quinta-feira, dezembro 08, 2022

 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado , 07 dezembro de 2022

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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BLOG DO BASSIF ´Piracicaba

http://www.tribunatp.com.br/

 









 

ENTREVISTADO: ANTONIO  POLIZEL


Antonio Polizel nasceu em Piracicaba, no bairro rural da Floresta, tendo se mudado quando era ainda menino, com seus familiares, para o bairro rural Volta Grande. Nascido em 15 de janeiro de 1940, filho de José Stefano Polizel e Regina Ometto, que tiveram sete filhos: Nelson, Laudelino, Antonio, Atilio, José Duvilio, Therezinha e Luiza. A Igreja da Volta Grande foi construída pelo seu avô materno Pietro Ometto, que produzia açúcar batido e tinha uma olaria. Inclusive ele forneceu tijolos para construir a Estação da Paulista.  Seu avô Pietro Ometto veio da Itália, da região de Padova, com sua esposa Angela Tunucci e entraram no Brasil pelo porto de Santos. Ele foi um imigrante que trouxe recursos próprios. Tão logo chegou em Piracicaba adquiriu o sítio no bairro Volta Grande. Antonio Polizel é casado com Luiza Arthuso Polizel, nascida em 15 de maio de 1941, filha de Rosa Bortoletto e João Arthuso. Moravam no bairro rural Nova Suíça. Antonio e Luiza tiveram os filhos Wilson, Solange e Salete.


O meu pai trazia com carrinho de tração animal, arroz para ser beneficiado pelo João Sabino, que tinha uma empresa de beneficiar arroz em sociedade com Augusto Grella, situada na Rua do Rosário esquina com a Rua Dr. Edgard Conceição, no bairro da Paulista. O prédio existe até hoje, onde funciona uma loja de moda jovem.

O senhor frequentava a escola em que bairro?

Ia na Escola do Bairro Pau Queimado, até a quarta série. Da minha casa até a escola tinha uma distância de uns quatro quilômetros. Ia a pé, descalço. Quando passei para o terceiro ano, meu pai comprou um cavalo, eu ia a cavalo. Chamava Gaúcho! Era um cavalo tordilho, ou seja, pontos meios escurinhos entre os pelos. Pode-se dizer que suas cores lembram uma galinha carijó. Era mansinho, na época eu tinha 9 anos de idade. Eu tinha que tratar do cavalo na cocheira, levava capim, cana de açúcar, milho. De manhã eu arriava ele e ia para a escola. No recreio, levava-o até o ribeirão para que ele bebesse água.  

No sítio do pai do senhor que tipos de produtos eram plantados?

Plantávamos café, pomar de laranja, banana... o terreno era pequen não tínhamos espaço para criação de grande porte. Tínhamos que tratar na cocheira, eram cerca de cinco alqueires, que até hoje permanecem com a família.

Mas cinco alqueires para manter produzindo requeria muito trabalho, principalmente naquela época em que a agricultura não tinha as características atuais.

O agricultor tinha muito mais dificuldades e realizava um grande esforço físico. Hoje a tecnologia, a segmentação de mercado, transporte, estrada, recursos, tudo evoluiu. Lembro-me, tão logo eu nasci, que o papai foi acometido de uma doença que ele dormia sentado na cama, caso contrário faltava-lhe ar. Era um problema cardíaco grave. Isso o impedia de trabalhar. A família toda tinha que trabalhar. Meu irmão mais velho, tinha 15 anos. A minha mãe , ainda solteira, já trabalhava  com o pai dela na roça com cana de açúcar e olaria. Pela natureza do trabalho, a olaria requeria também funcionários.

O barro extraído para fazer tijolos era tido como bom?

Tenho a impressão de que hoje já é mais fraco. Na época a minha mãe contava que o pai dela forneceu tijolos para a Construção da Estação da Paulista. Ele descarregava a carroça lá, naquele tempo, mais de 100 anos atrás, não tinha condução. Colocavam 200 tijolos na carroça e quatro burros para trazer da olaria até a Estação da Paulista. Naquele tempo cada tijolo pesava quase 5 (cinco) quilos! A mão já tinha dificuldade para levantar um tijolo e assentar!  

O Bairro Nova Suíça é muito conhecido!

A Suíça, ou Nova Suíça, é um cruzamento de bairros. Nosso sítio fica na Volta Grande, ao lado do bairro Pau Queimado e da venda da Suíça. No sentido Piracicaba, já não é mais Nova Suíça, e sim Pau D’Alhinho. Nós herdamos ali um terreno de 5.000 metros, onde metade é Volta Grande e metade é Pau D`Alhinho. A divisa passa no meio.

Os pais da senhora trabalhavam em sítio arrendado?

Eles eram meeiros de Bento de Campos, mais conhecido como Bento Calixto. Eles tinham um sítio de uns 12 alqueires. Era mais pomar de laranjas, mamão, banana. Teve uma época de café, que a geada queimou. Quando a geada queimou o café plantamos muito mamão. O Oscar Carboni, atacadista de frutas conhecido na época, era quem vinha buscar mamão de caminhão. Ele trazia um pessoal para colher mamão, abacate. Saía com o caminhão carregado.

A região de Piracicaba teve uma época forte de café?

Teve! Depois veio o algodão. Tínhamos muita fartura no sítio. Frutas frescas à vontade, alimentação natural, verduras, aves e ovos. Não havia luxo, mas nos alimentávamos muito bem. A circulação de dinheiro era muito pequena, quase não havia. Quando vendíamos o café, vínhamos para a cidade, comprávamos malas de roupas, comprava o famoso sapatão conhecido como “ arranca toco”, por ser rústico e  resistente. O melhor deles, era o que usava um prego artesanal de madeira, geralmente feito por artesãos italianos. Se molhassem, não enferrujavam, com isso o sapatão tinha vida longa. Comprávamos tecidos para fazer camisas para trabalhar na roça. Eram costuradas em casa, geralmente pelas mães, esposas, irmãs. A máquina de costura cuja marca preferida era a Singer.

Geralmente as compras eram feitas em quais lojas?

Comprávamos tecidos na Casas Pernambucanas. Para o uso de terno,

geralmente  usados às missas de domingo, nosso fornecedor era “O Rei da Roupa Feita”.

Vocês vinham à missa todos os domingos em Piracicaba?

Talvez nem todos os domingos, mas éramos assíduos. Vínhamos de charrete, carrinho, às vezes, com o cunhado da minha esposa, que tinha um caminhão Chevrolet. Nós frequentávamos a Igreja Sagrado Coração de Jesus, mais conhecida como Igreja dos Frades. Quando vinha a cavalo, deixava-o em frente à igreja, onde hoje existe uma pracinha. Lembro-me de alguns frades: Frei Paulino, Frei Ambrósio, Frei Liberato de Gries e  Frei Cesário , que era primo do pai da minha esposa. Ele faleceu em um acidente em que também faleceram os Padres Bergamasco e Jorge Patreze, este último tinha sido colega de escola primária de D. Luiza.

A senhora estudou em qual escola?

Estudei na Escolinha mista, na chácara do Thomaz Amstalden, conhecido por muitos pelo cognome de Bem-te-vi. Ele cedeu uma salinha onde estudavam simultaneamente alunos do 1º,2° e 3° anos. Acho que a casa dele existe até hoje, é de barro socado, paredes muito grossas. O Thomaz era suíço, e tinha uma olaria; a família Bueloni , também tinha uma olaria, mas ficava para frente do Pau D´Alhinho. A classe era composta por três fileiras de alunos, cada uma correspondente a uma série, sendo meninos e meninas que sentavam separados. Tínhamos que copiar depressa porque a professora tinha que apagar logo e escrever matéria para outra série. Minha primeira professora foi D. Dirce, depois teve outra chamada D. Terezinha. As outras não me lembro.

O senhor lembra-se das suas professoras?

Lembro-me sim. A primeira foi Maria Lúcia Leitão; era brava! No segundo ano, foi Dona Cinira de Campos Morato, do terceiro ano foi Dona Ana Bertocci e do quarto ano Dona Aurea Furlani. Dona Luci também foi nossa professora. O diretor era o Seu José P. Angolini, o inspetor de alunos era o Sr. Franquilim.

A distância da escola da casa da senhora era grande?

Era pertinho! Não dava nem um quilômetro. Ficava na divisa das propriedades, só tinha uma estrada que a separava. Eu ia a pé. O ônibus que ia para Botucatu, passava pela estrada, e o meu pai, por precaução de algum acidente, fazia a gente esperar passar o ônibus para irmos para a escola. Com isso geralmente chegávamos junto com a professora.

E a merenda?

Cada aluno levava seu lanche. A minha eu comprava na venda do João Canal e . Naquele tempo, vendiam um pão grande por pedaços. Eu comprava cinquenta centavos de pão e cinquenta centavos de mortadela. Esse armazém do Canale , foi vendido para o Isidoro (Nenê) Lopes que depois o vendeu para  o Jacob Ferezini. Esse armazém, por décadas, foi ponto de referência no bairro. O Ferezini passou para o seu filho, e ele o vendeu. Agora derrubaram o prédio.

Vocês se conheceram aonde?

Seu Antonio responde: “-Desde criança! ” Dona Luiza complementa: “ O meu tio, Santo Arthuso, cortava cabelo. Ele era irmão do meu pai. ” Aos 19 anos, começamos a namorar. O pai de Da. Luiza era muito enérgico, o namoro geralmente era dentro da sala de casa, com alguma pessoa da família da namorada acompanhando a conversa, a chamada “vela”! Esse namoro ia no máximo até as 10 horas da noite. Seu Antonio prossegue: “Eu ia embora lá pelas 9 horas da noite, ia até a venda do Santin Novello, jogar baralho com os velhos! ”

O namoro era uma conversa meio amarrada?

Seu Antonio prossegue: Era rotineira, quase não tinha prosa, nós trabalhávamos isolados no campo, quase não via ninguém, o meu pai tinha um rádio. Quando eu tinha uns quatro ou cinco anos, minha irmã mais velha disse-me: “ – Tonico! O pai vai comprar um rádio! ”. O rádio funcionava com acumulador, meu pai chegou da cidade com o carrinho de tração animal e o rádio ligado! Aquilo para nós foi uma alegria imensa! À noite os vizinhos vinham para escutar o rádio, ninguém tinha! Lembro-me até hoje de um programa que fazia muito sucesso: “ O Crime Não Compensa! ”.  Tinha as radionovelas, nós gostávamos de música caipira. Segunda e Sexta-Feira tinha programa do Tonico e Tinoco na Rádio Nacional, era às 18 horas, meu irmão e eu nesses dois dias vínhamos da roça mais cedo para ouvir o programa. Trabalhávamos de sol a sol, não existia essa história de trabalhar por oito horas e parar.

Como era o almoço na roça?

Era arroz, feijão, linguiça, ovo e carne. Meu pai era metódico, não queria carne que estivesse na geladeira e nem cozida em panela de pressão. Tinha que ser cozida na panela de ferro e no fogão a lenha. Nós levantávamos cedo, tomávamos café com leite, pão feito em casa. Lá entre 9 e 9:30 da manhã, almoçávamos. Em torno das 13 horas jantávamos. Por volta das 15:30 às 16 horas, tomávamos café. A noite era a ceia. Eram cinco refeições por dia. Se não nos alimentássemos direito, não aguentávamos trabalhar. Tínhamos frutas à vontade, pois trabalhávamos no meio do pomar.

Quando vocês casaram foram morar aonde?

Nós tínhamos dois sítios. Meu cunhado Quinzinho, tinha uma venda na Volta Grande e meu pai construiu uma casa ao lado e fomos morar lá. Nós casamos em 1964, na Igreja São José, em Piracicaba e o celebrante foi o Cônego Luiz Gonzaga Juliani. A igreja estava ainda em construção, não tinha piso, nem porta definitiva.

O Morro do Enxofre, conhecido atualmente como Avenida Madre Maria Teodora, não era asfaltado?

Não tinha asfalto, o chão era com pedregulho, era uma via de duas mãos.

Há uma história, que pode até ser uma lenda urbana, mas foi narrada por uma pessoa que trabalhava em laticínio.

Acredito que isso seja história. Diziam que alguns fornecedores de leite, que traziam em latões para o laticínio, “batizavam” o produto com água do Ribeirão do Enxofre. Alguém criou essa história e por falta de assunto ou por pura brincadeira, comentavam. Havia fiscalização e a Usina de leite tinha um controle de qualidade rigoroso. Existia e existe até hoje a entrega direta do produtor para o consumidor, mas o consumidor percebe na hora se o produto foi alterado. Antigamente, o sabor da carne era diferente, atualmente adicionam conservantes e outros aditivos que mudam completamente o sabor.

Sem geladeira, como conservava a comida?

Geladeira, praticamente não existia. O toucinho do porco era derretido, colocado em uma lata e ali eram colocados os pedaços de carne e torresmo. Era comum quando alguém abatia um porco, repartir com seus vizinhos. Tinha já uma cestinha, usava-se folha de bananeira para embrulhar, não existia papel alumínio. A ajuda mútua era uma realidade.

Como foi que o senhor passou a trabalhar na Companhia Paulista de Estradas de Ferro?

Eu trabalhava com meu avô no bairro do Serrote e através do meu irmão fui indicado pelo Seu Carvalho, que era uma pessoa muito bem relacionada. Fui entrevistado pelo Chefe da Estação, o Sr. Ivo Pizza. Ele me mandou fazer uns testes em Campinas. Fiz o exame, fui aprovado. Passei a trabalhar e no começo eu morava na Nova Suíça e vinha trabalhar de bicicleta. Saía às 5:30 da manhã para entrar no serviço às 6:00 horas. Sempre subi pedalando, nunca empurrei bicicleta e era bicicleta sem marchas. Eu era teimoso. O filho do Joane Vassoureiro, o Nico, ofereceu-me uma chácara para morar, situada nas proximidades do atual Pronto Socorro da Vila Cristina, onde hoje, está tudo habitado. Na época, não tinha nada, não tinha o Risca-Faca, Jardim Planalto. Era só campo ou plantações. Eu não cheguei a ver, mas a minha mãe dizia que a entrada da cidade era pela Rua Boa Morte. O caminho cortava pelo meio da área que hoje é a Praça Takaki. Depois aluguei uma casa na Rua Santos, do tio da minha esposa, Antonio Arthuso. Nessa época nasceu nosso filho. Dali a um tempinho, o dono da casa queria subir o aluguel. Eu trabalhava na pronta entrega da Cia. Paulista e as entregas eram feitas por um dos três caminhões Ford azul. Comprei uma Leonette, que começou a ser produzida no Brasil em 1960, por Leon Herzog. Era fabricada no bairro do Caju, no Rio de Janeiro. O modelo que comprei tinha o farol redondo, ano de fabricação 1965. Era verde. Fiquei morando no sítio e trabalhando na Cia. Paulista. Consegui comprar um terreno, construí uma casinha de dois cômodos grandes, nas férias ajudava o pedreiro. Mudamos ali.

Como o número de veículos era pequeno, e o sítio era sempre tranquilo, dava para saber pelo ronco, que veículo passava pela estrada, que ficava próxima?

Isso é uma coisa interessante! Pelo ronco do motor sabíamos quem estava passando:  Pelo ronco sabíamos: “Esse é o Valério, esse é o Tinim”. Passavam quatro ou cinco caminhões por dia, conhecíamos o ronco de cada um. Eu tirei o miolo do escapamento da Leonette e meu primo que morava a uma boa distância dizia: “sei a hora que você sai só pelo ronco da Leonette! ”

O início do senhor na Estação da Paulista foi em que função?

Foi na função de ajudante de serviços gerais. No primeiro dia, eu estava com dor de cabeça e o chefe mandou carpir a linha. Uma enxada pesada, não cortava nada. Eu estava acostumado com a enxada do sítio que era uma navalha! No outro dia, ele já me mandou para a carga, descarga e entrega. Entregava de tudo. O comércio de Piracicaba praticamente transportava quase tudo pelo trem. Grande parte das lojas de Piracicaba eram abastecidas pelo caminhão da Cia. Paulista, que entregava as cargas vindas pelo trem. Eram três caminhões divididos por setor: um fazia o centro, outro fazia a Vila Rezende e o terceiro fazia o Bairro Alto, Avenida Independência. Eu trabalhava em qualquer desses setores. Variava conforme o volume de entregas. No centro o maior problema era o bonde. Cada vez que estava fazendo entrega e vinha o bonde, tinha que tirar o caminhão. Não tinha tantos veículos, era mais fácil estacionar. A CICOBRA era uma empresa que usava muito o serviço da Cia. Paulista.








      








O senhor se lembra de alguns nomes de motoristas e aju 

dantes que trabalhavam no setor?

De imediato lembro-me de alguns. Motorista: Paulo Gambaro, que uma filha dele casou-se com o filho do Ludovico Trevisan, até acho que o vereador Trevisan é neto do Paulo. Outro que trabalhava conosco era conhecido como “Passarinho”. Também o Neri Moreira Bueno, gaúcho de Santa Maria que gostava de pesquisar as fábricas de balas; dizia que lá no Sul não tinha e que ele pretendia montar: uma fábrica de balas. Outro era o Oscar Coelho Lacerda. O Passarinho, o Paulo e o Oscar eram do CPT- Companhia Paulista de Transportes. O Oscarzinho era só ajudante de caminhão. Dizem que o Oscarzinho jogou no XV de Novembro de Piracicaba. O Passarinho também jogou. Dizem que o Jaraguá Futebol Clube de Piracicaba teve a sua origem no time Paulista Esporte Clube. O sindicato dos Ferroviários em Piracicaba era na Rua Sud Mennucci, quase esquina com a Avenida Dr. João Conceição. O prédio foi demolido e  hoje é um terreno. Ali havia uma escolinha para filhos de funcionários.

Os transportes ferroviários, rodoviários e fluviais se complementam. Porque a ferrovia perdeu seu espaço?

A resposta para essa questão é complexa. Vários fatores contribuíram para isso ocorrer. O transporte rodoviário evoluiu muito, com estradas de boa qualidade e veículos confiáveis. A implantação do parque industrial de veículos no Brasil foi um grande passo. Infelizmente, a decadência da ferrovia tem sua origem na nomeação política para altos cargos. Pessoas que não tinham o conhecimento técnico, dirigiram setores fundamentais.  Ocorreram erros graves. Por exemplo, vinha muito tecido de Santa Catarina. Ao que parece, desviavam essa mercadoria para o Pari, em São Paulo e colocavam tijolos e pedras, para manter o peso do vagão. A carga era furtada. Isso gerava um descrédito para a ferrovia. Uma análise de toda a situação, providências, planejamento e modernização resolveriam tudo. Só que não foi isso que ocorreu.  

Tinha um dispositivo para girar a locomotiva a vapor que vinha de São Paulo que fazia pequenas manobras. Ela tinha marcha a ré, mas para longas distâncias, tinha que ir com a frente da locomotiva no sentido da viagem. Como era mudada a direção da locomotiva?







Era chamado de girador, utilizado para as locomotivas a vapor. Ela subia no trecho que tinha uma pequena separação nas duas pontas, onde a locomotiva ficava toda sobre aquele segmento de trilho, que era móvel. Era então destravado, uma única pessoa girava a locomotiva de direção, graças ao mecanismo existente no girador. Era manual. Eu virei muitas vezes o sentido de direção da locomotiva. O segmento de trilho ficava travado. A locomotiva estacionava em cima, a trava do segmento de trilho era tirada, bastava empurrar, girando em 180 graus, travava o segmento de trilho, e a locomotiva já estava no sentido correto de direção. Um único homem girava com as mãos uma locomotiva que pesava de 60.000 a 70.000 quilos, graças ao mecanismo simples, mas altamente eficiente.  

Na área de descarga para materiais pesados tinha um guincho?

Era um guincho manual, operado por duas pessoas que levantava até 2.000 quilos. Na época, também existia uma bomba para carregar álcool que vinha da usina para o vagão tanque. Onde hoje é o salão de baile, era onde os carros de passageiros eram lavados com água sob pressão e vapor e higienizados. Os ferros utilizados na construção da Usina de Ilha Solteira foram todos fornecidos pela Dedini e embarcados na Cia. Paulista de Piracicaba, onde foi montado um pórtico e foram carregados muitos vagões de ferro, nem sei quantas mil toneladas. Só para Santa Maria de La Sierra, Bolívia, por exemplo, carregamos 120.000 toneladas. Naquele tempo, a Dedini estava no auge; compraram em um só lote, 60 locomotivas que estavam desativadas, embora algumas ainda funcionassem. Funcionando ou não, todas foram picadas e derretidas, para serem transformadas em vergalhões e chapas de aço.  Isso foi entre 1977 a 1980. O transporte de passageiros tinha parado em 1975.

Ferrovia de carga dá lucro?

Bem administrada dá lucro! Na época, o porto de Santos não comportava o volume de estocagem de açúcar produzido; com isso, a usina fazia dos vagões, um depósito de açúcar! A maior prejudicada era a Cia. Paulista, que deixava os vagões carregados permanecerem parados em seus trilhos, por tempo indefinido.

Quantos sacos de 60 quilos de açúcar cabiam dentro de um vagão?

Tinha vagão para 1.200 sacos! São 72.000 quilos!

Uma única locomotiva podia levar quantos vagões?

Na época até 10 vagões, carga equivalente a 10 treminhões hoje!

Em quais estações o senhor trabalhou?

Aqui trabalhei em: Piracicaba, Taquaral, Tupi, Caiubi, Santa Barbara D`Oeste, Cillos, Nova Odessa, Recanto. Antigamente o Chefe de Estação mandava na cidade. Ele, às vezes, tinha uma autoridade igual ou maior que a do prefeito. Era muito respeitado.

O senhor morou em alguma das casas que até hoje existem, internas ao terreno da Estação?

Morei na casa de número 20. Moramos por 4 anos lá, onde nossa filha mais nova foi matriculada no Jorge Coury. Dona Margarida Ritter era a inspetora de alunos e a mãe dela era da família Polizel.  Anteriormente, quem tinha morado naquela casa, foi Osmair Funes Nocete. Na entrada da gare, junto ao portão de acesso ao trem conferindo os bilhetes, era o José Furlan que ficava.

 

No período final de suas operações, a Cia. Paulista transportou vagões de enxofre a granel?

Sim. Inclusive, este produto causava uma sensação do corpo queimando e o olho ardia muito. O serviço de descarga e carga em caminhão era feito por empreiteiros. Também vinham muitos vagões de sucata de ferro.  

Mais algum fato marcante que tenha acontecido com o senhor trabalhando na Companhia Paulista?

Tive uma passagem que me marcou muito.  Eu estava trabalhando em Sumaré, modernizando a linha para ampliar o pátio. Eu ficava na guarita, dando entrada para o trem que chegasse. Partiu então, um trem de passageiros de Sumaré. De repente, no sentido contrário vinha vindo de Campinas, um trem carregado com boi. Eu sinalizei com a bandeira vermelha, preocupado, pois o trem seguia para a mesma linha do trem de passageiros; O normal seria que eu fosse avisado antes, para poder fazer a contenção via telefone, porém, isso não ocorreu! Foi um milagre eu ter conseguido ver e avisar o trem cargueiro. Poderia ter sido uma tragédia de grandes proporções. A falha do maquinista do trem de gado que iria entrar na linha do trem de passageiros e chocar de frente resultou em muitas discussões, e a minha atitude desesperada em me colocar no leito do trem e agitar freneticamente a bandeira vermelha, conseguiu deter o cargueiro. Essa cena nunca mais esqueci.






quarta-feira, outubro 26, 2022


 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado , 04 setembro  de 2021

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

                                                                                              

 

Entrevistada: Carmelina de Toledo Pizza

 

Carmelina de Toledo Pizza é Contadora de Histórias, sabe que os mitos de todos os povos têm base comum na necessidade de explicar realidades sociais, cosmológicas e espirituais.

Carmelina d



e Toledo Pizza ao nascer, recebeu o nome de Carmelina em homenagem a sua avó, que havia falecido há pouco tempo. Tem mais dois irmãos, a Branca e o Paulo (falecido).

Cursou a Faculdade de Ciências e Letras na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Fez Psicopedagogia e mestrado em Educação Comunitária no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) em Americana. Pós graduou-se em Arte Terapia na Universidade Paulista (Unip) e está cursando Educação Artística (EaD) nas Faculdades Claretianas, em Rio Claro. Em 1999, abriu o Espaço para Arte de Contar Histórias, em Piracicaba, onde ensina a arte de narrar aos profissionais da educação, da saúde e de outras áreas. Em 2001, formou o grupo Na Cia. da Tia Carmelina. Lançou os livros entrou por uma porta, saiu por outra, quem quiser que conte outra (2003); Caju, uma história de amor e 7 encontros, histórias e desenhos (2004); Histórias que amigos contam (2005); Amor sempre... Sempre amor (2006); e Passa balaio trançado de sonhos e conta uma história... 2ª Edição (2013).
Atualmente, presta trabalho voluntário n Santa Casa de Piracicaba.

A arte de contar histórias é milenar?

Nós dizemos que quando o homem começou a falar, ele já passou a contar histórias! Mesmo os homens das cavernas, quando acendiam aquela fogueira, narrava suas caçadas, escreviam nas paredes, desenhavam, aquilo tudo era história.

Até os tempos atuais, histórias e lendas, contadas geralmente a noite e que povoam a imaginação do ouvinte tornando-o sensível ao menor ruído?

Quando eu era menina, tinha uma mulher que morava perto da minha casa, eu morava na Rua da Glória esquina com a Rua Da. Jane Conceição, no bairro da Paulista. Eu tinha seis anos de idade, foi quando vim morar em Piracicaba. Essa mulher contava essas histórias assustadoras, de assombração, mula-sem-caça e outras do gênero. Ela sentava-se ao lado de um fogão a lenha, pegava um pedaço de madeira em brasa e fazia movimentos muito rápidos no ar.  Quando saíamos da casa dela estávamos todos apavorados! Eu morria de medo! Encostavam a minha cama junto a cama da minha irmã! Só que na noite do dia seguinte se essa senhora estivesse disponível para contar histórias, nós estaríamos lá de novo!

Essa sensação de curiosidade e medo não achava perturbando o sono?

O que acontecia as vezes, é que alguém dependurava uma peça de roupa, se ela se movimentasse com o deslocamento de ar, eu ficava apavorada e dizia para minha irmã: “ Tem assombração ai! ” Minha irmã acendia a luz e mostrava a sua blusa dependura em um cabide na porta do guarda-roupas!

Qual é o nome dos seus pais?

Meu pai é Júlio de Toledo Pizza e a minha mãe Honorina Fortini de Toledo, mineira de Vargem Grande do Rio Pardo. Minha avó materna veio no navio, conheceu o meu avô, quando chegara foram para Vargem Grande, namoraram, casavam, A minha mãe é a segunda filha de onze filhos.

Qual era a atividade do profissional do seu pai?

Meu pai era topografo no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) onde trabalhou por 30 anos. Após aposentar-se, foi trabalhar com o então prefeito Luciano Guidotti.Lembto-me como era incrível aquele homem, lembro-me de que um dia papai eslava traçando uma das pontes, acho que era a Ponte do Caixão, ele chegou em casa, com aquele papel imenso, colocou sobre a mesa de fórmica Vermelha, eu que traçava para ele, a doença de Parkinson já dava, mostras de que estava se manifestando.

O Prefeito Luciano Guidotti dizia de forma veemente: “ Seu Júlio! Esta ponte tem que sair aqui! ” Meu pai argumentava considerando aspectos técnico: “- Já medi aqui, já fiz o levantamento técnico ali”, e ia apontando para a planta da ponte e dos locais. Meu pai media aqui, ali, fazia todas soluções possíveis. Ao final, a ponte saia exatamente aonde Luciano Guidotti havia previsto. Por uns cinco anos meu pai trabalhou com Luciano Guidotti.

O fato de ver seu pai envolvido com plantas, gráficos, influenciaram no seu interesse por desenho?

Tem muito a ver! Desde menina eu gostava de desenhar. E gostava também de livros, dizia que seria escritora. Eu deveria ter uns 10 anos de idade quando cheguei em casa com um punhado de livros. Em casa tinha livros, as minhas tias, irmãs de papai, eram professoras, diretora, tinham muitos livros. Minha irmã e eu líamos. Um dia cheguei em casa com muitos livros. Papai disse-me: “Por que você pegou todos esses livros? Aqui em casa tem tantos livros e você ainda pega mais na biblioteca? ”.

Disse-lhe: “ Pai, eu vou ser escritora! ”

Ele disse-me: “Professora! ”

Respondi-lhe: “ Está bom! ”

O curso primário você estudou em qual escola?

Fiz o primário no Grupo Escolar Dr. João Conceição, que ficava no prédio ao lado da Igreja dos Frades. Lembro-me de algumas professoras: Dona Conceição, Dona Domitila, Da. Elza Maura Barbosa.  A seguir fiz a famosa Escola de Comércio Cristóvão Colombo, conhecida popularmente como Escola do Zanin, localizada a Praça José Bonifácio.  Ao lado da escola havia a bombonière do Passarella. Lembro-me da bala Chita, ao lado situava-se o Cine Polyteama.

Você estudava a noite?

Estudei dois anos na parte da manhã, como não tinha alunos, éramos puçás meninas, cerca de 4 ou cinco meninas, passamos para o período noturno, os estudantes da noite eram adultos, fomos muito bem recebidas, sempre fui muito brincalhona. Estudei os dois ótimos anos a noite. Meu irmão teve que assinar uma documentação, comprometendo-se a buscar-nos todas as noites após as aulas. Eu voltava com ele de bonde.  Quando ele não ia, eu pegava o bonde e lá no pontilhão da rua Benjamin Constant o meu pai estava me esperando.  Era uma preocupação. O meu irmão gostava de filme de bang-bang, a gente “matava” aula. A minha vida na escola foi muito interessante!

Em seguida fiz o magistério no “Instituto Educacional Piracicabano” e o curso de Letras: Português Literatura no início da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) que na época ainda funcionava na Rua da Boa Morte, Sou da primeira turma a formar-se em Letra. A minha vontade era fazer Artes Plásticas, mas por influência do meu pai estudei Letras.

Aí você foi dar aulas?

Fui dar aulas, comecei com os pequeninos, na Escola Infantil “A Cigarrinha, acho que foi umas das primeiras escolas infantis da região, Dona Terezinha Kraide, foi a pedagoga fa vida, era uma pessoa maravilhosa, aprendi muito com ela. Fui dar aulas para o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização.

Como era dar aulas para adultos?

Muito interessante, principalmente naquela época: 1974,1075. Era um período de transição política, os alunos, já adultos, eram pessoas maravilhosas!

Você era uma menina se comparada a idade deles?

Eu tinha por volta de 20 a 23 anos e eles eram bem mais idosos. Eles tinham muita dificuldade, as vezes tinha que pegar na mão do aluno e ensinar a letra “a” a letra “b”

Por quanto tempo você lecionou em sala de aula?

Dei aula por uns 15 anos aproximadamente.

Como você decidiu parar de lecionar?

Foi dentro da sala de aula! Eu contava histórias, descobri que quando acabava de contar uma história aquelas crianças estavam prontas para eu ensinar o que eu quisesse. Pedi exoneração em 1992, e virei a Contadora de Histórias.

Você foi a primeira contadora de hídricas a dedicar essa atividade como profissão?

Acredito que com ilustrações sim, mas tínhamos um grande número de cantadores de cururu narravam histórias através de suas cantorias. Eram celebres, reuniam multidões. A mãe do cururueiro Nhô Serra morava a uns 50 metros da minha casa. Ali eles cantavam cururu sábado à noite, domingo pela manhã, e nós ficávamos jogando bola.

Você era meio moleca?

Muito! Eu rodava pneu! Fazia o círculo e jogava o pião de madeira! Bolinha de gude, carrinho de rolimã. Eu tinha mais ou menos uns seis ou sete anos, era aniversário da minha priminha mamãe fez um vestido de organdi suíço branco, no dia, do aniversário, ela me deu banho, colocou o vestido, sapatinhos brancos, e mandou que ficasse sentada esperando os demais da família ficassem prontos. Nisso passou um amigo e me convidou para dar uma volta de carrinho de rolimã. Voltei com metade do vestido que era só graxa. Minh irmã na bondade dela disse: -Vai com aquele vestido amarelinho”.  Minha mãe ordenou: “´Não! Ela não sujou? Ela vai assim na festa! ”.

Eu cheguei na festa. Juntava as laterais do vestido, para não aparecer a graxa!

Mas eu tenho uma sorte, uma sorte! O Universo é fantástico comigo!  A minha tia de São Paulo tinha a esse aniversário, e trouxe de presente para mim a primeira calça rancheira que eu tive!  Vermelha! Era uma raridade!  Trouxe também uma blusinha branca de bolinhas vermelhejas! Fui até o andar superior, me troquei, quando desci àquela escada, os olhares voltaram-se para mim. Eu me sentia uma princesa!

 A minha mãe, claro estava me achando linda, mas queria me torcer pelo papelão que eu havia feito com o vestido de tecido suíço!

A minha infância não foi difícil, foi saudável.

A menina que existe hoje em mim sente saudade de muitas coisas. Era uma época em que bens de consumo eram praticamente inexistentes, como por exemplo. Era muito raro de se ver uma caixa de bombom. Não exocistia. Eram os pobres, mas não miseráveis. Tínhamos uma alimentação saudável, farta, porém sem essa profusão de preditos industrializados. Eu me lembro de que papai comprava uma caixa de refrigerante quando ele recebia o pagamento. Vinha uma dúzia de garrafas, sendo seis de gengibirra e seis de itubaina. Quando acabava só no próximo mês é que tinha outra caixa. Era comum as famílias fazerem limonada ou laranjada natural. Em casa tínhamos uma geladeira vermelha. A televisão chegou quando eu tinha uns 15 a 16 anos.

Você como muitos jovens da época assistia ao programa Jovem Guarda?

Claro! Gostava de ver Roberto Carlos, Martinha, Renato e Seus Blue Caps e tantos outro qie marcaram época.

Carmelina exibe um ar de realização ao mostrar os livros publicados por ela. Desde o primeiro, o qual ela classifica como muito simples, até obras realizadas para ensinar e formar novos contadores de história. O livro voltado ao ensino de Contadores de Histórias ensina as técnicas essenciais para um bom contador de histórias. Os seus alunos que fizeram esse curso dão depoimentos dos sucessos alcançados. A experiência de contar histórias em hospitais.

O atelier de Carmelina reserva uma surpresa a cada momento, quadros, muitos pintados por ela, ilustradora e artista plástica com técnicas refinadas. Sua devoção a São Francisco de Assis, tornou-a na possível recordista piracicabana de imagens do Santo. Feitas em madeira, barro, bordadas, oriundas das mais diversas partes do Brasil e até mesmo do exterior, Pessoas amigas trazem como presente. 

Dotada de um senso de humor muito positivo, poucas pessoas imaginam que Carmelina, tão doce, risonha, é uma mulher forte que já enfrentou uma mastectômica.  

Carmelina conserva seu alto astral até mesmos nos momentos difíceis, ela dá uma lição de vida. Seus livros, sua arte de ilustradora, são reflexos de uma mulher forte. De um ser humano que espalha energia positiva.

Há alguns anos fez mastectómica. Não se deixou abater. Alguns anos vivendo sozinha, algumas amigas insistiram para que ela entrasse em um site. Fez amizade que com o tempo despertou a curiosidade de se conhecerem. O pretendente em animada conversa pessoal, mostrava interessadíssimo em estabelecer um relacionamento mais sério. Carmelina mencionou a mastectômica feita há anos. De forma brusca, ele lembrou-se de que tinha um compromisso inadiável. Saiu como um fuso.

Essa é a moleca, escritora, ilustradora e contadora de histórias, uma mulher forte e bem resolvida, querida pelos seus amigos e rodeada por inúmeras imagens de São Francisco com sua sinceridade desmontou completamente o seu possível conquistador.

Segundo Carmelina, ela fez uma pesquisa junto as mulheres que tiveram câncer e pouquíssimos homens tem a coragem de enfrentar uma situação dessas, o impacto é maior quando elas ficam carecas.

Ao mesmo tempo em que é uma situação pesada, você conseguiu tornar o assunto palatável em seu livro.

Hoje sua vida é intensamente partilhada entre escrever, fazer arte com suas ilustrações e pinturas, contar histórias?

 

Hoje olho no espelho e vejo a minha história. Olho a tela branca do computador. O que escrever? A cabeça está carregada de sonhos da infância, de vida vivida, de tudo aquilo que passei e das pessoas que estavam a minha volta. E começo a escrever. Livros já saíram: “ Entrou por uma porta e saiu poi outra, quem quiser que conte outra. ”. “Caju, a minha história de amor. ” Todos os livros que escrevi, foram livros escritos depois de uma dor, uma dor profunda de perda de um amor. Uma dor que eu não queria sentir. Mas o livro saiu, e ele não foi aquele livro triste” Tem muito humor, muita alegria! Porque é isso que eu trago desde a minha infância, a minha criança, a minha alegria. O livro “Cor da Terra” a capa foi feita por mim, porque adoro desenhar.



Veja mais no site:




  Histórias de Nassif   https://historiasdenassif.com.br/2022/06/20/gitana/




                                             

                                                                                                 

 

quinta-feira, junho 02, 2022

  

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado , 04 setembro  de 2021

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/ 

ENTREVISTADO: LUIZ ANTONIO ROLIM





O Professor Doutor Luiz Antonio Rolim, é uma das personalidades marcantes
na cidade de Piracicaba. Sua vasta cultura e seu carisma, envolvem desde um 
único interlocutor até uma plateia com centenas de pessoas. Carrega a 
simplicidade dos sábios. Nascido na cidade de Garça, a 1 de setembro 
de 1940, filho de Antonio Ferraz Rolim e Maria Alice Rolim que tiveram 
também os filhos: Célio Augusto Rolim, e José Carlos Rolim. 
Luiz Antonio Rolim é casado com Léia Maria Guimarães Rolim, 
Assistente Social, foi por vários anos coordenadora do 
SEAME- Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa.
São pais de quatro filhos: Fernanda, inclusive ela é Promotora de 
Justiça em Piracicaba, Titular da 4ª Vara Criminal; Fábio Coordenador 
do Instituto de Patrimônio Histórico em Brasília Cláudia e Renata. 
Tem nove netos.
 

Qual era a atividade profissional do pai do senhor?

Ele era Funcionário Público Federal, era Exator da Receita Federal. Viemos para Piracicaba, onde o meu pai permaneceu por muitos anos na então Coletoria Federal, situada na Rua XV de Novembro entre a Rua Governador Pedro de Toledo e Rua Boa Morte. O Sr. Shirley Prado, a Srta. Joana Nischimura cujo pai, Oscar Nischimura era proprietário do Restaurante Alvorada, situado na Praça da Catedral.   Outros funcionários trabalhavam também na Coletoria. Uma característica interessante é que havia uma sala cofre muito grande. Meu tio Deusdedith Ferraz Rolim era Delegado do Imposto de Renda de Piracicaba e região, isso foi por volta de 1950 aproximadamente.

Os irmãos do senhor seguiram quais carreiras?

O Célio formou-se em Pedagogia, e depois entrou no Banco do Brasil, na época trabalhar no Banco do Brasil era um cargo muito importante, o funcionário do Banco do Brasil descava-se na sociedade. O José Carlos cursou Agronomia. Tornou-se professor na Escola de Agronomia em Araras, aposentou-se e está por lá. O Célio está por aqui também. Aposentado. Minha mãe era o que na época denominavam “do lar”, portuguesa. Em decorrência disso estamos no final do processo para dupla nacionalidade, dos filhos e dos netos.

Qual é a origem do sobrenome Rolim?

A origem é francesa. Por volta de 1700 apareceu na França um tal de Nicolá Rollin. Ele foi chanceler se não me engano de Luiz XIV, era uma grande figura política, criou um hospital no sul da França. Existe um livro com a árvore genealógica da família do meu pai, não está comigo. O pai do meu pai, meu avô, Paulino Ferraz Rolim, foi professor durante muito tempo em Rio das Pedras. Tanto é que a cidade denominou uma rua com o seu nome.

Até que ano o senhor permaneceu em Garça?

Em Garça eu fiquei até 1952. A minha família continuou lá, eu fui para o Seminário de Lins. Onde permaneci por sete anos. Por isso que eu dava aula de latim! Grego, italiano. Estudava de tudo. Era a Ordem Secular. Eu era da Diocese de Marília e fui estudar na Diocese de Lins, a cerca de cento e poucos quilômetros de distância.

Como foi a adaptação, ainda um menino com 12 anos , sair de casa, para um ritmo de vida totalmente diferente, deixar a família, não deve ter sido muito fácil não.  

Acaba adaptando-se! Na realidade era um regime feudal! A educação, a disciplina, naquela época não podia conversar tal dia, mas jogava futebol, brincava, eu agradeço porque realmente lá eu tive uma educação muito estruturada, recebi o ensino de grego, latim, foi bom. A disciplina era feudal!

É o que está faltando hoje?

Se não tanto pelo menos um pouco. Na época a Igreja muito respeitada. Eu vim para Piracicaba em 1957, na época havia cerimonias Cívicas, Militares e Eclesiásticas, eram celebradas pelas autoridades cívicas, militares e eclesiásticas!

O senhor deligou-se do Seminário?

Eu saí. Minha família já estava morando em Piracicaba, vim para esta cidade. Continuei meus estudos no Instituto Sud Mennucci, cursei o que na época era chamado de “Curso Científico”. Fiz o Clássico, que era voltado para línguas, ciências humanas. Tive aulas com o célebre Benedito de Andrade, Caixeta, Arquimedes Dutra, Demóstenes, Argino que lecionava matemática. No Seminário aprendi a tocar órgão, inclusive órgão de tubo. Ficamos uns quatro anos tocando em casamento, éramos eu e o Waldir Belluco tocando violino. Tocamos em muitos casamentos, ganhávamos um dinheirinho. O Sérgio Belluco irmão do Waldir, tocava violão. Fomos tocar na escola do Mahle, na Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Fui tocar contrabaixo. Fiquei alguns anos tocando lá. Tempo em que a Cidinha Mahle. o Maestro Ernest Mahle. Fui tocar com o Maestro Germano Benencase ( Hoje é homenageado com o seu nome dado a uma escola de São Paulo). Ele tinha uma orquestra voltada mais para reuniões, saraus, lá estava também o Egídio Rizzi (Gildinho), Waldir Belluco, uma turma muito boa. Aí eu fui tocar na Pedrinho e Sua Orquestra, ensaiávamos no salão da Banda União Operária, na Rua Santo Antonio. Nessa orquestra ei tocava contrabaixo também. Tocávamos em bailes, festas de debutantes, éramos contratados para tocar aqui em Piracicaba, em outras cidades, era uma festa!

Nessa época o senhor estava com quantos anos?

Eu devia estar com 22 a 23 anos de idade. Por volta de 1961 fui trabalhar na “Folha de Piracicaba” de propriedade de Cecílio Elias Netto, na época havia também o “Jornal de Piracicaba”, o “Diário de Piracicaba”. Na Folha estávamos Antonio Messias Galdino, eu, João Maffei. A Folha foi vendida. Fomos trabalhar com o Sebastião Ferraz no Diário de Piracicaba, na Rua Prudente de Moraes entre a Rua Alferes José Caetano e Rua Santo Antonio. No prédio que foi propriedade de Terêncio Galesi. O prédio existe até hoje. O Geraldo Nunes trabalhava lá. O Ferraz estava querendo parar de trabalhar. No fim fizemos uma negociação o Cecílio assumiu. O Ferraz saiu e mudamos para “O Diário”.. Eu digo nós porque estávamos sempre um na casa do outro, eramos muito amigos. Fiquei um tempão lá!

Nesse meio tempo o senhor lecionava também?

Não dava aulas. Só advogava. Quando terminei o curso Clássico no Sud Mennucci, entrei em Direito em Bauru, ia de carona, com o carro de um ou de outro, ia com o Milton Rontano, pai do Edson Rontani. Na época, quase todos os advogados de Piracicaba se formaram lá. Da minha época estavam o Ovídio Sátolo, o Galdino, Antonio Orlando Ometto, Pedro Negri e outros, éramos um grupo grande de Piracicaba. Me formei em Bauru, Na época surgiu uma lei que autorizava as pessoas que tivessem trabalhado um período grande em jornais, poderiam obter o título de jornalista. Através dessa lei, sou Jornalista Profissional, registrado, Eu, Galdino, João Maffei. Comecei em “O Diário” em 1963. Chegou uma época em qie o Cecílio vendeu as ações, e eu fiquei diretor. Ficamos eu, Celsinho Elias, Gabriel Elias, não sei se o Adolho Queiroz estava nessa. Tempo do Luiz Forti, João Maffei, Cerinha, Mauricio Cardoso, Mário Terra, Carlinhos Gonçalves os linotipistas eram entre outros o Sérgio, o Toninho. O operador da sala de títulos era o Manoel Mattos Filho, que aos poucos estava passando a ensinar o revisor João Umberto Nassif a operar o então “sofisticado” equipamento”!  Araken Martins, Jago. Eram diagramadores que faziam ilustrações marcantes. Grandes nomes foram colaboradores entre eles: Benedito de Andrade, João Chiarini, Caetano Ripoli, Roberto Antônio Cêra, o Cerinha. Marisa Bueloni, Alceu Righetto, Carlos Colonese. A seção “Recasos ocupava de uma a duas páginas, era um sucesso. Evaldo Vicente por um bom período foi o Editor-Chefe de “O Diário”.

Era uma época romântica?

Eu permanecia até fechar o jornal (concluir a edição). Depois saia e ia tomar chope com a turma. (Nessa época era praxe após o fechamento da edição do jornal, praticamente toda imprensa paulistana também tinha esse hábito, iam bater papo e relaxar tomando um chope, não havia internet, os grandes jornais tinham serviço de rádio escuta, o “furo” jornalístico era quase como um troféu). Ficamos um tempão em “O Diário”. O Cecílio queria ir para São Paulo, sua paixão era escrever livros. A T.Janer era a empresa que fornecia o papel para impressão do jornal. Nesse tempo entrou a Renata, irmã do Celso Elias. Filha do Toninho Elias e Inês Seghesi. Era uma luta muito grande, manter as finanças de “O Diário”. A M.D. Participações acabou adquirindo “O Diário”. O Dr. João Fleury veio trabalhar em “O Diário”. O Jornalista Nelson Bertolini também foi contratado. A essa altura eu já era vereador, tinha o meu escritório de advocacia,

Em que ano o senhor foi eleito como vereador?

Foi em 1973. Nessa época Adilson Maluf, Galdino, Jairo Mattos, também foram eleitos.

Na época vereador já tinha salário?

No início não. Os dois primeiros anos não recebemos nada.

O senhor colocava gasolina no seu veículo com dinheiro do seu bolso?

Exatamente! Não havia carro oficial, era o meu carro mesmo! Por volta de 1976 é que surgiu essa lei pagando o salário do vereador, era uma lei feita pelo governador Paulo Egydio Martins, para o Estado de São Paulo. Essa lei foi revogada. Acabamos não recebendo nada. Depois o Paulo Maluf foi eleito como Governador. Na época em que a Caterpillar veio para Piracicaba o prefeito era Adilsom Maluf, quem marcava as entrevistas com o governador era o deputado federal Athié Jorge Coury, da ARENA, jogou no Santos, foi seu presidente por muitos anos. O Adilsom p chamava de tio, o Adilson, eu, ficamos no apartamento dele em Brasília. Deixei de ser vereador e passei a ser assessor jurídico na Câmara dos Vereadores. Fui Vice-Presidente da OAB, Secretário da OAB, no tempo de Antonio Dumit Netto que foi presidente da OAB de 1976 a 1981. Foi quando conseguimos construir a nossa seção na Avenida Independência. Eu era muito amigo do Deputado Federal João Pacheco Caves e o Deputado Estadual Francisco Antonio Coelho, éramos filiados ao MDB. Reuníamos na Chácara do Pacheco Chaves. No dia em em que ele vinha ele me ligava, íamos, Adilson, Coelhinho e eu, passávamos madrugada adentro conversando. Saíamos as quatro ou cinco horas da manhã. O Adilson e eu íamos sempre à Brasília, de avião, para contatar Ulysses Guimarães. Nos reuníamos, uma ocasião em uma dessas reuniões, abordei determinados assuntos, Ulysses Guimarães, com sua sabedoria sisse: “ Rolim, não se esqueça que em política sinceridade é imprudência”. Se você é sincero na política, está brigando com ele agora, amanhã poderá precisar do voto dele em um projeto de lei!

Qual era a sua impressão sobre Ulysses Guimarães?

Gente séria, muito amigo. Ele era de Rio Claro, ele vinha sempre para Piracicaba. Eu era delegado do MDB, eu ia para São Paulo para votar nas indicações do partido para deputados, senador. Lembro-me de que em uma ocasião tinha que votar para escolher um candidato do partido para senador, havia dois candidatos: Franco Montoro e Orestes Quércia. Fomos almoçar: Coelho, Pacheco, Adilsom, Quércia. Chegou o radialista Nadir Roberto e perguntou-me: “Levando em consideração a honestidade em quem o senhor vai votar para ser candidato a senador: Franco Montoro ou Quércia? Ele gravou a minha resposta na hora ele falou muito rápido, somado ao barulho natural das pessoas falando, eu não percebi exatamente o que ele tinha dito, a não ser em quem eu iria votar, disse-lhe: “Vou votar no Franco Montoro! ”. Dali fomos para a casa do Coelhinho. O Quércia, Pacheco, fomos todos para lá. A seguir o Quércia foi embora, para Campinas, de carro, dali a uma meia hora tocou a campainha, era o Quércia,ele disse-me : “Você me chamou de desonesto! Você falou para o rásio, que entre o Montoro e eu, considerando a honestidade você preferia o Montoro”. Isso deu um rolo! Ao formular a pergunta o Nadir incluiu a palavra honesto no meio, eu não tinha percebido. Brigamos o Quércia e eu. Uns três anos depois, já era a indicação do João Hermann se não me engano, o Aprilante, o Jairo Mattos também eram candidatos a prefeito de Piracicaba, eu estava no banheiro, quando entrou o Quércia, Ele olhou feio para mim. Eu olhei feio para ele.  

Eu estava lavando as mãos quando ele me perguntou “Você está bravo comigo ainda? ”. Disse-lhe que não. Voltamos as boas. Teve uma época em que o Mugão foi para São Paulo, como assessor do Quércia. Fepois ele foi candidato a vereador, e todo mun o conhecia como Mugão. Ele disse-me: “Rolim, o problema é que todo mundo vai votar no Mugão! Meu nome é José Inácio Sleimann. Como é que faz?  Entrei com uma retificação de nome, incluindo no nome dele “Mugão”. Ficou José Inácio Mugão Sleimann.

O senhor começou a dar aulas na Universidade Metodista de Piracicaba a partir de quando?

Comecei a dar aulas na UNIMEP a partir do dia 1º de agosto de 1980. O Conselho se reunia para para aprovar os pretendentes. Na época éramos três: Hercílio Bigni, Victor Hugo Tejerina-Velazquez e eu. Fomos os três aprovados por unanimidade. Comecei a lecionar na Universidade em 1980 onde trabalhei por 37 anos lecionando. Quando entrei o reitor era Elias Boaventura.

Advogado militante, o Professor Rolim atuou em defesa de um cliente importante. O advogado da acusação fez um calhamaço de 50 páginas com os itens acusatórios, sendo que a primeira página estava com apenas uma frase: “Existem razões que a própria razão desconhece”. Parafraseando Blaise Pascal, filósofo, físico, inventor, teólogo, e matemático francês que afirmou “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. O Dr. Rolim elaborou a defesa, com todos os requisitos necessários, e na primeira página colocou apenas a frase: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”; William Shakespeare. A citação de Hamlet: “Há algo de podre no reino da Dinamarca” já indica ao leitor que não se trata somente de uma vingança, mas de algo ainda pior, algo que transgrede a natureza humana. O advogado da parte contraria telefonou, tinha gostado da citação! Ficaram amigos!

Outra passagem folclórica aconteceu quando Dr. Rolim era vereador. Toda vez que ocupava a tribuna era incessantemente interrompido por um determinado vereador que também era fiscal. O impertinente vereador não deixava Dr. Rolim falar. Sempre interrompendo. Isso foi ficando irritante. Em determinada sessão camarária, Dr. Rolim iniciou dizendo: “ Quero parabenizar o vereador (citou o nome do implicante colega), como sendo um vereador autuante!  E discorreu fortes elogios utilizando a palavra autuante. O vereador não percebeu a sutileza entre as palavras atuante e autuante, uma referência a sua profissão de autuar infratores, na sua função como fiscal. Embevedo pelo “elogio”, o vereador ficou de peito estufado. Nunca mais interrompeu Dr. Rolim quando este ocupava a tribuna!

O senhor tem quantos livros lançados?

Lancei dois livros: um é de Direito Administrativo, nos últimos semestres eu dava aulas de Direito Administrativo. O título é: “ A Administração Indireta as Concessionárias e Permissionárias em Juízo” outro livro é voltado a Introdução do Direito Romano, que é o livro “Instituições do Direito Romano”, que está na 4ª Edição. Esgotada.


 

 

Continuo recebendo citações referentes a essas obras, sendo que o livro Introduções de Direito Romano dos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Argentina. Eu fiquei no seminário, estudando latim, Quando acordávamos o chefe de disciplina ia ao dormitório e dizia: “Benedicamus Dominus”   (Bendito seja o Senhor) nós falávamos “Deo Gratias” (Graças a Deus). O latim me ajudou muito e facilitou a fazer o livro. Com as mudanças de leis, um livro de Direito Administrativo por exemplo, tem que passar por revisões periódicas, e as vezes dá mais trabalho revisar um livro do que o escrever

Qual é o segredo para manter esse bom humor?

Tenho muitos amigos, antes da pandemia nos reuníamos semanalmente, para “jogar conversa fora”, hoje também usamos o meio digital para bater papo. Um grupo se reúne nas terças-feiras, outro grupo se reúne nas sextas-feiras, esse grupo tem uns vinte anos, fazemos um jantarzinho.  Gosto muito de cozinhar. Infelizmente essas ocasiões ficaram raras, usamos o WhatsApp para as reuniões. Cozinho em casa para os netos! Também gosto de viajar, já andei por boa parte da Europa, de carro, fui para a Índia, Nepal.

O senhor é religioso?

Sou católico, cursilhista. As vezes dou uma palestra.

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