quinta-feira, setembro 04, 2008

DJALMA DE LIMA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com

Entrevistado: DJALMA DE LIMA

DATA: (30 DE AGOSTO DE 2008)



Piracicaba é uma cidade que encanta quem a conhece. Pelas suas belezas naturais, pelo bem estar que transmite. Um dos pontos altos da cidade é a riqueza cultural que ela oferece. O dinamismo domina em todas as áreas. É uma cidade viva! Dois irmãos, Djalma de Lima e Djansen de Lima atuam na área de comunicação, escrita e falada. Um fato por si só pitoresco, ter duas pessoas na mesma família ligadas ao rádio e ao jornalismo escrito. Djalma de Lima atua na capital do estado, São Paulo. Djansen preferiu permanecer em Piracicaba, onde apresenta seu programa diário na Rádio Educadora de Piracicaba 1060 khertz, AM. Iniciamos nossa entrevista colocando no ar a abertura do programa de Djansen de Lima para que seu irmão Djalma de Lima ouvisse.
Djalma conta sobre a famosa “Banda do Bule” que existiu em Piracicaba, e da qual ele foi um dos fundadores.

Djalma quando você começou a trabalhar em rádio?
Eu comecei muito novo, nasci no dia 19 de julho de 1954. Rádio é uma coisa que eu gosto muito. Na época ouvia rádios de São Paulo como Bandeirantes, Jovem Pan, que conseguíamos sintonizar com muita dificuldade. Hélio Ribeiro era um dos grandes nomes do rádio. Isso tudo foi me incentivando. Na época em que eu estudava no Colégio Mello Ayres, uma professora de português me disse que deveria tentar a área de comunicação, pois eu era dotado de uma boa voz. Um grande amigo, o Paulo Moraes, cobre a área de esporte no rádio. Na época eu tinha uns dezessete anos de idade e trabalhava na Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba. O Paulo também trabalhava lá e na rádio. O Paulo conseguiu que eu viesse a trabalhar em uma grande equipe excepcional, comandada por Garcia Neto, um dos grandes nomes do rádio piracicabano, que implantou o rádio-jornalismo forte aqui em Piracicaba. Logo depois o meu irmão Djansen ele começou a gostar e partiu para o rádio.
Como seus pais viam o fato dos filhos estarem trabalhando em rádio?
Somos três filhos: Djalma, Djansen e Djames que trabalha em outra atividade. Meu pai é Sebastião Batista de Lima e minha mãe Helena Granato de Lima. Eles sempre nos apoiaram. No começo o rádio era uma coisa difícil. Eu parti para o rádio-jornalismo, era a área que eu mais gostava. Meu irmão com toda essa alegria, animação, que o pessoal diz que ele tem, fez programas na rádio, transmitindo alegria, otimismo, e se deu bem nessa área. Ele recebeu vários convites para ir trabalhar em grandes rádios de São Paulo, inclusive na Record, mas ele nunca quis sair de Piracicaba. No início da década de 70 o esporte amador fervilhava na cidade de Piracicaba, havia grandes equipes como: Vera Cruz, Palmeirinha, Atlético Piracicabano, o Jaraguá Futebol Clube, o MAF. Era uma disputa incrível, havia grandes campeonatos, era muito bem organizado, saíram grandes jogadores dessas agremiações. Eu comecei a captar notícias do futebol amador. Inclusive uma vez fui escalado para cobrir o jogo entre o Atlético Piracicabano e o MAF, lá no campo do Atlético, Estádio Dr. Kok. Saiu uma briga violenta, fiquei meio assustado, voltei para a redação sem qualquer informação do jogo. Eu estava assistindo o jogo na lateral do campo. O chefe do jornalismo era Garcia Neto, me fez voltar ao estádio, pegar todas as informações e trazer. São ensinamentos que a gente nunca mais esquece! Não importa o que aconteça, temos que trazer a notícia para o público. É uma responsabilidade que temos como profissionais.
A seguir, você participou de que tipo de programas de rádio?
Fui fazer o rádio-jornalismo. Cardeais da Notícia foi um dos noticiários que eu participei. Havia um programa de notícias na hora do almoço e á noite. Na época fazíamos o Programa Roda Viva, que era um programa de debates transmitido ao vivo, ás segundas-feiras. Eram discutidos grandes temas da cidade. Foram momentos especiais, com grandes discussões sobre temas que envolviam a cidade. Havia uma efervescência não só da Rádio Educadora, Difusora, A Voz Agrícola do Brasil (Onda Livre AM), nessa época que surgiram grandes nomes da comunicação e que hoje trabalham em São Paulo. Como o Roberto Souza, que produz um programa aos domingos na TV Redord. O Roberto Cabrini passou pelo rádio em Piracicaba. O Luiz Carlos Quartarollo que está na Jovem Pan hoje. Nós participamos de um momento muito importante da história de Piracicaba. Na década de 70, era a época em que o regime militar estava realizando a sua abertura política. Houve uma mudança muito radical na política de Piracicaba. Quando eu comecei no jornalismo, o prefeito de Piracicaba era Cássio Paschoal Padovani. Depois veio Homero Paes de Athaíde e depois o primeiro prefeito jovem de Piracicaba, Adilson Maluf.
Quando você foi trabalhar em São Paulo?
Eu trabalhei muitos anos no Jornal de Piracicaba, cerca de dez anos, inclusive diretamente com o saudoso Losso Netto, o chefe de redação era o José ABC, depois veio o Geraldo Nunes. Posso afirmar que de 1969 a 1985 participei diretamente da história de Piracicaba, por toda evolução pela qual a cidade passou. Meu sonho era trabalhar na Rádio Jovem Pan, AM, na equipe de jornalismo. Fui para São Paulo, comecei a trabalhar em assessoria de imprensa. Trabalhei na assessoria de imprensa da Embratur. Posteriormente através de um amigo, Luiz Alves de Souza, já falecido, que trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja no jornal O Estado de São Paulo. Ele conhecia o Fernando Vieira de Mello, que foi o homem que implantou o jornalismo de implantação de serviços no Brasil. Eu ficava todo dia na orelha do Luiz, queria ir para a Jovem Pan! Até que um dia ele me disse: “Você já me cansou! Vou ligar para o Fernando Vieira de Mello”. Ele ligou, disse que tinha um amigo querendo trabalhar na rádio. O Fernando Vieira de Mello disse-lhe: “Mande-o vir até aqui, ás seis horas da tarde”. Fui. Ao entrar ele já me perguntou: “-Você trabalha em rádio há muito tempo?” Disse-lhe que trabalhava desde 1969. Isso foi em 1987. Ele então me disse: “Você vai pegar uma viatura agora, Irá cobrir o transito”. Fui até a Rua da Consolação, vi o transito, e entrei no ar com a notícia. Era no horário d programa Hora da Verdade da Rádio Jovem Pan. Quando voltei á rádio o Fernando me disse: “Amanhã você pode vir ás nove horas, já está contratado”. No dia seguinte, ás nove horas da manhã eu já estava participando da minha primeira reunião de pauta na Jovem Pan. São duas horas de reunião de pauta, das nove até ás onze horas da manhã. A equipe toda, mais de trinta jornalistas, se reúne, onde é discutida toda pauta do dia, o que cada um irá fazer. E o jornalista sai para a rua sabendo o que vai fazer como irá fazer, de que forma irá abordar a matéria. Sempre digo que a Jovem foi para mim melhor do que todas as faculdades que estudei. Comecei a fazer cobertura de transito, depois fui fazer cobertura política, freqüentava muito o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Cobertura econômica na Fiesp. Noticiário policial. O caso da Rua Cuba foi um dos casos famosos em que participei. Ali aprendi uma coisa muito interessante. Foi me ensinado o seguinte: no rádio a nossa voz funciona como a câmera de televisão. Quando saímos para fazer uma matéria, temos que descrever o local. No caso da Rua Cuba, tinha que descrever a rua, se tem calçada, se tem árvore, se as casas são sofisticadas. Como é o portão da entrada da casa, a garagem, se é sobrado, se tem janelas. Você tem que transmitir pela sua voz a imagem para o ouvinte. Para que ele possa se localizar na noticia.
Você é formado em quais áreas?
Fiz jornalismo na PUC e fiz Rádio e TV na Faculdade Anhembi Morumbi em São Paulo.
Você chegou a ter algum problema no sentido de fazer uma cobertura e sofrer um transtorno a ponto de tirar seu sono?
Vários! Em São Paulo as coisas são muito imediatas. Tive uma passagem pela Jovem Pan. Cobria o transito para a emissora, e estava passando pela Ponte Morumbi. Um caminhão havia atropelado e matado um motoqueiro. Isso foi na minha frente. Eu tinha que entrar no ar com a notícia. Quando eu fui falar, descrevi todo o cenário do fato. O destaque era para ser dado ao fato de que aquele local iria passar por um congestionamento e a pessoa deveria desviar daquele local. Essa é a prestação de serviço do rádio. Orientar as pessoas, não só dar a notícia. Quando fui falar os nomes das pontes que estavam envolvidas pelo acidente, esqueci o nome delas! Você fica abalado emocionalmente. Ficou aquele buraco no ar. Fui falar: “Entre a ponte...”. Ficou aquele silencio no ar. Até o motorista falar o nome das pontes. Ao voltar para a rádio, no caminho, já pensei: “Hoje vou levar uma advertência!”. Lá é assim. Desde os profissionais mais antigos, até os mais novos, eram advertidos por qualquer deslize feito no ar. Quando cheguei para a reunião de pauta já cheguei preparado. O Fernando Vieira sentou a minha frente, ele me disse: “Preciso falar com você!”. Ele disse: “O que aconteceu com o Djalma hoje, que sirva de exemplo para todos. Quando houver um fato que irá mexer com a emoção de vocês, alguma cobertura que abale emocionalmente escreva a notícia antes de entrar no ar. O emocional faz com que você esqueça a noticia”. O melhor improviso é aquele que você escreve.
Você já pensou em escrever um livro? Ou já está pronto?
Pronto ainda não está! Sempre penso em escrever, pelo fato de ser da área de comunicação, trabalhar em jornal, em rádio. Acaba-se deixando para escrever depois e não se escreve!
Você realiza palestras?
Em São Paulo, constantemente sou convidado para fazer palestras. Em faculdades, universidades. Tenho muitos amigos que coordenam cursos de jornalismo. Eles nos chamam para falar sobre as experiências com o rádio. São narrados fatos práticos, que servem de exemplo para quem atua na área de jornalismo.
Você conhece Gil Gomes?
Fui produtor do Gil Gomes.
Ele faz um tipo de personagem, na intimidade ele é diferente?
Depois que eu saí da Jovem Pan, fui convidado para ser diretor de jornalismo da Rádio Capital. É uma rádio popular, voltada para um outro tipo de público. Eu não mandava os repórteres para o aeroporto. Eles iam para as estações de trem, do metro, esse era o foco. Você tem que passar a informação para o tipo de público para o qual você está falando. Fiquei por cinco anos na Rádio Capital, eu era diretor de jornalismo, produzia o programa do Gil Gomes, e produzia um outro programa popular de música com informação. O Gil Gomes tem uma ligação grande com Piracicaba. Quando era produzido o programa dele, eram feitas dez histórias por dia. Eu era obrigado a ler a dez histórias feitas por uma equipe de trinta jornalistas, que percorriam todas as delegacias de São Paulo. Eles escolhiam as melhores histórias e escreviam. Isso tudo era feito n madrugada. Ás cinco horas da manhã das dez histórias eu selecionava cinco. O Gil selecionava dessas cinco, três histórias que iriam para o ar. Ele dava toda aquela interpretação, inclusive quando você conversa pessoalmente com o Gil Gomes a entonação de voz é a mesma. É dele aquela característica.
Você chegou a freqüentar o ambiente doméstico do Gil Gomes?
Freqüentei!
E ele dirigia-se aos familiares com mesma entonação de voz?
Era assim mesmo! A sua voz não era tão empostada como no rádio.
Ele é um ator?
É um ator! Não folclore, no estúdio ele tira toda a roupa, trabalha só de cueca. Tira a camisa, tira a calça. Ele tem um estúdio só dele na rádio. Ele tem um técnico de som que trabalha com ele há quarenta anos. Já conhece tudo, sabe quando o som sobe, quando o som desce. Quando você trabalha com uma pessoa por muito tempo pelo olhar se comunicam!
Pela internet o jogador de futebol Hidalgo está nesse momento nos ouvindo em Curitiba, ele acaba de telefonar perguntando se você lembra-se dele?
Eu me lembro do Hidalgo! Ele foi campeão pelo XV de Piracicaba entre 1966 e 1967. Eu não estava em rádio ainda. Mas me lembro que o XV de Novembro foi campeão, subiu para a Primeira Divisão, foi uma festa imensa em Piracicaba. O pessoal na Rua, carro do Corpo de Bombeiros, o Hidalgo em cima do caminhão. Ele foi um dos grandes nomes do XV de Piracicaba. Não só eu, mas a cidade de Piracicaba lembra-se de você, pelo muito que você fez pelo XV de Piracicaba. Venha até Piracicaba que você será muito bem recebido, irá rever os amigos.
Você é um dos pais do salão de Humor de Piracicaba?
Exatamente.
E da “Banda do Bule”?
Também! No início da década de 70 tivemos o início de um período de efevercência cultural. Surgiu nesse período o Salão de Humor de Piracicaba. Surgiu a Banda do Bule, todas as cidades tinham uma banda. Na época o carnaval de Piracicaba foi um carnaval de destaque no interior do estado. Um carnaval riquíssimo! Tempo das escolas de samba: Zoom Zoom, Vai-Vai, Equyperalta, e as escolas tradicionais dos bairros que sempre mantiveram o carnaval de Piracicaba. A Banda do Bule. Resolvemos fazer uma banda, nos moldes da Banda de Ipanema, ou de outras existentes em São Paulo e outras cidades. Na primeira banda eu me lembro que as pessoas tinham um pouco de vergonha de sair. Os mais corajosos saíram. Eu e mais meia dúzia de pessoas. O carlinhos do Mirante, o Gianetti, o João Sachs foi um dos grandes incentivadores da Banda do Bule. Ela descia a Rua Governador Pedro de Toledo sábado ás onze horas da manhã. A maioria vinha vestida com roupa feminina! Terminava na Praça José Bonifácio, aonde por várias vezes o pessoal chegou a tomar banho na fonte. Era uma banda de muita alegria.
Por que a banda parou de sair?
A banda deveria ter um comando, para evitar excessos. Não houve esse comando, chegou um período em que os excessos atrapalharam a banda. Eu já saí em bandas no Rio de Janeiro, no Nordeste, é uma alegria só! Muita festa sem causar prejuízo á ninguém. É pura diversão.
Um dos motivos pelo qual você está em Piracicaba é o Salão de Humor, do qual você é um dos pais?
Como jornalista, participei de várias atividades em Piracicaba. E o Salão de Humor foi uma delas. O Salão de Humor nasceu como idéia na redação de “O Diário” no tempo de Cecílio Elias Netto, Cerinha, Adolpho Queiroz, Alceu Righetto, Carlos Colognesi. Foram conversar com Ziraldo no Rio de Janeiro.





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Provérbio Chinês

Provérbio Chinês:

Dinheiro perdido, nada perdido.

Saúde perdida, muito perdido.

Caráter perdido, tudo perdido...

by Jayme




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terça-feira, setembro 02, 2008

QUEM TE AMA "DE VERDADE".

QUEM TE AMA "DE VERDADE".

Para você saber quem te ama de verdade, faça o seguinte teste:

1 - Tranque seu cachorro e sua esposa no porta-malas do carro.
2 - Aguarde exatamente uma hora (uma hora mesmo, senão o teste não dá certo).
3 - Abra o porta-malas do carro.
4 - Veja quem estará feliz em te ver novamente.
(by Buelo)





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domingo, agosto 31, 2008

ELIZABETE LIBARDI FEREZINI 102 ANOS DE VIDA FELIZ

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
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A Tribuna Piracicabana
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Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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Entrevistado: ELIZABETE LIBARDI FEREZINI

DATA: (24 DE AGOSTO DE 2008)




No dia 26 de agosto o Lar dos Velhinhos completou 102 anos de fundação. A mesma idade da nossa entrevistada!


Dona Elizabete, ou Isabel como também é conhecida, reside em sua própria casa, no bairro da Paulista. Sob os olhares cuidadosos da sua grande família que em um revezamento pré-agendado a acompanha de perto. Se o Lar dos Velhinhos passou por inúmeras transformações e tornou-se a Primeira Cidade Geriátrica do Brasil, Dona Elizabete mantém os hábitos adquiridos imutáveis, entre eles rezar um terço todos os dias, bordar crochê, e sorrir, sempre sorrir! Ela carrega um sorriso quase santificado, terno, brando, suave. É impossível não se render de imediato á uma pessoa tão carismática. Que conversa regularmente, conta causos, fã do Padre Marcelo. Todos os dias Dona Elizabete assiste a missa transmitida pela televisão! Devota fervorosa de Nossa Senhora Aparecida, conserva em seu quarto, imagens da mesma. E não dispensa um pouco de vinho ingerido á refeição principal. Em 1950 o armazém do bairro rural Pau Queimado foi adquirido pela família, onde o casal permaneceu até 1976. Era o ponto de encontro dos moradores próximos. Na época havia umas oito olarias nas proximidades. Tinha cancha para jogo de bocce, campo de futebol. Na igreja local eram celebradas missas por vários religiosos, entre eles Frei Agostinho de Penápolis, Frei Paulo, que percorria andando a pé os seis quilômetros de distancia do bairro até a cidade. Descia o denominado na época de Morro do Enxofre, hoje final da Avenida Madre Maria Teodora. Seguia até onde hoje existe o terminal de ônibus e continuava caminhando no sentido de Anhumas. Existem até hoje a igreja, o armazém, o bocce, o campo de futebol. Participamos de uma reunião de família, onde ouvimos algumas palavras de descendentes de Dona Elisabete. Um dos filhos, o Guido mora em outro estado do Brasil. .

O que a senhora está fazendo agora?
Trabalhando neste guardanapo, fazendo crochê. Este trabalho não demora muito para ser feito. Em dois dias fiz os arremates do guardanapo em crochê. Comecei a fazer crochê aos oito anos de idade hoje estou com 102 anos! Nasci em 17 de junho de 1906 em Saltinho. Sou descendente de tiroleses.
O que a senhora faz para ter tanta saúde?
Não faço nada! Levanto, tomo café e começo a trabalhar bordando. Hoje já rezei o terço para todos os meus filhos, para as pessoas doentes. Este terço veio de Pirapora, meu filho Roque é quem trouxe para mim. Eu almoço, durmo umas duas horas.
A senhora gosta de vinho?
Gosto! Gosto de tomar de vinho na hora do almoço. Meu nonno apanhava a uva, colocava-a em uma esteira, onde permanecia por um ou dois dias para enxugar a água contida na uva. Depois ele pisava, dentro da metade de uma cartola de madeira. O líquido era colocado dentro de uma outra cartola, fechada, onde ficava por três dias, quando era então retirado. Depois de oito dias permanecia para se apurar. Assim saia o vinho.
Qual a quantidade de vinho que a senhora considera ideal para acompanhar a refeição?
Meio copo de vinho. Apenas isso, não se deve misturar com outras bebidas alcoólicas.
Na vida toda da senhora, só trabalhou bordando?
Nom! He...he! (Ela responde com sotaque italiano bem acentuado). Trabalhei como uma condenada quando era moça. Eu era mocinha e já trabalhava com enxada, lá na fazenda do Velho Vitorião (Vitório Bortoletto). Eu morava no Bairro Passa Cinco. Meu pai Pedro Libardi era da família Libardi, de Saltinho, ele plantava milho, arroz, feijão. Minha mãe Emília Bortoletto, era filha do Velho Vitorião. Eles tiveram seis filhos. Eu apanhava café, com a mão pegava na vareta do pé de café e puxava. O meu “nonno” (avô) tinha mais de dois mil pés de café. Meus pais nasceram na Itália. Conheceram-se e casaram-se no Brasil.
Não machucava a mão?
Oh! Mas diga nem! Não só as mãos, como também os braços.
Como era a alimentação?
O café da manhã era polenta brustolada na gradella. Colocava-se a polenta em cima da gradella e a brasa em baixo, bebia-se leite. A água ficava em um garrafão de vidro, que ficava na sombra. N almoço comia-se arroz, feijão, verduras.
Qual era a roupa usada para trabalhar?
Vestido grosso, com manga, chapéu de palha. O sapato era andar na terra, descalço. Perto da nossa casa havia uma igreja, nós íamos á missa.
A senhora morou em Saltinho até quando?
Casei-me, aos 21 anos de idade com Antonio Ferezini. O casamento foi realizado na Catedral de Piracicaba. Mudei para o Bairro do Pau Queimado, exatamente no lugar onde é chamado de Morro do Sapo. Era propriedade de Jacob Ferezini casado Filomena Ferezini Pessatto. Em 1975 completamos 50 anos de casados.

Como filho primogênito do casal qual o nome que o senhor recebeu?
Meu nome é Oscarlino Ferezini, nascido no dia 14 de maio de 1930, sou o primeiro filho do casal. Hoje tenho 78 anos. Nascido no Bairro Pau Queimado, freqüentei a escola até o quarto ano, que ficava no bairro anteriormente denominado de Matão, hoje já como bairro urbano, integrante da cidade de Piracicaba, é denominado de Itapuã. Casei-me com Maria Luiza Carone Ferezini, tivemos cinco filhos, oito netos e uma bisneta. Portanto minha mãe Elizabete é tataravó!
Qual era a forma utilizada pelo senhor para chegar até a escola?
Vinha a pé. Vínhamos pela estrada. Naquele tempo ainda não tinha sido construída a Igreja da Paulicéia, vínhamos assistir a missa na Igreja Sagrado Coração de Jesus, comumente denominada Igreja dos Frades. Arrumava um companheiro para vir junto. A escola era das 8 da manhã até as 12 horas. Eu saía de casa ás seis e meia da manhã, trazia os cadernos em uma bolsa de pano. Vinha descalço. Comecei a usar sapato aos 14 anos de idade.
O senhor não gostava de calçar sapatos?
Não tínhamos condições para adquiri-los!
Havia alguma coisa para comer na escola?
Não existia nada!
Como era o café da manhã do senhor?
Café com queijo. Quando voltava, almoçava e ia ajudar o meu pai. Meu pai trabalha fornecendo para o Mercado Municipal, eu ficava até a noite para amarrar maços de verduras. De duas a três vezes por semana ele trazia verduras para o Mercado, utilizava carrinho com tração animal. Meu pai tinha dois alqueires de terra no Bairro do Matão. As verduras eram molhadas com regador, a água era retirada de um ribeirão que existe no local. Naquele tempo era possível beber a água do ribeirão, embora existisse poço de água em casa.
A seguir nasceu Dona Carmem?
Exatamente! Meu nome é Carmelina Ferezini, também chamada por Carmem nascida em 16 de julho de 1932. Quando nasci ainda estávamos no Morro do Sapo, vizinho ao Pau Queimado. Freqüentei até o quarto ano. Casei-me em 1960, na Catedral, com Nelson Andia, agricultor. Temos três filhas, cinco netos. Trabalhei por muito tempo, como costureira em uma camisaria chamada Camisaria Brasil, que ficava no final da Rua Governador Pedro de Toledo.
O próximo filho a nascer foi o Roque?
Perfeito! Meu nome é Roque Ferezini, sou casado com Antonia Madalena Sartori Frerezini, tenho três filhos. Nasci no Pau Queimado. Do Pau Queimado, ali no Morro do Sapo. Mudamos para o Matão. Eu vinha a pé até a escola Dr. João Conceição, situada no prédio que existe até hoje, ao lado da Igreja dos Frades. Eu vinha a pé para escola cortando o caminho por baixo. Saia do Matão subia o Morro do Enxofre, e chegava até a escola. Nós vínhamos em um grupo com três ou quatro colegas, todos de sacolinha de pano e descalços. Trabalhei um tempo na fábrica de fogos de propriedade de José Balistiero Filho, que ficava no Pau Queimado. Chamava-se Pirotécnica São Benedito. Fazia bomba, rojão, fogos de artifício. Muitas vezes viemos queimar fogos de artifício na Catedral de Piracicaba. Íamos muito á Anhembi, na Festa do Divino. Eu ajudava a montar a bateria de fogos.
Essa fábrica fazia o rojão de vara?
Fazia! O rojão de vara é feito com vara cortada no mato, chamada propriamente de vara de rojão, faz-se um estopim, amarrado na ponta.
Ao dirigir-se á escola o senhor correu de algum boi bravo?
Muitas vezes chegávamos a ter medo, evitávamos em passar muito próximo do animal.
Havia uma carregadeira de boi da Estrada de Ferro Paulista, (N.J. Onde hoje existe um terreno baldio, ao lado do Restaurante Frios Paulista é parte remanescente do que foi no passado prolongamento da Estrada de Ferro. Essa área se estendia até onde hoje há um depósito de areia, pedras, na esquina da Avenida Nove de Julho).
O trem parava para a descarga de gado vivo. A cada vagão esvaziado a locomotiva realizava um movimento para alinhar a porta do próximo vagão com a prancha de descarga. Ás vezes a composição permanecia por períodos maiores, impedindo o tráfego da Rua do Rosário. Os pedestres se arriscavam a passar debaixo dos engates entre um vagão e outro.

O senhor chegou realizar esse tipo de travessia?
Nós tínhamos que esperar. Ás vezes nós ficávamos enjoados de ficar ali esperando, então passávamos por debaixo! Existia no pátio de manobra da estação um dispositivo para girar a frente da locomotiva a vapor no sentido contrário a que tinha chegado na estação. Eu gostava de ficar olhando.
(N.J.A seguir nasceu Brasília, filha de Dona Elisabete. Que não estava presente no momento. Em seguida o Filho Jacob Ferezini).
Jacob o senhor nasceu no Matão?
Meu nome é Jacob Ferezini, que é o nome do meu avô, pai do meu pai. Tenho um filho que se chama Jacob Ferezini Júnior. Eu nasci em 8 de outubro de 1940. Estudei no Grupo João Conceição, ao lado da Igreja dos Frades. Vinha a pé do Matão até a escola. Minha primeira professora foi Dona Maria Baiana, era muito brava. Para ir ao banheiro era necessário levantar dois dedos. Não havia merenda e nem cantina. Cada um levava seu próprio lanchinho: uma banana, um pedaço de pão, um pedaço de batata doce. Não havia uniforme. A criançada ia descalça. Era comum usarem as famosas Alpargatas Rodas. O pé era deformado, por não usarem calçados. As Alpargatas por serem molinhas, de tecido, era confortável. Eu tinha 11 anos de idade quando a nossa família comprou o armazém do Pau Queimado. Meu pai vinha ao Mercado vender, antes de voltar para casa, ele ficava lendo o jornal na casa de um tio. Ele achava que não dava para ficar todo mundo na roça, a família tinha crescido. Ele dizia que iríamos comprar um comércio. Um tio nosso, chamado João Canale, pai do falecido Décio Canale. Ele alugou no período de 1949 á 1951 ao Sr. Izidoro(Nenê) Lopez, o armazém. O João Canale resolveu vender para o cunhado dele, que é o meu pai. Foi quando o Oscarlino assumiu a frente do armazém. Isso foi em 1951. Ele vinha de carrinho de tração animal buscar pão na Padaria Cruzeiro, do Berto Saches. Ficava na Avenida Dr. Paulo de Moraes, quase em frente onde hoje está o Toninho Lubrificantes. Levava pão salgado, pão doce. Quando chovia era triste. O cavalo desse carrinho chamava-se Palhaço, ele balançava!
Qual era o prato que se a Dona Elisabete fizesse todo mundo ficava com água na boca?
Os filhos não pensam duas vezes para responderem: Polenta com frango!
O rádio, assim que apareceu funcionava como?
No antigo bairro Matão hoje Itapuã não existia energia elétrica. O rádio funcionava com bateria, acumulador. Nós pegávamos no Lilo Barbosa, aqui próximo ao Pontilhão da Paulista. O primeiro rádio que tivemos a marca era Imperial.
Na época existiam umas velinhas que eram acesas com água e óleo dentro de um copo?
Essas velas eram chamadas de “mariposa”! Acendia-se em louvor á um santo ou mesmo para deixar uma luz funcionando.
Qual a primeira condução que a família teve?
Roque responde: Foi um Ford 1929, uma caminhonete. Eu cheguei a transportar crianças para a escola com essa caminhonete. Colocava um toldo na carroceria e levava a criançada do Serrote ao Pau Queimado. Iam doze a treze crianças. Isso quando elas eram pequenas, ao final do curso como tinham crescido nesse período já não cabia mais na caminhonete! Eu ganhava da prefeitura para fazer essas viagens. Havia três assentos na carroceria.
Daniel Ferezini, o senhor é o caçula?
Exatamente! Nasci no dia 21 de novembro de 1947. Casei em 12 de maio de 1973. Estudei na Escola do Pau Queimado, que é a Escola Professor Carlos Sodero. Naquele tempo nós vendíamos muito querosene, porque não havia luz no sítio. Outro item que saia bastante era o fumo de corda. Geralmente a pessoa ia comprar, mas não tinha muito dinheiro. Queria apenas um pedacinho. Quando eram cinqüenta gramas era pesado na balança. Agora menos do que isso a balança não pesava, tinha que ser cortado no cálculo visual. Sempre tinha aqueles clientes exigentes. Quando eu ia cortar o pedaço de fumo eles diziam: “-Não vai cortar a unha!”. (risos).







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