quarta-feira, outubro 26, 2022


 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado , 04 setembro  de 2021

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

                                                                                              

 

Entrevistada: Carmelina de Toledo Pizza

 

Carmelina de Toledo Pizza é Contadora de Histórias, sabe que os mitos de todos os povos têm base comum na necessidade de explicar realidades sociais, cosmológicas e espirituais.

Carmelina d



e Toledo Pizza ao nascer, recebeu o nome de Carmelina em homenagem a sua avó, que havia falecido há pouco tempo. Tem mais dois irmãos, a Branca e o Paulo (falecido).

Cursou a Faculdade de Ciências e Letras na Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Fez Psicopedagogia e mestrado em Educação Comunitária no Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal) em Americana. Pós graduou-se em Arte Terapia na Universidade Paulista (Unip) e está cursando Educação Artística (EaD) nas Faculdades Claretianas, em Rio Claro. Em 1999, abriu o Espaço para Arte de Contar Histórias, em Piracicaba, onde ensina a arte de narrar aos profissionais da educação, da saúde e de outras áreas. Em 2001, formou o grupo Na Cia. da Tia Carmelina. Lançou os livros entrou por uma porta, saiu por outra, quem quiser que conte outra (2003); Caju, uma história de amor e 7 encontros, histórias e desenhos (2004); Histórias que amigos contam (2005); Amor sempre... Sempre amor (2006); e Passa balaio trançado de sonhos e conta uma história... 2ª Edição (2013).
Atualmente, presta trabalho voluntário n Santa Casa de Piracicaba.

A arte de contar histórias é milenar?

Nós dizemos que quando o homem começou a falar, ele já passou a contar histórias! Mesmo os homens das cavernas, quando acendiam aquela fogueira, narrava suas caçadas, escreviam nas paredes, desenhavam, aquilo tudo era história.

Até os tempos atuais, histórias e lendas, contadas geralmente a noite e que povoam a imaginação do ouvinte tornando-o sensível ao menor ruído?

Quando eu era menina, tinha uma mulher que morava perto da minha casa, eu morava na Rua da Glória esquina com a Rua Da. Jane Conceição, no bairro da Paulista. Eu tinha seis anos de idade, foi quando vim morar em Piracicaba. Essa mulher contava essas histórias assustadoras, de assombração, mula-sem-caça e outras do gênero. Ela sentava-se ao lado de um fogão a lenha, pegava um pedaço de madeira em brasa e fazia movimentos muito rápidos no ar.  Quando saíamos da casa dela estávamos todos apavorados! Eu morria de medo! Encostavam a minha cama junto a cama da minha irmã! Só que na noite do dia seguinte se essa senhora estivesse disponível para contar histórias, nós estaríamos lá de novo!

Essa sensação de curiosidade e medo não achava perturbando o sono?

O que acontecia as vezes, é que alguém dependurava uma peça de roupa, se ela se movimentasse com o deslocamento de ar, eu ficava apavorada e dizia para minha irmã: “ Tem assombração ai! ” Minha irmã acendia a luz e mostrava a sua blusa dependura em um cabide na porta do guarda-roupas!

Qual é o nome dos seus pais?

Meu pai é Júlio de Toledo Pizza e a minha mãe Honorina Fortini de Toledo, mineira de Vargem Grande do Rio Pardo. Minha avó materna veio no navio, conheceu o meu avô, quando chegara foram para Vargem Grande, namoraram, casavam, A minha mãe é a segunda filha de onze filhos.

Qual era a atividade do profissional do seu pai?

Meu pai era topografo no Departamento de Estradas de Rodagem (DER) onde trabalhou por 30 anos. Após aposentar-se, foi trabalhar com o então prefeito Luciano Guidotti.Lembto-me como era incrível aquele homem, lembro-me de que um dia papai eslava traçando uma das pontes, acho que era a Ponte do Caixão, ele chegou em casa, com aquele papel imenso, colocou sobre a mesa de fórmica Vermelha, eu que traçava para ele, a doença de Parkinson já dava, mostras de que estava se manifestando.

O Prefeito Luciano Guidotti dizia de forma veemente: “ Seu Júlio! Esta ponte tem que sair aqui! ” Meu pai argumentava considerando aspectos técnico: “- Já medi aqui, já fiz o levantamento técnico ali”, e ia apontando para a planta da ponte e dos locais. Meu pai media aqui, ali, fazia todas soluções possíveis. Ao final, a ponte saia exatamente aonde Luciano Guidotti havia previsto. Por uns cinco anos meu pai trabalhou com Luciano Guidotti.

O fato de ver seu pai envolvido com plantas, gráficos, influenciaram no seu interesse por desenho?

Tem muito a ver! Desde menina eu gostava de desenhar. E gostava também de livros, dizia que seria escritora. Eu deveria ter uns 10 anos de idade quando cheguei em casa com um punhado de livros. Em casa tinha livros, as minhas tias, irmãs de papai, eram professoras, diretora, tinham muitos livros. Minha irmã e eu líamos. Um dia cheguei em casa com muitos livros. Papai disse-me: “Por que você pegou todos esses livros? Aqui em casa tem tantos livros e você ainda pega mais na biblioteca? ”.

Disse-lhe: “ Pai, eu vou ser escritora! ”

Ele disse-me: “Professora! ”

Respondi-lhe: “ Está bom! ”

O curso primário você estudou em qual escola?

Fiz o primário no Grupo Escolar Dr. João Conceição, que ficava no prédio ao lado da Igreja dos Frades. Lembro-me de algumas professoras: Dona Conceição, Dona Domitila, Da. Elza Maura Barbosa.  A seguir fiz a famosa Escola de Comércio Cristóvão Colombo, conhecida popularmente como Escola do Zanin, localizada a Praça José Bonifácio.  Ao lado da escola havia a bombonière do Passarella. Lembro-me da bala Chita, ao lado situava-se o Cine Polyteama.

Você estudava a noite?

Estudei dois anos na parte da manhã, como não tinha alunos, éramos puçás meninas, cerca de 4 ou cinco meninas, passamos para o período noturno, os estudantes da noite eram adultos, fomos muito bem recebidas, sempre fui muito brincalhona. Estudei os dois ótimos anos a noite. Meu irmão teve que assinar uma documentação, comprometendo-se a buscar-nos todas as noites após as aulas. Eu voltava com ele de bonde.  Quando ele não ia, eu pegava o bonde e lá no pontilhão da rua Benjamin Constant o meu pai estava me esperando.  Era uma preocupação. O meu irmão gostava de filme de bang-bang, a gente “matava” aula. A minha vida na escola foi muito interessante!

Em seguida fiz o magistério no “Instituto Educacional Piracicabano” e o curso de Letras: Português Literatura no início da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) que na época ainda funcionava na Rua da Boa Morte, Sou da primeira turma a formar-se em Letra. A minha vontade era fazer Artes Plásticas, mas por influência do meu pai estudei Letras.

Aí você foi dar aulas?

Fui dar aulas, comecei com os pequeninos, na Escola Infantil “A Cigarrinha, acho que foi umas das primeiras escolas infantis da região, Dona Terezinha Kraide, foi a pedagoga fa vida, era uma pessoa maravilhosa, aprendi muito com ela. Fui dar aulas para o MOBRAL – Movimento Brasileiro de Alfabetização.

Como era dar aulas para adultos?

Muito interessante, principalmente naquela época: 1974,1075. Era um período de transição política, os alunos, já adultos, eram pessoas maravilhosas!

Você era uma menina se comparada a idade deles?

Eu tinha por volta de 20 a 23 anos e eles eram bem mais idosos. Eles tinham muita dificuldade, as vezes tinha que pegar na mão do aluno e ensinar a letra “a” a letra “b”

Por quanto tempo você lecionou em sala de aula?

Dei aula por uns 15 anos aproximadamente.

Como você decidiu parar de lecionar?

Foi dentro da sala de aula! Eu contava histórias, descobri que quando acabava de contar uma história aquelas crianças estavam prontas para eu ensinar o que eu quisesse. Pedi exoneração em 1992, e virei a Contadora de Histórias.

Você foi a primeira contadora de hídricas a dedicar essa atividade como profissão?

Acredito que com ilustrações sim, mas tínhamos um grande número de cantadores de cururu narravam histórias através de suas cantorias. Eram celebres, reuniam multidões. A mãe do cururueiro Nhô Serra morava a uns 50 metros da minha casa. Ali eles cantavam cururu sábado à noite, domingo pela manhã, e nós ficávamos jogando bola.

Você era meio moleca?

Muito! Eu rodava pneu! Fazia o círculo e jogava o pião de madeira! Bolinha de gude, carrinho de rolimã. Eu tinha mais ou menos uns seis ou sete anos, era aniversário da minha priminha mamãe fez um vestido de organdi suíço branco, no dia, do aniversário, ela me deu banho, colocou o vestido, sapatinhos brancos, e mandou que ficasse sentada esperando os demais da família ficassem prontos. Nisso passou um amigo e me convidou para dar uma volta de carrinho de rolimã. Voltei com metade do vestido que era só graxa. Minh irmã na bondade dela disse: -Vai com aquele vestido amarelinho”.  Minha mãe ordenou: “´Não! Ela não sujou? Ela vai assim na festa! ”.

Eu cheguei na festa. Juntava as laterais do vestido, para não aparecer a graxa!

Mas eu tenho uma sorte, uma sorte! O Universo é fantástico comigo!  A minha tia de São Paulo tinha a esse aniversário, e trouxe de presente para mim a primeira calça rancheira que eu tive!  Vermelha! Era uma raridade!  Trouxe também uma blusinha branca de bolinhas vermelhejas! Fui até o andar superior, me troquei, quando desci àquela escada, os olhares voltaram-se para mim. Eu me sentia uma princesa!

 A minha mãe, claro estava me achando linda, mas queria me torcer pelo papelão que eu havia feito com o vestido de tecido suíço!

A minha infância não foi difícil, foi saudável.

A menina que existe hoje em mim sente saudade de muitas coisas. Era uma época em que bens de consumo eram praticamente inexistentes, como por exemplo. Era muito raro de se ver uma caixa de bombom. Não exocistia. Eram os pobres, mas não miseráveis. Tínhamos uma alimentação saudável, farta, porém sem essa profusão de preditos industrializados. Eu me lembro de que papai comprava uma caixa de refrigerante quando ele recebia o pagamento. Vinha uma dúzia de garrafas, sendo seis de gengibirra e seis de itubaina. Quando acabava só no próximo mês é que tinha outra caixa. Era comum as famílias fazerem limonada ou laranjada natural. Em casa tínhamos uma geladeira vermelha. A televisão chegou quando eu tinha uns 15 a 16 anos.

Você como muitos jovens da época assistia ao programa Jovem Guarda?

Claro! Gostava de ver Roberto Carlos, Martinha, Renato e Seus Blue Caps e tantos outro qie marcaram época.

Carmelina exibe um ar de realização ao mostrar os livros publicados por ela. Desde o primeiro, o qual ela classifica como muito simples, até obras realizadas para ensinar e formar novos contadores de história. O livro voltado ao ensino de Contadores de Histórias ensina as técnicas essenciais para um bom contador de histórias. Os seus alunos que fizeram esse curso dão depoimentos dos sucessos alcançados. A experiência de contar histórias em hospitais.

O atelier de Carmelina reserva uma surpresa a cada momento, quadros, muitos pintados por ela, ilustradora e artista plástica com técnicas refinadas. Sua devoção a São Francisco de Assis, tornou-a na possível recordista piracicabana de imagens do Santo. Feitas em madeira, barro, bordadas, oriundas das mais diversas partes do Brasil e até mesmo do exterior, Pessoas amigas trazem como presente. 

Dotada de um senso de humor muito positivo, poucas pessoas imaginam que Carmelina, tão doce, risonha, é uma mulher forte que já enfrentou uma mastectômica.  

Carmelina conserva seu alto astral até mesmos nos momentos difíceis, ela dá uma lição de vida. Seus livros, sua arte de ilustradora, são reflexos de uma mulher forte. De um ser humano que espalha energia positiva.

Há alguns anos fez mastectómica. Não se deixou abater. Alguns anos vivendo sozinha, algumas amigas insistiram para que ela entrasse em um site. Fez amizade que com o tempo despertou a curiosidade de se conhecerem. O pretendente em animada conversa pessoal, mostrava interessadíssimo em estabelecer um relacionamento mais sério. Carmelina mencionou a mastectômica feita há anos. De forma brusca, ele lembrou-se de que tinha um compromisso inadiável. Saiu como um fuso.

Essa é a moleca, escritora, ilustradora e contadora de histórias, uma mulher forte e bem resolvida, querida pelos seus amigos e rodeada por inúmeras imagens de São Francisco com sua sinceridade desmontou completamente o seu possível conquistador.

Segundo Carmelina, ela fez uma pesquisa junto as mulheres que tiveram câncer e pouquíssimos homens tem a coragem de enfrentar uma situação dessas, o impacto é maior quando elas ficam carecas.

Ao mesmo tempo em que é uma situação pesada, você conseguiu tornar o assunto palatável em seu livro.

Hoje sua vida é intensamente partilhada entre escrever, fazer arte com suas ilustrações e pinturas, contar histórias?

 

Hoje olho no espelho e vejo a minha história. Olho a tela branca do computador. O que escrever? A cabeça está carregada de sonhos da infância, de vida vivida, de tudo aquilo que passei e das pessoas que estavam a minha volta. E começo a escrever. Livros já saíram: “ Entrou por uma porta e saiu poi outra, quem quiser que conte outra. ”. “Caju, a minha história de amor. ” Todos os livros que escrevi, foram livros escritos depois de uma dor, uma dor profunda de perda de um amor. Uma dor que eu não queria sentir. Mas o livro saiu, e ele não foi aquele livro triste” Tem muito humor, muita alegria! Porque é isso que eu trago desde a minha infância, a minha criança, a minha alegria. O livro “Cor da Terra” a capa foi feita por mim, porque adoro desenhar.



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quinta-feira, junho 02, 2022

  

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado , 04 setembro  de 2021

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
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ENTREVISTADO: LUIZ ANTONIO ROLIM





O Professor Doutor Luiz Antonio Rolim, é uma das personalidades marcantes
na cidade de Piracicaba. Sua vasta cultura e seu carisma, envolvem desde um 
único interlocutor até uma plateia com centenas de pessoas. Carrega a 
simplicidade dos sábios. Nascido na cidade de Garça, a 1 de setembro 
de 1940, filho de Antonio Ferraz Rolim e Maria Alice Rolim que tiveram 
também os filhos: Célio Augusto Rolim, e José Carlos Rolim. 
Luiz Antonio Rolim é casado com Léia Maria Guimarães Rolim, 
Assistente Social, foi por vários anos coordenadora do 
SEAME- Serviço de Apoio ao Adolescente com Medida Socioeducativa.
São pais de quatro filhos: Fernanda, inclusive ela é Promotora de 
Justiça em Piracicaba, Titular da 4ª Vara Criminal; Fábio Coordenador 
do Instituto de Patrimônio Histórico em Brasília Cláudia e Renata. 
Tem nove netos.
 

Qual era a atividade profissional do pai do senhor?

Ele era Funcionário Público Federal, era Exator da Receita Federal. Viemos para Piracicaba, onde o meu pai permaneceu por muitos anos na então Coletoria Federal, situada na Rua XV de Novembro entre a Rua Governador Pedro de Toledo e Rua Boa Morte. O Sr. Shirley Prado, a Srta. Joana Nischimura cujo pai, Oscar Nischimura era proprietário do Restaurante Alvorada, situado na Praça da Catedral.   Outros funcionários trabalhavam também na Coletoria. Uma característica interessante é que havia uma sala cofre muito grande. Meu tio Deusdedith Ferraz Rolim era Delegado do Imposto de Renda de Piracicaba e região, isso foi por volta de 1950 aproximadamente.

Os irmãos do senhor seguiram quais carreiras?

O Célio formou-se em Pedagogia, e depois entrou no Banco do Brasil, na época trabalhar no Banco do Brasil era um cargo muito importante, o funcionário do Banco do Brasil descava-se na sociedade. O José Carlos cursou Agronomia. Tornou-se professor na Escola de Agronomia em Araras, aposentou-se e está por lá. O Célio está por aqui também. Aposentado. Minha mãe era o que na época denominavam “do lar”, portuguesa. Em decorrência disso estamos no final do processo para dupla nacionalidade, dos filhos e dos netos.

Qual é a origem do sobrenome Rolim?

A origem é francesa. Por volta de 1700 apareceu na França um tal de Nicolá Rollin. Ele foi chanceler se não me engano de Luiz XIV, era uma grande figura política, criou um hospital no sul da França. Existe um livro com a árvore genealógica da família do meu pai, não está comigo. O pai do meu pai, meu avô, Paulino Ferraz Rolim, foi professor durante muito tempo em Rio das Pedras. Tanto é que a cidade denominou uma rua com o seu nome.

Até que ano o senhor permaneceu em Garça?

Em Garça eu fiquei até 1952. A minha família continuou lá, eu fui para o Seminário de Lins. Onde permaneci por sete anos. Por isso que eu dava aula de latim! Grego, italiano. Estudava de tudo. Era a Ordem Secular. Eu era da Diocese de Marília e fui estudar na Diocese de Lins, a cerca de cento e poucos quilômetros de distância.

Como foi a adaptação, ainda um menino com 12 anos , sair de casa, para um ritmo de vida totalmente diferente, deixar a família, não deve ter sido muito fácil não.  

Acaba adaptando-se! Na realidade era um regime feudal! A educação, a disciplina, naquela época não podia conversar tal dia, mas jogava futebol, brincava, eu agradeço porque realmente lá eu tive uma educação muito estruturada, recebi o ensino de grego, latim, foi bom. A disciplina era feudal!

É o que está faltando hoje?

Se não tanto pelo menos um pouco. Na época a Igreja muito respeitada. Eu vim para Piracicaba em 1957, na época havia cerimonias Cívicas, Militares e Eclesiásticas, eram celebradas pelas autoridades cívicas, militares e eclesiásticas!

O senhor deligou-se do Seminário?

Eu saí. Minha família já estava morando em Piracicaba, vim para esta cidade. Continuei meus estudos no Instituto Sud Mennucci, cursei o que na época era chamado de “Curso Científico”. Fiz o Clássico, que era voltado para línguas, ciências humanas. Tive aulas com o célebre Benedito de Andrade, Caixeta, Arquimedes Dutra, Demóstenes, Argino que lecionava matemática. No Seminário aprendi a tocar órgão, inclusive órgão de tubo. Ficamos uns quatro anos tocando em casamento, éramos eu e o Waldir Belluco tocando violino. Tocamos em muitos casamentos, ganhávamos um dinheirinho. O Sérgio Belluco irmão do Waldir, tocava violão. Fomos tocar na escola do Mahle, na Orquestra Sinfônica de Piracicaba. Fui tocar contrabaixo. Fiquei alguns anos tocando lá. Tempo em que a Cidinha Mahle. o Maestro Ernest Mahle. Fui tocar com o Maestro Germano Benencase ( Hoje é homenageado com o seu nome dado a uma escola de São Paulo). Ele tinha uma orquestra voltada mais para reuniões, saraus, lá estava também o Egídio Rizzi (Gildinho), Waldir Belluco, uma turma muito boa. Aí eu fui tocar na Pedrinho e Sua Orquestra, ensaiávamos no salão da Banda União Operária, na Rua Santo Antonio. Nessa orquestra ei tocava contrabaixo também. Tocávamos em bailes, festas de debutantes, éramos contratados para tocar aqui em Piracicaba, em outras cidades, era uma festa!

Nessa época o senhor estava com quantos anos?

Eu devia estar com 22 a 23 anos de idade. Por volta de 1961 fui trabalhar na “Folha de Piracicaba” de propriedade de Cecílio Elias Netto, na época havia também o “Jornal de Piracicaba”, o “Diário de Piracicaba”. Na Folha estávamos Antonio Messias Galdino, eu, João Maffei. A Folha foi vendida. Fomos trabalhar com o Sebastião Ferraz no Diário de Piracicaba, na Rua Prudente de Moraes entre a Rua Alferes José Caetano e Rua Santo Antonio. No prédio que foi propriedade de Terêncio Galesi. O prédio existe até hoje. O Geraldo Nunes trabalhava lá. O Ferraz estava querendo parar de trabalhar. No fim fizemos uma negociação o Cecílio assumiu. O Ferraz saiu e mudamos para “O Diário”.. Eu digo nós porque estávamos sempre um na casa do outro, eramos muito amigos. Fiquei um tempão lá!

Nesse meio tempo o senhor lecionava também?

Não dava aulas. Só advogava. Quando terminei o curso Clássico no Sud Mennucci, entrei em Direito em Bauru, ia de carona, com o carro de um ou de outro, ia com o Milton Rontano, pai do Edson Rontani. Na época, quase todos os advogados de Piracicaba se formaram lá. Da minha época estavam o Ovídio Sátolo, o Galdino, Antonio Orlando Ometto, Pedro Negri e outros, éramos um grupo grande de Piracicaba. Me formei em Bauru, Na época surgiu uma lei que autorizava as pessoas que tivessem trabalhado um período grande em jornais, poderiam obter o título de jornalista. Através dessa lei, sou Jornalista Profissional, registrado, Eu, Galdino, João Maffei. Comecei em “O Diário” em 1963. Chegou uma época em qie o Cecílio vendeu as ações, e eu fiquei diretor. Ficamos eu, Celsinho Elias, Gabriel Elias, não sei se o Adolho Queiroz estava nessa. Tempo do Luiz Forti, João Maffei, Cerinha, Mauricio Cardoso, Mário Terra, Carlinhos Gonçalves os linotipistas eram entre outros o Sérgio, o Toninho. O operador da sala de títulos era o Manoel Mattos Filho, que aos poucos estava passando a ensinar o revisor João Umberto Nassif a operar o então “sofisticado” equipamento”!  Araken Martins, Jago. Eram diagramadores que faziam ilustrações marcantes. Grandes nomes foram colaboradores entre eles: Benedito de Andrade, João Chiarini, Caetano Ripoli, Roberto Antônio Cêra, o Cerinha. Marisa Bueloni, Alceu Righetto, Carlos Colonese. A seção “Recasos ocupava de uma a duas páginas, era um sucesso. Evaldo Vicente por um bom período foi o Editor-Chefe de “O Diário”.

Era uma época romântica?

Eu permanecia até fechar o jornal (concluir a edição). Depois saia e ia tomar chope com a turma. (Nessa época era praxe após o fechamento da edição do jornal, praticamente toda imprensa paulistana também tinha esse hábito, iam bater papo e relaxar tomando um chope, não havia internet, os grandes jornais tinham serviço de rádio escuta, o “furo” jornalístico era quase como um troféu). Ficamos um tempão em “O Diário”. O Cecílio queria ir para São Paulo, sua paixão era escrever livros. A T.Janer era a empresa que fornecia o papel para impressão do jornal. Nesse tempo entrou a Renata, irmã do Celso Elias. Filha do Toninho Elias e Inês Seghesi. Era uma luta muito grande, manter as finanças de “O Diário”. A M.D. Participações acabou adquirindo “O Diário”. O Dr. João Fleury veio trabalhar em “O Diário”. O Jornalista Nelson Bertolini também foi contratado. A essa altura eu já era vereador, tinha o meu escritório de advocacia,

Em que ano o senhor foi eleito como vereador?

Foi em 1973. Nessa época Adilson Maluf, Galdino, Jairo Mattos, também foram eleitos.

Na época vereador já tinha salário?

No início não. Os dois primeiros anos não recebemos nada.

O senhor colocava gasolina no seu veículo com dinheiro do seu bolso?

Exatamente! Não havia carro oficial, era o meu carro mesmo! Por volta de 1976 é que surgiu essa lei pagando o salário do vereador, era uma lei feita pelo governador Paulo Egydio Martins, para o Estado de São Paulo. Essa lei foi revogada. Acabamos não recebendo nada. Depois o Paulo Maluf foi eleito como Governador. Na época em que a Caterpillar veio para Piracicaba o prefeito era Adilsom Maluf, quem marcava as entrevistas com o governador era o deputado federal Athié Jorge Coury, da ARENA, jogou no Santos, foi seu presidente por muitos anos. O Adilsom p chamava de tio, o Adilson, eu, ficamos no apartamento dele em Brasília. Deixei de ser vereador e passei a ser assessor jurídico na Câmara dos Vereadores. Fui Vice-Presidente da OAB, Secretário da OAB, no tempo de Antonio Dumit Netto que foi presidente da OAB de 1976 a 1981. Foi quando conseguimos construir a nossa seção na Avenida Independência. Eu era muito amigo do Deputado Federal João Pacheco Caves e o Deputado Estadual Francisco Antonio Coelho, éramos filiados ao MDB. Reuníamos na Chácara do Pacheco Chaves. No dia em em que ele vinha ele me ligava, íamos, Adilson, Coelhinho e eu, passávamos madrugada adentro conversando. Saíamos as quatro ou cinco horas da manhã. O Adilson e eu íamos sempre à Brasília, de avião, para contatar Ulysses Guimarães. Nos reuníamos, uma ocasião em uma dessas reuniões, abordei determinados assuntos, Ulysses Guimarães, com sua sabedoria sisse: “ Rolim, não se esqueça que em política sinceridade é imprudência”. Se você é sincero na política, está brigando com ele agora, amanhã poderá precisar do voto dele em um projeto de lei!

Qual era a sua impressão sobre Ulysses Guimarães?

Gente séria, muito amigo. Ele era de Rio Claro, ele vinha sempre para Piracicaba. Eu era delegado do MDB, eu ia para São Paulo para votar nas indicações do partido para deputados, senador. Lembro-me de que em uma ocasião tinha que votar para escolher um candidato do partido para senador, havia dois candidatos: Franco Montoro e Orestes Quércia. Fomos almoçar: Coelho, Pacheco, Adilsom, Quércia. Chegou o radialista Nadir Roberto e perguntou-me: “Levando em consideração a honestidade em quem o senhor vai votar para ser candidato a senador: Franco Montoro ou Quércia? Ele gravou a minha resposta na hora ele falou muito rápido, somado ao barulho natural das pessoas falando, eu não percebi exatamente o que ele tinha dito, a não ser em quem eu iria votar, disse-lhe: “Vou votar no Franco Montoro! ”. Dali fomos para a casa do Coelhinho. O Quércia, Pacheco, fomos todos para lá. A seguir o Quércia foi embora, para Campinas, de carro, dali a uma meia hora tocou a campainha, era o Quércia,ele disse-me : “Você me chamou de desonesto! Você falou para o rásio, que entre o Montoro e eu, considerando a honestidade você preferia o Montoro”. Isso deu um rolo! Ao formular a pergunta o Nadir incluiu a palavra honesto no meio, eu não tinha percebido. Brigamos o Quércia e eu. Uns três anos depois, já era a indicação do João Hermann se não me engano, o Aprilante, o Jairo Mattos também eram candidatos a prefeito de Piracicaba, eu estava no banheiro, quando entrou o Quércia, Ele olhou feio para mim. Eu olhei feio para ele.  

Eu estava lavando as mãos quando ele me perguntou “Você está bravo comigo ainda? ”. Disse-lhe que não. Voltamos as boas. Teve uma época em que o Mugão foi para São Paulo, como assessor do Quércia. Fepois ele foi candidato a vereador, e todo mun o conhecia como Mugão. Ele disse-me: “Rolim, o problema é que todo mundo vai votar no Mugão! Meu nome é José Inácio Sleimann. Como é que faz?  Entrei com uma retificação de nome, incluindo no nome dele “Mugão”. Ficou José Inácio Mugão Sleimann.

O senhor começou a dar aulas na Universidade Metodista de Piracicaba a partir de quando?

Comecei a dar aulas na UNIMEP a partir do dia 1º de agosto de 1980. O Conselho se reunia para para aprovar os pretendentes. Na época éramos três: Hercílio Bigni, Victor Hugo Tejerina-Velazquez e eu. Fomos os três aprovados por unanimidade. Comecei a lecionar na Universidade em 1980 onde trabalhei por 37 anos lecionando. Quando entrei o reitor era Elias Boaventura.

Advogado militante, o Professor Rolim atuou em defesa de um cliente importante. O advogado da acusação fez um calhamaço de 50 páginas com os itens acusatórios, sendo que a primeira página estava com apenas uma frase: “Existem razões que a própria razão desconhece”. Parafraseando Blaise Pascal, filósofo, físico, inventor, teólogo, e matemático francês que afirmou “O coração tem razões que a própria razão desconhece”. O Dr. Rolim elaborou a defesa, com todos os requisitos necessários, e na primeira página colocou apenas a frase: “Há algo de podre no Reino da Dinamarca”; William Shakespeare. A citação de Hamlet: “Há algo de podre no reino da Dinamarca” já indica ao leitor que não se trata somente de uma vingança, mas de algo ainda pior, algo que transgrede a natureza humana. O advogado da parte contraria telefonou, tinha gostado da citação! Ficaram amigos!

Outra passagem folclórica aconteceu quando Dr. Rolim era vereador. Toda vez que ocupava a tribuna era incessantemente interrompido por um determinado vereador que também era fiscal. O impertinente vereador não deixava Dr. Rolim falar. Sempre interrompendo. Isso foi ficando irritante. Em determinada sessão camarária, Dr. Rolim iniciou dizendo: “ Quero parabenizar o vereador (citou o nome do implicante colega), como sendo um vereador autuante!  E discorreu fortes elogios utilizando a palavra autuante. O vereador não percebeu a sutileza entre as palavras atuante e autuante, uma referência a sua profissão de autuar infratores, na sua função como fiscal. Embevedo pelo “elogio”, o vereador ficou de peito estufado. Nunca mais interrompeu Dr. Rolim quando este ocupava a tribuna!

O senhor tem quantos livros lançados?

Lancei dois livros: um é de Direito Administrativo, nos últimos semestres eu dava aulas de Direito Administrativo. O título é: “ A Administração Indireta as Concessionárias e Permissionárias em Juízo” outro livro é voltado a Introdução do Direito Romano, que é o livro “Instituições do Direito Romano”, que está na 4ª Edição. Esgotada.


 

 

Continuo recebendo citações referentes a essas obras, sendo que o livro Introduções de Direito Romano dos Estados Unidos, Portugal, Espanha, Argentina. Eu fiquei no seminário, estudando latim, Quando acordávamos o chefe de disciplina ia ao dormitório e dizia: “Benedicamus Dominus”   (Bendito seja o Senhor) nós falávamos “Deo Gratias” (Graças a Deus). O latim me ajudou muito e facilitou a fazer o livro. Com as mudanças de leis, um livro de Direito Administrativo por exemplo, tem que passar por revisões periódicas, e as vezes dá mais trabalho revisar um livro do que o escrever

Qual é o segredo para manter esse bom humor?

Tenho muitos amigos, antes da pandemia nos reuníamos semanalmente, para “jogar conversa fora”, hoje também usamos o meio digital para bater papo. Um grupo se reúne nas terças-feiras, outro grupo se reúne nas sextas-feiras, esse grupo tem uns vinte anos, fazemos um jantarzinho.  Gosto muito de cozinhar. Infelizmente essas ocasiões ficaram raras, usamos o WhatsApp para as reuniões. Cozinho em casa para os netos! Também gosto de viajar, já andei por boa parte da Europa, de carro, fui para a Índia, Nepal.

O senhor é religioso?

Sou católico, cursilhista. As vezes dou uma palestra.

sábado, novembro 07, 2020

LUIS FERNANDO MAGOSSI (GORDO DO BARCO)

 

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 07 de novembro de 2020

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/ 

CRÉDITO FOTOS E FILMAGENS:    HELDER PRADO, RICARDO CASSIMO
ENTREVISTADO:  

 LUIS FERNANDO MAGOSSI

 

(GORDO DO BARCO)

 




Luis Fernando Magossi tem uma paixão indescritível pelo Rio Piracicaba. Uma amizade antiga entre ele e o rio, que já os tornou irmãos. Luis não vive sem o Rio Piracicaba. O Rio Piracicaba retribui acolhendo Luis como seu amigo e benfeitor.


                    ALÍVIOS JOVENS QUE SERÃO SOLTOS NAS ÁGUAS DO RIO PIRACICABA POR LUIS FERNANDO







Luis Fernando Magossi nasceu dia 20 de março de 1962, em Piracicaba.

Em que bairro você nasceu?

Nasci na Rua Tiradentes, próximo da Rua do Porto. Meus pais são Persão Magossi e Maria José Jordão Magossi. Ambos eram professores.

O curso primário você fez em qual escola?

O primário estudei uma parte na Escola Paroquial São Norberto, no Bairro São Judas Tadeu, a outra parte fiz em São Paulo, quando a minha mãe escolheu a cadeira de professora em Ferraz de Vasconcelos, o ginásio estudei no Mello Ayres, em Piracicaba.

Você chegou a ser aluno do seu pai?

Fui aluno da minha mãe, do meu pai não.

Você é casado?

Sou. Com Lucimar Regina Custódio, temos uma filha, a Juliana.

Você estudava e trabalhava, ou só estudava?

Eu estudava e trabalhava. Meu primeiro emprego foi na Organização Fisher Contábil, situado no subsolo da Rádio Educadora de Piracicaba, a Rua Boa Morte, era de propriedade de dois irmãos: Joaquim Celso Fisher e Airton Fischer. Dali fui trabalhar na Ajax Baterias, de propriedade do Arnaldo, dali fui para a Assistec Equipamentos para Laboratório. Dali segui a vida, fui trabalhar na Júpiter Processamento de Dados, Júpiter Bolachas. A Júpiter era de propriedade de S.L. Alves, Sérgio Leopoldino Alves. Na época ficava na Avenida Cassio Paschoal Padovani. Entrei como auxiliar de custos, passei a ser operador de computador e posteriormente para programador de computador. Fiz alguns cursos de computação, mas na época os profissionais tinham que aprender fazendo! Não havia essa profusão de escolas de formação nessa área. Era um segmento muito novo. Trabalhava muito.




Da Júpiter você foi trabalhar em que local?

Passei a trabalhar em São Paulo, embora tenha continuado a morar em Piracicaba. Lá eu exerci por uns seis anos a função de Programador de Computador. Era funcionário contratado. Trabalhei na Max Factor, produtos cosméticos, na Pró- Estética Produtos Cosméticos, fazia assessoria para várias firmas: BDO; HOS Engenharia; Up-Date. Sem falsa modéstia, eu era muito bom nessa área, só que prometi que nunca mais iria trabalhar com isso! Quando comecei ao equipamento era Burroughs 6900, depois entraram os mini-computadores, no caso foi a LABO 8034; depois passou para LABO  8043. Na Júpiter eu já trabalhava com o LABO 8043.

E dava muitos problemas de hardware? (No jargão da informática, a “ a máquina dava muito pau”)?

Dava trap 111, trap 147. Era comum ocorrer muitos erros. A memória era com Disco Rígido de 33 Megabytes. Era o chamado “Panelão” pelas suas dimensões enormes. As meninas que trabalhavam durante o dia, para fazermos o procedimento final do dia, elas não conseguiam levantar o disco, pelo peso dele. Um computador 8043 com 256 Mb de memória ocupava uma sala de 2 x 3 metros.

Você trabalhou com equipamentos IBM também?

Tive uma proposta para ir trabalhar em ambiente IBM, mas não quis porque eu já estava de volta para Piracicaba.

Em 1984 a Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba, o Mendes me procurou, eles queriam implantar um sistema de computador aqui, tinha um rapaz que trabalhava comigo, por sinal muito inteligente, viemos para Piracicaba e nós implantamos o sistema no computador na Cooperativa da Cana. A linguagem utilizada era o Basic. Eu não gostava das linguagens Cobol, Assembler. À linguagem Assembler é bastante complexa. Implantamos o sistema em Piracicaba, inclusive o pagamento da cana-de-açúcar pelo seu teor de sacarose. Antigamente o pagamento era feito por tonelagem. Depois que implantamos o sistema começou a ser levado em consideração o “brics” da cana, que é o teor de açúcar da cana. E pagava o fornecedor de acordo com o teor de açúcar da cana. Era a forma mais justa de se pagar a cana. O agricultor que tratava bem a sua cana, fazia a adubação, tudo certinho, a cana revertia para ele em açúcar.

Nessa época você tinha que idade?

Por volta de 20 e poucos anos. Foi nessa época que começou a minha história com o barco. Eu estava pescando no Rio Piracicaba, esperando um amigo chegar, eu estava tarrafeando no posso. (Jogando uma malha de pesca, a tarrafa, em um local onde o Rio Piracicaba tem uma profundidade bem maior do que os demais lugares). Naquela época era permitido tarrafear no poço. Nisso parou um automóvel Corcel II amarelo, tipo “Pacheco”, era o Mendes da Cooperativa, ele me chamou, eu estava com barco a remo, encostei o barco, ele então disse-me: “ Luizinho, tem um pessoal comigo, do Paraná, eles vieram para um casamento (De algum parente do Mendes), você não os leva para dar uma voltinha de barco? Respondi-lhe: “-Lógico! ”.  Levei 5 ou 6 pessoas, duas voltas exatamente o mesmo percurso do passeio de barco hoje. Impressionante! Ba segunda-feira o Mendes me chamou, na época eu pesava 75 a 80 quilos, ele me chamava de Luizinho. Ele disse-me: “-Porque você não faz esse passeio que você fez com eles, mas cobrando? ”. Essa ideia surgiu com ele: Antonio Mendes de Barros Filho.







Você já tinha pensado nisso antes?

Já tinha pensado alguma coisa nesse sentido. A minha mãe dizia que do jeito que eu gostava do Rio Piracicaba ela nunca tinha visto nada igual. Eu morava no Bairro Noiva da Colina, próximo a Concessionaria de caminhões Pirasa. Tinha dias que eu sauiá de casa as quatro e meia da manhã, com a varinha nas costas, e eia a pé, eu tinha vergonha de tomar ônibus com vara de pesca e tralhas de pesca. Ia a pé pescar na Rua do Porto, ficava até a noite pescando. Por volta de 1982 minha mãe disse: “Do jeito que você gosta do Rio Piracicaba, você vai ter que viver pelo rio! ”. Isso permaneceu em minha cabeça. A dica que o Mendes deu, para que eu fizesse passeio de barco, mais as coisas que a minha mãe aconselhava, resultou na minha ligação com o Rio Piracicaba. Meu pai também gostava muito do Rio Piracicaba. 



Atualmente o passeio de barco faz qual trajeto?

O barco sai do Pier da Rua do Porto, em frente à Rua XV de Novembro, desce o Rio, passa embaixo da Ponte do Morato, anda 100 metros e volta. Cada volta leva 14 clientes. Se tiver cheio. Mas se tiver apenas uma pessoa, também faço o passeio.




Esses passeios são mais frequentados por crianças ou por adultos?

Adultos! Bem mais adultos do que crianças.

Todos com equipamentos de segurança, coletes?

O barco segue todas as regras da Marinha do Brasil, se não obedecer, não vai! Sou extremamente chato com segurança, limpeza e cuidado.

O barco é de alumínio ou de madeira?

É um barco da Turis Bolt, próprio para turismo, quando foi feita a fabricação do barco, solicitei deles que os bancos fossem feitos em alumínio tubular, para ficar mais clean, mais despojados, com isso conseguimos fazer um espaçamento lateral entre bancos, de 90 centímetros, para que passassem cadeirantes. Tenho uma rampinha no barco, chega o cadeirante, colocamos a rampinha, embarcamos o cadeirante, tem capacidade para levar seis cadeirantes cada volta de barco. Levo-os lá para trás, de ré, travo a cadeira, todos com colete salva-vidas, eles curtem o passeio e adoram! O nosso passeio tem muitos diferenciais, levei 24 anos para conseguir emplacar esse passeio. Quem deu o sinal verde e apoiou foi Barjas Negri. Ele disse: “ O projeto é ótimo! É tudo por sua conta? Então pode fazer! ”. O Omir Lourenço era o Secretário de Turismo, também apoiou. Semana retrasada fui a uma reunião com o Barjas, para solicitar algumas coisas, porque eu cuido do Rio, como se fosse a minha casa. Na reunião o Barjas disse: “Vou falar para você algo que nunca falei: o passeio de barco, nos últimos10 anos foi uma das coisas mais positivas que já teve em Piracicaba! ”. O passeio já tem 12 anos. Para mim esse passeio é a realização de um sonho de 24 anos. Não desisti. Minha mãe dizia: “ Se você gosta, é isso que você tem que fazer! ” Deu certo, é um sucesso até com turistas estrangeiros. Desse passeio de barco surgiram todos os programas de televisão que eu fiz. Trabalhei no programa “Terra da Gente” da TV Globo, onde eu fiz comida para eles, como convidado, por sete anos. Agora fiquei um ano e um mês na Band no programa “Estação Viola Brasil” junto com Mazinho Quevedo, ontem fiquei na casa do Mazinho até a meia noite. Eu fazia um quadro chamado “Panela Velha”.


Você é um bom cozinheiro também!

Em tom de brincadeira, Luis responde: “Bom eu não sei, mas grande eu sou! Sou o maior cozinheiro de Piracicaba: 126 quilos!

Qual é a sua especialidade?

Minha especialidade é tudo que for de comer! Faço o que pedirem. Só que eu provo bastante antes! (risos).

Se alguém quiser fazer uma festa, você faz?

Hoje eu não faço mais. Tive bufê por 20 anos. Chamava-se “Clube do Churrasco”. Não faço mais porque o barco ocupa muito o meu tempo. Isso sem contar o Instituto Beira Rio. Todo o meu tempo dedico a essas duas atividades. No mês em que comecei com o barco, em 2008, parei co o bufê.


Quantas voltas de barco você faz por dia, aproximadamente.

É muito relativo. Sábado passado dei seis voltas no dia. Domingo umas vinte voltas!

Chego a dar 30 voltas! Se chegar você e seu filho, eu não vou deixar vocês esperando completar o número de passageiros! Espero uns 5 ou 10 minutos e já desço. Já conta como uma volta. Se chegar uma pessoa, ela irá passear de barco.

Você já levou noivos no barco?

Já! Levei noivos, aniversariantes, já fiz festa de aniversário dentro do barco, já fiz de tudo! Até programa de televisão! O primeiro programa do Sérgio Reis, se não me engano o nome do programa era Sertanejo Raiz Brasil. Foi dentro do meu barco! Foram: Sergio Reis, Cesar e Paulinho, Craveiro e Cravinho. A primeira pessoa a pisar no meu barco, no dia da inauguração, dia 1° de agosto de 2008 foi o radialista muito famoso em Piracicaba, o Garcia, já falecido. Ele, a mulher, a filha e a Giovanna.

É rentável?

Eu vivo disso, trabalho muito, é difícil, motor é caro, a manutenção é cara, andar no rio exige muito conhecimento. Hoje estou andando com 29 centímetros de água. Nem os fabricantes do barco, o pessoal da assistência técnica do motor acredita! Pedem para mandar filmagem para eles. Está muito difícil navegar no Rio Piracicaba com esse nível baixo de agua. Eles pedem para mandar a filmagem para eles para verem como estou conseguindo navegar. Não acreditam o que eu faço com o barco. Por isso estou comprando as brigas pelo meu Instituto com o Sistema Cantareira.

Como funciona o seu Instituto?

É uma ONG de nome Instituto Beira Rio, que realiza diversas atividades: limpa o Rio Piracicaba, solta peixes, planta árvores, faz palestras, procura conscientizar as novas gerações para a importância do eco sistema, muitas vezes o próprio barco é a “sala de aula”. Com todos os aparatos de segurança, vamos até o meio do Rio Piracicaba e ali, no local, conversamos, vou em escolas realizar palestras, tudo de graça e sem burocracia. É impressionante o interesse dos jovens por tudo que se refere ao rio.

Que motor usa o barco?

É um motor Mercury 100 HP.

Muitos estrangeiros já passearam nesse barco?

Nossa! E bastante! Desde esquimó do Alaska, canadenses, americanos, muitos, da África do Sul, Japão, muitos coreanos.

Você tem página no facebook?

Tenho! Passeios de barco Piracicaba:

https://www.facebook.com/PasseioDeBarcoRioPiracicaba

Instagram: https://www.instagram.com/invites/contact/?i=opfjmpbxj5ht&utm_content=iwqcq28

 

Tem que ter amor pelo Rio!

Eu sou apaixonado! Já cheguei a sentar no barco as nove horas da manhã e levantar para ir ao banheiro do Orlando Lovadini, depois sentar no barco e só sair as oito horas da noite! Uns sete e meia da noite fui levar a minha esposa, meu ajudante ficou olhando o barco, chegou uma turma, sai da Rua do Porto as 8:20 da noite, descemos de barco daqui até o Tanquã, chegamos lá as duas horas da manhã.

Se for o caso você vai até o Tanquã?

Às terças, quartas e quintas feiras eu faço o passeio de barco até lá embaixo, desço o Rio. Até pouco tempo eu tinha uma chácara lá, o passeio incluía almoço, piscina, tinha de tudo. Embora tenha vendido a chácara, continuo oferecendo o almoço, acho o local que tenha algum rancho, faço o almoço e tudo.

O barco tem iluminação?

Não tem iluminação! Se tiver iluminação no barco você não enxerga fora do barco a noite! O barco tem que ser bem escuro. Tem a iluminação de segurança da Marinha, que é a luz de bombordo e luz de boreste, luz vermelha e luz verde, que a Marinha exige. Se eu ligar a luz do barco você não enxerga mais para fora! O Rio Piracicaba a noite é um capítulo a parte! É lindo! Costumo falar para o pessoal que dentro das minhas veias não corre sangue, corre água do Rio Piracicaba! De tanto que gosto do rio! Gosto mesmo!


Você costuma nadar no rio?

Hoje não mais, a não ser quando vou tirar uma arvore ou alguma coisa que atrapalha a navegação. Antigamente nós matávamos as aulas para vir no trampolim, para ir no Salto do Rio Piracicaba. Eu estudava na Escola Estadual 'Professor Elias de Mello Ayres, você lembra-se daqueles tubinhos de sal de frutas da ENO, em um vidrinho colocávamos óleo de cozinha, em outro palito de fósforos e no terceiro vidrinho sal. Levava uma frigideira velha de casa, deixava escondido isso tudo no Salto. Pegava mandi-chorão com a mão, pegava peixe piquira com a camisa, cascudo com a mão. Isso dava uma fritada, fritávamos lá no Salto do Rio Piracicaba, batendo papo, sem celular, sem internet, conversa sadia, pulava de ponta-cabeça no Salto! Que maravilha!

Tinha muito cascudo?

Tem ainda! Pelo meu Instituto, através de uma pareceria, temos várias parceiras, nós já soltamos em nove anos e meio, 1.100.000 alevinos juvenis.

Com o barco você trabalha todos os dias?

Trabalho sábados, domingos e feriados na Rua do Porto. Nos outros dias se você quiser fazer um passeio eu faço, só que tem que ter um número mínimo de 12 pessoas. Levo repórter que deseja fazer pesquisa, matéria, corro atrás, comunico a imprensa, a CETESB.

O pessoal da ESALQ tem interesse nesses passeios?

Não. O único que conversa comigo quase todos os dias é o Professor Claudio Hadad da zootecnia. Ele é um amante do Rio Piracicaba! Adora o rio! Infelizmente até hoje só quatro vereadores andaram de barco.

Você conheceu o navegador José Luiz Guidotti?

Conheci! Era meu amigo. Infelizmente ele faleceu antes que eu inaugurasse o barco. Ele era especialista em traçar viagens.

Todo rio tem segredos?

Muitos! A navegação em rio é dificílima.

O piloto de barco tem que ter uma habilitação especial?

É uma habilitação específica para barcos. Sou piloto, tenho uma carteira expedida pela Marinha do Brasil. A carteira de Arraes amador não pode trabalhar profissionalmente como eu trabalho. A minha responsabilidade é muito grande.

Como é o nome do barco?

“Passeio Panorâmico Piracicaba I”

O pessoal da marinha, bombeiros, tem contato com você?

Já fiz uma palestra para a marinha. E umas dicas de pilotagem na Rua do Porto. Eu estou de prontidão e atendendo sempre que eles me procuram. A Marinha é uma instituição seríssima. Bastante exigentes. Mas tem que ser assim. Com relação ao Corpo de Bombeiros, sou amigo de todos eles, o meu barco está sempre a disposição para qualquer atendimento de prestação de serviço p[público de emergência. Sou parceiro.

Como está a mata ciliar do Rio Piracicaba?

Em alguns pontos está ótima, em outros pontos está muito degradada. Quando foram fazer o Estudo de Impactos AmbientaisEIA/Rima para a barragem de Barra Bonita, que ia sair ali em Santa Maria da Serra, fui contratado por uma empresa, andamos 16 dias, 500 quilômetros de caminhonete e uns 200 quilômetros de rio. Foi feito o levantamento por quadrante das matas ciliares de Piracicaba. Relação das árvores. Tem muita coisa boa.

Qual é a distância da Rua do Porto até o Tanquã pelo rio?

Até a minha chácara 75 quilômetros.

De barco quanto tempo demora?

Depende do motor. Se for devagar leva umas 5 horas. Conforme o motor leva uma hora, se estiver correndo.

Correr em rio é muito perigoso?

Se estiver cheio sim, se o rio estiver baixo não anda.

Acima do salto, acima da Ponte Irmãos Rebouças, mais conhecida como Ponte do Mirante, você já andou?

Já! Pesquei bastante ali. É muito bonito. Conheço bem os lugares rio acima. Até Caiubi, remando levava quatro horas.





Quantos anos você tem de Rio Piracicaba?

Com 6 anos de idade, eu nasci em 1962, já ia pescar com o meu avô o peixe piau chamburi.

Qual era o nome do seu avô?

Rosário Jordão.

Você é parente do Jairo Ribeiro de Mattos?

É meu primo, recém-falecido. Quando ele iniciou a construção das casas, na época não havia nenhuma. Ele precisava de uma pessoa que colocasse catalogado a lista de colaboradores, arquivos, isso logo que ele assumiu, na época ele me contratou. O meu salário ele pagava do bolso dele! Foi um grande homem! Na época unifiquei os arquivos, eu sabia de cor o nome de uns 90% dos colaboradores do Lar dos Velhinhos. A primeira casa construída fica logo na entrada á direita, ajudei a dar umas cavoucadas no alicerce!

Depois disso que você foi trabalhar com computador em Piracicaba?

Foi! Além do Labo tinha uma impressora B-600 matricial. Escrevia 600 linhas por minuto! Como citei acima, trabalhei com informática, por muitos anos em São Paulo e depois aqui em Piracicaba. Tinha um sócio, só que eu andava descontente, fui a uma festa com a minha namorada, a festa estava sem graça, sentamos nas proximidades, ficamos conversando com o pai dela e Airton Rabello. Esse Airton me perguntou se e eu conhecia alguém que quisesse comprar um açougue perfeito. Na época eu tinha um Passat novinho. Disse a ele: “-Vamos lá ver! ”. Fui lá ver comprei o açougue do homem.

Parece uma característica de muitos que trabalham com computador por duas, três décadas, geralmente criam uma aversão à área.

Pelo menos eu não aguentava mais.

As águas são tratadas nas cidades que despejam suas águas, formando o Rio Piracicaba?

Infelizmente não. Piracicaba faz o dever de casa, mas algumas cidades acima despejam em ribeirões uma carga de poluição.

Que tipos de peixes existem no Rio Piracicaba?

O jaú praticamente sumiu. Pintado tem pouco. Tem alguns tipos de lambari, piava, mandi,bagre, corimba, piapara. Piracanjuba, esta tinha sumido nós voltamos com ela.Depois tem dourado, pacu.

Qual foi o maior peixe que você pescou?

Não peguei peixe grande não. Peguei dourado de 7 quilos, dia 31 de dezembro de 1996 peguei um pintado de 31 quilos.

Qual foi o objeto mais estranho que você encontrou no Rio Piracicaba?

Uma caminhonete F-1000 inteirinha! Com rodas, motor. Tem muita garrafa pet, sacolinha plástica.

A Covid-19 atrapalhou o movimento dos passeios de barco?

Bastante! Fiquei seis meses parado! Agora como todo mundo voltou, eu voltei, seguindo todas as recomendações, do pessoal da saúde. As normas da Saúde. A limitação do barco é pela metade, se for você com a sua família e totalizarem 10 pessoas, vão as 10. Mas se forem pessoas estranhas, separo com uma fileira de bancos.

Se a pessoa estiver em São Paulo e quiser dar um passeio de barco precisa fazer reserva com antecedência?

Não há a necessidade de marcar, assim que ela chegar em Piracicaba ele já pode ir.

Se quiser fazer um passeio especial, com churrasco em uma chácara, aí é bom marcar com antecedência?

Tem que marcar para um desses dias: terça, quarta, quinta e tem que ser para doze pessoas. Geralmente eu faço um prato típico, o que o pessoal mais pede é a galinhada. Faço paella (paeja), só que aumenta o custo, o segundo prato é arroz com suan. Arroz com carne seca desfiada, é o conhecido “arroz de romeiro”.

Quando tem a Festa do Divino você participa?

Participo, faço o passeio, acompanho o Barco do Divino, faço o passeio na hora em que os barquinhos estão subindo para encontrar o barco dos devotos que estão descendo. Aí eu venho atrás dos barquinhos, sem provocar ondas. É lindo! Maravilhoso! Sou apaixonado pelo Divino! So devoto, colaboro e faço parte da Irmandade do Divino. Sou um dos colaboradores do Terço dos Homens do Divino Espírito Santo. Principalmente na soltura de peixes e na limpeza do Rio Piracicaba contamos com a participação da Prefeitura Municipal de Piracicaba. A Prefeitura sempre é nosso parceiro. Em nove anos soltamos 1.100.000 alevinos. Tudo isso começou com o Josias Zane que era prefeito de Santa Maria da Serra, foi procurado pela empresa AES Tietê Energia S.A, que é concessionária das barragens, queriam fazer uma soltura de alevinos. O Zane conversou com o Moura que tomava conta do barco da Santa, e me convidaram, estou junto nessa parceria até hoje. Consegui que essa parceria fosse estendida até o Tanquã. Lá tem mais profundidade, mais vegetação para proteger os peixes, As nascentes dos rios estão sumindo, as lavouras estão soterrando as nascentes. Logo o Rio Corumbataí não irá conseguir abastecer as necessidades da população de Piracicaba. Os teóricos precisam andarem de barco, percorrerem as águas. 

















































Você já resgatou alguém no Rio Piracicaba?

Após eu ter iniciado o passeio de barco, já fiz 43 regates de pessoas. São pessoas que estão morrendo afogadas, corro com o barco e pego. Tenho até um gancho no meu barco para isso. A maior parte no “Poço do Rio Piracicaba”, lugar famigerado por sugar a pessoa para baixo.

Quantas medalhas você ganhou por salvar essas vidas?

Medalha? Nem Moção de Aplauso! Não tenho nenhuma medalha, reconhecimento, nada. Tenho sim, a satisfação impagável de ter salvado tanta gente! Ajudo quem eu posso, alguns até por ética prefiro não citar, mas sempre tem alguém buscando informações sobre o Rio Piracicaba, e são objeto de conhecimento, de vivencia no rio. Não estão disponíveis. O rio é vivo, é mutável. Tenho muito à agradecer minha mãe pela grande força que sempre me deu, a minha esposa Lucimar, que sempre compreendeu e apoiou o meu trabalho. Ao falecido grande radialista Xilmar Ulisses, amigo do meu pai desde pequeno e Orlando Lovadini que fez o Tiro de Guerra junto com o meu pai. Esses dois últimos também me apoiaram muito com relação ao passeio de barco.

 



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