domingo, outubro 26, 2008

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

A Tribuna Piracicabana
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Entrevista: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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Entrevistada: Maria José (Dona Zezé) Aparecida Fonseca Pires.


Maria José Aparecida Fonseca Pires, mais conhecida como Dona Zezé, nasceu em Tatuí, no dia 4 de outubro de 1917. Com passos firmes e ligeiros ela caminha em direção á mesa do refeitório que vamos utilizar para realizarmos nossa entrevista. Ela reside no Lar dos Velhinhos há algumas décadas. Os seus 91 anos de idade não a impedem de circular pela cidade, acompanhada de uma pessoa amiga. È impressionante a sua disposição para estar sempre realizando alguma atividade, como visitas, passeios e até mesmo algum tipo de trabalho que julga necessário e deseja realizar.
Qual era o nome dos pais da senhora?
Benedito Pires e Eulina Fonseca. Ele era muito bom músico, tocava violão. Minha mãe tocava piano. Minha mãe era professora primária, e naquele tempo tinha aulas de música em São Paulo, isso no final dos anos 1800. Naquela época os partos eram feitos em casa. Do casamento dos meus pais nasceram três filhos: dois homens e eu. Dos três só o meu irmão mais velho conseguiu formar-se como pianista. Tínhamos um piano alemão vertical (tipo armário). Eu nasci no meio de música. Meu pai tinha a profissão de alfaiate, um alfaiate com muito estilo. Minha mãe era professora primária. Em Tatuí nós morávamos á Rua Santa Cruz, 435. Trinta e cinco é o número da cobra! Tínhamos um cachorro perdigueiro chamado Nilo. Naquela época era comum caçarem codornas. O Nilo era um cão especializado em caça de codorna.
A senhora conheceu um médico muito importante?
Nós íamos passar as férias na casa do Dr. Ribas. Eu tinha uns 7 ou 8 aos de idade quando conheci Dr. Emílio Ribas. Ele morava no bairro Perdizes, á Rua Candido Espinheira. Íamos de Tatuí para São Paulo para passar o período de férias na sua residência. Nós viajávamos pela Estrada de Ferro Sorocabana, a baldeação era feita em Mairinque. (N.J. Dr. Emílio Marcondes Ribas formou-se como médico em 1887. Começou sua vida profissional como clínico geral. Casou-se e foi morar no interior de São Paulo, primeiro em Santa Rita do Passa Quatro e depois em Tatuí. Pesquisando sobre a febre amarela Dr. Ribas chegou à conclusão de que o mal não se transmitia diretamente de uma pessoa doente para outra sadia, e sim que devia existir, no caso, um transmissor, o mosquito Aedis aegypti. Criticado pela imprensa, deixou-se picar pelo mosquito infectado pelo vírus da febre amarela, em 1903. Junto com Adolfo Lutz e outros voluntários, Ribas adquiriu a doença e comprovou sua teoria ).
Como surgiu essa amizade entre a família da senhora e a família do médico Dr. Emílio Ribas?
Naquele tempo criança não tomava parte da conversa entre adultos. Dr. Ribas era médico do serviço sanitário. A sede dele era Sorocaba, mas morava em Tatuí. Muitas noites ele não voltava para casa, tinha viajado á trabalho. Nessas ocasiões mamãe, que na época era mocinha, ia pousar com a esposa do Dr. Ribas, Dona Mariquinha. Assim que surgiu essa amizade.
Outra família muito importante também era amiga da família da senhora?
Mamãe foi estudar em São Paulo, junto com a família dos Cardoso de Mello. Ela permaneceu por quatro anos morando na Rua Helvécia, perto da Igreja Coração de Jesus.
Depois ela voltou a morar em Tatuí?
Após concluir seus estudos ela voltou para Tatuí, onde conheceu o meu pai. Casaram-se e tiveram os três filhos: José Onofre, Paulo Afonso que foi coronel da Cavalaria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e eu.
Como se chamava a avó materna da senhora?
Era Laura Guedes. Meu avô, era de descendência portuguesa, chamava-se Joaquim Carioca Fonseca. Ele foi tropeiro. Trazia tropa de Mato Grosso.
A família da senhora mudou-se para Piracicaba?
Nós morávamos perto do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Conheci Newton de Almeida Mello, compositor do Hino de Piracicaba. Ele era nosso vizinho.

“Piracicaba”
Numa saudade que punge e mata

Que sorte ingrata! – longe daqui,
Em um suspiro triste e sem termo,
Vivo no ermo, dês que parti.

Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto,
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!

Qual foi a primeira escola em que a senhora estudou?
Foi na atual Sud Mennucci. Lá eu estudei até concluir o curso normal. Após formar-me como professora iniciei dando aulas em Glicério, cidade próxima a Penápolis. Fomos eu e outra colega daqui, a Eunice de Souza. Ficamos hospedadas na casa do prefeito de Glicério. De lá eu fui transferida para São Pedro.
A senhora conheceu o poeta Gustavo Teixeira?
Conheci! Duas sobrinhas dele foram minhas colegas. Eu vinha todo sábado de São Pedro para Piracicaba. Vinha de Jardineira, o motorista era o Seu Serafim. O ponto final era na Igreja São Benedito.
De São Pedro a senhora veio lecionar em Piracicaba?
Fiz uma permuta com uma professora que lecionava no Moraes Barros em Piracicaba. Naquela época São Pedro tinha a fama de curar todas as moléstias. Suas águas não eram indicadas apenas para tratamento de reumatismo. O objetivo dessa professora era conseguir a sua transferência em função do tratamento do marido que era professor na Esalq. Assim eu vim lecionar em Piracicaba, no Grupo Moraes Barros.
Em que ano a senhora passou a lecionar?
Eu formei-me em 1935, com 18 anos de idade.
A senhora conheceu Thales Castanho de Andrade?
Conheci! Ele foi meu professor de história. Na época a família Andrade tinha a Fábrica de Bebidas Andrade, em frente ao Grupo Moraes Barros. Entre outros produtos que eles fabricavam havia o refrigerante Cotubaina. Fui aluna de Antonio Dutra. Depois ele foi para Europa.
Depois de ter-se formado como professora a senhora fez outro curso?
Permaneci por cinco anos em São Paulo, na Faculdade de Medicina, onde fiz o curso de enfermagem. Trabalhei no Hospital das Clínicas, na Avenida Dr. Arnaldo. Residia na própria escola de enfermagem. Na época ainda havia o bonde em São Paulo. O famoso salão de chá do Mappin. Lembro-me de ter ido uma ou duas vezes até lá. Uma das vezes, por coincidência, estava também por lá um piracicabano, professor do Sud Mennucci, o Seu Lex. Em latin, Lex é lei! No Hospital eu fiz estágio na pediatria, na ortopedia. Doutor Lauro Abreu era um médico que trabalhava lá e tinha parentes em Tatuí.
Quem nasce em Tatuí recebe qual nome?
Uns falam tatuiense outros tatuianos.
A senhora estudou inglês?
Um professor chamado Adholfo Carvalho, durante suas aulas, me cobrava em classe a lição de inglês. Pensei, vou estudar inglês, está demais, toda aula o Seu Carvalho me chama. Fiquei craque em inglês. Acabei com isso ganhando uma bolsa de estudos para ir aos Estados Unidos. Acabei não indo para permanecer junto á meus pais.
A senhora foi aluna do tempo da palmatória?
Eu não peguei essa época. Minha mãe foi aluna do tempo da palmatória. (N.J. A palmatória usada no Brasil era uma haste que terminava em uma peça circular de madeira que, por sua vez, possuía furos em forma de cruz. Quem apanhava com o instrumento ficava com bolhas na mão similares aos desenhos dos furos. A palmatória tornou-se um símbolo de disciplina na educação).
Entre os seus milhares de alunos, destacam-se nomes bastante conhecidos em Piracicaba.
Tive muitos alunos que se destacaram. No momento me ocorre o nome de Walterly Accorsi. De Clemência Pizzigatti, a “Mença” era assim que os pais dela a chamavam, sua irmã Irene também foi minha aluna. O diretor da escola era o Seu José Martins.
Com toda a experiência de vida que a senhora possuí, e muito lúcida e atuante, diante de tantas mudanças de que forma a senhora observa a honestidade das pessoas?
Vale a pena uma pessoa ser honesta. Sendo honesta ela mesma irá sentir-se bem. Até o momento eu me senti muito bem sendo honesta!
A senhora é detalhista?
Eu faço um diário. De forma resumida.
Esse diário poderá um dia vir a ser publicado?
Por ser estritamente pessoal, não desejo vê-lo publicado.
A senhora sempre foi dona do seu nariz?
Sempre fui dona do meu nariz! Mamãe tinha amizade com a Irmã Virgínia, foi por intermédio dela que vim para cá.
O que a senhora acha da internet?
A Mença têm internet na casa dela. Não posso dizer muito á respeito. Pelo fato de estar sempre visitando pessoas amigas, onde conversamos nos reunimos e assim praticamente não conheço a internet.
Qual é a fruta que a senhora mais gosta?
Gosto de laranja! Só não gosto de laranja lima. Gosto mais de laranja ácida. Gosto de jabuticaba. Já subi em pé de jabuticaba, mas não agora! Recomendo que não subam em jabuticabeira, porque os seus galhos são frágeis.
E goiabada cascão?
Gostava de goiabada cascão. Eram colocadas em caixetas. Na época era costume das famílias guardarem as caixetas de goiabada no guarda-roupa! Quando vinha visita eram oferecidas.
Qual é a receita para ter essa vitalidade e disposição?
Preocupação sempre existe. Só não sei explicar como consegui ter uma vida tão boa. Acho que são as pessoas que me rodeiam.
A senhora pegou a fase do cinema mudo?
Conheci sim! Era mudo, e tinha que ser esguichada água para resfriar a tela. Mamãe falava para nos aprontarmos rápidos, pois ela não queria chegar depois de ter passado a água no pano. Isso foi em Tatuí, um dos cinemas era o São José. Eu era na época muito jovem
E baile de carnaval?
O carnaval de Tatuí foi muito famoso. Pelo fato de minha mãe ser muito próxima á igreja, nós não freqüentávamos o carnaval.
Como era guardado o luto em família?
As meninas usavam saia preta e blusa com bolinhas pretas. Permaneciam por seis meses guardando luto quando falecia o pai ou a mãe.
Em Piracicaba a senhora morou onde?
Primeiro morei na Rua Boa Morte, na casa que falam que foi onde Adhemar de Barros nasceu. É uma casa perto da Rua Ipiranga. Onde hoje existe um estacionamento era a casa do Seu Amadeu Castanho. Ele morava na casa de esquina. Meu irmão, que foi militar, sempre dizia que a casa onde nasceu Adhemar é onde hoje existe uma casa de queijos. Não é a casa de esquina. Moramos ali um ano. Depois descemos para a Rua Alferes com a Rua Ipiranga. Papai era gente de Tietê, que gostavam de briga de galos. Embaixo havia um porão onde havia a rinha de galos. Na época era permitida. Havia um quintal enorme, onde depois foram construídas três casas. A nossa casa tinha um portão na Rua Alferes e outro portão na Rua Ipiranga.
A senhora chegou a conhecer uma sinagoga que havia ali perto?
Essa sinagoga ficava na Rua Ipiranga. Cheguei a conhecer externamente. A família de Newton de Mello morava umas duas ou três casas abaixo da sinagoga. Eu passava em frente. Ficava entre a Boa Morte e a Rua Governador. Como éramos católicos não podíamos entrar na sinagoga. Nós freqüentávamos a igreja do Monsenhor Rosa, a catedral. Quando passamos a residir na Rua Alferes, passamos a freqüentar a Igreja dos Frades, tempo do Frei Liberato, Frei Vital.
A senhora conheceu a família Gonzaga?
Conheci! O Seu Luiz Gonzaga, seu filho Bento Dias Gonzaga que era amicíssimo de papai. Fui professora da Mariazinha, irmã do Bento. A mãe deles era Dona Arminda, de família de São Carlos.
A senhora veio morar no Lar dos Velhinhos já a alguns anos.
Eu escolhi o Lar dos Velhinhos para vir morar! Eu admiro muito o Dr. Jairo por causa dessa casa que ele fez. Ele se desdobrou em energia para fazer essa casa dos idosos. É uma pessoa que merece muita consideração da nossa parte. Tem gente aguardando a vez para poder vir para cá. Eu falo que morar aqui é desfrutar.
A senhora recentemente matriculou-se em um curso de pintura?
Eu já tinha estudado pintura, isso faz alguns anos. Hoje tenho aulas com a professora Duzolina. Vou á aula ás quintas-feiras, em uma escola particular, fora do Lar dos Velhinhos.




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Entrevistado: JOSÉ CARLOS MARTINS, ZÉ DO JOCA.

O Professor José Carlos Martins, mais conhecido como Zé do Joca, é uma pessoa bastante expressiva em Rio das Pedras. Daquelas que quando cumprimentam, transmite no aperto de mão, tipo “alicate”, a força da sinceridade. De hábitos simples, exímio artesão com madeira, fabrica quebra cabeças, jogos, todos muito bem elaborados, pintados á mão. São brinquedos que ele constrói e faz a doação ás crianças da cidade, escolhidas ao acaso. Suas telas retratam a Rio das Pedras que ficou gravada em sua retina. Obras minuciosas, detalhadas. Homem de princípios muito bem estruturados extravasa seus pensamentos filosóficos, políticos, humanistas, revivendo os primórdios dos atuais jornais. A pé, entrega de casa em casa, á uma ávida clientela, seus já famosos escritos. Sem qualquer tipo de remuneração ou patrocínio. As pessoas que se mudam da cidade pedem para que ele os mande pelo correio. Com isso ele ultrapassou as fronteiras do município, atingindo até outros estados.

Por que o senhor é conhecido em Rio das Pedras como Zé do Joca?
Meu pai João Batista Martins, o Joca, era barbeiro, aqui na cidade de Rio das Pedras. Meu nome é José Carlos Martins, mas passei a ser conhecido como Zé do Joca. Nasci em 6 de junho de 1937. Não sou riopedrense! Nasci em São Paulo, porque a minha mãe naquela época já achava que Rio das Pedras naquela época não daria muitas chances para o futuro dos filhos. Ela passou a estimular meu pai para mudarmos para São Paulo. Meu pai achava a idéia boa, só que ele tinha raízes aqui. Ele disse á minha mãe para ir com os meninos, a princípio morar com uma irmã dela, enquanto ele liquidava os negócios dele aqui. Na época além da barbearia ele fazia a escrita contábil de uns 20 ou trinta engenhos da região. Meu pai ia todo mês para São Paulo. Eu nasci um ano após minha mãe voltou para Rio das Pedras, ela viu que meu pai não ia mesmo embora. A barbearia do meu pai era a barbearia do Joca, ficava no local onde foi a Padaria Cristal, hoje é uma escola. Vizinho a estação de trem. Ali tinha uma porteira. Na realidade foram três tipos de porteira que existiram naquele local. A primeira onde passa o trem. Deixava a rua livre. Depois teve uma que cada vez que ela fechava tomava toda a rua. O terceiro tipo era uma porteira com uns 10 metros de comprimento, era de correr, como foi à segunda porteira. A minha casa ficava bem pertinho da estação. Após ter mudado para São Paulo, a primeira vez em que voltei á Rio das Pedras, a impressão que tive era de que o trem estava entrando na minha casa. Quando eu morava ali, nunca tinha percebido isso. Eu estava tão acostumado com o trem, que o trem das cinco horas da manhã que ia para São Paulo, nunca antes eu tinha ouvido chegar ou apitar. Na época era a chamada Maria Fumaça, trem movido a vapor. A composição do trem era formada pela máquina, uma parte dela onde se carregava água e lenha, depois vinha um vagão onde ficava o chefe de trem e os objetos transportados pelo trem. Em seguidas vinha o carro de segunda classe, e por último o carro de primeira classe, era colocado no fim da composição para pegar menos fuligem e faíscas que saiam da locomotiva. Esse era o trem de passageiros.
O trem ia lotado de passageiros?
Não. Quem viajava muito de trem eram os empregados da Sorocabana, pelo fato de viajarem de graça usavam muito o trem. O trem ficava lotado em época de festas de igreja, procissão. O pessoal vinha dos sítios, das fazendas. Do lado de Mombuca vinha muita gente da Fazenda Estrela, Fazenda do Banco. Saindo de Piracicaba á Jundiaí, as estações existentes e que me lembro eram a parada da Fazenda Ludovico Felipe ou Chave do Chicó, Chave do Barão, Rio das Pedras, Fazenda Santa Cruz a Parada do Banco, da Fazenda Estrela, aí vinha Mombuca. Em seguida Rafard, Capivari, Tibúrcio, Elias Fausto, Chave Stein, Cardeal, Indaiatuba, Itaici, Quilombo, Monte Serrat, Itupeva, Ermida, Jundiaí. Em Jundiaí a Sorocabana parava. Era então feita a baldeação, e ia para São Paulo pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro.
Quantos filhos o pai do senhor teve?
Meu pai casou duas vezes. Côa a sua primeira esposa, minha mãe, eles tiveram cinco filhos. Com a segunda esposa eles tiveram duas filhas. Minha madrasta era Dirce Mattiazzo Martins.
Essa casa em que o senhor morou, situada onde hoje é o Colégio Ibrafem de Rio das Pedras, como era?
Era uma casa curiosa. Era um sobrado, porém ao invés de subir, descia! Em cima tinha o salão do meu pai, a barbearia, nossa sala de visitas e dois quartos. Descendo uma escada havia a copa, cozinha, mais um quarto, banheiro. Ela foi feita em um terreno que era um barranco. Tínhamos também um porão, onde eram guardados objetos de pouco uso. O Ribeirão Tijuco Preto passava a uns 50 a 60 metros. Meu avô Valério Fernandes Martins e meu bisavô, pai da minha avó, Antonio Garcia Prates foram fundadores da cidade. Antonio Garcia Prates era padeiro em São Paulo, e veio para Rio das Pedras na construção da estrada de ferro. Veio fornecendo comida para os trabalhadores. Entre esses trabalhadores veio Valério Fernandes Martins. Estabeleceram-se em Rio das Pedras, construíram uma casa em frente á estação de trem, onde hoje fica estacionado um trailer de lanches. Hoje existe apenas o armazém de cargas, a estação foi demolida, para dar lugar á uma rua! No começo a estação era tudo. Foi o Barão de Serra Negra que pediu essa estrada de ferro. Havia um projeto para que o trajeto dessa estrada passasse pelo Bonjardim, para embarcar o café do Barão. Rio das Pedras tinha uma ou outra casinha isolada. Depois que a Rua Debaixo foi-se formando. Por isso que a Rua Torta é torta, ela seguiu o projeto natural de uma estrada. Era o caminho mais fácil. Ela não pode ser endireitada por ter ficado entre o rio e a estrada de ferro. Meu pai foi telegrafista por vários anos. Depois meu pai tinha barbearia em frente á igreja, onde hoje existe uma avicultura. Ali existia uma casinha velha. Ele mudou-se para uma casa vizinha á igreja, que hoje não existe mais, ficava ao lado da igreja, no meio da praça, existia ao lado o Hotel do Polesi.
Os seus primeiros estudos foram feitos onde?
Aqui em Rio das Pedras só havia o curso primário. Ficava na Escola Barão de Serra Negra, que era a única escola da cidade, e funcionava em um período só. Rio das Pedras era considerada uma vilinha. O pessoal dos sítios e fazendas das proximidades, quando vinha para Rio das Pedras diziam: “–Vamos para a vila!”. Não diziam que vinham para a cidade. O meu pai era um autodidata, lia muito. Ele dizia que primeiro eu tinha que estudar para depois escolher uma profissão. Quando terminei a quarta série do primário, fui para Capivari, que ficava mais fácil para mim. Isso em 1949, lá eu fiz o ginásio e o magistério na Escola Normal e Ginásio Estadual de Capivari. Depois estudei História em Guaxupé, Minas Gerais. Mais tarde cursei Educação Artística em Ribeirão Preto, e posteriormente Pedagogia. Leio muito e escrevo bastante!
Ainda menino, onde o senhor foi morar e Capivari?
Morava em pensão. Eu tinha 11 anos na época. Se eu fosse viajar todos os dias de Rio das Pedras para Capivari, teria que levantar ás 4 horas da manhã. Já havia alguns estudantes de Rio das Pedras que moravam em uma pensão, meu primo Leo, o Vadão Miori, o Celso Piva. Eu fui morar nessa pensão, que pertencia á uma senhora que havia ficado viúva. Eu era um menino, morando em uma pensão. Minha mãe, Deolinda Rossa Martins, faleceu quando eu tinha menos de 3 anos de idade. As mães dos meus colegas tinham pena de mim. Eu ia estudar com meus colegas vinham bandejas de lanches, frutas! Eu era paparicado!
Após ter-se formado em Capivari o senhor trabalhou em Rio das Pedras?
Eu permaneci trabalhando na prefeitura. Na época o Caetano Oscar Waldemar Gramani era o prefeito, em 1956. Em minha opinião, foi o melhor prefeito que conheci, não só de Rio das Pedras, mas de toda a região. Trabalhei com ele eu vi. Na prefeitura eu fazia de tudo. Havia o propósito do prefeito de realizar uma cobrança de impostos predial e territorial um pouco mais elevado. Na ocasião era muito baixo o valor cobrado. Na época eu e o Geraldo Gordo, que era fiscal da prefeitura, medimos todas as frentes das casas, da cidade inteira. Perguntamos quantos cômodos tinha cada casa, quantos bicos de luz havia, quantas torneiras, perguntávamos qual era a metragem da frente aos fundos, para evitar de entrar nas propriedades das pessoas. Baseado nessas informações foi que o Prefeito Gramani calculou o imposto predial. O pessoal da cidade ficou bravo comigo! Achavam que eu é que tinha feito o cálculo do imposto, pelo fato de ter medido o imóvel! No departamento de água eu tomava conta de todo o material, as barras de cano chegavam quase todos os dias. Foi o Prefeito Gramani que trocou o encanamento de três quartos para o de 5 ou 6 polegadas. Acho que até hoje existe por ai encanamento feito por ele. Várias vezes o Prefeito Gramani foi até a minha casa, ás duas, três horas da manhã. Ele me chamava: “-Oh Zé!”. Ele queria naquela hora da madrugada ver o que estava acontecendo, porque no dia seguinte ia á São Paulo. Queria ver nas esquinas, onde havia vários tipos de encanamentos, se estavam colocando as peças que ele havia mandado colocar. Foi ele quem estudou tudo isso aí. O projeto foi ele quem fez. Ele descia nas valetas e dizia: “Veja para mim se tal peça está certa”. Depois de conferir tudo ele ia dormir sossegado. No dia seguinte viajava. Passava uns 15 ou 20 dias e lá estava ele de novo me chamando de madrugada! Na época eu era solteiro, morava com a minha madrasta, meu pai tinha falecido.
Em que ano o senhor foi morar em São Paulo?
Foi em 1958. Para o professor escolher cadeira era necessário fazer pontos. Eu precisava trabalhar, não tinha jeito de fazer pontos em escolas. Fui trabalhar em Santo André, na Companhia Swift. Permaneci por 7 anos no Departamento de Contas á Pagar. Eram abatidas de 800 a 1000 cabeças de gado por dia. Os produtos da Swift eram todos famosos. No local aonde ela existia foram construídas 600 ou 800 casas. Em seguida fui trabalhar em uma editora no bairro da Lapa. Trabalhei uns dois anos como revisor. Em seguida fui secretário de uma escola particular de padres. Em seguida fui lecionar.
O senhor como professor de História considera fundamental a didática do professor para desenvolver o interesse do aluno pela matéria?
Só faz História quem gosta. Lecionar História é um problema, a maioria dos professores segue livros, querem ouvir a repetição do que foi dado em aula, enchem o aluno de data. Sempre disse aos meus alunos que deveriam situar o fato dentro de um período, como por exemplo: “No século tal...”, o professor tem partir do aluno. História é a análise de um fato. Não há necessidade de decorar texto. Eu criava uma dinâmica entre os alunos, por exemplo, em assuntos que envolviam Brasil e Portugal, eu dividia a classe em duas partes. Tudo deve ser analisado por vários pontos: politicamente, religiosamente, tudo deve ser analisado. O fato quando acontece é porque aquela época exigia ou permitia aquilo. Existem pessoas que dizem que antigamente é que era bom. Não é antigamente que era bom. Antigamente você era jovem! Tudo se repete. Só que com outro colorido, com outros pontos de vista, novas tecnologias aparecem.
A verdade histórica transcrita nos livros corresponde á verdade histórica real?
A História verdadeira não é contada como realmente aconteceu. Uma notícia quando atravessava o país ia sendo deturpada. Cada um falava o que tinha entendido. Esquecia como era. Não eram todos bonitinhos, heróis. Eram pessoas que estavam lutando para ganhar a vida. Destacaram-se porque uns apareceram mais do os outros.
Quais os pontos de interesse histórico de Rio das Pedras?
Rio das Pedras não tem sua história escrita. Não se encontram dados. Referencias. É muito difícil fazer um livro, tem que ir em busca de dados em fontes fora da cidade. De relevante para Rio das Pedras é o Barão de Serra Negra. Foi ele quem deu início a tudo que existe na cidade. Distribuiu terras, queria ver o local colonizado. Na Fazenda Bonjardim, a igreja existente á beira da estrada foi o local onde foi sepultado o Barão de Serra Negra, onde seus restos mortais permaneceram até a família transladar para Piracicaba. Ele exigiu que o seu caixão na ocasião do seu sepultamento fosse carregado por quatro escravos. Eu não tive nenhuma informação escrita, mas ouvi falar que D.Pedro II esteve na fazenda.
A igreja matriz de Rio das Pedras foi construída em que ano?
Foi construída em 1910. Havia outra igreja no local, com duas torres, mais baixinha.
Qual era o caminho original entre Piracicaba e Rio das Pedras?
Era pelo Taquaral, saía pelo Bom Retiro, no fim da Rua Prudente de Moraes virava á esquerda, subia o Morro do Serapião. Na volta de lá para cá tinha o Morro do Sabão. Esse caminho ia sair lá no Piracicamirim em Piracicaba. Ia-se para Piracicaba de trem. Na havia quase veículos aqui. Naquela época as vezes que fui á Piracicaba de carro, fui com o Chalita Sarkis, que tinha uma baratinha. Em uma ocasião levamos quatro horas para voltar de Piracicaba á Rio das Pedras. Quem subia no Morro do Sabão?



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sábado, outubro 11, 2008

PARABÉNS... VOCÊ SOBREVIVEU E EU TAMBÉM...
PARABÉNS A TODOS OS MENINOS E MENINAS QUE SOBREVIVERAM OS ANOS 1930, 40, 50 , 60 E 70!!
Primeiro, sobrevivemos sendo filhos de mães que fumavam, bebiam, enquanto 'nos esperavam chegar'... Nem elas nem nós, morremos por isso...
Elas tomavam aspirina, comiam queijos curtidos e azulados sem serem pasteurizados, e não faziam teste do pézinho ou de diabete.
E depois do traumático parto, nossos berços eram pintados com tintas a base de chumbo em cores brilhantes lead-based e divertidas.
Não tínhamos tampinhas protetoras para chupetas ou mamadeiras, nem nos frascos de remédios, portas ou tomadas, e quando andávamos nas nossas bicicletas, não usávamos capacetes, isto sem falar dos perigos que corríamos quando pedíamos caronas.
Sendo crianças, andávamos nos carros sem cintos de segurança, air-bags e não ficávamos só nos bancos de trás...
E andar no bagageiro ou na carroceria de uma pick-up num dia ensolarado de verão era uma diversão premiada.
Bebíamos água no jardim da mangueira e não de uma garrafa plástica. E era água pura.
Compartilhávamos um refrigerante com outros quatro amigos todos bebendo da mesma garrafa e ninguém que eu me lembre ficou sequer doente por isso .
Comíamos bolos, pão com manteiga e tomávamos refrigerantes açucarados, mas não ficávamos gordos de ficar lesos, simplesmente porque ESTÁVAMOS SEMPRE BRINCANDO NA RUA, NA CALÇADA, NO QUINTAL OU NO JARDIM, OU NA PRAÇA.
Saíamos de manhã e brincávamos o dia inteiro, desde que voltássemos antes das luzes da rua se acenderem.
Ninguém conseguia falar com a gente o dia todo. E estávamos sempre bem tanto que sobrevivemos...
Passávamos horas construindo carrinhos de caixote para deslizarmos morro abaixo e só quando enfiávamos o nariz em alguma arvore é que nos lembrávamos que precisava ter freios. Depois de alguns arranhões, aprendemos a resolver isto também, por nossa conta...
Não tínhamos Playstations, Nintendos, Arquivos X, nenhum vídeo game, nem 99 canais de seriados violentos ou novelas peçonhentas, nenhum filme em DVD ou VT ou VHS, nem sistemas de som surround sound, muito menos telefones celulares, ou computadores de bolso, ou Internet ou salas de Chat ...
a m i g o s
. . TÍNHAMOS AMIGOS. . . Íamos lá pra fora e os encontrávamos ou conhecíamos de novo!
Caimos de árvores, nos cortávamos, quebrávamos uma canela, um dente, e ninguém processava ninguém por isso. Eram acidentes.
Inventávamos jogos com paus e bolas de tênis e até minhocas e sapos eram dissecados por nós, cortávamos rabos de lagartixa para ficar olhando nascer um novo, e nos diziam o que ia acontecer se não nos comportássemos, mas nada acontecia nem quando engolíamos uma minhoca pra ser mais valente que o outro.
Íamos de bicicleta ou a pé para a casa de algum amigo e batíamos na porta ou tocávamos a campainha ou simplesmente abríamos a porta e entravamos e ficávamos conversando com eles ou brincando.
Os dentes de leite tinham jogos de teste, mas nem todo mundo passava nem ficava desesperado. Nem os papais interferiam com suas carteiras ou com suas vozes de poder. Tínhamos que aprender a ficarmos decepcionados. Imagine só!!
Quebrarmos uma lei ou outra não resultava em castigo nem bronca homérica? Eles até estavam sempre ao lado da lei e da ordem... E agora?
Foi essa geração que produziu alguns dos mais aventureiros solucionadores de problemas, inventores e autores de todos os tempos!
Nos últimos 50 anos nós somos testemunhas de uma explosão de novidades e novas idéias.
Tínhamos liberdade, podíamos errar, fracassar, ter sucesso e responsabilidade, e aprendemos que não há nada melhor que ter
NASCIDO LIVRES
POIS SÓ ASSIM APRENDEMOS A VIVER E SOBREVIVER!
VOCÊ que está me lendo provavelmente é um de nós!
PARABÉNS
Talvez você queira compartilhar isso com mais um de nós que você conhece e conheceu naquele tempo, no tempo que nós tivemos a sorte de sermos crianças, antes que estragassem nossas vidas de vez nos transformando em bibelôs e barbies, gordos, incapazes, burros e que nunca jogaram bola de gude...
by A.L.




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quinta-feira, outubro 09, 2008

Só agora, depois de vinte anos de violências contra a nação, nossos Galileus descobriram que o que move o mundo não são os princípios. São as taxas de juro."
Millôr Fernandes




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domingo, outubro 05, 2008

Gata em Teto de Zinco Quente

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Foto by J.Nassif


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Pico da Neblina

A atualização das altitudes feita pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo IME -Instituto Militar de Engenharia confirmou que o pico da Neblina (no Estado do Amazonas) continua sendo o ponto mais alto do território brasileiro, mas ele é 20,3 metros mais baixo do que se imaginava: em vez de ter 3.014,1 metros, verificou-se que tem 2.993,8 metros.




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O nome de batismo de Dom Pedro I

O nome de batismo de Dom Pedro I é:

"Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon"




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sexta-feira, outubro 03, 2008

EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL"

EXPOSIÇÃO "A HISTÓRIA DA MOEDA NO BRASIL" CHEGA A PORTO VELHO
Em comemoração aos 200 anos do Banco do Brasil, o CCBB Itinerante apresenta em Porto Velho, entre os dias 03 a 19 de outubro de 2008, no Espaço de Exposições do Sesc Centro, exposição A História da Moeda no Brasil. Objetos empregados em diferentes momentos históricos do país como mediadores das relações comerciais são dispostos como evidências das várias fases do comércio e das finanças no Brasil. Parte da coleção numismática do BB, as moedas tornam-se, em sua disposição, marcas de determinado período, sejam as cunhadas por espanhóis, holandeses e portugueses, sejam as adaptadas para lugares de difícil acesso, onde a moeda não chegava e, conseqüentemente, outros objetos passavam a desempenhar a sua função.Também estarão expostas cédulas, de diferentes projetos e momentos da economia brasileira, com seus sistemas monetários, suas mudanças de nome e de aparência do dinheiro. O Banco do Brasil é um dos vetores dessa História, iniciada ainda no século XVI, em 1568, quando Dom Sebastião determinou a circulação de moedas portuguesas na terra descoberta em 1500.O primeiro realA origem da circulação do metal monetário no país é contemporânea do desenvolvimento das atividades agrícolas e das ocupações das terras. No século 16, a moeda, assim como hoje, era o real. Em poucos anos, na pronúncia popular, tornou-se réis. Somaram-se a ela moedas espanholas, hispano-americanas, holandesas e francesas, que, apesar da variedade, não supriam a necessidade do comércio, levando açúcar, cacau e fumo, por exemplo, a fazerem o papel de moedas. A uniformização da circulação monetária se dá com o carimbo coroado, medida adotada por Dom João IV, em 1640, pela qual imprimia uma marca nas moedas portuguesas e hispano-americanas, dando-lhes maior valor de compra. No fim do século 17, é criada a Casa da Moeda no Brasil, que tinha funcionamento itinerante, saindo de Salvador para o Rio, do Rio para o Recife e do Recife para o Rio, seguindo o fluxo das demandas econômicas.A exposição cobre diferentes etapas do desenvolvimento do sistema monetário no país. Fala do surgimento do "quartinho" (quarto de réis), da "pataca" (inicialmente a moeda de 320 réis), do "patacão" (equivalente a 960 réis, criada logo após a chegada de D João VI ao Brasil) e dos primeiros bilhetes emitidos pelo Banco do Brasil, a partir de 1910, no início preenchidos e assinados à mão.Emissão da moedaEm 1853, D Pedro II sancionou a lei segundo a qual o Banco do Brasil passou a ter exclusividade pela emissão do papel moeda em todo o território nacional. A situação é alterada logo depois, com a emissão passando a ser feita também por outros bancos, um curto período ao qual se seguiu nova fase de exclusividade de emissão pelo BB, até a atividade ser transferida para o Tesouro Nacional em 1866.A História da Moeda no Brasil cobre ainda os sinais da economia na Velha República, na era Vargas, no regime militar, na Nova República e nos últimos anos, colocando os objetos de metal e de papel no cerne do desenvolvimento histórico do país, como mediadores dos fluxos financeiros em cada momento histórico e com as especificidades de cada um dos contextos.





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Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria

A Professora Doutora Neide Antonia Marcondes de Faria estará lançando mais uma obra literária: “Na Trilha do Passado Paulista – Piracicaba, Século XIX, Fazendas, Engenhos e Usinas”. Será no próximo dia 26 de setembro, ás 19 horas e 30 minutos, na
Estação da Paulista. Em companhia do Professor Doutor Manoel Lelo Bellotto (pai de Tony Bellotto), ela esteve dia 20 de setembro, sábado passado, nos estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba onde ambos participaram do programa Piracicaba Histórias e Memórias. Conforme o Professor Doutor Manoel Bellotto observa no preâmbulo do livro: “Neide Marcondes neste Na Trilha do Passado Paulista, permite-se descrever, abordar e analisar uma realidade geográfica, arquitetônica, agroindustrial e empresarial, que abrange não só uma poética dimensão histórica, pois se reporta às últimas décadas do século XIX e as primeiras do XX, mas que mostra também, exuberante e promissora nesta inquietante realidade. Sua definição espacial foi pela macro-região de Piracicaba, na então Província e no atual Estado de São Paulo; a preocupação fundamental foi , além das referências às terras piracicabanas e ás suas atraentes histórias, descrever e caracterizar o aí edificado patrimônio rural, construído e disseminado em fazendas, engenhos, usinas e engenhos-centrais, com suas arquiteturas, ambiências e entornos, e sua exuberante realização agrícola consubstanciada no plantio e na colheita do café e da cana, desta derivando a produção do açúcar, de amplo consumo no Brasil e no exterior”. A autora já publicou entre outras obras: “O Partido Arquitetônico Rural, São Paulo do Século XIX”, “Na Trilha do Passado Paulista: Jesuíno do Monte Carmelo, o Mestre de Itu”, “Entre Ville e Fazendas”, “(Des) velar a Arte”, “Bernini...O Êxtase Religioso em Dobras e Catástrofes”, “O êxtase do Martírio , São Sebastião em Bernini e Debussy”, “Labirintos e Nós: Imagens Ibéricas em Terras da América”, “Turbulência Cultural em Cenários de Transição, O Século XIX Ibero-Americano”, “Cidades Históricas, Mutações Desafios”. É intensa a promoção de exposições e instalações propiciadas por Neide Marcondes, com obras de sua autoria em inúmeras cidades do Brasil e do exterior como na Espanha, Itália, França, Holanda. Obras suas integram os acervos artístico-culturais da Universidade de Poitiers, na França.

A senhora escolheu a cidade de Piracicaba para fazer o lançamento do livro, principalmente por ser a região abordada por ele?
Esse trabalho é resultado de uma tese de doutorado defendida na Universidade de São Paulo, na Escola de Comunicação e Artes. Isso já faz algum tempo. Essa pesquisa foi toda elaborada para transformar-se em livro. Mais interessante para se ler do que propriamente uma tese com todas as fases científicas. Sou professora titular de História e Teoria da Arte da Unesp fiz livre docência também na Unesp, no Instituto de Artes e fui professora na Pós-Graduação da ECA, Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, onde fiz meu doutorado.
Quanto tempo á senhora levou para escrever esse livro?
O início foi essa pesquisa de mestrado em artes, ainda na década de 70. Toda essa pesquisa realizada progrediu na década de 80 tornando-se quase uma continuação da pesquisa realizada para o mestrado.
Quantos livros a senhora já escreveu?
Além de artigos, periódicos, são oito livros. Alguns apenas coordenando junto com o Professor Bellotto e outros autores, inclusive espanhóis e portugueses. Em 1996 foi publicado um outro trabalho em que trata da influência dos mestres de obras italianos na propriedade rural paulista, aqui de Piracicaba e região de Tietê.
Como são escolhidas as capas dos seus livros?
Tenho escolhido as capas. Tenho uma filha que faz designer gráfico e em algumas das capas ela também trabalhou. Eu também faço uma linguagem artística de pintura e colagem.
Como foi que a senhora realizou as ilustrações e plantas dessas construções rurais?
As propriedades rurais geralmente não possuem plantas, nem a programação de todo o terreno, de toda a propriedade. Foi necessário que eu fizesse um croqui na hora da pesquisa. Nem a própria planta baixa da casa é encontrada. Existia a idéia ainda do chamado “risco no chão”. Era feito um risco no chão, que era por onde deveria subir as paredes. Para realizar essas plantas, fui fazendo esse risco no papel, e com a participação de arquitetos, como Edgar Couto, foi que procedeu nessa linguagem arquitetônica das plantas e da programação das próprias fazendas.
Se contarmos desde o início das pesquisas até hoje decorreram 38 anos, essas propriedades ainda permanecem?
Aqui em Piracicaba algumas casas já não existem mais. De uma forma geral todas permanecem. Inclusive algumas foram restauradas. Outras propriedades, como a antiga Usina Monte Alegre, os edifícios anteriormente utilizados para a produção, bem como as casas então denominadas de casas de colonos, estão completamente abandonados. O bairro ali está inteiro. O Engenho Central em Piracicaba está sendo utilizado com finalidades culturais. Quando eu fiz todo esse trabalho de pesquisa, houve também um processo de conscientização dos proprietários. Alguns diziam: “A senhora documenta e registra, porque isso eu vou por abaixo, de velho chega eu!”. Eu procurava dizer que o fato dele possuir tanto terreno permitia que ele preservasse aquele espaço. Acho que deveria haver um diário de pesquisa, porque muita coisa acontece! Alguns proprietários recebem o pesquisador muito bem, outros sentem um pouco de medo, são a princípio desconfiados. Para realizar as fotos é necessário enfrentar dificuldades naturais. Coisas interessantes acontecem! Ao lado desse levantamento de campo, há a idéia da pesquisa histórica junto a documentos da propriedade, e também o que foi feito no arquivo do Estado de São Paulo, no arquivo de Piracicaba, nos Cartórios, para termos a origem dessa terra.
Como a senhora vê a preservação de imóveis antigos, inclusive na área urbana?
Existem várias controvérsias. Alguns arquitetos defendem a restauração, mesmo que seja utilizado outro tipo de material diferente do utilizado originalmente. Outra idéia, muito comum na Europa, é permanecer a construção original, e eles constroem edifícios modernos ao lado ou atrás da construção primitiva. Um exemplo que temos em São Paulo foi o que aconteceu na Avenida Paulista na Casa das Rosas. Foi conservada a construção anterior e construído o edifício abraçando aquela casa. Há uma integração. Isso é bastante novo. O pensamento de algum tempo atrás era por abaixo e construir os novos edifícios. Esse novo conceito está prevalecendo agora, junto ao patrimônio, arquitetos e historiadores.
Existem casos em que construções históricas evaporaram na calada da noite.
Existe a atuação da especulação imobiliária. Foi o que aconteceu também na Avenida Paulista, em São Paulo, com a casa da família Matarazzo. O alto preço do metro quadrado praticado naquela região fez com que muitas casas construídas no período áureo do café, desaparecessem na calada da noite.
Quem perde com isso?
É uma situação de cultura. Naturalmente quem perde é a própria população, o entorno desse local.
A senhora acredita que é interessante para alguns não conservar marcas do passado?
Também! Por razões pessoais, ou por simplesmente não haver interesse.
Em seu livro a senhora cita que “só o novo, completo e belo é valorizado”.
Exatamente. Existe uma situação também em que o restauro é muito caro. É muito mais fácil e construir outra coisa.
São gastos milhões em outras atividades, porque não há interesse em investir em cultura?
Já existe uma ligeira idéia em investir-se em cultura. A publicação de livros, por exemplo, é uma ação muito dispendiosa. Tem que ser feito um trabalho árduo existe leis que regulamentam o setor, e o apoio pode sair ou não. Em particular, no caso deste livro, me sinto honrada por ter uma publicação do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.
Qual foi a maior dificuldade que a senhora encontrou para realizar esse livro?
Fiz uma especialização em História da Arquitetura com Leonardo Benévolo (N.J. Nascido em Orta, Itália em 1923, Leonardo Benévolo estudou arquitetura em Roma e doutorou-se em 1946. Desde então passou a ensinar História da Arquitetura nas Universidades de Roma, Florença, Veneza e Palermo. Leonardo Benevolo é o mais conhecido estudioso italiano da história da arquitetura. Publicou já muitas obras dentro da sua área. Fonte de referência: Livraria Almedina) , quando ele esteve em São Paulo dando esse curso. Os professores Nestor Goulart, Benedito Lima de Toledo foram incentivadores desse trabalho. Inclusive o Professor Nestor, em tom de brincadeira disse-me para realizar um trabalho envolvendo o interior de São Paulo, porque os arquitetos não gostam muito de sair para longe da sua prancheta. Assim foi que comecei. Primeiro conheci a região localizando-a no mapa, a prefeitura ajudou muito contribuindo com idéias, e em seguida indo a campo. Pegando o carro e saindo! Foi necessário adaptar a linguagem para poder obter informações sobre as construções. Muitas vezes recebia a resposta; “Tem uma casa velha lá, aquela casa não serve para nada, porque a senhora quer ir para lá?” Eu então tinha que explicar. Foi um período de várias visitas á Piracicaba e região. Fazer esse trabalho de entrar, pedir. Em alguns momentos fui muito bem recebida. Como na Chácara Nazareth, pelo então Deputado João Pacheco e Chaves. Isso foi em 1980.
Em suas pesquisas de campo foram encontradas telhas, tijolos com marcas identificando-os?
Encontrei! Telhas da Fazenda Milhã, tijolos com algumas iniciais. Guardo algumas peças comigo. Geralmente eram símbolos das próprias olarias. Na Fazenda Pau D`Alho o que pode ser chamada de senzala tanto a estrutura como as paredes eram feitas com pedras.
Existe alguma diferença entre as fazendas da região de Piracicaba e as do Vale do Paraíba?
Na História da Arte conheci a arquitetura exuberante, deslumbrante, que nós temos do Norte, do Nordeste, da Bahia, do Rio de Janeiro. São Paulo sempre teve essa arquitetura, das casas bandeiristas, da casa do Padre Inácio. (O Sítio do Padre Inácio, com sua casa grande, tombado pelo IPHAN, constitui marco importantedo ciclo bandeirista-jesuístico e depois tropeiro na cidade de Cotia). São construções com soluções plásticas muito significativas, embora bastante simples. As casas do Vale do Paraíba são mais antigas, pela entrada do café, que se iniciou no Vale do Paraíba e depois veio para São Paulo e Oeste de São Paulo. Hoje existem muitas casas restauradas, que se transformaram em pousadas. São casas mais bem elaboradas plasticamente. Inclusive em seu mobiliário.
A senhora freqüenta um ambiente bastante intelectualizado em São Paulo e também o ambiente mais simples do interior. Como o intelectual do grande centro vê o interior?
Há um interesse muito grande no interior de São Paulo, que é um interior muito rico culturalmente. Estão descobrindo esta parte do interior de São Paulo. Inclusive esse trabalho já foi apresentado em um congresso em Carmona, Sevilha. A arquitetura rural, especialmente a de Piracicaba, foi apresentada aos espanhóis. Já há um interesse muito grande nesse interior, particularmente de São Paulo.
O Brasil que se resumia no eixo Rio-São Paulo está voltando seus olhos para o interior?
Sim. Inclusive com preocupação com essa plantação progressiva da cana de açúcar. Podemos imaginar essa plantação próxima do Pantanal, próxima da Floresta Amazônica. Em 1980, quando fui entrevistar o dono da Fazenda Milhã, ele disse-me que estava bastante preocupado. Note que isso foi em 1980. Ele disse-me: “Em qualquer época vamos ter só cana, não teremos mais arroz e feijão. Isso me preocupa”.
Essas propriedades que a senhora visitou são todas produtivas?
Todas elas são produtivas. Algumas com produção de subsistência. Todas elas tem uma produção.




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Doutor Emerson Marinaldo Gardenal

O Professor Doutor Emerson Marinaldo Gardenal é Delegado de Polícia, Titular do 6º Distrito Policial de Piracicaba e professor universitário das matérias: Direito Penal Processo Penal e Legislação Extra-Vagante (Leis que não estão dentro do Código Penal).
O senhor recebeu o título de cidadão piracicabano, mas é natural de qual cidade?
Nasci e fui registrado em Jaú, em 18 de janeiro de 1972, isso porque na cidade onde morava, Barra Bonita não havia hospital. Permaneci até os 6 anos de idade em Barra Bonita onde iniciei o pré-primário. Logo depois mudamos para Piracicaba, cidade de origem da minha mãe Maria Odila Razera Gerage Gardenal. Meu pai, João Mathias Gardenal é natural de Laranjal Paulista.
O senhor começou a trabalhar com quantos anos de idade?
Iniciei a trajetória desde cedo. Com 14 anos, trabalhava como funcionário de uma Associação, na Delegacia de Trânsito de Piracicaba. Havia a necessidade de uma pessoa que escriturasse livros Permaneci até os dezessete anos de idade na Ciretran. Foi importante esse trabalho, ali que eu descobri minha vocação pela carreira policial.
Em Piracicaba o senhor passou a estudar onde?
Na Escola Estadual Monsenhor Jerônimo Gallo onde cursei até a oitava série. Saí, estudei um período no Colégio Piracicabano e depois voltei para o Gallo, onde conclui o terceiro ano colegial. No ano seguinte entrei para a Polícia do Exército. Ao alistar-me para o serviço militar, ao invés de fazer no Tiro de Guerra me inscrevi no Exército. Lá existe um concurso, consegui passar e fui para a Polícia do Exército. Minha intenção era seguir a carreira militar. Tinha plenas condições de permanecer e desenvolver-me como militar, porém não me adaptei. Voltei a trabalhar na Ciretran, passei a fazer cursinho preparatório á noite, para fazer a Faculdade de Direito. Simultaneamente passei no concurso para Escrivão de Polícia. Iniciei a carreira de escrivão fazendo a academia em São Paulo, voltei a Piracicaba, onde em seguida ingressei na Faculdade de Direito. Como escrivão de polícia, trabalhei no quarto distrito policial, fui para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) onde fiquei escrivão-chefe. De lá fui para o Primeiro Distrito Policial. Em seguida fui trabalhar como escrivão-chefe na cadeia pública. De lá fui trabalhar no quinto distrito, em seguida no quarto distrito, depois para o segundo distrito e voltei para a DIG. Isso tudo foi em um período de 10 a 12 anos. Da DIG passei a exercer a função de delegado. É muito interessante que á medida que eu mais trabalhava, maior era a minha paixão acerca daquilo que eu buscava desde a minha infância, que era o cargo de delegado de polícia.
Exercendo a função de Delegado de Polícia qual é a satisfação pessoal que o senhor tem?
Ajudar a sociedade. É a única satisfação que recebemos. Ajudar ao próximo. É uma carreira em que você tem que ter sangue de policial, vontade de ajudar. O único fator que me segura a essa carreira é a possibilidade de fazer o bem á sociedade.
Uma delegacia de polícia é um depósito de problemas?
Só problemas! Não existe nada que não seja um problema. Todo mundo que pisa em uma delegacia já traz uma carga negativa de algum fato ocorrido.
De que forma o senhor trabalha essa situação em relação a sua vida pessoal?
Eu separo muito bem. Tenho meu paletó, ele é meu escudo imaginário. Toda vez em que ponho o paletó sou delegado. Sem o paletó passo a ter a minha vida particular. Na polícia se enfrenta diariamente problemas muito graves. Depara-se com um determinado fato onde se acredita que não exista outro pior. Na semana seguinte vê-se uma cena pior ainda.
O senhor ao dormir, tem sonhos relacionados a esses fatos?
Já passei dessa fase. Os pais criam seus filhos com muita proteção, procurando sempre proporcionar o melhor possível á eles. Ao entrar para o universo com o qual a polícia trabalha, encontra-se uma realidade totalmente diferente. Se pertencermos a uma família bem estruturada, ao depararmos com tantas desgraças, sentimos como é complicada a vida de muitas pessoas. Isso é que nos dá força para ajudarmos. A tendência para mudar essa situação é muito forte, e precisamos fazer isso.
O senhor acredita que a tendência da sociedade é de melhorar?
Com certeza! Busco isso e de toda forma, todo dia tento dar o melhor de mim para ao menos deixar a mensagem de que viver no crime, na maldade, não é a melhor coisa. Existe um preceito bíblico que diz: “Á quem muito foi dado, muito será cobrado”. Se todo político, todo cidadão, atentasse para essa frase pode ter a certeza de que o mundo seria bem melhor. Tenho esse lema comigo, não sou omisso, não viro as costas para o problema. Se existe um problema, tenho que resolver. Não sou autoridade? Á quem muito foi dado, muito será cobrado. A questão é acertar na resolução. Como ser humano, somos passíveis de erros. Muitas vezes, no momento em que estamos agindo, temos a convicção de estarmos agindo com acerto. Naquela situação, nunca existiu nenhum tipo de experiência contrária, a tomada de uma decisão leva ao questionamento do acerto da mesma. Essas indagações são muito importantes para a evolução. Muitas vezes significa em alterar a forma de atuação.
Apesar da naturalidade com a qual o senhor aborda o assunto, existem casos em que o senhor sente-se emocionalmente envolvido?
Em noventa e nove por cento das ocorrências, as decisões são tomadas de forma técnica. Assim como o médico cuida de um paciente. Existem ocorrências, porém que acabam colocando-nos em uma posição muito difícil. Particularmente as que envolvem, por exemplo, crianças e idosos.
Existe o “olho clínico” policial?
A imagem não mostra o que o indivíduo é. O policial tem o pedigree de conhecer um bandido. A recíproca é verdadeira. O bandido reconhece um policial. Ao fazer uma abordagem a um indivíduo é muito difícil errar. Pela forma de andar, pelo seu comportamento, os trajes, a expressão do rosto. Para o policial é difícil não conseguir perceber. Muitas vezes em diligencia com a viatura, passamos por muitas pessoas, ao abordarmos um determinado indivíduo com certeza encontraremos algo irregular.
A mulher está mais atuante na criminalidade?
Com a liberdade que a Constituição de 1988 trouxe, as mulheres ganharam muitos direitos, que já deveriam ter antes, com certeza. Esses direitos foram ratificados. Outras normas, como a Lei Maria da Penha e muitas outras, mais a liberdade sexual, isso acabou de alguma forma fazendo com que a mulher ingressasse no crime. O acesso dela no crime complicou bastante a nossa vida, particularmente na relação policial homem e mulher bandida. A lei não proíbe que o homem faça a abordagem, recomenda-se, porém que uma mulher faça esse trabalho.
A mulher é mais dissimulada ao cometer um crime?
Bastante. Ela consegue ser mais discreta.
Qual seria outra profissão que o senhor seguiria se não fosse delegado?
Delegado!
Existem classificações dentro da carreira de delegado?
O delegado inicia sua função na 5ª Classe. As promoções seguem a ordem de 4ª Classe, 3ª, 2ª, 1ª Classe e Especial. Até chegar a pertencer á Classe Especial geralmente decorreram vinte a trinta anos de profissão. Acima do delegado de polícia existem o Secretário de Segurança Pública e o Governador. O delegado de polícia está dentro do poder executivo. A policia tem uma hierarquia. Começa com o Governador, logo em seguida o Secretário de Segurança Pública. Há um Delegado Geral que comanda todos os delegados. Depois vêm os delegados diretores de departamento que ficam na sede de cada departamento. Em Piracicaba é o Deinter 9. O Dr. Neto (Dr. José Carneiro de Campos Rolim Neto) é quem comanda. Logo abaixo existem os delegados seccionais, que comandam todos os distritos de cada cidade. Cada distrito tem o seu delegado de distrito.
Como é a relação entre as policias civil e militar?
Em Piracicaba é muito boa. Inclusive com a Guarda Municipal nos damos muito bem. Muitas operações que realizamos, só surtem êxitos em decorrência dessa união: Polícia Civil, Polícia Militar e Guarda Municipal.
Porque as cadeias estão sempre superlotadas?
Porque a polícia trabalha. Aqui no Estado de São Paulo comporta a maior população carcerária do Brasil.
O senhor é a favor da audiência através da tele-conferencia(ouvir um acusado sem tirá-lo do presídio)?
Com absoluta certeza. O Estado irá economizar muito.
Quantas vias têm um boletim de ocorrência?
Antigamente, quando ainda era feito em máquina de escrever, uma ocorrência tinha sete vias. Uma via para a vítima, outra do arquivo, a que acompanhava o inquérito, no prontuário, para a seccional, enfim havia uma numeração completa para quem era designada cada via do boletim de ocorrência. Hoje com o sistema que foi alterado, o Prodesp-RDO as vias do boletim de ocorrência diminuíram bastante. São feitas duas ou três vias. Se for necessário é só entrar no programa para obtermos quantas vias quisermos.
O distrito tem cadeia?
Aqui não. Hoje as cadeias estão sendo separadas das delegacias. Foi criada uma Secretaria de Administração Penitenciária exatamente por causa disso. Há 10 ou 15 anos era a polícia civil quem tomava conta dos presos. Nunca foi atribuição da policia civil tomar conta de preso. Criou-se na época uma política de construir cadeia dentro do distrito para que o delegado tomasse conta. Isso complicou muito a vida do delegado de polícia. Ou você prende, ou investiga, ou toma conta de preso.
O que leva um indivíduo a praticar um crime?
Existem muitos fatores. Desde a personalidade, criação, meio em que vive. È toda uma conjuntura. Há pessoas que vivem em um ambiente péssimo e não é criminoso. Há uma somatória de meio social, personalidade, educação, revolta, oportunidade. Para que o Estado não entre em caos, ele deve investir em três coisas: família, educação e religião. Se a família for estruturada, dificilmente o indivíduo irá se perder. Havendo uma boa educação, com intelectualidade, conhecimento também será difícil o indivíduo se perder. Se ele tiver bases morais, de religião, com certeza esse indivíduo não irá pecar. É difícil uma sociedade com essa estrutura, bem organizada, ter muitos criminosos. No Brasil estamos passando por uma época bastante complicada: desestruturação familiar, religiosa e educacional, tudo junto. Esse acréscimo de criminalidade com certeza é em decorrência desse caos.
A política de consumismo é um fator influente?
Exatamente. Na Constituição de 1988 o legislador constituinte legislou em causa própria. Todos foram perseguidos a partir de 1964. Quando criaram a constituição, foi feita uma constituição muito boa. Não tenha dúvida. Mas com excesso de garantias, exatamente para evitar que o regime de 1964 retornasse. Mas o país não estava preparado para isso. Era 8 ficou 80. Essa constituição acabou dando liberdade e garantias individuais extremas. Virou o que nosso país esta passando.
Qual é a solução?
Re-estudar toda a estrutura de sociedade. Amenizar os direitos. Até uma criança, se não for colocados limites, ela será uma pessoa com problemas no futuro. O povo também é assim. Tem que haver direitos e deveres de uma forma idêntica na balança. Você terá seus direitos após cumprir os seus deveres.
Uma mãe que satisfaz todas as vontades do seu filho está alimentando futuros problemas?
Irá ter problemas. A mãe, o pai, que não impõem limites á criança, irá ter problemas no futuro, sem dúvida nenhuma. Pode-se colocar limite sem precisar agredir fisicamente. A agressão torna-se um vício por parte do pai ou da mãe. A pressão sofrida no trabalho não pode ser descarregada sobre filho, que ás vezes fala um pouco mais grosso, porque também está com problema na escola. Tem que separar-se muito bem cada situação que você vive. As personagens que você exerce, sou delegado, professor, filho, pai, marido, amigo, sou eu! Tenho diversas personagens durante um dia, e cada uma delas, tem uma responsabilidade diferente. Tenho minha maneira de agir como delegado. Assim como professor. Será que como marido daria certo agindo como delegado? Cada situação de vida que você vive é uma experiência diversa. Sou contra a agressão da criança como medida pedagógica. É mais fácil conversar com o filho, deixar de castigo, mostrar que ele errou.



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quarta-feira, outubro 01, 2008

Expressões latinas

Expressões latinas

Nam sine doctrina vita est quasi mortis imago - "Pois sem instrução a vida é como a imagem da morte" - Verso citado por Molière em O Burguês Gentil-homem

Nam tua res agitur, paries cum proximus ardet - "Pois tua casa está em perigo, quando a parede do vizinho pega fogo" - Horácio

Narrata refero - "Conto o que me contaram"

Nascimur poetae, fimus oratores - "Nascemos poetas, tornamo-nos oradores" - Provérbio

Naturam expellas furca, tamen usque recurret - "Ainda que a expulses com um forcado a natureza voltará a aparecer" - Verso de Horácio

Natura non facit saltum - "A Natureza não dá saltos" - Aforismo para enunciar que na natureza existe sempre um ele que liga os gêneros e espécimes

Navigare necesse, vivere non est necesse - "Navegar é necessário; viver, não"

Navita de ventis, de tauris narrat arator, Enumerat miles vulnera, pastor oves - "O marinheiro fala de ventos; o agricultor de touros; o soldado enumera as feridas; o pastor, as ovelhas" - Dístico de Propércio

N.b. - Abreviatura de Nota bene

Nec me pudet...fateri quod nesciam - "Não me envergonha confessar não saber aquilo que ignoro" - Cícero

Nec pluribus impar - "Não inferior a muitos" - Divisa de Luís XIV, da França

Nec plus ultra - "Não mais além" - De acordo com a mitologia grega, estas palavras teriam sido gravadas por Hércules nas colunas que levantaram em Calpe e Ábila

Nec temere, nec timide - "Nem com temeridade, nem com timidez"







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