roupa de cama e as toalhas também são lavadas diariamente. Os pertences que eles trazem são deixados em local próprio, não são levados para o quarto. É servida uma sopa, suculenta, com carne, em seguida alguns permanecem por um pouco tempo no pátio e em seguida vão dormir.
Os que de fato são casados podem ocupar o mesmo quarto?
A regra é manter a individualidade dos homens e das mulheres, para não criar constrangimentos aos demais abrigados. Portanto as alas são distintas: masculina e feminina. Ás vezes eles acham ruim a existência dessa regra.
As roupas que os abrigados usam no cotidiano quem lava?
São eles mesmos. Fornecemos o sabão. Para dormir, eles recebem as roupas de propriedade do albergue, limpas e passadas, toalha, sabonete.
Tem algum horário para dormirem?
Depois de jantaram, lá pelas nove ou dez horas eles costumam se recolherem.
Assistem á televisão?
Há uma pequena televisão que ás vezes alguns assistem.
A que horas eles acordam?
Ás seis horas da manhã eles tem que levantar. O guarda bate na porta. Alguns já se levantam antes. Acordam, levantam-se, fazem a higiene pessoal no lavatório, em seguida tomam o café da manhã, com pão, manteiga, leite. Em seguida vão para a rua.
Qual é o perfil mais comum do abrigado?
A maioria, conforme as palavras de uma assistente social da prefeitura são pessoas que andam pelo mundo. Já recebemos também famílias, uma delas composta pelo casal e cinco crianças. Vieram do Mato Grosso e permaneceram em Piracicaba onde se dedicaram com afinco ao trabalho, constituindo uma nova vida. No início dormiram algumas noites aqui no albergue, em seguida compraram um barraco na saída para Botucatu, e aos poucos se estabeleceram. Outro caso de família que se hospedou aqui foi uma que veio do norte, e também conseguiram vencer os obstáculos.
Há casos de pessoas embriagadas que desejam passar a noite no albergue?
Tem muito disso. Só que pessoas alcoolizadas não podem ser recebidas, causam todo tipo de confusão. Há casos em que o guarda civil é obrigado a recorrer à vinda de viatura para a remoção do indivíduo que algumas vezes torna-se agressivo. Há até alguns que tem contas a ajustar com a justiça.
A origem do albergue foi iniciativa de um casal?
São pessoas importantes, que eu sempre admirei, foi o casal fundador do albergue, Álvaro Mesquita Filho e sua esposa Dona Aurora dos Santos Mesquita, eles se empenharam na construção de diversas entidades em várias cidades, radicaram-se em Piracicaba. O prefeito Luciano Guidotti ajudou muito ao albergue.
A sociedade piracicabana colabora com o albergue?
Recebemos donativos, roupas, camas, cobertores.
Qual é o período de funcionamento do albergue?
Todos os dias do ano, inclusive Natal e Ano Novo. Nós temos a presença de uma assistente social, funcionária da prefeitura, que está presente todas as noites aqui na instituição.
O abrigado paga alguma coisa para o Albergue?
Não pagam absolutamente nada. Tudo é gratuito.
Quais são os problemas mais comuns entre os abrigados?
O alcoolismo é um dos fatores graves aqui. A assistente social procura dar um atendimento profissional, orientação, isso é necessário, muito importante. Tem passado por aqui pessoas que chegamos até a admirar. Filósofos, pessoas com profundo grau de conhecimento espiritual.
Os abrigados recebem aqui algum tratamento de saúde?
Existem órgãos de saúde da prefeitura que cuidam desse aspecto. Aqui recebemos as pessoas em boas condições de saúde. No caso de alguma eventualidade, há a remoção do albergado, com transporte apropriado, para um dos centros de saúde municipal, sempre acompanhado da assistente social.
Quais são os cargos compõe a diretoria do albergue?
Presidente, vice-presidente, primeiro secretário, segundo secretário, primeiro e segundo tesoureiro, um estatuto muito bem elaborado.
Há algum tipo de remuneração para a diretoria?
É um trabalho voluntário, ninguém recebe nada.
Hoje basicamente o abrigado é o migrante, como isso é visto por algumas facções da cidade?
Infelizmente não é visto com muita simpatia por alguns setores. Alguns imaginam que esse trabalho incentiva a vinda de migrantes. Alguns se sentem incomodados.
Se o migrante for bem recebido aqui ele poderá trazer outros?
Eles se comunicam!
(N.J. o direito de ir e vir é cláusula pétrea na Constituição Federal, o que significa dizer que não é possível violar esse direito. Todo o brasileiro tem livre acesso em todo o território nacional).
Existe a possibilidade de utilizar as instalações no período em que não há a ocupação pelos albergados, principalmente nas dependências onde há um espaço disponível?
Sacrificamos tempo da nossa vida pessoal para dedicarmos no cuidado com a manutenção do albergue. Pelo fato de ser um albergue noturno facilita a conciliação das nossas atividades profissionais com a dedicação ao trabalho voluntário. Se nos dedicarmos a outras atividades diárias deixaremos de lado o trabalho que nos sustenta.
Há uma tendência para o fechamento dos albergues noturnos?
Há uma tendência nesse sentido.
Os membros do Centro Espírita que congregam nas dependências do albergue realizam alguma reunião periódica?
Toda terça feira nos reunimos em nossa sala de reunião, a partir das oito horas da noite, para o estudo do evangelho, realizamos as nossas preces, é totalmente aberta ao público.
Qualquer cidadão pode dormir no albergue?
Se tiver um motivo relevante é possível pernoitar aqui. Já aconteceu. A triagem é que pode dar o aval final.
Como é a noite de Natal no albergue?
Geralmente tem poucas pessoas. Fazemos uma comida diferente, como uma ceia, com macarronada, frango.
Tem troca de presentes?
Não!
Maria Helena Medinilha Niquito participa da diretoria do Albergue. Como é que a senhora vê o abrigado?
Nos três dias regulamentares que eles permanecem aqui procuramos oferecer conforto, carinho humano.
Os albergados retribuem?
Tem pessoas muito boas.
O guarda responsável pela portaria passa situações delicadas?
Todos aqui passam por situações difíceis. Ser firme sem humilhar é difícil. Principalmente quando a pessoa chega muito embriagada e sua entrada é barrada. Alguns querem entrar durante o dia, o que não é permitido pelo nosso regulamento.
Há quantos anos a senhora está aqui?
Já faz mais de 30 anos.
Seu Osmir, qual é a satisfação que o senhor sente com o Albergue?
O ensinamento espírita, de Alan Kardec, nos ensina: quem somos de onde viemos, e para onde vamos. A partir desse conhecimento a pessoa passa a pensar no próximo. Fora da caridade não há salvação. O espírita abraça isso com muito empenho, ele sabe quem ele é. O espírita não se ilude com aquilo além de necessário para a sua sobrevivência. É o meio e não um fim. Passamos a sentir mais o sofrimento do próximo, e queremos ajudar da melhor forma possível.
Após firmarem-se em uma nova vida, o migrante retorna ao albergue para agradecer?
Já houve vários casos, falam muito bem de nós.
Seu Osmir qual é a mensagem que o senhor gostaria de enviar á comunidade piracicabana?
Quero agradecer a colaboração que recebemos do povo piracicabano, agradecer a prefeitura que nos tem ajudado desde o tempo do prefeito Francisco Salgot Castillon. Pedimos que todos que possam, colaborem conosco, a entidade tem uma história. Estamos aqui de braços abertos.




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(by Roberto)



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quarta-feira, setembro 02, 2009

Professores e alunos alemães visitam ESALQ

Um grupo de 19 alunos de graduação e pós-graduação, além de 4 professores da Universidade Técnica de Munique (Alemanha), campus Freising, visita a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), durante essa semana, para trocar conhecimento nas áreas de fitopatologia e ciências florestais. Os pesquisadores alemães chegaram ao Brasil no último domingo (30/8) e ficaram até esta terça-feira na Estação Experimental em Itatinga (SP), onde professores e alunos da Escola mantém pesquisas na área florestal. O, que conhecerá a estrutura dos cursos de graduação e dos programas de pós-graduação, permanece em Piracicaba até a próxima sexta-feira. Na Escola, participa de uma série de palestras abordando a produção de etanol, doenças de plantas.



Na parte da tarde, o grupo fará uma visita à Usina Costa Pinto. No dia 3/9, a delegação irá para o município de Matão (SP), para conhecer a produção de citrus e café e, na sexta feira (4/9), os integrantes seguem para os estados de Minas Gerais e Paraná, sempre participando de visitas técnicas no setor florestal.



Na ESALQ, essa ação é coordenada pelos professores Sérgio Florentino Pascholati, do departamento de Fitopatologia e Nematologia (LFN) e José Leonardo Moraes Gonçalves, do departamento de Ciências Florestais (LCF). Da instituição alemã, coordena o grupo o professor Wolfgang Osswald.



Programação



(September 02, 2009 - Wednesday)



8:00 – 8:10 – Welcome (Room Ferdinando Galli – Plant Pathology Section)

8:00 – 8:30 - Producing energy from sugarcane (ethanol) in the state of Sao Paulo

(Prof. Dra. Heloisa L. Burnquist – Esalq/USP)

8:30 – 8: 50 – Energy production by biogas and others in Germany (TUM)

8:50 – 9:10 – The New Bachelor and Master in Forestry at the TUM (TUM)

9:10 – 9:40 – Main diseases of woody plants in the state of Sao Paulo (Prof. Dr. Edson Furtado – UNESP, Botucatu)

9:40 – 10:00 – Main Phytophthora diseases of woody plants in Europe (TUM)

10:00 – 10:20 – Coffee break

10:20 – 10:50 – Producing “clean” citrus plants in nurseries (Pq C Dr. Eduardo Feichtenberger – Apta / Sorocaba)

10:50 – 11:20 - Use of stable isotope in environmental studies in Amazon” (Prof. Dr. Plínio B. de Camargo – CENA/USP)

11:20 – 12:40 – Lunch at Esalq (Professor´s restaurant)

12:40 – Departure from Esalq to Costa Pinto mill

13:00 – Arrival at “Usina Costa Pinto” – sugarcane and ethanol mill

17:30 – Leave Costa Pinto Mill

18:30 – Barbecue with Brazilian and German students / professors at Sinfesalq


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terça-feira, setembro 01, 2009

"A diferença entre o dinheiro miúdo e o dinheiro graúdo é que este, naturalmente, fala mais alto."
Millôr Fernandes

“Pesquisa propõe sustentabilidade ambiental em pólo moveleiro”

A partir da estruturação dos
Arranjos Produtivos Locais (APL) Madeira-Móveis em diversas regiões do país, as indústrias moveleiras começam a se articular para discutir os principais desafios comuns
que precisam enfrentar para elevar o crescimento do setor. Dentre eles, a questão da sustentabilidade ambiental como valor corporativo tem sido indicado como
um dos mais importantes, tanto para reduzir as perdas e os riscos na atividade, como para aumentar a rentabilidade e atingir
novos segmentos de mercado.

Com objetivo de mapear o processo de desenvolvimento de produtos no setor moveleiro, a
designer Patrícia Azevedo concluiu a pesquisa. “Estratégias e requisitos ambientais no processo de desenvolvimento de produtos na indústria de móvel sob encomenda”. Orientada pelo
professor Geraldo Bortoletto e com a co-orientação da professora Adriana Nolasco do departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Patrícia fez um estudo de caso em
18 empresas do pólo moveleiro de Itatiba/SP.

O estudo promoveu uma análise descritiva e qualitativa fundamentada em ferramentas de ecodesign para o processo de
desenvolvimento de produtos (PDP). A análise abordou os três níveis de decisão nas empresas: diretoria (planejamento estratégico), designer (planejamento de projeto
) e gerente de produção (produção).

Segundo a pesquisadora, na década de 1980 Itatiba foi considerada a capital do móvel no Brasil e, de lá pra cá ela
perdeu essa característica por alguns fatores. “Os móveis produzidos ali são da linha colonial, utilizam madeira maciça, proveniente no norte e nordeste do
País. Com as mudanças na legislação ambiental, as empresas do Pólo de Itatiba passaram a enfrentar entraves legais no que se refere à extração e transporte do material”. Além
disso, a designer lembra que a massificação da produção moveleira, na qual temos um produto menos durável, feitos a partir de painéis de aglomerado
ou MDF, barateou a produção. “Há uma mudança de comportamento do consumidor, que passa a preferir móveis mais baratos, ainda que
sua durabilidade seja bem menor e mesmo que não apresente o viés da exclusividade”.

Os resultados da pesquisa
indicam que os fatores econômicos ainda ditam a forma das empresas responderem às questões ambientais, buscando continuamente adequação às leis e regulamentos ou a redução dos custos de
produção, principalmente por se tratarem de micro e pequenas. Além disso, a ausência planejamento de negócios ou uma organização administrativa estruturada dificulta a
inserção de requisitos ambientais no PDP. Além da falta de profissionais capacitados na área de desenvolvimento de produtos propiciando o aumento das dificuldades em estruturar o setor
. “Algumas acreditam que já fazem aproveitamento das sobras, confeccionando puxadores de gavetas, tábuas de carne e faqueiros, etc. Mas o bom planejamento
é aquele que considera o conceito da redução das sobras e não simplesmente continuar reaproveitando. O ideal é planejar para não sobrar”. O
baixo nível escolar desses profissionais é um fator que dificulta o aprimoramento das estratégias de planejamento e o aperfeiçoamento da produção. Há na maioria dos casos
apenas a reprodução de um desenho trazido pelo cliente em um recorte de revista, mas raramente existe um questionamento
do melhor uso da matéria prima. “É nessa falta de planejamento que se encontram as perdas. Pedaços de mogno usados em parte
estrutural, sendo pintados de branco e ou empregados em local em que não se aproveitaria o aspecto estético da madeira
maciça”, comenta Patrícia.

Como retorno aos produtores de móveis, a pesquisa propõe que as empresas passem a atuar dentro de uma estrutura
empreendedora e que empreguem requisitos ambientais em seu planejamento. Uma das questões levantadas foi a atuação do projetista. “Se o profissional responsável por essa função tiver a mínima
formação na área de desenvolvimento de produto, ele consegue perceber logo no projeto maneiras de interferir na idéia de modo a
reduzir perdas com um simples planejamento de corte dos painéis ou peças maciças, estudo da qualidade do material, do tipo
de encaixe ou junção, o emprego de adesivos químicos menos tóxicos”, pondera a autora do trabalho.

A pesquisa indica que
o planejamento estratégico daria subsídios para que os produtores se informassem de maneira clara sobre a minimização de sobras. “Uma das empresas, por
exemplo, faz doação das sobras para uma panificadora, mas acontece que nessas sobras encontramos MDF, que concentra substâncias tóxicas do seu processo de produção
e, ao ser queimado, acaba liberando essas toxinas a céu aberto”, conta Patrícia Azevedo.

Finalizando, a pesquisadora enviou um relatório individual para
cada empresa, tanto para as que contam com 180 funcionários, quanto para aquelas que tocam suas atividades apenas
com 3 pessoas da mesma família. “Nas informações repassadas procuramos destacar a importância de atuarem de forma planejada, avaliando todo o processo, desde a origem da
matéria prima até o descarte final. A intenção era trabalhar o conceito de que é possível obter o mesmo
rendimento a partir da preocupação com seu entorno e com o emprego de estratégias de sustentabilidade ambiental. Para esses produtores, essa é uma postura
que contribui inclusive com a imagem do seu empreendimento, podendo aumentar sua cartela de clientes. É possível criar benefícios
praticando apenas algumas alterações de conduta. Esse foi o grande desafio da pesquisa”.

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