segunda-feira, novembro 10, 2008

domingo, novembro 09, 2008

Foto by J.U.Nassif

NA MEDIDA CERTA




Fotos J.U.Nassif

"Piece de Resistance"

Foto e degustação J.U.Nassif

BANHO DE SOL

Foto J.U.Nassif




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Aleijadinho existiu?

Aleijadinho existiu? De acordo com o livro Aleijadinho e o aeroplano, de Guiomar de Grammont, a resposta é “não”. Aleijadinho não “existiu”. Quem existiu foi Antônio Francisco Lisboa, escultor pobre, que viveu em Vila Rica no século XVIII e teve uma vida muito mais prosaica do que a do mito consagrado na história. De acordo com Guiomar, existiram diversos “Aleijadinhos”, inventados à medida que se deu a construção nacionalista de uma imagem da “arte brasileira” em diferentes contextos, do século XVIII até hoje. Cada momento criou o seu Aleijadinho em diversos gêneros literários e científicos, segundo a autora, que é doutora em barroco mineiro e diretora do Instituto de Filosofia Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto.“Aleijadinho tornou-se um monstro sagrado, espécie de Hefesto, deus coxo capaz de fabricar maravilhas, indefinidamente, em sua forja. Em minha opinião, a principal injustiça foi tomá-lo esse ser inumano, grotesco, deslocado do seu tempo. Grande parte das obras importantes do período levaria a assinatura de Aleijadinho, o que é inconcebível, uma inverdade histórica que desrespeita também a obra comprovadamente produzida pelo ateliê do talentoso artífice Antônio Francisco Lisboa. Seria necessário que o Aleijadinho tivesse tido dez vidas a mais para realizar tudo o que se lhe atribui”, explica Guiomar. Ao analisar os documentos reunidos sobre a história do artífice, a autora chega a conclusões absolutamente inéditas: não há prova de que Antônio Francisco Lisboa tenha sido filho de Manuel Francisco Lisboa ou de que ele tenha sido arquiteto, como afirmam os críticos que lhe atribuem o risco de diversas obras arquitetônicas, entre outros pontos polêmicos. Guiomar mostra como o mito foi reapropriado e tomado como evidência histórica, sem contestação, em diversos programas da história do pensamento sobre artes e letras no Brasil. Nos séculos XIX e XX, vários discursos interpretaram as obras atribuídas ao Aleijadinho a partir de noções raciais, ambientais, psicológicas, artísticas e políticas não existentes no tempo em que o personagem viveu.



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quinta-feira, novembro 06, 2008

"Viu dois séculos de chicote a lacerar carne e outros dois séculos de lágrimas, de gemidos e lamentos os uivos de dor. E viu a América ir saindo dessa dor, como a pérola, filha do sofrimento do molusco, nasce na concha..."
Monteiro Lobato, in "O presidente negro"




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quarta-feira, novembro 05, 2008

APLAUSOS INESPERADOS


Alguém me contou, não tive a oportunidade de fotografar o fato. O falecido Prefeito Luciano Guidotti, cuja memória é perpetuada pelos piracicabanos, foi um executivo muito dinâmico. Realizou obras de impacto na cidade. Mas também zelou por pequenos detalhes. Uma das suas manifestações de apreço aos sepultados no Cemitério da Saudade era de deixar o mesmo impecável para a visita que ocorria em grande número de familiares no Dia de Finados. Além de uma faxina rigorosa, pintava os muros, em ambas as faces, dentro e fora. Isso ás vezes exigia um esforço extra da equipe encarregada de realizar a exaustiva tarefa. Não raro, na véspera continuavam a trabalhar noite adentro até o raiar do sol. Sabiam que o Prefeito Guidotti iria fazer a vistoria pessoalmente. E também sabiam que apesar de ser um homem de um coração muito bondoso era também de pulso firme e falava o que pensava sem rodeios. Despertava um misto de grande admiração e respeito muito próximo ao temor. Exaustos, os funcionários estavam do lado de dentro do cemitério, concluindo os trabalhos para que dali algumas horas o cemitério passasse a receber os visitantes. A cidade era despertada por volta das 6 horas com o toque da alvorada, pela banda de música, justamente em frente ao cemitério, naquele dia de finados. É necessário que a banda realize um aquecimento dos instrumentos. Cada músico aquece, afina, enfim dedica-se a deixar o instrumento que vai utilizar em condições ideais de uso. O pessoal que fazia a faxina do cemitério aproximou-se do muro para ver o que estava acontecendo. E de lá ficaram algum tempo apreciando, aqueles uniformes com botões dourados. Os instrumentos musicais reluzentes. Com isso vários músicos foram se agregando, tocando trechos, muito mais para a afinação. Sem perceberem a presença dos operários observando-os. Acabaram tocando um pequeno trecho de uma música. Isso antes de raiar o dia. Ao final da “apresentação” os operários que estavam acompanhando de dentro do muro do cemitério aplaudiram calorosamente. Pegos de surpresa, ainda escuro, dizem que foi uma debandada geral dos músicos. Em ritmo acelerado. Coisa de Piracicaba!




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A TURMA DO RELÓGIO

Foto by J.U.Nassif

Praça José Bonifácio, centro de Piracicaba. Diz a lenda que há algumas décadas havia um grupo de conhecidos, em sua maior parte aposentados, que se reuniam todos os dias nessa praça. Alí ficavam a contar causos, comentar as notícias do dia, até chegar a hora de ir para casa almoçar. Como havia uma série de bancos para sentarem-se, escolhiam aquele em que o sol não atingia. Com o passar das horas, em determinado momento, os raios de sol acabavam penetrando entre os galhos das árvores. Então todos levantavam-se e sentavam-se em outro banco na sombra. Esse ritual tinha a mesma periodicidade dos ponteiros do relógio da catedral.
Com o tempo para saber aproxidamente as horas era só olhar em que banco eles estavam sentados! Línguas afiadíssimas passaram a chamar esses respeitáveis senhores de "A Turma do Relógio". Coisas de Piracicaba!



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BOLO DA VOVÓ


Foto by J.U.Nassif

segunda-feira, novembro 03, 2008

Hino Popular

Carxara de forfe
Carcanha de grilo
Asara de barata
Suvaco de cobra
Oreia de besoro
Paster de carne
Garrafão de pinga
Minduim torrado
Já que tá que fique
Treis veis cinco é ...
XV XV XV
Vitória !!!!



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O XV de Novembro de Piracicaba foi fundado no dia 15 de novembro de 1913, oriundo de duas equipes da cidade que decidiram se unir para formar uma só agremiação. Esporte Clube Vergueirense e 12 de Outubro entraram em um acordo para se fundirem e convidaram o Capitão da Guarda Nacional Carlos Wingeter para presidir o novo clube. O capitão aceitou, mas com uma condição: que o nome da agremiação fosse dado em homenagem à Proclamação da República Confederativa do Brasil.

Seu primeiro título foi no ano seguinte a sua fundação, em 1914, quando conquistou uma competição amadora da cidade de Piracicaba, vencendo a Associação Esportiva Piracicaba por 3 a 2. Quatro anos depois o XV resolveu se afiliar a Associação Paulista de Esportes Atléticos e passou a disputar campeonatos pelo interior, onde conquistou os títulos de campeão regional em 1918 e vice-campeão em 1920.

Em 1931, o clube conseguiu conquistar seu primeiro título de maior expressão: Campeão do Interior. Na década seguinte, em 1948, o XV de Piracicaba alcançou mais uma vez uma conquista. Desta vez foi campeão da Segunda Divisão do Futebol Paulista (correspondente a atual Série A2), participando, a partir de 1949, da Primeira Divisão (atual A1), junto com os times grandes do Estado.

No mesmo ano também foi campeão do Torneio Início e no ano seguinte vice-campeão desta mesma competição, eliminando São Paulo e Palmeiras. Em 1952 e 1958 conseguiu seus melhores resultados até então ficando na quinta colocação da Primeira Divisão, atrás apenas de São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos.

Até 1965 a equipe mandava seus jogos no estádio "Roberto Gomes Pedrosa", que tinha capacidade para 10 mil pessoas. Entretanto, neste ano foi inaugurado o Estádio Barão de Serra Negra, com lotação total de 30 mil espectadores. Entretanto, não parece ter sido suficiente ter uma nova “casa”. O clube foi rebaixado para a Segunda Divisão Estadual.

Em 1966 foi vice-campeão da competição, mas em 1967 o XV conquistou novamente o acesso, sendo campeão do Campeonato Paulista da Segunda Divisão. Entre 1967 e 1968, o clube teve a Posse da Taça dos Invictos do jornal "A Gazeta Esportiva". No ano de 1969 conseguiu mais um título ao vencer o Torneio Brasil Central.

Sete anos se passaram e finalmente em 1976 o clube conseguiu sua maior conquista no cenário estadual: o vice-campeonato Paulista, perdendo para o Palmeiras. O resultado levou o clube a participar do Campeonato Brasileiro (Série A) em 1977, chegando à fase final da competição. Entretanto, terminou no oitavo lugar. O XV de Piracicaba também marcou presença no Nacional nos anos de 1978 e 1979.

Após participar três anos seguidos do Brasileiro, a equipe foi rebaixada no Campeonato Paulista em 1981, disputando nos anos de 1982 e 1983 a Segunda Divisão. Neste ano conseguiu mais um título, e conseqüentemente mais um acesso, voltando à Primeira Divisão.

No ano de 1990, a campanha no Campeonato Paulista classificou a equipe para a Copa do Brasil do ano seguinte. O time foi eliminado pelo Caxias (RS) na competição nacional. Cinco anos depois, em 1995, teve seu maior título em âmbito nacional, quando conquistou o Campeonato Brasileiro da Série C.
Na Série B de 1996, chegou entre os 16 melhores clubes do torneio e nos anos seguintes foi superando suas classificações. Em 1998 conseguiu alcançar a quinta posição, ficando próximo do acesso à Série A. Em 2002 disputou pela última vez a segunda divisão nacional, já que foi rebaixada à Serie C.


Hino Oficial
Hino criado por Anuar Kraide e Jorge Chaddad
Salve XV de Novembro
Glorioso esquadrão
Na vitória ou na derrota
Esta em nosso coração
No basquete e futebol
É motivo de vaidade
Pioneiro da lei do acesso
Engrandece nossa cidade
Vamos XV para frente
Outra vitória conquistar
Destemido e valente
Só nos pode orgulhar
Vamos XV para frente
Outra vitória conquistar
A torcida está presente
Para sempre incentivar



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HINO E MÚSICA

Hino de Piracicaba
Composição: Newton de A. Mello

Piracicaba que eu adoro tanto,

Cheia de flores,
Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto,
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!



Rio de lágrimas
(Tião Carreiro, Piraci e Lourival Santos)

O rio de Piracicaba
Vai jogar água prá fora
Quando chegar a água
Dos olhos de alguém que chora
Lá no bairro onde eu moro
Só existe uma nascente
A nascente dos meus olhos
Já brotou água corrente
Pertinho da minha casa
Já formou uma lagoa
Com lágrimas dos meus olhos
Por causa de uma pessoa
Eu quero apanhar uma rosa
Minha mão já não alcança
Eu choro desesperado
Igualzinho a uma criança
Duvido alguém que não chore
Pela dor de uma saudade
Eu quero ver quem não chora
Quando ama de verdade




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RIO DE PIRACICABA


Fotos by J.U.Nassif

RIO DE PIRACICABA


Fotos by J.U.Nassif

NO TEMPO DA JARDINEIRA


sábado, novembro 01, 2008

DEVOLVERAM A NACIONALIDADE DO HOMEM...RAPIDINHO...

Europa
Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 15h19
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder líbio, que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.




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SERÁ QUE O LÍDER LÍBIO NATURALIZOU-SE LIBANÊS?

Notícia veiculada hoje no site Terra:
Europa
Sábado, 1 de novembro de 2008, 12h56 Atualizada às 14h09
Kaddafi monta tenda e grelha de churrasco no Kremlin
O líder da Líbia, Muammar Kaddafi, ergueu uma tenda em um jardim do Kremlin antes de iniciar conversas com líderes russos neste sábado. A tenda de estilo militar foi decorada com tecidos norte-africanos e conta com uma grelha de churrasco de metal, além de uma televisão grande, de tela plana.
Kaddafi deve se encontrar com o presidente russo, Dmitry Medvedev, e o primeiro-ministro Vladimir Putin para negociações que devem focar na venda de armas e o acesso de companhias de energia russas a projetos no Estado do norte da África.
O líder libanês (sic), que nasceu em uma tenda de beduínos pastores em 1942, freqüentemente recebe visitantes estrangeiros em uma tenda próxima às ruínas de sua residência em Trípoli, que foi destruída em um bombardeio de aeronaves americanas em 1986.
Em uma visita a Paris no último ano para conversas com o presidente francês Nicolas Sarkozy, Kaddafi ergueu sua tenda no jardim da casa de visita presidencial.
Por sua vez, a Rússia está acostumada a se adaptar às excentricidades dos seus chefes de Estados visitantes. Em 2001, o Kremlin realizou uma grande operação logística para que o líder da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, que segundo diplomatas tem aversão a viagens de avião, pudesse fazer uma viagem de nove dias até Moscou em seu trem blindado.








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domingo, outubro 26, 2008

PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/


Entrevista: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://www.tribunatp.com.br/

http://www.teleresponde.com.br/index.htm

Entrevistada: Maria José (Dona Zezé) Aparecida Fonseca Pires.


Maria José Aparecida Fonseca Pires, mais conhecida como Dona Zezé, nasceu em Tatuí, no dia 4 de outubro de 1917. Com passos firmes e ligeiros ela caminha em direção á mesa do refeitório que vamos utilizar para realizarmos nossa entrevista. Ela reside no Lar dos Velhinhos há algumas décadas. Os seus 91 anos de idade não a impedem de circular pela cidade, acompanhada de uma pessoa amiga. È impressionante a sua disposição para estar sempre realizando alguma atividade, como visitas, passeios e até mesmo algum tipo de trabalho que julga necessário e deseja realizar.
Qual era o nome dos pais da senhora?
Benedito Pires e Eulina Fonseca. Ele era muito bom músico, tocava violão. Minha mãe tocava piano. Minha mãe era professora primária, e naquele tempo tinha aulas de música em São Paulo, isso no final dos anos 1800. Naquela época os partos eram feitos em casa. Do casamento dos meus pais nasceram três filhos: dois homens e eu. Dos três só o meu irmão mais velho conseguiu formar-se como pianista. Tínhamos um piano alemão vertical (tipo armário). Eu nasci no meio de música. Meu pai tinha a profissão de alfaiate, um alfaiate com muito estilo. Minha mãe era professora primária. Em Tatuí nós morávamos á Rua Santa Cruz, 435. Trinta e cinco é o número da cobra! Tínhamos um cachorro perdigueiro chamado Nilo. Naquela época era comum caçarem codornas. O Nilo era um cão especializado em caça de codorna.
A senhora conheceu um médico muito importante?
Nós íamos passar as férias na casa do Dr. Ribas. Eu tinha uns 7 ou 8 aos de idade quando conheci Dr. Emílio Ribas. Ele morava no bairro Perdizes, á Rua Candido Espinheira. Íamos de Tatuí para São Paulo para passar o período de férias na sua residência. Nós viajávamos pela Estrada de Ferro Sorocabana, a baldeação era feita em Mairinque. (N.J. Dr. Emílio Marcondes Ribas formou-se como médico em 1887. Começou sua vida profissional como clínico geral. Casou-se e foi morar no interior de São Paulo, primeiro em Santa Rita do Passa Quatro e depois em Tatuí. Pesquisando sobre a febre amarela Dr. Ribas chegou à conclusão de que o mal não se transmitia diretamente de uma pessoa doente para outra sadia, e sim que devia existir, no caso, um transmissor, o mosquito Aedis aegypti. Criticado pela imprensa, deixou-se picar pelo mosquito infectado pelo vírus da febre amarela, em 1903. Junto com Adolfo Lutz e outros voluntários, Ribas adquiriu a doença e comprovou sua teoria ).
Como surgiu essa amizade entre a família da senhora e a família do médico Dr. Emílio Ribas?
Naquele tempo criança não tomava parte da conversa entre adultos. Dr. Ribas era médico do serviço sanitário. A sede dele era Sorocaba, mas morava em Tatuí. Muitas noites ele não voltava para casa, tinha viajado á trabalho. Nessas ocasiões mamãe, que na época era mocinha, ia pousar com a esposa do Dr. Ribas, Dona Mariquinha. Assim que surgiu essa amizade.
Outra família muito importante também era amiga da família da senhora?
Mamãe foi estudar em São Paulo, junto com a família dos Cardoso de Mello. Ela permaneceu por quatro anos morando na Rua Helvécia, perto da Igreja Coração de Jesus.
Depois ela voltou a morar em Tatuí?
Após concluir seus estudos ela voltou para Tatuí, onde conheceu o meu pai. Casaram-se e tiveram os três filhos: José Onofre, Paulo Afonso que foi coronel da Cavalaria da Polícia Militar do Estado de São Paulo e eu.
Como se chamava a avó materna da senhora?
Era Laura Guedes. Meu avô, era de descendência portuguesa, chamava-se Joaquim Carioca Fonseca. Ele foi tropeiro. Trazia tropa de Mato Grosso.
A família da senhora mudou-se para Piracicaba?
Nós morávamos perto do Grupo Escolar Barão do Rio Branco. Conheci Newton de Almeida Mello, compositor do Hino de Piracicaba. Ele era nosso vizinho.

“Piracicaba”
Numa saudade que punge e mata

Que sorte ingrata! – longe daqui,
Em um suspiro triste e sem termo,
Vivo no ermo, dês que parti.

Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Em outras plagas, que vale a sorte?
Prefiro a morte junto de ti.
Amo teus prados, os horizontes,
O céu e os montes que vejo aqui.
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!
Só vejo estranhos, meu berço amado,
Tendo a teu lado o que perdi...
Pouco se importam com teu encanto,
Que eu amo tanto, dês que nasci...
Piracicaba que eu adoro tanto,
Cheia de flores,Cheia de encanto...
Ninguém compreende a grande dor que sente
O filho ausente a suspirar por ti!

Qual foi a primeira escola em que a senhora estudou?
Foi na atual Sud Mennucci. Lá eu estudei até concluir o curso normal. Após formar-me como professora iniciei dando aulas em Glicério, cidade próxima a Penápolis. Fomos eu e outra colega daqui, a Eunice de Souza. Ficamos hospedadas na casa do prefeito de Glicério. De lá eu fui transferida para São Pedro.
A senhora conheceu o poeta Gustavo Teixeira?
Conheci! Duas sobrinhas dele foram minhas colegas. Eu vinha todo sábado de São Pedro para Piracicaba. Vinha de Jardineira, o motorista era o Seu Serafim. O ponto final era na Igreja São Benedito.
De São Pedro a senhora veio lecionar em Piracicaba?
Fiz uma permuta com uma professora que lecionava no Moraes Barros em Piracicaba. Naquela época São Pedro tinha a fama de curar todas as moléstias. Suas águas não eram indicadas apenas para tratamento de reumatismo. O objetivo dessa professora era conseguir a sua transferência em função do tratamento do marido que era professor na Esalq. Assim eu vim lecionar em Piracicaba, no Grupo Moraes Barros.
Em que ano a senhora passou a lecionar?
Eu formei-me em 1935, com 18 anos de idade.
A senhora conheceu Thales Castanho de Andrade?
Conheci! Ele foi meu professor de história. Na época a família Andrade tinha a Fábrica de Bebidas Andrade, em frente ao Grupo Moraes Barros. Entre outros produtos que eles fabricavam havia o refrigerante Cotubaina. Fui aluna de Antonio Dutra. Depois ele foi para Europa.
Depois de ter-se formado como professora a senhora fez outro curso?
Permaneci por cinco anos em São Paulo, na Faculdade de Medicina, onde fiz o curso de enfermagem. Trabalhei no Hospital das Clínicas, na Avenida Dr. Arnaldo. Residia na própria escola de enfermagem. Na época ainda havia o bonde em São Paulo. O famoso salão de chá do Mappin. Lembro-me de ter ido uma ou duas vezes até lá. Uma das vezes, por coincidência, estava também por lá um piracicabano, professor do Sud Mennucci, o Seu Lex. Em latin, Lex é lei! No Hospital eu fiz estágio na pediatria, na ortopedia. Doutor Lauro Abreu era um médico que trabalhava lá e tinha parentes em Tatuí.
Quem nasce em Tatuí recebe qual nome?
Uns falam tatuiense outros tatuianos.
A senhora estudou inglês?
Um professor chamado Adholfo Carvalho, durante suas aulas, me cobrava em classe a lição de inglês. Pensei, vou estudar inglês, está demais, toda aula o Seu Carvalho me chama. Fiquei craque em inglês. Acabei com isso ganhando uma bolsa de estudos para ir aos Estados Unidos. Acabei não indo para permanecer junto á meus pais.
A senhora foi aluna do tempo da palmatória?
Eu não peguei essa época. Minha mãe foi aluna do tempo da palmatória. (N.J. A palmatória usada no Brasil era uma haste que terminava em uma peça circular de madeira que, por sua vez, possuía furos em forma de cruz. Quem apanhava com o instrumento ficava com bolhas na mão similares aos desenhos dos furos. A palmatória tornou-se um símbolo de disciplina na educação).
Entre os seus milhares de alunos, destacam-se nomes bastante conhecidos em Piracicaba.
Tive muitos alunos que se destacaram. No momento me ocorre o nome de Walterly Accorsi. De Clemência Pizzigatti, a “Mença” era assim que os pais dela a chamavam, sua irmã Irene também foi minha aluna. O diretor da escola era o Seu José Martins.
Com toda a experiência de vida que a senhora possuí, e muito lúcida e atuante, diante de tantas mudanças de que forma a senhora observa a honestidade das pessoas?
Vale a pena uma pessoa ser honesta. Sendo honesta ela mesma irá sentir-se bem. Até o momento eu me senti muito bem sendo honesta!
A senhora é detalhista?
Eu faço um diário. De forma resumida.
Esse diário poderá um dia vir a ser publicado?
Por ser estritamente pessoal, não desejo vê-lo publicado.
A senhora sempre foi dona do seu nariz?
Sempre fui dona do meu nariz! Mamãe tinha amizade com a Irmã Virgínia, foi por intermédio dela que vim para cá.
O que a senhora acha da internet?
A Mença têm internet na casa dela. Não posso dizer muito á respeito. Pelo fato de estar sempre visitando pessoas amigas, onde conversamos nos reunimos e assim praticamente não conheço a internet.
Qual é a fruta que a senhora mais gosta?
Gosto de laranja! Só não gosto de laranja lima. Gosto mais de laranja ácida. Gosto de jabuticaba. Já subi em pé de jabuticaba, mas não agora! Recomendo que não subam em jabuticabeira, porque os seus galhos são frágeis.
E goiabada cascão?
Gostava de goiabada cascão. Eram colocadas em caixetas. Na época era costume das famílias guardarem as caixetas de goiabada no guarda-roupa! Quando vinha visita eram oferecidas.
Qual é a receita para ter essa vitalidade e disposição?
Preocupação sempre existe. Só não sei explicar como consegui ter uma vida tão boa. Acho que são as pessoas que me rodeiam.
A senhora pegou a fase do cinema mudo?
Conheci sim! Era mudo, e tinha que ser esguichada água para resfriar a tela. Mamãe falava para nos aprontarmos rápidos, pois ela não queria chegar depois de ter passado a água no pano. Isso foi em Tatuí, um dos cinemas era o São José. Eu era na época muito jovem
E baile de carnaval?
O carnaval de Tatuí foi muito famoso. Pelo fato de minha mãe ser muito próxima á igreja, nós não freqüentávamos o carnaval.
Como era guardado o luto em família?
As meninas usavam saia preta e blusa com bolinhas pretas. Permaneciam por seis meses guardando luto quando falecia o pai ou a mãe.
Em Piracicaba a senhora morou onde?
Primeiro morei na Rua Boa Morte, na casa que falam que foi onde Adhemar de Barros nasceu. É uma casa perto da Rua Ipiranga. Onde hoje existe um estacionamento era a casa do Seu Amadeu Castanho. Ele morava na casa de esquina. Meu irmão, que foi militar, sempre dizia que a casa onde nasceu Adhemar é onde hoje existe uma casa de queijos. Não é a casa de esquina. Moramos ali um ano. Depois descemos para a Rua Alferes com a Rua Ipiranga. Papai era gente de Tietê, que gostavam de briga de galos. Embaixo havia um porão onde havia a rinha de galos. Na época era permitida. Havia um quintal enorme, onde depois foram construídas três casas. A nossa casa tinha um portão na Rua Alferes e outro portão na Rua Ipiranga.
A senhora chegou a conhecer uma sinagoga que havia ali perto?
Essa sinagoga ficava na Rua Ipiranga. Cheguei a conhecer externamente. A família de Newton de Mello morava umas duas ou três casas abaixo da sinagoga. Eu passava em frente. Ficava entre a Boa Morte e a Rua Governador. Como éramos católicos não podíamos entrar na sinagoga. Nós freqüentávamos a igreja do Monsenhor Rosa, a catedral. Quando passamos a residir na Rua Alferes, passamos a freqüentar a Igreja dos Frades, tempo do Frei Liberato, Frei Vital.
A senhora conheceu a família Gonzaga?
Conheci! O Seu Luiz Gonzaga, seu filho Bento Dias Gonzaga que era amicíssimo de papai. Fui professora da Mariazinha, irmã do Bento. A mãe deles era Dona Arminda, de família de São Carlos.
A senhora veio morar no Lar dos Velhinhos já a alguns anos.
Eu escolhi o Lar dos Velhinhos para vir morar! Eu admiro muito o Dr. Jairo por causa dessa casa que ele fez. Ele se desdobrou em energia para fazer essa casa dos idosos. É uma pessoa que merece muita consideração da nossa parte. Tem gente aguardando a vez para poder vir para cá. Eu falo que morar aqui é desfrutar.
A senhora recentemente matriculou-se em um curso de pintura?
Eu já tinha estudado pintura, isso faz alguns anos. Hoje tenho aulas com a professora Duzolina. Vou á aula ás quintas-feiras, em uma escola particular, fora do Lar dos Velhinhos.




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