sexta-feira, setembro 30, 2016

BENEDICTO JORGE (BEJOTA)

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 20 de agosto de 2016.
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/ 



ENTREVISTADO: BENEDICTO JORGE (BEJOTA)
Benedicto Jorge é filho de João Batista Jorge e Maria José Barbosa. Nasceu a 29 de novembro de 1940. Seus pais tiveram nove filhos sendo que dois faleceram ainda muito novos.
Qual era a profissão do seu pai?
Meu pai era lavrador cultivava algodão, arroz, feijão depois passou a plantar cana-de-açúcar. Trabalhei na zona rural até meus quinze anos, trabalhei com o meu pai na lavoura, cortei cana-de-açúcar. Primeiro moramos em um local denominado Fazendinha, depois fomos para a Fazenda Dona Antonia, mudamos para o Bairro Monte Alegre, em um local onde hoje é conhecido como Água Seca, chamava-se Sítio Renata, de propriedade de Lino Morganti, isso foi em 1951. Lá eu cursei o primeiro e o segundo ano na Escola Rural Pedro Moraes Cavalcanti, situada no Bairro Dois Córregos. Quando o Lino Morganti vendeu, nós saímos de lá e mudamos para o local chamado Monte Olimpo, localizado logo após passar pelo aeroporto. Hoje não existe mais nenhuma casa daquela época derrubaram tudo. Lá foi bem melhor para mim, cursei o terceiro e quarto ano na Grupo Escolar Marques de Monte Alegre. Lá que conheci Geraldo Zaratin.







Você chegou a estudar enquanto trabalhava em alguns desses sítios? 
Quando morávamos na Fazenda Dona Antonia estudei na Escola Rural do Campestre, era uma casinha pequeninha. Lembro-me de que eu levava ovo, minha mãe dava para eu vender para a professora, ia todo empalhadinho. A professora pegava um dos ovos que já tinha comprado e mandava cozinhar para me dar na hora do recreio. Era uma verdadeira mãe. Permaneci nessa escola por uns seis meses apenas.
Morando no Bairro Monte Alegre você trabalhava?
Como fui um bom aluno, fui um dos melhores alunos da escola, obtive a nota final 95, a máxima era nota 100! O Professor Oswaldo Walder quis me ajudar. Ele conversou com a direção da Usina e arrumaram o serviço de office-boy no escritório da Usina. Iniciei em 1955, entregava papéis pelo pátio inteiro da fábrica, descia correndo, queria voltar logo para aprender datilografia. Servia café para o pessoal. Comprava alimentos, principalmente para o pessoal que morava na cidade, ia ao armazém, comprava verduras, comprava, encaixotava cada um tinha um box, eu deixava no lugar, certinho. Naquele tempo os funcionários iam de ônibus até as suas casas para almoçar, passavam no Box, pegavam o que eu tinha trazido.



Em que local ficava as casas desse pessoal?
Aqui, em Piracicaba. Naquele tempo não existia refeitório, ninguém tinha. Do Bairro Monte Alegre até Piracicaba demorava uns vinte minutos a meia hora. Eram duas horas para o almoço.



Você casou em que ano?
Casei-me com Edna Aparecida Morciani Jorge a 23 de julho de 1967, eu tinha 27 anos. O casamento foi na Igreja São Judas Tadeu, o padre era um holandês cujo primeiro nome era Otto. A lua de mel foi em Santos. Ela morava aqui “na cidade” como chamávamos Piracicaba, ia visitar umas primas que moravam lá em Monte Alegre, conhecemo-nos no cinema. Lá tinha salão de baile, cinema, clube, tinha tudo que uma pequena cidade possuía na época. Namoramos cinco anos, ela era contadora também, formamo-nos no mesmo ano, em 1963. Comecei estudando na Escola de Comércio Cristóvão Colombo, mais conhecida por Escola do Zanim, fiz a transferência para o Instituto Piracicabano, estavam começando a fundar a Unimep.



Após casados vocês foram morar em que local?
Fui morar com a minha sogra, na Rua Dona Eugenia, 2369. Nessa época fui convidado pelo Pedro Fúlvio Morganti para assumir a contadoria da fábrica de papel. Fui trabalhar como chefe de escritório. Chamava-se Refinadora Paulista S/A, quem deu esse nome foi eu, era uma espécie de filial da usina, a contabilidade era toda junta. Fui incumbido de separar e assim fundei a Refinadora Paulista S/A Celulose e Papel. Isso foi em 1968. Permaneci até 1975 trabalhando lá. Acabei fundando um clube, o Silva Gordo tinha adquirido a empresa, ele pagava muito bem os funcionários, dia 30 era depositado o salário de todos os funcionários, ele era dono do Banco Português do Brasil, pagava direitinho, só não deixava dar adiantamento para o pessoal, naquela época tínhamos 800 funcionários, e nesse numero de pessoas algumas tinham suas necessidades imprevistas, só que não era norma da empresa fazer adiantamentos. Fundei o Papyrus Clube Recreação e Beneficência. Durante um ano fiz um fundo para poder dar empréstimos ao pessoal que precisasse e também para fazer alguma recreação. Todos os funcionários associaram-se. Tínhamos uma sede, cedida pela própria usina, eles gostaram da iniciativa. Permaneci na empresa até 30 de junho de 1975.  Entre a Usina Monte Alegre e a Refinadora Paulista S/A Celulose e Papel eu tinha 20 anos de serviços prestados. Eu pedi a minha demissão. Fui trabalhar AM uma empresa que era Sociedade Anônima, a Colina Mercantil, com o Aldo Rizzardo. Permaneci por seis meses na empresa. Fui trabalhar na empresa Marrucci, com o Adelmo Marrucci. Permaneci uns oito meses. Um dia o Antonio Lubiani veio até a minha casa, convidou-me para trabalhar com ele. Ofereceu-me um salário quarenta por cento maior. Fui trabalhar na Lubiani Transportes. Era uma empresa que tinha poucos caminhões, só tinha um Scania Vabis, em sociedade com outra empresa. Aumentei o capital da empresa, os bancos abriram crédito, eu tinha procuração para assinar cheques so com o meu nome pela empresa, por oito anos assinei cheques pela Lubiani Transportes, os proprietários eram Antonio e Herminio Lubiani, dois irmãos. Estabeleci regras financeiras para a empresa. A Caterpillar estava começando a se instalar em Piracicaba.No meu entender isso foi um fator de sorte para a empresa Lubiani Transportes. Transportamos todo o material da construção da empresa, quando ela começou a funcionar passamos a transportar os seus produtos. Tivemos esse privilégio. Crescemos juntos com a Caterpillar, foi o nosso grande desenvolvimento. E também a Fábrica de Papel Oji. Aqui tem uma passagem muito interessante, até certa época outra empresa era responsável pela totalidade dos transportes de papel, só que em determinada época, os carreteiros dessa empresa fizeram greve, o superintendente da fábrica que na época chamava-se Refinadora Paulista, era José Ramos, perguntou-me se eu conhecia alguma transportadora. Tínhamos que retirar 200 toneladas de celulose em uma empresa de São Paulo tinha uma semana de prazo para retirar ou perderia a cota.





                           RETRATO A LÁPIS DE SEU FILHO FEITO POR BENEDITO JORGE

Foi feita alguma proposta especial para a Lubiani Transportes?
O Antonio Ramos disse-me que se fosse realizado o serviço no tempo determinado ele daria metade dos transportes do produto acabado para a Lubiani Transportes. O serviço foi realizado, e assim AA metade dos transportes de papel passou a ser feita por nós. Naquela época a empresa tinha apenas três caminhões “toco”. Ele se virava, arrumava carreteiros e fazia transportes. Foi assim que começou a Empresa de Transportes Lubiani Ltda. Quem me ajudou muito foi o Didi Cardinalli, os caminhões iam viajar na segunda feira e eu precisava de dinheiro para dar aos motoristas fazerem a viagem. Eu descontava um cheque com elem. Permaneci na Lubiani Transportes por oito anos, onde eu era o Gerente Administrativo Financeiro. Tinha um comprador, eram cotados os preços com três fornecedores, mas quem fechava o negócio era eu.
Você tinha o comando financeiro da empresa?
Tinha, e sempre procurei estar bem atualizado, participava de congressos, buscava sempre inovar. A empresa cresceu bastante. Saí da empresa e fiquei alguns meses sem nada para fazer. Eu tinha um vizinho, o Chicoca, que revendia pneus. Disse a ele que gostaria de estudar como era feita a ressolagem de pneus. O fato de ser conhecido como gerente da Lubiani ajudou-me a visitar diversas empresas de ressolagem, junto com o Chicoca. Eu queria montar uma recauchutadora de pneus. Por seis meses fiz pesquisa de mercado em Piracicaba, Campinas, São Paulo. Isso foi em 1983 a 1984. Todas que eu tinha visto, o processo era a vapor, até que vi uma cujo processo era diferente., usava óleo quente. Fui informado que em Sorocaba tinha uma empresa recauchutadora a venda. Fui até lá, fiz os levantamentos necessários e deduzi que em um ano ele se pagaria. Era uma empresa com mil clientes cadastrados. Cometi um erro, deveria ter levantado capital no banco e adquirido. Mas procurei por algum tempo várias pessoas para associarem comigo no empreendimento. Isso demorou um pouco de tempo. O pessoal da revendedora de caminhões Quinta Roda indicou-me a Grisoni Transportes de Campinas, eles tinha uns 100 caminhões grandes. Contrataram-me como Gerente Administrativo Financeiro. Um dia, almoçando, um dos proprietários da Grisoni questionou-me sobra meu interesse em comprar uma recauchutadora de pneus. Fez a proposta de adquirirmos em três: a Grisoni, eu e o Paulo, que foi gerente da revenda Scania.





Visitamos a empresa Irmaos Bornia Industria Maquinas que fazia as matrizes, fechamos o negócio. Convidei o Dr.  Frederico Alberto Blaauw para ser o meu advogado, ele fez o contrato de compra e venda lá mesmo. Compramos a empresa, em um ano ela auto se pagou. A empresa chamava Sorocap Recuperadora de Pneus Ltda. No segundo ano compramos dois caminhões, eu comprei uma autoclave que fazia dez pneus a cada vez. Comprei uma caldeira nova. Remodelamos muitas coisas. Montamos uma revenda de pneus em Itapetininga. Eu dei o nome: Itaetê Pneus. Itaetê significa uma pedra dura, algo forte. Eu dei esse nome porque lá tem muitos nomes indígenas, o próprio nome Itapetininga é de origem indígena. O nosso fornecedor de pneus era uma empresa de Recife. Ela foi vendida para uns japoneses, eles pararam de fornecer todos os clientes menores. Como tínhamos outros fornecedores a empresa se mantinha. Por motivos de ordem interna, decidi me desligar da empresa, troquei a minha parte na empresa por outras duas empresas em Santo Antonio de Posse: uma metalúrgica a NCH do Brasil Ltda. que fazia guinchos para rebocar automóveis, fazíamos os motores hidráulicos e a caçamba, fazíamos também caçamba para caminhões de coleta de lixo. Para transportadoras de lenha. Esses motores nós vendemos também para uns garimpeiros do Rio Madeira. Eram motores hidráulicos.  A outra empresa, era uma agro pecuária. Fazíamos iscas para bicudo e a gaiaolinha para prendê-los. Bicudo é uma praga que ataca o algodoeiro. Nosso maior cliente, e único, era o Governo Federal, através do Ministério da Agricultura, em função disso eu tinha que ir muita a Brasília Isso foi em 1985, 1986. Nessa época eu morava em Sorocaba e hospedava-me em uma pensão em Santo Antonio da Posse onde permanecia de segunda a sexta-feira. Foram uns dois anos desse jeito. A NCH do Brasil usava o nome de uma empresa holandesa, a NCH, vendemos a empresa aos holandeses.
Em que você foi trabalhar?
Montei uma empresa de transportes junto com Antonio Lubiani, ele tinha adquirido uma empresa, a Vale do Sol Transportes, Sempre tive um bom relacionamento dentro de grandes empresas. Nessa época eu tinha um veículo Caravan, meu filho me ajudava a fazer as cobranças em São Paulo. Roubaram um caminhão, não tínhamos seguro, passaram-se uns quatro a cinco meses, roubaram o segundo caminhão. Eu tinha capital de giro que era suficiente para adquirir um caminhão. Ai veio o Plano Collor, de um dia para outro fiquei com cinqüenta reais no bolso! Nesssa época morava em Sorocaba, voltei a morar em Piracicaba, o Antonio Lubiani convidou-me para trabalhar com ele, deu-me o cargo de vice-presidente.



 Cheguei a adquirir dez caminhões Scania Vabis em uma única vez, só que eu fazia leasing, um bom negócio para a empresa, entra como despesa. O pessoal de consórcio queria fazer negócio conosco, soque não era tão vantajoso como o leasing. Com isso levantei a empresa. Só que a empresa tinha adquirido muitos caminhões através de consórcio. Para diminuir as dividas da empresa, usei de um atifício legal, o pessoal de consórcio nunca cumpriu o prazo de entrega, todo prazo excedente de 30 dias montei um mapa e transformei em juros, com isso ganhei o valor equivalente a um caminhão. Transformei a empresa em uma holding, havia no almoxarifado um estoque de peças enorme, inclusive muitas peças que não se usava mais, por exemplo, peças para caminhões Alfa-Romeo. A empresa já não tinha mais esse tipo de veículo. Montamos uma revendedora de peças, uma empresa de revenda de pneus, uma empresa de seguros,  u,a e,presa de corretagem, uma rede de postos de gasolina. Meu primeiro trabalho foi montar uma rede de postos. Lembro-me que fui até a Petrobrás e recebi em dinheiro da época, 50 milhões, com juros de um por cento ao mês. O posto existe até hoje, é o Posto Lenhador, fica próximo a Ripasa, a margem direita do rio, pertence ao município de Limeira. Eu tinha condições de vender combustível para os carreteiros que chegassem para a nossa própria frota e ia fazer um convenio com os funcionários da Ripasa. Fui pioneiro em construir postos de gasolina em pré-moldados no Brasil.Fiz uma estrutura para montar um restaurante digno, para motoristas. Procurei no Hotel Escola de São Pedro informações sobre cardápio, queria montar um audiovisual, de tal forma que enquanto o motorista estivesse se alimentando estaria assistindo e aprendendo alguma coisa. Banheiros dignos.Com outros recursos construí um barracão de 2.000 metros quadrados, minha proposta era oferecer esse barracão para a Ripasa depositar o seus produtos nesse barracão, sem cobrar nada.Fiz um estudo para montar um barracão em Jacareí, a empresa Suzano era na margem direita do rio, eu estava adquirindo um terreno em Jacareí para montar a empresa lá,  levei até dois engenheiros para ver o local, fui falar com o prefeito de Jacareí. Ele disse-me que tinha um negócio melhor para mim, ofereceu uma área, que era em frente a Suzano.Projetei um barracão de 2.000 metros quadrados ara uso da Companhia Suzano de Papel e Celulose, a idéia era montar com transporte aéreo, passando por cima do rio, vamos ceder gratuitamente à empresa Suzano. Fiquei negociando com os donos da área, eram nove sócios, em razão de diversos fatores gerados por um numero tão grande proprietários, acabamos não realizando o negócio. Algum tempo mais tarde saí da empresa.





A seguir qual foi a sua próxima atividade?
Montei um escritório de contabilidade: Adição Assessoria Administrativa e Informática Ltda. junto com a minha esposa, que também era contabilista. Permanecemos com a empresa por uns cinco anos, faz uns seis a sete anos que paramos. No ano passado ela faleceu.
Você usa computador com os recursos que ele oferece?
Uso. Adaptei-me com certa facilidade. 
Quantas instituições você fundou?
Papyrus Clube Associação e Beneficência; Associação Amadores de Astronomia de Piracicaba; Observatório Municipal de Piracicaba;  Oscip Pira 21; Associação Brasileira de Racauchutadores de Pneus; Associação dos Transportadores de Carga; Primeiras Discussões sobre a criação do SEST/SENAT realizada no Rio de Janeiro; Holding Século XXI; Loja Maçônica Liberdade e Trabalho; Adição Assessoria Administrativa e Informática S/C Ltda.. Participação na Administração de várias entidades como: ACIPI; Conselho Coordenador da Entidades Civis de Piracicaba por mais de 30 anos; Sindicato dos Contabilistas de Piracicaba por 30 anos sendo 17 anos como Tesoureiro; União dos Escoteiros do Brasil – UEB Grupo de Escoteiros Tamandaré por cinco anos, sendo nos dois últimos amos chefe do grupo.
Você tem atuação em atividades artísticas?
Cantei por sete anos no Coral da Caterpillar, eu era baixo, minha mulher contralto. Ela faleceu, eu sai.
Dizem que você está participando de grupo de teatro, é verdade?
Apareceu uma propaganda em dos jornais da nossa cidade, fui fazer a inscrição. Isso foi no começo do ano. Telefonei, perguntei se tinha idade para fazer o curso de teatro. Disseram que tinha que ser maior de dezoito anos. Disse-lhe: “Estou com 75 anos!” A
menina consultou alguém e disse-me “Pode sim !”. 
Em que local é o ensaio do teatro?
No SESI do Distrito Industrial, próximo ao Bosque do Lenheiro. Aquela avenida fui eu que mudei o nome, era  Winston Churchill hoje é Av. Luíz Ralph Benati, ele trabalhou 32 anos na Mausa, depois trabalhou comigo na Lubiani. Fiquei brigando por dois anos. Escrevendo artigos no jornal.
Você escreve artigos para o jornal?
Escrevo esporádicamente e sobre assuntos que me interassavam.
Quantos artigos você tem escritos?
Tem bastante, estão no meu computador. Dá para fazer outro livro. Alguns dos artigos eu já passei para esse livro que em breve devo lançar.
Como é o ator Bejota?                        
A partir do dia primeiro de janeiro de 2016 eu deixei a barba crescer. Chequei no SESE barbubo, a menina que me atendeu começou a fazer inscrição para o Grupo da Terceira Idade. Eu disse-lhe que não era para a terceira idade, eu tinha ido em função da propaganda que eles tinham feito. Ela ligou para a professora, ela foi muito dinâmica, veio correndo, e fez a minha inscrição. E estou lá.
Quais são suas atividades lá?
Por enquanto estamos em estudos teóricos. São feitas dinâmicas de grupo. Ficam todos descalços, fazemos alguns exercícios físicos, exercícios de respiração, todos ficam sentados, só eu que ao invés de sentar-me no chão fico sentado na cadeira.
A sua convivência com faixas etárias mais jovens é muito interessante.
Fiz até um poema sobre uma peça que realizamos. Depois que fiz a segunda poesia à minha esposa estou me tornando poeta. Já fiz muitas poesias. A Secretária da Cultura, Rosangela Camolesi, incentivou-me a fazer inscrição em um concurso de prosas e poesias. Fiz um conto e mandei. Escrevi esse conto em 2010. Chama-se “Homenagem à Marco Aurélio”. Atualmente estamos ensaiando uma peça para ser apresentada em novembro. Os ensaios são às terças e quartas feiras.
Você teve quantos filhos?
Tive cinco filhos: Gladstone, Isabelle, Cibelle, Marcel e Michel.
O sobrenome Jorge tem qual origem?
Pelas pesquisas que fiz acredito ser de origem árabe. Eu até abordo esse aspecto em meu livro.
Você escreveu um livro?
Escrevi ! Está pronto para ser impresso, já tenho o “boneco” pronto, está aqui, chama-se “Além da Sombra da Primavera”. Está dependendo apenas de pequenas correções e principalmente de patrocínio. É um livro com250 páginas, é um livro autobiográfico.
Como surgiu a idéia de fazer esse livro?
Surgiu quando uma estagiária de psicologia e seu marido estavam escrevendo sobre o Conselho Coordenador das Entidades Civis de Piracicaba, fazendo pesquisas ela leu meus artigos. Um dia ela me telefonou e sugeriu que eu escrevesse um livro. Sou conhecido como Bejota, foi o saudoso jornalista Geraldo Nunes que me deu esse apelido, quando eu escrevi para o Jornal de Piracicaba.
Quando eu trabalhei na Lubiani Transportes criei uma fórmula, desenvolvi e coloquei em um gráfico, para medir o índice de crescimento da empresa. Na primeira gestão em que trabalhei na Lubiani Transportes foram oito anos, a empresa cresceu 49% ao ano. Eu disse à minha filha Cibelle; “No dia em que eu escrever um livro vou colocar nele essa fórmula!”. Minha filha disse-me: “Pai! Quem quer escrever, escreve logo!”. Comecei a escrever naquele dia! Levei oito anos escrevendo este livro. Em 2008 passei por uma cirurgia cardíaca, por oito meses tive que passar por fisioterapia, o meu amigo Cesário Ferrari, empresário piracicabano que atua em diversas áreas, inclusive a de saúde, colocou três funcionários de uma de suas empresas para cuidar da minha recuperação. Sou muito grato a Cesário Ferrari por esse gesto.
A atual fábrica de papel Oji, anteriormente era denominada como Refinadora Paulista, em meu livro conto a história dessa empresa desde o primeiro tijolo. Fui o primeiro contador da Refinadora Paulista.


Qual é a sua relação com a empresa Caterpillar do Brasil, através da empresa Lubiani Transportes?
Através da Lubiani Transportes, nós que transportamos todo material para a construção da fábrica Caterpillar em Piracicaba.
Você conheceu Geraldo Zaratin?
Eu menciono o Geraldo Zaratin em meu livro, fui vizinho dele, éramos contemporâneos.
Há também poesia em seu livro?
Há os poemas "Poeta" que compus em 1962, demorei dois dias para escrever e "O último adeus" que em vinte minutos estava pronto, compus na madrugada de 7 de julho de 2015

Poesia composta para a futura esposa:

POETA

Benedicto Jorge(Beny)

Poeta !?  Eu poeta !? Quem me disse ser poeta ?
Jamais tive loquaz facúndia
Neste paupérrimo cogitar ...!
Nunca pensei, confesso,
Com tal privilégio contar.

Porém ... estranho estímulo ...
...Diga, por favor,
Quem és ?
Näo me faças palpitar.


Oh ! Por que foges assim ...!
Idilista, tenebrosa insinuação
Jogaste-me num encapelado oceano,
Sem que soubesse nadar.

Mas, persistente , sou
Lutarei até o fim.
Apelarei aos Deuses Mitos
Caso minha força e insinuação näo der.

Suplico a ti, Netuno,
Conserva-me, ao menos flutuante.
E vós, cônjuges-Musa e Febo,
Dai-me uma inspiração eloquente.

E tu, Estrela Escarlate,
Se não decantada és pela plêiade universal
Evidencia à tua oponente Lua,
Que és afoíta, poderosa e sobrenatural.

Lumias com teu fulgor
Digas, por que sentimos assim?
...Se e o prazer da vida... se o contrário dela...
...Se paixão... ciúmes...amor...

Ah ! Até que enfim tenhas razão,
Tudo, tudo mesmo, claro ficou!
Qualquer um torna-se poeta,
Quando esse intruso, intrometido e estúpido
Cupido, nos toca o coração!








Poesia composta em homenagem â sua esposa quando soube que ela faleceu


ÚLTIMO ADEUS, EDNA
BENEDICTO JORGE (BEJOTA)

Descendentes de imigrantes da velha Itália
Foste a mulher da minha vida
Dos 17.516 dias que ao meu lado viveste
Dirigiste muito bem, nossas economias
E por que não? a minha vida!
          Foste singela na aparência
          Adepta aos bons costumes
          Sempre ignoraste os perfumes
A companheira, a parceira de todas as horas
Acompanhava-me nos eventos sociais
No trabalho, na tristeza ou na alegria
Correspondias à expectativa 
Do público das pessoas, onde passavas
          Espírito sempre presente,
          Ao primeiro toque
          Não hesitavas uma contra dança.
          O público vibrava, aplaudia
          Apoiando nossas intemperanças
Despojada das vaidades,
Cumpriste a tua missão
Entregaste a alma a Deus, muito rapidinho!
Numa terça-feira, o dia que Ele escolheu.
          Retornaste aos páramos, ao seio donde vieste,
          Com louvores do Senhor
          E das graças recebidas
          Dos muitos amigos e parentes, que aqui deixaste
          Que te contemplam e te dão o Adeus final
          Neste minuto pendente, que restou.
Gloria ao Pai Eterno!”
Este é  e será  o nosso bordão
De um homem apaixonado
Que te entregas ao chão “Mãe Terra”
Implorando o teu perdão
Encerrando com estas palavras,
Do fundo do coração.
          Para completar tua meta terrestre e
          Juntar às estrelas no infinito
          Espera por mim no Portão,
          Não demores!
          Senão, eu grito: ...Ednah…!
Num passado  não tão distante
Daquele abraço apertado, do beijo sufocado,
Que tu nunca negaste, não.
Deste poeta  de araque, inxerido.
Que sempre te amou,
E continuará te amando!
de  alma e coração.
























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