segunda-feira, julho 14, 2008

A divergência dos relógios

"A divergência dos relógios é o princípio fundamental da relojoaria."
Machado de Assis




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Ivana Maria França de Negri













PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras



Entrevistada: Ivana Maria França de Negri

Piracicaba tem um Carlos Drummond de Andrade de saias. Assim como o poeta mineiro, a poetisa e escritora Ivana Maria França de Negri é extremamente sensível. Gosta de gente, da natureza, tem fé e é uma sonhadora. Extremamente observadora, dona de uma sensibilidade aguçada faz poesias com seu coração, sua alma, seu ser. É a forma que ela encontrou ainda menina, de criar um diálogo com o mundo. Realiza a sua catarse escrevendo. Coloca sua alma, espírito e sentimentos em sinais gráficos. Consegue sintetizar sua dor pelo sofrimento de seres vivos, destila sua ironia ao que não tem remédio imediato, sem trovejar contra situações que só o tempo mudará. Ivana é uma daquelas pessoas nascidas muitos anos antes da sua época. Seus sentimentos estão acima da disputa por migalhas do auto-reconhecimento. Quer ser excluída de toda e qualquer forma de incensos que se diluem como nuvens de fumaça. Não vocifera contra a insensatez humana. Apenas descreve cenas, como um pintor que retrata a humanidade. Para defender aqueles que não tem vozes, em um esforço supremo, usa a sua própria voz, expressa com toda a sua potencialidade artística a selvageria que o homem civilizado usa para desfigurar o que a mãe natureza com sua suprema sabedoria criou. A ironia da obra de Ivana é subliminar. Quantas vezes por dia um médico dita ao seu paciente: “-Não coma carne vermelha”. Ou ainda: “-Procure consumir verduras, legumes”. Sem que ela saiba, é mais uma batalha ganha. Da mãe natureza e de Ivana. Nascida em Piracicaba, filha do engenheiro agrônomo, que foi professor da Esalq até aposentar-se Prof. Geraldo Victorino de França e de Zilda Giordano V. de França, são seus irmãos: Maria Graziela de França Helene e Maria Fernanda de França Cabrini e o médico Dr. Geraldo Victorino de Franca Júnior. Casada com o médico radiologista Dr. Cássio Camilo Almeida de Negri, é mãe de três filhos: Cassio Fernando França de Negri (médico radiologista) Ana Camilla França de Negri Kantovitz (jornalista) e Ivan Gabriel França de Negri (advogado). Sua sogra com muita saúde e disposição aos 95 anos de idade é Dayr Plats Almeida de Negri. Seu genro Waltinho Kantovitz foi jogador de basquete do XV de Novembro de Piracicaba, por muitos anos, hoje está cursando Medicina em Campinas. Ivana é integrante do Grupo Oficina Literária de Piracicaba(Golp), Centro Literário de Piracicaba (Clip) onde já foi presidente e vice-presidente. Colaboradora do Jornal de Piracicaba desde 1996, da Tribuna Piracicabana há seis anos, da Gazeta de Piracicaba, do Linguagem Viva, Gazeta Regional e Jornal Cenário. Com mais de 70 premiações em concursos literários, em estados brasileiros e outros países, participação em mais de 30 antologias, 25 participações em corpo de jurados de concursos literários. Tem textos publicados em periódicos da Itália e Argentina. Integra a Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais há dez anos. Além do livro infantil: “Izabella, uma gata que pensa que é gente” ela é autora do livro “Meus Contos Prediletos” e “Minhas Crônicas Preferidas”.
Você é natural de Piracicaba? Sou piracicabana, nascida no dia 8 de agosto de 1954. Fiz o primário, no Colégio Imaculada Conceição em Campinas, depois viemos morar em Piracicaba aqui estudei no Colégio Assunção, quando ainda era dirigido pelas Irmãs de São José e depois fiz Magistério no Sud Mennucci. Eu me casei muito cedo, aos 18 anos, meu marido cursava o terceiro ano da faculdade de Medicina em Brasília.
Ivana, esse livro é lúdico desde a capa, já que não se sabe de início onde é capa e contracapa uma vez que estampa os dois títulos como surgiu?
Esse livro é uma compilação dos contos e crônicas que eu publico na imprensa em Piracicaba.
Como poetisa, um dos seus temas prediletos é sobre ecologia, animais?
Hoje está muito em voga falar da água, um líquido precioso, que pode faltar no futuro. (Ivana nos brinda declamando a seguinte poesia)
“A água nossa de cada dia”

Pai do céu, da água e da terra,
A água nossa de cada dia
Nos daí hoje
E perdoai os nossos desperdícios
De agora e de sempre
Desde o raiar dos séculos.
Santificadas sejam as límpidas fontes
As corredeiras e as nascentes
E benditos os rios, os lagos e os mares.

Venham a nós as abençoadas chuvas
Seja feita a vossa vontade,
Assim na terra, como nas águas e nos céus
Não nos deixeis cair em prostração
E livrai-nos da seca, da sede
Dos áridos desertos,
E da ganância do bicho-homem,
Para que rios de lágrimas de arrependimento
Não venham correr em nossos olhos
Amém

É comum passarmos em ruas não só de Piracicaba, mas de outras cidades também e vemos uma pessoa com uma mangueira lavando a calçada, ou varrendo a calçada com a mangueira ligada, qual é a sua opinião sobre o assunto?
Eu acho que a pessoa não tem nem consciência do que ela está fazendo! Ela acha que está limpando a calçada, quando na verdade está desperdiçando um líquido precioso! Poderia varrer a calçada, juntar o lixo, e depois jogar um balde de água. A pessoa tem que criar uma conscientização. Se ela tem filhos, netos, pensar no futuro deles! A velha e boa vassoura deveria ser mais usada!
Você participou da diretoria da Sociedade Piracicabana de Proteção aos Animais por 11 anos. Quais são as obras realizadas por essa entidade?
Não estou mais na Sociedade Protetora, mas continuo atuando. É uma paixão que eu tenho por animais. Isso é parte integrante da minha vida. O trabalho mais importante de uma associação desse gênero é o trabalho educativo. Ficar só recolhendo animais abandonados implica em conseguir novos lares para eles, e torna-se impossível que todos encontrem um novo dono. Essa situação acaba gerando muito stress. As pessoas que acham um cachorrinho, um gatinho, não só nos comunicam como também julgam que devemos encontrar um abrigo para eles. Arrumar um novo dono. Isso é uma utopia!
Filhotes de animais são muito bonitinhos, quando há uma doação em praça pública, muitos tem o impulso de levar para casa sem considerar que esse animal irá crescer e durar muitos anos?
Isso acontece muito! As pessoas não usam o bom senso! Elas adotam e depois passam a reclamar que o animal faz muito xixi, muita sujeira, estragou o sofá. Não querem mais, como se eles fossem coisas descartáveis! Isso ocorre mesmo com animais de pequeno porte.
Qual é a melhor solução para uma situação dessas?
Se a pessoa não tem absoluta certeza de que irá cuidar direito não deve adotar o animalzinho. Tem que dar carinho, alimentação, freqüentar veterinário. É um ser vivo. Isso tudo tem um ônus. Se a pessoa fizer tudo conforme deve ser feito é quase o custo de um membro da família.
Qual é a alimentação mais indicada para um animal?
Acredito que a ração é a melhor forma de alimentá-lo. Trata-se de um produto balanceado, com todos os ingredientes necessários á boa saúde. Eles acostumam com esse tipo de alimentação. A comida pode ocasionar complicações, como diarréia, por exemplo. (N.J. Existem rações de custo muito baixo e qualidade alimentar deficiente).
Você aborda a forma como os animais são abatidos para o consumo humano. É um tema de conhecimento de todos?
O homem não tem consciência de como são abatidos os animais, por que isso não é mostrado de forma explicita. As propagandas sobre salsichas, lingüiças, mostram o animalzinho feliz! Não mostram o lado macabro da coisa! A indústria da carne é muito cruel. Desde apartamento precoce da mãe, a marcação á ferro quente, a sangue frio, castrado sem anestesia. Tudo é feito da forma mais barata! Não existe nenhuma preocupação quanto ao sofrimento do animal. Existe a lei do abate humanitário. Não sei se todos seguem. (N.J. Abate humanitário pode ser definido como o conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade rural até a operação de sangria no matadouro-frigorífico. O abate de animais deve ser realizado sem sofrimentos desnecessários. As condições humanitárias devem prevalecer em todos os momentos precedentes ao abate. A insensibilização de animais é considerada a operação mais crítica durante o abate de bovinos. Tem por objetivo colocar o animal em estado de inconsciência, que perdure até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível. Neste artigo são abordados os temas referentes às operações ante-mortem, como transporte, manejo nos currais, e operações de insensibilização e sangria e seus efeitos no bem-estar animal e na qualidade da carne. Fonte: Embrapa).
Existem figuras simpáticas de animais, fazendo propaganda da sua própria carne, qual é a sua opinião?
É o marketing! A criança é educada no sentido de que existem animais nocivos, animais que dão a carne, o leite! Só que na realidade o animal não dá nada. Roubam dele! É uma cultura milenar, que levará muito tempo ainda para as pessoas se conscientizarem. No futuro as pessoas terão que ser vegetarianas. Não haverá outra saída. Com o aumento da população não restará muitas opções: comerá carne ou grão!
O organismo humano está perfeitamente adequado para o consumo de carne?
Acredito que o organismo do ser humano é mais próximo do organismo do animal vegetariano. Pela própria conformação dos órgãos internos.
Na natureza quando um predador abate uma caça ocorre um processo diferenciado de morte?
Quando um predador sai para caçar, encontra suas vítimas soltas nas florestas, em bandos. Um desses animais é eleito para servir de almoço, tem que correr bastante antes de ser apanhado e quem costuma fazer corridas e caminhadas sabe que o sangue circula mais rápido e a adrenalina é liberada aos borbotões. Quando o golpe fatal é dado, a vítima, com o anestésico natural que é a adrenalina, nem chega a sentir dor, pois está praticamente sedada. A natureza providencia tudo. Os que caem nas garras do predador são os mais fracos, os doentes e os velhos. Isso faz parte da seleção natural.
Existe uma frase que você cita e é bastante interessante.
É a frase de Paul e Linda Mc Cartney: "Se os matadouros tivessem paredes de vidro todos seriam vegetarianos." A criança tem muita consciência do significado de ser vegetariano. Não há necessidade de deixar de comer carne por misericórdia dos animais, mas sim pela própria saúde do ser humano. Ao comer carne bovina estamos ingerindo também hormônios, antibióticos.
Seus textos e poemas vêm acompanhados de uma ilustração de extremo bom gosto. Entre seus poemas um deles é particularmente comovente, quando você diz por quem não tem voz. É a Oração dos Animais. Você pode declamá-lo?

Oração dos Animais.

Meu São Francisco de Assis
Protetor dos animais
Olhai por nós que rogamos
Vossa bênção e muita paz.

Olhai os abandonados
Sofrendo agruras nas ruas
E os que puxam carroças
Açoitados nas ancas nuas.

Pelos pobres passarinhos
Que não podem mais voar
Presos em rudes gaiolas
Só porque sabem cantar.

E as cobaias de laboratório
Que sofrem dores atrozes
Em experiências terríveis
Que lhes impõem seus algozes.

Pelos que são abatidos
Em matadouros insanos
Para servir de alimento
Aos que se dizem humanos

Olhai os que são perseguidos
Sem piedade nas florestas
Só por causa da ambição
Dessas caçadas funestas.

Pelos animais de circo
Que não têm mais liberdade
Presos em jaulas minúsculas
À mercê de crueldade.

Olhai os bois de rodeio
E os sangrados nas touradas
Barbárie e crimes impostos
Por pessoas desalmadas.

Pelos que têm de lutar
Até a morte nas rinhas
Quando o homem faz apostas
Em transações tão mesquinhas.

Olhai para os que são mortos
Nos macabros rituais
Em altares religiosos
Que usam sangue de animais.

Meu bondoso protetor
Oro a vós por meus irmãos
Para que sua dor e tristeza
Não sejam sofrimentos vãos

(Ivana Maria França de Negri)

quarta-feira, julho 09, 2008

Direito da UFPR muda direção

GAZETA DO POVO - Curitiba
Vida e Cidadania Ensino superior Quarta-feira, 09/07/2008
Direito da UFPR muda direção
Procurador vence primeira disputa eleitoral em mais de 15 anos no Setor de Ciências Jurídicas
Publicado em 09/07/2008 Ana Carolina Bendlin
Depois de mais de 15 anos sem haver disputa para o cargo de diretor do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o procurador federal Ricardo Marcelo Fonseca assume a função após vencer o adversário Juarez Cirino dos Santos em uma eleição que envolveu toda a comunidade acadêmica do curso de Direito. Professor da universidade há cerca de 14 anos, Fonseca assume o cargo no próximo dia 11, quando Luiz Alberto Machado se afasta da direção do setor em decorrência de sua aposentadoria.
Fonseca assume o cargo em um momento peculiar, já que o curso está prestes a ter seu número de vagas aumentado devido à adesão ao Programa de Apoio a Planos de Reestrturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). “Hoje, operamos com muitas limitações de espaço, de servidores e até mesmo de corpo docente, mas a nossa gestão vai ter de enfrentar essa situação e saber administrar esse crescimento da faculdade”, afirma. “Nosso principal objetivo é continuar fazendo com que o curso de Direito seja um curso de excelência e não apenas um local que prepara pura e simplesmente advogados. É claro que isso é muito importante, mas não basta. Temos de preparar juristas e cidadãos.”

Vida e Cidadania
Quarta-feira, 09/07/2008
Hedeson Alves/Gazeta do Povo
Ensino superior
Entrevista com Ricardo Fonseca, diretor eleito do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR
Publicado em 09/07/2008


Qual é o impacto de questões jurídicas recentes, como a aprovação das pesquisas com células-tronco embrionárias, no ensino de Direito?
Esse exemplo específico revela uma grande perplexidade do Direito tal como ele era visto antigamente com as novas demandas da sociedade. O que ocorre é que nossa sociedade é veloz, com muitos desafios novos, e o Direito moderno tem uma estrutura conceitual já de pelo menos 200 anos, que não passou por mudanças tão brutais. Esses novos desafios demonstram como é necessário que o ensino jurídico seja feito de um modo a estar capaz de assimilar, refletir, discutir e entender a complexidade desse novo momento sem se prender a respostas prontas.
Quais seriam as principais demandas deste novo momento?
Eu poderia listar várias, as formas alternativas de solução de conflitos, uma nova inflexão no Direito do Trabalho, as recentes reformas do Processo Civil, a demanda que existe agora no Processo Penal, tudo isso faz parte de uma série de sintomas alinhados com uma grande mudança funcional: o papel do Direito em relação à ordenação da sociedade, em relação ao comando, ou em relação ao Estado. São transformações que exigem adaptações das nossas estruturas institucional, constitucional e administrativa. Se, há 200 anos, a estrutura e as funções que o Direito desempenhava estavam em congruência, hoje essa coerência já não é tão evidente.
E o mito da impunidade no Brasil? Ainda existe?
Acho que isso tem de ser encarado do ponto de vista histórico. Sim, temos uma impunidade. Sim, temos instituições que ainda precisam refinar o seu funcionamento. Mas digo que isso tem de ser encarado do ponto de vista histórico porque a atuação do nosso Estado enquanto instituição é bastante tardia. É claro que isso tem de ser superado, mas sem bravatas, com reflexão, com maturidade. E nesse ponto acredito que a universidade pode contribuir bastante, principalmente em relação a essa compreensão. (ACB)


by Jayme Press




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terça-feira, julho 08, 2008

Da "amiga" Moni

Recebi da querida "amiga" Moni,

Homens são como um bom vinho. Todos começam como uvas, e é dever da mulher pisoteá-los e mantê-los no escuro até que amadureçam e se tornem uma boa companhia pro jantar.



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domingo, julho 06, 2008

A.A. de Piracicaba


PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz A Tribuna Piracicabana
Sábado das 10 ases 11 Horas da Manhã Publicada ás Terças-Feiras

JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
joaonassif@gmail.com
(05/julho/2008)
Entrevistado: A.A. de Piracicaba.
Quatro décadas recuperando vidas.

“O alcoolismo é uma doença física, mental e espiritual, progressiva, incurável e de término fatal.”
“Para surpresa nossa ficar sóbrio não é a experiência horrível e enfadonha que prevíamos. Quando bebíamos, viver sem o álcool parecia não ser vida. Mas, para a maioria dos membros de A.A., viver sóbrio é realmente viver uma experiência repleta de alegria e que achamos muito melhor de que os problemas que tínhamos quando bebíamos.” Depoimento de um alcoólico anônimo.
A irmandade A.A. está presente no Brasil desde 1947, em São Paulo desde 1964, sendo que no dia 9 de abril de 1965, foi fundado em São Paulo o Grupo Sapiens de Alcoólicos Anônimos. Madre Cristina, não alcoólica, da Faculdade SED Sapiens, conseguiu uma sala na parte de trás da entidade, que dava para a Rua Caio Prado, 120, ali foi o início do A.A. em São Paulo. Em 1968, a Assistente Social do Centro de Obras Sociais de Piracicaba procurou o Grupo Sapiens. Em 15 de outubro de 1968, formou-se o Grupo Piracicaba com o ingresso do primeiro companheiro. Hoje Piracicaba conta com 10 grupos de A.A. A Irmandade funciona através de mais de 97.000 grupos em 150 países. (Esses números de quando foram fornecidos até a presente data podem ter sido aumentados). Alcoólicos Anônimos é uma irmandade de homens e mulheres que compartilham suas experiências, forças e esperanças, a fim de resolver seu problema comum e ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo. O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber. Para ser membro de A.A. não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades; são auto-suficientes, graças às próprias contribuições. A.A. não está ligada a nenhuma seita ou religião, nenhum partido político, nenhuma organização ou instituição; não deseja entrar em qualquer controvérsia; não apóia nem combate quaisquer causas. O propósito primordial é manter seus adeptos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem á sobriedade. O que AA não faz: 01. Recrutar membros, ou tentar aliciar alguém para juntar-se ao AA 02. Manter registro de seus membros ou de suas histórias. 03. Acompanhar ou tentar controlar seus membros. 04. Fazer diagnósticos ou prognósticos clínicos ou psicológicos. 05. Providenciar hospitalização, medicamentos ou tratamento psiquiátrico. 06. Fornecer alojamento, alimentação, roupas, emprego, dinheiro ou outros serviços semelhantes. 07. Fornecer aconselhamento familiar ou profissional. 08. Participar de pesquisas ou patrociná-las. 09. Filiar-se a entidades sociais (embora muitos membros e servidores cooperem com elas). 10. Oferecer serviços religiosos. 11. Participar de qualquer controvérsia sobre álcool ou outros assuntos. 12. Aceitar dinheiro pelos seus serviços ou contribuições de fontes não pertencentes ao AA 13. Fornecer cartas de recomendação á juntas de livramento condicional, advogados, oficiais de justiça, escolas, empresas, entidades sociais ou quaisquer outras organizações ou instituições. A tecnologia trouxe o “A.A.” também para a internet. Alguns links (endereços) interessantes:
Home Page AABR - Listas de e-mails - Chat de Voz - Chat de Texto
Home Page AAsobriedade - Listas de e-mails - Chat de Texto
Home Page Brasil & Portugal - Lista de e-mail - Chat de Voz
Home PageTerra da Luz - Chat de Voz
5 de Abril - Chat de Voz
Estes Grupos ajudam pessoas que têm dificuldades para freqüentar reuniões, pelos mais diferentes motivos, permitindo que não deixem de ter a oportunidade de se livrarem dos problemas do alcoolismo. Está aberto a todos os que desejarem participar, inclusive aqueles que freqüentam grupos ditos cara x cara, pois nos grupos on-line podem encontrar mais uma opção para manterem-se sóbrios e em recuperação, só por hoje. Tradicionalmente, os membros de A.A. sempre cuidaram de manter seu anonimato em nível público: na imprensa, no rádio, na televisão, no cinema e, mais recentemente, na Internet. Estiveram nos Estúdios da Rádio Educadora de Piracicaba, 1060 Khertz, no último dia 5 de julho de 2008, dois representantes dos Alcoólicos Anônimos: Reinaldo e Carlinhos.

ORAÇÃO DA SERENIDADE
"Concedei-me, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso, e sabedoria para distinguir umas das outras".
Reinaldo há quantos anos existe o A.A. de Piracicaba?
Eu pertenço ao primeiro grupo, que estará completando quarenta anos de existência em Piracicaba. Com 61 anos de idade e freqüentando o A.A. há 32 anos.
Carlinhos você já está no A.A. há quantos anos?
Eu sou um alcoólatra, e há dezessete anos pertenço á essa irmandade.
Com que idade você começou a ingerir álcool?
O primeiro gole foi sentado no colo do meu “nonno”! Eu não me lembro, minha mãe é que contou, meu avô tomava vinho e me pegava no colo. Eu gostava de ouvir o barulho da garrafa quando sai a rolha: “pum!”. Ele falava para mim: “-Quer tomar pum?” Acho que a doença do alcoolismo já se manifestou a partir dessa época. A Organização Mundial de Saúde considera o alcoolismo uma doença. Álcool foi para mim um despertar. Eu era uma pessoa muito tímida, com o álcool tornei-me extrovertido. Tive uma infância muito bonita. Em 1965 eu tinha 18 anos de idade, já estava “tomando todas”! O álcool tomou conta de mim de forma lenta e progressiva até atingir a minha falência humana.
Você tinha algum local preferido para tomar uns drinques?
Tomei bebidas alcoólicas nos bons restaurantes, em clubes freqüentados por pessoas da sociedade, no final eu estava bebendo em bares de quinta categoria. A sociedade já não me aceitava mais. Fui até eliminado de um clube famoso. Muitas vezes saia para uma noite, com dinheiro, talão de cheques. Eu bebia de forma compulsiva. No dia seguinte é que ia verificar. As vezes o talão de cheques com quatro canhotos em branco. Eu não me lembrava aonde tinha dado o cheque, o valor do cheque, para quem tinha dado esse cheque! Quando o telefone tocava em casa, assustado eu mesmo queria atender! Era algum funcionário de banco me chamando. Eu chegava tremendo no banco. Não sabia qual era o motivo de ser chamado. Geralmente, eram cheques de pequeno valor, com assinatura incorreta. Nesse período em que eu esperava para falar com a pessoa que havia me chamado eu me lembrava de Deus: “Faça com que não seja coisa muito grave!” Tive muitos acidentes com carro. Eu poderia ter matado alguém! Era quase todo mês um acidente. Uma vez reformei minha Brasília (N.J. Carro que era objeto de desejo dos jovens da época), eu estava tão feliz por ter feito a reforma nela e fui para uma “casa da noite”. Lá tomei todas! Perdi o controle e bati. No dia seguinte meu pai disse-me: “-Você acabou de reformar seu carro e já bateu!”. Na verdade eu estava morto, só faltava que me enterrassem!
O que você buscava cada vez que você saía e bebia?
Buscava a liberação! O álcool para mim era um anestésico! Todas as minhas preocupações iam embora, essa timidez sumia. Eu já era um dependente. O primeiro gole já desencadeava o segundo, o terceiro. Eu não conseguia me controlar. Eu sou portador de uma deficiência orgânica. A doença está dentro de mim. Quando cheguei ao A.A. percebi a fatalidade da minha situação. Ouvindo o Reinaldo testemunhando as dores que ele passou no alcoolismo eu inventariei a minha dor. Constatei: sou igualzinho a ele! Quando fui para o A.A. já havia me separado da minha esposa. Quem pediu ajuda para o A.A. foi meu pai, minha mãe, minhas irmãs. Eles pediram ajuda ao A.A. por que previram que o pior estava para acontecer. No dia 10 de maio, data do meu nascimento chegou um envelope na minha casa. Quando vi um envelope no abrigo da minha casa pensei: “-Acho que a minha ex-mulher, ou o meu filho, alguém se lembrou do meu aniversário!” Quando abri aquele envelope e deparei com material do A.A., queria morrer! Eu no A.A.? Eu alcoólatra? Eu não preciso disso, eu me controlo! Em agosto de 1991, eu estava alcoolizado, de pijama, ia deitar, tinha tomado algumas, quando um primo chegou á minha casa. Não sei como, saiu da minha boca a frase: “-Pai, o que o senhor acha de eu ir com meu primo ao A.A.?” Meu disse: “-Vai filho, que deve ser bom para você!”.
Existem muitas pessoas nessa situação?
Alcoolismo é a doença da família. Todo mundo esconde!
Você chegou a dar caixinha para garçom em festa?
Muitas! Eu nunca bebi pelo sabor, bebia pelo efeito, queria que subisse logo, me liberasse. Nas festas já tinha tomado alguma coisa antes para ver a cerimônia. Ao adentrar no salão de festas observava de imediato onde estava ele: “O Rei Álcool”! Minha preocupação exclusiva era se tinha o bastante, se iria dar para beber á vontade. O garçom passava com o aperitivinho, imediatamente eu tirava uma cédula e enfiava no bolso dele dizendo: “-Não deixe faltar nessa mesa!”.
Reinaldo (também conhecido pelo cognome Sabóia) ,há 32 anos você chegou ao A.A.?
Cheguei ao A.A. em 14 de julho de 1977. Cheguei arrasado, com uma facada no corpo, fruto de uma discussão em decorrência de um enterro, isso foi em família, por sinal todos eram alcoólatras. Após ter passado por procedimentos médicos, tendo inclusive colocado um dreno, quando recebi alta, a primeira atitude minha foi tomar meio litro de conhaque. Só sobraram na minha vida minha esposa e minha filha, que fui conhecer aos sete anos de idade.
Você conheceu sua filha apenas aos sete anos de idade por quê?
Porque eu não via nada na minha frente. Só via o álcool. O Rei Álcool. Na minha casa era só briga. Eu trabalhava em uma empresa em 1975. Bebia no bar, levantava tremendo, “tomava uma” para parar de tremer. O maior orgulho meu era ás seis horas da manhã ficar sentado na esquina com um copo de pinga, quem vinha comprar pão, leite, falava: “Nossa Sabóia! Mas já cedo você tomando isso? Você é forte heim!” Eu falava: “Não façam isso que vocês não podem vocês são doentes! Eu posso. Eu sei beber!” Para mim era motivo de grande orgulho, eu estava no auge! Por isso me afundei! Uma pinga não fazia nada. Duas não me faziam nada. Cinqüenta começava a mexer comigo. Eu não almoçava. Ia bebendo. Bebia cinqüenta pingas durante o dia. Quando chegava na hora do jantar, a minha esposa colocava a mesa, sempre havia a briga. Se a comida estivesse quente brigava por estar quente. Se estivesse fria brigava por estar fria. Sempre eu tinha que arrumar uma encrenca para poder ir beber. Eu não sabia quem eu era. Mas era sempre o “bonzão”.
Você trabalhava?
No serviço enquanto eu tinha condições de trabalhar eu trabalhava. Eles me respeitavam na empresa por causa do meu serviço. Eu era a cabeça ali dentro. Eles não conheciam o estagio do meu alcoolismo. O Alcoólatra é muito hábil em esconder sua doença. Nove horas da manhã já havia bebido uma garrafa de pinga. (Ele cita uma famosa marca). Já tinha comido quatro tomates com sal, para poder ter paladar para beber mais. Eu queria o efeito. Queria ficar “ligado” o dia inteiro, por isso que eu já não almoçava. Eu já tinha feito uma experiência a respeito, Um dia no bairro São Dimas, acabei de almoçar, almocei bem, isso foi em uma sexta-feira. Veio a preocupação: “Almocei bem, vai acabar o efeito!” Corri no bar, pedi um copo grande cheio de pinga com groselha, quando acabei de engolir, vomitei no peito do dono do bar! A comida com a bebida não são aceitos pelo organismo. Com o estomago cheio ninguém bebe. O alcoólatra bebe porque não come. Com isso vem a fraqueza, o delírio. Pelo fato de ter uma constituição física forte, eu não caía, virava um leão. Nunca tive problema com álcool. Ele nunca faltou para mim! Com dinheiro ou sem dinheiro o alcoólatra bebe.
Reinaldo, o senhor tem bebidas alcoólicas em sua casa?
Tenho! Se eu convidar alguém para almoçar em casa ofereço cerveja, se a pessoa gosta de tomar uma caipirinha, eu faço. Eu não proíbo ninguém de beber. Fico junto, mas não bebo, eu sou alcoólatra! Eu sofro a doença do alcoolismo! Eu evito salada com vinagre. Se alguém me der uma bala recheada com algum derivado de álcool, eu aceito a bala, disfarço e jogo fora. A coisa mais fácil que existe é parar de beber. Parei mil vezes. Mas voltava a beber. Eu não sabia que o mal está no primeiro gole. Fui convidado por um companheiro que por muito tempo bebemos juntos. Ele foi á minha casa, eu estava com meio litro de conhaque ao lado do sofá, um sofá que era só buraco, só armação. Ele me convenceu a ir até o A.A. A minha primeira reunião foi em um domingo, logo pela manhã.
Reinaldo a doença do alcoolismo afeta as pessoas sem discriminações?
O alcoolismo não escolhe pessoa, idade, pessoa, sexo, profissão, poder econômico. Não escolhe nada. É uma doença no seu início quase imperceptível, mas de forma traiçoeira, busca nas pessoas mais inteligentes e capacitadas, mais bem quistas na família. O alcoólatra tem como característica ser extremamente inteligente. De cada 10 pessoas 4 são alcoólatras, e ao que consta pelas últimas estatísticas, a mulher está bebendo mais do que os homens. A mulher consegue dissimular melhor. Teve um caso, em uma cidade vizinha, permaneci durante um mês trabalhando para conseguir descobrir que ela era alcoólatra. Ela bebia vodca, que era acondicionada dentro da máquina de lavar roupa, entre a lata e a borracha da máquina, o batom que ela usava disfarçava o hálito do álcool! Por ser uma pessoa inteligente não demonstrava sinais aparentes de estar alcoolizada. Outra mulher escondia na caixa de descarga do banheiro. Essa foi mais fácil identificar, ela usava cachaça, acabou caindo na minha frente.
Existe uma frase muito interessante no A.A.?
Carlinhos responde: “Se você quiser beber, o problema é seu. Se quiser parar de beber, o problema é nosso”.

Postagem em destaque

NECROLOGIA 07 de MAIO DE 2023

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