sexta-feira, agosto 14, 2020

Silvio Bertoloti

 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista

joaonassif@gmail.com
Sábado  15 de agosto  de 2020.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVIS      SILVIO GILBERTO BERTOLOTI

 

                         Silvio Bertoloti e sua esposa Luzia Martins Bertoloti.

Silvio Gilberto Bertoloti nasceu em Piracicaba em 14 de dezembro de 1953 é filho de Sylvio Bortolotti e Dolores Lopes Bertolotti, que tivera, os filhos Silvio Gilberto (Gilberto por causa de um cantor chamado Gilberto Alves), Gilmar (Por causa do goleiro Gilmar), Gilson, Silvia e Gilsilei.

Você é neto de imigrantes?

  Meu avô paterno, veio da Itália, seu nome correto é Ângelo Felicce, aqui no Brasil, no seu registro de imigrante, passou para Augusto Bertolotti!  Sua profissão no em Piracicaba era coveiro do Cemitério da Saudade, minha avó materna não queria o namoro do meu pai com a minha mãe. Naquela época havia um preconceito, meio folclórico a tudo relacionado a morte. O meu pai e a minha mãe namoraram por 10 anos. Meu avô materno, Lopes, trabalhava em um ramo importante: logística.

Como ele exercia a logística?

Ele tinha uma égua, uma carroça e ficava na Estação da Paulista esperando o trem que trazia o povo que ia fazer compras em São Paulo e ele fazia o frete, geralmente uma vez ao dia. Posso dizer que um avô era coveiro o outro do ramo de logística!

Qual era a profissão do seu pai?

O meu pai era carpinteiro, proprietário da Carpintaria Dom Bosco, próximo à Rua XCV de Novembro. Omo carpinteiro meu pai possibilitou que três filhos se formassem como engenheiros. Sou casado com a também esalqueana Luzia Martins Bertoloti. O pai dela era chefe da Estação Sorocabana. A família inteira dele é de ferroviários. O meu irmão Gilmar é Engenheiro Florestal formado pela ESALQ. Meu cunhado e minha cunhada são agrônomos da ESALQ. Meus dois filhos são agrônomos da ESALQ. Minha nora é agrônoma da ESALQ. O nome de um dos meus filhos é Silvio também. Meu pai era Sylvio Bortolotti, meu sogro Silvio Martins, meu filho ficou Silvio Martins Bortolotti. O outro filho é André Bortolotti. Esse ato de dar nome aos filhos renderia muitas histórias!

Você cursou o primário em qual escola?

Fiz o primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Por ser o primeiro filho, o primeiro neto, eu deveria estudar em um colégio de padres, fui estudar no Colégio Dom Bosco. Era um colégio que primava pela formação moral. Quando sai do Dom Bosco, fui estudar no Colégio Estadual Dr. Jorge Coury, lá você não tem nem ideia do que passei com a professora de português Da. Conceição! (Um dos grandes nomes do ensino em Piracicaba.) Descobri que eu não sabia nada de português! Sofri o quanto você nem imagina! Com o passar do tempo as coisas foram mudando, a melhor palestra era eu que dava. Ela passou a gostar do meu desempenho. A ponto de ela pedir para dar nota para as palestras dos meus amigos. Imagine que situação. (Conhecendo o rigor da professora, Silvio fez por merecer.) As minhas notas com ela eram todas 5. Isso porque ganhava meio ponto porque não faltava. Tem até um fato interessante, nós estudávamos em uma sala vizinha a diretoria. A classe era dividida, metade da sala era ocupada pelos meninos e a outra metade pelas meninas. Como era em ordem alfabética, eu era o aluno que sentava no último lugar. Começamos, eu, Tinão, Gerin. Crócomo a cantar uma paródia. O diretor, Arlindo Rufatto, homem muito enérgico, chegou e colocou-nos para fora da escola. Todos os homens. Só ficaram as meninas! Foi quando eu pensei: Meu Deus do céu! Como vou fazer agora? A próxima aula era com a Dona Conceição, vou perder o meu meio ponto de presença! Fui até fora da escola e voltei sozinho. Sentei, era o único homem na classe. Ouvia meus amigos furiosos pelo fato de eu ter entrado. Veja o poder que essa professora tinha sobre nós.

Acabando o colegial você fez o CLQ?

Aí tem uma outra história, no início, fazíamos o cursinho que valia como terceiro ano colegial, eles tinham um convênio com o Colégio São José de Ribeirão Preto. Quando chegou no meio do ano Esther de Figueiredo Ferraz que foi secretária de Estado e ministra, desconsiderou aquele convenio. Todos do cursinho que estavam nessa situação foram estudar seis meses no Colégio Piracicabano. Tivemos que fazer exame na escola Sud Mennucci para poder passar. Eu já tinha entrado na ESALQ e não tinha o certificado de conclusão do terceiro colegial. Isso foi em 1972. Foram mais de 200 pessoas fazer o exame no Sud Mennucci. Infelizmente não guardo boa impressão dessa senhora como secretária e ministra da educação. Muita gente deixou de continuar os estudos em função dessa confusão toda.

Em que ano você entrou na ESALQ?

Em 1973 eu entrei na ESALQ, sai em 1976, tive o percurso como entomologista, a minha vida foi estudar insetos. Fui ser professor na Universidade Federal de Lavras, era um status elevado, só que eu tenho um negócio chamado banzo. Originalmente um sentimento de nostalgia que os negros da África têm, quando estão ausentes do seu país. Banzo é saudade. Eu não conseguia ficar fora de Piracicaba. Lavras é Federal, eu ia fazer PhD na Inglaterra, não fui. Eu queria ficar em Piracicaba, sou amarrado e Piracicaba. Tenho até uma definição: Em Piracicaba você é touro, fora você é vaca! Meu irmão por exemplo já foi ficar no Pará por 10 anos. Meu outro irmão vive fora, em outros países. Eu não consigo. Fui dar uma palestra em Lavras depois de 35 anos que estive lá, perguntaram-me porque eu não tinha permanecido lá, minha resposta é que o piracicabano arraigado a terra dele tem banzo em sair daqui. Entrei na ESALQ em 1973, em 1975 já estava fazendo estágio com o Professor Nakano, uma pessoa que fez estágio com ele, o Francisco Monteiro, foi lá para verificarmos um problema com o pé de maracujá do sogro dele. O Professor Nakano, mandou eu e o José Maria de Arruda Mendes Filho, fazíamos estagio juntos. Essa casa que tinha o problema com o maracujá, situava-se na Rua José Vizioli próxima a casa do José Maria. Em frente à casa da Professora Bernadete que dava aula deu aula de francês, para nós no Jorge Coury. Fomos, eu e o Zé Maria, descobrimos que era um percevejo que picava o maracujá, e o o maracujá ficava murcho.

Vocês observaram mais alguma coisa?

Nessa casa tinha duas meninas gêmeas fazendo vestibular para entrarem na Escola de Agronomia. Uma das moças tinha olhos verdes, eram bonitas. Fomos caçar o percevejo cujo nome científico é Diactor bilineatus, para fazer um estudo sobre ele. Eu me encantei com uma das meninas, nunca tinha namorado ninguém. Levamos os insetos para a escola, eu e o Zé Maria exterminamos os mesmos, durante a análise. Dissemos: “-Professor, precisamos buscar mais insetos! ” Ele concordou. Voltamos até o pé de maracujá. Uma das duas gêmeas tinha entrado na ESALQ. Era teoricamente minha caloura, “minha bicha”. Prometi proteger a menina, era muito comum os trotes nos calouros. Emprestei meus livros para a menina. Começamos a namorar e casamos! Tivemos dois filhos, que fizeram a ESALQ. Na nossa intimidade, dizemos que o causador disso tudo foi o percevejo. Logo o primeiro filho quando entrou na ESALQ ganhou o apelido de “Percevejo” como existe uma música que faz referência a pulga e ao percevejo, o segundo filho ao entrar na ESALQ passou a ser conhecido como “Pulga”. O Professor Nakano deve ter tido uns 600 estagiários, era uma referência ter sido estagiário do Nakano. Teve uma churrascada em homenagem ao Nakano, todos os presentes fizeram discursos, o estagiário mais famoso que o Nakano tinha na época, era o Professor Parra, Diretor da ESALQ. Fiz um discurso, sou bom nisso. Disse: “ Todos que estão aqui tem prestigio, bom emprego após ter sido estagiário do Nakano, está aqui o exemplo máximo nosso, sei que todo mundo começou a chorar, só que eu sou mais feliz do que vocês”. Pairou um silêncio, até que alguém quis saber o porquê.  Narrei a história do maracujá, que me trouxe uma grande esposa. Ela estava ao meu lado.

Quando você concluiu a ESALQ seu primeiro emprego foi onde?

Eu era solteiro, fui dar aulas em Lavras. Voltei por causa do Banzo.

Não foi por causa da namorada?

Ela pensa que foi por causa da namorada, mas foi pela cidade mesmo.( Silvio expõem suas razões de estar longe da terra amada, mas algo no ar deixa transparecer que bons motivos o trouxeram de volta). Eu andava 480 quilômetros, pegava três ônibus, para vir para Piracicaba todo fim de semana! Ela sabe que é por causa dela!

Você acabou voltando?

Vim para Campinas, fui trabalhar na Estação Experimental, em 1980 casamos, na Igreja da Imaculada Conceição, na Vila Rezende, tendo como celebrante o |Padre Jorge. Há um ditado:  

“ Quem o Padre Jorge casa, ninguém descasa! ” Em 1981 vim para Piracicaba trabalhar na Cooperativa de Cana, para trabalhar com Domingos José Aldrovandi, agricultor, industrial, contador, farmacêutico, vereador. Foi um dos primeiros contadores da Dedini. Como industrial, criou fábrica de papelão no Sítio dos Kanemblay. Em 1958-59 presidiu a Câmara Municipal de Piracicaba. Em 1962 foi eleito deputado estadual, reeleito em 1966 pela Arena, e atuou como um dos principais líderes da política e da economia piracicabanas. Em 1968 fez parte do grupo de cotistas que adquiriu e passou a editar o “Diário de Piracicaba”, publicando-o sob nova denominação: “O Diário”. Foi de sua propriedade a Farmácia Central, à av. Rui Barbosa, 121, em Vila Rezende. Sua atuação foi decisiva para a criação (1948) da Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, que presidiu, assim como para o surgimento da Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo e da Cooperativa de Crédito dos Fornecedores de Cana. Foi gerente desta última, que inicialmente abrangia quarenta municípios, com sede própria à rua D. Pedro I. A cidade deve-lhe a criação e construção do Hospital dos Plantadores de Cana de Piracicaba, que tem seu nome. Foi presidente da Associação Brasileira de Fornecedores de Cana. Integrou o Conselho Superior do Colégio Piracicabano, tendo sido seu presidente, em meados do século passado conforme relata Samuel Pfromm Netto.

Quanto tempo você ficou na Cooperativa?

Fiquei até 1990. A Associa dos Fornecedores de Cana é a mantenedora do Hospital dos Plantadores de Cana. Isso é uma coisa importante que ninguém fala: quem construiu o Hospital da Cana foram os fornecedores de cana de Piracicaba e Região, que recolhem uma taxa toda tonelada de cana-de-açúcar que é entregue na usina recolhe uma taxa, para manter o hospital em pé, e para atender o SUS. Hoje fornecedores de cana é uma minoria, eram aproximadamente 8.000 fornecedores. Hoje não tem nem 500.

Hoje um grande conglomerado arrenda praticamente todas as pequenas propriedades com cana-de-açúcar, ele recolhe essa taxa para manter o hospital?

Hoje não recolhe mais. Quando o Ex-Presidente da República Fernando Collor de Mello entrou ele extinguiu essa taxa obrigatória que existia desde 1964. Por 10 anos fui funcionário da Cooperativa, hoje sou autônomo, mas sou um representante de empresas dentro da Coplacana, junto aos cooperados da Coplacana.

Hoje a colheita da cana é toda mecanizada?

Hoje não há condições de cultivo em pequena escala. Como um agricultor vai adquirir uma colhedeira que custa um milhão de reais? Briguei muito com relação a queimada de cana. Como agrônomo sou contra a queimada. Acontece que a cana não é como soja. A cana você planta hoje e só vai replantar após seis anos. O sistema usado anteriormente era para a colheita manual. Hoje o espaçamento é idealizado para a máquina entrar. Você não pode pisar na soqueira da cana. Na época eu pedi de 4 a 5 anos de carência, permitindo o método tradicional, a queima da palha, para o povo renovar o canavial. “O corte de cana na queimada é penoso, na palha é mais penoso ainda” segundo o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Jaú, Hermínio Stefanin. A ideia era de deixar o canavial adaptado para a colheita mecanizada.

Você sugeriu uma nova represa para abastecer Piracicaba?

Lutei para fazer uma nova represa. Brigaram comigo, possivelmente poderá faltar água.

Silvio discorre sobre dados, situações que conforme sua análise, poderão trazer consequências desagradáveis. A sua preocupação com o meio ambiente o deixa agitado. Vai citando referencias e considera que poderia ser melhor.

O seu avô paterno morava em que rua?

O meu avô morava em frente ao Grupo Alfredo Cardoso, na Rua Moraes Barros, ele era coveiro, o meu ainda criança, meu avô esquecia o pito dele, no cemitério, meu pai tinha que sair à noite, onde é o Estádio Barão de Serra Negra, era um bosque, ele atravessava esse bosque, naquela época havia muita superstição: Mula sem cabeça, e outras mais, meu pai atravessava, pulava o muro do cemitério para pegar o pito do meu avô. Minha avó tinha uma lojinha ali na esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua Boa Morte. O Diretor de TV do SBT, José Occhiuso, morava em frente a minha casa na Rua Floriano Peixoto. Na Rua Ipiranga, morava o Roberto Cabrini.

Você sempre gostou de área rural?

Teve um período em que tive um sítio em Anhumas. Já era estrada de asfalto. Em 1004 comprei um sítio, só que todo agrônomo, quer ter um sítio, colocar a teoria dele na prática. Achei que iria ter muito sucesso, em sete alqueires coloquei uma granja de frangos e uma de porcos, dei o nome de “Granja Liberdade”. Eu não acreditava naquela conversa: “Sitiante tem duas alegrias na vida, uma quando compra o sítio, outra quando vende o sítio”. Fiquei por 15 anos com o sítio. Em 2010 recebi duas graças na minha vida: vendi o sítio e fiz a operação de redução do estomago. Entrei na ESALQ com 66 quilos. A minha mulher me deixou com 156 quilos, de tão boa cozinheira que ela é. Eu tinha tudo: diabetes. Pressão alta, operei no Hospital da Cana, cheguei a pesar 102 quilos, hoje com o momento que estamos passando, de ficar em casa, estou com 110 a 112 quilos. Hoje não dou mais trabalho para o SUS. Hoje fazem 48 cirurgias por mês. Há capacisase de fazerem mais. Quando eu ia nascer, minha mãe estava tendo o primeiro filho, na Rua Floriano Peixoto na última quadra próximo a Chácara Nazareth só tinha a casa dela. Eu não nascia, vieram duas parteiras, eu não nascia. Chamaram o Dr. Aninoel Pacheco, médico experiente, ele me tirou com fórceps. Quando nasci estavam inaugurando o encanamento de água, soltaram fogos. O prefeito era o Dr. Luiz Dias Gonzaga.

Você morava perto da Chácara do Vevé?

Morava no primeiro quarteirão junto a chácara. Na Rua Madre Cecília havia a Chácara Nazareth. O sogro do José Victória tomava conta. A molecada, inclusive eu, gostávamos de apanhar frutas nessas chácaras, mas elas eram bem muito bem vigiadas.

Da cana-de açúcar o que se perde?

Hoje não se perde nada! A Usina Costa Pinto da folha ela faz o etanol de terceira geração, pegam a palha, bagaço, fazem um processo com enzimas fornecidas por uma empresa suíça, eles conseguem pegar a celulose e produzem álcool. O Rubinho Ometto estudava no Dom Bosco, ele estava no científico eu estava no ginasial. Ele é inteligentíssimo. Hoje uma boa parte da margem rentável do grupo vem da logística, a cana passou para um segundo plano. Eu me considero um canassauro, tenho mais de 30 anos de trabalho com cana-de-açúcar[U1] . Dou muitas palestras, escrevo artigos, uso a mídia eletrônica, Hoje tem em torno de 380 escolas de agronomia no Brasil. Inclusive escolas noturnas! Imagino como vão fazer uma aula prática a noite!

Você ajudava o seu pai na carpintaria, quando ainda era estudante?

Sou de uma geração que tinha que trabalhar! Cedo eu ia no Dom Bosco, a tarde ia na carpintaria e a noite eu ia envernizar as coisas que tinham sido feitas durante o dia. No fundo da carpintaria, tinha a casa do Craveiro e Cravinho, enquanto envernizávamos portas, janelas, armários, escutávamos Craveiro e Cravinho treinando! Isso em 1965, 1966. Escutávamos na rádio “Noites do México”, com Dario Correia. Lembro-me até hoje de uma das propagandas que ele fazia: “Sapatão gostosão, colado e pregado, Casa Oliveira, a mais barateira, Largo São Benedito, em frente ao Fórum”.



domingo, agosto 09, 2020

ANA MARIA BREGLIA ROSA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 11 de Julho de 2020.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADA:ANA MARIA BREGLIA ROSA




Ana Maria Breglia Rosa nasceu a 2 de agosto de 1954, em Piracicaba, no seio de uma família tradicional de piracicabanos, com exceção do avô paterno que nasceu na Itália. Seus pais são Victorino Breglia, contador e Celeste Cecília Cenedese Breglia, professora. Ana Maria é viúva de Marcelo Silva Rosa, tiveram duas filhas: Vivian e Cynthia.

Você iniciou seus estudos em qual escola?

Em 1961, eu tinha seis anos e meio quando entrei no Grupo Escolar Barão do Rio Branco, a minha primeira professora foi Dona Maria José Piedade, a Dona Zezé , mãe da Lurdinha Piedade Sodero Martins, ela era nossa vizinha lá no Bairro da Paulista, tínhamos casas quase encostadas, fui amiga das filhas dela. No quarto ano a Ivana Maria França de Negri e eu estudamos juntas. Após 4 anos, fui fazer o quinto ano no SESI 165, no prédio existente até hoje, ao lado da Igreja dos Frades, nesse mesmo prédio passou a funcionar o Colégio Estadual Dr. Jorge Coury, onde completei o ginásio. Em 1971 foi inaugurado o prédio novo do Colégio Dr. Jorge Coury, eu estava no segundo ano colegial lá conclui o colegial e fui estudar na Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep, onde fiz o curso de Letras até 1975.

A profissão do seu marido qual era?

Meu marido foi bancário. Nós trabalhamos juntos no Banco Nacional, daí ele foi para o Branco Francês-Brasileiro, foi transferido para Limeira, Uberlândia, onde moramos, ele veio transferido para Piracicaba, aqui ele trabalhou no Banco Luso-Brasileiro, o principal acionista era o Comendador Almeida.

Você chegou a lecionar?

Lecionei até 2015, quando me aposentei. Lecionei no Colégio COC de Piracicaba, lecionei na EAC – Escola Alegria de Crescer na cidade de Capivari, no Instituto Atlântico de Ensino de Piracicaba, nessa época também lecionava no Colégio Educare de Piracicaba, em 2007 fiz concurso para lecionar na escola do Estado, em 2015 me aposentei no Estado.

Você começou a dar aulas quando?

Logo que me formei dei aulas de inglês no FIISK, no Yazigi, no ICBEU- Instituto Cultural Brasil Estados Unidos, casei, quando percebi que estava difícil conciliar filho e escola , deixei tudo. Cada vez que eu tentava retornar o meu marido era transferido , tinha que recomeçar tudo. Retornei a dar aulas em 1993 até 2015, foram 22 anos

Nesse período percebeu alguma modificação com relação ao aluno, ao nível de ensino?

As diferenças foram grandes! Cheguei a ter crises de choro em sala de aula. Ao mesmo tempo em que eu queria que eles tivessem um conhecimento cultural mais amplo, percebi que eles estavam interessados no agora. A maioria queria ganhar dinheiro na hora e viver a vida imediatamente. 

 A cultura fica para depois. Se compararmos a nossa geração e a geração atual, há grandes diferenças. Fomos educados com um objetivo, tínhamos uma projeção para o futuro, ter uma profissão, uma meta de vida. Sabíamos que demorava. Dava a impressão de que os tempos eram mais lentos! A história do imediatismo, algumas vezes vemos pessoas ganhando rios de dinheiro enquanto outros que estudaram muito não tem o seu valor reconhecido. Um problema grave, fruto da modernidade, é que trocamos o papel de professor pelo papel de educador, Educador é o pai e a mãe que tem  obrigação de dar a educação ao filho! Só que os pais delegaram a educação para a escola. Ao recebermos essa função tínhamos que impor certos limites, posturas, cobranças. E eles não aceitavam! Ficou tudo muito solto, perdido, sem rumo.

O consumismo, o direcionamento feito pela mídia, influenciou muito?

Sem dúvida. Nós recebemos dos nossos pais muitas orientações importantes. Posso citar um exemplo, minha mãe afirmava sempre: “ Precisamos pensar em ser e não em ter”. Hoje os filhos querem ter amanhã. Os pais tornaram-se um meio de subsistência deles, os pais passaram a ser as pessoas que trazem o dinheiro dentro de casa! È difícil dizer isso, ainda há pais que pensam diferente.

Há também os casos dos “adultos adolescentes”, são pessoas com 35, 40 anos, que agem como adolescentes, dependem dos pais, moram ainda com os pais, não criaram uma vida própria.

Não querem assumir responsabilidades. Nós assistimos muitos filmes norte-americanos, onde os filhos saem de casa para a universidade e não voltam nunca mais a residir com os pais. Criam vida própria. Nessa globalização que estamos assistindo, parece que a coisa virou mundial. Nós conhecemos famílias norte-americanas em que os filhos moram com os pais ainda. Com 30, 40 anos, não casaram, voltam para a casa dos pais, Muitas vezes, além de não saírem da casa dos pais, são eles que ditam as normas da casa! Isso quando não trazem mais alguém para morar com eles na casa dos pais! Fica uma posição em que os pais em determinadas situações viraram reféns dos filhos. Os pais proporcionam o melhor que podem sem o retorno adequado.

Analisando friamente, o fato de nós termos tido, na maioria das vezes, muitas dificuldades, acabou gerando essa situação?

Exato! Nós queremos compensar os filhos para que eles não sofram o que sofremos! Isso é uma falha da nossa geração, com exceções. Nós nos sacrificamos para poupar os filhos, quando o correto é que eles também conheçam as dificuldades, que existem frustrações,

Lembro-me de que tínhamos horário para chegar em casa.

Tínhamos responsabilidades, compromissos,

A seu ver isso é bom ou ruim?

 

A gente nunca sabe. Há o lado bom, eu tive sorte com as minhas filhas, elas conseguiram seguir a carreira delas. São independes, embora a gente sempre quer ajudar. Houve nesses anos todos, uma deturpação da realidade e a nossa geração tem um pouco de culpa nisso, os nossos filhos é essa geração que está ai. Tem a geração dos netos, eu não tenho neto, mas quando vejo netos, fico muito preocupada. Dei aulas em escola pública de periferia, percebi muito a história de pais irresponsáveis que passaram para os avós a criação dos próprios filhos. Isso é muito difícil, acho muito complicado, os avós já tiveram a sua função de pais! A função dos avós é agradar, cuidar, na medida do possível, mas não criar! Já tive em escola pública avós de 32 anos! Essa nova geração está fazendo com que os seus pais se responsabilizem pelos seus filhos. Estamos passando por um período de terceirização da educação: ou é a escola ou são os avós que estão educando os filhos dessa nova geração.

Voltando um pouco, você teve o privilégio de estudar nas mais conceituadas escolas públicas de Piracicaba.

Tivemos sorte nisso, tivemos escolas de referência.

Foi uma época em que o ensino público era considerado superior ao ensino privado?

Exatamente.

Você é coordenadora de um grupo de ex-alunos do Colégio Dr. Jorge Coury, hoje todos profissionais de destaque em seus campos de trabalho.

Eu promovo essas reuniões do pessoal desde 1993. Eu, Yurika e Sônia Komatsu, somos colegas daquela época, Foi no começo do e-mail! Decidimos montar um grupo de ex-alunos. Entramos em contato com alguns colegas que sabíamos onde moravam, foi tomando uma proporção significativa, tinha jantares com mais de 100 pessoas. Hoje usamos muito o WhatsApp. Inclusive os professores eram frequentadores dessas reuniões: as professoras Conceição Brasil, Cecília Graner, Clemência Pizzigatti, professor Davi, Paulo, professor de física, Miguel Salles, inspetor de alunos, Seu Atílio, Professora Maria José, de estudos sociais. Professor Beduschi, professora Jandira Ramos.

As reuniões eram em qual local?

A primeira reunião foi na parte superior do tradicional Restaurante Mirante, famoso pelo pintado na brasa. Hoje o Vado, chefe de cozinha do Restaurante Mirante está com o seu restaurante localizado na Rua Alferes José Caetano. Depois fizemos no Hotel Nacional. Restaurante Monte Sul. No Clube de Campo. Com a mudança de cidade da Yurika, e com o passar do tempo, houve uma dispersão do grupo, até que a Selma Kassouf montou esse grupo no WhatsApp. Acredito que temos mais de trinta integrantes do grupo.

É muito comum haver divergências quando determinados assuntos são abordados dentro de um grupo, podendo até mesmo exterminar o grupo.

No nosso grupo achamos mais saudável para todos, evitarmos expressar o posicionamento político individual.

Qual é o principal objetivo do grupo?

É mantermos o nosso vinculo. Muitos colegas moram fora do país, fora do Estado, ou fora de Piracicaba, esse contato pelo menos uma vez por ano é presencial, mas diariamente estamos nos comunicando, trocando impressões, sabendo como cada um está. Uma das coisas muito agradáveis é a forma como nós nos tratamos, com polidez, respeito, cuido em não ferir sensibilidades, o cuidado e o carinho que cada um tem com o grupo. Esse respeito acredito que é uma coisa própria da nossa geração. Grupos de pessoas pelo meio virtual nem sempre agrada, alguns geram problemas, chateações.  

Um dos fatos extremamente comovente, foi a iniciativa desse grupo com relação a um integrante do grupo.

Trata-se de um colega, pessoa extremamente inteligente, sempre foi um aluno exemplar, formou-se em uma das maiores escolas do país. Após formado trabalhou em empresas de tecnologia de ponta em São Paulo, desenvolveu vários projetos. Seus pais faleceram, ele retornou a Piracicaba na casa onde sempre tinha vivido. Ali passou a residir sozinho, não havia se casado. Adoeceu e aos poucos foi definhando. Sem ninguém que cuidasse dele. Suas economias escasseando. Ele participava do grupo.  Os colegas ao saberem da situação, inmediatamente se movimentaram. Desde a assistência hospitalar. até os cuidados que só uma mulher sabe realizar em um lar. Cuidaram de tudo. Ele permaneceu no hospital, as visitas eram constantes, mesmo ele estando inconsciente. Até o último momento da vida dele, teve o total apoio desse grupo de amigos.

Diante do atual quadro que a COVID-19 trouxe, mostrando a fragilidade humana, ao que tudo indica, vamos passar a valorizar mais o que de fato importa.

Eu me abalo muito com o fato das pessoas estarem sendo usadas como “descartáveis”! Acho isso muito perigoso.  Nós temos aquele apego fraternal, de não desligarmos da pessoa que prezamos. Tanto assim que conservamos amizades de infância,

Você tem saudade do bonde?

Andei muito de bonde. A parada do bonde da Paulista era ao lado da casa da minha avó,na Rua Benjamin Constant esquina com a Avenida Dr. Paulo de Moraes. A minha mãe nasceu naquele casarão onde agora é uma floricultura. Nasci na casa que ficava na Rua Benjamim Constant, quase esquina com a Avenida Independência, meu pai tinha adqurido a casa da família Gobeth. Ali morei até 1974 quando mudei ao lado da casa de Dona Maria Figueiredo, dona da Rádio Difusora de Piracicaba. Essa casa onde morei não existe mais, fica próxima de onde hoje existe a Igreja Presbiteriana, na Rua Alferes José Caetano. Essa casa pertencia a Dra. Ana D`Abronzo. Ali que meu pai faleceu aos 45 anos. Fomos morar em um apartamento no Edifício Checolli de onde sai quando casei.

Você casou-se em qual igreja?

Casei-me na Igreja dos Frades. Frei Augusto fez a minha primeira comunhão e o meu casamento. Quando fiz a minha primeira comunhão eu o olhava erguendo a cabeça para cima, quando casei olhava-o olhando para baixo, eu estava mais alta do que ele. (Ana é uma pessoa alta para os padrões brasileiro.).  No lado oposto ao Lar Escola Maria Nossa Mãe, na Rua Boa Morte, 1966, havia o depósito e fábrica da aguardente, Caninha 21 da Del Nero & Cia. Ltda. com enormes tonéis de madeira. Lembro-me da Normanda Del Nero e dos irmãos dela.

Você chegou a andar de trem?

Íamos para Mongaguá de trem! Saiamos de Piracicaba até Sorocaba, lá faziamos a baldeação e íamos de trem até Mongaguá. Nossas férias era lá, na casa dessa nossa tia de Sorocaba, que morava em frente a Estação da Sorocabana, em Sorocaba. Era muito bom!

Onde hoje existe um edifício, na esquina da Rua Governador Pedro de Toledo com São Francisco de Assis Havia uma pensão bem-conceituada. Ali morava o Marcos Ometto, que estudava no Jorge Coury. Mais adiante, na Rua Governador morava o Felipe Belato, outro colega de Jorge Coury. O Maestro Ernst Mahle residia na Rua São Francisco de Assis.entre a Rua Governador Pedro de Toledo e a Rua Benjamin Constant. Nesse trecho morava os Guimarães de Souza. Eu tinha duas vizinhas de casa: Hercília e Ângela Brasil. A Cecília, filha da Dona Zezé, estudou no Colégio Nossa Senhora da Assunção. Minha mãe também estudou no Colégio Nossa Senhora da Assunção até o quarto ano de ginásio, depois ela foi fazer o Curso Normal no Instituto de Educação Estadual Sud Mennucci. Outra vizinha era a Cecília Piedade, é dentista, mora em São Paulo.

Havia uma senhora, estrangeira, cujo nome tinha o som de Iope, você chegou a conhecer?

Conheci! Ela morava na Rua São Francisco de Assis, entre as ruas Governador Pedro de Toledo e Rua Boa Morte Morava em um casarão, com fachada de pedra. Eu frequentava muito o Lar Escola Maria Nossa Mãe, Dona Zezé tinha duas irmãs que eram freiras, uma ficava no Lar Escola, eu com a Cecília íamos a Missa das Crianças, as 8 horas da manhã, na Igreja dos Frades, saiamos da missa todos os domingos, passávamos no Lar Escola, brincávamos em um parquinho que existia no fundo, hoje já não existe mais, comíamos alguma coisa que elas davam para nós, e depois levávamos retalhos de hóstia (não consagrados) , para comer.

Você chegou a frequentar as quermesses que havia ao lado da Igreja dos Frades?

Todos os anos, em junho, havia essas quermesses. Eu adorava aquela festa!                                                                                                                      Dancei muito no Lar Escola, todos os anos tinha uma festinha no Lar Escola. Cada ano era uma fantasia: cigana, baiana, ensaiamos pelo menos por seis meses e faziamos a apresentação. Era uma delícia, tinha pandeirinho, peteca, bola.

E os carnavais de Piracicaba, você frequentou?

Eu frequentava o Clube Cristóvão Colombo., o “Palácio de Cristal” com a sacada que balançava! Aquela sacada? Não sei como aquilo nunca caiu! Você mexia nela, ela sacudia! Parece que o prédio foi alugado a um órgão público. Meu pai foi um dos primeiros sócios do Cristóvão, depois o meu marido que chegou a ficar remido. O Cristóvão era um carnaval autêntico no Salão de Cristal. Quando o clube veio para a Avenida Professor Alberto Vollet Sachs perdeu totalmente a característica de carnaval! Uma luz apagada, as pessoas sentadas à mesa, não tinha aquele contato de dançar no meio do salão, dai nunca mais eu fui!

E cinemas você frequentava?

Frequentávamos! O Cine Palácio (mais tarde Rivoli, hoje um templo religioso), o Broadway, o Politeama. O Broadway chegou uma época em que só tinha filmes que não gostávamos de frequentar. O Cine Plaza, que durou muito pouco tempo, ficava no Edifício Comurba, que ruiu. Tivemos lanchonetes memoráveis: Daytona, na esquina da Rua Moraes Barros com a Praça da Catedral, em um nicho tinha a réplica em tamanho natural de um carro de Formula-1. Antes tivemos o Karamba`s que ficava na esquina da Rua São José com a Praça da Catedral. 

Foi uma época fantástica!

Lembro-me dos bailes do Teatro São José. Um local fantástico, onde ocorriam os bailes de formaturas. Grandes shows. Meu pai nos levava. Quando acabava o baile voltávamos a pé até a Avenida Independência com a Rua Benjamin Constant. Voltava a pé pela Rua Governador Pedro de Toledo, passavamos pelo Mercado Municipal que estava abrindo. Sem perigo nenhum, sem desespero. Era uma delícia! Por isso que 1954 foi uma época boa para nascer! A melhor safra!

Ainda menino eu tinha um sentimento difícil de definir se era medo ou pavor em passar pela Rua Benjamin Constant esquina com a Avenida independência, ali ficava a Funerária Libório, com os caixões expostos para o cliente escolher.

Pertinho de casa! (risos); Pois saiba que nos bons tempos, quando tinha 14  15 anos, fazíamos brincadeiras dançantes, na parte de baixo da loja do Libório.Um tipo de um porão, rodeada de caixões funerários.

Mas isso é meio estranho, não?

É sério! Naquela época cada semana fazíamos uma brincadeira dançante na casa de um dos integrantes do grupo de jovens. Era moda as brincadeiras dançantes.

Levávamos bebida, alguma coisa para comer. Geralmente a bebida era Ki-Suco, groselha. Dançávamos ao som das músicas que eram sucessos, sem que nos sentíssemos incomodados com a decoração do ambiente. Possivelmente, o fato de sermos muito jovens, para nós a morte era algo muito distante. Também o fato de estarmos permanentemente vendo uma urna funerária entrando ou saindo era coisa mais natural do mundo. Hoje quando me lembro disso, penso: “Gente! Éramos loucos! ”.

Na esquina da Rua São Francisco com Rua Benjamin Constant tinha um armazém chamado “Casa Nê” Mais para frente a famosa Foto Fuji. Em frente tinha a Vidraçaria do Furlam. Na esquina tinha a sapataria do Seu Toninho. Na esquina da Rua Benjamin Constant com a Avenida Dr. Paulo de Moraes tinha o armazém do tio da minha mãe, onde hoje é a floricultura. Ele que construiu aquele sobrado que existe até hoje.

Ele era libanês?

Era sim, meu tio João Elias. Aquela casa era muito interessante, era uma casa enorme, com dois andares, tinha duas salas grandes, embaixo tinha uma sala de jantar, uma cozinha, a casa inteirinha tinha um banheiro! A minha avó morava ali com eles. Vinham visitas, cada um tinha o seu quarto, mas o banheiro era único. Meu tio construiu um segundo banheirinho na parte externa. Minha avó chamava-se Deolinda Elias Cenedese e meu avô Fioravante Cenedese.

Virando a esquina pelo lado direito, na Avenida Dr. Paulo de Moraes, é a família Filetti.

Exatamente. Ontem mesmo estava comentando com a minha filha e meu genro, que trabalhei muito no Filetti. Ao mesmo tempo em que brincava, empacotava, farinha de milho, fubá, depois no final do dia varria tudo, o pátio inteirinho. Ao mesmo tempo que era uma brincadeira, ajudávamos. Tinha a Maria Aparecida, que era tia da Izilda, a diferença de idade entre as duas era de apenas um ano! E tinha a Vera. Subindo tinha um outro moinho, que era onde eu brincava e trabalhava, Eram dois moinhos: O moinho do Seu Antonio mais próximo da esquina da Rua Benjamin Constant e o moinho da parte de cima do Seu José.

 

 


sábado, agosto 08, 2020

Antonio de Padua Salmeron Ayres

 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado O8 de Agosto de 2020.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/ 

O entrevistado de hoje pelo jornalista João Umberto Nassif é Antonio de Pádua Salmeron Ayres.

ENTREVISTADO: Antonio de Padua Salmeron Ayres




Antonio de Padua Salmeron Ayres nasceu a 10 de maio de 1959 (dia das mães, naquele ano). Filho de Antonio de Padua Aguiar Ayres (rio-pedrense) e Thereza Virginia Salmeron Ayres (piracicabana) que tiveram dois filhos: Maria Cristina e Antonio. Antonio de Padua Salmeron Ayres é casado em segundas núpcias com Adriana Pantoja Huppert Gisele Ayres. Pai de Elisa e Fabio Augusto e avô de Ana Carolina. Bacharel em Administração (1982) e Mestre em Engenharia de Produção (2001), ambos pela Universidade Metodista de Piracicaba. Pós-graduação lato sensu em Economia de Empresas. Professor convidado da Fundação Getúlio Vargas e seus conveniados, em dezenas de praças no território nacional e algumas no exterior. Professor Mestre junto à Universidade Metodista de Piracicaba, onde atua desde 1990, incluindo elaboração, implementação e coordenação de cursos lato sensu em Gestão e Negócios, notadamente em Logística & Gestão da Cadeia de Suprimentos. No período lecionou em dezenas de cursos de graduação e dezenas de disciplinas, nas áreas de atuação, em 3 campus. Autor/coautor de 6 livros acadêmicos. Acumula experiências em EAD como autor, apresentador e tutor. Carreira em empresas privadas de grande porte, em diversos ramos (metalúrgico, metalomecânico de precisão, manufatureiro, serviços em saúde, alimentício, químico, operação logística & transportes, etc.). Fundador de empresa de consultoria e treinamento, onde atua como consultor desde 1988. Diversas viagens de estudo e trabalho na Europa, Américas, África e Japão completam o perfil. 




Você chegou a ter como colega o indicado por Jair Bolsonaro para ser Ministro da Educação?

 

O professor Carlos Alberto Decotelli da Silva e eu já viajamos, almoçamos, tivemos longas conversas.

O seu pai trabalhava com o que?

O meu pai teve uma profissão que não existe mais: Oficial de Farmácia. Em Rio das Pedras. Ele acabou sendo o dono da farmácia.

Essa farmácia ficava em que rua de Rio das Pedras?

Era a “Farmácia Agrícola” situada na Rua Prudente de Moraes, 139. Onde hoje funciona uma casa lotérica, ao lado tem um prédio conjugado, onde funciona uma loja, era anteriormente uma casa, ali vivi os meus dois primeiros anos de vida. Fica quase em frente a Drogaria Rio-pedrense, ao lado tem o Telécio, e logo em seguida, na esquina, era a Padaria do Giovanini, era um casal, uma das filhas, a Catarina, foi a minha pajem, eu a vi depois, quando tinha meus vinte anos. O irmão da Catarina, Guido Giovanini, o Lino, foi meu professor de desenho no curso ginasial do Instituto Sud Mennucci Eu adorava comer o mantecal que era produzido nessa esquina. Foi o melhor mantecal que já comi até hoje. No local em que existe a Caixa Econômica era um supermercado, o dono era o Ganassin. Ao lado da Favorita Calçados, ainda na Rua Prudente de Moraes, tem uma galeria, em baixo tem salas comerciais e em cima tem apartamentos, lá mora um grande amigo do meu pai o Carlos Abreu. O filho dele é o Carlos Sérgio Abreu, reconhecido fotógrafo, ele foi meu colega na Philips, em Piracicaba, sua esposa é da família Parisi.

 

 

 Quando nasci o meu pai já havia iniciado a construção de uma casa em Piracicaba, quando eu tinha um ano e meio a casa ficou pronta. Meu pai mudou-se para Piracicaba, transferiu a farmácia para Piracicaba, ela ficava na Rua Benjamin Constant esquina com

a Rua Joaquim André. Ficava quase em frente a Foto Fuji. Ao lado da Foto Fuji havia um mercado, a farmácia do meu pai era atravessando a rua. Depois que fechou a farmácia, foi instalada uma loja de calçados. Meu pai manteve essa farmácia até 1967. Continuou com mesmo nome: “Farmácia Agrícola”. Naquela época existia o Curso Técnico de Oficial de Farmácia. Havia até um Conselho dos Oficias de Farmácia. O meu avô paterno João Baptista de Mello Ayres também era Oficial de Farmácia. Meu avô foi prefeito de Rio das Pedras, isso no tempo em que o prefeito não tinha nenhuma remuneração, era indicado pelo Governador. Ele passou pelo Poder Executivo duas vezes.  Meu pai foi Vice-Prefeito de Rio das Pedras também, só que muito tempo depois.

Rio das Pedras tem uma dívida de gratidão com a sua família?

Talvez nem lembrem mais, mas se você for até o Hospital de Rio das Pedras, se não retiraram, deve ter uma placa, pelo menos tinha, eu cheguei a ver e devo ter fotografado, é uma placa de reconhecimento do município ao meu avô porque boa parte da verba utilizada para construir aquele hospital saiu do bolso do meu avô! Eu já era pré-adolescente quando meu avô me disse que esse era o maior orgulho da vida dele! Ele morreu pobre, mas ajudou de forma bastante marcante com a edificação e funcionamento do Hospital de Rio das Pedras. 

O que levou o seu pai a fechar a farmácia?

Com a regulamentação a partir de 1967, o Oficial de Farmácia não poderia mais ser responsável por farmácias como era até então. Como a farmácia era pequena, uma farmácia de bairro, ela não comportava que meu pai pagasse um farmacêutico, profissão nova no Brasil, isso em 1967, para que esse farmacêutico ser o responsável pela farmácia. Seria inviável. Esse foi um dos motivos dele ter fechado a farmácia.

Em Piracicaba você e sua família vieram residir em que bairro?

Fomos morar na Avenida Independência, 308, esquina com a Rua Santa Cruz. Hoje em frente ao Teatro Municipal, na época era em frente a um depósito de lixo. Hoje funciona nesse prédio a Academia da Polícia do Estado de São Paulo.

Em qual escola você iniciou seu aprendizado?

Fiz o curso primário no Grupo Escolar Barão do Rio Branco situado na Rua Ipiranga esquina com a Rua Governador Pedro de Toledo. Isso foi entre 1966 a 1969. O diretor era Mário Chorilli, era uma pessoa fantástica. Nos dois primeiros anos 1966 e 1967 ele foi o diretor, depois ele foi substituído naquele educandário por José Wander Parsia, irmão de um grande amigo meu, Alcides Parsia, autor da marcha carnavalesca do Clube Cristóvão Colombo. Minha primeira professora foi a foi Dona Adeneide, a segunda foi Dona Dinah, a terceira foi Dona Alice de Aquino, no quarto ano foi Dona Elza Romano. Após concluir o quarto ano prestei o exame de admissão para o ginásio na Escola Estadual Sud Mennucci, Por acaso fui o terceiro colocado. Cursei todo o ginásio no Sud Mennucci. Ao término do ginásio, hoje 8ª série, ai tinha o “Vestibulinho” para o colegial, prestei, por acaso também entrei em terceiro lugar. Cursei o colegial no Sud Mennucci também, Só para fechar os terceiros lugares, foi com essa colocação que entrei na FGV – Fundação Getulio Vargas, na graduação, que eu não cursei, e entrei também na UNIMEP em 1977, quando fiz a minha primeira graduação. Eu tive uma coletânea de terceiros lugares em concursos acadêmicos. No ginásio e no colégio tive como professores Marly Therezinha Germano Perecin, José Canuto Marmo ele nos dava aula de Astronomia no ginásio, Demostenes Santos Corrêa dava aula de química, orgânica aprendi com ele a Composição Centesimal dos Corpos. Otávio de Almeida lecionava matemática, o icônico José Salles, fui aluno de Joana Flordeliz de Aguiar, tive aula de francês com ela, depois ela tornou-se diretora do Sud Menncci. Tenho até hoje o livro de francês que era adotado, é um livro de capa vermelha chamado “ Le Francais Courant. Tem algumas lições que eu sei de cor até hoje. No ginásio não se aprendia inglês, só francês. Fui aluno ainda do Gilberto Lage que dava aula de química. Outra pessoa que se tornou um grande amigo, Gilson Alberto Novaes, foi presidente da Câmara de Santa Barbara D´Oeste várias vezes, foi deputado estadual. Era redator da “Edição Barbarense” periódico bissemanal, cujo proprietário era José Naidelice. Eu fiz alguns trabalhos para eles na década de 70. O Gilson foi meu professor de Geometria Descritiva. Nessas voltas que a vida da ele foi meu aluno no MBA, Na Primeira Turma de MBA de Logística da UNIMEP em 1995, antes de eu ser coordenador desse curso. Continuando as voltas que a vida dá, o Gilson foi o meu principal colaborador em uma indústria em que trabalhamos. Hoje ele é dirigente do Mackenzie. Eu sei que a gestão dele deve envolver Campinas e talvez uma parte de São Paulo. É uma amizade que cultuamos desde o começo da década de 70 até hoje. Ele ainda mora em Santa Barbara D`Oeste. Antes da Professora Joana Flordeliz de Aguiar assumir a direção, o diretor era Benedito Evangelista Costa.

Você frequentou muito o Clube Cristóvão Colombo?

Frequentei o “Palácio Encantado da Governador! ” Fui dirigente do Cristóvão por muito tempo.



Você chegou a andar de trem?

Sim! Tanto trem da Companhia Paulista como da Estrada de Ferro Sorocabana. A Sorocabana nos levava à Rio das Pedras. Meu pai teve a farmácia em Rio das Pedras até 1961, no começo de 1962 ele mudou-se para Piracicaba, só que ainda tinha vínculos com Rio das Pedras. O prédio onde era a farmácia ainda era nosso. Nessa época não era comum ter automóvel, nós não tínhamos. Íamos de trem. Eu tinha um tio que morava em Bauru, íamos até Rio Claro e depois embarcávamos no trem de aço da Companhia Paulista. Eu tive um problema de saúde viral, na minha primeira infância, eu fazia tratamento com um especialista chamado Marcelo Pio da Silva, ia de trem da Companhia Paulista para realizar as consultas periódicas a cada seis meses em São Paulo. Eu deveria ter uns 4 anos de idade.

Você passou a juventude em Piracicaba, acredito que deve ter frequentado todos os cinemas da cidade.

Frequentei os cinemas Paulistinha, Broadway, o Palácio, que depois passou a se chamar Rivoli, o Politeama, Colonial. Conheci também um cinema que foi relâmpago o Cine Grande Otelo, que ficava no prédio do Teatro Municipal.

N época o cinema era talvez, a diversão mais popular.

Eu me associei ao Clube Cristóvão Colombo em 1976, quando existia uma categoria de sócio chamada Aspirante, a pessoa precisava ter 16 anos, quando completei 16 anos e algumas horas acabei me associando ao Cristóvão. Eu tinha verdadeira paixão por aquele clube, passei a frequentá-lo de maneira bastante intensa foi assim até 1984. Ia quase todos os dias, participava de todos os eventos, atuei junto a Diretoria Social por algumas gestões, independentemente de chapa, minha afinidade era com o clube, não com a chapa. Na época participei da sede de campo, quando me associei o clube nem sonhava com a sede de campo.

O Clube Coronel Barbosa era muito ativo na época.

Na verdade, eu frequentava todos os clubes da cidade. Embora fosse associado só do Cristóvão, eu tinha bastante afinidade com os clubes Coronel Barbosa, Palmeiras, Regatas onde fui diretor, Clube Ítalo Brasileiro. O Atlético eu também frequentava muito, lá eu tinha muita amizade com a diretoria. Especialmente com o lendário Diretor Social Alberto Pinto Fonseca, o Bertinho. O Clube Coronel Barbosa conheci antes deles encamparem o Teatro São José.

Você é o que chamam Pé de Valsa?

Reconheço que todas as minhas parceiras de dança gostavam de dançar comigo, algumas das quais viraram namorada, as conheci em um ambiente musical, dançando. Realmente gosto de dançar, aprendi isso praticamente com a minha mãe, meu pai não era chegado na arte, mas a minha mãe era. Reconheço que evolui bastante nessa atividade!

Você recomenda que as pessoas dancem?

Sem dúvida! É extremamente saudável. Só tem um problema, embora eu não me considere velho, encontro dificuldades em encontrar ambientes saudáveis para dançar. Gosto de dançar todo ritmo musical, inclusive tango, recentemente pude me apresentar em um evento cujo foco era a pratica do tango. Não sou um exímio dançarino e nem acrobata de tango, mas trata-se de uma dança muito interessante. Danço bolero, xaxado, samba, samba-canção, samba de breque, danço tudo isso! Frequentei por muito tempo o Clube do Saudosista também. A grande dificuldade é encontrar bons grupos musicais. Tenho muita saudade. já dancei muito ao som da orquestra Som Brasil de Itu, Super Som T.A., Orquestra Luis Loe, Placa Luminosa, até os nossos regionais, Rudras, Embalo C-8, Super Som 7, RG Sons. Musical Opus cujo mentor é o Souza, inclusive tocou no meu casamento. O Souza é um pistonista marcante, gosto muito dele. Ele mesmo lamenta: “Olha, Ayres, não existe mais eventos como antigamente! ”  Eram bailes em que Pé de Valsa como eu começava a dançar ao primeiro toque da orquestra e ia até acabar o baile, geralmente 4h:30 da manhã. Isso não existe mais no Brasil. Recentemente estive em Portugal, Viena, fo onde encontrei bailes lindos. Participei de bailes de formatura da ESALQ, eram noites de sonho! Hoje já não existem mais. É uma barulheira terrível, você sai com dor de cabeça, músicas de péssima qualidade. Perdeu-se a classe, a elegância, houve uma banalização do corpo feminino, roupas inapropriadas para o momento e para o local. Questão de bom senso. Eu frequentava também clubes da região, os bailes em São Pedro na ADRS- Associação Desportiva e Recreativa de São Pedro. Eram bailes muito bons, inclusive faziam bailes de debutantes. Participei de muitos bailes de debutantes.



Você deve ter sido um carnavalesco muito animado!

Confesso que sim! Com relação a bem animado, já terminei alguns carnavais, no palco, tocando! Na minha pré-adolescência tive uma iniciação musical com piano, eu tinha piano em casa, isso me proporcionava uma certa facilidade em executar músicas. Sempre tive afinidade com música. Tanto que os meus dois filhos hoje têm outras funções, costumo falar que são “sinfônicos”. Os dois tocaram em orquestra, a menina já tocou em coral. Tocaram mais de um instrumento, tanto ela como ele. Sempre os incentivei a isso. Já adulto aprendi a tocar saxofone, tenho dois: o tenor e o sax alto, que é o “mi bemol”. De vez em quando “sopro meus cachimbos”. Na verdade, eu já participei de dois grupos informais. Um deles era um quinteto de saxofone, já toquei com alunos da UNIMEP no Restaurante Tambatajá, localizado na Rua XV de Novembro.

Você participou de alguma Scuderia quando Piracicaba viveu essa fase?

No final dos anos 70 desfilei por uma delas, foi na Eky-Pelanka ou Eky-Pexato. Os tempos eram outros. Eu cheguei a vir a pé do Atlético, lá no início da estrada que vai para São Pedro até a minha casa em frente ao teatro na Avenida Independência depois que terminou o baile. Estávamos em três, um deles é o Antonio Piselli, tínhamos 18 a 19 anos.

Você já pescou no Rio Piracicaba?

Já! Gosto de pescar. Eu remava no Rio Piracicaba, com sandolim. Os sandolins ficavam no Clube de Regatas. Antigamente tinha um trampolim no Rio Piracicaba, ficava em frente ao Largo dos Pescadores, eu saltei desse trampolim, mergulhando no Rio Piracicaba. O trampolim tinha dois estágios, o de baixo era para principiante e o mais alto para quem já sabia saltar. Comecei pelo mais baixo, depois saltava do mais alto. Assim como já saltei também na piscina do trampolim do Nauti Clube, também eram dois estágios. Eu tinha dois tios, irmãos da minha mãe, que tinham um rancho na altura do Nauti Clube do outro lado do rio. Na margem esquerda do Rio Piracicaba. Nesse sítio tinha um lago. Quando queríamos pescar para comer pescávamos no lago, quando queria pescar para divertir pescava no Rio Piracicaba. Fiz minhas pescarias no Mato Grosso, na barranca do Rio Paraná. Participei de um grupo de amigos, nós pescávamos no mar. Alugávamos da empresa Mykonos ou da sua concorrente um saveiro, em Caraguatatuba, São Sebastião, pecávamos de saveiro em alto mar. Fizemos isso em Santos também, Já pesquei, pernoitei dentro da embarcação na Ilha dos Alcatrazes. Era um grupo extremamente saudável e unido que infelizmente o exercício profissional de cada um acabou separando. Fizemos essas pescarias umas 10 a 12 vezes.

Você pescou algum, peixe que impressionou pelo tamanho?

Sim! Pesquei um robalo de bom tamanho, devo ter até a fotografia, pesou por volta de 8 a 9 quilos, foi um peixe bastante considerável. Veio no anzol, é raro pegar um peixe desse tamanho e dessa espécie em anzol mas deu certo. Foi no entorno da Ilha dos Alcatrazes, no Litoral Norte de São Paulo. Depois pesquei pintado, dourado, no Rio Piracicaba. Tenho uma parte de uma propriedade rural em Tupi, onde tem um tanque com um espelho d`agua de quase 5000 metros. Por uns anos cultivei consorciado pintado com tucunaré, sendo que com autorização do IBAMA eu trouxe do Acre o tucunaré-açu, é aquele grande. Criei isso consorciado com tilápia que na verdade usava para pasto do tucunaré.  Esse lago tem nascente nessa propriedade que alimenta o lago e está integrada a Bacia do Rio Piracicaba. Apareceu Dourados lá. Até imagino porque, a corredeira, o dourado é um peixe que sobe com muita facilidade, a questão de uns seis meses, um amigo pegou um dourado de pouco mais de quatro quilos. É difícil pegar dourado em cativeiro. Tenho foto, posso até mandar por WhatsApp!

Esportes, além do sandolim você praticou algum outro?

Eu tive sucesso com o basquete, apesar da minha estatura mediana, sempre me identifiquei com basquete, joguei nos Jogos Regionais.

Qual era o nome do time?

Joguei no “Pé na Cova”. Outro foi o Catimba`s era só de basquete, formou-se no Sud Mennucci e com o Catimba`s disputamos o Campeonato Regional.

Você é motociclista?

Nesse momento não tenho moto. Mas tive moto desde os 17 anos, sem que meus pais soubessem, era uma CG125, no Brasil não tínhamos motos maiores. Tive todo tipo de moto: Turuna. Depois tive a linha toda da Yamaha: 50, 75 cilindradas, fazia uma fumaceira enorme, o motor é de dois tempos, tive 125, RT 180, RX 180. RD  350 (Conhecida como Viuvai Negra), a moto mais bonita que tive foi uma Suzuki GT 380 quatro tempos, comprei uma CB400 que era a moto da moda. Tive CB400 four.  Harley 175, na idade adulta tive CB 450, XL 250. Já na idade madura acabei optando por moto estradeira. Virago 535, Virago 1200, Shadow 600, Shadow 750, a minha última moto foi uma Dragstar vendi por mera falta de utilização.

O que faz você ter essa sua disposição extremamente ativa?

Não tenho uma resposta objetiva! Diria que é da minha natureza. Sempre fui desse jeitão. Sempre me propus a fazer coisa não muito usuais. Inovar.

Quantos livros você já publicou?

Estou trabalhando no que provavelmente será o meu oitavo livro. É o primeiro livro não acadêmico, mas não é biográfico não. É um livro até certo ponto técnico, mas não em gestão.

Você conhece o Brasil todo praticamente?

O único Estado em que não pisei até hoje foi Roraima. Em todos os outros já estive, principalmente lecionando. Entre 1997 e 2017, nesses 20 anos, lecionei para a FGV como professor convidado e também seus conveniados espalhados pelo país, já lecionei em 46 cidades. Desde Rio Branco no Acre, várias vezes, até Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Manaus estive muitas vezes, cheguei a morar em Manaus. Ainda lecionei em cidades de outros países, lecionei em Angola, Cabo Verde. Na Argentina em Buenos Aires, Córdoba. Lecionei em Lisboa. Não é sistemático, mas geralmente ia para o exterior lecionar em julho ou em dezembro, nunca comprometi minhas atividades acadêmicas aqui no Brasil, especialmente da UNIMEP. A título de curiosidade, lecionei no Primeiro Curso de Mestrado oferecido no país Angola. Foi um mestrado direcionado apenas para pessoas do governo. Lecionei para 8 ministros de Estado, para 4 ou 5 prefeitos, foi uma experiência inédita, o país ficara independente há 20 e poucos anos. Acho que era há 23 ou 24 anos, dos quais os primeiros 21 a 22 anos o país tinha mergulhado em uma intensa e sangrenta guerra civil. Quando acabou a Guerra Civil em Angola eu apareci lá. Junto com uma turma de brasileiros, para lecionar no Primeiro Mestrado. Foi como encontrar um pais recém-saído de um contexto colonial. Recém independente. Foi uma experiência sem dúvida marcante. De certa forma não foi muito alegre pois o país estava devastado. A vivencia social nesse ambiente talvez me fez sentir como se tivesse voltado dois séculos na História do Brasil. Vivi isso, foi muito interessante.




Você foi a convite, como surgiu isso?

Esses programas em países africanos existiam, infelizmente não existem mais, eram a partir de um acordo internacional, capitaneado pela Universidade de Lisboa, pela Fundação Getúlio Vargas, que indicava os professores, e uma instituição africana, com sede em Angola, à princípio chamado IATA- Instituto de Atualização em Tecnologia Angolana que foi criada justamente posteriormente ao final da Guerra Civil daquele país. Essa entidade angariava recursos e organizava os cursos, organizou esse mestrado e outros mais, cheguei a voltar em Angola em outras situações. A Universidade de Lisboa cuidava de toda parte acadêmica-estrutural, e a FGV pela proximidade cultural com o povo angolano, a FGV entrava com o corpo docente. Fui convidado pela FGV por já lecionar disciplinas afins, no território brasileiro. Adaptei material à realidade angolana, e la fui ministrar Estratégia em Gestão Pública para um grupo de dirigentes públicos daquele Estado recém constituído. Foi muito prazeroso compartilhar experiência e conhecimentos com o povo angolano. Isso já faz alguns anos, mas até hoje tenho algumas relações de troca enfim ajudar um pais que tem um potencial muito grande pela frente.

Você lecionou em quantos países?

Dei cursos em seis países além do Brasil. Em português, em espanhol, língua que tenho fluência e em inglês já ministrei cursos de curta duração nos Estados Unidos. Em Chicago. Foi um curso técnico em uma área bastante específica, desvinculado de programa acadêmico. Relacionado em metodologias utilizadas em gestão. Foi um curso de uma semana e meia para alunos de graduação de duas universidades de lá.

O seu foco é gestão?

É Gestão Organizacional. Dediquei minha carreira toda a Logística e a Estratégias Empresariais. Como são áreas bastante amplas isso acaba requerendo conhecimentos de Marketing, de Gestão Financeira, de Planejamento Estratégico. De várias funções da administração, que é a minha primeira área de formação. Já na idade madura resolvi dedicar-me a mais um curso de graduação, quando já tinha 57 anos, sabendo que eu ia terminar o curso com 62 anos. Já estou matriculado no oitavo semestre. Isso faz parte daquele espírito que sempre tive.

Você começou a trabalhar ainda muito jovem?

Em 1° de agosto de 2020 completei 46 anos de carteira profissional assinada ininterrupta. Em dois terços desse período eu tive dois registros. Um deles trabalhando em indústria e outro trabalhando no mundo acadêmico. Na UNIMEP completei a minha terceira década ininterrupta. Entrei em 1º de março de 1990 completei minha terceira década em 1º de março último. De vida profissional comecei em 1º de agosto de 1974 empreguei-me ainda menor, na MAUSA onde eu era office-boy, onde permaneci até 1977. Lembro-me de uma festa em 1° de maio de 1976, foi uma festa que a MAUSA promoveu, no saudoso estádio “Roberto Gomes Pedrosa” o campo do XV que hoje é ocupado por um supermercado. Ali foi comemorado o dia do trabalhador, a empresa ofereceu um espetáculo circense para seus empregados e suas famílias. Quando terminei o curso na UNIMEP era empregado da Philips onde permaneci por mais de 10 anos. A partir do primeiro semestre de 2017 o meu único vínculo acadêmico e profissional é com a UNIMEP.

Você é aquele tipo de pessoa que dizemos que conhece metade das pessoas da cidade e a outra metade o conhece. Já foi convidado para entrar na política?

Nunca recebi um convite explícito, mas já me senti sondado para essa atividade. Em mais de uma ocasião. Prefiro continuar a minha trajetória em ambiente privado.

Você está com um livro no forno, pode adiantar o tema?

È sobre um assunto pelo qual sou apaixonado: vinhos. Posso afirmar que é um livro que faz uma abordagem inédita sobre o assunto. Alguns aspectos nunca foram abordados até hoje. Tenho me dedicado em determinados aspectos muito interessantes. Não me considero um enólogo, sou no máximo um enófilo. Recentemente, minha esposa, que é coautora do livro, estivemos na Europa fazendo um curso, pesquisando, os mais afamados locais produtores de vinho. Esse livro que publicaremos, imagino que será de grande utilidade para o produtor assim como para quem aprecia um vinho de qualidade. 

 

 

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