PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E
MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 13 agosto de 2016.
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 13 agosto de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados
no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos: tp://blognassif.blogspot.com/
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http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADA: NILCE MOREIRA
Nilce Moreira nasceu em
Piracicaba, filha de Dirceu Moreira e Zoraide Amâncio Moreira, que tiveram 10
filhos: Nilce, Nadia, Nilson, Neusa, Nilton, Nazareth, Nívea, Nanci, Nivail e
Nivaldo. Seu pai mudou-se de Sorocaba para Piracicaba com a finalidade de
trabalhar nas Indústrias Dedini, no período em que a empresa estava em seu
auge, por volta de 1959. Nilce residiu a Rua Antonio Bacchi, estudou no SESI
onde teve como diretora Josette Bragion. A seguir estudou como auxiliar de
enfermagem na Escola Industrial e o curso Técnico em Enfermagem cursou na
Escola da Saúde de Piracicaba - Esaup
Após concluir seus estudos em que área você
foi trabalhar?
Entrei para a área da saúde como
Técnica de Enfermagem em hospital. Trabalhei em uma empresa de Campinas para a
Caterpillar do Brasil em Home Care (No Brasil, o termo Home
Care foi adotado como sinônimo de inúmeros serviços oferecidos por uma empresa,
tais como: internamento domiciliar de saúde, atendimento domiciliar de saúde,
assistência domiciliar de saúde). Eu trabalhava em uma empresa que dava
assistência só para funcionários da Caterpillar.
Sua área de atuação era em que
cidade?
Era em Piracicaba. A seguir fui
trabalhar no Hospital da UNIMED onde permaneci por oito anos, no tempo em que o
hospital situava-se ainda na Rua Fernando Febeliano da Costa esquina com a
Avenida Carlos Botelho. Um dia me ligaram para atender a uma paciente, indicada
pelo Dr. Leandro Sacchetin, médico oncologista que atende no Hospital dos
Fornecedores de Cana de Piracicaba – HFC. Fui indicada para atender a paciente
Beatriz Algodoal.
Quem era Beatriz Algodoal?
Beatriz Algodoal era filha de Jaime de Andrade Algodoal e
Zenaide de Andrade Algodoal. Jayme de Andrade Algodoal formou-se em agronomia
pela Escola Superior de Agricultura –ESALQ, por volta de 1920. Jaime e Zenaide
tiveram dois filhos: Armando de Andrade Algodoal e Beatriz de Andrade Algodoal.
Qual é a relação do nome Algodoal com Piracicaba?
A origem do nome Algodoal é o algodão. João de Oliveira
Algodoal nasceu em 1868 foi casado com Izaura de Andrade Algodoal são os pais
de Conceição, Rita, Rafaelina , Jaime, João Batista. Eles eram plantadores de
algodão, foram os “reis do algodão” nas redondezas. Em função dessa relação de
grandes proporções com o algodão, o nome Algodoal foi incorporado ao nome da
família. Eu conversava muito com a Beatriz, ela observava muito o sobrenome da
pessoa, através dele ela já tinha referências.
A família Algodoal morava em que local?
Eles saíram de Brotas, foram para Santa Maria da Serra,
São Pedro, e o João de Oliveira Algodoal adquiriu por volta de 1900 um imóvel
em Piracicaba, que é preservado até hoje em sua forma original, muito bem
conservado. Segundo relato verbal, anteriormente o imóvel tinha sido Casa de
Farinha da cidade, João de Oliveira Algodoal adquiriu o imóvel da viúva de
Fernando Febeliano da Costa. João de Oliveira Algodoal reformou o imóvel, é
composto por cerca de 12 cômodos. Ele trouxe os filhos de Brotas para estudar
na Escola Normal de Piracicaba, mais tarde
denominada Sud Mennucci.
O Bairro do Algodoal tem alguma relação com a família?
Toda aquela área fazia parte de uma enorme extensão de
terras que ia até a cidade de São Pedro pertencia à família. A área onde
atualmente é a Avenida Carlos Mauro pertencia a um primo. A área onde hoje é o
Hotel Fazenda SENAC pertencia aos primos.
A família Algodoal era muito grande, João de Oliveira Algodoal é um dos
16 filhos, sendo que cinco dos seus irmãos faleceram precocemente. A origem da
família era a Vila da Constituição, nome dado anteriormente à cidade de
Piracicaba. As raízes da família são de imigrantes europeus. Alfonso Agostinho
Gentil de Andrade nascido em 1813 e falecido em 1890 é bisavô materno de
Beatriz Algodoal. Há indícios de que a origem pode ser de descendentes de
judeus, isso me foi dito pela própria Beatriz.
O que a motiva a preservar e resgatar o patrimônio e a memória
da família Algodoal?
A princípio manter a tradição da família Algodoal, A casa
por ser um imóvel histórico, tombado pelo poder público constituído, desde
2002, é um patrimônio da cidade. Ela está preservada com toda a sua
originalidade. É parte integrante da História de Piracicaba, está dentro do
corredor cultural da cidade. Entrar nesta casa é uma viagem através do tempo, é
a história viva. Traz uma paz, jamais se imagina estar no centro da cidade. Os
afrescos nas paredes estão inteiramente preservados. O avô materno de Beatriz
Algodoal era Sebastião Nogueira de Lima casado com Zenaide Nogueira de Lima.
Quando ele veio para Piracicaba sua residência era em uma chácara no Bairro
Dois Córregos. Depois ele adquiriu a casa situada a Rua Santo Antonio, em
frente ao Restaurante Monte Sul, no local está a loja de tapetes Porta Larga. O
Dr. Sebastião tinha quatro filhas, uma delas era a Zenaidinha, mãe da Beatriz. Quando
nasceu o Armando, filho de Zenaidinha e Jaime de Andrade Algodoal o seu pai,
Jaime, plantou um pé de ipê, era costume na época, plantar uma árvore quando
nascia uma criança. Isso foi registrado em um livro pelo Dr. Sebastião Nogueira
de Lima. Esse livro estava no apartamento da Beatriz, um bisneto do Dr.
Sebastião resgatou o livro em que narra essa passagem, do nascimento e do
plantio da árvore.
Há descendentes da família Algodoal em Piracicaba?
Sim, existem muitos.
Como era Beatriz Algodoal?
Ela gostava muito da arte, ela era uma artista. Era muito
interessada por História. Ela estudou na Escola de Belas Artes em São Paulo,
morava em um apartamento no Bairro Higienópolis. Lá ela também mantinha um
ateliê.
Quantos quadros ela pintou?
Aproximadamente uns 500 quadros! Recebeu muitos prêmios
no Brasil e na Europa. Hoje sou a curadora do acervo de Beatriz de Andrade
Algodoal. Quando a conheci, vim para exercer a minha profissão, com o passar do
tempo percebi que estava diante de uma grande artista, ao mesmo tempo em que
ela passou gradativamente a delegar-me tarefas que iam além do meu trabalho
inicial. Passei a cuidar de suas tarefas burocráticas, normais ao cidadão
comum, até o seu falecimento. A Beatriz pintou vários quadros tendo como tema
partes ou cômodos da casa da sua família em Piracicaba. Uma das suas obras é a
fachada do Mosteiro da Luz, situado em São Paulo.
Beatriz de Andrade Algodoal
Nilce conheceu uma grande artista
natural de Piracicaba: Beatriz de Andrade Algodoal nascida a 28 de janeiro de
1943, tendo como nome artístico Beatriz Algodoal. “Que desde cedo se dedicou a pintura e ao
desenho, estudando na Fundação Armando Álvares Penteado e Associação Paulista
de Belas Artes, teve como professores Inocêncio Borghese e Salvador Rodrigues
Jr. Fez cursos de Arte no Brasil e na Europa. No campo do desenho trabalhou com
bico-de-pena e guache, tendo como tema principal a arquitetura colonial
brasileira. Com sua pintura impressionista (Pinturas que não
tinham preocupação com o preceito do realismo ou da academia, surgiu na França
no século XIX, em 1872 com Claude Monet) “Beatriz buscou sempre uma integração
com a natureza, retratando sua vibração, luminosidade e cores. Beatriz Algodoal
foi uma artista de grande senso estético, dominando com perfeição a escola
acadêmica-impressionista e dotada de enorme sensibilidade. Seus quadros,
poeticamente interpretados, transmite-nos uma agradável sensação de paz e
alegria.” Isso foi dito pelo artista plástico Celso Coppio a 17 de junho de
1988 em uma exposição realizada em Curitiba. Beatriz Algodoal participou das
exposições: Salão da Paisagem Paulista realizado pela Associação Paulista de
Belas Artes em 1976 onde recebeu a “Medalha de Bronze”; Salão de Arte de São
Bernardo do Campo em 1976 onde obteve a “Grande Medalha de Bronze”; Salão de
Artes Plásticas da Aeronáutica em 1977 no Rio de Janeiro; Salão de Artes
Plásticas da Sociedade Artística Batista da Costa em 1977 no Rio de Janeiro;
Salão da Primavera APBA em 1978 foi premiada com o “Troféu Rosa de Bronze”;
Salão de Artes de Embu em 1978 onde conquistou a “Pequena Medalha de Prata” e “Prêmio
Luiz de Almeida Carvalho”; Feira
Internacional das Artes em 1978 em Nova Iorque; Salão Paulista de Belas Artes
em 1978 “Menção Honrosa”; Salão Sociedade Amigos do Salão Paulista em 1978
“Pequena Medalha de Bronze”; Exposição Coletiva na Galeria “Mestre das Artes”
em São Paulo no ano de 1978;Salão de Maio da Sociedade Brasileira de Artes em
1979 no Rio de Janeiro; Salão de Artes Plásticas de Itu em 1982 “Grande Medalha
de Bronze”; Coletiva de Artistas Brasileiros no “Centre Internacional d`Art
Contemporain” em 1984 em Paris “Grande Medalha de Bronze”; I Mostra de Arte
Contemporânea Brasileira em Portugal 1985 – Lisboa “Pequena Medalha de Prata”;
Academia Brasileira de Arte,Cultura e História em 1985 “Medalha da República”
realizada em São Paulo; XVI Salão da Primavera APBA 1985 “Troféu Durval
Pereira”; XVII Salão da Primavera APBA em 1986 “Troféu Deputado Estadual Luiz
Carlos Santos”; 43º Salão Livre da Associação Paulista de Belas Artes 1986
“Troféu Ettore Federichi”; 49º Salão Paulista de Belas Artes 1987 “Pequena
Medalha de Prata; I Salão Nacional de Artes Plásticas São Paulo Rio Grande do
Sul 1987 “Premio Secretaria Municipal de Cultura” São Paulo; Individual Club
Athletico Paulistano 1987; Individual Club Athletico Paulistano 1988; Coletiva Sociarte Club Monte Libano; 46º
Salão Livre A.P.B.A. “Troféu Ettore Federighi”1988;
Membro do Juri XIX Salão da Primavera
A.P.B.A. 1988; Membro do Juri I Salão de Arte Contemporânea de Ubatuba em 1989;
Individual São Paulo Hilton Hotel 1989. Conforme noticiado em “A Tribuna
Piracicabana” de sábado, dia 3 de abril de 2004: “Na Galeria do Engenho Central
foi feita a abertura da exposição as 11h30 da artista plástica Beatriz
Algodoal, também professora de arte”. O Jornal de Piracicaba em matéria
assinada por Celiana Perina, também anuncia a exposição complementando: “Apesar
de ser filha da terra, é a primeira vez que realiza uma exposição individual no
município, já que sua carreira foi bastante difundida em São Paulo. A prática
diária e a habilidade natural, despertada na infância, lhe conferem uma
intimidade com a pintura ao ponto de criar uma obra em cada duas horas,
espontaneidade chamada de “Alla prima” (pintura espontânea). Beatriz também faz
questão de criar ao vivo cada um dos quadros que confecciona já que gosta de
expressar em suas telas o que sente e vê no momento. “Minha pintura é bastante
intuitiva e tem uma relação forte com a natureza. Gosto de retratar a
luminosidade do por do sol e usar cores vibrantes”. Na mostra foram expostos 52
quadros em óleo sobre tela e em estilo impressionista, pintados em marinhas de Itanhaém,
paisagens de parques paulistanos como Ibirapuera, Jardim da Aclimação, Parque
da FAU-Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, Horto Florestal, além
de interiores, flores,e naturezas mortas. Beatriz também pintou as belezas do
Rio Piracicaba Em sua opinião a cidade tem tradição em artes plásticas. A
pintora atuou por dez anos como professora de história da arte”.
Beatriz de Andrade Algodoal preencheu
Ficha de Adesão de Novos Sócios da Associação Piracicabana dos Artistas
Plásticos tendo como principal atividade artística Artes Plásticas – Pintura.
Outra modalidade declarou a Pesquisa Histórica. A ficha foi preenchida a 15 de
fevereiro de 2004 tendo como sócio proponente Eduardo Borges de Araújo.
A repercussão da mostra de Beatriz Algodoal em Piracicaba
foi grande. Artistas e público se manifestaram em louvor a grande artista que
fazia a sua primeira exposição na cidade em que nasceu após conquistar outras
terras. A seguir um dos comentários:
“A vida diária é um aprendizado sistemático. É a “lei do
menor esforço”, nós a praticamos sistematicamente devido ao nosso comodismo
inato. Por isso o hábito, visceralmente em nós arraigado, de condenar tudo e
todos. É mais fácil condenar do que julgar. Em se tratando de “obra de Arte”,
mais que especialmente, os nossos polegares se voltam para baixo, num
pronunciamento tácito mas irreversível. Difícil, porém, é julgar com retidão e
equilíbrio, de maneira justa e perfeita.Mas em se tratando da obra pictórica de
Beatriz Algodoal, que ora expõe na Galeria do Engenho Central, em Piracicaba, o
nosso espanto é o nosso julgamento: uma surpresa, uma “epifania” no verdadeiro
sentido etimológico da palavra. A mencionada artista se revela com um
verdadeiro ex abrupto, surpreendendo
a todos nós pela ousadia da sua temática, a coragem de suas pinceladas
marcantes, sinceras e nítidas como um autentico stacatto dentro de uma frase musical. Toda essa exposição nada mais
é do que uma sinfonia no estilo de Brahms, com todos os seus fortes e pianos,
os seus solos e seus tutti num
vibrante uníssono em que a cor e o desenho, a matéria e a forma se encaixam
dentro da moldura do Belo” Lupo da Gubbio, AD 2004”.
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