sábado, abril 24, 2010

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 22 de abril de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.tribunatp.com.br/
।teleresponde.com.br/">http://www।teleresponde.com.br/




ENTREVISTADA: Rita de Cássia Domingues
A liberdade de expressão é a conquista mais preciosa do ser humano. Ela se manifesta de inúmeras formas, uma delas é a música. No amor e na guerra a música sempre esteve presente. Ela expressa de forma sublime o sentimento que se apossa do ser humano. O Brasil pela sua característica própria e única, multirracial e multicultural, é a fonte, aonde muitos artistas de outros países vem saciar a sua sede de musicalidade inovadora.
Talentosos artistas realizam obras de grande importância, passam pelo semi-anonimato, ou são conhecidos, mas não são reconhecidos। Alguns ainda têm o privilégio de serem devidamente valorizados após falecerem. Outros nem tanto. Piracicaba tem em seu seio grandes valores artísticos, verdadeiros operários da arte. Um desses grandes talentos é o Professor Erotides de Campos, natural de Cabreúva, onde nasceu em 15 de outubro de 1896. Compositor de marchinhas, sambas, choros, pianista e tocador de vários instrumentos, foi professor de física e química e passou parte da sua vida na cidade de Piracicaba. Compositores como Gounoud, Schubert, Puccinni, foram autores de obras com o mesmo nome: Ave-Maria. O nosso Erotides Campos, também é autor de uma obra que leva o nome Ave-Maria, e que também ultrapassou as nossas fronteiras e é executada até hoje pelo mundo afora. A casa em que viveu boa parte de sua vida, e onde faleceu, no dia 20 de março de 1945 está praticamente intacta. Mantém quase todas as suas características originais. É possível perceber a presença de Erotides, detalhista, perfeccionista. O teto em madeira envernizada mantém a originalidade, assim como a escada que leva ao andar superior, ainda de madeira. A cozinha onde degustava suas tão apreciadas laranjas lima. A impressão que se tem é de que Erotides de Campos foi até ali e volta já. Homem humilde, recatado, mulato, Erotides de Campos recebeu a homenagem de Piracicaba num enterro em que se revelou a comoção popular. Para falar com mais propriedade de Erotides de Campos ninguém melhor do que a sua filha.
Quais os nomes dos pais de Erotides de Campos?
Benedito da Silveira e Francisca da Silveira Neves. Aos 12 anos de idade já fazia parte da banda de Cabreúva, logo pode ouvir suas primeiras composições serem tocadas, os dobrados “Porto Artur” e “Saudades dos meus 12 anos” Quando ele tinha 14 anos de idade sua família transferiu-se para Piracicaba. Erotides de Campos integrou a famosa orquestra piracicabana que se apresentava nos cines Iris e Politeama. A orquestra, entre outros, contava com a participação de Osório de Souza, Melita e Carlos Brasiliense, João Viziolli, Renato Guerrini. Participou, também, da banda União Operária. Aos 15 anos iniciou seus estudos de piano sem o auxilio de professores, alguns pesquisadores afirmam que ele estudava piano com Francisca Júlia da Silva, poetisa de renome e pianista, ao mesmo tempo em que cursava escola municipal de Cabreúva. Em setembro de 1917 escreveu a valsa “Mariinha” com versos de Mello Ayres. Já nessa época era exímio flautista, e conhecedor de quase todos os instrumentos componentes de uma banda. Executava com perfeição clarineta, pistão, trombone, baixo, piano, violão e rabecão. Integrou a “Banda Musical Luiz Dutra”. Foi flautista de destaque na Orquestra Piracicabana regida pelos maestros Benedito Dutra Teixeira e Edgard Van den Brand. Do gênero popular foram compostas por ele valsas, canções, sambas, maxixes, tangos, chorinhos, marchinhas em estilo carnavalesco, fox-trot, rag-time, charleston, marchas patrióticas e dobrados, na maioria com versos. Musica sacra: “Salve-Maria”, “Hino á Santa Rita de Cássia” e uma marcha fúnebre. Hinos escolares: Hino à criança, Hino ao Dia das Mães, 8 hinos escolares para Grupos Escolares Estaduais, “Hino à despedida”. Das marchas patrióticas que escreveu destacam-se “Patriarca” à memória de José Bonifácio, e “Condores do Brasil” em homenagem ao aviador João Ribeiro de Barros, herói do “raid” realizado no avião “Jaú”. Vicentino dedicado, sua fé cristã originou os títulos das músicas: “Ave Maria”, Melodia da Fé”, “Êxtase”, “Preces de Natal” , “Murmúrios do Piracicaba”, “Alvorada de Lírios”, “Plenilúnio” e “Murmúrios Sonoros”. Suas músicas foram gravadas por Francisco Alves em disco da Odeon e Parlophon, Oscar Gonçalves e Yolanda Ozório em disco Bruswick, Artur Patti, solista de harmônica em disco Ouvidor. De todas as suas músicas, alcançaram grande sucesso “Ave-Maria” e “Vera”. As músicas de Erotides tornaram-se populares não só no Brasil como também na França, Itália, Portugal, Espanha, Polônia e outros países. “Ave-Maria” foi gravada por Pedro Celestino, sendo a primeira edição de mil exemplares, em disco Odeon, esgotada em menos de um mês. A valsa “Vera” com versos traduzidos para o italiano obteve medalha de ouro. O tango “Goal” classificado em segundo lugar, rendeu um prêmio em dinheiro no concurso musical promovido em 1919 pela Casa Editora Musical Brasileira. O concurso foi realizado no Teatro Boa Vista, em São Paulo, onde concorreram 180 compositores de todo Brasil. A marchinha “Um Róseo Carnaval” obteve o segundo lugar de um concurso de musica carnavalesca. Nos últimos anos Erotides dedicava-se a composição de música refinada, entre elas “Murmúrio do Piracicaba” e “Uma Barquinha Azul”. “Alvorada de Lírios” teve os versos escritos por Benedito de Almeida Júnior.
Onde seu pai formou-se?
Seus estudos primários foram feitos em São Paulo, no Liceu Coração de Jesus. Estudou na Escola Normal, atual Sud Mennucci, formou-se em 1918 e foi lecionar na escola da estação de Monjolinho, em São Carlos. Conseguiu a segunda nomeação, retornando a Piracicaba onde lecionou no Grupo Escolar de Tanquinho e, depois, no de Dois Córregos. Em 1921, casou-se com a minha mãe Maria Benedita Germano.
De 1923 a 1932 lecionou em Pirassununga, voltou a Piracicaba em 1932, nomeado como professor de Química na Escola Normal.
Após o falecimento do seu pai sua mãe trabalhava com o que?
Ela fazia balas de coco, bolos de casamento, era doceira.
Os direitos autorais das músicas compostas por Erotides de Campos, entre elas a celebre Ave-Maria, não proporcionaram um bom rendimento financeiro?
Entre muitos intérpretes famosos, o Roberto Carlos é um dos que canta Ave-Maria, musica composta pelo meu pai. Minha mãe recebia o equivalente o que recebo ainda hoje, 10 a 15 reais a cada cinco ou seis meses. Falam que não toca, é musica muito antiga! Ele possui mais 350 músicas compostas, entre as publicadas e inéditas. Tanto musica popular, como música clássica e música sacra.
Erotides usou um pseudônimo ao compor Ave-Maria?
Usou Jonas das Neves, parte do seu nome completo, Erotides Jonas Neves de Campos.
Como surgiu a música Ave Maria?
Minha mãe contava que ele ficava muito aqui no quintal de casa, isso por volta de cinco ou seis horas da tarde, ele achava o cair do sol muito bonito. Um dia ele resolveu compor a musica Ave-Maria. Ele subiu para o seu escritório que ficava no andar superior da casa, lá ele permaneceu por horas. Minha mãe disse que quando subiu, entrou no escritório dele havia muito papel jogado no lixo. Eram esboços da música que ele estava compondo e não achando ainda satisfatório, jogava-os ao lixo.
Ela falava muito do seu pai Erotides?
Quando ela se referia a ele chorava muito, ela dizia ter sido muito feliz com o meu pai.
Como era o cotidiano de Erotides de Campos?
Ele levantava, banhava-se, colocava o terno, e ia lecionar no Sud Menucci. Voltava, almoçava, descansava e trabalhava corrigindo trabalhos, provas, preparando aulas. Ele permanecia sempre muito com a minha mãe em casa. Ás vezes os dois saiam davam uma volta no jardim. Os irmãos dele vinham visitá-lo.
Que destino teve os objetos de uso pessoal de Erotides de Campos?
Minha mãe doou a flauta, cadernos, para o Museu Histórico e Pedagógico Prudente de Moraes. O piano minha mãe doou para o Lar Escola Nossa Mãe.
Ele faleceu nessa casa?
Foi um infarto fulminante, foi onde hoje é o meu quarto. Ele estava fazendo uma capa do cancioneiro. No dia anterior ele sentiu um grande mal estar, a ponto de não ir lecionar. Uma das suas frutas prediletas era laranja lima, minha mãe providenciou algumas laranjas, e aqui na cozinha de casa ele chupou umas laranjas. As duas horas da manhã ele sentiu-se mal, dor no peito, disse á minha mãe: “-Tita estou me sentindo mal”. Ela disse-lhe: “-Chupe uma laranja!”. Assim ele fez, e ele com a minha mãe foram caminhar um pouco, isso ás duas horas da manhã, isso na Rua José Pinto de Almeida, foram devagar até perto da Rua XV de Novembro. Voltaram para casa e ele disse que não conseguia dormir, iria terminar de fazer a capa do cancioneiro. Ele subiu, estava escrevendo, sua letra era impecável, ela percebeu que ele tinha tremido a mão, ela então perguntou: “Que foi Erotides?”. Ele caiu sem falar nada. Assim ele faleceu.
A mãe da senhora faleceu com quantos anos?
Ela faleceu com 97 anos de idade, isso foi em 1993.
Como é ser filha de Erotides de Campos?
Tenho muito orgulho do meu pai!
Qual era a reação da sua mãe ao ouvir as musicas compostas pelo seu pai?
Ela chorava muito. O Manoel Lopes Alarcom era um grande amigo da nossa família, ele vinha visitá-la, quando falava sobre o meu pai ela punha-se a chorar. Ela dizia que meu pai ajudava muito as pessoas, não falava mal de ninguém.
Qual o prato imbatível que a Dona Titã, sua mãe, fazia?
O macarrão! Eu faço da mesma forma que ela fazia, mas não fica igual, até meu marido diz: “-Não é igual ao da sua mãe não!”.


Ave Maria De Erotides De Campos
Cai à tarde tristonha e serena
Em macio e suave langor
Despertando no meu coração
A saudade do primeiro amor

Lungio se esvai lá no espaço
Nesta hora de lenta agonia
Quando o sino saudoso murmura
Badalada da Ave Maria

Sinos que cantam com mágoa dorida
Recordando em toda a aurora da vida
Cabe ao coração paz e harmonia
Na prece da Ave Maria

No alto do campanário
Uma cruz simboliza o passado
E o amor que já morreu
Deixando um coração amargurado















sábado, abril 17, 2010

FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA DE CAMPOS (FREI TITO)


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 15 de abril de 2010
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://www.teleresponde.com.br/
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA DE CAMPOS (FREI TITO)







No princípio era a idéia: Missão.



No principio era o sonho:



apenas viver entre os pobres,



como pobre e para os pobres.



Foi assim que a idéia se fez sonho



e o sonho se fez idéia:



“Vida e Regra de Francisco”.



Não do Francisco de Assis



mas do Francisco do Glória,



que pela fé e doação,



idéia e sonho se fizeram ação.



Frei José Orlando Longarez, O.F.M. Cap.

Francisco de Assis Pereira de Campos ainda hoje é chamado de Frei Tito, nome adotado no período da sua vida dedicada exclusivamente á sua missão religiosa. Frade quer dizer irmão significa viver a fraternidade O frade capuchinho pode ser sacerdote ou irmão leigo, vivendo em fraternidade e servindo a Igreja, preferencialmente em tarefas e lugares difíceis. Realiza os serviços simples, humildes, estando entre os pobres e marginalizados. O frade capuchinho procura trabalhar pelo bem do povo com preparação e competência, sem ambições pessoais. Piracicaba tem grandes exemplos de frades capuchinhos como referência. Um nome inesquecível é o de Frei Francisco Erasmo Sigrist que exerceu o ministério sacerdotal durante quase 15 anos, somente em Piracicaba. Em janeiro de 1985 foi para a Fraternidade Nossa Senhora da Glória, no Jardim Glória, uma favela de Piracicaba, onde viveu e trabalhou até a morte, buscando realizar intensa e radicalmente a proposta fundamental do Evangelho. Frei Tito partilhou com Frei Sigrist o mesmo teto do barraco em que moravam, na favela, hoje tombado como patrimônio histórico. Frei Tito realizou a experiência de vida onde só a fé intensa desenvolve a coragem de vencer os inúmeros obstáculos encontrados. Vivenciou o mundo desconhecido pela maioria da população, o cotidiano dos marginalizados, onde o significado da vida tem referencias e valores próprios. Francisco de Assis Pereira de Campos tem formação em filosofia e teologia, especialização em filosofia política e filosofia da arte. Mestrado em educação. Hoje é Assessor Executivo do Gabinete do Prefeito de Sumaré, o piracicabano José Antonio Bacchin., foi Secretário de Obras, Diretor de Educação, Diretor de Cidadania, Gerente da Cidade, Chefe de Gabinete, na cidade de Sumaré.
Francisco de Assis Pereira de Campos, Frei Tito como ainda o chamam é piracicabano?
Nasci em 14 de junho de 1954 na Nova Suíça, bairro rural distante poucos quilômetros do centro de Piracicaba. Sou filho de Benedito Pereira de Campos conhecido como Dito Gica, meu avô paterno tinha o apelido de Seu Gica. Minha mãe é Barbara do Amaral Campos conhecida como Dona Barbica. Sempre foram agricultores, eram proprietários de um sítio com aproximadamente dez alqueires. Ao longo de muitos anos tivemos gado leiteiro, naquele tempo entregávamos o leite direto ao consumidor, em litros de vidro que eram acondicionados em um engradadinho de ferro, a entrega era feita de casa em casa. Era o tempo em que o padeiro também entregava o pão á domicilio. Éramos nove irmãos, Antonio, Maria José, Maria Alice, João Pedro, Maria de Lourdes, Francisco, José Deodato, Reinaldo, Vera. Na roça começa a se trabalhar logo que se aprende a andar. Era uma agricultura familiar, as crianças ainda muito novas já iam para roça. Na época ás três horas da manhã já se levantava para tirar leite, ás seis horas da manhã o leite deveria estar sendo entregue na rua.

O senhor sabe ordenhar?

Tirei muito leite. Usava-se aquele tradicional banquinho, com um pezinho e amarrado á cintura, para poder fazer o trabalho de forma mais rápida.

Era necessário imobilizar a vaca?

Amarrava-se a cabeça para evitar chifradas, imobilizava as patas traseiras, para não tomar coices do animal. Era um serviço que oferecia riscos para uma criança. Cheguei a levar uma chifrada em uma das mãos, que provocou um ferimento sem nenhuma seqüela, mas de certa gravidade. Na época não havia mecanização, toda a lavoura era feita com arado, tracionado por burros. Uma das coisas que mais gostava de fazer era arar a terra, gradear a terra. Gradear a terra era quase uma diversão, nós subíamos em cima para ela ficar mais pesada. Era muito gostoso passar ferramenta em roça de milho, de arroz. Trabalhávamos com uma dupla ou “pareia” de animais até a hora do almoço e em função do calor após o almoço utilizávamos outra “pareia”.

Era comum dar nome aos animais?

Sem dúvida! Tínhamos uma mula chamada Chalana, era muito estimada. É interessante observar que meu pai gostava da música Chalana, e em função disso várias gerações de mulas receberam esse nome. As vacas também recebiam nomes como Mansinha, Pintada. Chegamos a ter vinte vacas produzindo leite diariamente.

O sítio ficava bem próximo da cidade?

Lembro-me de que vinha a pé assistir a missa na catedral de Piracicaba. A distância deve girar em torno de uns seis quilômetros. O nosso sítio ficava bem em frente ao Seminário Diocesano. A entrada do Seminário e uma faixa de terra que dá acesso ao mesmo foram cedidas pelo meu pai.

Houve uma época em que o leite “in natura” não podia mais ser vendido?

Vivemos esse tempo, no início do Morro do Enxofre a fiscalização pegava os leiteiros, prendia, dava banho de água fria nos leiteiros. Ainda pequeno, eu não entendia muito bem o que estava acontecendo, que por trás disso havia uma industrialização. A obrigatoriedade de colocar o leite nos laticínios e tirar o produtor da venda direta ao consumidor. A fiscalização era rigorosa. Havia produtores que vinham de longe para trazer o leite, com caminhonete carregada de leite, e era comum eles pararem em casa, por ser o sitio que também produzia leite e ficava mais próximo da cidade.

Em nome da pasteurização, da saúde pública, beneficiou-se muito o poder econômico?

Sem dúvida. Hoje o leite tem que passar pelos laticínios por conta de uma série de preocupações com a saúde pública, mas sem duvida nenhuma os beneficiários disso foi o poder econômico.

Havia rádio na sua casa?

O rádio chegou muito tarde á minha casa, deve ter sido na década de 60. Tínhamos um rádio á bateria, com válvula. Ouvíamos muito o Zé Béttio. Meu pai ouvia muito o Alziro Zarur da LBV – Legião da Boa Vontade.

O grupo escolar o senhor cursou onde?

Fiz o Grupo no Bairro Rural Pau Queimado. Lembro-me das nossas professoras, Dona Ruth, Dona Filomena e Dona Dalva. Na época acho que era a Dona Dalva que tinha um carro DKW branco e vermelho. Quando chovia, ás vezes elas não conseguiam chegar até a escola, nós ouvíamos o ronco do carro quando ele estava vindo. Em dia de chuva a molecada torcia para não ouvir o carro, assim não haveria aula.
A energia elétrica demorou á chegar ao bairro?

Chegou bem cedo á nossa região, por conta do prefeito Francisco Salgot Castillon. Ele levou também o telefone. Na minha casa havia um aparelho e na venda do Santo (Santin) Novello havia outro aparelho, o número do nosso telefone era 94. Para fazer uma ligação tinha que solicitar á telefonista que a fizesse. O telefone tocava em casa e tocava no Santin. Eram extensões um do outro. Esse telefone acabou virando um orelhão. E era esse também o objetivo, não era visto como um privilégio pessoal.

Isso tornou a sua família popular na comunidade?

Havia um espírito de solidariedade na alegria e na tristeza. Quando ouvíamos o porco gritando lá no sítio do vizinho nós sabíamos que iria aparecer um pouco de carne para comermos. O vizinho matava o porco e trazia um pedaço de carne. Isso era recíproco. Era interessante essa relação de vizinhança, quase nunca um vizinho chegava á casa do outro de mãos vazias. Sempre trazia limão, laranja, pão caseiro.
Houve um período em que a família veio morar em Piracicaba?
Tivemos um momento de dificuldades, fomos morar na Vila Boyes, próximo a Igreja São Dimas. Meu pai adquiriu de um tio um armazém. Permanecemos por um tempo em Piracicaba, preservamos o local onde morávamos na zona rural. Meu primeiro emprego ficava embaixo da rádio PRD-6, em um laboratório de prótese de propriedade de Washington e Roberto. Faziam dentaduras, pontes. Trabalhei um tempo também como cobrador de ônibus, da Viação Marchiori, fazia a linha Piracicaba-Rio Claro, depois eles passaram a fazer também a linha Piracicaba-Pirassununga, após trabalhar por um determinado tempo nessa linha, voltamos para o sítio novamente. Com 15 para 16 anos de idade fui estudar no Colégio Agrícola de Rio das Pedras. Estudei por três anos lá, sou da primeira turma formada pelo Colégio Agrícola de Rio das Pedras. Quando iniciamos os estudos lá, o alojamento não estava ainda pronto, permanecemos morando em umas casas do CDHU na entrada de Rio das Pedras. O caminhão do colégio nos levava para lá, subíamos em cima da carroceria, era um frio danado.
Como jovem, é natural ter algumas distrações, quais eram as suas?

Eu gostava de jogar futebol, sempre fui goleiro. Jogava também na linha. Em Rio das Pedras, na Rua Prudente de Moraes, havia um cinema, era também um local de distração. As quartas-feiras eu saia do colégio e ia ás reuniões dos vicentinos. Eu era vicentino. Conheci muito Caetano Gramani, uma pessoa que sempre esteve muito presente na minha vida.

Saindo do Colégio Agrícola o senhor foi trabalhar onde?

Surgiu um concurso na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, fiz, fui aprovado e passei a trabalhar na ESALQ no departamento de solo e geologia, o responsável pelo departamento era o Prof. Dr. Guido Ranzani, sogro de João Hermann Neto. Morava no Bairro da Suíça e trabalhava na ESALQ, Pedro Hidalgo era um vizinho de sítio e que trabalhava em uma metalúrgica próxima, ele tinha um fusca novinho, eu ia e voltava com ele. Permaneci trabalhando na ESALQ por dois anos.

O que aconteceu depois?

Eu sempre tive uma vida muito ligada á igreja, em especial aos franciscanos. Meu avô, Seu Gica, foi Terceiro Franciscano, foi sepultado com habito da Ordem Terceira. Hoje eu pertenço á Ordem Terceira. São Francisco queria uma ordem de irmãos, por isso a denominação “frei”. A origem está em “fratello”. Na idade média para pregar o evangelho precisava ser diácono, não era padre, mas pertencia ao clero Ele fundou a ordem dos frades e abriu a possibilidade para que todos possam viver o evangelho na sua espiritualidade. A Ordem Terceira é para todos cristãos que querem viver o espírito franciscano. Naquele momento em que trabalhava na ESALQ eu fazia a coordenação da Pastoral Rural da Diocese de Piracicaba, foi no período em que ocorreram os movimentos como Topada, Gen, TLC. Nós criamos na Igreja dos Frades a Pastoral Rural, o capelão na época era Frei Saul Perón. Lembro-me do Frei Afonso. Frei Marcio era o frei mais jovem. Essa relação com os frades acabou criando um envolvimento, Frei Marcio era responsável pela pastoral vocacional, com isso éramos provocados em determinadas situações a ser padre. Éramos jovens empolgados com a pastoral. Gostava e gosto da Igreja até hoje, na época entendi que deveria tomar uma decisão.

Qual foi a reação da sua família?

A minha família gostou. Lembro-me que estava sentado na soleira da porta, quando disse á minha mãe que estava pensando seriamente em ir para o seminário. Ela disse-me: “-Mas você já está muito velho para isso!”. Na época quem ia ser padre ia para o seminário muito cedo. Fui para o seminário onde tive formação da filosofia antiga e da nova, sobretudo a filosofia da libertação. Tive professores como Hugo Assmann, Frei Beto, Rubem Alves, Leonardo Boff.

Há a possibilidade de ser frade sem ser padre?

Perfeitamente! O frade pode morar em um convento e exercer o trabalho como advogado, médico, veterinário, professor, temos um caso de um frade que exerce a profissão de cobrador de ônibus. Tem que estar ligado a fraternidade. Tem que ser feito os estudos e fazer a profissão de fé.

Quando foi a profissão do senhor?

Meus primeiros votos foi em 1980, aqui no Seminário Seráfico São Fidelis. Fiz meus estudos em Nova Veneza. Em 1982 fui morar na periferia de Sumaré, com Frei João, que hoje é bispo. Eu entendi que o meu papel na igreja era fundamentalmente o de contribuir para a formação da catequista, dar cursos bíblicos aos leigos e, sobretudo estar presente nos movimentos sociais.

O ser humano constrói seus próprios obstáculos?

Sem dúvida. Só que ele não procede assim por acaso. Somos frutos de uma formação. Paulo Freire diz que: “-A nossa cabeça é onde estão os nossos pés”. Somos produtos do meio.

O senhor é conhecido como Frei Tito?

Frei Tito por conta da ordem. E permaneceu. Na favela algumas crianças me chamavam de Título. Vim morar em uma fraternidade nossa no Jardim Glória. Frei Sigrist tinha acabado de voltar da Alemanha onde tinha feito teologia. Ele era uma pessoa muito especial, de grande espiritualidade, grande senso de humor. Alguns estudantes tinham construído um barraco na favela e foram morar lá. Pedi ao Provincial Frei Sermo Dorizotto para vir morar na favela.

Como é morar em uma favela?

É uma experiência muito boa. Foi o período mais interessante da minha vida. Eu já tinha convivido com uma favela, mas não havia morado em um barraco, junto com o povo, vivendo 24 horas por dia na favela. Acabei vindo morar com Frei Sigrist. Nesses anos todos que vivemos na favela tínhamos apenas um pequeno rádio, quando ia lavar roupa eu ficava ouvindo “Toninho da Engenhoca”. Não tinha televisão, não tinha muro, não tinha cerca. Criamos uma relação muito saudável com a população. O barraco não tinha fechadura. Quando chegamos á favela tínhamos problemas de todas as ordens. A primeira coisa que fizemos foi capacitar algumas mulheres de boa vontade no sentido de elas fazerem curativos, procedimentos básicos de saúde. O barraco acabou sendo um pequeno ambulatório.

Próximo existe o Pronto Socorro?

Existe. Mas não é só a questão do atendimento ser bom ou ruim. O sentimento das pessoas das favelas é de quem está á margem da sociedade. Sem auto-estima. Ás vezes o único espaço que encontram é na marginalidade. Eu participei de mutirão rebocando casa. A nossa presença ali era de extrema importância para eles. Aprendi a fazer muitas coisas com eles. Montamos uma fábrica de blocos lá dentro. Compramos um caminhão Mercedes-Bens e eu dirigindo o caminhão ia buscar areia na Codistil. Ganhamos do Colégio Dom Bosco a antiga estrutura, eu e Frei Sigrist em cima de andaimes, vigotas, com a criançada, mulherada, todos juntos derrubamos aquilo tudo. Isso os animava e mudava a vida deles. Foi um trabalho de muita integração, viver a vida deles. Desistimos de ter colchão nas duas camas, tanto na minha como na do Frei Sigrist. Um dia chegando em casa, chovendo, o Sigrist me disse: “- Tito, você me desculpe, mas chegou uma mãe com o filho deitado no chão, no barro, eu disse a ela que só tinha o meu colchão e o seu para dar á ela. Ela aceitou. Não fique bravo, Tito, amanhã eu compro outro colchão”. Eu respondi: “-Vamos ficar sem colchão! Se comprar você vai doar de novo!”. Ficamos por vários anos sem colchão. O barraco está lá, do jeito que deixamos, aberto á visitação.







domingo, abril 11, 2010

DO MESMO AUTOR, VISITE OS SEGUINTES ENDEREÇOS:

DO MESMO AUTOR, VISITE OS SEGUINTES ENDEREÇOS:


blog do nassif
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7257380465023456627


Piracicaba que eu adoro tanto
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5600688494480390127


blogdonassif
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=8937770681851424333


VERNA FERREOMODELISMO
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=7205130228997930430


BLOG DO NASSIF
http://blognassif.blogspot.com/



MARIA RUTH BELLANGA DE OLIVEIRA

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 05 de dezembro de 2009
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA:                    MARIA RUTH BELLANGA DE OLIVEIRA



No Brasil a participação política da mulher só veio ocorrer com a constituição de 1934 com a extensão do voto à mulher. A luta das mulheres pela cidadania é histórica. "A participação da mulher na política é muito pequena, e isso também revela a natureza atrasada de nossa sociedade, uma sociedade conservadora. É o ranço que permanece de uma sociedade patriarcal, patrimonialista, em que a mulher era considerada patrimônio do homem", alerta o professor Marcos Costa Lima, do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Lúcia Avelar, diretora do Instituto de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília), destaca que há uma série de pesquisas mostrando serem elas muito mais sensíveis a questões sociais, por exemplo, e que, por isso, o eleitor é muito simpático às candidaturas femininas, "como se tivessem se desencantado com o atual sistema". Isso ocorre em disputas políticas de expressão nacional, como também em pequenas comunidades. A cidade de Mombuca é um pequeno município, sendo que seus habitantes se consideram uma grande família, com todas as peculiaridades de uma família de porte. Nos momentos de dor e de alegria choram e festejam juntos. Todos se conhecem, se cumprimentam pelo nome. A chegada de um “forasteiro” na cidade é logo percebida, observada discretamente, sendo suas ações e trajetórias objeto de curiosidade coletiva. Para alguém que queira passar despercebido é uma péssima escolha! Em Mombuca encontramos uma mãe de família que tem uma trajetória de vida pessoal e política que retrata muito bem o perfil da atuação da mulher não só no Brasil, mas em todo o período seguinte a Revolução Francesa. Maria Ruth Bellanga de Oliveira nasceu em Mombuca em 22 de agosto de 1958, filha de Iracema Doriguello Bellanga e Rubens Bellanga. Foi vereadora, hoje é a vice-prefeita de Mombuca.
Quem nasce em Mombuca é conhecido como?
É mombucano! Eu sou mombucana. Entrei na escola aos sete anos de idade na Escola Bispo Dom Mateus. Minha primeira professora foi a Dona Cida, esposa do Sr. Avelino Lucas, era de Piracicaba e vinha dar aula aqui. Foi onde estudei o curso ginasial.
Como surgiu Mombuca?
A história do Município de Mombuca tem início em 1889, com o senhor Aristides Cavicchiolli que se fixou nas margens do Ribeirão Mombuca, iniciando assim o povoamento da região. Era um povoado. A origem do nome provém do tupi-guarani mombuka que era o nome dado a pequenas abelhas que na época da formação do povoado faziam as suas colméias no chão em volta do Ribeirão.
O trem da Sorocabana passava por Mombuca?
Passava! A noite havia uma passagem de trem por Mombuca, o povo costumava ir até a estação, ara vê-lo passar. Era uma diversão da população.
Qual foi seu primeiro emprego?
Aos onze anos de idade fui trabalhar como empregada doméstica. Na época a lei permitia o trabalho com essa idade. Aos quatorze anos de idade fiz um teste para trabalhar na máquina de costura. Fui admitida na Raqueltex, de propriedade do Sr. Álvaro Nicoletti. Lá eu fazia calça jeans. Graças a Deus eu era muito experta na máquina, eu sabia que tinha que ser rápida no trabalho, por necessidade. Eu passei em um concurso e fui trabalhar em Piracicaba.
Onde foi seu próximo trabalho?
Foi no Grupo Escolar Dr. Prudente de Moraes. A diretora era Dona Tereza Mastrodi. O meu cargo era de servente, mas como havia a necessidade de inspetor de aluno eu passei a exercer essa função. Isso foi em 1980.
Qual foi a sua próxima atividade?
Eu casei-me com Enio Niceas de Oliveira, meu marido preferia que eu tivesse as atividades domésticas. Ele foi o meu primeiro namorado. Nessa época ele estava concluindo o curso de direito, enquanto exercia atividades comerciais junto com a família dele.
Após concluir o curso de direito, seu marido entrou para a política?
Ele foi candidato á vereador, não foi eleito. Na próxima eleição ele candidatou-se, tendo sido o vereador mais votado e tornou-se presidente da câmara. Na época eram onze vereadores, depois foi reduzido para nove.
Nessa época que despertou seu gosto pela política?
Comecei a gostar, passei a freqüentar a casa da primeira dama do município, Dona Clarice Guari. Aprendi muito com ela.
Na eleição seguinte o seu marido foi candidato a prefeito e foi eleito?
Foi exatamente o que aconteceu. Eu passei a exercer um trabalho social muito intenso junto á população mais carente.
O jovem em Mombuca é estimulado á pratica de esportes?
Além de termos um ensino de alto padrão, com métodos pedagógicos estipulados por uma instituição muito respeitada, e que é freqüentada em outras cidades por alunos de famílias com alto padrão aquisitivo, nós estimulamos a prática dos mais variados tipos de atividades físicas. São disputados campeonatos, realizadas disputas.
Como surgiu a sua candidatura para vereadora?
O então candidato á prefeito. Marcos Antonio Poletti convidou-me, achava interessante a representação da mulher junto a Câmara Municipal. Eu não estava muito encorajada a realizar uma campanha, fiz de forma tímida. Da campanha tão curta que fiz, fui a candidata á vereador mais votada. Acho que o meu trabalho já estava feito. Cumpri meu quatro anos como vereadora e sem esperar fui convidada a ser Vice-Prefeita. Com o apoio da minha família, acabei aceitando. Já estamos no segundo mandato, o prefeito foi reeleito e eu fui reeleita como vive-prefeita.

A mulher está ocupando o seu espaço em todos os setores, os homens ficam um pouco apreensivos com essa tomada de posição feminina?
Infelizmente ainda existem alguns que ficam com o pé atrás. A mulher é mais paciente.
A sua postura é de conseguir seus objetivos sempre através do diálogo, usando o bom senso feminino?
Essa é a melhor forma. Conseguir transmitir os objetivos de forma equilibrada. Gosto das coisas muito corretas.
Qual é a principal fonte de renda da Prefeitura de Mombuca?
A maior fonte geradora de recursos é a agricultura. Um fato pitoresco ocorre com a cidade, embora existam grande áreas plantadas com cana-de-açúcar no município o processamento se dá nas duas cidades vizinhas onde há usinas: Rafard e Rio das Pedras. Os impostos decorrentes dessas atividades por conseqüência vão para esses municípios. O recolhimento de IPVA é baixo, pelo pequeno número de veículos na cidade. O ICMS em Mombuca é bastante baixo. O IPTU recolhido é o suficiente para cobrir um mês da folha de salários dos funcionários.
Mombuca tem Guarda Municipal?Temos sim.
Quais são as perspectivas de trabalho para os jovens da cidade?
O serviço público municipal era praticamente o que poderia se divisar. Recentemente, com a vinda da Santa Rosa que é uma indústria têxtil de Americana que emprega umas 50 pessoas, e trouxemos a Bramil que é uma tecelagem de Capivari e deverá gerar perto de 60 empregos.
Há migração para Mombuca?
O corte da cana atrai de localidades distantes a mão de obra para o corte de cana. Aqui eles encontram condições melhores do que a de seus locais de origem, isso incentiva a permanência das mesmas em Mombuca.

Como é a assistência médica em Mombuca?Além da assistência médica local, contamos com 8 ambulâncias para atender as pessoas carentes e conduzi-las aos centros de especialidades em centros maiores. É um problema social muito grande. Muitas dessas pessoas moram em áreas rurais, não dispõem dos recursos necessários para transporte. Sem um atendimento especializado praticamente ficariam abandonadas a própria sorte. Graças a assistência fornecida ela prefeitura o paciente recebe os cuidados que precisa.
Ocorre um fenômeno curioso na cidade movimentando as pessoas conforme o grau de instrução?Pela sua própria infra estrutura a cidade acaba atraindo as pessoas necessitadas, enquanto o moradores da cidade que teve a oportunidade de estudar, de receber uma formação qualificada, essa pessoa sai da cidade em busca de condições de trabalho.
Esse problema ocorre em alguns países da Europa, e até mesmo no Canadá, que decidiram impor condições mínimas de formação técnica para a fixação do imigrante. No Brasil, em algumas localidades, são estimuladas as migrações em massa para aumentar a clientela eleitoral?
Isso pode ocorrer, depende muito de quem está administrando a cidade. Minimizar um problema existente é uma questão de equilíbrio para a comunidade. Inchar uma cidade com objetivos eleitoreiros é uma atitude temerária e inconseqüente.
Em Mombuca existiu uma senhora que era muito respeitada pelas suas ações de caridade e orientações espirituais, a senhora a conheceu?
Conheci era a Dona Emilia Benvenuto Ortolani. Era uma pessoa muito caridosa, muito religiosa, tinha uma capela dela, onde eram feitas orações.
 Qual é a sua religião?
Sou católica, faço parte da pastoral da criança.
A igreja tem uma grande força dentro da comunidade?

Acredito que sim.
Hoje já há uma diversidade de cultos evangélicos em Mombuca?
Há sim. É um fatia representativa.
É bom morar em Mombuca?
Mombuca é uma grande família, com seus problemas, mas não deixa de ser uma família. Em um casamento praticamente toda a cidade comparece, em um velório é grande a presença dos moradores da cidade prestando suas homenagens ao falecido e suas condolências a família.
Qual é a data máxima de Mombuca?
É dia 21 de março, que foi o dia da emancipação política da cidade. Meu sogro Eugênio de Oliveira, liderando uma comissão fez com que Mombuca tornasse município em 28 de fevereiro de 1964 e a instalação político-administrativa ocorreu em 21 de março de 1965. O primeiro prefeito de Mombuca foi Álvaro João Bianchin. O segundo prefeito foi meu sogro Eugênio de Oliveira.
A sua família naturalmente milita política, isso traz uma segurança no sentido de conhecer a complexa legislação pública?

É uma grande vantagem além de o meu marido ter exercido cargos como presidente da câmara, prefeito, na própria família temos como dialogar sobre as atitudes corretas para exercer cargos políticos dentro do que a legislação exige e atendendo as solicitações e necessidades dos munícipes.
A vantagem de todos se conhecerem no município torna o político mais exposto?

Há uma exposição total do político. São avaliadas as ações não apenas durante a campanha, mas a conduta como um todo, é uma avaliação muito criteriosa por parte do eleitor.
Qual é a origem da água utilizada para o abastecimento da cidade?

A água utilizada é captada através de oco artesiano. Após utilizada ela é tratada e descartada.
A única favela da cidade foi erradicada?

Recentemente através do CDHU foram construídas 58 casas para onde foram removidos os moradores residentes sem as mínimas condições de vida
Mombuca tem esgoto em sua totalidade?

É uma das poucas cidades do Brasil que tem esgoto em sua totalidade.
Como a vice-prefeita sente-se orgulhosa ao representar o município em reuniões políticas?

O fato de ser mulher, portanto minoria acaba despertando a curiosidade dos representantes de outras localidades. Confesso que me sinto orgulhosa.
Esses congressos são importantes, trazem resultados?

Trazem idéias novas, há troca de informações. São muito importantes.
Quanto tempo demorava o trem da Sorocabana de Mombuca á Piracicaba?

Quarenta minutos a uma hora. O ponto de partida do ônibus para Mombuca era na Praça José Bonifácio, em frente a pastelaria de um japonês, a sorveteria Paris.
Qual é hoje o maior problema de Mombuca?

É a falta de emprego. Falta uma escola técnica com especialização em determinados setores.
Qual é o santo padroeiro de Mombuca?

É São Pedro.

Postagem em destaque

NECROLOGIA 07 de MAIO DE 2023

  NOTAS DE TERÇA – 07/05/2024   SR. CLODOALDO PIRES, Faleceu anteontem na cidade de Piracicaba, aos 73 anos de idade e era filho do Sr...